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Teoria da Mensuração e sua Relação com a Contabilidade Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Humanas Tópicos Contemporâneos em Contabilidade Prof. José Mauro Medeiros Veloso Soares Marcos Gabriel Moura de Medeiros Bruna Leonez de Sousa Costa Antônia Alícia Oliveira Silva Flaviana da Costa Lopes Mário Henrique Oliveira de Freitas Introdução O estudo, eminentemente teórico, tem o objetivo de realizar uma discussão conceitual acerca da Teoria da Mensuração e de sua relação com a Contabilidade. O que é a Teoria da Mensuração? A Teoria da Mensuração consiste em um ramo da matemática aplicada, utilizado no processo de mensuração e análise de dados, que se popularizou na psicologia graças ao trabalho de Stevens (1951). Para Hille (1997), o objetivo dessa teoria é permitir o entendimento e a reprodução das características da mensuração, tornando claras as bases e os conteúdos atinentes ao processo de mensuração, de modo a propiciar a tomada de decisões seguras. Introdução Para o GECON, o Modelo de Mensuração, tras resultados das atividades nas respectivas áreas de responsabilidade, segregando os resultados operacionais dos financeiros, apurando as margens de contribuição e reconhecendo que o valor econômico de uma entidade aumenta ou diminui à medida em que o mercado atribui um maior ou menor valor para os ativos que ela possui. Para Larson (1969), quando se questiona quais são essas “coisas” mensuradas pela Contabilidade, uma resposta apressada pode envolver uma lista de vários itens, tais como ativos, capital, receitas, despesas e rendimentos. As Escalas na Teoria da Mensuração Trazida por Jorge Katsumi Niyama (2014). A Escala Ordinal objetiva estipular uma ordem de classificação; Ativos - Ordem de liquidez; Passivos - Ordem de exigibilidade. A Escala Nominal atribui números aos objetos ou as coisas; Plano de contas na contabilidade; A Escala Intervalar diz respeito à variação do atributo men-surado entre os números da escala Capital Circulante Líquido (CCL); A Escala de razão também atribui valores aos intervalos, porém em razões Índices de liquidez em Análise das Demonstrações Contábeis. Mensuração na Contabilidade Wolk, Dodd e Rozycki (2008) - Mensuração Direta x Mensuração Indireta; Mensuração direta: custo histórico ou valor da transação Mensuração indireta: redução ao valor recuperável, provisões Ijiri (1975) - Relação entre Mensuração e Variância Menor variância = melhor mensuração Relvas (2008) - Relação entre mensuração e moeda; Valores monetários não são constantes; Inflação, câmbio, taxas de juros, etc. Willet (1991) - Mensuração Fundamental x Mensuração Derivada; Fundamental: custo das atividades e outras operações; Derivada: Cálculos de lucros e indicadores financeiros. Mensuração na Contabilidade Riahi-Belkaoui (2004) - Relação entre mensuração e as notas explicativas; De acordo com o (IASB, 2008, p. 91), a mensurabilidade de um elemento depende de ele ter uma característica essencial, no qual seja capaz de ser quantificado em unidades monetárias, com satisfatória confiabilidade. Portanto, o reconhecimento depende da técnica de mensuração e este, por sua vez, envolve a seleção das bases de mensuração. O reconhecimento da mensuração depende dos seguintes fatores, segundo Hendricksen e Van Breda (2010): Definição; Mensurabilidade;; Relevância; Fidedignidade. Bases da Mensuração Contábil, segundo Riahi-Belkaoui (2000) Tempo em que focalizam: Passado: Custo histórico ou valor da transação; Presente: Custo de reposição e valor presente; Futuro: Valores futuros, taxas de juros. Classe da transação: Custo de reposição: entrada de ativos; Valor realizável: saída de ativos ou resgate de passivos. O evento que originou a medida: Evento realizado; Acontecimentos futuros; Acontecimentos presumidos Da mensuração científica a mensuração contábil As primeiras análises sobre a natureza da mensuração estavam voltadas à mensuração nas ciências físicas. Os trabalhos considerados seminais na área das ciências sociais foram os de Scott e Suppes (1958), Pfanzagl (1959) e Suppes e Zinnes (1963). A mensuração na contabilidade começa a partir das propriedades de um objeto, que faz parte do Sistema Relacional Empírico (SRE), que nada mais é que um conjunto de eventos e objetos que vão servir de base para a mensuração de resultados. Depois de criadas as regras para atribuir valor aos objetos, então as propriedades serão transformadas em medidas, surgindo assim o Sistema Relacional Numérico (SRN). Pela lógica, na teoria da mensuração a relação existente acontece entre os números e não entre os atributos mensurados. Da mensuração científica a mensuração contábil Pela lógica, na teoria da mensuração a relação existente acontece entre os números e não entre os atributos mensurados. A mensuração pode acontecer de duas formas: Mensuração direta – acontece quando o número relacionado a um objeto representa a mensuração real do atributo escolhido Mensuração indireta – acontece com base nos recursos que de forma indireta deixam que se chegue ao valor do atributo que se pretende mensurar. No momento que tal mensuração não for confiável ou adequada, informações não monetárias devem ser evidenciadas em notas explicativas. Da mensuração científica a mensuração contábil Considerando-se que a mensuração contábil é feita basicamente por valores monetários, uma etapa primordial nesse processo é a definição de uma base conceitual de mensuração, o que não parece ser tarefa fácil diante dos diversos critérios de avaliação atualmente disponíveis (valores históricos, valores de reposição, valores descontados dos fluxos de caixa futuro etc.) Duas áreas problemáticas relacionadas ao processo de mensuração contábil é: A existência de uma categoria de problemas conceituais envolvendo o isolamento e a precisa definição das propriedades que serão mensuradas e; A existência de uma categoria de problemas metodológicos envolvendo a determinação dos procedimentos de mensuração apropriados à atribuição de números para representar essas propriedades. Da mensuração científica a mensuração contábil Diante do problema da interpretação dos dados contábeis, a Teoria da Mensuração aponta que o processo de mensuração contábil, para produzir bons resultados, deve apresentar as sete etapas consideradas básicas e necessárias à definição de um modelo científico de mensuração, que possa ser considerado tecnicamente correto: Identificar o tipo de decisão a ser tomada; Identificar o sistema relacional empírico, ou seja, o conjunto de objetos e eventos que serão mensurados; Identificar a característica de interesse da medição; Identificar a unidade de mensuração; Definir a base conceitual, ou seja, os critérios de mensuração; Identificar o sistema relacional numérico, ou seja, evidenciar a escala ou unidade a ser utilizada; Analisar o sistema de mensuração à luz do purpose view (informação adequada) e do factual view (confiabilidade, validade, tipo de escala e significado numérico). Da mensuração científica a mensuração contábil Portanto, são evidenciadas duas características de técnicas de mensuração na Contabilidade e que requerem uma consideração sobre o que trata a Teoria da Mensuração: O primeiro tem relação com os modelos de avaliação contábil que são mais ligados à compreensão passageira ligada ao mesmo instrumento; o patrimônio. Como por exemplo, os diferentes conceitos entre o custo histórico e o custo corrente. O segundo aspecto é a comprovação de vários princípios e conceitos de avaliação patrimonial são dependentes, uma vez que nenhum deles atende completamente os parâmetros de utilidade, de qualidade e de abrangência das informações desejadas pelos usuários. Por essa razão, não se considera um modelo único que contenha qualidades que atenda a todos. Da mensuração contábil a mensuração econômica O método de avaliação de mensuração contábil na mensuração contábil,tem uma estreita relação com a Teoria econômica,por atribuir uma mensuração mais “exata”e “verdadeira” no qual a mensuração e realizada através da definição da “quantia que pode ser consumida sem alterar o estado de riqueza da entidade. Da mensuração contábil a mensuração econômica Na moderna economia, tanto pela base teórica como pela prática, os valores objetivos e subjetivos constituem uma condição necessária para os critérios de decisões de investimento. Portato em uma decisão de investimento são requeridas duas classes de números e sua comparação: (i) o valor de mercado (derivado do preço de mercado, o qual é derivado dos valores subjetivos de muitos indivíduos); e, (ii) o valor subjetivo do próprio investidor. O valor econômico está relacionado às preferências ou aos desejos que as pessoas têm em relação a um determinado item, em oposição aos demais.No entanto são muitas as variáveis que afetam as preferências das pessoas, fazendo com que o verdadeiro valor economico não possa ser realmente reconhecido e o preço de mercado de uma mercadoria não pode ser tomado como uma medida correta da utilidade marginal envolvida. Da mensuração contábil a mensuração econômica A ausência de um “valor econômico verdadeiro” na Contabilidade, o induz a fazer uso de aproximações do valor presente dos fluxos de caixa futuros líquidos e o valor de mercado. A subjetividade, a dificuldade de se fazer estimativas e a própria imperfeição ou ausência do mercado são, no entanto, problemas que afetam diretamente na Contabilidade. Assim à migração da mensuração contábil para a mensuração econômica, somente será capaz de mensurar adequadamente o lucro quando introduzir, de forma completa, abrangente e definitiva, os efeitos da inflação e do custo de oportunidade do capital próprio. Pesquisa sobre Teoria da Mensuração no Brasil Os autores buscaram indentificar o foco das pesquisas publicadas nas principais revistas científicas do Brasil; Nos últimos 20 anos foram publicados 42 artigos com 89 pesquisadores vinculados a 25 instituições de ensino superior. A USP possuía um grupo de estudo específico sobre mensuração econômica Artigos publicados: 17/42 = 40,48% Pesquisadores: 31/89 = 34,83% Reinaldo Guerreiro é o pesquisador com mais trabalhos publicados na área Focos do Trabalho em Mensuração Econômica Pesquisa sobre Teoria da Mensuração no Brasil Há uma lacuna na literatura nacional quanto à Teoria da Mensuração; Os pesquisadores se limitaram a discutir os elementos operacionais, não abordando aspectos conceituais; A discussão entre aspectos econômicos e mensuração contábil, tem se mantido em evidência; A contabilidade tratou “mais de dar respostas parciais e espaçadas no tempo para problemas emergenciais do que de erigir uma veradeira teoria da avaliação patrimonial a valores econômicos, de forma estruturada e integral[...]”. Iudícibus, Martins e Carvalho (2005,p. 17) Trabalhos Investigados “Outros” são tipos de mensuração que não utilizam a moeda como unidade de medida; De acordo com a evidência dada ao assunto pelo processo de convergência as normas internacionais de Contabilidade, há uma tendência do crescimento das pesquisas, principalmente sob o ponto de vista econômico Trabalhos Investigados A representação refere-se aos atributos do mundo real e quais propriedades desses atributos devem ser representados por número; A uniquicidade se trata de outros números, igualmente válidos, para fazer a representação. Considerações Finais Os caminhos da contabilidade devem contemplar duas condições essenciais: o conhecimento dos diferentes objetos e necessidades dos usuários das demonstrações financeiras e a necessidade de investigação das suposições que esses usuários fazem quando usam os valores das demonstrações financeiras em suas decisões; Devido à utilização da subjetibvidade, a contabilidade precisa fazer uso das aproximações; A contabilidade segue na direção da mensuração econômica. Referências JÚNIOR, A. R. C.; ALMEIDA, J. S. de; GAMMARANO, I. de J. L. P. Reflexões Sobre a Teoria da Mensuração e suas Aplicações Matemáticas e Contábeis. Universidade Federal Rural da Amazônia, 2018. MARTINS, O. S.; ARAÚJO, A. M. H. B. de; NIYAMA, J. K. Uma Discussão Conceitual e Contemporânea sobre a Teoria da Mensuração e sua Relação com a Contabilidade. CATELLI, Armando; GUERREIRO, Reinaldo & SANTOS, Roberto Vatan dos. Mensuração do resultado segundo a ótica da gestão econômica (GECON). In Material fornecido pelo Prof. Ms. Vatan em suas aulas de Controladoria no Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas da FACEPAL, Palmas PR. Nov/97. LARSON, K. D. Implications of measurement theory on accounting concept formulation. The Accounting Review, v. 44, n. 1, p. 38-47, 1969. HILLE, H. Fundamentals of a Theory of Measurement. Lecture delivered on the Spring-Meeting of the German Physical Society. 1997. Ludwig-Maximilians-University. Munich, German. Disponível em: . Acesso em: 07/11/2010. NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, CAT. Teoria avançada da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2014.