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Usinabilidade dos Materiais Ana Laura Oliveira Biazon Turma: 246 - Mecânica Professor: Paulo Cesar de Oliveira Definição De modo geral é o grau de dificuldade se usinar um determinado material. Entenda-se como propriedades de usinagem de um material, aquelas que expressam seu defeito sobre grandezas mensuráveis inerentes ao processo de usinagem tais como: As propriedades do material que podem afetar a usinabilidade de um material são: 1. A vida da ferramenta; 2. Acabamento superficial da peça; 3. Esforços de corte; 4. Temperatura de corte; 5. Produtividade; 6. Características do cavaco; A usinabilidade depende do estado metalúrgico da peça, da dureza das propriedades mecânicas do material, de sua composição química, das operações anteriores efetuadas sobre o material, sejam a frio ou a quente e de eventual encruamento. A usinabilidade não depende somente das condições intrínsecas do material mas também das condições de usinagem, das características das ferramentas, das condições de refrigeração, da rigidez do sistema máquina-dispositivo, de fixação-peça-ferramenta e dos tipos de trabalhos executados pela ferramenta. Definição 1. A usinabilidade e as Propriedades do Material Embora dureza e à resistência mecânica sejam fatores importantes da influência da usinabilidade do material, outros fatores também são bastante importantes como: a quantidade de inclusões e de aditivos para melhorar a usinabilidade, a quantidade de partículas duras a microestrutura, a tendência ao empastamento do cavaco do material na superfície de saída da ferramenta, entre outros. ● Dureza e Resistência Mecânica Valor de dureza alta dificulta a usinabilidade e a resistência, a tração alta aumenta os esforços de corte. Se tem materiais muito dúcteis a baixa dureza pode causar problemas, pois facilita a formação de aresta postiça de corte. Nesses casos é bom que a dureza seja aumentada através de trabalho a frio. ● Ductilidade Baixos valores de ductilidade são geralmente benéficos à usinagem, a formação de cavacos curtos é facilitada e se tem menor perda de energia com atrito cavaco na superfície de saída da ferramenta. Porém em geral, consegue-se baixa ductilidade com alta dureza e vice-versa. Uma usinabilidade ótima se obtém como compromisso entre dureza e ductilidade. ● Condutividade Térmica Uma alta condutividade térmica do material da peça significa que, o calor gerado pelo processo é rapidamente retirado da região de corte, e assim a ferramenta não é excessivamente aquecida. Portanto não se desgasta tão rapidamente. Então, uma alta condutividade térmica favorecem a usinabilidade do material. ● Condutividade Térmica Dentre os tipos de materiais mais usinados, os que tem maior condutividade térmica são: 1. Alumínios 2. Aços sem liga 3. Aços ligados 4. Aços inoxidáveis. ● Taxa de Encruamento Quantos metais são deformados plasticamente eles aumentam sua resistência. O nível de encruamento depende da taxa de deformação e da habilidade do material em encruar. Uma alta taxa de encruamento significa que a resistência do material é bastante aumentada para um determinado nível de deformação plástica. ● Taxa de Encruamento Se o material possui alta taxa de encruamento ele requer muita energia para a formação do cavaco, (valor alto da pressão específica de corte - baixa usinabilidade). Com isso o aumenta os esforços de corte e possui tendência a formação de aresta postiça. Para usinar com eficiência materiais com alta taxa de encruamento, necessita-se que a ferramenta possui aresta de corte afiada e ângulo de saída bem positivo, a fim de que a deformação causada no cavaco seja pequena. Nesse materiais e equipamento antecedendo a usinagem, o trabalho frio pode ser vantajoso, pois diminui a ductilidade do material (diminui a zona plástica) e, com isso, reduz a possibilidade de formação da aresta postiça de corte. Índice de Usinabilidade (IU) É um valor numérico que serve de comparação. Assim comparando dois materiais, diremos que aquele que tiver o índice de usinabilidade mais alto é o material mais fácil de se usinar. Um material pode ter um valor de usinabilidade baixo em certas condições de usinagem e um valor mais alto em outras condições, por exemplo. O método mais utilizado para medir a usinabilidade de determinado material, é um ensaio chamado de longa duração, onde o material ensaiado e o material tomado como padrão são usinadas até o fim da vida da ferramenta ou até um determinado valor de desgaste da ferramenta (VB ou KT). 1.Ensaios de usinabilidade Este ensaio permite a obtenção da velocidade de corte para uma determinada vida da ferramenta (20 minutos - Vc20 - ou 60 minutos - Vc60). O índice de usinabilidade (I.U) é dado pela relação entre a Vc20 (ou Vc60) do material ensaiado e aquela correspondente ao material tomado como padrão ao qual se dá o índice 100%. O material padrão mais utilizado quando se trata de ensaio de aço é o aço AISI B1112. Existem também os ensaios de curta duração que são utilizados para avaliar outros fatores como: ● Rugosidade ● Força de usinagem ● Acabamento superficial, etc. Nesses casos normalmente as condições de usinagem são forçadas para justamente obter resultado em pouco tempo de ensaio. Embora algumas ligas de alumínio apresenta em uma boa resistência equivalente à do aço com baixo carbono em temperatura ambiente, porém em temperaturas elevadas a sua resistência é bastante reduzida. O alumínio tem uma elevada condutividade térmica o que faz com que boa parte do calor vá para a peça. Isso favorece a usinabilidade das ligas já que a elevação da temperatura é inerente ao processo. Assim as forças de corte necessária para usinagem das ligas de alumínio são bem baixas quando comparadas com as forças relativas do aço. 3. Usinabilidade das ligas de Alumínio É necessário que a dureza da liga seja maior que 80 HB para que possa apresentar uma boa usinabilidade. ➔ Dureza < :Tendência a formação de aresta postiça de corte é muito alta e se torna muito difícil a obtenção de rugosidade baixa da peça. 3.Fatores metalúrgicos que afetam a usinabilidade das Ligas de Alumínio ➔ O alumínio em geral pode ser facilmente usinado a energia consumida por unidade de volume do metal removido é muito baixa. Apenas o magnésio e suas ligas podem ser usinadas com a mesma taxa de energia consumida e o desgaste da ferramenta raramente é um problema. ❖ As temperaturas de usinagem são geralmente baixa e alta velocidade de corte podem ser usadas. ➔ Baseadas na rugosidade da peça e na características do cavaco não pode se dizer que o alumínio tem uma boa usinabilidade, pois em condições normais de usinagem o cavaco formado é longo e acabamento superficial obtido insatisfatório. ❖ Porém bons acabamentos superficiais podem ser obtidos se a velocidade de corte for suficientemente alta e a geometria da ferramenta for adequada. 3.Usinabilidade das ligas de Alumínio O material de ferramenta típico para a usinagem de ligas de alumínio (com exceção das ligas de silício), é o metal duro de classe K sem cobertura. -Temperaturas de corte baixos. -Não há desgastes de cratera incentivado pela difusão. ➔ Para se evitar aparição de aresta postiça de corte e garantir um cisalhamento perfeito do cavaco, as ferramentas para corte de alumínio possui aresta afiada (sem raio na aresta) com ângulos bastante positivos. 3.Usinabilidade das ligas de Alumínio Propriedade negativa: Baixa dureza; Favorece a formação da aresta postiça. Prejudica o acabamento da peça provoca desgaste frontal da ferramenta. A classe K é recomendada pois, as temperaturas de quartos são mais baixas, e por isso a formação do desgaste de cratera via processo difusivonão é um problema. 4.Fatores metalúrgicos que afetam a usinabilidade dos aços Fatores que afetam a usinabilidade dos aços: ● Dureza ● Microestrutura ● Presença de inclusões ● Presença de elementos de liga Dureza O fator predominante que afeta a usinabilidade é sem dúvida a dureza. Aços com baixo carbono: ● Baixa dureza; ● Alta ductilidade; ● Tendência à aresta postiça. Má usinabilidade Aços com alto carbono: ● Dureza aumentada; ● Ductilidade diminuída; ● Não há tendência à aresta postiça. Usinabilidade melhorada 4.Fatores que afetam a usinabilidade dos aços Em termos de dureza, 200 HB é um bom valor referencial. No entanto: Dureza > 200 HB ● Aumenta os esforços de corte; ● Aumenta o desgaste via abrasão e difusão. Dureza < 200 HB ● Aumenta a ductilidade; ● Possui tendências para a formação de aresta postiça. Microestrutura Avaliação da microestrutura ocasionada pelo tratamento térmico afeta a usinabilidade. Cementita = Ferrita + Perlita. É uma fase extremamente abrasiva. Martensita = carboneto de ferro que se forma na têmpera do aço. É uma fase extremamente dura. 4.Fatores que afetam a usinabilidade dos aços 1. Quando o material tem uma microestrutura predominante martensítica, que é extremamente dura, a vida da ferramenta é reduzida. 2. Quando o teor de cementita, que é uma fase extremamente abrasiva - pois é cheia de carbonetos que são partículas extremamente duras - é predominante, a vida da ferramenta também é reduzida. 4.1 Aços de usinabilidade melhorada 4.1.1 Adição de elementos de liga ● Alguns elementos de liga tem efeito positivo na usinabilidade Chumbo, fósforo, enxofre. ● Alguns outros tem efeito negativo na usinabilidade (duros e abrasivos) Vanádio, Molibdênio, Tungstênio, Manganês, Níquel, Cobalto, Cromo e etc. ● O carbono quando presente em terror entre 0.3 e 0.6% tende a melhorar a usinabilidade. Quando C< 0.3%: Material dúctil, formação de aresta postiça de corte e dificuldade de quebra do cavaco. Quando C> 0.6%: Material duro e abrasivo, desgaste rápido da ferramenta. 4.1.2 Engenharia de inclusões São partículas duras presentes no material (óxidos de ferro, Mn, Si etc.). - Macro Inclusões: Presentes em aços de baixa qualidade são geradas durante a fabricação no forno. São indesejáveis. - Micro Inclusões: Presentes em todos os aços. São desejáveis quando ajudam na remoção rápida do material e na formação do cavaco curto, que retrata o desgaste da ferramenta ponto são indesejáveis quando são duras e abrasivas provocando o desgaste rápido da ferramenta. 4.1 Aços de usinabilidade melhorada 4.2 Aços inoxidáveis São ligas ferrosas que possuem um mínimo de 12% Cr, para aumentar a resistência à corrosão. Ele contém também outros elementos de liga como Ni, Cu, Al, Si, e Mo. Três classes: 1. Ferrítico (principal elemento cromo); 2. Austenítico (presença da austenita à Temp. ambiente faz que tenha maior deformidade, podendo ser conformado a frio e a quente); 3. Martensítico (presença da austenita à Temp. > 723°). Aço Martensítico ● Muito duro; ● Alto teor de carbono; ● Formação de partículas duras e abrasivas de carbonetos de cromo; ● Gera elevados esforços de corte. 4.2 Aços inoxidáveis: Características Aço Austenítico ● Não muito duro; ● Alta taxa de encruamento; ● Grande zona de plasticidade; ● Formação de cavaco longo que tendem a acumular sobre a superfície de saída; ● Formação de aresta postiça de corte - Baixa condutividade térmica (retêm calor na região de corte); - Alto coeficiente de atrito (aumenta os esforços de corte); - Alto coeficiente de dilatação térmica (dificuldade de obtenção de tolerâncias apertadas). Usinabilidade No entanto a usinabilidade pode ser melhorada adicionando elemento de liga como o Manganês e o Enxofre, que combatem o encruamento do material durante a usinagem. 5. Fatores metalúrgicos que afetam a usinabilidade dos ferros fundidos Ferros fundidos são ligas ferro-carbono com porcentagem de carbono entre 2 e 4%, contendo ainda outros elementos de liga como o silício, o manganês, o fósforo e o enxofre, além do níquel, cromo, molibdênio e cobre. Principais propriedades: ● Boa rigidez; ● Resistência à compressão; ● Baixo ponto de fusão. 5. Usinabilidade dos Ferros Fundidos O ferro fundido cinzento forma cavacos de ruptura, enquanto que os maleáveis e nodulares formam cavacos longos. ➢ Aumento da Dureza / Resistência à tração Dificulta a usinabilidade; Aumenta os esforços de corte. ➢ Aumento da Ductilidade Melhora a usinabilidade; Favorece a formação dos cavacos; Diminui os esforços de corte; Tendências a formação de aresta postiça. ➢ Aumento da Condutividade térmica Melhora a usinabilidade; Diminui o calor gerado na região de corte. ➢ Aumento da Taxa de encruamento Dificulta a usinagem; Dificulta a formação de cavacos; Aumenta os esforços de corte; Tendências a formação de aresta postiça. Outros elementos de liga também influenciam na usinabilidade do FoFo: Os formadores de carboneto (cromo, cobalto, manganês, molibdênio e vanádio), que prejudicam a usinabilidade devido ao fato de que os carbonetos são partículas muito duras e abrasivas. Os grafitizantes (silício, níquel, alumínio, e cobre), auxiliam na usinabilidade. O sulfeto de manganês também é utilizado nos ferros fundidos para melhorar a usinabilidade. O Silício influência significamente a usinabilidade. Com 12% de Si ou mais, são praticamente impossíveis de serem usinados. 5. Usinabilidade dos Ferros Fundidos Usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento ● Pode conter até 3% de Si; ● O alto teor de silício apresentará muito carbono livre e quase nenhuma cementita (o silício é um poderoso grafitizante). ● Formação de cavacos de ruptura. ➔ Boa usinabilidade Usinabilidade do Ferro Fundido Branco ● Contém de 2.5 à 3.5% C, apresenta baixo teor de Silício, alto teor de carbono de ferro e pouco grafite livre. ● Estrutura muito dura, resistente, quebradiça. ● Usinabilidade extremamente difícil. ● Dureza de 300 HB, a usinagem é praticamente impossível. Usinabilidade do Ferro Fundido Maleável ● Contém de 2.5 à 3.5% C, apresenta baixo teor de Silício, alto teor de carbono de ferro e pouco grafite livre. ● Estrutura muito dura, resistente, quebradiça. ● Usinabilidade extremamente difícil. ● Dureza de 300 HB, a usinagem é praticamente impossível. ● É obtido pela adição de uma pequena quantidade de magnésio ou de cério, no ferro fundido de alto carbono em estado líquido. ● A estrutura após resfriamento da solução e apresentar o carbeto de ferro e grafite em forma esferoidal (nodular). ● A normalização e o revenimento aumenta sua resistência, mas o torna mais quebradiço. ● Apesar de ser mais resistente, ele é usinável. Usinabilidade do Ferro Fundido Nodular Ligas de Titânio Apresentam: ● Elevadas temperaturas de fusão; ● Alta dureza a quente; ● Excelente propriedades mecânicas; ● Alta resistência à corrosão; ● Ótima razão resistência peso e biocompatibilidade, características que as tornam materiais ideais para aplicação na indústria aeroespacial, automotiva petroquímica e biomédica. Apresentam resistência mecânica comparável à dos aços com cerca de metade de sua densidade. Comparadas com as ligas de alumínio, agitando apresentam resistência mecânica cerca de 4 vezes maior, com densidade apenas 50% superior. Superligas e Níquel A superligas a base de níquel, são conhecidas desde a década de 1930 e utilizadas principalmente em aplicações aeroespaciais e plantas de geração de energia. Este material com elevada resistência mecânica, boa resistência à fadiga e a fluência, boa resistência à corrosãoe capacidade de operar continuamente em elevadas temperaturas. Trata-se de ligas que contém 30% a 75% de níquel e até 30% de cromo, endurecidas por soluções sólidas e por precipitação. ➔ Alta resistência mecânica em alta temperatura e, o que faz com que a energia necessária para geração do cavaco seja muito alta e, consequentemente, altas temperaturas ocorre na região de formação do cavaco. ➔ Alta ductilidade, que faz com que a área de contato do cavaco ferramenta seja bastante alta, o cavaco de forma se esparrama sobre a superfície de saída da ferramenta, com ângulo de cisalhamento pequeno, os cavalos formados sejam longos.
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