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1. INTRODUÇÃO A FERTILIDADE DO SOLO E PRINCÍPIOS NUTRIÇÃO MINERAL PLANTAS Prof. Dr. Filipe Selau Carlos Profa. Dra. Rosa Maria Vargas Castilhos UFPEL – FACULDADE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE SOLOS FERTILIDADE DO SOLO Capão do Leão - RS Tópicos • Fertilidade do solo no contexto da agronomia • Conceitos de fertilidade do solo • Nutrição mineral como fator de produção • Princípios de nutrição mineral de plantas • Resposta das plantas aos nutrientes • Leis da fertilidade • Exigências quantitativas Fatores de “CONSTRUÇÃO” de produtividades 3 Ambiente Temperatura Disponibilidade hídrica Fotoperíodo Radiação solar Manejo Irrigação e drenagem Calagem e Adubação Arranjo de plantas Genótipo Potencial produtivo e estabilidade PRODUTIVIDADE Época de semeadura Rotação de culturas REVOLUÇÃO VERDE – ÁSIA (IRRI, FILIPINAS) BR IRGA 409 REVOLUÇÃO VERDE – AMÉRICA LATINA Cachoeirinha, EEA-IRGA BR IRGA 424 RI BLUEBELLE 197019802018 6 t/ha10 t/ha12 t/ha CONCEITOS SOLO FÉRTIL – Possui os nutrientes necessários em quantidades e proporções adequadas “Todo solo produtivo é fertil, mas nem todo solo fértil é produtivo” SOLO PRODUTIVO – Além de nutrientes deve possuir características físicas e biológicas adequadas Areia Estrutura do solo Física Biológica Química Abordagem disciplinar Textura do solo Fertilidade do Solo Composição do solo (ideal) - fases Estrutura do solo FERTILIDADE DO SOLO Argila Silte Estado de um solo com respeito à sua capacidade de suprir os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas (SBCS, 1993) Capacidade do solo de fornecer às plantas nutrientes, em quantidades e proporções adequadas e de manter a ausência de elementos tóxicos para o seu desenvolvimento (mais usado). Conceito no Brasil FERTILIDADE DO SOLO CONCEITO DOMINANTE E SUA APLICAÇÃO NUTRIÇÃO MINERAL COMO FATOR DE PRODUÇÃO Marcha de acumulação de matéria seca Fatores condicionantes do crescimento vegetal • Potencial genético • Nutrientes • Luz • Temperatura • Fotoperiodo • Gás carbônico • Oxigênio • Água • Manejo (pragas, doenças, controle de invasoras, etc) PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS • Quais são os nutrientes essenciais? • Quanto é necessário de cada um? • Como as plantas respondem ao seu suprimento pelo meio? PRINCÍPIOS DE NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS • As plantas absorvem qualquer elemento solúvel presente no meio de cultivo, embora com seletividade. • Mas nem todos são considerados essenciais..... Um exemplo: Elementos encontrados em Taraxacum oficinale (Djingova et al. 2004, Ecol.Research, 19:3-11) Elemento Concentração (mg/kg) Elemento Concentração (mg/kg) Simbolo Nome Símbolo Nome Al Alumínio 180 Mn Manganês 107 As Arsênico 0,3 Mo Molibdênio 1,8 Au Ouro 0,017 N Nitrogênio 2750 Ba Bário 47 Na Sódio 225 Br Bromo 18 Ni Níquel 2,15 Ca Cálcio 1550 P Fósforo 0,30 Cd Cádmio 0,5 Pb Chumbo 3,1 Ce Cério 0,45 Rb Rubídio 92 Co Cobalto 0,15 S Enxofre 0,36 Cr Cromo 0,3 Sc Escândio 0,75 Cs Césio 0,12 Se Selênio 0,12 Cu Cobre 12 Si Silício 280 Eu Európio 0,012 Sm Somário 0,12 Fe Ferro 280 Sr Estrôncio 27 Ga Gálio 0,16 Ti Titânio 5,6 Hg Mercúrio 0,15 Th Tório 0,4 K Potássio 3000 Tl Tálio 0,025 La Lantânio 0,5 V Vanádio 0,18 Mg Magnésio 2500 Zn Zinco 65 ELEMENTOS ESSENCIAIS a) Critérios de essencialidade [Stout & Arnon, 1938] ) • A planta não completa o ciclo na ausência do elemento • O elemento não pode ser substituído por outro • O elemento deve ter função definida b) Quais são os ELEMENTOS ESSENCIAIS? [Taiz & Zeiger(2004) e Marchner (1995)] Elemento Forma Absorvida Teor na matéria seca m/m mol/massa Macronutrientes (g kg-1) (μmol kg-1) H H 2 O 60 60.000.000 C CO 2 450 37.500.000 O O 2 450 28.125.000 N NO 3 - e NH 4 + 15 1.070.000 K K + 10 256.410 Ca Ca ++ 5 125.000 Mg Mg ++ 2 86.330 P H 2 PO 4 - 2 64.500 S SO 4 = 1 31.250 Micronutrientes (mg kg-1) (μmol kg-1) Cl Cl - 100 2.800 B H 3 BO 3 20 1.850 Fe Fe ++ 100 1.790 Mn Mn ++ 50 910 Zn Zn ++ 20 306 Cu Cu ++ 6 94 Ni Ni ++ 0,1 2 Mo MoO 4 = 0,1 1 ELEMENTOS BENÉFICOS Não satisfazem os critérios de essencialidade, mas melhoram o crescimento de algumas espécies SILÍCIO (Si) - Poáceas COBALTO (Co) (Fabáceas – Fixação de N2) SÓDIO (Na) (Substituição parcial de K e controle osmótico) ELEMENTOS BENÉFICOS Um exemplo: • Diminui a incidência de pragas e doenças • Reduz o acamamento • Melhora captação radiação solar SILÍCIO (Si) ELEMENTOS TÓXICOS Acima de certas concentrações qualquer elemento pode ser tóxico... Mais frequentes em solos ácidos: ALUMÍNIO MANGANÊS FERRO ELEMENTOS TÓXICOS Um exemplo: ALUMÍNIO (Al) Afeta: Divisão e expansão celular Func. Membranas Cresc. Radicular Absorção Fósforo Toxidez por Al SOLOS ÁCIDOS ACIDEZ DO SOLO Alumínio tóxico (Al3+) (Unicesumar, 2015) Al3+ Al3+ Al3+ Al3+Al 3+ Al3+ Al3+ Al3+ ELEMENTOS TÓXICOS MANGANÊS (Mn) ELEMENTOS TÓXICOS Fe2+ (arroz irrigado) RESPOSTA DAS PLANTAS AO SUPRIMENTO DOS NUTRIENTES • Lei do mínimo (Sprengel & Liebig) • Lei dos acréscimos decrescentes (Mitscherlich) • Resposta quadrática • Interação entre fatores LEI DO MÍNIMO “O crescimento da planta é limitado pelo elemento em menor proporção” ( Liebig, 1862) Pode ser usada para outros fator de produção LEI DO MÍNIMO [Brachiaria no Cerrado – Martha Jr et al., 2007. pg51] Fósforo (kg P2O5 ha -1) Nitrogênio (kg ha-1) 0 100 ------Matéria seca (kg ha-1) ------ 0 1.890 c 2.863 b 100 1.903 c 5.138 a LEI DO MÍNIMO NPK milho [Suyampto et al. (1991) Better Crops, 7(1):4-5] TRATAMENTOS RENDIMENTO DE GRÃOSN P2O5 K2O --------- (kg ha-1) -------- (Mg ha-1) 0 0 0 0,4 d 100 50 0 0,4 d 150 100 0 0,3 d 100 50 50 3,3 c 100 50 100 4,2 b 100 50 150 4,3 b 150 100 150 4,6 a LEI DOS ACRÉSCIMOS DECRESCENTES [Mitscherlich , 1930] “ Ao adicionar quantidades crescentes de um nutriente, o maior acréscimo em produção é obtido com a primeira dose. Com aplicações sucessivas de iguais quantidades do nutriente, os incrementos na produção são cada vez menores.” LEI DOS ACRÉSCIMOS DECRESCENTES [Dados do experimento do milho] 0 1000 2000 3000 4000 5000 0 50 100 150 200 Doses de potássio - kg/ha R en d im en to - k g /h a RESPOSTA QUADRÁTICA Na prática podem ocorrer efeitos depressivos com doses muito elevadas de fertilizante a, b, c = constantes x = fator variável a = intercepção Y = a + bx – cx2 3.4.3. RESPOSTA QUADRÁTICA Aplicação na economia de adubação Y = a + bx – cx2 X= MET (máxima eficiencia técnica) MEE = máxima eficiência econômica DOSES DE MÁXIMA EFICIÊNCIA TÉCNICA E MÁXIMA EFICIÊNCIA ECONÔMICA ● DMET = Dose de máxima eficiência técnica dose de adubo para produção máxima (dy/dx = 0) ● DMEE = Dose de máxima eficiência econômica dose de adubo para máximo lucro (dy/dx = Px/Py) onde: dy/dx = derivada da função de produção Px = preço adubo Py = preço produto Um Exemplo: Resposta do feijão ao P Equação resposta: Y= -0,06x2 +17x+1712 Preço P205 Px= R$1,42/kg Preço feijão Py= R$1,00/kg Custo Fixo = R$ 300,00 y = -0,06x2 + 17x + 1712 0 500 1000 1500 20002500 3000 3500 0 50 100 150 200 doses de P205 Kg/ha Cálculo DMET e DMEE Derivando a equação Y=1712 + 17x -0,06x2 dy/dx = 17- 0,12x • DMET= dy/dx=0 17- 0,12x = 0 x=17/0,12=142kg P2O5 • DMEE= dy/dx=Px/Py 17-0,12x=1,42/1,00 x = (17-1,42)/0,12=129,8 ou 130kg P2O5 Custo do adubo = dose adubo (x) X preço adubo (Px) Produção = calcular valor de Y na equação de resposta para cada dose x de adubo Acréscimo na produção = diferença entre as produções Receita = Produção (Y) X preço do produto (Py) Lucro = Receita – Custo total (custo fixo + custo adubo ) Dicas para o cálculo da tabela Vamos demonstrar a lei dos acréscimos decrescentes e sua aplicação na economia da adubação, montando uma tabela a partir dos resultados da resposta do feijão à doses de adubação com P (função de produção) e dos custos informados, incluindo também as doses MEE e MET já calculadas Dose de P2O5 Kg/ha Custo adubo R$ Produção Kg/ha Acréscimo Produção kg Receita R$ Custo total Lucro R$ 0 0 1712 - 1712 300 1412 50 71 2412 700 2412 371 2041 100 142 2812 400 2812 442 2370 130 185 2908 96 2908 485 2423 142 202 2916 8 2916 502 2414 150 213 2912 -4 2912 513 2399 200 284 2712 -200 2712 584 2128 Demonstrando a lei dos acréscimos decrescentes COMENTÁRIOS: observamos na tabela anterior que, no caso deste exemplo: 1) A produção aumenta com as doses de P2O5 até um certo ponto e depois diminui, seguindo um modelo quadrático. 2) Os acréscimos na produção são maiores com a primeira dose de P (50 kg) e vão decrescendo com aumento das doses 3) A dose de máxima eficiência técnica (MET), de 142 kg de P2O5 correspondente à maior produção não é a que traz o maior lucro. 3) O maior retorno econômico (lucro) é obtido na dose de 130 kg de P2O5 correpondente à dose de máxima eficiência econômica (MEE) Tema para casa: • Recalcule a DMEE, a produção, receita e lucro obtido no caso de aumento no preço do kg feijão para R$3,00 e demais custos permanecerem inalterados. • Respostas: DMEE= 142 kg P2O5 /ha Produção = 2.916 kg/ha Receita = R$ 8.748,00 /ha Lucro= R$ 8.246,00 /ha EXIGÊNCIAS QUANTITATIVAS Exigência ou Extração = quantidade total de nutriente que a planta exige para atingir certo rendimento Exportação = quantidade de nutriente retirada da área com a colheita. Extração e exportação de NPK por algumas culturas Cultura Rend. Extração Exportação N P K N P K t/ha ----------- kg /ha ----------- Arroz 7,4 160 36 172 100 20 16 Feijão 1,0 102 9 93 37 4 22 Batatinha 23 171 21 282 80 14 146 Cenoura 34 268 43 835 125 22 412 Tomate 35 122 14 184 78 10 129 Quantidade de NPK necessária para produzir 1 t/ha de produto (calculado com os dados da tabela anterior) Cultura Exigência N P K ----------- kg /ha ----------- Arroz 21,6 4,9 23,2 Feijão 102 9,0 93 Batatinha 7,4 0,9 12,3 Cenoura 7,9 1,3 24,6 Tomate 3,5 0,4 5,2 Exigência de algumas plantas forrageiras [Martha Jr (2007) ] Espécie N P K Ca Mg S ----------- kg / t MS ----------- B. decumbens 16 2 20 4 3 2 P. maximum 20 2 20 5 4 2 P. notatum 17 2 20 5 3 2 A. gayanus 18 2 20 4 3 2 Cynodon spp. 20 2 20 5 3 2 4. EXERCÍCIOS 1) Calcular a exigência (extração) de N, P e K de uma pastagem de B. decumbens com expectativa de produção de 8,5 t/ha de matéria seca. 2) Calcule a extração e a exportação de nutrientes (N,P,K) de uma lavoura de feijão com estimativa de produção de 4 toneladas/ha. Obs: usar dados das tabelas anteriores 4. EXERCÍCIOS - Resolução 1) A pastagem Braquiária exige para cada tonelada de MS/ha 16kg N, 2kg P e 20kg K (tabela 3.5.3) Basta multiplicar cada valor por 8,5 t/ha de matéria seca. Respostas (kg/ha): extração N=136, P=17, K=170 2) Multiplicar as quantidades (kg/ha) de cada nutriente extraída e exportada por tonelada de feijão produzido (tabela 5.3.1) por 4 t/ha. Respostas (kg/ha): extração: N=408, P=36, K=372 exportação: N=148, P=16, K=88 1. INTRODUÇÃO A FERTILIDADE DO SOLO E PRINCÍPIOS NUTRIÇÃO MINERAL PLANTAS Prof. Dr. Filipe Selau Carlos Profa. Dra. Rosa Maria Vargas Castilhos UFPEL – FACULDADE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE SOLOS FERTILIDADE DO SOLO Capão do Leão - RS
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