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Direito tributário aula 03

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3ºAula
Princípios do direito 
tributário
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
‡� compreender o que são princípios;
‡� identificar a finalidade dos princípios no direito tributário;
‡� compreender os princípios constitucionais tributários.
Prezados(as) alunos(as), bem-vindos(as) a nossa terceira 
aula de Direito Tributário. Na aula anterior ficou claro as 
espécies de tributos, ou seja, o Imposto, a Taxa, a Contribuição 
de Melhoria e as Contribuições Especiais. Agora, serão 
apresentados os princípios do Direito Tributário que, servem 
como limitadores ao poder de tributar do Estado.
Boa aula a todos(as)!
Bons estudos!
19
18Legislação Aplicada (tributária)
1 – 3ULQFtSLRV��GHÀ�QLomR�H�À�QDOLGDGHV
2 – Princípios constitucionais tributários
1���3ULQF¯SLRV��GHȴ�QL©¥R�H�ȴ�QDOLGDGHV
Princípios são preceitos, leis, fonte de direito considerados 
Seções de estudo
XQLYHUVDLV�H�TXH�GHÀ�QHP�DV�UHJUDV�SHOD�TXDO�XPD�VRFLHGDGH�
civilizada deve se orientar.
Nos diversos ramos do direito e, não diferentemente no 
direito tributário, existem os princípios, que servem como 
pilares para outras diversas leis.
Os princípios do direito tributário servem 
como limitadores do poder de tributar, funcionando 
verdadeiramente como mecanismos de defesa do contribuinte 
face aos possíveis abusos do poder de tributar do Estado. 
Por exemplo: anterioridade, igualdade tributária, vedação do 
FRQÀ�VFR��)LJXUD���
Figura 1 – Princípios do Direito Tributário.
Fonte: Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/4256148/principios-do-direito-tributario-2>. Acesso em: 10 dez. 2018.
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2 - Princípios constitucionais 
tributários
Figura 2 – Princípios Constitucionais.
Fonte: Disponível em: <https://slideplayer.com.br/slide/8659031/>. Acesso em 10 
nov. 2018.
Os principais princípios do Direito Tributário, destacados 
pela Constituição Federal de 1988, são os seguintes: princípio 
da legalidade, o princípio da anterioridade, o princípio 
GD� LUUHWURDWLYLGDGH�� R� SULQFtSLR� GD� YHGDomR� DR� FRQÀ�VFR�
e o princípio da imunidade recíproca, dentre outros não 
menos importante, que, no decorrer de nossa terceira aula, 
conheceremos e estudaremos cada uma das suas características 
H�DV�À�QDOLGDGHV�
Princípio da Legalidade: a base legal para este princípio 
é encontrada do artigo 150, I, da Constituição Federal de 
1988l. O princípio da legalidade é o primeiro, ou seja, qualquer 
tributo será criado ou aumentado por meio de lei.
O Código Tributário Nacional utiliza a palavra “lei” em 
seu sentido restrito, ou seja, a lei é a norma geral e abstrata, 
editada, pelo ente político competente, observando o processo 
exigido pela Constituição Federal.
Segundo o artigo 146, inciso III, alínea a, da Constituição 
Federal de 1988, a lei criadora do tributo obrigatoriamente 
deve explicitar: a) o fato tributável; b) a base de cálculo; c) a 
alíquota ou outro critério a ser utilizado para estabelecimento 
GR�YDORU�GHYLGR��G��RV�FULWpULRV�SDUD�D�LGHQWLÀ�FDomR�GR�VXMHLWR�
passivo da obrigação tributária; e) o sujeito ativo, se diverso da 
pessoa pública da qual emanou a lei.
Fato tributável: é a situação descrita em lei que, se 
praticada, dará ensejo ao fato gerador e a obrigação tributária, 
impondo a alguém a obrigação de pagar o tributo.
Base de cálculo: é a grandeza econômica sobre a qual se 
aplica a alíquota para calcular a quantia a pagar. Por exemplo, 
na venda de imóveis, a base de cálculo do Imposto de Renda 
é a diferença entre o valor da venda e o valor declarado do 
imóvel na declaração anual de renda e patrimônio. Assim, 
SRGH�VH�DÀ�UPDU�TXH�D�EDVH�GH�FiOFXOR�VHUYH�SDUD�TXDQWLÀ�FDU��
para dar a dimensão do tributo.
Alíquota: é o percentual que multiplicado pela base de 
cálculo permite o cálculo do quantum devido.
Sujeito passivo: é matéria adstrita ao polo passivo da 
relação jurídico-tributária. Refere-se, pois, ao lado devedor 
da relação intersubjetiva tributária, representado pelos entes 
destinatários da invasão patrimonial na retirada compulsória 
de valores, a título de tributos. Então, sujeito passivo é aquele 
TXH�WHP�R�GHYHU�GH�UHDOL]DU�R�SDJDPHQWR�GR�WULEXWR��$�À�JXUD�
do sujeito passivo é tratada nos artigos 121 a 123 do Código 
Tributário Nacional.
Sujeito ativo: é o detentor da “capacidade tributária”, 
ou seja, é aquele a quem a lei atribui poderes de arrecadar, 
DGPLQLVWUDU� H� À�VFDOL]DU� RV� WULEXWRV�� 6XMHLWR� DWLYR� GD� UHODomR�
tributária é pessoa jurídica de Direito Público titular da 
competência para exigir seu cumprimento. Em regra, a lei 
apta a criar um tributo é a lei ordinária e a princípio, o Poder 
Executivo não cria tributos, restringindo tal ato ao Poder 
Legislativo. 
Princípio da igualdade ou isonomia: o princípio 
da isonomia tributária veda o tratamento desigual entre 
contribuintes que se encontrem em situação de equivalência, 
ou seja, não pode tratar pessoas em situações iguais de forma 
desigual. A fundamentação legal do princípio da igualdade é 
encontrada no artigo 150, II, da Constituição da República 
Federativa do Brasil.
$�EDVH�À�ORVyÀ�FD�GR�SULQFtSLR�GD�LJXDOGDGH�RX�LVRQRPLD�
é que todos são iguais perante a lei, o princípio da igualdade 
é complementado pelo princípio da capacidade contributiva, 
previsto no artigo 145, § 1º, da Constituição Federal de 1988, 
onde reza que sempre que possível, os impostos devem ter 
caráter pessoal e ser graduados de acordo com a capacidade 
econômica do contribuinte.
 Por não ser um princípio absoluto, existe uma exceção 
onde poderá existir tratamento desigual ao contribuinte, em 
se tratando da comercialização de produtos nocivos à saúde 
pública, como exemplo, o cigarro e a bebida alcoólica.
 Princípio da irretroatividade: a fundamentação legal 
do princípio da irretroatividade encontra-se no artigo 150, II, 
a, da Constituição da República Federativa do Brasil, e nos 
artigos 105 e 144 do Código Tributário Nacional. Segundo 
esse princípio, a lei deve abranger fatos geradores posteriores 
à sua edição, ou seja, resumidamente, pode-se dizer que não 
pode existir a cobrança de tributos antes da criação da lei que 
os criou, majorou ou diminuiu.
Princípio da anterioridade: a base legal para 
esse princípio é encontrada no artigo 150, III, b e c, da 
Constituição da República Federativa do Brasil. O Princípio 
da anterioridade reza que somente poderá ser cobrado tributo 
QR�H[HUFtFLR�À�QDQFHLUR�SRVWHULRU�DR�GR�TXH� IRL�FULDGD�D� OHL��
ou seja, veda a cobrança de tributos no mesmo exercício 
À�QDQFHLUR�HP�TXH�KDMD�VLGR�SXEOLFDGD�D�OHL�TXH�FULRX��PDMRURX�
ou diminuiu o tributo.
O Supremo Tribunal Federal já reconheceu que a garantia 
estabelecida pelo princípio da anterioridade é cláusula pétrea, 
ou seja, não poderá ser abolida ou substancialmente alterada 
por emenda constitucional. Não se deve confundir a regra da 
anterioridade anual com a regra da anterioridade Nonagesimal 
ou noventária. Na anterioridade anual, o tributo somente 
SRGHUi� VHU� FREUDGR� QR� SUy[LPR� ´H[HUFtFLR� À�QDQFHLURµ� DR�
do que ocorreu a publicação da lei que o criou, majorou ou 
diminuiu, enquanto que na anterioridade Nonagesimal ou 
noventária o tributo somente poderá ser cobrado após 90 dias 
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20Legislação Aplicada (tributária)
da publicação da lei que os criou, majorou ou diminuiu.
1HP�VHPSUH�R�SUy[LPR�´H[HUFtFLR�À�QDQFHLURµ�p����XP��
ano após a publicação da lei que criou, majorou ou diminuiu 
R� WULEXWR�� SRLV�� DSHQDV� SDUD� H[HPSOLÀ�FDU�� FDVR� RFRUUD� D�
publicação de uma lei no mês de Dezembro de um ano, em 
Janeiro do próximo ano já ocorrerá a virada do “exercício 
À�QDQFHLURµ�
Os tributos que devem obedecer à regra da anterioridade 
anual são: Imposto sobre Propriedade de Veículos 
Automotores (IPVA), Imposto de Renda (IR), Imposto 
Predial e Territorial Urbano (IPTU). 
Figura3 - Exceção à regra da anterioridade.
Fonte: Disponível em: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAhAX4AC/aula-
04-ud-iii-limitacoes-ao-poder-tributar-principios-tributarios?part=2>. Acesso em 
14 nov. 2018.
Já os que devem obedecer à regra da anterioridade 
Nonagesimal ou noventária são os seguintes: Imposto sobre 
Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias (ICMS) Combustível.
Como sempre existe exceção à regra, existem alguns 
tributos que não obedecem à regra da anterioridade Anual 
nem à regra da anterioridade Nonagesimal ou Noventária, 
ou seja, são tributos exigidos imediatamente: Imposto 
sobre Importação (II), Imposto sobre Exportação (IE), 
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF); Empréstimos 
Compulsórios em caso de Calamidade Pública ou Guerra.
Figura 4 - Exceção à regra noventena.
Fonte: Disponível em: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAhAX4AC/aula-
04-ud-iii-limitacoes-ao-poder-tributar-principios-tributarios?part=2>. Acesso em 
14 nov. 2018.
3ULQFtSLR�GD�9HGDomR�DR�&RQÀ�VFR��a fundamentação 
OHJDO�SDUD�R�SULQFtSLR�GD�YHGDomR�DR�FRQÀ�VFR�p�HQFRQWUDGD�QR�
artigo 150, IV, da Constituição da República Federativa do 
Brasil. Segundo este princípio, a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios estão proibidos utilizarem tributos 
FRP�HIHLWR�GH�FRQÀ�VFR��
O ordenamento jurídico tributário brasileiro e a 
Constituição Federal de 1988 não trazem o conceito de 
FRQÀ�VFR�� $VVLP�� R� FDUiWHU� FRQÀ�VFDWyULR� GR� WULEXWR� VHUi�
analisado pelo Poder Judiciário no caso concreto. Contudo, 
VHJXQGR� D� GRXWULQD�� HQWHQGH�VH� FRP� FRQÀ�VFR� R� WULEXWR�
que consome grande parte da propriedade ou inviabiliza o 
exercício da atividade lícita.
Princípio da Liberdade de Tráfego de Pessoas e 
bens: o princípio da liberdade de tráfego de pessoas e de bens 
encontra fundamentação legal no artigo 150, V, da Constituição 
da República Federativa do Brasil. Esse princípio não impede 
a cobrança de impostos sobre a circulação de “mercadorias” 
em operações interestaduais ou intermunicipais, nem afasta 
a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo 
Poder Público ou seus concessionários. O que se quer vedar 
é o tributo que tenha como hipótese de incidência o tráfego 
interestadual ou intermunicipal de “pessoas e bens”, o ir e vir 
dentro do território nacional.
3ULQFtSLR�GD�XQLIRUPLGDGH�*HRJUiÀ�FD�� a base legal 
para este princípio é encontrada no artigo 19 e 151, I, ambos 
da Constituição da República Federativa do Brasil. O princípio 
GD�XQLIRUPLGDGH�JHRJUiÀ�FD�SURtEH�D�FULDomR�GH� WULEXWR�TXH�
não seja uniforme em todo o território nacional, ou seja, a 
União deve criar tributos federais de modo uniforme em todo 
o Brasil.
Princípio da não discriminação em razão da 
procedência ou destino: fundamenta-se esse princípio 
no artigo 152, da Constituição da República Federativa do 
Brasil. De acordo com a regra estampada por este princípio, 
não poderá existir diferenciação na cobrança de tributo em 
razão da procedência, origem ou destino do bem. Apenas 
SDUD� H[HPSOLÀ�FDU�� QmR� SRGH� RFRUUHU� D� FREUDQoD� GH� ,39$�
em alíquota diferente, dentro do mesmo Estado, para carros 
nacionais e carros importados. A alíquota é uma só, para 
ambos.
Princípio da Capacidade Contributiva: a base legal 
para este último princípio é encontrada no artigo 145, § 1º, 
da Constituição da República Federativa do Brasil. O nome 
desse princípio é muito intuitivo e nos leva logo a concluir que 
quem tem mais paga mais e quem tem menos paga menos. 
$SHQDV�SDUD�H[HPSOLÀ�FDU��SRGH�VH�FLWDU�R�,5�²�,PSRVWR�GH�
Renda, que pode variar desde isento até a alíquota de 27,5%.
Retomando a aula
Para encerrar esta aula vamos recordar:
����3ULQFtSLRV��GHÀ�QLomR�H�À�QDOLGDGH
Os princípios, de modo geral, devem ser considerados 
ideias centrais de um sistema, que dão sentido lógico e racional 
à compreensão do modo de organizar-se. Atualmente, os 
princípios também são considerados normas, embora sejam 
mais abstratos que as normas escritas, devem ser obedecidos 
como tais. A Constituição Federal impõe limites ao poder de 
tributar, ou seja, limites ao poder de invadir o patrimônio do 
contribuinte e essas limitações advêm dos princípios e das 
imunidades constitucionais tributárias e estão inseridas nos 
artigos 150, 151 e 152 da Carta Magna.
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Finalidade dos princípios no direito tributário: os 
princípios do direito tributário servem como limitadores 
do poder de tributar, funcionando verdadeiramente como 
mecanismos de defesa do contribuinte face aos possíveis 
abusos do poder de tributar do Estado.
2 - Princípios constitucionais tributários
Na seção 2, foram destacados os principais princípios 
GR�'LUHLWR�7ULEXWiULR��FRP�DV�UHVSHFWLYDV�GHÀ�QLo}HV�GH�FDGD�
um deles, de acordo com a atual Constituição da República 
Federativa do Brasil. Dentre eles, o princípio da legalidade, o 
princípio da anterioridade, o princípio da irretroatividade, o 
SULQFtSLR�GD�YHGDomR�DR�FRQÀ�VFR�H�R�SULQFtSLR�GD�LPXQLGDGH�
recíproca, dentre outros não menos importante, que, no 
decorrer de nossa terceira aula, conhecemos e estudamos cada 
XPD�GDV�VXDV�FDUDFWHUtVWLFDV�H�DV�À�QDOLGDGHV�
Minhas anotações
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