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Método científico_O_mito_da_certeza_cientifica

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O mito da certeza científica em Karl Popper e Thomas Khun.
Profª Drª Marilene Cabello Di Flora
Para os pioneiros da ciência positivista os dogmas tradicionais, as superstições populares e todas as formas de conhecimento existentes até o século XIX eram responsáveis pela manutenção da ignorância do povo. Daí grande esperança na ciência indicada como um caminho certo para se chegar à verdade. Assim, acreditava-se que a ciência viria resolver todos os problemas e enganos advindos da observação e misticismo.
Foi na década de 1930 que esta visão ortodoxa do conhecimento passa ser questionada através dos escritos de Karl Popper. Este autor coloca em dúvida a certeza da ciência dizendo que jamais conseguiremos atingir o estágio do conhecimento total e definitivo. O conhecimento, portanto, tem caráter provisório e a verdade se confirma pelos seus efeitos práticos: o conhecimento é útil enquanto serve para o aqui e o agora.
Popper ainda questiona a eficácia da indução e argumenta sobre as dificuldades em se chegar às leis gerais sobre os fenômenos. Para ele, uma teoria só continua válida enquanto não for refutada e o conhecimento progride mediante os questionamentos às teorias precedentes.
Segundo Popper, podemos questionar o conhecimento científico com 3 aspectos básicos:
como se constroem as Teorias;
quais as razões que levam à sua aceitação;
quais as razões que levam ao seu abandono.
Para o autor, uma teoria é escrita mediante seu poder de fazer predição e de resolução dos problemas humanos: uma Teoria é abandonada quando se constatou o surgimento de fatos que contrariam as suas predições. Segundo Japiassu (1983) este conceito de ciência fundamentado em princípios matemáticos e mecanicistas, está em crise exigindo uma reorganização profunda.
Para os autores citados, os métodos de indução e dedução são questionados e cada dia mais percebe-se que o mundo não pode ser descrito tão somente por coordenadas físicas exatas.
O conhecimento passa a ser considerado como um fenômeno envolvido por questões sociológicas que implica em entendê-lo como um fenômeno histórico e social. Por outro lado, é a mente humana que percebe e organiza a realidade o que significa que essa organização é um verdadeiro ato de criação, o qual se realiza mediante certos valores e pontos de vista.
Nesta mesma linha de contestação ao modelo tradicional de ciência encontramos Thomas Khun. Em sua obra principal, escrita em 1962, sob o título “A estrutura das Revoluções Científicas”, o autor argumenta que o desenvolvimento da ciência só pode ser entendido com o auxílio da Sociologia, Epistemologia e Psicologia.
Para Khun, a produção do conhecimento é dinâmica e se caracteriza por momentos de pouca inovação ou momentos revolucionários através dos quais a ciência progride e avança. A palavra chave em sua Teoria do conhecimento é paradigma, porém, nem mesmo ele nos dá um significado mais preciso do termo. 
De uma forma mais geral, os paradigmas de Khun podem ser entendidos como matrizes reguladoras, permeadas de crenças e valores sobre a realidade a se conhecer, partilhados por uma comunidade científica.
Para Khun, as teorias nascem no interior de visões de mundo mais abrangentes, portanto, são perspectivas especiais sobre os objetos do conhecimento. A chamada ciência normal evolui dentro de uma matriz reguladora, defendida por uma comunidade científica e considerada como a maneira certa de se fazer a “boa ciência”.
Os paradigmas dirigem o cientista no que procurar e o que esperar. O surgimento do não previsto, certamente, criará dificuldades para o cientista, pois o mundo está mais preocupado com a confirmação do paradigma do que com sua superação. A ciência normal, portanto, não apresenta novidades por evoluir dentro do esperado.
Segundo Khun, a ciência torna-se revolucionária quando coloca em discussão o paradigma usual. Novas generalizações são colocadas em pauta criando polêmica na comunidade científica. Como exemplo histórico, temos a Teoria de Relatividade de Einstein, considerada uma das maiores revoluções científicas, pois entrou em conflito com a Teoria da Gravidade do Sistema Solar defendida por Newton.
Khun ainda exemplifica sua tese comentando que a visão de mundo que prevalecia no século XVIII no ocidente e o dominante da Astrologia oficial neste mesmo século, impediram a compreensão e registro de “novos” fenômenos celestes.
Os cientistas, quando bem treinados, tornam-se eficientes em avaliar a aplicação de uma paradigma, mas não em testá-lo ou criticá-los. Assim, os paradigmas tornam-se paradogmas. 
Mediante as teses destes dois autores citados podemos considerar que a adequação entre a metodologia de captação da realidade e a realidade a ser captada é apenas esperada e não garantida. 
Finalizamos este texto com as palavras de Demo (1985)
“A atitude conveniente é aquela que hermeneuticamente se conscientiza desta precariedade e aceita o desafio do erro como presença constante na busca da verdade ... Toda Teoria não passa de um tijolo substituível no edifício inacabado e inacabável da ciência”.

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