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APOSTILA DE NOÇÕES DE ECONOMIA
PARA
AGENTE e ESCRIVÃO
DA POLÍCIA FEDERAL
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www.acheiconcursos.com.br
Conteúdo:
01 - Introdução à Economia
02 - Microeconomia
03 - Elasticidades
04 - Aplicações Incidência de Imposto sobre Vendas e Fixação de Preços
05 - Produção
06 - Custos de Produção
07 - Estruturas de Mercado
08 - Macroeconomia Fundamentos de Teoria e Política Macroeconômica
09 - Contabilidade Social
10 - Determinação do Nível de Renda e Produto Nacionais
11 - O Lado Monetário da Economia
12 - Interligação entre o Lado Real e o Lado Monetário
13 - Inflação
14 - O Setor Externo
15 - Política Fiscal e Setor Público
16 - Noções de Crescimento e Desenvolvimento Econômico
17 - Noções sobre Números-Índices
18 - Pesquisa Operacional
19 - Testes
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
CONCEITO DE ECONOMIA
O conceito de Economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria, então, a
"administração da casa" que, de maneira mais abrangente, pode ser interpretada como sendo a
"administração da coisa pública".
Economia é definida como sendo a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade
decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribui-los
entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas.
Esse conceito, para poder ser aplicado em toda a sua intensidade e profundidade, depende de
restrições físicas, provocadas pela escassez de recursos produtivos.
Os recursos produtivos também são chamados de fatores de produção (mão de obra, capital, terra,
matérias primas).
Portanto, o objeto de estudo da ciência econômica é o enfrentamento da questão da escassez,
ou seja, como "economizar” recursos.
A escassez é o resultado das necessidades humanas ilimitadas e da baixa disponibilidade física de
recursos. Se considerarmos que o crescimento populacional adiciona novas pessoas ao contingente
conhecido, é evidente que também crescem as necessidades humanas. O homem está constantemente
em busca de melhorar seu padrão de vida (o que seria uma necessidade "social" de melhorar seu status)
e, conjuntamente com a evolução tecnológica, criam-se novas necessidades (computador, freezer, vídeo,
DVD etc.).
Decorre que, se não houvesse escassez de recursos, isto é, se todos os bens fossem abundantes
(bens livres), não haveria razão de estudarmos questões como inflação, crescimento econômico, déficit no
balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda etc. Não existindo esses problemas, não
existiria a necessidade de se estudar Economia.
A Questão da Escassez e os Problemas Econômicos Fundamentais
Em qualquer sociedade, independente de sua organização econômica ou regime político, há a
necessidade de se fazer opções, escolhas que devem ser feitas diante de várias alternativas de utilização
de seus recursos, visto que os mesmos não são abundantes. Portanto, as escolhas são:
O QUE E QUANTO produzir: a sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo ou bens de
capital, ou, como no exemplo clássico: quer produzir mais canhões ou mais manteiga? Em que
quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo, ou bens
de capital?
COMO produzir: é uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados métodos de produção com
capitais intensivos? ou mão-de-obra intensiva? ou terra intensiva? Isso depende da disponibilidade
de recursos em cada sociedade.
PARA QUEM produzir: a sociedade deve decidir quais os setores que serão beneficiados na
distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários da terra? agricultura ou indústria?
mercado interno ou mercado externo? Região Sul ou Região Norte? Em resumo, trata-se de decidir
como será distribuída a renda gerada pela atividade econômica.
A Questão da Organização Econômica - Sistemas Econômicos
As sociedades decidem seus problemas econômicos fundamentais através da sua organização eco-
nômica, que pode ser de duas formas principais:
- economia de mercado (ou descentralizada, tipo capitalista)
- economia planificada (ou centralizada, tipo socialista)
Normalmente, os países organizam-se de uma dessas formas, ou adotam algum sistema
intermediário entre elas.
Devemos lembrar que o escopo desta apostila é apresentar as características de sistemas
econômicos, ou seja, como as sociedades se organizam no ponto de vista econômico. As características
e as diferenças entre os regimes políticos (democracia, socialismo, comunismo) que, de certa maneira,
afetam e são afetados pelas questões econômicas, fazem parte de um campo de discussão mais amplo,
dentro do campo das Ciências Políticas.
Funcionamento de uma Economia de Mercado
As economias de mercado podem ser analisadas por dois sistemas:
- sistema de concorrência pura (sem interferência do governo);
- sistema de economia mista (com interferência do governo).
Sistema de Concorrência Pura
No sistema de concorrência pura ou perfeitamente competitivo, predomina o laissez-faire: milhares
de produtores e milhões de consumidores tem condições de resolver os problemas econômicos
fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir), como que guiados por uma "mão invisível" -
isso sem a necessidade de intervenção do Estado na atividade econômica.
Isso é possível através do chamado mecanismo de preços, que resolve os problemas econômicos
fundamentais e promove o equilíbrio nos vários mercados da seguinte forma:
- se houver excesso de oferta (ou escassez de demanda), formar-se-ão estoques nas empresas,
que serão obrigadas a diminuir seus preços para escoar sua produção, até que se atinja um preço
no qual os estoques estejam satisfatórios. Existirá concorrência entre empresas para vender os
bens aos escassos consumidores;
- se houver excesso de demanda (ou escassez de oferta), formar-se-ão filas, com concorrência
entre os consumidores pelos escassos bens disponíveis.
O preço tende a aumentar, até que se atinja um nível de equilíbrio em que as filas não mais
existirão.
No sistema de concorrência pura os problemas econômicos fundamentais são resolvidos da
seguinte forma:
o que e quanto produzir:
o que produzir é decidido pelos votos, desejos dos consumidores (o que é chamado de "soberania
do consumidor”); quanto produzir é determinado pelo encontro da oferta e demanda de mercado;
como produzir:
é resolvido no âmbito das empresas (trata-se de uma questão de eficiência produtiva);
para quem produzir:
é decidido no mercado de fatores de produção (pelo encontro da demanda e oferta dos serviços dos
fatores de produção). Para quem produzir é uma questão distributiva, ou seja, quem ou quais
setores serão beneficiados pelos resultados da atividade produtiva.
É a base da filosofia do liberalismo econômico, que advoga a soberania do mercado, sem
intervencionismo do Estado.
Neste modelo, o Estado deve responsabilizar-se mais com questões como justiça, paz, segurança,
relações diplomáticas e deixar ao mercado (leia-se: setor privado) as decisões de como resolver as
questões econômicas fundamentais.
O diagrama da figura 1.1 ilustra o que ocorre num sistema de concorrência pura:
As Imperfeições do Sistema de Concorrência Pura
As críticas mais freqüentes a esse tipo de sistema econômico são as seguintes:
a) trata-se de uma grande simplificação da realidade;
b) os preços nem sempre flutuam livremente, ao sabor do mercado, em virtude de influências como:
• força dos sindicatos sobre a formação dos salários (os salários também são preços, que
remuneram os serviços da mão-de-obra);
• poder dos monopólios e oligopólios sobre a formação de preços no mercado, não permitindo
queda dos preços de seus produtos;
• intervenções do governo, via:
- impostos, subsídios, tarifas e preços públicos (água, energia etc.);
- política salarial (fixaçãode salário mínimo, reajustes, prazos de dissídios etc.);
- fixação de preços mínimos;
- congelamento e tabelamento de preços;
- impostos e subsídios;
- política cambial;
c) o mercado sozinho não promove perfeita alocação de recursos. Em países mais pobres, que que-
rem desenvolver-se, o Estado precisa prover a infra-estrutura básica, como estradas, telefonia,
siderurgia, portos, usinas hidrelétricas, que exigem altos investimentos, com retornos apenas a longo
prazo, afastando o setor privado;
d) o mercado sozinho não promove perfeita distribuição de renda, pois as empresas estão preocupa-
das em maximizar seu lucro, e não com questões distributivas.
Entretanto, muitos mercados comportam-se mais ou menos num sistema de concorrência pura. O
mercado hortifrutigranjeiro, por exemplo, aproxima-se bastante desse modelo.
Sistema de Mercado Misto: o Papel Econômico do Governo
Durante muitos anos, desde o final do século XVIII, com a Revolução Industrial, até fins do século
XX, havia um sistema de mercado muito próximo ao de concorrência pura. Nos fins do século XX assistiu-
se à presença mais forte dos sindicatos e dos monopólios e oligopólios que, associada a outros fatores,
como o aumento da especulação financeira e o desenvolvimento do comércio internacional, tornou a
economia mais complexa.
No final da década de 20, ocorreu séria e grave crise econômica que se estendeu pelos anos 30,
causando forte depressão econômica, e que mostrou que o mercado sozinho não garante que a economia
opere sempre com pleno emprego de seus recursos, evidenciando a necessidade de uma atuação mais
ativa do setor público nos rumos da atividade econômica.
Basicamente, a atuação do governo justifica-se com o objetivo de eliminar as chamadas distorções
alocativas (isto é, na alocação de recursos) e distributivas, e promover a melhoria do padrão de vida da
coletividade. Isso pode dar-se das seguintes formas:
a) atuação sobre a formação de preços, via impostos, subsídios, tabelamentos, fixação de salário
mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio;
b) complemento da iniciativa privada, principalmente de investimentos em infra-estrutura básica
(energia, estradas etc.), os quais, eventualmente, o setor privado não tem condições financeiras de
assumir, seja pelo elevado montante de recursos necessários, seja em virtude do longo tempo de
maturação do investimento, até que venha a propiciar retorno;
c) fornecimento de serviços públicos: bens públicos são bens gerais fornecidos pelo Estado, que
não são vendidos no mercado; fundamentalmente, educação, justiça e segurança.
De maneira rigorosa, bem público é aquele que não apresenta rivalidade em seu consumo. O fato
de um indivíduo estar sendo beneficiado não reduz o benefício dos demais indivíduos.
d) compra de bens e serviços do setor privado. O governo é, isoladamente, o maior agente do
sistema e, portanto, o maior comprador de bens e serviços.
Funcionamento de uma Economia Centralizada
No sistema de economia centralizada ou planificada, a forma de resolver os problemas econômicos
fundamentais (ou seja, a escolha da melhor alternativa) é decidida por uma Agência ou órgão Central de
Planejamento, e não pelo mercado.
A propriedade dos recursos (chamados de meios de produção, nesses sistemas) é do Estado (ou
seja, os recursos são de propriedade pública). Os meios de produção incluem máquinas, edifícios,
residências, terra, entidades financeiras, matérias primas. Os meios de sobrevivência pertencem aos
indivíduos (roupas, carros, televisores, rádios etc.).
Na economia de mercado, como vimos, prevalece a propriedade privada dos fatores de produção.
A Agência ou Bureau Central (na antiga URSS, a Gosplan) realiza um inventário dos recursos
disponíveis e das necessidades da sociedade, e faz uma seleção das prioridades de produção, isto é,
estabelece metas de planejamento (na URSS, os chamados Planos Qüinqüenais). Esse órgão respeita,
em parte, as necessidades de mercado, mas está sujeito às prioridades políticas dos governantes.
Uma economia centralizada apresenta ainda as seguintes características:
- papel dos preços no processo produtivo: os preços representam apenas recursos contábeis que
permitem o controle da eficiência das empresas. Ou seja, os preços são apenas escriturados
contabilmente: as empresas têm quotas físicas de matérias primas, por exemplo, mas não fazem
nenhum desembolso monetário, apenas registram o valor da aquisição como custos de produção;
- papel dos preços na distribuição do produto: os preços dos bens de consumo são determinados
pelo governo. Normalmente, o governo subsidia fortemente os bens essenciais e taxa os bens
considerados supérfluos;
- repartição do lucro: uma parte do lucro vai para o governo. Outra parte é usada para investimentos
na empresa, dentro das metas estabelecidas pelo governo. A terceira parte é dividida entre os
administradores (os burocratas) e os trabalhadores, como prêmio pela eficiência. Se o governo
considera que determinada indústria é vital para o país, esse setor será subsidiado, mesmo que
apresente ineficiência na produção ou prejuízos.
Economia Positiva e Economia Normativa
Pretende-se que toda teoria deve respeitar alguns critérios que a tornem aceitável pela comunidade
científica. Assim, não é diferente com a teoria econômica, composta de variáveis e hipóteses que ajudam a
explicar e a prever alguns fenômenos.
A teoria econômica vem apresentando um notável desenvolvimento nos últimos dois séculos.
Porém, alguns autores argumentam que a análise econômica está permeada de questões subjetivas, pois
seu objeto de estudo é a própria pessoa que a estuda, ou seja, o homem. Apesar disso, a teoria
econômica apresenta elevado grau de cientificidade.
A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos (economia positiva) e argumentos
normativos (economia normativa). Enquanto a economia positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos
que respeitam todos os cânones científicos, a economia normativa contém juízos de valor, subjetivos.
Portanto, os argumentos normativos referem-se ao que deveria ser, enquanto os argumentos positivos, ao
que é.
Por exemplo, quando nos referimos à melhoria da distribuição de renda, estamos expressando um
juízo de valor em que acreditamos, isto é, se é uma coisa boa ou má. Trata-se de um argumento da
economia normativa. Por outro lado, a economia positiva ajudará a escolher o instrumento de política
econômica mais adequado para diminuir a concentração de renda (política salarial, política tributária etc.)
buscando avaliar os aspectos positivos e negativos dessa política (impacto sobre os gastos públicos).
Um dos principais instrumentos que a economia usa para analisar a realidade são os modelos. Os
modelos são simplificações da realidade, que buscam captar sua essência. Os modelos têm que ser
logicamente consistentes e podem ser apresentados de várias formas: verbais, algébricos, por
representação gráfica etc.
Os modelos, como em qualquer ciência, podem ser testados. O ramo da economia que está voltado
para quantificar os modelos é chamado de Econometria, que combina teoria econômica, matemática e
estatística.
A Relação da Economia com as demais Ciências
Antes da Revolução Industrial do século XVIII, a atividade econômica era vista como parte integrante
da Filosofia, Moral e Ética. O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes
avanços na área da Física e Biologia.
A construção do núcleo científico inicial da Economia foi desenvolvida com base nas chamadas con-
cepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas).
Segundo o Grupo Organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo, daí se utilizarem
termos como funções, circulação, fluxos, na Teoria Econômica.
Segundo o Grupo Mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da
Física. Daí advêm os termos: estática, dinâmica, aceleração,velocidade, forças etc.
Com o passar do tempo predominou uma concepção humanística, que coloca em plano superior
os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a economia repousa sobre os atos humanos, e é por
excelência uma ciência social, pois objetiva a satisfação das necessidades humanas.
A História também deu significativa colaboração aos avanços obtidos pela Teoria Econômica, pois
ajuda na compreensão dos fatos presentes, permitindo a formulação de previsões para o futuro, baseando-
se nos fatos do passado.
A Geografia não se restringe exclusivamente ao simples registro de acidentes geográficos e climáti-
cos. Permite avaliar também questões como as condições geoeconômicas dos mercados regionais, a
concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas, a composição setorial da
atividade econômica, muito úteis à análise econômica. Algumas áreas de estudo econômico são
diretamente relacionadas com a Geografia, como a Economia Regional, a Economia Urbana e a Teoria da
Localização Industrial.
A relação entre a Economia e a Política dificulta o estabelecimento de um nexo de casualidade
(causa e efeito) entre essas duas áreas de conhecimento. A Política fixa as instituições sobre as quais se
desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica subordina-se à estrutura e
ao regime político do país. Entretanto, muitas vezes, a estrutura política encontra-se subordinada ao poder
econômico.
O Direito é intercorrente com a Economia, pois as normas jurídicas estão subjacentes à teoria
econômica, assim como os problemas econômicos podem influenciar e modificar o quadro existente de
normas jurídicas.
A Matemática e a Estatística estão intimamente correlacionadas com a Economia. Apesar de ser
uma ciência social, a Economia depende de limitações do meio físico, dado que os recursos são escassos,
e ocupa-se de quantidades físicas e de relações entre quantidades físicas, como a que se estabelece entre
a produção de bens e serviços e os fatores de produção utilizados no processo produtivo. Daí surge a
necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas úteis para estabelecer
relações entre as variáveis econômicas. Deve-se ressaltar que, em Economia, tratamos com leis
probabilisticas, e não com leis exatas.
Divisão do Estudo Econômico
A teoria econômica é um só corpo de conhecimento, mas, como os objetivos e métodos de
abordagem podem diferir, de acordo com a área de interesse do estudo, costuma-se dividi-la da seguinte
forma:
MICROECONOMIA: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual
interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos.
MACROECONOMIA: estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados, como o
PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportação, importação, nível geral de preços, com
o objetivo de delinear uma política econômica. Tem um enfoque conjuntural, isto é, preocupa-se com
a resolução de questões como inflação e desemprego, a curto prazo.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: estuda modelos de desenvolvimento que levem à elevação do
padrão de vida (bem-estar) da coletividade. Trata de questões estruturais, de longo prazo
(crescimento da renda per capita, distribuição de renda, evolução tecnológica).
ECONOMIA INTERNACIONAL: estuda as relações de troca entre países (transações de bens e
serviços e transações monetárias). Trata da determinação da taxa de câmbio, do comércio exterior e
das relações financeiras internacionais.
Curva (ou Fronteira) de Possibilidades de Produção –
O Conceito de Custos de Oportunidade
A teoria econômica apresenta dois importantes conceitos: a curva de possibilidades de produção e
custos de oportunidade, objetivando ilustrar a escassez de recursos, e as alternativas de que as
sociedades dispõem para resolver seus problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para
quem produzir).
A Fronteira ou Curva de Possibilidades de Produção (CPP), também chamada de Curva de
Transformação, é a fronteira máxima que a economia pode produzir, dados os recursos produtivos
limitados. Mostra as alternativas de produção da sociedade, supondo os recursos plenamente
empregados.
É um conceito eminentemente teórico, que permite ilustrar como a limitação de recursos leva à
necessidade de a sociedade fazer opções ou escolhas entre alternativas de produção.
Suponhamos que a Economia produza apenas dois bens: canhões e manteiga, nos quais são
empregados todos os recursos produtivos (mão-de-obra, capital, terra, matérias primas, recursos naturais).
As alternativas de produção são as seguintes:
Alternativas de Produção
A B C D E F
Manteiga (em mil ton) 0 3 6 8 9 10
Canhões (em mil unid) 15 14 12 10 7 0
Colocando as informações em um diagrama, e unindo os pontos, temos a Figura 1.2.
Ou seja, a CPP é o limite máximo de produção, com os recursos de que a sociedade dispõe, num
dado momento. Dada a escassez de recursos, a sociedade deve decidir qual ponto da curva escolherá: A,
B, C, D, E ou F. No ponto A, decidiu-se alocar todos os recursos na produção de canhões; no ponto F,
aloca-se tudo para produzir manteiga.
Evidentemente, pontos além da fronteira não poderão ser atingidos com os recursos disponíveis.
Pontos internos à curva representam situações nas quais a economia não está empregando todos os
recursos de que dispõe (ou seja, há desemprego de recursos).
Conceito de Custo de Oportunidade
Custo de oportunidade é o grau de sacrifício que se faz ao optar pela produção de um bem, em
termos da produção alternativa sacrificada.
Assim, no exemplo anterior:
Custo de oportunidade de passar da
alternativa B para a C, para produzir-se
mais 3.000 toneladas de manteiga = 2.000 canhões
ou então,
Custo de oportunidade de passar da
alternativa C para B, para produzir-se
mais 2000 canhões = 3.000 ton. de manteiga
O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo ou, ainda, custo implícito (pois
não implica em dispêndio monetário).
Mediante esse conceito, com ampla aplicação na teoria econômica, procura-se mostrar que, dada a
escassez de recursos, tudo tem um curso em economia, mesmo não envolvendo dispêndio monetário.
Essa afirmação é aplicada ao nível de pleno emprego, em cima da curva de possibilidades de produ-
ção. Para pontos internos à CPP os recursos não estão em pleno emprego e, nesse caso, o custo de
oportunidade é zero, pois não é necessário o sacrifício de recursos produtivos para aumentar a produção
de bem, ou mesmo dos dois bens.
Assim, no gráfico da Figura 1.3, a sociedade pode passar do ponto X para o ponto Y, aumentando a
produção de ambos, já que há recursos ociosos:
Aqui estamos discutindo o chamado custo de oportunidade por uma ótica social, ou seja, para a
sociedade como um todo, de um ponto de vista mais teórico.
Mais adiante veremos, na parte da Microeconomia, como esse conceito pode ter aplicação prática
na avaliação de projetos públicos e privados.
Formato da Curva CPP
Porque o formato da curva CPP é decrescente e ela é côncava em relação à origem?
Ela é decrescente em virtude do sacrifício que tem de ser feito ao optar-se pela produção de um
bem, quando os recursos estão plenamente empregados (o aumento da produção de um bem implica a
queda da produção do outro, em cima da CPP); e a CPP é côncava em relação à origem em virtude da Lei
dos Custos Crescentes: para atrair trabalhadores que estão empregados no setor de manteiga e deslocá-
los para o setor de canhões, deverão ser oferecidos salários maiores, e vice-versa.
Portanto, os custos serão gradativamente crescentes. Os primeiros trabalhadores transferidos,
menos especializados e qualificados, não terão grandes acréscimos nos custos, mas, à medida que forem
se transferindo mais trabalhadores, estes terão que ser cada vez mais qualificados, e evidentemente
exigirão saláriosmaiores.
No gráfico da figura 1.4, supondo acréscimos iguais na produção de manteiga (2.000 toneladas de
cada vez), observa-se que o sacrifício da produção de canhões é cada vez maior, o que torna a CPP
côncava.
Evidentemente, se os custos de oportunidade fossem constantes, a CPP seria uma reta
decrescente; se os custos fossem decrescentes (o que é apenas uma possibilidade teórica), a CPP seria
convexa em relação à origem!
Mudanças na CPP
A CPP é um conceito estático (refere-se aos recursos disponíveis em dado momento do tempo).
Evidentemente, se houver aumento na disponibilidade de recursos produtivos, ou desenvolvimento
tecnológico (métodos que levem à melhoria na eficiência da utilização dos recursos já existentes), a curva
desloca-se para a direita, como na Figura 1.5.
Se, por exemplo, ocorrer uma melhoria tecnológica apenas na produção de manteiga, teremos um
deslocamento da curva, visto que se irá produzir cada vez mais manteiga, em comparação com canhões,
em cada ponto da curva, como na Figura 1.6.
MICROECONOMIA
Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado
Fundamentos de Microeconomia
A Microeconomia, ou Teoria de Preços, é a parte da Teoria Econômica que estuda o comportamento
das famílias e das empresas e os mercados nos quais operam.
A Microeconomia analisa a formação de preços no mercado. Como vimos, os preços formam-se
com base em dois mercados:
- mercado de bens e serviços (preços de bens de serviços);
- mercado dos serviços dos fatores de produção (salários, juros, alugueres e lucros).
A Microeconomia não tem seu foco específico na empresa (não deve ser confundida com a Adminis-
tração de Empresas), mas no mercado no qual as empresas e consumidores interagem. Ou seja, enquanto
o administrador e o contador olham mais os custos de produção da firma, o economista enfoca mais o
mercado global onde a empresa opera.
A Condição Coeteris Paribus
Coeteris Paribus é uma expressão latina que significa tudo o mais constante.
Isto significa que, sendo a Microeconomia parcial, quando da análise de um mercado, supõe todos
os mercados constantes. Ou seja, supõe que o mercado em estudo não afeta e nem é afetado pelos
demais. Extensivamente, esse princípio serve também para quando estamos verificando o efeito de
variáveis isoladas, que são independentes dos efeitos de outras variáveis.
Divisão dos Tópicos de Microeconomia
IV - Teoria do equilíbrio geral e do bem-estar
V - Imperfeição de mercado. Externalidades
Análise da Demanda de Mercado
Definição de Demanda
Demanda (ou procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores
desejam adquirir, num dado período.
Assim, a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo a que o consumidor pode aspirar,
dada sua renda e os preços no mercado.
A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir, dadas várias alternativas de preços
de um bem ou serviço. Indica que, se o preço for de $ 2,00, ele pode consumir, dada sua renda, 10
unidades; se o preço for $ 3,00, ele pode consumir 8 unidades, e assim por diante. Nesse sentido, a
demanda não representa a compra efetiva, mas a intenção de comprar, a dados preços.
A demanda é um fluxo, porque deve ser definida em determinado período de tempo (semana, mês,
ano).
Fundamentos da Teoria da Demanda
Valor Utilidade e Valor Trabalho
Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no conceito subjetivo de
utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços
que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de
satisfazer às necessidades humanas.
A Teoria do Valor Utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma por sua demanda, isto é,
pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é, portanto, subjetiva, e representa a
chamada visão utilitarista, em que prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo.
A Teoria do Valor Utilidade contrapõe-se à chamada Teoria do Valor Trabalho, desenvolvida pelos
economistas clássicos (Malthus, Smith, Ricardo, Marx).
A Teoria do Valor Trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta, mediante
os custos do trabalho incorporado ao bem. Este conceito baseia-se no fato de que, quando foi proposto, os
custos de produção eram representados principalmente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era
praticamente gratuita (abundante) e o capital, pouco significativo. Pela Teoria do Valor Trabalho, o valor do
bem depende do tempo produtivo que é incorporado ao bem. Nesse sentido, a Teoria do Valor Trabalho é
objetiva (depende de custos).
Pode-se dizer que a Teoria do Valor Utilidade veio complementar a Teoria do Valor Trabalho, pois já
não era possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos, sem
considerar o lado da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda etc.).
Adernais, a Teoria do Valor Utilidade permitiu distinguir claramente o que vem a ser o valor de uso e
o valor de troca de um bem. O valor de uso é a unidade ou satisfação que o bem representa para o
consumidor. O valor de troca forma-se pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do
bem ou serviço. Se o bem A vale $10 e o bem B $ 5, isto significa que o bem A pode ser trocado por duas
unidades de B, ou que B pode ser trocado por meia unidade de A.
A Teoria da Demanda, objeto deste capítulo, baseia-se na Teoria do Valor Utilidade. Supõe-se que,
dada a renda e dados os preços de mercado, o consumidor, ao demandar um bem ou serviço, está
maximizando a utilidade ou satisfação que ele atribui ao bem ou serviço. É também chamada de Teoria do
Consumidor.
Conceitos de utilidade total e utilidade marginal
A utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida de um bem ou de um
serviço. Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo
de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai se saturando desse bem quanto
mais o consome.
Matematicamente:
' q
Ut Umg
∆
∆
=
sendo q a quantidade que o consumidor deseja consumir.
Graficamente
Podemos ilustrar a importância do conceito de Utilidade Marginal pelo paradoxo da água e do dia-
mante. A água é um bem essencial, existe em abundância e é barata, comparada com o diamante, que é
um bem supérfluo, escasso e caro.
Conclui-se que a água tem grande utilidade total, enquanto o diamante tem grande utilidade
marginal.
Noções sobre equilíbrio do consumidor: os conceitos de curva de indiferença e reta orçamentária
A teoria da demanda que está sendo desenvolvida tem como hipótese básica que o consumidor está
maximizando sua utilidade ou satisfação, limitado por seu nível de renda e pelos preços de bens e serviços
que pretende adquirir no mercado.
Para tanto, utilizamos os conceitos de curva de indiferença e restrição orçamentária.
Curva de Indiferença
A curva de indiferença (CI) é um gráfico que serve para ilustrar as preferências do consumidor. É o
lugar geométrico de pontos que representam diferentes combinações de bens que dão ao consumidor o
mesmo nível de utilidade.
Supondo apenas dois bens, carne e batatas, temos então:
Todos os pontos da curva representam situações que proporcionam idêntica satisfação (U0): ou seja,
é "indiferente" para o consumidor consumir 2 kg de carne e 8 kg de batatas (A), ou então, consumir 3 kg de
carne e 5 kg de batatas (B), e assim por diante.
Cada curva representa determinado nível de utilidade. Quanto mais alta a curva de indiferença,
maior a satisfação que o consumidor pode obter no consumo dos dois bens.
Tem-se, então, um mapa de indiferença:
Restrição Orçamentária
A restrição orçamentária é o montante de renda disponível do consumidor em dado período de
tempo. Ela limita as possibilidades de consumo, condicionando quanto ele pode gastar. Define-se,ainda,
linha de preços ou reta orçamentária como as combinações máximas possíveis de bens, dados a renda
do consumidor e os preços dos bens. Supondo dois bens:
Portanto, a restrição orçamentária representa pontos em que o consumidor gasta toda sua renda.
Abaixo da reta, ele está gastando abaixo do que poderia: acima de RO, o consumidor não tem condições
de adquirir os bens, com a renda de que dispõe e dados os preços de mercado.
Assim, o consumidor estará maximizando sua utilidade quando sua reta orçamentária tangenciar
uma dada curva de indiferença, como se segue:
Ou seja, o ponto (5,3) representa o equilíbrio do consumidor.
À medida que a renda do consumidor aumenta, ou os preços dos bens e serviços que ele pretende
adquirir se reduzem, a reta orçamentária eleva-se, permitindo que ele atinja níveis maiores de satisfação
(isto é, uma CI mais elevada), podendo adquirir mais produtos:
Variáveis que afetam a Demanda
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como:
- riqueza (e sua distribuição);
- renda (e sua distribuição);
- preço dos outros bens;
- fatores climáticos e sazonais;
- propaganda;
- hábitos, gostos, preferências dos consumidores;
- expectativas sobre o futuro;
- facilidades de crédito (disponibilidade, taxas de juros, prazos).
Tradicionalmente, a função demanda é ilustrada como dependente das seguintes variáveis, consi-
deradas as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas nas maioria dos mercados de bens e
serviços;
qid = f(pi, ps, pc, R, G) Função Geral da Demanda,
onde,
qid = quantidade demandada (procurada) do bem i/t (t significa num dado período);
pi = preço do bem i/t;
ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes i/t;
pc = preço dos bens complementares/t;
R = renda do consumidor/t;
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor/t.
Essa função apresenta as variáveis mais freqüentes para explicar a demanda de um bem ou serviço.
O mercado de cada bem tem suas particularidades, e algumas dessas variáveis podem não afetar a
demanda; ou, ainda, a demanda pode ser afetada por outras variáveis não incluídas nessa função.
Para estudar o efeito de cada uma dessas variáveis sobre a demanda de um bem ou serviço,
recorremos à hipótese coeteris paribus (todas as demais variáveis permanecem constantes).
Relação entre a quantidade demandada e o preço do próprio bem
A função convencional da demanda:
qid = f(pi), supondo ps, pc, R e G constantes,
sendo 
ip
qdi
∆
∆
< 0, é a chamada Lei Geral da Demanda: a quantidade demandada de um bem ou
serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus.
Essa relação inversa entre o preço e quantidade demandada deve-se à ocorrência dos chamados
efeitos substituição e renda, que agem conjuntamente, assim:
- efeito substituição: quando o bem fica mais barato em relação aos concorrentes, fazendo com
que a quantidade demandada aumente;
- efeito renda: ficando o bem mais barato, o poder aquisitivo dos consumidores aumenta, e a
quantidade demandada do bem deve aumentar.
Desta maneira, ao cair o preço de um bem, mesmo com sua renda não variando, o consumidor pode
adquirir mais mercadorias.
A curva convencional da demanda é, portanto, negativamente inclinada. A exceção à Lei Geral da
Demanda é conhecida como Paradoxo de Giffen, em que a curva de demanda é positivamente inclinada.
Essa curva expressa qual a escala de procura para o consumidor, ou seja, dados os preços, qual a
quantidade que o consumidor está disposto a adquirir. Por exemplo:
Preço ($) Quantidade demandada (unidades)
1,00 50
2,00 45
3,00 40
4,00 35
5,00 30
Graficamente, teremos (Figura 2.7)
Essa curva revela o desejo, a intenção de compra do consumidor, mas não a compra efetiva. A
compra efetiva é um único ponto da escala apresentada.
Como vimos anteriormente, supõe-se que em cada ponto da curva de demanda os consumidores
individualmente estão maximizando sua utilidade ou satisfação, restringidos pelo nível de renda e pelos
preços dados de mercado. Ou seja, todos os pontos da curva representam pontos de tangência entre as
curvas de indiferença e linha de preços, para cada consumidor.
No gráfico anterior, supusemos, por simplificação, que a relação matemática entre quantidade
demandada e preço era uma função linear, do tipo qid = a - bpi (por exemplo, qid = 20 - 2p).
Entretanto, ela pode assumir outros formatos, como, por exemplo, uma função potência, do tipo qid =
api-b , como na Figura 2.8.
Relação entre quantidade demandada e preços de outros bens e serviços
A relação da quantidade demandada de um bem ou serviço com os preços de outros bens ou
serviços dá origem a dois importantes conceitos: bens substitutos e bens complementares.
a) Bens substitutos ou concorrentes: o consumo de um bem substitui o consumo de outro bem:
ou seja, há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no consumo de Coca-Cola e uma
variação no preço do guaraná, coeteris paribus.
A figura acima (2.9) ilustra como o aumento do preço do guaraná aumenta a demanda de Coca-
Cola. Isto é, aos mesmos preços de Coca-Cola ($1,00), serão consumidas mais Coca-Colas (2.000),
porque o guaraná ficou mais caro.
Outros exemplos de bens substitutos:
- carne de vaca, frango, peixe;
- viagem de ônibus ou de metrô;
- manteiga e margarina;
- roupa de algodão ou de fios sintéticos.
b) Bens complementares: são bens consumidos em conjunto.
qid = f(pc) com pi, ps, R e G constantes
0 
p
q
c
d
i <
∆
∆
Por exemplo, um aumento no preço dos automóveis deverá diminuir a procura de gasolina, coeteris
paribus. Graficamente, na Figura 2.10:
Outros exemplos de bens complementares:
- camisa social e gravata
- pneu e câmara
- pão e manteiga
- sapato e meia
Relação entre demanda de um bem e renda do consumidor
qid = f(R), com pi, ps, pc e G constantes
Em relação à renda dos consumidores, podemos ter três situações distintas:
a) bem normal: quando aumentos da renda levam ao aumento da demanda do bem: 0 
R
qdi >
∆
∆
b) bem inferior: aumentos da renda levam à queda da demanda do bem: carne de segunda, roupas
rústicas etc.: 0 
R
qdi <
∆
∆
c) bem de consumo saciado: se aumentar a renda do consumidor, não aumentará a demanda do
bem. Basicamente, é o caso da demanda de alimentos básicos como açúcar, sal, arroz: 0 
R
qdi
=
∆
∆
A terceira situação, em que a variável renda do consumidor não afeta a demanda, pode ocorrer não
só no caso de bens de consumo saciado, mas também em qualquer tipo de bem ou serviço no qual a
renda não tenha grande influência em seu consumo. Ou seja, a variável renda não é importante para
explicar o comportamento da demanda do bem nesse mercado. Por exemplo, o mercado de arroz, sal,
açúcar, batata etc. é muito pouco afetado por variações na renda dos consumidores.
Vale ressaltar que essa classificação depende da classe de renda à qual pertencem os
consumidores. Parece claro que, para os consumidores de baixa renda, praticamente não existem bens
inferiores. Quanto mais elevada a renda, maior o número de produtos que passam a ser classificados
como bens inferiores; passa-se a consumir produtos de melhor qualidade e abandona-se o consumo
daqueles de pior qualidade. Graficamente, na fig. 2.11, em que a hipótese é de aumento da renda dos
consumidores:
Relação entre demanda de um bem e hábitos dos consumidores (G)
Os hábitos, preferências ou gostos (G) podem ser alterados, "manipulados" por propaganda e
campanhas promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar o consumo ou para diminuir o consumo
de bens, como nos exemplos da Figura 2.12.
1. Campanha do tipo "beba mais leite". 2. Campanha do tipo "o fumo é prejudicial
à saúde"
Resumo
As principais variáveis determinantes da função demanda, bem como as relações entre essas
variáveis e a demanda do consumidor, podem ser assim resumidas: qid= f(pi, ps, pc, R, G)
 0 
G
q 0 
R
q 0 
p
q 0 
p
q 0 
p
q di
d
i
c
d
i
s
d
i
i
d
i ≥≤
∆
∆≥≤
∆
∆
<
∆
∆
>
∆
∆
<
∆
∆
Curva de Demanda de Mercado de um Bem ou Serviço
Até esta parte, não distinguimos a demanda do consumidor individual da demanda de mercado,
englobando todos os consumidores de determinado bem ou serviço.
A demanda de mercado é igual ao somatório das demandas individuais.
∑
=
=
n
1 i
 sindividuai esconsumidormercado
esconsumidor n , ... 3, 2, 1, :sendo ,d D
Assim, a cada preço, a demanda de mercado é a soma das demandas dos consumidores
individuais, conforme Quadro:
Preço
$
qdguaraná
(consumidor A)
qdguaraná
(consumidor B)
qdguaraná
(consumidor C)
Demanda de
Mercado de
guaraná
2,00 14 10 22 46
1,50 24 15 32 71
1,00 34 20 42 96
0,50 44 25 52 121
Graficamente, teremos que a curva de demanda de mercado é a soma das curvas dos
consumidores individuais, como na Figura 2.13.
Alterações nas condições coeteris paribus, como na renda ou na preferência dos consumidores, nos
preços de outros bens, concorrentes ou complementares, e nos hábitos dos consumidores provocam
deslocamentos das curvas de demanda individuais e na demanda de mercado.
Observações Adicionais sobre a Demanda
Variações da demanda e variações na quantidade demandada
As variações da demanda dizem respeito ao deslocamento da curva da demanda, em virtude de
alterações em ps, pc, R ou G (ou seja, mudanças na condição coeteris paribus). Por exemplo, supondo um
aumento da renda do consumidor, sendo um bem normal, ocorrerá um aumento da demanda (aos mesmos
preços anteriores, o consumidor poderá comprar mais do que comprava antes), como mostra a Figura
2.14.
Variação na quantidade demandada refere-se ao movimento ao longo da própria curva de deman-
da, em virtude da variação de preço do próprio bem p, mantendo as demais variáveis constantes (coeteris
paribus ), como mostra a Figura 2.15.
 
(movimento do ponto A para o ponto B, na
mesma curva de demanda oiD , em virtude
da queda de preço de P0 para P1)
Em resumo,
- variação da demanda: em virtude de alterações em R, ps, pc, G;
- variação da quantidade demandada: devido a alterações no preço do próprio bem pi
Portanto, a demanda refere-se à própria curva, enquanto a quantidade demandada refere-se a
pontos específicos da curva de demanda.
O Conceito de Excedente do Consumidor
O conceito de excedente do consumidor é o benefício que o consumidor ganha por ser capaz de
comprar um bem ou serviço. É a diferença entre quanto o consumidor estaria disposto a pagar e o que ele
efetivamente paga.
Na Figura 2.16, a seguir, dado um preço de mercado de $120, o consumidor estaria disposto a
pagar até $ 200 pela primeira unidade, até $180 pela segunda unidade, e assim por diante.
No entanto, ele tem que pagar apenas o preço fixado pelo mercado. Em outras palavras, está
auferindo um benefício (uma utilidade marginal ou adicional), acima do custo efetivo do produto, ganhando
um "excedente de utilidade", que pode ser medido pela área hachurada.
Trata-se de um conceito útil, particularmente na área de tributação, para avaliar a capacidade de
pagamento dos contribuintes, e na área de economia internacional, para avaliar os ganhos e perdas no
comércio, quando da imposição de tarifas alfandegárias.
Paradoxo de Giffen
O Paradoxo ou Bem de Giffen é uma exceção à Lei Geral da Demanda, em que a curva de
demanda é positivamente inclinada, ou seja, há uma relação direta, e não inversa, como usualmente, entre
a quantidade demandada e o preço do bem.
O bem de Giffen é um caso especial de bem inferior.
O exemplo mais freqüentemente utilizado é o de uma comunidade inglesa, no século XVIII, muito
pobre, e que consumia basicamente batatas. Ocorreu uma grande queda no preço do produto.
Como a população gastava a maior parte de sua renda no consumo de batatas, essa queda de
preço levou a um aumento do poder aquisitivo da população. Contudo, eles já estavam saturados de
batatas, e passaram a gastar com outros tipos de produtos, inclusive diminuindo o consumo de batatas.
Portanto, o peço da batata caiu, bem como a quantidade demandada; ou seja, neste caso, a curva de
demanda é positivamente inclinada.
A Figura 2.17 ilustra esse fato:
Dessa forma, o bem de Giffen (nome do economista que observou esse fenômeno) é um tipo de
bem inferior, embora nem todo bem inferior seja um bem de Giffen. Observa-se que se trata muito mais de
uma possibilidade teórica do que efetiva, não se conhecendo outros exemplos de ocorrência desse fato.
Formato da Curva de Demanda
A curva de demanda pode ser calculada estatisticamente, empiricamente, baseada em dados da
realidade. A metodologia para estimá-la é detalhada nos cursos de Estatística Econômica e Econometria.
A curva da demanda pode ser representada como uma função do tipo linear, exponencial, parabólica,
hiperbólica etc. dependendo dos números coletados.
Exemplo:
Função linear: qid = 3 - 0,5pi +0,2ps - 0,1pc + 0,9R
Função Exponencial (Potência): qid = 5pi-0,2 ⋅ ps0,3 ⋅ ps-0,1 ⋅ R1,2
Os sinais dos coeficientes indicam se a relação entre qid e a variável é direta ou inversamente
proporcional. Por essa razão, no cálculo estatístico da função demanda, o coeficiente do preço p1 deve ser
sempre negativo, o coeficiente de ps deve ser sempre positivo, o coeficiente de pc deve ser sempre
negativo e o da renda deve ser positivo (quando o bem é normal).
A variável G (gostos) não comparece nas estimativas estatísticas, por não ser observável
empiricamente. Pode-se colocar como variável, na função demanda, os gastos com publicidade e
propaganda para avaliar como esses gastos afetam a demanda.
Preços Relativos x Preços Absolutos
Na Microeconomia são relevantes os preços relativos, isto é, a relação entre os preços dos vários
bens, mais do que os preços absolutos (específicos) das mercadorias.
Por exemplo, se o preço da margarina cair 10%, mas o preço da manteiga cair 10%, nada deve
acontecer com a demanda dos dois bens (supondo também a queda da renda em 10%). Por outro lado, se
apenas cai o preço da margarina, e o preço da manteiga permanece constante, evidentemente aumenta a
quantidade demandada de margarina, e cai a demanda de manteiga, sem que o preço absoluto da
manteiga tenha se alterado.
Exercícios sobre Demanda de Mercado
1. Dados: qx = 30 - 1,5px + 0,8py + 10R, pede-se:
a) o bem y é complementar ou substituto de x? Por quê?
Trata-se de um bem substituto, isto é, indicado pelo sinal positivo do coeficiente de py (+0,8). Indica
que, se py aumentar, qX também aumentará, coeteris paribus.
b) o bem x é normal ou inferior? Porquê?
É um bem normal: o sinal do coeficiente da variável renda é positivo (+10).
c) Supondo
Px = 1
pY = 2
R = 100,
qual a quantidade procurada de x?
Basta substituir os valores de pX, py e R na equação dada:
qx = 30 - 1,5(1) + 0,8(2) + 10(100) ⇒ qX = 1.030,1
2. Dados
qx = 300 - 1,2pX - 0,9py - 0,1 R,
pede-se:
a) o bem x é normal ou inferior?
É um bem inferior: o sinal do coeficiente da variável renda é negativo (-0,1)
b) o bem y é complementar ou substituto a x? Por quê?
É um bem complementar: isso é indicado pelo sinal negativo do coeficiente de py (-0,9)
c) O bem x seria um bem de Giffen? Por quê?
Não é um bem de Giffen, pois o sinal do coeficiente da variável pX é negativo.
Para ser um bem de Giffen, é necessário que, simultaneamente, o sinal do coeficiente de pX seja
positivo (indicando curva de demanda positivamente inclinada) e o sinal do coeficiente R, negativo
(indicando bem inferior).
d) Supondo
px = 2
pY =1
R = 100,
qual a quantidade demandada de x?
qX = 300 - 1,2(2) - 0,9(1) - 0,1 (100) ⇒ qX = 286,7
e) Se a renda aumentar 50%, coeteris paribus, qual a quantidade demandada?
R = 150 (50 % sobre R = 100)qX = 300 - 1,2(2) - 0,9(1) - 0,1 (150) ⇒ qX = 281,7
Análise da Oferta de Mercado
Definição de Oferta
Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores e vendedores desejam
vender em determinado período.
Como na demanda, a oferta representa um plano ou intenção - neste caso dos produtores e vende-
dores - e não a venda efetiva.
Variáveis que afetam a Oferta de um Bem ou Serviço
As principais variáveis que afetam a oferta de um bem ou serviço são:
qi5 = f(pi, πm, Pn, O) Função Geral da Oferta. onde:
qi5 = quantidade ofertada do bem i/t;
pi = preço do bem i/t,
πm = preço dos fatores e insumos de produção m (mão-de-obra, matérias primas etc.);
pn = preços de outros n bens, substitutos na produção;
O = objetivos e metas do empresário.
Usamos o sobrescrito s derivado do inglês supply (oferta).
Quando
i
s
i
p
q
∆
∆
> 0 : o preço do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem mais, coeteris paribus.
Assim, da mesma maneira que definimos uma escala de demanda, tem-se também uma escala de
oferta, que mostra como empresários reagem, quando se altera o preço do bem ou serviço, coeteris
paribus. Por exemplo:
Preço ($) Quantidade ofertada (unidades)
1,00 30
2,00 35
3,00 40
4,00 45
5,00 50
Graficamente, na Figura 2.18:
m
s
iq
π∆
∆ < 0 : se o preço do fator terra aumenta, diminui a oferta de café, coeteris paribus (há um
deslocamento da curva em virtude do aumento de preços da terra), conforme mostra a Figura 2.19.
O mesmo vale para os demais fatores de produção, como mão-de-obra, matérias primas, energia
etc.
Conclui-se que, aos mesmos preços de mercado anteriores, aumentaram os custos de produção,
retraindo a produção.
n
s
i
p
q
∆
∆ < 0 : se o preço da cana de açúcar aumentar, e dado o preço do arroz, os produtores diminuirão
a produção de arroz para produzir mais cana de açúcar, coeteris paribus, como mostra a Figura 2.20.
≤≥
∆
∆
 
O
qsi 0 : a função oferta depende dos objetivos e metas dos empresários. Por exemplo, podem
ocorrer ocasiões em que a empresa prefira lucrar menos a curto prazo e ganhar participação no mercado
(o que pode redundar em lucros menores no curto prazo, se os custos aumentarem mais que as receitas,
com o aumento da produção).
Curva de Mercado de Oferta de um Bem ou Serviço
É a soma das curvas de oferta das firmas individuais, que produzem um dado bem ou serviço:
∑
=
=
m
1 j
jj q Q
sendo j = 1, 2, 3, ..., m firmas produzindo um bem i, e qj as ofertas das firmas individuais.
Observações Sobre a Oferta de um Bem ou Serviço
Variação da oferta x Variação da quantidade ofertada
Como já tínhamos assinalado na função demanda, também há uma diferença entre uma variação da
oferta e uma variação da quantidade ofertada:
- variação da oferta: deslocamento da curva (quando altera a condição coeteris paribus, ou seja,
quando se alteram pn, πm, O);
- variação da quantidade ofertada: movimento ao longo da curva (quando se altera o preço do
próprio bem pi, mantendo-se as demais variáveis constantes).
Formato da curva de oferta
Também como a demanda, a curva de oferta pode ter um formato linear ou exponencial,
dependendo de como os dados estatísticos se apresentarem.
Estatisticamente, as variáveis que comparecem com mais regularidade nas estimativas de funções
de oferta são o próprio bem (pi) e o custo dos fatores de produção (πm). A variável O, objetivos da
empresa, não é expressa numericamente, e a variável (pn) aparece apenas em algumas funções de oferta
de produtos agrícolas.
Observa-se que a oferta depende mais dos preços dos períodos anteriores, do que dos preços no
período. Isto porque as decisões para alterar a produção não são tomadas de imediato, demandando um
certo período de tempo para as empresas ajustarem suas plantas de produção aos novos preços.
O Equilíbrio de Mercado
O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela demanda. Colo-
cando em um único gráfico (Figura 2.21) as curvas de oferta e procura de um bem ou serviço qualquer, a
intersecção das curvas é o ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço po e a quantidade qo.
Este ponto é único: a quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual à
quantidade que os produtores desejam vender. Ou seja, não há excesso ou escassez de oferta ou
demanda. Existe coincidência de desejos.
Tendência ao nível de equilíbrio: lei da oferta e da procura
No gráfico da Figura 2.22, para qualquer preço superior a po (como p’), a quantidade que os
ofertantes desejam vender é muito maior do que a que os consumidores desejam comprar. Existe um
excesso de oferta (qs’ – qd’). De outra parte, com qualquer preço inferior a po, surgirá um excesso de
demanda (qd’’ – qs’’). Em qualquer dessas situações, não existe compatibilidade de desejos entre ofertantes
e consumidores.
Entretanto, supondo uma economia de mercado concorrencial, o mecanismo de preços leva
automaticamente ao equilíbrio. Quando ocorre excesso de oferta, os vendedores acumularão estoques não
planejados e terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores; no caso de
excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelos produtos escassos.
Assim, há uma tendência normal ao equilíbrio: no ponto E (po, qo), não existem pressões para alterar
preços: os planos dos compradores são consistentes com os planos dos vendedores, e não existem filas e
estoques não planejados pelas empresas.
Como se observa, os agentes do mercado, isto é, consumidores e empresas, sem qualquer
interferência do governo, tendem a encontrar sozinhos uma posição de equilíbrio, mediante o mecanismo
de preços, ou seja, da lei da oferta e da procura.
Mudanças no Ponto de Equilíbrio, em Virtude de Deslocamentos da Oferta e da Procura
Como vimos, existem vários fatores que podem provocar deslocamento das curvas de oferta e
demanda que, evidentemente, provocarão mudanças do ponto de equilíbrio. Suponhamos, por exemplo,
que o mercado do bem x esteja em equilíbrio, e o bem x seja um bem normal (não inferior). O preço de
equilíbrio inicial é po e a quantidade, qo (ponto A no próximo gráfico).
Suponhamos agora que os consumidores tenham um aumento de renda real (aumento do poder
aquisitivo). Consequentemente, coeteris paribus, a demanda do bem x, a um mesmo preço, será maior.
Isto significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D1, como mostra a Figura
2.23. Assim, ao preço po, teremos um excesso de demanda, que provocará gradativamente um aumento
de preços. Com os preços aumentando, o excesso de demanda vai diminuindo, até acabar, no novo
equilíbrio, ao preço p1 e à quantidade q1 (ponto B).
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afeta a quantidade e os preços de equilíbrio.
Suponhamos, para exemplificar, uma diminuição dos preços das matérias primas usadas na produção do
bem x. Consequentemente, a curva de oferta desse bem se desloca para a direita. Por um raciocínio
análogo ao anterior, podemos perceber que o preço de equilíbrio se tornará menor, e a quantidade, maior.
Exercício sobre Equilíbrio de Mercado
1. Dados D = 22 - 3p (função demanda); S = 10 + 1p (função oferta):
a) Determinar o preço de equilíbrio e a respectiva quantidade.
b) Se o preço for $ 4,00, existe excesso de oferta ou de demanda? Qual a magnitude desse
excesso?
Resolução:
a) D = 22 - 3p
S =10 + 1p
No equilíbrio
D = S
22 - 3p = 10 + 1p
4p = 12
Portanto, po = 3
Para determinar qo, basta substituir o valor de po = 3 em qualquer das funções acima (D ou S).
D = 22 – 3 . 3 = 22 - 9
Portanto, qo = 13
b) Para p = 4, a quantidade demandada é:
D = 22 - 3p = 22 -3(4) = 10 = qd
A quantidade ofertada é
S = 10 + 1p = 10 + 1 (4) = 14 = qs
Portanto, qs > qd, e existe um excesso de oferta de 4 (isto é, 14 - 10).
2. Dados: dxq = 2- 0,2 + 0,03R
s
xq = 2 + 0,1px,
e supondo a renda R = 100,
pede-se:
a) Preço e quantidade de equilíbrio do bem x.
c) Supondo um aumento de 20% da renda, determinar o novo preço e a quantidade de equilíbrio
do
bem x.
Resolução:
a) sxdx q q =
2 - 0,2px + 0,03(100) = 2 + 0,1 pX
Resolvendo, chegamos a 3 q e 10 p oxox ==
b) como a renda passou de 100 para 120, a função demanda fica,
d
xq = 2 - 0,2px + 0,03(120)
d
xq = 5,6 - 0,2px
Igualando com a função oferta, que não se alterou, chega-se a 3,2. q e 12 p 1x1x ==
3. Num dado mercado, a oferta e a procura de um produto são dadas, respectivamente, pelas
seguintes equações:
Qs = 48 + 10
Qd = 300 – 8
onde Qs, Qd e P representam, na ordem, a quantidade ofertada, a quantidade procurada e o preço
do produto. Qual será a quantidade transacionada nesse mercado, quando ele estiver em equilíbrio?
Resolução: o preço e a quantidade de equilíbrio são obtidos igualando-se a quantidade ofertada
(Qs) com a quantidade procurada (Qd).
Temos, então:
Qs = Qd
48 + 10P = 300 - 8P
18P = 252
Po = 14
A quantidade transacionada pode ser obtida substituindo-se o valor de P na equação de Qs ou Qd.
 Qs = 48 +10p =48 + 10(14) = 188
Qo = 188
ELASTICIDADES
CONCEITO
Elasticidade, em sentido genérico, é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação
percentual em outra, coeteris paribus. Assim, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de
uma variável, em face de mudanças em outras variáveis.
É um conceito de ampla aplicação em Microeconomia.
Exemplos da Microeconomia:
- elasticidade-preço da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada a
variação percentual no preço do bem, coeteris paribus;
- elasticidade-renda da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada uma
variação percentual na renda, coeteris paribus;
- elasticidade-preço cruzada da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada
a variação percentual no preço de outro bem, coeteris paribus;
- elasticidade-preço da oferta: é a variação percentual na quantidade ofertada, dada a variação
percentual no preço do bem, coeteris paribus.
Exemplos da Macroeconomia:
- elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: e a variação percentual nas
exportações, dada a variação percentual da taxa de câmbio, coeteris paribus;
- elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros: é a variação percentual da procura
de moeda, dada a variação percentual da taxa de juros, coeteris paribus.
Desta maneira, quando houver uma relação entre variáveis em Economia, podemos calcular a
elasticidade.
Elasticidade-Preço da Demanda
Conceito
É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual no preço do bem,
coeteris paribus. Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma variação no
preço de um bem ou serviço.
p
q
q
p E e
p
p
q
q
 
p
p - p
q
q - q
 
p percentual variação
q percentual variação E
d
dpp
d
d
0
01
0
01
d
pp
∆
∆
⋅=
∆
∆
===
Como 
p
qd
∆
∆ é negativa (pela lei geral da demanda), e p e q são valores positivos, segue que a elasti-
cidade-preço da demanda é sempre negativa.
Por essa razão, seu valor é usualmente expresso em módulo (por exemplo, I Epp I = 1,2, que
equivale a EPP = -1,2.
Classificação da Demanda, de acordo com a Elasticidade-Preço
De acordo com a elasticidade-preço, a demanda pode ser classificada como elástica, inelástica ou
de elasticidade-preço unitária.
a) Demanda elástica:
I Epp I>1
Por exemplo:
I Epp I = 1,5 ou I Epp I = -1,5
Significa que, dada uma variação percentual, por exemplo, de 10% no preço, a quantidade
demandada varia, em sentido contrário, em 15%, coeteris paribus.
Isto revela que a quantidade é bastante sensível à variação de seu preço.
b) Demanda inelástica:
I EPP I<1
Por exemplo:
I Epp I = 0,4 ou I Epp I = -0,4
Nesse caso, os consumidores são pouco sensíveis a variações de preço: uma variação de, por
exemplo, 10% no preço, leva a uma variação na demanda desse bem de apenas 4% (em sentido
contrário).
c) Demanda de elasticidade unitária:
I EPP I = 1 ou I Epp I = -1
Se o preço aumenta em 10%, a quantidade cai também em 10%, coeteris paribus.
Suponhamos, por exemplo, que são calculados os valores das elasticidades-preço da demanda dos
bens A e B, 0,8.- E e 2- E BppApp ==
Nesse caso, e supondo que o consumo dos dois bens é independente, o bem A apresenta uma
demanda mais elástica que o bem B, pois um aumento de 10% no preço de ambos levaria a uma queda de
20% na quantidade demandada do bem A, e de apenas 8% na do bem B, coeteris paribus. Os
consumidores são relativamente mais sensíveis, reagem mais a variações de preços no bem A do que no
bem B.
Fatores que afetam a Elasticidade-Preço da Demanda
São quatro os fatores que explicam o valor numérico da elasticidade-preço da demanda, a saber:
disponibilidade de bens substitutos, essencialidade do bem, importância do bem no orçamento e o
horizonte de tempo.
Disponibilidade de bens substitutos
Quanto mais substitutos, mais elástica a demanda, pois, dado um aumento de preços, o consumidor
tem mais opções para "fugir" do consumo desse produto.
Ou seja, trata-se de um produto cujos consumidores são bastante sensíveis à variação de preços.
Como a elasticidade depende da quantidade de bens substitutos, observa-se que, quanto mais
específico o mercado, maior a elasticidade.
Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de guaraná deve ser maior que a de refrigerantes
em geral, pois há mais substitutos para o guaraná do que para refrigerantes em geral.
Na mesma linha de raciocínio, temos que:
EPP pasta de dentes de mentol Kolynos > EPP pasta de dentes de mentol > EPP pasta de dentes
Essencialidade do bem
Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura.
Esse tipo de bem não traz muitas opções para o consumidor "fugir" do aumento de preços.
Exemplos clássicos: sal e açúcar.
Importância relativa do bem no orçamento do consumidor
A importância relativa, ou peso do bem no orçamento, é dada pela proporção de quanto o
consumidor gasta no bem, em relação a sua despesa total.
Quanto maior o peso no orçamento, maior a elasticidade-preço da procura. O consumidor é muito
afetado por alterações nos preços, quanto mais gasta com o produto, dentro de sua cesta de consumo.
Por exemplo:
- carne: Epp alta;
- fósforo: Epp baixa.
Horizonte de tempo
Dependendo do horizonte de tempo de análise, um intervalo de tempo maior permite que os
consumidores de determinada mercadoria descubram mais formas de substituí-ia, quando seu preço
aumenta.
INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Em uma curva de demanda a elasticidade-preço da demanda varia ao longo dessa curva, assim
como mostrado na Figura 3.1:
Prova-se que o valor da elasticidade-preço da demanda é:
 Ade acima segmento
 Ade abaixo segmento 
BA
AC Epp ==
Na Figura 3.2, tem-se as seguintes possibilidades:
Vê-se que quanto maior o preço de um bem, coeteris paribus, maior a elasticidade-preço da
demanda.
Na Figura 3.3, resumem-se as três possibilidades:
Quando a demanda torna-se mais elástica é reflexo do aumento da sensibilidade do consumidor,
pois o preço do produto tornou-se mais caro pesando mais no bolso do consumidor.
Relação entre Receita Total do Vendedor (ou Dispêndio Total do Consumidor) e
Elasticidade-Preço da Demanda
A receita total do vendedor (RT), corresponde ao próprio dispêndio do gasto total dos consumidores:
RT = preço unitário x quantidade comprada do bem
RT = p.q
Para conhecermos o que vai acontecer com a receita total (RT), se ela aumenta, diminui ou
permanece constante, é necessário analisarmos a elasticidade-preço da demanda:
a) situação elástica:
Se a variação percentualda quantidade demandada for maior que a variação percentual do preço, a
RT segue o sentido da quantidade, deve preponderar a variação da quantidade sobre a variação de
preço:
- se o preço aumentar, a quantidade cai e a RT diminui;
- se o preço cair, a quantidade aumenta e a RT aumenta.
b) situação inelástica:
Se a variação percentual da quantidade for menor que a variação percentual do preço, RT seguirá o
sinal do preço:
- se o preço aumentar, quantidade cai, e a RT aumenta;
- se o preço cair, quantidade aumenta, e a RT cai.
c) situação unitária:
Se a variação percentual da quantidade for igual à variação percentual do preço, tanto faz o preço
aumentar ou cair, a receita permanece constante.
Quando a demanda é inelástica, sempre será vantajoso aumentar os preços (ou diminuir a
produção).
Embora a quantidade se reduza, o aumento de preço mais que compensa a queda na quantidade,
pois RT aumenta.
Como exemplo, podemos citar o caso dos produtos agrícolas, principalmente alimentos, que
apresentam normalmente demanda inelástica, por serem, em sua maioria, produtos essenciais. Mas há um
limite para o aumento de preços, pois, se for muito grande, poderá cair no ramo elástico da demanda,
fazendo com que
o consumidor tente substituí-lo ou reduzir seu consumo, fazendo com que haja queda da RT dos
produtores.
Observações Adicionais sobre Elasticidade-Preço da Demanda
a) Casos extremos de elasticidade-preço da demanda
- demanda totalmente inelástica: Epp = 0
Na Figura 3.4 observa-se que quando há variação de preço, a quantidade permanece constante. Os
bens essenciais aproximam-se desse caso, pois, mesmo com aumento de preço, o consumidor
continuará consumindo praticamente a mesma quantidade do produto, pois o consumidor não
encontrará substituto para o mesmo.
- demanda infinitamente elástica: Epp = ∞
Pela Figura 3.5, observamos que, quando ocorre uma variação de preços, a quantidade demandada
pode variar até o infinito. Isto ocorre em mercados perfeitamente competitivos ou concorrenciais,
pois as empresas defrontam-se com uma demanda infinitamente elástica, em que os preços são
fixados pela oferta e demanda do mercado, sobre o qual ela não tem nenhuma influência.
b) Caso em que a elasticidade é constante em todos os pontos da demanda. Usualmente, usa-se a
expressão "a demanda do bem x é elástica". Porém, a elasticidade assume valores diferentes, numa
mesma curva da demanda. É mais correto dizer-se: "a demanda do bem x é elástica entre os preços
A e B”.
Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda
É a variação percentual da quantidade demandada do bem x, dada uma variação percentual no
preço do bem y, coeteris paribus.
 
p
q
q
p
 E e
p
p
q
q
 
p percentual variação
q percentual variação
 E 
y
x
x
yxy
pp
y
y
x
x
y
xxy
pp
∆
∆
⋅=
∆
∆
==
ou, em termos de derivada,
 parcial) (derivada 
p
q
q
p
 E simples) (derivada 
dp
dq
q
p
 E
y
x
x
yxy
pp
y
x
x
yxy
pp ∂
∂
⋅=⋅=
Se xyppE > 0 , os bens x e y são substitutos ou concorrentes (o aumento do preço de y aumenta o
consumo de x, coeteris paribus).
Se xyppE < 0 , os bens x e y são complementares (o aumento do preço de y diminui a demanda de x,
coeteris paribus.
Elasticidade-Renda da Demanda
É a variação percentual da quantidade demandada, dada uma variação percentual da renda do
consumidor, coeteris paribus.
R
q
q
R E ou 
dR
dq
q
R E ou
 
R
q
q
R E e 
R
R
q
q
 
R percentual variação
q percentual variação E
RpRp
RpRp
∂
∂
⋅=⋅=
∆
∆
⋅=
∆
∆
==
Se RpE > 1: bem superior (ou bem de luxo): dada uma variação da renda, o consumo varia mais
que proporcionalmente;
Se RpE > 0 : bem normal: o consumo aumenta quando a renda aumenta;
Se RpE < 0 : bem inferior: a demanda cai quando a renda aumenta;
Se RpE = 0 : bem de consumo saciado: variações na renda não alteram o consumo do bem.
Ao lado da elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda é o conceito de elasticidade mais
difundido.
Elasticidade-Preço da Oferta
Mede a variação percentual da quantidade ofertada, dada uma variação percentual no preço do
bem, coeteris paribus.
p
q
q
pE e 
p
p
q
q
p percentual variação
q percentual variação E
s
sps
s
s
s
ps ∆
∆
⋅=
∆
∆
==
ou, em termos de derivada, 
dp
dq
q
pE
s
sps ⋅= (simples) ou p
q
q
pE
s
sps ∂
∂
⋅=
Podemos ter as seguintes situações:
Eps > 1: bem de oferta elástica;
Eps < 1: bem de oferta inelástica;
Eps =1: elasticidade-preço da oferta unitária.
Como na demanda, a elasticidade-preço da oferta também pode ser calculada no ponto ou no arco.
De acordo com o valor da intersecção da curva de oferta, prova-se que (figura 3.6):
A aplicação do conceito de elasticidade da oferta é pouco freqüente, comparativamente à
elasticidade da demanda.
Exercícios Sobre Elasticidade
1. Dados: Dx = 30 - px - 2 py - R;
Sx = 5px;
o
yp = 1,00
Ro = 10,00,
pede-se: Calcular o preço e a quantidade de equilíbrio.
Resolução:
Dx = Sx ⇒ 30 – px - 2py – R = 5px
Substituindo py = 1 e R = 10
30 - px - 2(1) - 10 = 5px
px = 3,00
Para obter qx basta substituir px = 3, ou na função Dx ou na função Sx:
qx = 15
APLICAÇÕES: INCIDÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE VENDAS E FIXAÇÃO DE
PREÇOS MÍNIMOS
Introdução
Vamos destacar algumas aplicações de conceitos já vistos. Vamos enfocar dois aspectos
importantes da atuação do setor público em nível microeconômico que são a incidência de impostos sobre
vendas e fixação de preços mínimos na agricultura.
Incidência de um Imposto sobre Vendas
Introdução
O conhecimento da incidência de um imposto, isto é, sobre quem efetivamente recai o ônus do
imposto, se sobre consumidores ou vendedores, é importante para determinar os aspectos econômicos e
sociais da tributação. O instrumental simples da oferta e da demanda e o conceito de elasticidade são
adequados para essa análise.
Define-se:
• impostos indiretos são impostos sobre vendas, pois incidem sobre os preços das mercadorias;
Os impostos indiretos (ICMS, IPI) são regressivos em relação à renda, pois representam uma
parcela maior da renda das classes menos favorecidas, relativamente aos mais ricos.
• impostos diretos são impostos que incidem diretamente sobre a renda das pessoas.
Os impostos diretos (Imposto de Renda) são progressivos (quem ganha mais paga proporcional-
mente mais).
Uma estrutura tributária é considerada proporcional ou neutra quando todos dispendem uma
parcela (%) igual de sua renda no pagamento de impostos.
Temos dois tipos de impostos sobre vendas:
- imposto específico: representa um valor em $ fixo por unidade vendida, independente do valor da
mercadoria.
- imposto ad valorem: aplica-se uma alíquota (percentual) fixa sobre o valor em $ de cada unidade
vendida.
Efeito de um Imposto de Vendas sobre o Equilíbrio de Mercado
Imposto específico
A partir do conhecimento de um imposto, podemos definir duas curvas de oferta: uma sem imposto e
outra com imposto:
S = f(p) sem o imposto
S = f(p’) com o imposto
Sendo p o preço de mercado, pago pelo consumidor, e p’ o preço relevante para o produtor
(que é o preço de mercado menos o valor do imposto T), temos:
P’ = p - T
O preço para o produtor p’ é o que lhe resta após receber p do mercado e recolher o imposto aos
cofres públicos.
O estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona como um custo adicional para o produtor,
o que desloca a curva de oferta para trás. Assim, para oferecer a mesma quantidade de mercadoria que
oferecia anteriormente, o produtor tem que aumentar o preço, ou, se quiser manter o preço, deve oferecer
menor quantidade, pois encareceu a mercadoria.
Suponhamos que:
- curvade oferta sem o imposto: S = -20 + 2p
- valor do imposto específico: T = $ 10,00
A curva da oferta com imposto fica: S’ = -20 + 2 (p - 10),
sendo p - 10 = p’, ou seja, o produtor vende a mercadoria por $p e fica com (p - $10).
S’ = -20 +2(p -10)
S' = -40 + 2p
Fazendo comparação entre a curva de oferta com e sem o imposto, verificamos que a declividade é
a mesma, alterando-se somente o intersecção, indicando um deslocamento paralelo da curva.
Graficamente, vejamos a figura 4.1:
Observe-se que o imposto diminui o valor recebido pelo produtor, mas aumenta o valor pago pelo
consumidor, porque o preço de equilíbrio de mercado, que é o preço pago pelo consumidor, deve ser
maior, como mostra a figura 4.2:
O preço de equilíbrio de mercado só não aumentará no caso de a curva de demanda ser totalmente
elástica (como veremos logo adiante).
Imposto ad valorem
Chamando ainda
p = preço pago pelo consumidor (ou preço de mercado);
p’ = preço relevante para o produtor,
temos, no caso de um imposto ad valorem, que
p’ = p - tp = p(1 -t),
sendo t a alíquota ou percentual do imposto.
Ou seja, se p = 10,00 e t = 20% ou 0,2. Então:
P’ = 10 - 0,2 . 10 = 8,00
O preço de mercado é $ 10,00, mas o preço recebido pelo produtor é $ 8,00. Como a alíquota do
imposto é 20%, o valor do imposto é $ 2,00, quando o preço é $ 10,00.
Se o preço fosse p = 30,00, então: p’ = 30 - 0,2 . 30 = 24,00.
A alíquota continuaria 20%, mas o valor do imposto aumentaria para $ 6,00.
Temos, portanto:
- curva de oferta sem imposto: S = f(p)
- curva de oferta com imposto S’ = f(p’)
sendo p’ = p - pt ou p’ = p(1 - t)
Exemplo:
curva de oferta sem imposto: S = -20 + 2p
curva de oferta com imposto ad valorem, supondo t = 0,1:
S’ = -20 + 2p(1 - 0,1)
S’ = -20 + 2p(0,9)
S’ = -20 + 1,8p
Notamos que, ao contrário do imposto específico, o que se altera agora é a declividade e não a
intersecção. Graficamente, pela Figura 4.3:
A distância entre S e S’, na vertical, é o valor em $ do imposto (T), que aumenta quando o preço
aumenta, no caso do imposto ad valorem.
Incidência do Imposto
Neste ponto é relevante salientar que existem dois conceitos de incidência de imposto: incidência de
imposto no sentido econômico, que é diferente de incidência no sentido legal. No conceito econômico
identifica-se sobre quem efetivamente recai o ônus do imposto. No conceito legal, identifica-se quem
efetivamente recolhe o imposto para os cofres públicos. No caso do imposto sobre vendas, quem recolhe é
a empresa, mas ela tem condições de transferir parte do ônus aos consumidores, através do aumento do
preço do produto.
Para tanto, no conceito econômico, vejamos quem arca com o ônus do imposto.
Para isso, vamos supor o caso de um imposto especifico (a análise a seguir também vale, mutatis
mutantis, para o caso de um imposto ad valorem).
Chamemos: po = preço de equilíbrio, sem imposto;
P1 = preço pago pelo consumidor, com T;
p’ = preço recebido pelo produtor, após T:
(p’ = p1 - T)
e qo, e q1, as quantidades de equilíbrio, antes e depois do imposto.
Segue-se, então, que:
l. a parcela, em $, do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga com o imposto
(p1) menos o que pagaria sem o imposto (po), vezes a quantidade comprada:
(p1 -po). q1
II. a parcela, em $, do imposto paga pelo vendedor é a diferença entre o que receberia sem o
imposto (po) e o que recebe após o imposto (p’), vezes a quantidade vendida:
(po - p’) . q1
III. a arrecadação do governo nesse mercado é a soma das duas parcelas anteriores, ou o valor do
imposto vezes a quantidade vendida:
A = T. q1
Graficamente, pela Figura 4.4:
Exercício Completo
As curvas de oferta e demanda de mercado de um bem são:
S = -500 + 500p D = 4.000 - 400p
Pede-se:
a) p e q de equilíbrio (po e qo)
b) dada a alíquota de um imposto específico T= 0,9 por unidade de produto, os novos p e q de
equilíbrio (p1 e q1)
c) qual o preço pago pelo consumidor?
d) qual o preço recebido pelo vendedor?
e) qual o valor da arrecadação do governo nesse mercado?
f) qual a parcela (em $) da arrecadação arcada pelo comprador?
g) qual a parcela (em $) da arrecadação arcada pelo vendedor?
h) ilustrar graficamente.
Resolução:
a) Equilíbrio: S = D
-500 + 500p = 4.000 - 400p
900p = 4.500
po = 5 e q0 = 2.000
b) Com a introdução do imposto, a curva de demanda não se altera. Por exemplo, a $ 5,00 os
consumidores estarão dispostos a comprar as mesmas 2.000 unidades.
A curva de oferta cai, porque, a cada preço, os vendedores irão oferecer menos, em virtude do
imposto.
Então: S’ = -500 + 500 (p - 0,9)
S’ = -950 + 500p
A declividade é idêntica à oferta antes de T, diferindo apenas na intersecção. Se o exercício se
referisse ao imposto ad valorem, alteraria a declividade, pois o valor do imposto T se alteraria, a
cada preço, embora a alíquota t permaneça fixa.
O novo equilíbrio passa a ser determinado baseado nas funções:S = -950 + 500p
D = 4.000 + 400p
Igualando-se S = D, chega-se a p1 = 5,5 e q1 = 1.800.
c) O preço pago pelo consumidor é o novo preço de equilíbrio, iguala $ 5,5.
d) O preço recebido pelo vendedor é o preço pago pelo consumidor menos o valor do imposto.
Assim: p’ = 5,5 - 0,9 = 4,6.
e) A arrecadação do governo é o imposto cobrado por unidade vendida, vezes a quantidade
vendida: AT = T. q1 = 0,9. 1.800 = $ 1.620,00.
f) A parcela paga pelo consumidor é a diferença entre o preço que o consumidor paga após o
imposto e o que pagava antes do imposto, multiplicada pela quantidade vendida. Isto é: (5,5 - 5,0).
1.800 = 900,00.
g) Evidentemente, se a arrecadação do governo é $1.620,00, e a parcela arcada pelo consumidor é
900,00, o restante (720,00) representa a parcela do vendedor, correspondente à diferença entre o
preço que o vendedor recebia antes e o que recebe após o imposto, vezes a quantidade vendida:
(5,0 - 4,6). 1.800 = 720,00.
Incidência do Imposto e as Elasticidades-Preço da Oferta e da Demanda
Parece claro que a incidência do imposto dependerá das elasticidades das curvas de oferta e
demanda do bem. Supondo uma mesma curva de oferta, podemos analisar graficamente, Figura 4.5, a
incidência para curvas de demanda com diferentes elasticidades:
Se a demanda for bastante elástica, dada a curva de oferta (Gráfico a), a maior parcela do imposto
incidirá sobre os vendedores ou produtores, pois os consumidores conseguem diminuir bastante o
consumo do bem, dada uma elevação de preços provocada pelo imposto. Se a demanda for inelástica,
dada a curva de oferta (Gráfico b), quem deve arcar com a maior parcela do imposto é o consumidor, que,
nesse caso, não tem muitas possibilidades de "fugir" do aumento de preços.
Fixação de Preços Mínimos para a Agricultura
A política de preços mínimos visa a dar uma garantia de renda aos agricultores. O governo anuncia,
antes da época de plantio, um preço mínimo pelo qual ele garante a compra da safra após a colheita. Se o
preço de mercado for maior que o preço mínimo, o agricultor vende no mercado; se o preço de mercado for
menor que o preço mínimo garantido, o agricultor vende ao governo.
Supondo que o preço mínimo seja maior que o de mercado (ver Figura 4.6), o governo pode encetar
dois tipos de política:
- compra o excedente (diferença entre a quantidade produzida e a quantidade que os consumidores
desejam comprar ao preço mínimo). No gráfico, qs - qd. Isso se chama de Política de Compras;
- deixa os agricultores venderem toda a produção no mercado, o que fará o preço cair para pc. O
governo paga ao agricultor a diferença entre o preço mínimo prometido (pm) e o que o consumidor
pagou no mercado (pc). Isso é a chamada Política de Subsídios.
Sob o ponto de vista do governo, ele escolherá, entre essas duas políticas, aquela na qual gastará
menos. Nos gráficos da Figura 4.7, as regiões hachuradas representam os gastos do governo em cada
política:Certamente, a adoção de uma das duas políticas dependerá da elasticidade-preço da demanda
(supondo que a curva da oferta seja fixada). Podemos mostrar isso graficamente, Figura 4.8, supondo uma
mesma curva de oferta e duas demandas, uma bastante inelástica e outra elástica:
Considerando que o gasto do governo com a política de compras é dado pela área ABqdqs, e com a
política de subsídios, pela área pmBCpc, podemos notar que, quanto mais elástica a demanda de um
produto agrícola, o governo tenderá a adotar uma política de subsídios, que sairá mais barata aos cofres
públicos, que uma política de compras (quanto mais elástica a demanda, a área ABqdgs vai se tornando
cada vez maior que a área pmBCpc).
Exemplo: Dadas as funções:
demanda: qd = 19.000 - 20p
oferta: qs = 10.000 + 10p
de um produto agrícola, e supondo que o governo fixou um preço mínimo de $ 400,00, qual a política
que o governo deve adotar, de forma a minimizar seus gastos?
Resolução:
É necessário calcular os custos de cada política.
Graficamente:
Antes de qualquer coisa, precisamos achar o valor das três incógnitas: pc, qd e qs. As variáveis qd e
qs são obtidas substituindo o valor de pm, = 400 nas funções demanda e oferta. Assim:
qd = 19.000 - 20p = 19.000 - 20(400) = 11.000
qs = 10.000 + 10p = 10.000 - 10(400) = 14.000
A diferença qd - qs = 3.000 é o excesso de oferta (excedente).
Para determinar pc, que é o preço que o consumidor pagará, se toda a produção for colocada no
mercado (que é de 14.000), substituímos esse valor (14.000) na função demanda, assim:
qd = 19.000 - 20p
14.000 = 19.000 - 20p
pc = 250,00
Assim, o subsídio que o governo banca para cada unidade vendida no mercado é a diferença entre o
preço que ele pagou ao agricultor (o preço mínimo pm = 400,00) e o preço pago pelo consumidor (pc =
250,00), ou seja, $ 150,00 por unidade.
Para sabermos qual o gasto total do governo na política de subsídios, basta multiplicar $150,00
pelas 14.000 unidades vendidas. Teremos o valor de $ 2.100.000,00. Isto é,
gasto com política de subsídios = (pm - pc) . qd = 150,00. 14.000 = $ 2.100.000,00
O gasto total do governo na política de compras é obtido pela multiplicação do preço mínimo que o
governo pagou ao agricultor (400,00) pelo excedente que não foi comprado pelo consumidor, ficando com
o governo (qs - qd = 3.000), isto é, $ 1.200.000,00, ou seja:
gasto com política de compras = pm. (qs - qd = 400,00 . 3.000 = $ 1.200.000,00
Desta forma, o governo adotará a política, com a qual gastará relativamente menos.
Cabe observar que este tópico não pretende explorar todos os aspectos relativos a tais políticas,
como custos administrativos, custos de armazenagem etc., uma vez que o objetivo aqui é apenas ilustrar
um tipo de atuação do governo na formação de preços de mercado, e como o conceito de elasticidade
pode ser útil nesse caso.
PRODUÇÃO
Introdução
Neste capítulo veremos brevemente a Teoria da Firma, que está por trás da curva de oferta de bens
e serviços. A Teoria da Firma divide-se em Teoria da Produção e Teoria dos Custos.
A Teoria da Produção refere-se às relações tecnológicas, físicas, entre a quantidade produzida e as
quantidades de insumos utilizados na produção, enquanto a Teoria dos Custos de Produção inclui os
preços dos insumos.
Conceitos Básicos
Produção é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos em
produtos ou serviços para a venda no mercado. Assim, a firma é uma intermediária: compra insumos
(inputs, fatores de produção), combina-os segundo um processo de produção escolhido e vende produtos
(outputs) no mercado.
O processo de produção pode ser ou de mão-de-obra intensiva, ou capital intensivo, ou terra
intensiva, Figura 5.1, dependendo do fator de produção utilizado em maior quantidade, relativamente aos
demais.
A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A eficiência pode ser avaliada pelo
ponto de vista tecnológico ou pelo ponto de vista econômico.
- eficiência técnica (ou tecnológica): entre dois ou mais processos de produção, é aquele que
permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fatores
de produção;
- eficiência econômica: entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite produzir
uma mesma quantidade de produto, com menor custo de produção.
Existe uma diferença entre os conceitos de tecnologia e de métodos de produção.
Tecnologia é um inventário dos métodos de produção conhecidos. É o estado-das-artes.
Método ou Processo de Produção refere-se a diferentes possibilidades de combinações entre os
fatores de produção, para produzir uma dada quantidade de um bem ou serviço.
Função da Produção
É um dos conceitos mais relevantes, dentro da Teoria da Produção.
Define-se como sendo a relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e a
quantidade física do produto em determinado período de tempo.
quantidade produto = f (quantidade fatores de produção)
q = f (N, K, M)
onde,
q = quantidade produzida em um período de tempo t
N = mão-de-obra utilizada em um período de tempo t
K = capital físico utilizado em um período de tempo t
M = matérias primas utilizadas em um período de tempo t
A função produção supõe que foi atendida a eficiência técnica; ou seja, representa a máxima
produção possível, em dados níveis de mão-de-obra, capital e tecnologia.
O conceito de função de produção não pode ser confundido com a função oferta.
A função oferta é um conceito econômico, enquanto a função de produção é um conceito mais
“físico" ou "tecnológico", pois se refere à relação entre quantidades físicas de produto e fatores de
produção.
Distinção entre Fatores de Produção Fixos e Variáveis e entre Curto e Longo Prazos
Em Microeconomia, a questão do prazo está definida em termos da existência ou não de fatores
fixos de produção.
Os fatores de produção fixos são aqueles que permanecem inalterados, quando a produção varia,
enquanto os fatores de produção variáveis se alteram, com a variação da quantidade produzida.
Define-se curto prazo como o período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo; já a
longo prazo, todos os fatores variam.
Produção com um Fator Variável e um Fixo: uma Análise de Curto Prazo
Suponhamos, por simplificação, apenas dois fatores de produção: mão-de-obra e capital, sendo a
mão de obra variável e o capital (equipamentos e instalações) fixo. A função de produção fica:
q = f (N, K)
Como K é suposto fixo ou constante a curto prazo, a função produção fica:
q = f (N)
ou seja, o nível do produto varia apenas em função de alterações na mão-de-obra, a curto prazo,
coeteris paribus.
Conceitos de Produto Total, Produtividade Média e Produtividade Marginal
Produto Total (PT)
É a quantidade total produzida, em determinado período de tempo.
PT= q
Produtividade Média
É a relação entre o nível do produto e quantidade do fator de produção, em um determinado período
de tempo.
Produtividade Média da Mão de Obra:
PMeN = N
PT (é o produto por trabalhador)
Produtividade Média do Capital:
PMeK = K
PT
Produtividade Marginal
É a variação do produto, dada uma variação de uma unidade na quantidade do fator de produção,
em determinado período de tempo.
Produtividade Marginal da Mão de Obra:
dN
dq ou 
N
q
N
PTPMgN ∆
∆
=
∆
∆
=
Produtividade Marginal do Capital:
dK
dq ou 
K
q
K
PTPMgk ∆
∆
=
∆
∆
=
sendo 
dK
dq e 
dN
dq as derivadas do produto em relação aos insumos, mão-de-obra, capital, aplicável
quando a função de produção é contínua e diferenciável.
Lei dos Rendimentos Decrescentes
Define-se: "ao se aumentar o fator variável (N), sendo dada a quantidade de um fator fixo, a
produtividade marginal da mão de obra cresce até certo ponto e, a partir daí, decresce, até tornar-se
negativa".
Essa lei sóé válida se for mantido um fator fixo (portanto, só vale a curto prazo).
O exemplo clássico é de uma atividade agrícola. Tem-se como fator fixo a área cultivada e como
fator variável a mão-de-obra. Em um primeiro momento, o número de trabalhadores apresenta uma certa
produtividade por unidade de mão de obra. Aumentando-se o número de trabalhadores gradativamente, a
produtividade aumenta em momentos seguintes, porém a taxas decrescentes em função do número de
trabalhadores. Teoricamente, pode-se chegar a um certo momento em que a absorção de mais um
trabalhador provocará queda na produção.
Produção a Longo Prazo
Conceito de Economias de Escala
A longo prazo, interessa analisar as vantagens e desvantagens de a empresa aumentar sua
dimensão, seu tamanho, o que implica demandar mais fatores de produção. Isso introduz o conceito de
rendimentos ou economias de escala.
Podemos definir economias de escala tanto do ponto de vista tecnológico como dos custos (conceito
mais "econômico").
- economia de escala técnica ou tecnológica: quando a produtividade física varia, coma variação
de todos os fatores de produção;
- economia de escala pecuniária: quando os custos por unidade produzida variam, com a variação
de todos os fatores de produção.
Decorre que podemos ter rendimentos ou economias crescentes, decrescentes ou constantes de
escala.
Rendimentos crescentes de escala
Isto significa que quando os fatores de produção crescem numa mesma proporção, a produção
cresce numa proporção maior.
Rendimentos decrescentes de escala
Ocorre quando todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção, e a produção cresce
numa proporção menor.
Rendimentos constantes de escala
Se todos os fatores crescem em dada proporção, a produção cresce na mesma proporção. As
produtividades médias dos fatores de produção permanecem constantes.
CUSTOS DE PRODUÇÃO
Os custos de produção determinam a chamada curva de oferta da firma.
Custos de Oportunidade x Custos Contábeis
Sob um ponto de vista mais genérico, os custos de oportunidade, vistos anteriormente, representam
o sacrifício que se faz, em termos do que se deixa de produzir, ao optarmos por uma dada produção.
No nível microeconômico, a diferença entre custos contábeis e custos de oportunidade pode ser
apresentada como se segue:
- custos contábeis: envolvem dispêndio monetário. É o custo explícito, considerado na propriedade
privada. São chamados também de custos históricos;
- custos de oportunidade: são custos implícitos, que não envolvem desembolso.
Os custos de oportunidade privados são os valores dos insumos que pertencem à empresa e são
usados no processo produtivo, e são estimados a partir do que poderia ser ganho, no melhor uso
alternativo (por isso, também são chamados de custos alternativos).
Podemos citar, como exemplo, o capital em caixa na empresa - o custo de oportunidade é o que a
empresa poderia estar ganhando, aplicando, por exemplo, no mercado financeiro.
As empresas públicas procuram utilizar o enfoque dos custos contábeis para o cálculo das tarifas e
dos preços públicos. As empresas privadas, na quase totalidade, adotam o enfoque contábil, já que seus
balanços e demonstrações financeiras utilizam valores desembolsados e recebidos. O conceito de custo
de oportuni-dade é utilizado em algumas empresas privadas apenas no planejamento orçamentário (por
exemplo, ao imputar o valor de aluguel de mercado do prédio de sua propriedade).
Avaliação Privada e Avaliação Social - O Conceito de Externalidades ou Economias Externas
Como uma extensão da diferença entre o enfoque contábil e o enfoque econômico, há uma clara
distinção entre a avaliação privada e a avaliação social de projetos de investimento.
Resumidamente:
- avaliação privada: avaliação financeira, específica da empresa;
- avaliação social: custos (e benefícios) para toda a sociedade, derivados da atividade produtiva.
Por exemplo, quando aumenta a produção automobilística, além dos custos financeiros dessa indús-
tria, devemos considerar também o aumento dos custos sociais, derivados do aumento da poluição sonora
e ambiental, além do desgaste das ruas e estradas. Quando aumenta a produção da indústria extrativa de
madeira, há perdas ecológicas derivadas do desmatamento.
A diferença entre a ótica privada e a social também pode ser chamada de externalidades ou
economias externas, que podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a
sociedade, derivadas da produção da empresa, ou então como as alterações de custos e receitas da
empresa, devidas a fatores externos à empresa.
Nessa linha, por exemplo, os comerciantes de lustres tem externalidades positivas por se localiza-
rem próximos um do outro; uma indústria química poluidora dos rios impõe externalidades negativas à
indústria pesqueira etc.
Custos de Curto Prazo
Na análise de curto prazo, alguns fatores são fixos, qualquer que seja o nível de produção.
Normalmente, consideramos como fator fixo a planta da empresa e os equipamentos de capital.
Conceitos de Custo Total, Custo Variável Total e Custo Fixo Total
Custo Variável Total (CVT): é a parcelado custo que varia, quando a produção varia. É a parcela
dos custos da empresa que depende da quantidade produzida.
CVT = f (q)
Ou seja, são os gastos com fatores variáveis de produção, como folha de pagamentos, despesas
com matérias primas etc.
Custo Fixo Total (CFT): é a parcela do custo que se mantém fixa, quando a produção varia, ou
seja, são os gastos com fatores fixos de produção, como aluguéis, depreciação etc.
Porém, há diferenças entre os conceitos usados pelos contadores e economistas. Assim, na
Contabilidade, os custos (fixos e variáveis, também chamados diretos e indiretos) estão associados ao
processo operacional (dependem da quantidade produzida), enquanto as despesas são associadas ao
resultado geral do exercício (despesas financeiras, comerciais, administrativas). Para o economista, essas
despesas são geralmente consideradas como custos fixos.
Custo Total (CT): é a soma do custo variável total com o custo fixo total:
CT = CVT + CFT
Graficamente, pela Figura 6.1:
O custo total CT só varia com o custo variável CVT, que depende da quantidade produzida.
Notamos que, até certo ponto, as curvas CT e CVT crescem, mas a taxas decrescentes, para depois
crescer a taxas crescentes. Significa que, dada certa instalação fixa, no início o aumento de produção dá-
se a custos declinantes.
Contudo, um aumento maior de produção começa a "saturar' o equipamento de capital (suposto fixo
a curto prazo) e os custos crescem a taxas decrescentes.
No fundo, é a lei dos rendimentos decrescentes do lado dos custos (aqui, mais apropriadamente
chamada de lei dos custos crescentes).
Conceitos de Custos Total Médio, Custo Variável Médio e Custos Fixo Médio
São conceitos de custos por unidade de produção:
Custo Médio (CMe ou CTMe) (ou Custo Unitário) =
q
CT
produzida quantidade
totais custos
=
Custo Variável Médio (CVMe) =
q
CVT
Custo Fixo Médio (CFMe) =
q
CFT
CTMe = CVMe + CFMe
Conceito de Custo Marginal
Diferentemente dos custos médios, os custos marginais referem-se às variações de custo, quando
se altera a produção. Como veremos mais adiante, a regra de maximização de lucro de uma empresa
dependerá mais dos custos (e receitas) marginais do que dos custos (e receitas) médios.
Custo Marginal (CMg) = ,derivada de termos em 
dq
dCT ou
q
CT
q em variação
CT do variação






∆
∆
=
é o custo de se produzir uma unidade extra do produto. Em termos matemáticos, é também definido
como a derivada primeira da curva de custo total.
Como ∆CFT = 0, segue que: ,
q
CVT
q
CFTCVT
∆
∆
=
∆
∆+∆
ou seja, os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos, que são invariáveis a curto
prazo.
Relações Gráficas entre o Custo Marginal e osCustos Médios Total e Variável
Na figura 6.3, observamos que a curva de custo marginal corta as curvas de custo total médio e
custo variável médio no ponto de mínimo destas.
Intuitivamente, se o custo marginal (ou seja, o custo adicional) supera o médio, é evidente que o
custo médio crescerá; assim, quando o custo marginal supera o custo médio (total e variável), significa que
o custo médio estará crescendo. Analogamente, se o custo marginal for inferior ao médio, o médio só
poderá cair. Conclui-se que, quando o custo marginal for igual ao custo médio (total ou variável), o
marginal estará cortando o médio no ponto de mínimo do custo médio.
Custos de Longo Prazo
Como vimos, o longo prazo é um período de tempo no qual todos os insumos são variáveis. Não
existem custos fixos: todos os custos são variáveis.
Observa-se que o longo prazo é um horizonte de planejamento e não o que está sendo efetivamente
realizado. Na verdade, é uma seqüência de situações prováveis de curtos prazos: os empresários têm um
elenco de possibilidades de produção de curto prazo, com diferentes escalas de produção (tamanhos), que
eles podem escolher. Por exemplo, antes de fazer um investimento, a empresa está numa situação de
longo prazo: o empresário pode selecionar qualquer uma das alternativas. Depois do investimento
realizado, os recursos são convertidos em equipamentos (capital fixo) e a empresa opera em condições de
curto prazo. Portanto, um agente econômico opera a curto prazo e planeja a longo prazo.
ESTRUTURAS DE MERCADO
Introdução
Neste capítulo, examinaremos a determinação de preços e produção, sob diferentes condições de
mercado.
As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais:
- número de firmas produtoras no mercado;
- diferenciação do produto;
- existência de barreiras à entrada de novas empresas.
No mercado de bens e serviços, as formas de mercado, segundo essas três características, são
as seguintes:
a) concorrência perfeita: número infinito de firmas, produto homogêneo, e não existem barreiras à
entrada de firmas;
b) monopólio: uma única empresa, produto sem substitutos próximos, com barreiras à entrada de
novas firmas;
c) concorrência monopolística (ou imperfeita): inúmeras empresas, produto diferenciado, livre
acesso de firmas ao mercado;
d) oligopólio: pequeno número de empresas que dominam o mercado. Os produtos podem ser
homogêneos ou diferenciados, com barreiras à entrada de novas empresas.
Similarmente, no mercado de fatores de produção, também definimos as formas de mercado em
concorrência perfeita, concorrência imperfeita, monopólio e oligopólio no fornecimento de insumos.
Objetivo da Firma
Existe uma série de modelos sobre o comportamento das empresas na formação de preços de seus
produtos. A diferença maior entre esses modelos está condicionada ao objetivo ao qual a firma se propõe:
maximizar lucros, maximizar participação no mercado, maximizar margem de rentabilidade sobre os custos
etc.
De forma sintética, quanto a seus objetivos as empresas defrontam-se com duas possibilidades prin-
cipais:
- maximizar lucro;
- maximizar mark-up (margem sobre os custos diretos)
Dentro da chamada teoria neoclássica ou marginalista, o objetivo da firma é sempre maximizar o
lucro total.
A maximização do lucro total corresponde à produção em que:
Receita Marginal (RMg) = Custo Marginal (CMg)
ou 
q
CT
q
RT
∆
∆
=
∆
∆
Parece claro que, se a empresa aumenta a produção e a receita adicional (RMg) for maior que o
custo adicional (CMg), o lucro estará aumentado (portanto, a empresa ainda não encontrou seu ponto ideal
de equilíbrio); se a receita adicional for menor que o custo adicional, o lucro estará caindo (ou o prejuízo
aumentando). Parece claro que o produto de equilíbrio da firma, cujo lucro será máximo, dar-se-á apenas
no ponto em que a RMg iguala-se ao CMg.
Podemos observar que a regra de maximização do lucro exige que a firma tenha informações
detalhadas não só sobre seus custos, mas também sobre as receitas previstas (portanto, sobre a demanda
por seu produto).
Há algumas décadas a regra, para a grande maioria das empresas, era a maximização do mark-
up, definido como margem sobre os custos diretos, em que o preço seria determinado
fundamentalmente a partir dos custos da empresa, dada a dificuldade de prever as receitas.
A teoria de mark-up só é aplicável em estruturas de mercado mais concentradas em grandes empre-
sas (monopolistas ou oligopolistas), que têm poder de barganha para formar seu preço, o que não ocorre
num mercado muito competitivo. Nesse sentido, é uma teoria aplicável a um tipo de mercado específico.
Mercado em Concorrência Perfeita
Hipóteses do Modelo
São hipóteses bastante conhecidas na literatura econômica:
a) hipótese da atomicidade (mercado atomizado): mercado com número infinito de produtores e
compradores;
b) hipótese de homogeneidade (produto homogêneo): o produto oferecido pelos produtores é
sempre homogêneo, não apresentando nenhuma diferença;
c) hipótese de mobilidade de firmas (livre entrada e saída de firmas e compradores no mer-
cado);
d) hipótese da racionalidade: os empresários sempre maximizam lucro e os consumidores
maximizam satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem (é o chamado Princípio da
Racionalidade ou Homo Economicus);
e) transparência de mercado: consumidores e vendedores têm acesso a toda informação relevan-
te, sem custos;
f) hipótese da mobilidade de bens (não existem custos de transporte): o consumidor paga o
mesmo preço em qualquer ponto do país;
g) inexistência de externalidades: supõe-se que não existem externalidades, ou seja, nenhuma
firma influi no custo das demais e nenhum consumidor afeta o consumo dos demais;
h) hipótese da divisibilidade: é uma hipótese matemática, não essencial, que objetiva auxiliar a
compreensão do funcionamento do modelo;
i) mercado de fatores de produção também em concorrência perfeita: todas as hipóteses
anteriores, de a a h, também valem para o mercado de fatores de produção. Equivale a dizer que os
preços dos fatores de produção são fixados e conhecidos.
Essas hipóteses fazem parte de um plano ideal, refletindo um mercado sem barreiras, sem
interferências - enfim, pouco realista. Essas hipóteses, porém, representam uma base, um referencial para
a construção de modelos mais próximos da realidade.
Monopólio
Hipóteses do Modelo
Uma estrutura de mercado monopolista apresenta três características principais:
a) uma única empresa produtora do bem ou serviço;
b) não há produtos substitutos próximos;
c) existem barreiras à entrada de firmas concorrentes.
As barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado podem ocorrer de várias formas:
- monopólio puro ou natural: devido à alta escala de produção requerida, exigindo um elevado
montante de investimentos. Em geral, associado a serviços de utilidade pública, como água e
esgotos, energia elétrica etc.
- proteção de patentes: direito de produzir um bem;
- controle sobre o fornecimento de matérias primas chave: a empresa exerce controle da produ-
ção e fornecimento de uma, ou mais, matéria prima importante para a produção de outros bens;
- tradição no mercado: empresas com produtos tradicionais, isto é, há muito tempo no mercado,
com marcas fixadas pelos consumidores e associadas ao bem fornecido.
Uma categoria diferenciada de monopólio é o monopólio estatal ou institucional, protegido pela
legislação, normalmente em setores estratégicos ou de infra-estrutura.
Outras Estruturas de Mercado
Concorrência Monopolistística ou Concorrência Imperfeita
Trata-se de uma estrutura de mercado com as seguintes características principais:
- muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço;
- cada empresa produz um produto diferenciado, mas substitutos próximos;
- cada empresa tem certo poder sobre preços, dado que os produtos são diferenciados, e oconsu-
midor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência. Ou seja, a demanda é negativamente
inclinada (se bem que bastante elástica, sensível, porque tem substitutos próximos).
A diferenciação de produtos dá-se via:
- características físicas: composição química, potência (hp) etc.;
- embalagem;
- promoção de vendas: propaganda, atendimento, brindes;
- manutenção, assistência técnica;
- atendimento preferencial ao cliente.
Oligopólio
É um tipo de estrutura de mercado que pode ser definido de duas formas:
- oligopólio concentrado: pequeno número de empresas no setor;
- oligopólio competitivo: um pequeno número de empresas domina um setor com muitas
empresas.
Devido à existência de empresas dominantes, elas têm o poder de fixar preços de venda em seus
termos, defrontando-se normalmente com demandas relativamente inelásticas, em que os consumidores
têm baixo poder de reação a alterações de preços.
Formas de atuação das empresas oligopolistas
Podemos definir duas formas de atuação das empresas:
- concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções (forma de atuação pouco freqüente);
- formam cartéis (conluios, trustes).
Cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor, que determina a
política para todas as empresas do cartel. O cartel fixa preços e a repartição (cota) do mercado entre
empresas.
As cotas podem ser:
a) perfeitas (cotas perfeitas): todas as empresas têm a mesma participação. A administração do
cartel fixa um preço comum e divide igualmente o mercado, agindo como um bloco monopolista. É a
chamada "solução de monopólio";
b) imperfeitas (cartel imperfeito): existem empresas líderes (que têm maior tamanho ou custos
menores) e que fixam preços, ficando com a maior cota. As demais empresas concordam em seguir
os preços da líder.
O governo, por meio de leis antitrustes, não permite que a líder fixe um preço que seja muito baixo,
que poderia eliminar as demais empresas.
É o chamado Modelo de Liderança de Preços.
Modelo de mark-up
O mark-up é definido como:
Mark-up = Receita de Vendas - Custos Diretos de Produção
O conceito de custo direto, comumente utilizado em Contabilidade e Administração, é equivalente
ao conceito de custo variável médio.
O preço é calculado da seguinte forma:
p = m(1 + c)
onde,
p = preço do produto
c = custo unitário direto ou variável
m = taxa (%) de mark-up
Algumas Estruturas se Mercado Particulares
Monopsônio/Oligopsônio
É o monopólio/oligopólio na compra de fatores de produção. Por exemplo, a indústria
automobilística, na compra de auto-peças; a Companhia do Metrô, na compra de peças específicas etc.
Monopólio Bilateral
Trata-se do mercado em que um monopsonista, na compra de um insumo, defronta-se com um
monopolista na venda desse insumo. Ou seja, o único comprador defronta-se com o único vendedor do
insumo no mercado.
MACROECONOMIA
Fundamentos de Teoria e Política Macroeconômica
Introdução
A Macroeconomia trata da evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o
comportamento dos grandes agregados, como renda e produto nacionais, investimento, poupança e
consumo agregados, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros,
balanço de pagamentos e taxa de câmbio.
A Teoria Macroeconômica, propriamente dita, preocupa-se com questões conjunturais, de curto
prazo. São consideradas como questões de curto prazo o desemprego (entendido como a diferença entre
a produção efetivamente realizada e a produção potencial da economia, quando todos os recursos estejam
totalmente empregados) e inflação (aumento contínuo do nível geral de preços).
São consideradas questões estruturais problemas como desenvolvimento econômico, distribuição de
renda, globalização, progresso tecnológico, as quais, em geral, extrapolam a análise meramente
econômica, envolvendo questões políticas, históricas etc., que não são equacionadas no curto prazo.
A parte da teoria econômica que estuda o comportamento dos grandes agregados ao longo do
tempo (longo prazo), é denominada teoria do crescimento e desenvolvimento econômico que, de
maneira geral, preocupa-se com questões estruturais como progresso tecnológico, política industrial, que
envolvem políticas de longo prazo.
Metas de Política Macroeconômica
São as seguintes as metas de política macroeconômica:
a) pleno emprego de recursos;
b) estabilidade de preços;
c) distribuição de renda socialmente justa;
d) crescimento econômico.
As questões relativas ao emprego e à inflação são consideradas como conjunturais, de curto prazo,
constituindo-se nas chamadas políticas de estabilização.
Alguns textos colocam também como meta o equilíbrio no balanço de pagamentos, mas considera-
se que esse não é um objetivo em si mesmo, mas um meio, um instrumento para atingir as quatro metas
básicas acima citadas.
Alto Nível de Emprego
Pode-se dizer que a questão do desemprego, que eclodiu principalmente a partir dos anos 30, é que
permitiu um aprofundamento da análise da política econômica com o objetivo de fazer a economia
recuperar o nível de emprego potencial.
Muito importante foi a colaboração do economista inglês John Maynard Keynes, cujo livro A teoria
geral do emprego, do juro e da moeda (1936) representa um marco na história econômica.
Estabilidade de Preços
Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços.
A inflação acarreta distorções principalmente sobre a distribuição de renda, expectativas
empresariais, mercado de capitais e sobre o Balanço de Pagamentos.
Costuma-se aceitar que um pouco de inflação é inerente aos ajustes de uma sociedade dinâmica,
em crescimento. Efetivamente, a experiência histórica mostra que existem algumas condições
inflacionárias inerentes ao próprio processo de crescimento econômico. Isto porque a tentativa de os
países subdesenvolvidos alcançarem de forma rápida estágios mais avançados de desenvolvimento
econômico dificilmente se faz sem que também ocorram tensões de custos que levam a aumentos no nível
geral de preços.
Daí a necessidade de políticas econômicas que tenham por objetivo a estabilidade do
comportamento do nível geral de preços.
Distribuição Eqüitativa de Renda
Entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70, a economia brasileira apresentou um forte
crescimento. Porém, observou-se um aumento da disparidade entre as classes de renda.
Os críticos do chamado "milagre econômico" argumentam que piorou a concentração de renda no
país nos anos de 67 a 73, devido a uma política deliberada do governo (a chamada Teoria do Bolo):
primeiro crescer, para depois pensar em repartição de renda.
É curioso observar que, naquele período, ocorreu maior concentração de renda, mas a renda média
de todas as classes aumentou. O problema é que, embora o pobre tenha se tornado menos pobre, o rico
ficou relativamente mais rico. Houve um aumento geral do padrão de vida, com todos melhorando, mas
com os ricos melhorando mais.
Crescimento Econômico
Se existe desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional por meio de políti-
cas econômicas que estimulem a atividade produtiva. No entanto, feito isso, há um limite à quantidade que
se pode produzir com os recursos disponíveis. Aumentar o produto além desse limite exigirá:
- ou aumento nos recursos disponíveis;
- ou avanço tecnológico (ou seja, tecnologia mais avançada, novas maneiras de organizar a produ-
ção).
Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no crescimento da renda nacional
per capita, isto é, de que seja colocada à disposição da coletividade uma quantidade maior de mercadorias
e serviços que supere o crescimento populacional. A renda per capita é considerada o melhor indicador, o
mais operacional, para se aferir a melhoria do bem-estar, do padrão de vida da população, embora possa
apresentar falhas (os países árabes,por exemplo, estão entre os países com maiores rendas per capita,
mas não com o melhor padrão de vida do mundo).
O conceito de crescimento econômico capta apenas o crescimento da renda per capita. Um país
está realmente melhorando seu nível de desenvolvimento econômico e social se, juntamente com o
aumento da renda per capita, estiver também melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego,
meio ambiente, moradia, saúde etc.).
Inter-relações e conflitos de objetivos: dilemas de política econômica
Os objetivos não são independentes uns dos outros, podendo inclusive ser conflitantes. Atingir uma
meta pode ajudar a alcançar outras.
Por exemplo, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, uma vez que torna
possível abrandar conflitos sociais sobre a divisão da renda, se a renda aumentar. Nesse sentido, é
possível aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos.
Entretanto, particularmente em países em desenvolvimento, as metas de crescimento e eqüidade
distributiva têm se mostrado conflitantes, uma vez que muitos acreditam que o aumento do nível de
poupança (necessário para sustentar o investimento para aumento do desenvolvimento) seria mais
facilmente obtido por meio de uma distribuição desigual de renda - especificamente aumentando a parte
dos lucros e da poupança dos mais ricos na renda nacional (a já citada "Teoria do Bolo").
Outro conflito pode estabelecer-se entre as metas de redução de desemprego e estabilidade de pre-
ços. Por exemplo, se essa redução de desemprego é obtida pelo aumento das compras, isso pode
aumentar a inflação. O aumento das compras (por exemplo, de automóveis) reduz o desemprego porque
pessoas que estão desempregadas serão contratadas para trabalhar nas fábricas de automóveis; quando
as famílias compram mais casas, os operários da construção encontram trabalho com mais facilidade. No
entanto, à medida que a economia aproxima-se do pleno emprego de recursos, estes passam a escassear,
provocando um aumento dos custos de produção, e o aumento das compras tende a agravar a inflação,
porque é muito provável que os produtores repassem o aumento de custos de produção para os preços de
seus produtos. Isso só não ocorrerá se, ao mesmo tempo, estiver ocorrendo um significativo aumento de
produtividade que compense a elevação dos custos.
Desse modo, o administrador público (policy-maker) tem que fazer uma escolha quanto à ênfase a
ser dada a diferentes objetivos.
Cada combinação afeta diferentes grupos na sociedade de diferentes maneiras, e qualquer escolha
estará sujeita à objeção política pelos representantes dos grupos para os quais a escolha alternativa é pior.
Na maioria dos países, é geralmente possível prever a alternativa de política econômica a ser escolhida, a
partir do conhecimento prévio de que partido político deve assumir o poder.
Estrutura da Análise Macroeconômica
A Macroeconomia enfoca a Economia como se ela fosse constituída por uma parte real e uma parte
monetária, divididas em quatro mercados: o mercado de bens e serviços, o mercado de trabalho, o
mercado financeiro (monetário e de títulos) e o mercado cambial, conforme quadro 8.1.
MERCADOS VARIÁVEISDETERMINADAS
Parte Real
da Economia
Mercado de Bens e Serviços Produto Nacional
Nível Geral de Preços
Mercado de Trabalho Nível de Emprego
Salários Nominais
Parte Monetária
da Economia
Mercado Financeiro (Monetário e títulos) Taxa de Juros
Estoque de Moeda
Mercado de Divisas Taxa de Câmbio
- mercado de bens e serviços: quando se efetua uma agregação de todos os bens produzidos
pela economia durante certo período de tempo define-se o chamado produto nacional. Este produto
representa a agregação de todos os bens produzidos pela economia. Seu preço, que representa
uma média de todos os preços, é chamado de nível geral de preços;
- mercado de trabalho: também representa uma agregação de todos os tipos de trabalho
existentes na economia. Nesse mercado, determinamos a taxa salarial e o nível de emprego;
- mercado monetário: desenvolve-se a análise numa economia cujas trocas são efetuadas
utilizando-se sempre um elemento comum. Esse elemento comum é o que se conhece por moeda.
No mercado monetário determinam-se as taxas de juros e a quantidade de moeda necessária para
efetuar as transações econômicas.
- mercado de títulos: nas economias há agentes superavitários e agentes deficitários. Agentes
superavitários são aqueles que possuem um nível de renda superior a seus gastos e deficitários
aqueles que possuem um nível de gastos superior ao de renda. Existe um mercado no qual os
superavitários emprestam para os deficitários. Em qualquer economia há um elenco de títulos que
fazem essa função (títulos do governo, ações, debêntures, duplicatas etc.). Quando a
Macroeconomia agrega todos esses títulos e define algum título (tradicionalmente é representado
por algum título do governo), no mercado de títulos procura-se determinar o preço e a quantidade
de títulos.
- mercado financeiro: cuida da análise da taxa de juros que tanto é determinada no mercado
monetário como no mercado de títulos;
- mercado cambial: devido às transações que um país realiza com outros países, em função da
compra ou venda de mercadorias, serviços e transações financeiras, é necessário que os preços
dos diferentes países sejam comparados e sua moeda deve ser convertida na moeda dos outros. A
taxa de câmbio permite calcular a relação de troca, ou seja, o preço relativo entre diferentes
moedas, e essa função é observada no mercado cambial.
Instrumentos de Política Macroeconômica
A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (produção
agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir à economia operar a
pleno emprego, com baixas taxas de inflação e distribuição justa de renda. Os principais instrumentos são:
- política fiscal;
- política monetária;
- política cambial e comercial;
- política de rendas (controle de preços e salários).
Política Fiscal
Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (política
fiscal) e controle de suas despesas (política de gastos). Além da questão do nível de tributação, a
política tributária, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de impostos, é utilizada para estimular
(ou inibir) os gastos do setor privado em consumo e em investimento.
Se o objetivo da política for redução da inflação, as medidas fiscais normalmente utilizadas são a
diminuição de gastos públicos e/ou aumento da carga tributária (o que inibe o consumo e o investimento),
ou seja, visam a diminuir os gastos da coletividade.
Se o objetivo for maior crescimento e emprego, as medidas fiscais seriam no sentido inverso, para
elevar a demanda agregada.
Para uma política que visa a melhorar a distribuição de renda, esses instrumentos devem ser
utilizados de forma seletiva, em benefício dos grupos menos favorecidos. Por exemplo, impostos
progressivos, gastos do governo em regiões e setores mais atrasados etc.
Política Monetária
Refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros. Os
instrumentos disponíveis são:
- emissões;
- reservas compulsórias (percentual sobre depósitos que os bancos comerciais devem reter junto ao
Banco Central);
- open market (compra e venda de títulos públicos);
- redescontos (empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais);
- regulamentação sobre crédito e taxa de juros.
Se o objetivo do governo for o controle da inflação, a medida de política monetária seria diminuir
(enxugar) o estoque monetário da Economia, por exemplo, aumento da taxa de reserva compulsória, ou
venda de títulos no open market. Se a meta é o crescimento econômico, seria o inverso.
Política Cambial e Comercial
São políticas que atuam sobre variáveis relacionadas ao setor externo da economia.
A política cambial refere-seao controle do governo sobre a taxa de câmbio (câmbio fixo, flutuante,
etc.). A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou
estímulo/desestímulo às importações, sejam fiscais, creditícios, seja pelo estabelecimento de cotas etc.
Política de Rendas (Controle de Preços e Salários)
Os controles sobre preços e salários estão em categoria própria de política econômica. Essa
característica faz com que os agentes econômicos ficam limitados de poder colocar em prática aquilo que
fariam em resposta a influências econômicas do mercado.
No Brasil, esses controles são utilizados como política econômica de combate à inflação. Esses
controles também são chamados de "políticas de rendas", pois influem diretamente sobre as rendas
(salários, lucros, juros e aluguel).
Breve Retrospecto do Desenvolvimento da Macroeconomia
Por uma série de crenças, como "mão invisível", flexibilidade de preços e salários, bem como a Lei
de Say, pela qual "a oferta cria sua própria procura", os economistas clássicos (assim rotulados por
Keynes) acreditavam que o pleno emprego da economia estivesse garantido automaticamente. Era a
filosofia do liberalismo econômico, que acreditava que o mercado sozinho, sem intervenção do Estado,
levaria ao pleno emprego.
O desenvolvimento teórico da Macroeconomia tem seu grande despertar a partir da grande
depressão surgida nos Estados Unidos, decorrente da crise de 1929.
Em 1937, J.Hicks lança um artigo, que lança o aparato conhecido como IS/LM, que analisa o
comportamento do lado real da economia (IS), com o lado monetário (LM).
Surge, nos anos 50, a Curva de Phillips, que procura resolver a dicotomia entre uma economia a
pleno emprego e uma economia abaixo do pleno emprego, prevendo situações em que havia movimentos
conjuntos de preços e salários e produção e emprego, ou seja, um trade-off (relação inversa) entre taxas
de inflação e taxas de desemprego. Como existe uma relação direta entre nível de atividade (produção) e
nível de emprego, a Curva de Phillips corresponde a uma oferta agregada (que relaciona preços e
produtos) positivamente inclinada.
A Teoria Monetária ressurgiu a partir da segunda metade da década dos anos 50, liderada por Milton
Friedman, da Universidade de Chicago. Friedman teve uma importante função na ênfase ao papel das
expectativas inflacionárias (taxa de inflação esperada), sobre a produção e o emprego e com isso também
recuperou o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconômica, que fora neglicenciada pela ênfase
dada por Keynes à demanda agregada.
Durante as décadas de 70 e 80, surge a Escola da Expectativas Racionais, colocando em
evidência o fato de que os economistas deveriam dar maior atenção à maneira como os agentes
econômicos formam suas expectativas. Isso leva a desenvolver um apurado senso de se evitar que os
agentes econômicos sejam ludibriados com erros sistemáticos de previsão por parte dos economistas.
À luz de todos esses movimentos, vão-se configurando quatro escolas principais no pensamento
macroeconômico: a dos keynesianos, a dos neoclássicos, a dos novos clássicos e a dos pós-keynesianos.
De maneira geral, os neoclássicos, como os novos clássicos, são denominados de monetaristas.
CONTABILIDADE SOCIAL
Introdução
Após a Grande Depressão dos anos 30, evidenciou-se a necessidade da intervenção do governo
para recuperar o nível de atividade e de emprego. Foi necessário o desenvolvimento da chamada
Contabilidade Social ou Contabilidade Nacional, ou seja, um instrumental que permitisse mensurar a
totalidade das atividades econômicas. Os que mais se popularizaram foram o Sistema de Contas
Nacionais e Matriz Insumo-Produto.
Pressupostos básicos da Contabilidade Social
a) as contas procuram medira produção corrente. Não são considerados bens de segunda mão
produzidos em período anterior. Nas transações com esses bens, só se considera como parte da
renda nacional a remuneração do vendedor (que é a remuneração a um serviço corrente, o que
independe do produto ser novo ou de segunda mão) e não o valor da mercadoria vendida.
b) as contas referem-se a um fluxo, normalmente de um ano. Os agregados correspondem a variá-
veis fluxo, cujos valores são considerados ao longo de um período, isto é, têm dimensão temporal.
Exemplo: Valor das Exportações em 1999, Consumo Agregado em 1999, Produto Nacional em
1999. Elas diferem das chamadas variáveis estoque, que se referem a valores tomados em
determinado ponto do tempo. Exemplo: o nível de emprego, o saldo dos meios de pagamentos, ao
final de um dado mês ou ano.
A Contabilidade Social só trabalha com fluxos, não apresentando um balanço patrimonial, de esto-
ques, como aparece na Contabilidade privada.
c) a moeda é neutra, no sentido de que é considerada apenas como unidade de medida (padrão
para agregação de bens e serviços fisicamente diferentes) e instrumento de trocas. A moeda tem o
papel de servir de padrão para a agregação de bens e serviços. A Contabilidade Social não se
preocupa com o registro dos chamados agregados monetários, como meios de pagamentos (oferta
de moeda), empréstimos, depósitos, open market, aplicações financeiras etc., mas apenas com os
agregados reais, que representam diretamente alterações da produção e da renda.
Principais Agregados Macroeconômicos - O Fluxo Circular da Renda
O chamado fluxo circular da renda, objetivo do estudo da Macroeconomia, é a formação e a distri-
buição de produto e renda gerados pela atividade econômica.
A partir do fluxo circular de renda, estabelecemos os conceitos dos principais agregados
macroeconômicos. Para tanto, começamos supondo uma economia simplificada, fechada e sem governo.
Economia a Dois Setores sem Formação de Capital
Nessa economia simplificada, supõe-se que os agentes são as empresas (que produzem bens e
serviços) e as famílias (que auferem rendimentos pela prestação de serviços). Todas as decisões partem
das famílias. As empresas que são propriedade de seus acionistas (que pertencem ao setor família) são
abstrações jurídicas, representando o local onde se organiza a produção.
Suporemos uma economia estacionária, que não se expande. Isso corresponde a supor que não
existe o setor de formação de capital (poupança, investimentos e depreciação). Não consideraremos, por
enquanto, os setores governo e resto do mundo.
Os bens intermediários, como matérias primas, componentes, energia, são insumos que entram no
processamento de outros bens, ou seja, são transações de empresas a empresas, que se compensam na
agregação das unidades produtoras.
Só consideraremos os bens finais e os custos de produção das empresas, no sistema agregado, não
incluindo o custo dos insumos intermediários. O fluxo circular de renda, para uma economia a dois setores,
ilustra-se na Figura 9.1.
O fluxo monetário representa a contrapartida pelo fluxo real, isto é, pelo fornecimento de bens e
serviços, e serviços dos fatores de produção.
A remuneração dos fatores de produção constitui-se de quatro itens: salários (w, do inglês wages),
juros (j), aluguéis (a) e lucros (l).
Salário = remuneração dos serviços do fator trabalho.
Aluguel = remuneração dos serviços do fator terra (ou Recursos Naturais), também chamado
simplesmente renda.
Lucro = remuneração dos serviços do fator capital físico (prédio e instalações). O lucro também
pode ser entendido como remuneração da capacidade gerencial, isto é, a rentabilidade dos empresários
pela organização produtiva da empresa.
Juro = remuneração dos serviços do fator capital monetário. Mais precisamente, os juros são a
renda do capital monetário aplicado na produção, pagos pelas empresas aos capitalistas privados. Os
juros pagos pelas empresas aos bancos não são considerados remuneração a fator de produção, mas
pagamentos de um serviço intermediário, semelhante à luz, água etc. Isto é, anulam-se na consolidação
das contas agregadas das empresas.Pelo ângulo das famílias, proprietárias dos fatores de produção, trata-se de rendimentos; pelo
ângulo das empresas, representam custos de produção.
Fica claro que, na Contabilidade Social, os custos de produção são o pagamento aos fatores de
produção, na forma de salários, juros, aluguéis e lucros, e não incluem o pagamento a insumos
intermediários como matérias primas, peças, energia elétrica etc., que são pagamentos de empresas a
empresas, que acabam se anulando no agregado.
Tem-se, então, um fluxo circular, no sentido de que a moeda gira pelo circuito, criando renda: firmas
recebem das famílias pela venda de bens e serviços produtivos; firmas remuneram as famílias; famílias
compram das firmas etc., ou seja, o produto gera renda, que gera consumo, que gera produto, que gera
renda etc.
Papel do lucro
Notamos que o lucro também é considerado como custo de produção (remuneração aos "donos das
empresas", que fazem parte do setor "família"). O economista vê o lucro como um custo de produção para
as empresas. Isso estabelece uma diferença entre lucro contábil e lucro econômico. Como o lucro também
é um custo, ele é incluído na "parte inferior" do fluxo (fluxo de rendimentos). Portanto, a parte superior
torna-se igual à parte inferior do fluxo, significando que:
fluxo de rendimentos = fluxo de produção
Exemplo: suponhamos vendas = $ 1.000.000; custos = $ 650.000; lucro = vendas - custos = $
350.000.
Como lucro é também considerado custo, temos que: vendas = custos = $1.000.000.
Três óticas de mensuração: produto, despesa e renda
O fluxo do produto e o fluxo de rendimentos propiciam três óticas pelas quais pode ser medida a
atividade econômica e que chegam ao mesmo resultado numérico. A partir delas, podemos definir os
conceitos de Produto Nacional, Despesa Nacional e Renda Nacional.
Conceito de Produto Nacional (PN)
O Produto Nacional é o valor de todos os bens e serviços finais produzidos em determinado período
de tempo.
Valor: os preços permitem agregar bens diferentes (produção de maçãs, com fogões, com serviços de
transporte etc.). Assim, o PN é avaliado em termos monetários, e a moeda é a unidade padrão de
agregação.
Bens e serviços finais: não se consideram os bens e serviços intermediários, como matérias-primas e
componentes, que entraram na elaboração de outros produtos. Os bens intermediários e bens finais
dependem de sua utilização. Tudo que é vendido diretamente a famílias, governo e setor externo é
considerado um bem final. Nesse sentido, a reposição de peças ou a exportação de matérias-primas
também são consideradas como bens finais. Também são bens finais as matérias-primas que
permaneceram em estoque, já que não foram utilizadas na elaboração de outros produtos no período. Isso
evita dupla contagem como, por exemplo, somar como produto nacional o trigo, a farinha e o pão ao
mesmo tempo.
Período de tempo: é um fluxo, definido em dado período de tempo (mês, ano).
Portanto,
viagensmetrôbilhetefogõessacas
1
qpqq ⋅++⋅++⋅==
••••••
=
? fogãocafésacasin
i
i ppqpPN
setor primário setor secundáriosetor terciário
(agricultura, (indústria, (serviços, comércio,
pecuária, extração transportes,
pesca, mineral comunicações
extração vegetal)
sendo i = 1, 2, 3, ..., n bens e serviços finais.
Conceito de Despesa Nacional (DN)
O Produto Nacional é uma medida do fluxo de produção, ou seja, pela ótica da produção de bens e
serviços das empresas. Mas o Produto Nacional também pode ser medido pela ótica das despesas
realizadas pelos agentes de despesa, ou seja, consumidores, empresas, governo e estrangeiros.
Nesse caso, é também chamado Despesa Nacional (DN), que é a despesa com o produto nacional.
Assim, a DN é o valor das despesas dos vários agentes na compra de bens e serviços finais. No
modelo simplificado:
DN = Despesas de consumo (C)
Considerando os demais agentes, a Despesa Nacional é a soma das despesas das famílias com
bens de consumo, despesas com investimentos das empresas, gastos do governo e gastos do setor
externo com o Produto Nacional.
Portanto, temos até agora duas formas para aferir o valor do Produto Nacional, ambas a partir do
fluxo de produção (mercado de bens e serviços).
- a partir de quem vende o produto ("por ramo de origem"), que é o Produto Nacional propriamente
dito;
- a partir dos agentes de despesa ("por ramo de destino"), que é a Despesa Nacional.
Conceito de Renda Nacional (RN)
Existe, ainda, uma terceira ótica que também possibilita medir a atividade econômica total do país,
que é a Renda Nacional.
A Renda Nacional é a soma dos rendimentos pagos às famílias, que são proprietárias dos fatores de
produção, pela utilização de seus serviços produtivos, em determinado período de tempo.
Renda Nacional = salários (w) + juros (j) + aluguéis (a) + lucros (l)
RN = w + j + a + l
Portanto, a medida é feita pelo fluxo de rendimento (mercado de fatores de produção), na parte
inferior do diagrama anterior. O conceito de RN mostra como a renda é distribuída ente os proprietários
dos fatores de produção (que pertencem ao setor "famílias").
Identidade básica das contas nacionais: PN = DN = RN
As óticas que nortearam o raciocínio são conceitualmente diferentes, mas chegam ao mesmo valor
numérico, fazendo com que PN = DN = RN.
Neste modelo simplificado não existem estoques, ou seja, a empresa vende tudo o que produz.
Então, Produção (PM =Vendas (DN).
Como no agregado são excluídas as compras de bens intermediários, a empresa gasta com
pagamentos a fatores de produção tudo o que recebe pela venda de bens e serviços (PN = DN), que são
os salários, juros, aluguéis e lucros. Como os gastos das empresas com fatores de produção é a própria
Renda Nacional, segue que: PN = DN = RN.
Mesmo removendo as hipóteses simplificadoras que fizemos, tal identidade básica mantém-se com
o modelo completo.
Conceito de Valor Adicionado
Por problemas de medição, costuma-se, na prática, medir o PN pelo valor adicionado (ou valor
agregado) por setor. Consiste em calcular o que cada ramo de atividade adicionou no valor de produto
final, em cada etapa do processo produtivo.
Valor adicionado = Valor Bruto de Produção - Consumo de Produtos Intermediários (matérias-
primas e componentes)
O Valor Bruto de Produção (VBP) é o faturamento, a receita de vendas, de cada setor produtivo.
Retirando da receita de vendas os gastos com a compra de bens intermediários, o que sobra é a
remuneração dos fatores de produção de cada setor, mas o valor total, isto é, sem discriminar quanto foi
pago em salários, ou juros, ou aluguéis, ou lucros.
O conceito de Valor Adicionado é uma forma alternativa e a mais operacional para medir o produto e
a renda nacional do que diretamente pela soma de produtos finais, já que a conceituação de bem final não
é muito simples, pois depende do uso que se fará posteriormente, sendo difícil aferi-lo a partir do
fabricante. Por exemplo, a gasolina vendida nos postos pode ser utilizada tanto como bem final para o
consumidor, como bem intermediário para uma empresa. Ademais, parte das matérias-primas e
componentes pode não ser utilizada no período, ficando como estoque. Os estoques poderão ser
considerados então como produto final, pois não foram utilizados como produtos intermediários dentro do
período.
Exemplo:
 Trigo Farinha Pão .
a) Receita de Vendas (VBP) 100.000 400.000 1.000.000 → PN = DN = 1.000.000
b) Compras Intermediárias 0 100.000 400.000
Valor adicionado (a - b) 100.000 + 300.000 + 600.000 = 1.000.000 = RN
renda paga renda paga renda paga
pelo setor de pelo setor de pelo setor de
trigo aos farinha aos panificação aos
fatores de fatores de fatores de
produção produção produção
(VA trigo) (VA farinha) (VA pão)
Portanto: PN = DN = RN = VA = $ 1.000.000
Economia a Dois Setores, com Formação de Capital
Até agora, supusemos que:
- asfamílias apenas consomem;
- as firmas só produzem bens que são constituídos pelas famílias (bens de consumo).
Trata-se de uma economia em estado estacionário, em que apenas se reproduzem ano a ano as
condições de sobrevivência.
Entretanto, as famílias também poupam, e as empresas também produzem e investem em bens de
capital. Ou seja, as famílias e empresas preocupam-se também com o consumo futuro (e não só com o
consumo corrente). Com isso, o fluxo de renda pode ampliar-se, ou diminuir, não permanecendo
estacionado.
Conceito de Poupança (S)
Poupança é a parcela da RN não consumida no período, isto é, da renda gerada (salários, juros,
aluguéis e lucros), parte que não é gasta em bens de consumo.
S = RN - C, onde C= Consumo Agregado
sendo S a notação internacional derivada do inglês Saving
Conceito de Investimento (l)
O Produto Nacional é composto por dois tipos de bens:
a) bens de consumo: consumidos como um fim em si mesmos;
b) bens de investimento: não são consumidos, fazendo parte da produção, e têm como objetivo
aumentar a riqueza da nação, isto é, sua capacidade produtiva.
Nesta linha podemos definir investimento de duas formas:
- investimento é o gasto em bens que representam aumento da capacidade produtiva da economia,
isto é, da capacidade de gerar rendas futuras.
É também chamado de Taxa de Acumulação de Capital;
- investimento é o gasto em bens produzidos, que não foram consumidos no próprio período e que
serão utilizados para consumo futuro, ou seja: l = PN - C.
Os bens produzidos e não consumidos no período são
(lbk)CapitaldeBensemtoInvestimen
imóveis;.2
os;equipamentemáquinas.1
→
??
?
3. variação de estoques (produtos acabados e intermediários) → ∆E
Portanto, os componentes do investimento são: l = Ibk + E.
O investimento no Brasil é chamado de Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF). A distinção entre
bens de capital e estoques é necessária, dado que as variações de estoques podem não ser deliberadas,
dependendo das oscilações de mercado, enquanto o investimento em bens de capital já é planejado ou
deliberado.
Conceito de Depreciação (d)
A depreciação é o consumo do estoque de capital físico, em dado período. Ou seja, o bem de
capital também é consumido, no sentido de que sofre um desgaste, só que, diferentemente dos bens de
consumo, em parcelas, até que vire sucata, ou se torne obsoleto. Também chamada de Investimento de
Reposição.
No entanto, a depreciação é um conceito complicado para ser medido, porque máquinas e
equipamentos têm diferentes tipos e tempo de duração.
Conceitos de investimento bruto e líquido, produto nacional bruto e líquido
O investimento líquido, chamado também de formação líquida ou acumulação líquida de
capital, é a diferença entre os novos investimentos (investimentos brutos Ib) e a depreciação do estoque
de capital, num dado período: IL = IB - d
O investimento bruto é sempre positivo, mas o investimento líquido pode ser negativo, se a taxa de
depreciação superar os novos investimentos em determinado ano.
O conceito de depreciação permite fazer uma primeira diferenciação no conceito de Produto
Nacional, que pode ser definido em termos brutos ou líquidos, assim: PNL = PNB - d, sendo PNL o
Produto Nacional Líquido e PNB, o Produto Nacional Bruto. Ou seja, pode-se considerar no produto
apenas o aumento da capacidade produtiva, em termos brutos, ou considerar seu desgaste (depreciação),
em termos líquidos.
Economia a Três Setores: O Setor Público
O setor público refere-se às três esferas de governo: União, Estados e Municípios, e inclui as transa-
ções realizadas pelos respectivos Tesouros. Não inclui as operações do Banco Central (depósitos e
empréstimos) e mesmo a taxa de juros e a taxa de câmbio, que são consideradas à parte, dentro do
Sistema Monetário.
Receita fiscal do governo
A arrecadação fiscal do governo constitui-se das seguintes receitas:
- impostos indiretos (Ti): incidem sobre bens e serviços. Exemplos: ICMS, IPI;
- impostos diretos (Td): incidem sobre as pessoas físicas e jurídicas. Exemplos: Imposto de
Renda, IPTU;
- contribuições à Previdência Social: encargos trabalhistas recolhidos de empregados e empre-
gadores;
- outras receitas do governo: taxas (por exemplo: pedágios), multas, aluguéis etc.
Gastos do Governo
Nas Contas Nacionais, são considerados três tipos de gastos governamentais:
1. Gastos dos ministérios, secretarias e autarquias, cujas receitas provém de dotações orçamen-
tárias. São os gastos do governo propriamente ditos, que aparecem nas Contas Nacionais e na
Teoria Macroeconômica. Como os serviços do governo (bens públicos, como justiça, segurança,
diplomacia, planejamento) não têm preço de venda, o produto gerado pelo governo é medido por
suas despesas correntes ou de custeio (salários, compras e materiais), para a manutenção da
máquina administrativa, e despesas de capital (aquisição de equipamentos, construção de
estradas, hospitais, escolas, prisões).
2. Gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: como suas receitas provêm
da venda de bens e serviços no mercado, atuando como empresas privadas, são consideradas, nas
Contas Nacionais, dentro do Setor de Produção (junto com as empresas privadas). Exemplos: Cesp,
Petrobrás etc. Isto porque as Contas Nacionais consideram o tipo de atividade econômica, e não a
propriedade da empresa.
3. Gastos com transferências e subsídios: considerados nas Contas Nacionais como
transferências. Representam apenas uma transferência financeira do setor público para o setor
privado, não tendo correspondência com a renda corrente (não são uma forma de remuneração a
fator de produção). São os pagamentos a aposentados, a ex-pracinhas, bolsas de estudos às
famílias, além dos subsídios ao setor privado, com o objetivo de baratear o preço de algum produto
básico, por exemplo: o trigo, leite, ao consumidor final.
Se os gastos superarem a arrecadação, temos o conceito de déficit primário ou fiscal; se a
arrecadação superar os gastos públicos, temos um superávit primário ou fiscal.
Se incluirmos os juros reais sobre o estoque da dívida pública (interna e externa), temos o conceito
de déficit operacional do setor público. Se considerarmos os juros nominais (ou seja, se adicionarmos a
correção monetária e cambial da dívida passada), temos o conceito mais amplo de déficit nominal ou
total.
Conceitos de Produto Nacional a preços de mercado e Produto Nacional a custo de fatores
Há uma segunda distinção no conceito de Produto Nacional: PN a preços de mercado e PN a custos
de fatores:
- PN a preços de mercado (PNpm): é o produto medido a partir dos valores transacionados no
mercado (ou seja, medido pelo preço pago pelo consumidor final);
- PN a custo de fatores (PNcf): PN medido a partir dos valores que refletem os custos de
produção, a remuneração aos fatores (w + j + a + l). É um preço de fábrica, antes dos impostos, e
não considerando preços dos insumos intermediários. Como é medido pela ótica dos rendimentos,
rigorosamente é a Renda Nacional a custo de fatores (RNcf).
A diferença entre ambos está nos impostos indiretos (Ti) e nos subsídios (Sub), isto é:
PNpm = RNcf + Ti - Sub
Nesta diferenciação, consideramos apenas os impostos indiretos (Ti), uma vez que os impostos
diretos (Td) serão descontados dos proprietários dos fatores de produção (e não pelas empresas), após
receberem a remuneração. Os impostos diretos não são encargos das empresas, mas das famílias, e nada
disso têm a ver com a diferença entre os custos dos fatores e preços praticados no mercado.
Conceito de carga tributária bruta e carga tributária líquida
A carga tributária bruta refere-se ao total da arrecadação fiscal do governo, que corresponde à
soma dos impostos diretos e indiretos e outras receitas correntes. A carga tributária líquida é a diferença
entre a carga tributária bruta e as transferências e subsídiosao setor privado.
A partir desses conceitos pode-se construir índices de carga tributária bruta e líquida, em relação ao
Produto Interno Bruto (PIB).
índice de Carga Tributária Bruta =
100
PIBpm
DiretosImpostosIndiretosImpostos
⋅
+
índice de Carga Tributária Líquida =
100
PIBpm
privadoSetoraoGovernodobsídiosSu'eciasTransferên-DiretosImpostosIndiretosImpostos
⋅
+
Economia a Quatro Setores: O Setor Externo
Neste capítulo serão consideradas as variáveis relativas a uma economia "aberta" para o resto do
mundo.
Conceitos de exportações (X) e importações (M)
- exportações (X): são as compras, pelos estrangeiros, de nossos bens e serviços; ou seja, os
gastos do setor externo com nossas empresas;
- importações (M): são nossas compras com bens do exterior, quanto gastamos com o resto do
mundo, parte da renda gerada no país que "vaza" para fora.
Conceito de Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE), Produto Nacional Bruto (PNB) e Produto
Interno Bruto (PIB)
Precisamos incluir, nas Contas Nacionais, a renda recebida da atividade de nossas empresas no
estrangeiro; da mesma forma, para termos uma idéia do que efetivamente nos pertence, devemos excluir a
renda remetida às matrizes das multinacionais aqui localizadas. Isso leva aos conceitos de PNB e PIB (ou
RNB e RIB).
- Produto Interno Bruto (PIB): é a renda devida à produção dentro dos limites territoriais do país.
- Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE): é a remuneração dos ativos pertencentes a
estrangeiros. Divide-se em:
- Renda Enviada ao Exterior (RE): parte do que foi produzido internamente não pertence aos
nacionais, principalmente o capital e a tecnologia. A remuneração desses fatores vai para fora do
país, na forma de remessa de lucros, royalties, juros, assistência técnica.
- Renda Recebida do Exterior (RR): recebemos renda devido à produção de nossas empresas
operando no exterior.
Assim, RLFE = RR - RE.
Com base no PIB e na RLFE, temos o conceito de:
- Produto Nacional Bruto (PNB): renda que pertence efetivamente aos nacionais, incluindo a
renda recebida de nossas empresas no exterior, e excluindo a renda enviada para o exterior pelas
empresas estrangeiras localizadas no Brasil. Portanto: PNB= PIB + RLFE.
Se: RE > RR ? RLFE < 0 ? PNB < PIB RE < RR ? RLFE > 0 ? PNB > PIB
O Brasil, bem como a quase totalidade dos países emergentes, inclui-se no primeiro caso, em que o
PIB supera o PNB, devido às altas remessas de juros, a lucros e royalties aos estrangeiros. Aqui, como a
RLFE é negativa, ela é chamada de Renda Líquida Enviada ao Exterior.
A RLFE não deve ser confundida com a diferença entre Exportações (X) e Importações (M). Os
lucros recebidos pela Petrobrás do exterior não representam importações; a remessa de lucros da Fiat não
constitui exportações. A RLFE representa parte da renda gerada por essas empresas, e não suas vendas
ou compras.
A fórmula final da Despesa Nacional (DN)
Apresentados os agregados macroeconômicos correspondentes aos quatro setores (família, empre-
sas, governo e setor externo), pode-se apresentar a fórmula final da Despesa Nacional:
DN = C + I + G + X - M
onde, C é a despesa das famílias com bens de consumo; I é a despesa com bens de capital e a
variação de estoques; G são os gastos de governo; X referem-se às exportações; M referem-se às
importações (sendo que a diferença X - M corresponde às despesas líquidas do setor externo).
O conceito de despesa agregada, assim como o produto, é apresentado a preços de mercado, já
que são valores finais. Como no Brasil utiliza-se mais o conceito de Despesa Interna e não o de Despesa
Nacional, e não é calculada a depreciação (com o que são utilizados os conceitos agregados em termos
brutos), tem-se, então:
DIBpm = C+I+G+X-M
Fluxo Circular de Renda para uma Economia a Quatro Setores
O processo de formação de renda, considerando os quatro agentes macroeconômicos, pode ser
sintetizado no diagrama a seguir:
Vale lembrar que o Sistema de Contas Nacionais refere-se às variáveis reais, isto é, que
representam alterações no produto real da economia.
Não estão explicadas as transações que envolvem o Sistema Financeiro (depósitos, empréstimos,
ações etc.), que têm como principal função captar recursos dos poupadores para transferi-los aos
investidores. Como já vimos, as transações relativas ao setor financeiro são detalhadas à parte do Sistema
de Contas Nacionais.
Exercício Sobre Contas Nacionais
Dados, em bilhões de reais:
salários pagos às famílias (w) 300
juros, aluguéis e lucros pagos (j + a + I) 450
depreciação de ativos fixos (d) 25
impostos indiretos (Ti) 100
impostos diretos (Td) 88
subsídios do governo a empresas privadas (Sub) 10
outras receitas correntes do governo (ORec) 20
renda enviada ao exterior (RE) 7
renda recebida do exterior (RR) 2
pagamentos de aposentadoria (Tr) 40
e sabendo-se que os valores dos salários, juros, aluguéis e lucros são brutos, no sentido de que
ainda não foram descontados os impostos diretos, a depreciação e a renda enviada do exterior, e
não incluída a renda recebida do exterior, pede-se:
a) A Renda Interna Bruta a custo de fatores (RIBcf)
b) A Renda Interna Líquida a custo de fatores (RILcf)
c) A Renda Nacional Líquida a custo de fatores (RNLcf)
d) O Produto Nacional Bruto a preços de mercado (PNBpm)
e) O Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm)
f) O índice de Carga Tributária Bruta
g) O índice de Carga Tributária Líquida
Resoluções:
a) Como os salários, juros, aluguéis e lucros estão em termos brutos, a soma desses itens já é a
própria RIBcf. Portanto: RIBcf = w + j + a + l = 300 + 450 = 750
b) RILcf = RIBcf - depreciação = RIBcf - d = 750 - 25 = 725
c) RNLcf= RILcf+ Renda Líquida de Fatores Externos = RILcf+RR-RE= RNLcf= 725 + 2 – 7 = 720
d) PNBpm = RNLcf + depreciação + Impostos Indiretos – Subsídios = RNLcf + d + Ti – Sub =
PNBpm = 720 + 25 + 100 – 10 = 835
e) PIBpm = PNBpm - RLFE = 835 - (2 - 7) = 840
f) ICTB = %38,22100
840
88100
100
PIBpm
TdTi
=⋅
+
=⋅
+
ICTB
g) ICTL = %43,16100
840
104088100
100
PIBpm
Sub-TrTdTi
=⋅
−−+
=⋅
++
ICTL
Valores Reais e Nominais
Vimos que PN =?n
i
iiqp . Então, dados, por exemplo: PIB94 = R$ 349.204,7 milhões; PIB95 = R$
646.191,5 milhões, isso não significa que a economia brasileira cresceu quase 75% nesse período, já que
está incluído nesse cálculo o crescimento dos preços pi (além do crescimento do produto qi). Isso leva à
distinção entre os conceitos de Produto Nacional Monetário (Nominal) e Real.
PN Nominal (ou PN Monetário): PN a preços correntes do ano.
PN1999 = ? ⋅n
i
1999
i
1999
i qp - produto de 1999, avaliado a preços de 1999;
? ⋅= n
i
2000
i
2000
i2000 qpPN - produto de 2000, avaliado a preços de 2000;
? ⋅= n
i
2001
i
2001
i2001 qpPN - produto de 2001, avaliado a preços de 2001
PN Real (ou PN deflacionado): PN a preços constantes de determinado ano (chamado ano-base).
??
??
?
⋅?=
⋅?=
⋅?=
20011990
2001REAL
20001990
2000REAL
19991990
1999REAL
qpPN
qpPN
qpPN
No exemplo, consideramos 1990 como ano-base, mas qualquer ano da série pode ser o ano-base,
ou ano cujos preços supomos permanecerem nos demais anos. Assim, a série do PN real supõe taxa de
inflação nula. Evidentemente, apenas instituições de pesquisa como o IBGE têm condições de calcular o
PIB real a partir da soma de preços e quantidades de milhares de bens e serviços transacionados a cada
ano. No entanto, há uma forma mais operacional de determinar o PN real, a partir do PN nominal. Essa
passagem é conhecida como deflação ou deflacionamento, e é aplicável para qualquer série monetária,
como faturamento da empresa, salários, impostos, depósitos etc.
100
preçosdeÍndice
nominalPN
PNreal ⋅=
Com esse procedimento, estamos eliminando a influência dos preços, da seguinte forma:Q
P
QP
preçosdeÍndice
nominalPN
PNreal ≅/
⋅/
≅= , sendo: P = Índice de preços; Q = Índice de quantidade.
Assim, para sabermos qual o crescimento real da economia entre 1990 e 2000, fazemos, (Tabela
9.1):
os preços permaneceram constantes em 1990, ou seja, a taxa de
inflação é suposta igual a zero, enquanto as quantidades varia-
ram, nos três anos. Com isso, teremos apenas o crescimento real
entre anos (taxa de crescimento do produto real).
O procedimento da deflação é o mesmo para as demais séries monetárias, agregadas ou não.
Porém, cada série exige um deflator diferente.
Identidades Básicas da Contabilidade Social
Vejamos algumas identidades básicas da Contabilidade Social, úteis para a análise econômica.
a) Produto = Despesa = Renda PIB = DIB = RIB.
b) DIB = C + I + G + X - M (ótica da despesa) - Mostra como se distribuem os gastos pelos quatro
agentes de despesas (consumidores, empresas, governo e estrangeiros). Essa identidade já está
corrigida pelas importações, conforme já mostrado.
c) RIB = C + S + T (ótica da renda) - Mostra como a renda gerada é utilizada pelas famílias. Da
renda que recebem (na forma de salários, juros, aluguéis e lucros), ou consomem (C), ou poupam
(S), ou pagam impostos (T). Observe-se que no consumo C estão incluídas as importações M.
d) Substituindo as expressões b e c em a, vem: I + G + X = S + T + M, que pode ser rearranjada
assim: I = S +(T - G) + (M - X),
onde: S = poupança privada; T - G = saldo do governo (o saldo do governo + a poupança privada
constituem a poupança interna); M - X = saldo do setor externo (representa a poupança externa);
ou lglobal = Sglobal
Observe-se que quando as importações (M) superam as exportações (X), temos uma poupança
externa positiva. Quando X > M temos uma poupança externa negativa. Deve-se entender esse
ponto distinguindo-se transferência de recursos reais e transferência de recursos financeiros.
Do ponto de vista real, as exportações representam parte de nosso produto real que foi para o
exterior; as importações significam entrada de recursos reais (máquinas etc.). Nesse sentido, as
importações representam aumento de nossa capacidade de produção (a economia nacional
absorveu uma massa de recursos reais do exterior para complementar o financiamento da formação
de capital e aumentar a disponibilidade de bens de consumo do país). Do ponto de vista financeiro,
as exportações representam uma entrada de divisas para o país, um aumento de nossas reservas,
enquanto as importações significam saída de divisas.
Assim sendo, o conceito de poupança externa da Contabilidade Social é considerado em termos
reais, não financeiros.
e) Fórmula final do PIB e DIB: PIB = C + I + G + X - M
Acerca dessa fórmula cabem duas observações:
1. Na Contabilidade Social, essa fórmula representa uma identidade contábil. Na Teoria
Macroeconômica, veremos que ela representa uma posição de equilíbrio entre a oferta e a demanda
agregada de bens e serviços.
2. Se rearranjarmos a expressão acima como: PIB + M= C + I + G + X, o termo PIB + M também é
chamado de oferta global, representando todos os bens disponíveis para a coletividade, inclusive
os importados, que estão embutidos em C, l, G e X.
f) A partir da fórmula do PIB, do item e: PIB = C+ I + G + X - M, podemos chamar C + I + G = E de
absorção interna de bens e serviços, ou despesa doméstica com o PIB, e X - M de despesa
líquida externa com o PIB. Assim,
PIB =(C + I + G) + X - M
PIB = E + X - M
PIB - E = X - M
Dessa forma, se PIB > E, significa X > M, ou seja, a produção interna (PIB) superou a despesa
doméstica (E), gerando um superávit comercial no setor externo.
Por outro lado, significa que, para gerar mais divisas, pode-se lançar mão de políticas que restrinjam
a demanda doméstica (E) (por exemplo: controle salarial, política de contenção de gastos públicos,
aumento de carga tributária e política restritiva como crédito limitado, juros elevados) o que força as
empresas a destinar parcela da produção interna para o exterior.
Comparações Internacionais: O Conceito de Dólar PPP
O dólar americano é usado como parâmetro nas comparações internacionais. Entretanto, o PIB em
dólares correntes sofre influência da política cambial de cada país, e normalmente não reflete o real poder
de compra do dólar. Assim, uma desvalorização cambial, por exemplo, reduz o PIB em dólares de uma
hora para outra, não significando que o país ficou repentinamente mais pobre. Por exemplo, o Brasil, com
um PIB aproximado de 900 bilhões de reais, no início de janeiro, equivaleria a cerca de 750 bilhões de
dólares (1 dólar valendo 1,20 reais). Com a desvalorização do real (o dólar passou a valer de um dia para
o outro cerca de 1,70 reais), o PIB em dólares caiu para cerca de 530 bilhões de dólares.
Para sanar esse problema utiliza-se, para comparações internacionais, o conceito de dólar PPP
(Purchasing Power Parity ou Paridade do Poder de Compra), que toma como referência o valor do dólar
nos Estados Unidos. Isto é, considera-se uma cesta de produtos consumidos em todo o mundo, aos
preços desses produtos nos Estados Unidos. Assim:
CHINA
U$
USA
ppp
CHINA
BRASIL
U$
USA
ppp
BRASIL
USA
U$
USA
ppp
USA
q x PIB
q x PIB
q x pPIB
?=
?=
?=
Esse procedimento compensa as diferenças de poder de compra entre os diferentes países,
tomando como base os preços dos Estados Unidos.
Produto Nacional Como Medida do Padrão de Bem-Estar
De maneira geral, a medida do produto nacional procura captar alterações de bem-estar. Porém,
isso é praticamente impossível, porque bem-estar é um conceito mais amplo, que envolve questões como
paz, igualdade de oportunidades, não-violência urbana, bem como as condições de saúde, educação,
distribuição de renda etc. Portanto, devemos diferenciar o conceito de Bem-Estar Social (mais amplo) de
Bem-Estar Econômico, medido pelo Produto Nacional do país, que é avaliado no mercado, tem um preço
de mercado. O Produto Nacional mede essencialmente o bem-estar no sentido econômico.
O indicador mais utilizado para avaliar o bem-estar do ponto de vista social é o índice de Desenvol-
vimento Humano (IDH), divulgado periodicamente pelas Nações Unidas. Trata-se de um índice calculado
a partir de uma média de indicadores sociais (taxa de alfabetização, nível de escolaridade e expectativa de
vida) e econômicos (PIB real per capita).
- índice da esperança de vida: esperança de vida ao nascer (anos);
- índice da educação:
- taxa de alfabetização de adultos (dois terços do índice);
- taxa de escolaridade bruta conjunta do 1°, 2° e 3° graus (um terço do índice);
- índice do PIB: PIB real per capita. em dólares PPP (dólares ajustados pelo poder de compra dos
países).
Esse estudo classifica os 162 países em três categorias: 48 com desenvolvimento humano elevado,
79 com desenvolvimento humano médio e 35 com desenvolvimento humano baixo. Em 1999, o Brasil
ocupava a 69ª posição. Os 5 primeiros países de melhor qualidade de vida eram, pela ordem, Noruega,
Austrália, Canadá, Suécia e Bélgica. Entretanto, como a metodologia do IDH ainda não está consolidada
(por exemplo, não leva em conta o grau de distribuição de renda do país), a medida do Produto Nacional
(PN) ainda é o indicador mais operacional, tanto para comparações internacionais, como para medir o
crescimento do país ao longo dos anos.
Sistemas de Contabilidade Social
Os agregados macroeconômicos vistos até agora são calculados com base em dois sistemas princi-
pais de contabilidade social: o Sistema de Contas Nacionais e a Matriz Insumo-Produto.
O Sistema de Contas Nacionais, desenvolvido por Simon Kuznets e Richard Stone, ambos Prêmio
Nobel, baseia-se no método contábil das partidas dobradas, e tem como característica não considerar as
transações com bens e serviços intermediários (que são absorvidos na produção de outros produtos),
enquanto a MatrizInsumo-Produto ou Matriz de Relações Intersetoriais, desenvolvida pelo russo
Wassily Leontief, também agraciado com o Prêmio Nobel, baseia-se numa matriz de dupla entrada, e
considera tanto as transações com bens e serviços finais como intermediários.
O Sistema de Contas Nacionais (Versão Original)
O Sistema de Contas Nacionais é baseado em quatro contas, relativas à produção, apropriação (ou
utilização) da renda e acumulação (ou formação de capital) dos agentes econômicos (famílias, empresas,
setor público e setor externo):
- Conta Produto Interno Bruto (produção);
- Conta Renda Nacional Disponível Líquida (apropriação);
- Conta Transações Correntes com o resto do mundo;
- Conta de Capital (acumulação).
Os lançamentos das transações é feito de acordo com o tradicional método das partidas dobradas.
Como complemento, apresenta-se também a Conta Corrente das Administrações Públicas. Essa conta
discrimina um pouco mais as contas do governo, inclusive impostos diretos, contribuições previdenciárias
etc., que não têm contrapartida com as demais contas do Sistema de Contas Nacionais. A seguir,
apresentamos as quatro contas básicas.
I) CONTA PRODUTO INTERNO BRUTO
Essa conta apresenta, no lado do débito, o pagamento das unidades produtoras aos fatores de
produção, incluindo os impostos indiretos (menos os subsídios) e, no lado do crédito, o que as empresas
receberam dos agentes que adquiriram os bens e serviços finais. A partir dessa conta, tem-se o conceito
de Produto Interno Bruto a preços de mercado e Dispêndio Interno Bruto a preços de mercado.
Assim, podemos classificar os créditos e débitos:
Débitos:
• salários
• excedente operacional bruto
• impostos indiretos
• (-) subsídios
Produto Interno Bruto a preços de mercado
Créditos:
• consumo as famílias (ou consumo pessoal)
• consumo do governo
• investimentos em bens de capital (ou formação bruta de capital fixo)
• variação de estoques
• exportações (CIF)
• (-) importações (CIF)
Despesa Interna Bruta a preços de mercado
Nessa conta, o Excedente Operacional Bruto é definido como a diferença entre o Produto Interno
Bruto a custo de fatores menos o total de salários, ou seja, é o total de juros, aluguéis e lucros, Na prática,
é obtido por diferença: calcula-se o PIB a custo de fatores, a partir do valor adicionado por setor, e depois
subtrai-se o total de salários.
As empresas estatais são consideradas na conta de produção, pois vendem bens e serviços no
mercado, como as empresas privadas.
Tudo que é atividade produtiva entra nessa conta, o que inclui também empresas familiares
(padarias, pequeno comércio etc.), bem como a atividade de autônomos.
Todo o investimento das famílias em moradias, bem como os investimentos do governo (despesas
de capital), também são contabilizados nessa conta, pois representam uma atividade de produção.
II) CONTA RENDA NACIONAL DISPONÍVEL LÍQUIDA
Essa conta apresenta:
Débitos:
• consumo das famílias
• consumo do governo
• Saldo: poupança interna
Utilização da Renda Nacional Disponível Líquida
Créditos:
• Salários
• Excedente operacional bruto
• impostos indiretos
• (-) subsídios
• (-) depreciação
• (-) renda enviada ao exterior
• renda recebida do exterior
Apropriação da Renda Nacional Disponível Líquida
O governo e as famílias são setores usuários e não produtores de bens e serviços para o mundo. A
atividade do governo como produtor, por meio das empresas estatais, está considerada dentro do setor de
produção, como já mencionamos.
III) CONTA TRANSAÇÕES CORRENTES COM O RESTO DO MUNDO
Nessa conta registram-se:
Débitos:
• exportações
• renda recebida do exterior
• Saldo: poupança externa
Utilização dos Recebimentos Correntes
Créditos:
• importações (CIF)
• renda enviada ao exterior
Recebimentos Correntes
Os recebimentos e pagamentos indicados são considerados do ponto de vista do resto do mundo.
Assim, as importações, por exemplo, representam pagamentos aos países fornecedores, a crédito destes.
Como a poupança externa é considerada em termos reais (não financeiros), nas Contas Nacionais, uma
pou-pança externa negativa, significa que saíram mais bens e serviços do que entraram. O país teve um
saldo negativo com o resto do mundo, em termos de bens e serviços.
Em termos financeiros, trata-se de um saldo positivo (entraram mais divisas do que saíram). Uma
poupança externa positiva significa que entraram no país mais bens e serviços do que saíram.
IV) CONTA DE CAPITAL
A conta de capital tem como objetivo consolidar o sistema de contas. Nessa conta, são lançadas as
contrapartidas de investimento e as poupanças das outras contas.
Assim,
Débitos:
• investimentos em bens de capital (ou formação bruta de capital fixo)
• variação de estoques
• (-) depreciação
Total da Formação de Capital
Créditos:
• poupança interna
• poupança externa
Financiamento da Formação de Capital
Conceitos de Poupança do Setor Privado, Renda Disponível do Setor Privado e Renda
Disponível do Setor Público
Podemos obter mais três conceitos, a partir das Contas Nacionais: poupança do setor privado e
renda disponível do setor privado e renda disponível do setor público.
Poupança do Setor Privado:
Poupança do Setor Privado = Poupança Interna (Poupança Bruta) - Poupança do Governo
A Poupança Interna (ou Poupança Bruta, no Brasil) é o saldo da conta Renda Nacional Disponível
Líquida (Bruta, no Brasil). Esse saldo, entretanto, não separa a parcela de poupança do setor privado e a
do governo. Como o saldo da conta corrente das administrações públicas é a própria Poupança do
Governo, obtém-se por diferença a Poupança do Setor Privado.
Renda Disponível do Setor Privado
A Renda Disponível do Setor Privado é o que sobra efetivamente para o setor privado gastar (ou
poupar).
RDpriv= Renda Disponível Total + Transferências do Governo ao Setor Privado + Subsídios -
Impostos Diretos - Impostos Indiretos - Outras Receitas Correntes do Governo
A Renda Disponível Total é o total da conta Renda Nacional Disponível Líquida, que equivale ao
Produto Nacional Líquido a preços de mercado. As transferências referem-se principalmente aos
pagamentos de aposentadoria.
Renda Disponível do Setor Público
É a renda de que o setor público dispõe efetivamente para gastar (ou poupar).
RDpubl = Impostos Diretos + Impostos Indiretos + Outras Receitas Correntes do Governo - Subsídios -
Transferências do Governo ao Setor Privado
ou simplesmente, RDpubl = Arrecadação Fiscal - Transferências e Subsídios do Governo ao Setor
Privado. Ou seja, corresponde à diferença entre a Renda Disponível Total e a Renda Disponível do Setor
Privado.
A Nova Metodologia
A nova metodologia das Contas Nacionais, como já observado, é bastante complexa, razão pela
qual apresentaremos apenas os princípios básicos.
O novo sistema é composto pelas Tabelas de Recursos e Usos de Bens e Serviços (TRU) e pelas
chamadas Contas Econômicas Integradas (CEI).
A TRU apresenta a oferta total da economia como o somatório da produção e importações e,
simultaneamente, como o somatório do consumo intermediário e da demanda final. Apresenta ainda a
decomposição do valor adicionado nas categorias de renda e nos impostos e subsídios sobre produção e
os produtos. Todas as suas informações são desagregadas por setor, mostrando as compras
intermediárias que os setores e as unidades empresariais efetuam entre si para obter os insumos
necessários à produção de bens e serviços, guardando assim semelhança com a Matriz Insumo-Produto.
Já as CEI's guardam semelhança com o sistema anterior. Esse sistema integrado, entretanto, é
apresentado com base em três grandes grupos. O primeiro grupo é constituído pela conta de bens e
serviços, resumindo as informações do TRU. O segundo grupo compõe-se de três contas: a contarenda,
que se divide em quatro sub-contas - de geração, de alocação, de distribuição secundária da renda e de
uso da renda, que equivalem à conta renda nacional disponível bruta do sistema antigo -; e a conta de
acumulação, que equivale à conta de capital do sistema antigo.
Noções Sobre a Matriz Insumo-Produto
A Matriz Insumo-Produto, ou Matriz de Relações Internacionais, é o outro sistema mais difundido
para medir a atividade econômica agregada de um país. Representa uma radiografia da estrutura da
economia, pois mostra toda a cadeia produtiva, o que cada setor de atividade compra e vende para outros
setores (por exemplo, o que o ramo de calçados vende para outros setores e consumidores, e o que
compra); ou seja, mostra as transações com bens e serviços intermediários. O sistema tradicional, que
vimos anteriormente, não traz esse tipo de informação, pois considera apenas as transações com bens e
serviços finais.
Cada setor é relacionado duas vezes:
- em linha (o que cada setor vende);
- em coluna (o que cada setor compra)
A matriz permite estabelecer coeficientes técnicos de produção.
O conhecimento desses coeficientes permite fazer previsões de produção de cada setor, fixadas
algumas metas de demanda. Possibilita visão imediata dos prováveis resultados de diversas alternativas
de política econômica sobre a atividade produtiva. Por exemplo, se as autoridades resolverem incentivar a
produ-ção agrícola, é possível estimar o impacto desse incentivo sobre os setores que demandam
produtos agrícolas como insumo e como produto final (efeitos para a frente, ou forward linkages), bem
como sobre os setores dos quais a agricultura compra insumos (efeitos para trás, ou backward linkages).
Ou seja, o cálculo desses coeficientes técnicos permite razoável previsão do impacto de alterações na
produção de um setor, sobre salários, lucros, importações etc. do próprio setor e dos demais setores com
os quais esse setor relaciona-se. Tais coeficientes refletem a estrutura da economia e não apresentam
grandes variações a curto e médio prazo, o que os torna um importante indicador de previsões e, portanto,
para o planejamento econômico.
Esses coeficientes são também chamados coeficientes de uso. Nos países socialistas, são
denominados normas técnicas de produção e, como tal, constituem importantes elementos de
informação na planificação econômica.
DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE RENDA E PRODUTOS NACIONAIS
O Mercado de Bens e Serviços
Introdução
Nesta parte, estudaremos que variáveis determinam o nível de renda nacional e como atuar sobre
elas. Será discutido que instrumentos de política fiscal são adequados para permitir que a economia atinja
uma situação de pleno emprego, sem inflação.
Trata-se do chamado modelo keynesiano básico, que se caracteriza por preocupar-se mais com
políticas de estabilização da economia a curto prazo, principalmente com a questão do desemprego, que
era o problema principal nos anos 30, quando foi escrita a Teoria Geral de Keynes.
Como enfatizaremos a questão do desemprego, o instrumental desenvolvido por Keynes também
permite avaliar e propor medidas para as demais questões macroeconômicas, como inflação, distribuição
de renda e crescimento econômico.
A Contabilidade Nacional para a Teoria Econômica
É oportuno esclarecer a diferença que existe entre a abordagem da Contabilidade Nacional, vista
anteriormente, e a da Teoria Econômica, que veremos a seguir.
Contabilidade Nacional: medição do produto efetivamente realizado. Trata-se de relações
contábeis ou de identidades; análise ex post (a posteriori, após ocorrer); o que foi feito, após passarmos
em revista o período, a seu término.
Teoria Macroeconômica: refere-se ao produto nacional, desejado, planejado. Trabalha com
relações funcionais ou de comportamento; análise ex ante (antes de ocorrer, a priori); aquilo que todos
desejam fazer, quando examinam a situação no início de um período. Diz respeito às expectativas teóricas
com base nos dados disponíveis.
Modelo Keynesiano Básico (Lado Real)
Demanda Agregada de Bens e Serviços (DA)
A Demanda Agregada de Bens e Serviços é composta pela demanda dos quatro macroagentes
econômicos, a saber:
DA = Demanda de bens de consumo pela famílias (C)
+ Demanda de investimentos pelas empresas (I)
+ Demanda do Governo (G)
+ Demanda Líquida do setor externo (Exportações X - Importações M)
DA = C + I + G + X - M
Há uma diferença entre os conceitos de Demanda Agregada e de Despesa Nacional, vistos na
Contabilidade Social. A DA é ex ante, planejada, enquanto a DN é um conceito ex post, já realizada.
Oferta Agregada de Bens e Serviços
É a quantidade que os produtores desejam vender no mercado.
OA = Renda Nacional = Produto Nacional Real
Hipóteses do Modelo Básico
O modelo keynesiano básico possui três hipóteses principais:
a) Desemprego de recursos - Quando a DA, demanda agregada, está em valores inferiores a OA,
oferta agregada. Isso implica, no modelo simplificado, que os preços sejam mantidos constantes e
as variáveis consideradas em valores reais (deflacionados).
Além do desemprego conjuntural ou keynesiano, podemos ter outros conceitos de desemprego:
- desemprego friccional: devido à mobilidade transitória da mão de obra (por exemplo, trabalhador
que vem do interior para a capital, à procura de emprego). É também chamado de Taxa Natural de
Desemprego.
- desemprego estrutural ou tecnológico: o desenvolvimento tecnológico do capitalismo é capital
intensivo e tende a marginalizar a mão-de-obra. É também chamado de Desemprego Marxista (" a
mão de obra desempregada criará um exército de reserva, que levará à revolução do proletariado").
- desemprego disfarçado: a produtividade marginal da mão de obra é zero. Por exemplo, pode
ocorrer uma situação em que, numa agricultura de subsistência, a retirada de trabalhadores
praticamente não altera o produto agrícola.
Segundo Keynes, o desemprego seria causado em grande medida pelo que chamou de rigidez de
salários nominais. Contrariamente à teoria clássica, que pressupunha flexibilidade de preços e
salários, Keynes mostra que os salários nominais, devido à atuação dos sindicatos, seriam rígidos
para baixo, encarecendo o custo de mão-de-obra e fazendo com que as empresas demandem
menos trabalhadores, gerando desemprego.
b) Curto prazo
A curto prazo, o nível tecnológico, o estoque de capital e o estoque de mão-de-obra são
considerados constantes. Embora os estoques sejam constantes, o nível de utilização da mão de
obra e do capital são variáveis (ou seja, a força de trabalho e a capacidade instalada são fixas, mas
sua utilização varia).
c) (Decorrência da hipótese b) A curva da oferta agregada é fixada.
A Oferta Agregada (OA) é afetada diretamente pelo estoque de mão de obra (N) e de capital (K) e
pelo nível de conhecimento tecnológico (Tec), ou seja: OA = f(N, K, Tec).
Como esses fatores são relativamente constantes a curto prazo, segue que a OA permanece fixada
a curto prazo.
d) (Corolário das hipóteses anteriores) A curto prazo, apenas a demanda agregada provoca va-
riações no nível de equilíbrio da renda nacional. A oferta agregada é passiva, fixada, a curto
prazo, e as variações na renda nacional dão-se apenas por variações na Demanda Agregada (DA).
Isso ressalta o papel da Demanda Agregada dentro da Teoria Keynesiana. Para tirar a economia de
uma situação de desemprego, a curto prazo, a política econômica deve procurar elevar a Demanda
Agregada (DA).
A DA é mais maleável, mais sensível a curto prazo, enquanto a OA é mais rígida, mais suscetível a
políticas de longo prazo, quando o estoque de recursos produtivos pode variar.
Esse é, de forma simplificada, o chamado Princípio da Demanda Efetiva, pelo qual a demanda
determina a produção. Inverte um dos principais postulados da Teoria Clássica, a chamada Lei de
Say, pela qual a oferta agregada é que determina a procura. Essa lei preconiza que toda produçãogera uma renda que será automaticamente toda gasta em bens e serviços.
Hipóteses Sobre o Comportamento das Variáveis Consumo (C), Poupança (S), Investimento (I),
Impostos (T), Gastos do Governo (G), Exportações (X) e Importações (M)
Neste ponto, vamos determinar as relações funcionais entre variáveis econômicas, em nível
agregado, e analisar como se pode atuar sobre elas, aplicando-se os instrumentos de política econômica.
Essas relações funcionais devem ser previsíveis e relativamente estáveis e regulares, podendo inclusive
ser calculadas econometricamente.
Como se trata de um modelo básico, cujo objetivo é mostrar como se dá o equilíbrio
macroeconômico e como chegar a ele, algumas relações são simplificadas, de forma que o modelo seja
matematicamente determinado ou consistente, ou seja, que contenha um mesmo número de equações e
de variáveis a serem determinadas.
Função Consumo
Uma das principais contribuições de Keynes foi estabelecer que o Consumo Agregado é uma função
crescente do nível de renda nacional (y): C= f(y).
Função Poupança
Como vimos na Contabilidade Nacional, a Poupança S é a parcela da renda nacional não
consumida, em dado período de tempo: S = y - C
Função Investimento
O Investimento Agregado talvez seja a mais importante variável macroeconômica, tanto no modelo
keynesiano, tipicamente de curto prazo, como nos modelos de crescimento e desenvolvimento econômico,
em que é o principal determinante do crescimento do produto e do emprego. Ele desempenha duplo papel
na teoria macroeconômica, que deve ser claramente entendido:
a) investimento visto como elemento da demanda agregada: é a fase em que apenas se gasta
com instalações, equipamentos etc., antes de o investimento maturar e resultar em acréscimos da
produção.
b) investimento visto como elemento de oferta agregada: ocorre quando aumenta a capacidade
produtiva, após a maturação do investimento, ou seja, quando redunda em aumentos de produção.
Função Gastos do Governo
Supõe-se que os gastos do governo são autônomos em relação à renda nacional: f(y) G ouG ≠
Na teoria macroeconômica, os gastos públicos (bem como a oferta de moeda) são considerados
uma variável determinada institucionalmente, ou seja, dependem dos objetivos de política econômica
escolhidos pelas autoridades, que podem decidir por escolher entre uma política econômica recessiva ou
expansionista. Os gastos públicos não são determinados por outras variáveis econômicas, mas são eles
que determinam as demais variáveis.
Função Impostos (ou Tributação)
No modelo básico, a tributação também é suposta autônoma, não induzida pela renda nacional: T
ou
T ≠ f(y)
A introdução do governo, e particularmente da tributação, altera as funções consumo e poupança,
que passam a ser funções da renda disponível do setor privado (y - T), e não da renda nacional.
Função Exportação
No modelo simplificado, as exportações também são autônomas em relação à renda nacional: X ou
X ≠ f(y). É um hipótese realista, dado que as exportações realmente não são afetadas pela renda nacional,
mas pela renda dos outros países (renda mundial).
Função Importação
Nesse modelo simplificado, as importações também são consideradas autônomas, independentes
da renda nacional: f(y) M ouM ≠
Demanda Agregada da Completa
Estabelecidas as hipóteses sobre as variáveis C,S,l,G,T, X e M, sabemos então como a demanda
agregada se comporta no modelo keynesiano básico de curto prazo. Portanto, dado:
DA =C+I+G+X-M,
como apenas o consumo C é uma função crescente da renda nacional e as demais são supostas
constantes em relação à renda, segue que a função DA é crescente em relação à renda nacional y, como
mostra a figura:
Teorema do Orçamento Equilibrado (ou Teorema de Haavelmo)
Trata-se de um famoso teorema, que mostra que uma economia pode aumentar a renda e o
emprego, e manter ao mesmo tempo o equilíbrio orçamentário. O teorema de Haavelmo diz que “se o
governo efetuar gastos no mesmo montante dos tributos recolhidos (isto é, se o orçamento estiver
equilibrado), a renda, em vez de permanecer constante, como se poderia supor, aumentará de um
montante igual ao aumento de G e T”.
Isso se explica pela diferença entre os multiplicadores dos gastos do governo G (positivo) e da
tributação T(negativo).
Esse teorema ilustra ainda a importância do conhecimento dos valores dos multiplicadores de gastos
e tributos, para a utilização da política fiscal.
Uma crítica a esse Teorema é que implica um montante excessivo de gastos e tributos, quando se
pode obter o mesmo aumento de renda apenas com um aumento menor de gastos ou, alternativamente,
com diminuição da tributação, embora com desequilíbrio orçamentário.
Outra crítica é que os acréscimos de renda só serão exatamente iguais aos acréscimos de gastos e
tributos, quando se supõem impostos autônomos em relação à renda.
Entretanto, esse teorema destaca como é importante, para se conhecerem os resultados da política
fiscal, ter-se conhecimento dos valores dos multiplicadores de gastos e tributos.
O LADO MONETÁRIO DA ECONOMIA
Moeda: Conceito e Funções
Moeda pode ser definida como um objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços,
que tem poder liberatório (capacidade de pagamento) instantâneo. Sua aceitação é garantida por lei (ou
seja, a moeda tem "curso forçado" e sua única garantia é a legal).
As principais funções da moeda são as seguintes:
a) meio ou instrumento de troca. Num sistema econômico baseado na especialização e divisão do
trabalho, é imprescindível que haja um instrumento que facilite as trocas de mercadorias. Se não
houvesse esse instrumento, as trocas teriam que ser diretas (economia de trocas ou de
escambo), trocando-se bens com bens. Isso exigiria dupla coincidência de desejos (um criador de
galinhas que desejasse comprar roupas deveria encontrar um alfaiate que desejasse comer
galinhas). Ademais, ocorreria um problema de indivisibilidade (se um fabricante de móveis
quisesse tomar um cafezinho, como faria?). Acrescente-se que se perderia muito tempo para
viabilizar essas trocas diretas. A moeda permite que as trocas sejam indiretas e supera essas
dificuldades;
b) unidade de medida (ou unidade de conta). A moeda serve para comparar e agregar o valor de
mercadorias diferentes: podemos somar o valor de um caminhão com o valor de uma bola de
futebol. Ela serve como medida do valor de troca de mercadorias, sendo que o preço de um bem é
a expressão monetária de troca desse bem: se uma maçã vale $ 5,00 e uma banana $ 0,50, uma
maçã pode ser trocada por 10 bananas;
c) reserva de valor. A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre outras
mercadorias.
Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que serve como reserva de valor. A moeda serve de
reserva para uma pessoa, mas não para toda a sociedade (o que é chamado de falácia ou sofisma
da composição): o que vale para o indivíduo não vale para a sociedade, pois o que determina a
riqueza de um país é sua produção global e não o montante de moeda existente.
No passado, toda a moeda, ou papel-moeda, era lastreada em ouro (moeda lastreada), o chamado
padrão-ouro. Com o desenvolvimento do comércio internacional, não foi mais possível fazer a conversão
de moeda em ouro.
Hoje, temos a moeda fiduciária (de fidúcia, confiança), sem lastro, e sua aceitação é garantida por
lei. Com a passagem do padrão-ouro para a moeda fiduciária, a moeda não é mais função do estoque de
ouro, o que dá às autoridades monetárias maior capacidade de afetar a quantidade de moeda, de acordo
com as necessidades do país.
Oferta de Moeda
Conceito e Composição dos Meios de Pagamento
A oferta de moeda é sinônimo de meios de pagamento, que é definido como "o estoque de moeda
disponível para uso da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer momento".
Esse conceito tem como objetivo medir a liquidez, ou seja, as necessidades do setorprodutivo
privado (excetuando-se o setor bancário), para satisfazer a suas transações com bens e serviços.
O saldo dos meios de pagamentos é composto pelo saldo da moeda em poder do público (PP), mais
o saldo dos depósitos a vista (DV): M = PP + DV.
O saldo de moeda em poder do público (ou moeda manual) é obtido retirando-se do total de
moeda emitida o montante que fica no Caixa das Autoridades Monetárias e no Caixa dos Bancos
Comerciais; os depósitos a vista ou em conta corrente também são chamados de moeda escritural, ou
moeda bancária, já que são movimentados por simples contabilização bancária. Normalmente,
representam cerca de dois terços do total de meios de pagamento.
Os depósitos a vista não devem ser confundidos com o caixa dos bancos comerciais. Embora
contabilmente um depósito em dinheiro aumente, num primeiro momento, o caixa dos bancos, o Banco
utilizará os recursos em seu caixa para outras transações, o que diferencia os saldos das duas contas, no
balanço dos bancos.
O dinheiro com os bancos (no caixa) e com o governo não é considerado como meio de pagamento,
porque esse conceito visa medir liquidez do setor produtivo privado.
Conceitos Alternativos de Meios de Pagamento
Na verdade, existem, na literatura econômica, várias formas de conceituar meios de pagamento. O
conceito mais utilizado é o que acabamos de definir e é chamado de M1, que é o total de moeda que não
rende juros e é de liquidez imediata (moeda em poder do público mais depósitos a vista). Contudo,
dependendo do objetivo, são utilizados os conceitos de M2, M3 e M4, que incluem ativos financeiros que
rendem juros e são de alta liquidez (embora não imediata).
- M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público, fundos do
mercado monetário (fundos de aplicação financeira e de renda fixa de curto prazo e depósitos
especiais remunerados);
- M3 = M2 + depósitos em cadernetas de poupança;
- M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e imobiliárias)
Esses ativos que rendem juros são também chamados de haveres não monetários, ou quase-
moeda, sendo que os de M1 são chamados de haveres monetários.
Em processos inflacionários, a relação entre M1 e M4 costuma diminuir, pois as pessoas procurarão
ficar com pouca moeda que não rende juros (M1) e utilizá-la em aplicações financeiras. Isso é chamado de
desmonetização. Quando a inflação diminui, a relação entre M1 e M4 aumenta (monetização). Este
último caso ocorreu, por exemplo, após a implantação do Plano Real em 30.6.1994: enquanto a média do
grau de monetização entre janeiro e junho daquele ano era de 0,05 (M1 era 5% de M4), a média do 2°
semestre dobrou para 0,10 ou 10% de M4.
"Criação" e "destruição" de moeda
Ocorre criação ou destruição de moeda quando se altera o saldo dos meios de pagamento, no
conceito M1 ( moeda com o público + depósitos à vista). Corresponde a uma queda ou aumento da oferta
de moeda disponível.
Alguns casos:
Criação de moeda
a) exportadores trocam dólares por reais no Banco Central;
b) empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado.
Destruição de moeda
a) Banco Central vende dólares aos importadores, recebendo reais em troca;
b) resgate de um empréstimo bancário;
c) depósito a longo prazo.
Nem Criação e nem Destruição de moeda
a) depósito à vista: apenas transfere moeda do público para depósitos à vista;
b) saque por meio de cheque: apenas transferência de moeda escritural para moeda manual, sem
alterar o saldo total dos meios de pagamento.
Oferta de Moeda pelo Banco Central
O objetivo do Banco Central é regular a moeda e o crédito, em níveis compatíveis com o
crescimento do produto, ou seja, manter a liquidez do sistema econômico.
As funções do Banco Central são:
a) banco emissor: é o responsável e tem o monopólio das emissões de moeda;
b) banco dos bancos: é o órgão em que os bancos depositam seus fundos e transferem fundos de
um banco para outro (pela câmara de compensação de cheques). Além disso, o Banco Central
também empresta aos bancos (o chamado redesconto bancário);
c) banco do governo: é o canal que o governo tem para implementar a política monetária. Grande
parte dos fundos do Governo é depositada no Banco Central. De outra parte, quando o governo
necessita de recursos, ele normalmente emite títulos (obrigações) e os vende ao público via Banco
Central;
d) banco depositário das reservas internacionais: é o responsável pela defesa da moeda
nacional, e da administração do câmbio e das reservas de divisas internacionais do país.
Instrumentos de Política Monetária
A principal função do banco Central é controlar a oferta de moeda. Para tanto, ele dispõe dos
seguintes instrumentos de política monetária:
- emissões;
- reservas obrigatórias dos bancos comerciais;
- operações de mercado aberto;
- política de redescontos; e
- regulamentação da moeda e do crédito.
Controle das emissões de moeda
O Banco Central tem o monopólio das emissões e deve colocar em circulação o volume de notas e
moedas metálicas necessárias ao bom desempenho da economia.
Esse poder de monopólio permite ao Banco Central auferir uma receita conhecida como
Senhoriagem ou Seignoriage, dada pela diferença entre o valor de face do dinheiro, pelo qual o Bacen
coloca moeda no mercado monetário, e seu custo de impressão para o Bacen.
Reservas Obrigatórias (ou depósitos compulsórios)
Os bancos guardam certa parcela de seus depósitos no Banco Central para atender a seu
movimento de caixa e compensação de cheques. Essas são as contas de caixa e de reservas ou
depósitos voluntários. Todavia, o Banco Central obriga os bancos comerciais a reter uma parcela dos
depósitos como depósitos obrigatórios, que não poderão ser utilizados pelos bancos para empréstimos ou
outras aplicações. Parte das reservas obrigatórias pode ser feita com títulos federais que rendem juros.
As reservas obrigatórias representam importante instrumento de política monetária: um aumento
dessa taxa de reservas representará uma diminuição dos meios de pagamento, dado que os bancos
emprestarão menos ao público. Nesse sentido, se o governo optar por uma política de crescimento de
emprego, através de uma política monetária expansionista, ele deve diminuir a taxa de compulsório; por
outro lado, numa política restritiva, anti-inflacionária, ele costuma aumentar essa taxa.
Operações de Mercado Aberto (open market)
Essas operações consistem em vendas ou compras, por parte do Banco Central, de títulos governa-
mentais no mercado de capitais. Quando o governo vende esses títulos ao público, por meio do Banco
Central, ele "enxuga" moeda do sistema; quando recompra esses títulos, o dinheiro dado em troca do título
representa um aumento dos meios de pagamento. Em muitos países, é o mais importante instrumento; no
Brasil, sua utilização é relativamente recente (inicio dos anos 70), e os títulos utilizados mudaram ao longo
do tempo. Atualmente, os principais títulos utilizados são BBC (Bônus do Banco Central), de curto prazo, e
NTN (Notas do Tesouro Nacional), de prazo mais longo.
Política de Redescontos
São dois os tipos de redescontos: o de liquidez e o especial. O redesconto de liquidez, ou normal,
visa a socorrer os bancos quando de eventual saldo negativo na conta de depósitos voluntários, ou seja,
quando o banco comercial está com problemas de liquidez. O redesconto especial ou seletivo é aquele
utilizado pelas autoridades monetárias para incentivar alguns setores específicos da economia, ou seja, o
Banco Central abre linha de crédito aos bancos comerciais, desde que estes utilizem essa verba adicional
em setores específicos (por exemplo, para a compra de fertilizantes, para exportação etc.).
O Banco Central cobra uma taxa de juros sobre esses empréstimos, chamada taxa de juros do
redesconto. Evidentemente, se essa taxa for baixa e o montante de redesconto elevado, representa um
estímulo ao aumentode empréstimos por parte dos bancos comerciais, que poderão repassá-los ao setor
privado, aumentando o volume dos meios de pagamento.
Regulamentação e Controle do Crédito
Os instrumentos anteriores afetam mais diretamente a oferta de moeda. Porém, o Banco Central
também afeta o sistema financeiro via regulamentação e controle do crédito, que se dá por meio da política
de juros, controle de prazos, regras para o financiamento aos consumidores (por exemplo, a exigência de
que os bancos financiem no máximo 70% da compra de automóveis) etc.
Oferta de Moeda pelos Bancos Comerciais
Os bancos comerciais também podem alterar a oferta de moeda, pelo fato de terem uma carta
patente que lhes permite emprestar mais do que têm em depósitos. A utilização generalizada de cheques
faz com que a maior parte do volume de moeda do sistema permaneça no sistema bancário, gerando o
chamado float, e apenas uma pequena parcela desse total é representado por saques de numerário.
Dessa forma, apesar de não poder emitir moeda, o banco comercial cria meios de pagamento pelo
fato de poder fazer promessas de pagamento com os recursos depositados pelos seus clientes. Isso cria
um mecanismo multiplicador dos saldos monetários.
Mecanismo multiplicador da oferta de moeda
O sistema bancário pode criar moeda num valor múltiplo de uma injeção monetária inicial. Vejamos
como isso ocorre pelo exemplo: Suponha que existe um único banco na economia, a razão dos depósitos
que os bancos devem manter como reservas é 40% e o depósito inicial neste banco é de $ 100,00. Destes
$ 100,00, destina $ 40,00 para reservas e empresta $ 60,00.
Esses $ 60,00 retornam ao banco na forma de novo depósito; destes, $ 24,00 viram reservas e $
36,00 são reemprestados. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os $ 100,00
iniciais de depósitos multiplicaram-se, gerando uma seqüência de depósitos nos valores: $ 60,00, $ 36,00,
$ 21,60, $ 12,96, .... Essa seqüência constitui-se numa progressão geométrica decrescente de razão 0,6,
que corresponde à fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as reservas que
devem ser compostas (1 menos a porcentagem de reservas: 1 - 0,4 = 0,6 ).
Para avaliarmos o total de depósitos do banco com base no depósito inicial, basta realizarmos a
soma dos termos da PG com razão igual a 1: ,
q-1
1aPG =∑
onde, PG = soma dos termos de uma progressão geométrica; a = primeiro termo da progressão
geométrica; q = razão da P.G.
No exemplo, teríamos: S = R$100,00 
6,01
1
−
= R$ 250,00
Ou seja, um depósito inicial de $100,00 gerou um total de depósitos no banco de R$ 250,00, isto é,
foi multiplicado por 2,5. Como (1 - 0,6) é exatamente a parcela de reservas, isto é, 0,4 (40%), notamos que
o multiplicador bancário corresponde ao inverso da taxa de reservas. Assim, quanto menor a taxa de
reservas, maior o poder de multiplicação de moeda pelo sistema bancário.
Como o nível de reservas dos bancos comerciais depende fundamentalmente dos depósitos compul-
sórios, a determinação da taxa de reservas compulsórias é uma forma de o Banco Central controlar a
oferta de moeda.
O valor do multiplicador depende também, além da taxa de reservas dos bancos, da taxa de
retenção do público, que é a razão entre a moeda que fica em mãos do público (e não depositada nos
bancos) e o saldo dos depósitos à vista. Se o público, por algum motivo, decide aumentar a quantidade de
moeda em seu poder e deixar menos nos bancos, diminui a capacidade de os bancos emprestarem e,
portanto, o volume de meios de pagamento. Ou seja, os bancos terão menos dinheiro para aplicar em
empréstimos.
Observa-se, então, que o valor do multiplicador varia na razão inversa da taxa de reservas dos
bancos comerciais e da taxa de retenção de moeda pelo público.
Existem vários tipos de multiplicadores monetários. Porém, não devemos confundir esse
multiplicador monetário (de meios de pagamento) com o multiplicador keynesiano de gastos, que se
refere ao aumento da renda nacional (e não dos meios de pagamento) decorrente de uma injeção
autônoma em algum componente da demanda agregada de bens e serviços. Portanto, temos o
multiplicador de depósitos, que se refere ao aumento múltiplo dos meios de pagamento, derivado de um
aumento nos depósitos à vista. O multiplicador mais geral, entretanto, é o chamado multiplicador da base
monetária.
Por base monetária entende-se o total de moeda com o público (PP), mais as reservas dos bancos
comerciais (R), isto é: B = PP + R.
As reservas dos bancos comerciais são a soma do caixa dos bancos comerciais, dos depósitos
voluntários e dos depósitos obrigatórios dos bancos comerciais junto ao Banco Central.
Assim, a base monetária consiste em todo montante de moeda emitida em mãos do setor privado,
inclusive bancos. É todo o estoque de moeda primária, também chamada moeda de alta potência (high
power money), ou ainda, passivo monetário das autoridades monetárias. O termo passivo monetário
significa que o portador de moeda tem um direito sobre o Banco Central. Quando o Banco Central emite
moeda e fornece à coletividade, tem uma obrigação com o público. O passivo não-monetário é
constituído, basicamente, pelos títulos públicos.
Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa moeda primária dá origem ao
total de meios de pagamento. Existe uma relação bastante estável e previsível, entre a base monetária e
meios de pagamento, assim: M = mB, sendo M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e m
o multiplicador da base monetária.
A diferença entre M e B é dada pela diferença entre o total de depósitos DV e o total de reservas R,
o que corresponde ao montante de empréstimos bancários. Isto é: E = DV - R.
Vamos chegar à fórmula do multiplicador. Por definição:
M = PP + DV (1)
B = PP + R (2),
sendo: PP = saldo da moeda em poder do público; DV = saldo dos depósitos à vista dos bancos
comerciais; R = saldo das reservas dos bancos comerciais.
Dividindo (1) por (2), e depois dividindo tanto o numerador como o denominador por DV, temos:
)3( 
DV
R
DV
PP
DV
DV
DV
PP
RPP
DVPP
B
M
+
+
=
+
+
=
Chamemos:
c =
DV
PP = taxa de retenção do público, que é a relação entre moeda com o público e os depósitos
à vista.
r =
DV
R = taxa de reservas bancárias, que é o total de encaixes e reservas em relação aos
depósitos à vista.
A taxa de reservas bancárias r é a soma de três parcelas:
- r1: caixa dos bancos comerciais sobre depósitos à vista;
- r2: depósitos voluntários dos bancos comerciais sobre depósitos à vista;
- r3: reservas obrigatórias dos bancos comerciais sobre depósitos à vista.
Em alguns textos, chama-se r1 de taxa de encaixe e r2 e r3 de taxas de reservas
A expressão (3) pode ser assim escrita:
B,
rc
c1M ou 
rc
1c
B
M
+
+
=
+
+
=
sendo m =
rc
c1
+
+
Dessa forma, as expansões e contrações dos meios de pagamento dependem de três parâmetros
básicos:
a) de variações na base monetária B (maior B, maior M);
b) de variações na taxa de retenção do público c (maior c, menor m e, portanto, menor M);
c) de variações na taxa de reservas bancárias r (maior r, menor m e, portanto, menor M).
No Brasil, adota-se a fórmula:
,
)RD(RC
1m
21 ++
=
sendo: C = a relação entre a moeda com o público e os meios de pagamento (e não depósitos,
como na fórmula do texto); D = depósitos a vista sobre M; R1 = Caixa dos Bancos Comerciais sobre
depósitos; R2 = reservas voluntárias e obrigações sobre depósitos à vista.
Observa-se que o resultado é o mesmo em ambas as fórmulas.
Outra diferença que se adota, no Brasil, na definição de Base Monetária, é que se considera o total
de papel-moeda emitido, e não o total de papel-moeda com o público. Ademais, adota-se também o
conceito de Base Monetária Ampliada, que inclui depósitos compulsórios e títulos públicosfederais.
Demanda de Moeda
Existem três motivos para as pessoas demandarem moeda, isto é, para reter encaixes monetários:
- motivo transação;
- motivo precaução;
- motivo especulação (ou portfólio).
O motivo transação é quando as pessoas manifestam a vontade de atender obrigações em moeda
que vencem antes da data de recebimento de sua renda, para fazer frente à diferença de datas entre os
recebimentos e os gastos diários com alimentação, transporte etc.
A demanda de moeda por motivo transação depende do nível de renda: a renda aumenta, os gastos
também aumentam e os saldos de moeda mantidos para harmonizar esses fluxos também devem
aumentar.
O motivo precaução está associado à incerteza das datas de recebimentos e pagamentos.
Pagamentos inesperados ou recebimentos atrasados fazem com que as pessoas retenham uma parcela
da moeda como precaução.
O motivo especulação está associado ao fato que as pessoas retêm moeda decorrente de sua
renda, não apenas para fazer frente ao atendimento de suas necessidades, mas também para especular
com títulos, imóveis etc.
Equilíbrio do Lado Monetário da Economia
Existem várias teorias para se analisar o equilíbrio do lado monetário da economia.
Vamos destacar as duas mais tradicionais: a visão clássica e a visão keynesiana (que introduz o
motivo especulação), das quais se originou todo o debate que, em última análise, persiste até hoje, com as
correntes rebatizadas como novos clássicos, novos keynesianos, pós-keynesianos etc.
Em ambos os casos, supõe-se normalmente que a oferta de moeda (M) é constante (ou inelástica)
em relação à taxa de juros. Ou seja, a oferta de moeda é fixada institucionalmente, significando que ela
depende da política do Banco Central e do governo (por exemplo, se adota políticas recessivas ou de
crescimento). Isto é, ela é fixada pelo governo e não é afetada pela taxa de juros i.
Graficamente na figura:
Equilíbrio do Lado Monetário pela Teoria Clássica: A Teoria Quantitativa da Moeda
- oferta de moeda: Ms =Mo
- demanda de moeda: Md = kPy
- equilíbrio = Mo = Ms = Md e Mo = kPy
A equação Mo = kPy também pode ser escrita como: Py,MV ouPy 
v
1Mo =⋅=
que é a equação quantitativa da moeda, ou Teoria Quantitativa da Moeda, sendo V a velocidade-
renda da moeda, que é o número de "giros" que uma unidade monetária dá, criando renda durante certo
período de tempo.
É o inverso do coeficiente marshalliano (k é a retenção de moeda, enquanto V é a utilização da
moeda, em relação à renda nacional).
Como MoV = Py, podemos escrever: ⋅==
moeda de estoque
nominal nacional renda de fluxo
M
PyV o
Então, se, por exemplo, Mo = $ 60.000, Py = Y = 1.440.000, segue que: 24
60.000
1.440.00V ==
Ou seja, a moeda circulou vinte e quatro vezes no decorrer de um ano para criar $ 1.440.000 de
renda. Isso mostra que, para gerar uma renda de $ 1.440.000 num ano, não são necessários $ 1.440.000
em moeda (ou meios de pagamento), dado que o estoque de dinheiro circula, passando de mão em mão,
gerando mais renda nesse processo.
No Brasil, em dezembro de 1998, a velocidade-renda da moeda foi igual a:
74,17
milhões 50.707 R$
milhões 899.814 R$
M1
PIBV ===
Na teoria clássica, V é considerado relativamente estável ou constante a curto prazo, já que
depende de alguns parâmetros que se modificam lentamente, tais como hábitos da coletividade (quanto
maior a utilização de cheque e cartões de crédito, menor a necessidade de reter moeda) e o grau de
verticalização da economia. Por raciocínio análogo, a terceirização também afeta a velocidade da moeda.
A equação quantitativa MV = Py revela simplesmente que, ao multiplicar a quantidade de moeda M
pela velocidade V com que ela cria renda, teremos a própria renda nominal Py.
Nesse sentido, é uma tautologia ou truísmo (uma verdade em si mesma) que decorre,
simplesmente, da maneira como a definimos - ou seja, uma identidade contábil. Passa a ser uma teoria
monetária, quando estabelecemos hipóteses teóricas sobre o comportamento das variáveis (se V é ou não
constante, se y está ou não a pleno emprego etc.).
Equilíbrio do Lado Monetário da Moeda na Visão Keynesyana
- oferta de moeda: Ms = Mo
- demanda de moeda: Md = f(Y,i)
- equilíbrio: Mo = MS = Md e Mo = f(Y,i)
Graficamente, pela figura:
Como se observa, a teoria keynesiana da moeda depende da elasticidade ou sensibilidade da
demanda de moeda em relação à taxa de juros. Na teoria clássica, a demanda de moeda seria
completamente inelástica em relação à taxa de juros (ou seja, simplesmente a taxa de juros não seria
relevante para explicar o comportamento da demanda de moeda).
Efeitos da Política Monetária sobre Nível de Renda e de Preços
Fechando a análise do lado monetário da economia, cabe relacioná-lo com o lado real. Nessa parte,
mostraremos como a política monetária afeta o nível de renda e os preços. Veremos como políticas
monetárias podem ser utilizadas para aumentar o nível de emprego e controlar a inflação.
Teoria Quantitativa da Moeda Clássica
Supondo uma política monetária expansionista, com um aumento na oferta de moeda Ms, teremos
graficamente, na figura:
Supondo que a velocidade-renda da moeda permaneça constante a curto prazo (ou seja, supondo
que dependa de fatores que variam mais a longo prazo, como hábitos da coletividade e grau de
verticalização), o efeito sobre inflação ou emprego dependerá de a economia estar ou não com recursos
desempregados.
Se a economia estiver com recursos plenamente empregados, o aumento de M provocará apenas
um aumento no nível geral de preços, pois, dado MV = Py, com V constante e y constante em nível de
pleno emprego, o aumento em M provocará um aumento proporcional em P. A renda nominal Y passa de:
Yo = PoYo para Y1 = P1 yo
É a versão original da Teoria Quantitativa da Moeda.
Se a economia estiver com recursos desempregados, então é possível que a expansão monetária
estimule a produção agregada y, sem necessariamente aumentar os preços. A renda nominal Y passa de:
Yo = Poyo para Y1 = Po y1
A teoria quantitativa de moeda costuma ser freqüentemente utilizada para previsões de meios de
pagamentos.
O Efeito Keynes
A relação entre os aumentos na oferta monetária e os níveis de renda e de preços é mais indireta do
que na teoria quantitativa, dado que "passa" pela taxa de juros, que é a principal variável na interligação
entre os lados real e monetário, na concepção keynesiana.
Como visto no capítulo anterior, supõe-se que a demanda de investimento seja uma função inversa
da taxa de juros, isto é: I = f(i), ou seja, quanto maior a taxa de juros do mercado, além de desestimular os
empréstimos bancários, faz com que os empresários tendam a aplicar mais no mercado financeiro do que
investir na compra de bens de capital.
O efeito da política monetária sobre o nível de renda também é conhecido como efeito Keynes.
Passo a passo, o mecanismo detonado por uma expansão monetária age da seguinte forma:
a) com mais moeda, fica mais barato financiar investimentos, dado que o excesso de moeda
provoca queda na taxa de juros (dinheiro mais barato); assim, a taxa de juros io cai para i1, o que
provoca um aumento no investimento de lo para I1;
b) a demanda de investimentos é um dos elementos da demanda agregada. Os reflexos sobre o
nível de renda ou de preços dependem de a economia estar ou não a pleno emprego. Como vimos
anteriormente, Keynes supõe basicamente uma economia em desemprego; com isso, pode-se
esperar que o nível de renda real y aumente de yo para y1 e que o nível de preços permaneça
constante.
Se a hipótese for de renda real a pleno emprego, então deve ocorrer aumento nos preços P, com y
constante. 0 efeito Keynes pode ser assim ilustrado graficamente, supondo economia abaixo do pleno
emprego:
Armadilha da liquidez
Keynes aponta uma possibilidade em que a política monetária seria totalmente ineficaz para tirar
uma economiade uma situação de desemprego. Se a economia estiver em depressão e com um nível de
taxa de juros muito baixo (baixa rentabilidade dos títulos), toda a expansão monetária será retida para fins
especulativos, não sendo aplicada na atividade produtiva, porque os especuladores julgam que a taxa de
juros já está em limite mínimo, e só poderá subir no futuro. Assim, na armadilha da liquidez o efeito Keynes
não funciona, já que a taxa de juros não se altera.
Na verdade, Keynes procurou mostrar, com esse conceito, uma situação na qual a política monetária
seria totalmente ineficaz, para com isso valorizar a aplicação da política fiscal. Essa é uma das razões
pelas quais os economistas fiscalistas são também chamados de keynesianos.
A Importância da Taxa de Juros
A taxa de juros representa o preço do dinheiro no tempo. Normalmente é expressa em uma
porcentagem por um período de tempo; por exemplo: 10% ao ano; 2% ao mês etc.
Todos os fluxos monetários na economia estão relacionados a diferentes taxa de juros. Entretanto,
todas essas taxas também estão relacionadas com uma taxa básica na economia. Essa é a taxa que os
bancos pagam pelos fundos de outros bancos, no chamado mercado interbancário.
No Brasil, a taxa básica é a taxa Selic, que é fixada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). O
COPOM, ao fixar mensalmente essa taxa, anuncia um viés de baixa, ou viés de alta, ou viés neutro,
sinalizando ao mercado que o presidente do Banco Central pode alterar a taxa de juros, sem aguardar a
próxima reunião. Esse sistema passou a ser adotado a partir de junho de 1999, quando se implantou a
sistemática de fixar metas de inflação (inflation targets) como diretriz de política monetária.
A taxa à qual os bancos emprestam fundos depende basicamente da oferta e demanda de dinheiro
da economia. O Banco Central, detendo o monopólio de emissão de moeda, influencia de maneira decisiva
essa taxa. O Banco Central também afeta a taxa de juros por meio da chamada taxa de juros do
redesconto, que é quanto ele cobra em empréstimos ao sistema bancário.
A mudança no nível da taxa de juros afeta todos os mercados na economia. Quando sobe a taxa
básica de juros, sobe o custo para os tomadores de fundos, bem como a remuneração dos aplicadores de
recursos. Uma alta de juros também:
- aumenta o custo de oportunidade de estocar mercadorias, dada a atratividade de aplicar no
mercado financeiro;
- incentiva o ingresso de recursos financeiros de outros países;
- é importante instrumento antiinflacionário, ao controlar o consumo agregado, seja pelo encareci-
mento do custo do crédito, seja por estimular aplicações financeiras;
- pode desestimular o investimento produtivo, pois estimula aplicações especulativas no mercado
financeiro;
- aumenta o custo da dívida interna.
Taxa de Juros Nominal e Taxa de Juros Real
As diferenças entre as taxas de juros nominais e taxas de juros reais têm implicações nas decisões
de investimento.
As taxas de juros nominais constituem-se em um pagamento expresso em porcentagem mensal,
trimestral, anual etc., que um tomador de empréstimos faz ao emprestador, em troca do uso de
determinada quantia de dinheiro. Se não houver inflação no período, a taxa de juros nominal será igual à
taxa de juros real desse período de tempo. Porém, quando há inflação, torna-se importante distinguir a
taxa de juros nominal da taxa de juros em termos reais. Assim, enquanto a taxa de juros nominal mede o
preço pago ao poupador por suas decisões de poupar, ou seja, de transferir o consumo presente para o
consumo futuro, a taxa de juros real mede o retorno de uma inflação em termos de quantidades de bens,
isto é, já descontada a taxa de inflação.
A relação entre a taxa nominal de juros, a taxa real e a inflação é dada pela Equação de Fisher:
(1 + i) = (1 + r) (1+ π),
onde: i = taxa nominal de juros: r = taxa real de juros; π = taxa de inflação. Tem-se, então, que:
1
)(1
i)(1r e
)(1
i)(1r)1(
−
+
+
=
+
+
=+
π
π
Como exemplo, vamos supor que a taxa de inflação em um certo mês seja igual a 10,3%. Se a taxa
de juros nominal for de 10,8515% nesse mesmo mês, qual será a taxa real de juros? Aplicando-se a
fórmula anterior, obtemos 0,005 ou 0,5% de juros em termos reais nesse mês.
INTERLIGAÇÃO ENTRE O LADO REAL E O LADO MONETÁRIO
Análise IS/LM
Introdução
Em capítulos anteriores fizemos algumas incursões na discussão das relações entre o lado real
(mercado de bens e serviços) e o lado monetário, via teoria quantitativa da moeda e teoria keynesiana.
Agora será apresentado um modelo mais completo, que permite incluir tanto hipóteses clássicas como
keynesianas, razão pela qual também é conhecido como Síntese Neoclássica. Inspira-se em hipóteses
keynesianas e foi formalizado por J. R. Hicks e A. Hansen. É também conhecido como Análise IS/LM ou
Análise Hicks-Hansen.
Esse modelo supõe desemprego de recursos (economia abaixo do pleno emprego). Assim, o nível
de preços também é suposto constante, o que significa que todas as variáveis são consideradas em
termos reais.
A Análise IS/LM: Uma Visão Geral
A análise IS/LM procura sintetizar, em um só esquema gráfico, muitas situações da política
econômica, por meio de duas curvas: a curva IS e a curva LM. O esquema IS/LM resume os pontos de
equilíbrio conjunto do lado monetário e do lado real da economia, entre a taxa de juros e o nível de renda
nacional.
Supondo, na lado real da economia, uma dada função consumo, uma função poupança, uma função
investimento e um dado nível de gastos do governo, teremos um conjunto de pares de taxas de juros e
níveis de renda de equilíbrio. Para níveis de juros mais baixos, teremos níveis de investimentos maiores e,
consequentemente, níveis de renda mais elevados; e, para dado nível de juros mais elevados,
observaremos uma queda no investimento e na renda. Esse conjunto de pares de taxas de juros e níveis
de renda é conhecido como curva IS. O nome IS são as iniciais, em inglês, de investimento e poupança
(Investment Savings).
No lado monetário da economia, temos que, para um dado nível de renda, teremos uma demanda
de moeda para transação. À medida que aumenta a renda, aumenta a demanda de moeda para transação.
Se o estoque de moeda for fixo, o aumento de renda provoca um aumento da taxa de juros, pois, como
aumentou a demanda de moeda, aumenta o preço da moeda (que é a própria taxa de juros).
Dessa forma, níveis de renda maiores implicam uma taxa de juros maior ou igual.
O conjunto de pares de taxas de juros e níveis de equilíbrio da renda é conhecido como curva LM. O
nome vem das iniciais em inglês de oferta e demanda (Liquidity-Money).
Evidentemente, tem que haver equilíbrio simultâneo e igual no lado real e no lado monetário da
economia. Portanto, o ponto onde as duas curvas, IS e LM, se cruzam é o ponto de equilíbrio da economia.
A análise IS/LM permite analisar o resultado da combinação de políticas monetárias e fiscais e seus
impactos sobre o lado real e o lado monetário, simultaneamente.
Equilíbrio do Lado Real (Mercado de Bens e Serviços: A Curva IS
Por simplificação, suporemos uma economia com apenas dois agentes: empresas e famílias.
Solução Algébrica
- condição de equilíbrio: Vazamentos = Injeções: S = I (1)
- função poupança: S = f(y) (2)
- função investimento: I = f(i) (3)
Substituindo (2) e (3) em (1), tem-se: S(y) = I(i)
Ou seja, o equilíbrio do lado real dependerá apenas dos valores da taxa de juros i e da renda real y.
A curva IS é o conjunto dos pontos de equilíbrio no mercado de bens e serviços. Mais
especificamente, a curva IS é o lugar geométrico das combinações de i e y que equilibram o mercado de
bens e serviços - ou seja, onde vazamentos são iguais às injeções, ou onde a oferta agregada iguala a
demanda agregada de bens e serviços.
O gráfico da figura indica o que acontece no lado real. No 1° quadrante, temos a função
investimento,negativamente relacionada com a taxa de juros; no 4° quadrante, temos a função poupança,
em uma relação direta com a renda; no 3° quadrante, temos a condição de equilíbrio no mercado de bens
e serviços, em termos de vazamentos e injeções; e no 2° quadrante, a curva IS, resultante dos demais
quadrantes.
O equilíbrio (3° quadrante) tem os mesmos valores dos dois eixos, por tratar-se de uma linha de 45°.
Para determinar a curva IS, basta escolher dois pontos quaisquer da função poupança, rebatê-los nos
diagramas de equilíbrio e da função investimentos e determinar dois pontos isolados no eixo i -y no 2°
quadrante. Ligando esses pontos teremos a curva IS. Era de se esperar que a declividade da curva IS
fosse negativa. Afinal, dado um aumento na taxa de juros i, a demanda de investimento I deve cair, com
isso cai a demanda agregada, pois l é um componente de demanda agregada e, finalmente, o nível de
renda y deve cair.
Fatores que afetam a Inclinação da Curva IS
A declividade da curva IS depende basicamente de dois parâmetros:
- declividade da função poupança, portanto, da propensão marginal a poupar, e assim, do
multiplicador keynesiano k,
- declividade da função investimento, portanto, da elasticidade dos investimentos em relação às
taxas de juros.
Fatores Que Deslocam a Curva IS
A curva IS é deslocada por todas as variáveis exógenas (variações em G, T, X, M, C, I) que não são
induzidas pela variação de renda, isto é, por outros fatores que não apresentam variações devido a
variações na renda. Não devemos confundir uma variação induzida, que seria representada por uma
movimentação ao longo da curva IS, motivada por alterações de i e y, com uma variação autônoma ou
exógena, que representa um deslocamento da curva IS. Assim, um aumento do consumo, devido a um
aumento de renda, é uma variação induzida, ao longo de IS; todavia, um aumento do consumo, devido a
um aumento de patrimônio, é uma variação exógena, deslocando a curva IS.
Uma política fiscal expansionista, aumentando os gastos do governo, desloca a curva I para a
direita, significando que, em dados níveis da taxa de juros, aumentam os gastos de governo. O rebate na
curva IS mostra um aumento dessa curva, significando que, às mesmas taxas de juros, o nível de
demanda agregada é maior, devido ao aumento em G. O gráfico da figura ilustra isso:
Equilíbrio do Lado Monetário: A Curva LM
Solução Algébrica
- condição de equilíbrio: Ms = Md (1)
- função oferta de moeda (fixada institucionalmente): Ms = M (2)
- função demanda de moeda: M d = kY + f(i) (3)
Substituindo (2) e (3) em (1), vem: M = kY + f(i)
Dessa equação deriva a curva LM, que é o conjunto de combinações de i e y que equilibram o
mercado monetário, isto é, onde MS = Md.
A inclinação da curva LM é positiva, relação direta entre i e y, ao contrário da curva IS. Por exemplo,
dado aumento na taxa de juros i, cai a demanda de moeda por especulação. Sendo a oferta de moeda
fixada, sobra mais moeda para transações, as pessoas gastam mais, a demanda agregada aumenta e
cresce também o nível de renda y.
Fatores que afetam a Inclinação da Curva LM
A declividade da curva LM depende de dois parâmetros:
- declividade da demanda de moeda por transações e precaução, portanto, da velocidade-renda da
moeda V, que é o inverso do coeficiente marshalliano k,
- declividade da demanda de moeda por especulação, portanto, da elasticidade da demanda de
moeda em relação à taxa de juros i.
Fatores que Deslocam a Curva LM
A curva LM é deslocada pelos fatores autônomos ou exógenos que venham a deslocar as curvas de
oferta e demanda de moeda:
- oferta de moeda Ms: afetada por alterações de política econômica, como mudança nas taxas de
reservas obrigatórias, política de open market, redescontos;
- demanda de moeda por transações e precaução: afetada por variações nos hábitos da
coletividade, no grau de verticalização ou expectativas sobre inflação futura, que afetam a
velocidade-renda da moeda;
- demanda de moeda por especulação: alterada por variação nas expectativas sobre a rentabilidade
futura dos títulos.
Deve ser observado que uma alteração da demanda de moeda por transações e precaução, devida
a um aumento de renda, é uma variação induzida, ao longo da curva LM, enquanto a alteração de
transações e a precaução são devidas a mudanças em V ou nas expectativas que deslocam a curva LM.
Uma política monetária expansionista desloca a oferta da moeda para a direita, bem como a curva
LM, como mostra o gráfico da figura:
Interligação entre o Lado Real e o Lado Monetário
Solução algébrica
- equilíbrio lado real: i = 3 - 0,01y (IS)
- equilíbrio lado monetário: i = 1 + 0,01y (LM)
- taxa de juros e nível de renda real que equilibram simultaneamente o lado real e o lado monetário:
io = 2 e yo = 100
Estabelecidos io e yo de equilíbrio, podemos determinar os valores de equilíbrio de S, l, C, MdE,
MdT+p, bastando substituir io e yo nas funções anteriores.
Solução gráfica
Efeito de Alterações na Política Fiscal sobre o Equilíbrio
Suponhamos, por exemplo, uma política fiscal expansionista, mediante um aumento de gastos do
governo. Isso provocará aumento na curva IS, isto é, um deslocamento para a direita. Suponhamos, ainda,
que esse aumento de gastos do governo tenha sido financiado por uma política de open market, ou seja,
pela colocação de títulos públicos no mercado; desta forma, a quantidade de moeda do sistema (Ms)
permanece inalterada.
Observando a figura abaixo, vemos que o acréscimo em G provocou aumento da taxa de juros. Para
obter recursos no open market, o governo precisa aumentar a remuneração de seus títulos. Com o
acréscimo em i e com a oferta de moeda fixada, caiu a demanda de moeda por especulação e aumentou a
demanda de moeda por transação e precaução. Por outro lado, o acréscimo em G aumenta a demanda
agregada. Supondo uma economia em desemprego, isso provoca aumento da renda real y, o que está
demonstrado na figura abaixo.
Cabem duas observações acerca dos efeitos de um aumento dos gastos do governo.
Primeiramente, existe um fenômeno conhecido como crowding out ou efeito deslocamento, devido ao
aumento das taxas de juros, motivado pelo maior volume de G. O acréscimo em G aumenta as taxas de
juros, e, com isso, diminui a demanda de investimentos privados l, pois I é uma função inversa de i. Ou
seja, o governo ocupa um espaço antes ocupado pelo setor privado. Trata-se de uma das principais
críticas dos monetaristas a políticas fiscalistas muito ativas.
Em segundo lugar, e derivado também da elevação da taxa de juros, observa-se que o efeito
multiplicador keynesiano não é completo, como no modelo simplificado apresentado.
Ou sela, se, por exemplo, o aumento dos gastos do governo for igual a 20 e o coeficiente
marshalliano k igual a 4, o aumento de renda não será igual a 80, mas inferior, pois a queda do
investimento privado, provocada pela elevação dos juros, amortece o efeito multiplicador provocado pelo
aumento dos gasto do governo.
Esse efeito multiplicador só seria completo na "armadilha da liquidez", em que um aumento de G
não afeta as taxas de juros de mercado, pois elas serão tão baixas que o governo pode obter recursos,
oferecendo letras com juros pouca coisa maiores que os prevalecentes e, portanto, não afeta a demanda
de investimentos.
Efeito de Alterações de Política Monetária sobre o Equilíbrio
Suponhamos um aumento da oferta de moeda. Com Ms aumentando, o dinheiro abundante torna a
taxa de juros mais barata, o que provoca três efeitos paralelos:
- aumenta I, aumenta Demanda Agregada (DA), aumenta a renda (y);
- aumenta a demanda de moeda por especulação, devido à queda da taxa de juros;
- aumenta a demanda de moeda por transação e precaução devido ao aumento da renda real.
Eficácia da Política Monetária e Política Fiscal
A eficácia ou poder de cada política, para aumentar o nível de renda, dependerádas elasticidades
das curvas IS e LM. No fundo, depende da sensibilidade do nível de renda em relação a variações da taxa
de juros.
Como se observa esse modelo dá uma grande importância (exagerada para muitos) ao papel das
taxas de juros na determinação do equilíbrio macroeconômico, o que é uma herança keynesiana.
Empiricamente, são poucas as evidências de que a demanda de investimentos seja significadamente
influenciada pela taxa de juros.
Existem mais evidências da influência da taxa de juros sobre as variáveis monetárias (demanda de
moeda). Ou seja, as taxas de juros parecem afetar mais a curva LM do que a IS.
Para a reflexão que se segue, vamos destacar três trechos da curva LM, como mostra a figura:
- trecho clássico: LM não é sensível à taxa de juros. Portanto, a demanda especulativa é nula. No
fundo, cai-se na teoria quantitativa da moeda, em que a demanda de moeda depende apenas de
renda nominal (Ms = kY). Ou seja, a elasticidade da demanda da moeda em relação à taxa de juros
é zero. Nessas condições, a política monetária é eficaz e a política fiscal ineficaz para aumentar o
nível de atividade.
- trecho keynesiano: é a armadilha da liquidez, em que a elasticidade da demanda de moeda em
relação à taxa de juros é infinita. Significa que qualquer aumento na oferta de moeda será retido em
encaixes especulativos. A política monetária é ineficaz e a política é eficaz, para promover aumentos
de renda.
- trecho intermediário: rigorosamente, também um trecho keynesiano, dado que a LM é sensível à
taxa de juros (lembrando que, na teoria clássica, não comparece a taxa de juros como elemento que
afete a demanda de moeda). Nesse trecho, a eficácia das políticas fiscal e monetária depende da
inclinação e da posição das curvas IS e LM.
Em síntese, podemos dizer que, coeteris paribus:
a) a eficácia da política monetária:
- diminui, quando a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros aumenta (pois
aumenta a tendência para manter muitos encaixes ociosos, para especulação);
- aumenta, quanto mais I seja sensível a i;
- aumenta, quando a velocidade-renda da moeda aumenta (amoeda gira rápido, criando renda);
b) a eficácia da política fiscal:
- diminui, quando a elasticidade dos investimentos em relação à taxa de juros se eleva (um efeito
deslocamento crowding out muito elevado);
- aumenta, quando a propensão marginal a consumir aumenta (efeito keynesiano eleva-se).
INFLAÇÃO
Conceito de Inflação
A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado do nível de preços, ou
seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas esporádicas de
preços. Devem também ser generalizados, porque a maioria dos preços deve ser sincronizada numa
escala altista.
Distorções Provocadas Por Altas Taxas de Inflação
Ao discutir o problema da inflação, deve ser observado que muitos economistas não crêem que as
distorções provocadas por uma inflação suave sejam sérias, mas poucas dúvidas pode haver de que níveis
elevados de inflação produzirão conseqüências desastrosas.
Os principais efeitos provocados por esse fenômeno são apontados a seguir.
Efeitos sobre a Distribuição de Renda
Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz respeito à redução do poder aquisitivo
das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Nesse caso,
estão os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais
reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda,
que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam com sua
subsistência. Percebe-se que a inflação é, principalmente, um imposto sobre os mais pobres.
Os que auferem renda de aluguel também têm perda de rendimento real, ao longo do processo
inflaci-onário, mas esses são compensados pela valorização de seus imóveis, que costuma caminhar à
frente das taxas de inflação. Os proprietários de bens de raiz praticamente nada sofrem, já que suas
propriedades normalmente são valorizadas no mesmo ritmo em que deteriora o valor do dinheiro. Nessa
categoria, também estão os empresários, que têm mais condições de repassar os aumentos de custos
provocados pela inflação, garantindo assim a manutenção de seus lucros, e o próprio governo, via
correção de impostos e preços e tarifas públicas.
Efeito sobre o Balanço de Pagamentos
Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o
produto nacional relativamente ao produzido no exterior. Assim, provocam estímulo às importações e
desestímulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial (exportações menos importações).
Esse fato costuma inclusive provocar um verdadeiro círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um
déficit cambial.
Nessas condições, as autoridades, na tentativa de minimizar o déficit, são obrigadas a permitir
desvalorizações cambiais, as quais, depreciando a moeda nacional, podem estimulara colocação de
nossos produtos no exterior, desestimulando as importações. Entretanto, as importações essenciais, das
quais muitos países não podem prescindir, tais como petróleo e derivados, fertilizantes, equipamentos sem
similar nacional, tornar-se-ão imediatamente mais caras, pressionando os custos de produção dos setores
que utilizam mais largamente produtos importados. Ocorre nova elevação de preços, devido ao repasse do
aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo.
Efeito sobre as Expectativas
Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas
sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dadas a
instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera, enquanto a
situação perdurar, e dificilmente tomará iniciativas para aumentar seus investimentos na expansão da
capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, consequentemente, o nível de
emprego são afetados pelo processo inflacionário.
Efeito sobre o Mercado de Capitais
Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário intenso, o valor da moeda deteriora-se
rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As
aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula
a aplicação de recursos em bens de raiz, como ferras e imóveis, que costumam valorizar-se durante o
processo inflacionário.
No Brasil, essa distorção foi bastante minimizada pela instituição de mecanismos de correção mone-
tária, pelos quais os papéis públicos, bem como as cadernetas de poupança, passaram a ser reajustados
por um índice que reflete aproximadamente o crescimento da inflação.
Esses são os principais efeitos de um processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a
inflação no curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu
processo, funcionando como um rolo compressor, desarticula todo o sistema econômico. Assim, embora a
inflação onere principalmente os trabalhadores, ao corroer seus salários, é evidente que, com o
empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos.
Causas da Inflação
Inflação de Demanda
A inflação de demanda é o tipo mais clássico de inflação e refere-se ao excesso de demanda
agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. É entendida como "dinheiro à procura de
poucos bens".
Conclui-se que a probabilidade de inflação de demanda aumenta, quanto mais a economia estiver
próxima do pleno emprego de recursos. Se houver desemprego em larga escala na economia, é de se
esperar que um aumento de demanda agregada deva corresponder a um aumento na produção de bens e
serviços, pelamaior utilização de recursos antes desempregados, sem que necessariamente ocorra
aumento generalizado de preços.
Quanto mais nos aproximamos do pleno emprego, mais se reduz a possibilidade de expansão
rápida da produção, caracterizando um excesso de demanda, que repercutirá sobre os preços.
Como este tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada e tendo em vista que,
a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política econômica que a oferta agregada (cujos
ajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos), a política preconizada para combatê-la
assenta-se em instrumentos que provocam redução da procura agregada por bens e serviços, como
elevação da taxa de juros, restrições de crédito, aumento de impostos, redução de gastos públicos etc.
Inflação de Custos
A inflação de custos pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O nível de demanda
permanece o mesmo, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e eles são repassados aos
preços dos produtos.
De maneira geral, pode-se salientar o seguinte: o preço de um bem ou serviço tende a ser bastante
relacionado a seus custos de produção. Se o último aumenta, mais cedo ou mais tarde o preço do bem
provavelmente aumentará. Uma razão freqüente para um aumento de custos seriam os aumentos
salariais. Um aumento das taxas de salários, entretanto, não necessariamente significa que os custos de
produzir um bem aumentaram. Se a produtividade da mão-de-obra empregada aumenta na mesma
proporção dos salários reais médios, os custos unitários por unidade de produto não são afetados.
O aumento da taxa de salários provoca inflação, se existir alguma causa autônoma. Por exemplo, se
sindicatos com mais poder de barganha são capazes de forçar um aumento de salários em níveis acima
dos índices de produtividade, os custos de produzir bens e serviços aumentam. Se os preços de produtos
finais seguem os custos de produção, resulta uma inflação impulsionada pelos custos de produção.
A inflação de custos também está associada ao fato de que algumas empresas, com elevado poder
de monopólio ou oligopólio, têm condições de elevar seus lucros acima da elevação dos custos de
produção.
Muitos economistas acreditam que o fenômeno da estagflação (estagnação econômica com
inflação) esteja associado a uma inflação de custos. A estagflação ocorre quando há paralelamente taxas
significativas de inflação e recessão econômica, com desemprego. Isso pode ser devido ao fato de que,
em períodos de queda de atividade produtiva, as firmas com poder oligopolístico têm condições de manter
margens de lucros sobre custos (mark-up), ao aumentar os preços de seus produtos.
A inflação de custos também pode ser causada por aumentos autônomos nos preços de matérias-
primas básicas, os chamados choques de matérias primas (crise do petróleo, choques agrícolas).
Normalmente, a política usual, no caso de inflação de custos, é o controle direto dos preços, o que
pode ocorrer tanto por meio de uma política salarial mais rígida, maior fiscalização sobre os lucros
auferidos pelos grupos oligopolísticos, quanto pelo controle ou tabelamento de preços dos produtos.
Outras Causas: Inflação Inercial, Inflação de Expectativas e a Corrente Estruturalista
No Brasil, além dos fatores tradicionais causadores do processo inflacionário, tem-se associado a
esse processo também a inércia inflacionária e as expectativas de inflação futura.
A visão inercialista refere-se aos mecanismos de indexação formal (contratos, aluguéis, salários) e
informal (reajustes de preços no comércio, indústria, tarifas públicas) que provocam a perpetuação das
taxas de inflação anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Além disso, mesmo sem
terem apresentado aumentos significativos de seus custos, muitos setores simplesmente elevam os preços
de bens e serviços. Por essa razão, nos planos antiinflacionários adotados após 1986 no Brasil, as
autoridades adotaram o congelamento de preços e salários, para eliminar a chamada memória
inflacionária, ou seja, desindexando a economia. Outro recurso foi a troca da unidade monetária, em que
durante algum tempo coexistem uma moeda inflacionada (como cruzeiro real) e uma moeda teoricamente
sem inflação (como o real), indexada ao dólar ou a uma cesta de moedas estrangeiras.
A inflação de expectativas estaria associada aos aumentos de preços provocados pelas
expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles procuram resguardar suas
margens de lucro. No Brasil, esse fator tem sido muito presente antes de mudanças de governo, com os
empresários precavendo-se contra eventuais congelamentos de preços e salários, que têm sido uma
estratégia freqüente nos planos pós-86 (chamados choques heterodoxos).
Na América Latina, a partir dos anos 50 ganhou destaque uma corrente que pressupõe que a
inflação no continente estaria associada estreitamente a tensões de custo, causadas por deficiências na
estrutura econômica. É a corrente estruturalista.
De acordo com essa corrente, a inflação seria explicada principalmente pela estrutura agrária,
estrutura oligopólica de mercado e estrutura do comércio internacional.
A agricultura não responderia ao crescimento da demanda de alimentos, devido à exigência de
latifúndios pouco preocupados com questões de produtividade (oferta de produtos agrícolas inelástica a
estímulos de preços de mercado). Isso levaria ao aumento de preços dos alimentos. Por outro lado,
grandes oligopólios têm condições de sempre manter suas margens de lucro, repassando todos os
aumentos de custos aos preços. Finalmente, a inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais
que os países subdesenvolvidos são obrigados a promover, para compensar o déficit crônico da balança
comercial, gerado pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional, contra países
subdesenvolvidos, por exportarem produtos primários e importarem produtos manufaturados.
No fundo, por essa visão, as causas da inflação estão associadas aos conflitos distributivos, que se
resumem na tentativa de os agentes manterem ou aumentarem sua posição na distribuição do "bolo"
econômico: empresários defendendo suas margens de lucro, trabalhadores tentando manter seus salários
e o governo mantendo sua parcela por meio de impostos, preços e tarifas públicas, além de poder emitir
moeda a qualquer momento, gerando imposto inflacionário.
O Imposto Inflacionário
Observa-se que uma das principais conseqüências de elevadas taxas de inflação recai sobre a
classe de menor renda, que não tem condições de defender-se dos aumentos de preços. Sobre ela recai o
imposto inflacionário.
O imposto inflacionário representa uma receita para o governo, devido ao monopólio que possui
sobre as emissões. O governo praticamente não é afetado pela perda do valor do estoque de moeda, pois,
para pagar seus compromissos, basta emitir mais moeda. O imposto inflacionário é justamente a receita
que o Banco Central obtém ao emitir moeda a custo zero.
Como as classes sociais menos favorecidas praticamente não têm aplicações financeiras, não têm
defesas para essa taxação implícita, ou seja, os mais pobres pagam proporcionalmente mais imposto
inflacionário que os mais ricos. Nesse sentido, pode-se afirmar que o imposto inflacionário é um imposto
regressivo. Em grande medida, o imposto inflacionário explica um fato que tem ocorrido nos recentes
planos antiinflacionários no Brasil quando, ao derrubar as taxas de inflação, ocorre uma grande elevação
do consumo, principalmente das classes menos favorecidas, justamente porque deixaram de pagar esse
imposto.
Inflação e Desemprego: A Curva de Phillips
Até o anos 50, o modelo macroeconômico tradicional era baseado na síntese neoclássica (modelo
IS/ LM) e na ênfase keynesiana a políticas voltadas à demanda agregada. Entretanto, esse modelo
apresentava uma dicotomia entre o comportamento da economiano pleno emprego e abaixo do pleno
emprego.
Abaixo do pleno emprego, seguia-se a tradição keynesiana de que os preços eram rígidos e que
mudanças no sistema dadas exogenamente afetavam apenas as variáveis reais (emprego, produção). Por
outro lado, no pleno emprego, as variáveis reais permaneciam inalteradas, e mudanças exógenas
traduziam-se apenas num movimento dos preços. Ou seja, a curva de oferta agregada considerada tinha
um formato do tipo apresentado na figura a seguir:
No entanto, a realidade não mostra uma dicotomia assim tão clara entre variações ou no preço ou
na quantidade, observando-se em geral movimentos conjuntos das duas variáveis.
Então, aparece a chamada Curva de Phillips, que procura resolver essa dicotomia, demonstrando
uma relação inversa (um trade-off) entre inflação e desemprego.
Considerando que o nível de produto está diretamente relacionado ao nível de emprego, ou inversa-
mente ao de desemprego, e sabendo que a inflação corresponde a um aumento no nível geral de preços, a
Curva de Phillips fornece-nos uma guia sobre o que devemos buscar em termos de modelo de oferta
agregada. Se quisermos ganhar mais produto (ou, nos termos da Curva de Phillips, reduzir o desemprego),
poderemos obtê-lo, mas em troca teremos também preços mais elevados (mais inflação). Podemos
expressar a Curva de Phillips como se segue:
)µβ(µπ N−−=
onde π é a taxa de inflação, β, a elasticidade da inflação em relação aos desvios da taxa de desem-
prego, µ, taxa de desemprego, e µN, a taxa natural de desemprego (isto é, a taxa de desemprego
compatível com o pleno-emprego, provocada pela imobilidade da mão de obra). Graficamente, pela figura:
Note-se que, quando a taxa de desemprego for igual à taxa natural, a inflação será zero. A inflação
será positiva se o desemprego estiver abaixo da taxa natural, e será negativa (deflação) se o desemprego
estiver acima. Se essa relação for estável, abre-se a possibilidade para o Governo manter a economia
sempre com baixa taxa de inflação.
Outra alteração trazida pela Curva de Phillips é que a análise passa a ser considerada em termos de
taxas (de inflação, de desemprego), em vez de níveis (preços, produto), como nos modelos anteriormente
vistos.
No fim dos anos 60, começaram a surgir trabalhos enfatizando o papel das expectativas dos
agentes, principalmente sobre a inflação esperada. Contestou-se a estabilidade da curva de Phillips,
alegando-se que, quando se tem inflação recorrente, os agentes passam a se antecipar à inflação,
remarcando seus preços, sem alterar a produção (e, portanto, o emprego). Essa visão deu origem à versão
aceleracionista da curva de Phillips, que pode ser expressa como se segue: )µβ(µππ N
e
−−= , sendo
eπ e a taxa de inflação esperada. Graficamente,
Portanto, a taxa de inflação em dado período depende de quanto os agentes esperam de inflação e
do nível de atividade econômica. Ou seja, pode ocorrer inflação simplesmente porque os agentes
acreditam que haverá inflação. Isso significa que já não existiria um trade-off estático entre inflação e
desemprego.
Com a introdução das expectativas, um ponto importante a ser discutido é como os indivíduos a
formam. São duas as correntes principais: as chamadas expectativas adaptadas e as expectativas
racionais.
De acordo com as expectativas adaptadas ou adaptativas, a inflação esperada para o próximo
período é uma média ponderada da inflação observada nos últimos períodos.
A escola das expectativas racionais considera que os agentes não olham o passado, mas as
informações disponíveis no presente. Para formar suas expectativas sobre inflação futura, o indivíduo não
incorre em erros sistemáticos, e aprende com os erros passados, incorporando essa informação a suas
expectativas.
Implicação importante da hipótese das expectativas racionais sobre análise da curva de Phillips é
que a taxa de desemprego sempre tenderia à taxa natural.
Ou seja, os desvios decorrem de erros nas expectativas, que tendem a ser corrigidos. Assim, a
curva de Phillips de longo prazo, seria:
O SETOR EXTERNO
Introdução
O mundo, hoje, está crescentemente sendo interligado, seja pelos fluxos comerciais, seja pelos
fluxos financeiros. Com base nessa constatação, o estudo da chamada "Economia Internacional", como
um ramo específico da Teoria Econômica, ganhou destaque. No ramo da Economia Internacional,
costumam-se dividir as questões teóricas em grandes blocos: os aspectos microeconômicos, ou a teoria do
comércio internacional, que procura justificar os benefícios para cada país, advindos do comércio
internacional; e os aspectos macroeconômicos, relativos à taxa de câmbio e ao Balanço de Pagamentos.
Fundamentos do Comercio Internacional: A Teoria das Vantagens Comparativas
Há um questionamento que fazem os economistas: por que os países comercializam entre si?
Muitas explicações podem ser levantadas, como a diversidade de condições de produção, ou a
possibilidade de redução de custos (a obtenção de economias de escala) na produção de determinado
bem vendido para um mercado global. Os economistas clássicos forneceram a explicação teórica básica
para o comércio internacional por meio do chamado "princípio das vantagens comparativas".
O Princípio das Vantagens Comparativas sugere que cada país deve especializar-se na produção
daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor).
Esta será, portanto, a mercadoria a ser exportada. Por outro lado, esse mesmo país deverá importar
aqueles bens cuja produção implicar um custo relativamente maior (cuja produção é relativamente menos
eficiente). Desse modo, explica-se a especialização dos países na produção de bens diferentes, com base
na qual se concretiza o processo de troca entre eles.
A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo, em 1817. A teoria
desenvolvida por Ricardo fornece uma explicação para os movimentos de mercadorias no comércio
internacional, que está no lado da oferta ou dos custos de produção existentes nesses países. Logo, os
países exportarão e se especializarão na produção dos bens cujo custo for comparativamente menor em
relação àqueles existentes, para os mesmos bens, nos demais países exportadores.
Ressalte-se que a Teoria das Vantagens Comparativas apresenta a limitação de ser relativamente
estática, não levando em consideração a evolução das estruturas de oferta e da demanda, bem como das
relações de preços entre produtos negociados no mercado internacional, à medida que as economias se
desenvolvem e seu nível de renda cresce.
Essa é uma crítica desenvolvida pelos economistas de visão estruturalista ou cepalina (de CEPAL
- Comissão Econômica para América Latina e Caribe, órgão da ONU - Organização das Nações Unidas).
Segundo essa corrente, os produtos manufaturados apresentam elasticidade-renda da demanda
maior que um, e os produtos primários menor que um, significando que o crescimento da renda mundial
provocaria um aumento relativamente maior no comércio de manufaturados, acarretando uma tendência
crônica ao déficit no Balanço de Pagamentos dos países exportadores de produtos básicos ou primários
(justamente os países periféricos ou em vias de desenvolvimento).
Taxa de Câmbio
Conceito
Taxa de câmbio é o preço da moeda (divisa) estrangeira, em termos da moeda nacional. Por
exemplo: cotação (preço) do dólar: $ 3,40 reais (cada dólar vale 3 reais e 40 centavos).
Como todo preço, a taxa de câmbio é determinada pela oferta e demanda, de divisas.
A oferta de divisas depende do volume de exportações e da entrada de turistas e de capitais
externos (agentes que querem trocar dólares por reais).
A demanda de divisas (agentes que querem trocar reais por dólares) depende do volume de
importações e da saída de turistas e de capitais externos (amortizações de empréstimos, remessa de
lucros, pagamento de juros etc.).
Parece claro que, quanto maiora oferta de divisas (em virtude da demanda existente), menor a taxa
de câmbio; ou seja, aumenta a disponibilidade de moeda estrangeira, ela torna-se mais barata. Isto é, o
dólar fica mais barato, em termos reais. Há uma valorização da moeda nacional e uma desvalorização do
dólar.
Por outro lado, se aumentar a demanda de divisas, em virtude da oferta, maior a taxa de câmbio
(isto é, teremos que dar mais reais por dólar, significando uma desvalorização do real e uma valorização
do dólar).
Define-se, então, uma valorização cambial ou apreciação cambial como o aumento do poder de
compra da moeda nacional, perante outras moedas (por exemplo, um real compra mais dólar).
Como a taxa de câmbio é definida como preço da moeda estrangeira, segue-se que uma valorização
cambial corresponde a uma queda na taxa de câmbio.
Fazendo-se um raciocínio análogo, uma desvalorização cambial representa uma perda do poder
de compra da moeda nacional, o que corresponde a um aumento da taxa de câmbio (no preço do dólar,
por exemplo).
Observa-se que a variação do dólar no paralelo representa um termômetro das incertezas e
expectativas que o país atravessa, mas não influencia e nem depende da taxa oficial de câmbio.
Regimes Cambiais: Taxas de Câmbio Fixas e Taxas de Câmbio Flutuantes (Flexíveis)
De modo geral, existem dois grandes tipos de regime cambial, o de taxas fixas e o de taxas
flutuantes de câmbio.
1) Taxas fixas de câmbio: o Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio, e compromete-
se a comprar divisas à taxa fixada.
O que se ajusta é a oferta e a demanda de divisas ao valor fixado.
2) Taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis: a taxa de câmbio varia segundo a demanda e a oferta
de divisas.
Ou seja, o que se ajusta é a taxa de câmbio, e o Banco Central não tem compromisso de comprar
divisas no mercado.
Na verdade, entre os dois casos existem regimes intermediários, como a chamada flutuação suja
ou dirty floating, na qual se adota o regime de câmbio flutuante, com o mercado determinando a taxa,
mas com intervenções do Banco Central, comprando e vendendo divisas de forma a manter a taxa de
câmbio em níveis adequados, sem grandes oscilações.
Um outro regime intermediário que pode ser citado é o de bandas flutuantes, adotado durante um
determinado período no Plano Real (até janeiro de 1999), em que se admite uma flutuação dentro de
limites fixados pelo Banco Central. Este regime enquadra-se dentro das regras do câmbio fixo, visto que
permanece a obrigação do Banco Central de disponibilizar reservas para atender ao mercado, se assim for
necessário.
Ainda dentro do regime de câmbio fixo há o chamado currency board, no qual, como vimos no
capítulo sobre moeda, tem-se que, além do câmbio fixado, a quantidade de moeda real varia em função da
entrada e da saída de divisas. Ou seja, a oferta de moeda fica ancorada ao volume de reservas cambiais.
O quadro a seguir resume as diferenças existentes entre os dois tipos principais de regimes
cambiais.
CÂMBIO FIXO
CÂMBIO FLUTUANTE
(FLEXÍVEL)
CARACTERÍSTICAS
• Banco central fixa a taxa de
câmbio.
• Banco central é obrigado a
disponibilizar as reservas
cambiais.
• mercado (oferta e demanda
de divisas) determina a taxa
de câmbio.
• Banco central não é
obrigado a disponibilizar as
reservas cambiais.
VANTAGENS
• Maio controle da inflação.
(custo das importações)
• Política monetária mais
independente do cambio.
• Reservas cambiais mais
protegidas de ataques
especulativos.
DESVANTAGENS
• Reservas cambiais
vulneráveis a ataques
especulativos.
• A política monetária (taxa de
juros) fica dependente do
volume de reservas
cambiais.
• A taxa de câmbio fica muito
dependente da volatibilidade
do mercado financeiro
nacional e internacional.
• Maior dificuldade de controle
das pressões inflacionárias,
devido às desvalorizações
cambiais.
Efeito das Variações na Taxa de Câmbio sobre Exportações e Importações
Com uma desvalorização cambial, a taxa de câmbio sobe (o preço do dólar sobe, em reais), os com-
pradores estrangeiros, com os mesmos dólares, compram mais produtos brasileiros e os exportadores
tendem a exportar mais; os importadores pagarão mais reais por dólar e tendem a importar menos. Assim,
as desvalorizações cambiais tendem a estimular as exportações e a desestimular as importações.
A valorização cambial, por seu turno, torna a moeda nacional mais forte, o que estimulará a compra
de produtos importados, mas desestimula a venda dos exportados.
Efeito das Variações na Taxa de Câmbio sobre a Taxa de Inflação
Um dos mais importantes instrumentos utilizados para o controle da inflação tem sido a valorização
cambial, chamada, nesse contexto, de âncora cambial. Isso porque, ao valorizar-se o câmbio, tornando a
moeda nacional mais forte, estimula-se a compra de produtos importados, aumentando a concorrência
com os nacionais, o que provoca uma pressão pela queda dos preços internos. Geralmente, essa política
cambial está acoplada a uma política de abertura comercial, isto é, de liberalização de importações, com
quedas acentuadas das tarifas de importações e das barreiras protecionistas.
A valorização da moeda nacional é um instrumento adequado para controlar a inflação, além de
colaborar com a melhoria da eficiência produtiva, pelo aumento da competição externa e modernização do
parque produtivo propiciada pelas importações mais baratas. Entretanto, ela tem impactos negativos, tanto
para o setor exportador, que perde mercado pelo maior valor relativo de seu produto, quanto para os
setores que eram mais protegidos e passaram a sofrer a concorrência dos importados.
Embora, realmente, uma desvalorização cambial possa proporcionar um aumento nas exportações e
uma queda na maior parcela dos produtos importados, leva um certo tempo para essa resposta. Na
verdade, o efeito mais imediato é o aumento no custo das importações, o que inclui muitos produtos
essenciais cuja demanda é inelástica como, por exemplo, o petróleo. Isso traz uma pressão sobre os
custos de produção e, consequentemente, sobre as taxas de inflação. O efeito de desvalorização cambial
sobre as taxas de inflação é chamado de pass-through.
Assim, o nível da taxa de câmbio deve ser relativamente alto para estimular as exportações e
relativamente baixo para não encarecer demasiado as importações e pressionar a inflação.
Variação Normal e Variação Real do Câmbio
Vamos supor, por exemplo, uma desvalorização cambial de 10%. Se a taxa de inflação também for
de 10%, na realidade não ocorreu uma desvalorização, em termos reais. Ou seja, a desvalorização
nominal foi de 10%, mas a real é nula (supondo que os preços internacionais não se alteraram).
O conceito de desvalorização ou valorização em temos reais é muito utilizado para verificar a
competitividade dos produtos nacionais, em face dos produtos estrangeiros: se a desvalorização nominal
superar a variação da inflação, significa que a competitividade de nossos produtos aumentou (ocorreu uma
desvalorização real de nossa moeda, em face das moedas estrangeiras).
Pode também ocorrer uma situação em que tanto a variação cambial quanto a dos preços internos
foram nulas, mas houve um aumento da inflação externa, isto é, dos preços externos, particularmente de
nossos parceiros comerciais. Isso altera os termos de troca internacionais, mudando o grau de
competitividade de nossos produtos. No caso, como os preços externos aumentaram e os internos
permaneceram constantes, houve uma desvalorização real da moeda nacional, melhorando o grau de
competitividade de nossos produtos.
Pelo exposto, notamos que a variação real da taxa de câmbio depende de três variáveis:
- taxa de cambio nominal;
- inflação interna (preços domésticos);
- inflação externa (preços internacionais).
Outra medida comumente utilizada para avaliar o grau de competitividade é a relação câmbio-
salários, ou seja, comparara variação cambial com a variação dos salários. Como o salário é
normalmente o principal item de custos, uma desvalorização do câmbio superior ao aumento de salários
representa um barateamento de nossos produtos relativamente aos estrangeiros.
Efeito das Variações na Taxa de Câmbio sobre a Dívida Externa do País
De imediato, uma desvalorização cambial, por exemplo, aumenta o estoque da dívida externa em
reais, não afetando seu saldo em dólares. A médio prazo, a desvalorização, ao estimular as exportações e
desestimular as importações, pode aumentar a oferta de dólares, com conseqüente queda do preço do
dólar (valorização cambial), e levar a uma queda de dívida externa em dólares.
Uma valorização cambial tem, evidentemente, efeito inverso: diminui o valor da dívida em reais de
imediato, mas pode aumentar no futuro, ao estimular importações, relativamente às exportações, e levando
à desvalorização cambial, elevando a dívida em reais.
Relações entre Taxa de Câmbio e Taxa de Juros
Alterações das taxas de juros internas, relativamente às externas, provocam movimentações de
capitais financeiros, que afetam diretamente a taxa de câmbio:
- quando as taxas reais de juros internas aumentam, em relação às externas, há uma tendência a
um aumento do fluxo de capitais financeiros internacionais para o país, aumentando, portanto, a
oferta de divisas estrangeiras, e promovendo uma queda da taxa de câmbio e, consequentemente,
uma valorização da moeda nacional. Paralelamente, os nacionais ficam atraídos a investir no
mercado interno de capitais, diminuindo á saída de divisas do país e, assim, a demanda de divisas,
o que também redunda em valorização da moeda nacional;
- quando as taxas reais de juros internas diminuem em relação às internacionais tem-se um efeito
contrário: uma queda na oferta e um aumento da demanda de divisas, provocando uma
desvalorização da moeda nacional.
No sentido inverso, isto é, os efeitos da política cambial sobre as taxas de juros interna dependerá
principalmente do regime cambial adotado pelo país. No câmbio fixo, se houver um excesso de demanda
de divisas, como no caso de um ataque especulativo, o Banco Central pode ser obrigado a elevar a taxa
de juros para atrair ou evitar a saída de dólares no país, a fim de manter suas reservas. No câmbio
flutuante, o efeito sobre os juros é menor, já que o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas
reservas.
Por trás da determinação das taxas de juros de taxa de câmbio estão envolvidas praticamente todas
as variáveis de política econômica. Um modelo que sintetiza razoavelmente todas essas relações é o
Modelo Mundell-Fleming, que mostra como as políticas fiscal e monetária, em situações de regimes de
taxa de câmbio fixas ou flexíveis, afetam o equilíbrio interno (dado pelas curvas IS/LM) e o equilíbrio
externo (representado pela curva BP que, de forma análoga às curvas IS/LM, representa os pontos entre a
taxa de juros e nível de renda que equilibram o Balanço de Pagamentos).
Variáveis que Afetam as Exportações e Importações Agregadas
Exportações
As exportações agregadas de um país dependem fundamentalmente das seguintes variáveis:
- preços externos em dólares: se os preços de nossos produtos se elevarem no exterior, as
exportações nacionais devem elevar-se;
- preços internos (domésticos) em reais: uma elevação dos preços internos de produtos exportá-
veis pode desestimular e incentivar a venda no mercado interno;
- taxa de câmbio: o aumento da taxa de câmbio, isto é, uma desvalorização cambial, deve
estimular as exportações, seja porque nossos exportadores receberão mais reais pelos mesmos
dólares anteriores, seja porque os compradores externos, com os mesmos dólares anteriores,
poderão comprar mais produtos nacionais;
- renda mundial: um aumento da renda mundial certamente estimulará o comércio internacional e,
em conseqüência, as exportações nacionais;
- subsídios e incentivos às exportações: sejam de ordem fiscal (isenções de impostos), sejam
financeiros (taxas de juros subsidiadas, disponibilidade de financiamentos etc.), sempre representam
um fator de estímulo às exportações.
Importações
- preços externos em dólares: se os preços dos produtos importados se elevarem no exterior em
dólares, haverá uma retração das importações brasileiras;
- preços internos (domésticos) em dólares: um aumento dos preços dos produtos internamente
incentivará a compra dos similares no mercado externo, elevando as importações;
- taxa de câmbio (reais por dólar): uma elevação da taxa de câmbio (desvalorização cambial)
acarretará maior despesa aos importadores, pois pagarão mais reais pelos mesmos produtos antes
importados, os quais, embora mantenham seus preços em dólares, exigirão mais moeda nacional
por dólar;
- renda e produto nacional: enquanto as exportações são mais afetadas pelo que ocorre com a
renda mundial, as importações relacionam-se à renda nacional. Um aumento da produção e de
renda nacional significa que o país está crescendo e que demandará mais produtos importados, seja
na forma de matérias-primas, seja na de bens de capital ou bens de consumo;
- tarifas e barreiras às importações: a imposição de barreiras quantitativas (elevação das tarifas
sobre importações), ou qualitativas (proibição da importação de certos produtos, estabelecimento de
cotas, ou entraves burocráticos) ocasiona uma inibição nas compras de produtos importados.
Políticas Externas
A atuação econômica do governo na área externa pode dar-se por meio da política cambial ou da
política comercial. A política cambial diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política
comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços.
As políticas cambiais mais freqüentes são:
a) regime de taxas fixas de câmbio: o Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio com
a qual o mercado deve operar;
b) regime de taxas flutuantes ou flexíveis de câmbio: a taxa de câmbio é determinada pelo
mercado, pela oferta e procura de moeda estrangeira.
c) regime de bandas cambiais: o Banco Central fixa os limites superior e inferior (uma banda)
dentro dos quais a taxa de câmbio pode flutuar.
Entre as políticas externas, podemos destacar:
a) tarifas sobre importações: se a política adotada visar proteger a produção nacional, como, por
exemplo, no processo de substituição de importações adotado pela maior parte dos países em
desenvolvimento até os anos 70, isso normalmente é feito por elevação do Imposto de Importação e
de outros tributos e taxas sobre os produtos importados. No caso oposto, com a abertura comercial,
ou liberalização das importações, as tarifas sobre produtos importados são diminuídas;
b) regulamentação do consumo exterior: entraves burocráticos, dificultando as transações com o
exterior, bem como o estabelecimento de cotas ou proibições às importações de determinados
produtos representam barreiras qualitativas às importações;
c) subsídios fiscais e/ou monetários para exportações.
As políticas comerciais estão sujeitas às normas estabelecidas pela Organização Mundial do Co-
mércio (OMC), órgão que substituiu o General Agreement on Tariffs and Trade (GATT). A função desse
órgão é tentar coibir políticas protecionistas e práticas de dumping, ou seja, que um país venda a preços
de mercado inferiores a seus custos de produção, que é uma forma de aumentar a participação nos
mercados mundiais.
Observe-se que, além de práticas protecionistas por uma série de países, a atuação da OMC tem
sido dificultada por um fenômeno relativamente recente, o chamado dumping social, praticado
principalmente por países do Sudeste Asiático, como Vietnã, e pela China Continental, onde o custo da
mão de obra é extremamente baixo (chega a 25 dólares por mês), o que lhes dá vantagens competitivas
no mercado internacional.
Balanço de Pagamentos
Conceito
É o registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo.Envolve tanto
transações com bens e serviços como transações com capitais físicos e financeiros.
Portanto, o balanço de pagamentos registra tanto o comércio de mercadorias (exportações, importa-
ções), serviços (pagamentos de juros, royalties, remessa de lucros, pagamento de fretes, seguros etc.),
como o movimento de capitais (investimentos diretos estrangeiros, empréstimos e financiamentos, capitais
especulativos etc.).
A contabilidade dessas transações segue as normas gerais da contabilidade, utilizando-se o método
das partidas dobradas. Todavia, no caso das transações externas, não existe propriamente uma conta
Caixa, utilizando-se uma conta especial denominada Haveres e Obrigações no Exterior (no Brasil,
chamada de Variações de Reservas).
O registro é o mesmo da contabilidade privada: quando há ingresso de dinheiro na empresa,
debitamos na conta Caixa. Na contabilização do Balanço de Pagamentos, quando isso acontece,
debitamos na conta "Haveres e Obrigações no Exterior" (HOE). Quando há saída de dinheiro, creditamos
na HOE.
Exemplos:
Exportações pagas à vista: C: Exportações
D: HOE
Fretes Pagos: C: HOE
D: Fretes
Empréstimos recebidos: C: Empréstimos e Financiamentos
D: HOE
As transações contabilizadas na conta Haveres e Obrigações no Exterior são as seguintes:
- divisas (moedas estrangeiras);
- ouro monetário, que é aceito como pagamento nas transações no comércio internacional;
- direitos especiais de saque: moeda escritural (uma espécie de "cheque especial") que os países
têm junto ao FMI, cujo limite varia inversamente à renda per capita e participação do país no
comércio internacional;
- posições de reservas junto ao FMI.
Quando a conta Haveres e Obrigações no Exterior aparece no Balanço de Pagamentos com sinal
positivo, isto é, com saldo credor, significa uma diminuição dos haveres monetários do país em relação ao
resto do mundo, ou aumento de suas obrigações. O sinal negativo indica um aumento de nossos haveres
monetários.
É oportuno salientar que as contas do Balanço de Pagamentos referem-se apenas ao fluxo ao longo
de um mês, ou ano etc. e não inclui o total do endividamento externo do país, que é um estoque. Todavia,
é possível saber a variação da dívida, obtida pela diferença entre a entrada de empréstimos e
financiamentos e os pagamentos efetuados (amortizações e liquidação de atrasados comerciais).
Subdivisões
O Balanço de Pagamentos está dividido em quatro grupos de contas, a saber:
Balança Comercial
Esta conta compreende basicamente o comércio de mercadorias. Se as exportações FOB (Free on
Board, isto é, isentas de fretes e seguros) excedem as importações FOB, temos um superávit no balanço
de comércio; se ocorrer o inverso, um déficit.
Balanço de Serviços
Nesta conta registram-se todos os serviços pagos e/ou recebidos pelo Brasil, tais como: fretes,
seguros, lucros, juros, royalties e assistência técnica, viagens internacionais. Os serviços que representam
remuneração a fatores de produção externos (juros, lucros, royalties e assistência técnica) são chamados
de serviços de fatores, e é a própria Renda Liquidado Exterior que vimos em Contabilidade Social
(diferença entre o PIB e o PNB).
Os serviços não-fatores correspondem aos itens do Balanço de Serviços que se referem às empre-
sas estrangeiras, pela prestação de serviços de fretes, seguros, transporte, viagens etc.
Transferências Unilaterais
Também conhecidas como conta de donativos, registram as doações interpaíses. Os donativos
podem ser em divisas (como os que os "dekasseguis" enviam do Japão para o Brasil) ou mercadorias.
Balanço de Transações Correntes
O somatório dos balanços comercial, de serviços e de transferências unilaterais resulta no Saldo em
Conta Corrente e/ou Balanço de Transações Correntes. Se o saldo do Balanço de Transações Correntes
for negativo, temos uma Poupança Externa Positiva, indicando que o país aumentou seu endividamento
externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e serviços em termos reais do exterior. Se for positivo,
temos uma Poupança Externa Negativa, indicando que enviamos mais bens e serviços para o exterior,
do que recebemos.
Movimento de Capitais ou Balanço de Capitais
Na Conta de Capital aparecem as transações que produzem variações no ativo e no passivo
externos do país e que, portanto, modificam sua posição devedora ou credora perante o resto do mundo.
Aí são registradas:
- as contrapartidas financeiras das exportações e importações de mercadorias e serviços,
excetuadas as que se referem a transferências unilaterais
- as transações financeiras puras, como ações e quota-parte do capital das empresas, quotas de
participação governamental em organismos internacionais, títulos de outros países, empréstimos em
moeda etc.
A conta de capital subdivide-se em duas:
- movimentos autônomos de capital, na forma de investimentos diretos de empresas
multinacionais, de empréstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento do país e de
capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional;
- movimentos induzidos de capital, para financiar o saldo do Balanço de Pagamentos. Inclui as
contas Haveres e Obrigações no Exterior, Atrasados Comerciais (quando o país não paga suas
obrigações na data de vencimento) e Empréstimos de Regularização do FMI (quando o país tem
problemas de liquidez internacional). Ou seja, são as formas pelas quais é financiado o saldo do
Balanço de Pagamentos: ou sai do caixa, ou toma emprestado, ou deixa de pagar. Esse item é
denominado Financiamento do Resultado e corresponde ao saldo do Balanço de Pagamentos,
com o sinal trocado.
Cabe uma observação sobre a rubrica Erros e Omissões, a diferença entre o saldo do Balanço de
Pagamentos e o Financiamento do Resultado, que surge quando se tenta compatibilizar transações físicas
e financeiras e as várias fontes de informações (Banco Central, Departamento de Comércio Exterior,
Receita Federal etc.). Como o Banco Central tem maior controle sobre o item Financiamento do Resultado,
supõe-se seu saldo correto e joga-se a diferença entre esse item e a soma de Transações Correntes e
Movimento de Capitais Autônomos em "Erros e Omissões". A regra internacional é admitir para "Erros e
Omissões" um valor de, no máximo, 5% da soma das exportações com as importações.
Na página seguinte, um resumo do Balanço de Pagamentos.
BALANÇO DE PAGAMENTOS
A. BALANÇA COMERCIAL (mercadorias)
• Importações FOB (Free on Board) (débito)
• Exportações FOB (crédito)
B. BALANÇO DE SERVIÇOS (saldos de contas: podem apresentar tanto débitos como créditos)
• Viagens Internacionais (turismo, negócios)
• Transportes (fretes)
• Seguros
• Rendas de Capitais (juros, dividendos e lucros, inclusive lucros reinvestidos)
• Serviços Diversos (royalties, assistência técnica, aluguéis de equipamentos etc.)
• Serviços Governamentais (embaixadas, consulados, representações no exterior)
C. TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS (podem ser doações de mercadorias, como trigo, armas ou
doações monetárias). Também conhecida como DONATIVOS)
D. BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (ou SALDO EM CONTA CORRENTE DO
BALANÇO DE PAGAMENTOS) (resultado líquido de A + B + C)
E. MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS (ou BALANÇO DE CAPITAIS AUTÔNOMOS)
(capitais financeiros)
• Investimentos diretos líquidos (instalação de firmas estrangeiras no país)
• Reinvestimentos (reinvestimentos de uma firma estrangeira já instalada no país)
• Empréstimos e financiamentos (financiamentos de bancos estrangeiros de curto e longo prazos)
• Amortizações (amortizações de empréstimos e financiamentos)
• Outros capitais (capitais especulativos, de curto prazo, aplicados no mercado financeiro)
F. ERROS E OMISSÕES
G. SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (resultado líquido de D + E + F)
H. FINANCIAMENTO DO RESULTADO (ou FINANCIAMENTO OFICIAL COMPENSATÓRIO, ou
ainda MOVIMENTO DE CAPITAIS OFICIAIS)• Haveres e obrigações no exterior (ou variação de reservas)
• Operações de regularização
• Atrasados comerciais
Exercícios sobre Balanço de Pagamentos
Vejamos dois tipos de exercícios: a) exercícios simplificados, em que não é preciso usar partidas
dobradas; b) exercícios completos, com partidas dobradas, que envolvem o item Financiamento
Compensatório.
Exercícios simplificados:
1. Dados (em US$ bilhões)
Exportações (FOB): 100
Importações (FOB): 80
Empréstimos externos recebidos: 20
Donativos recebidos: 5
Fretes pagos: 20
Amortizações pagas: 10
Pede-se:
a) saldo da Balança Comercial (BC)
b) saldo do Balanço de Transações Correntes (BTC)
c) saldo do Balanço de Pagamentos (BP)
Solução:
a) BC = Exportações - Importações = 100 - 80 = 20
b) BTC = BC + Bal. Serviços + Donativos = 20 - 20 + 5 = +5
c) BP = BTC + Bal. Capitais = 5 + (20 - 10) = 15
2. Dados (em US$ bilhões)
Exportações (FOB): 25
Importações (FOB): 23
Fretes e seguros pagos ao exterior: 5
Juros pagos a exterior: 8
Remessa de lucros: 4
Fretes e Seguros recebidos do exterior: 2
Investimentos diretos em equipamentos: 4
Empréstimos recebidos do exterior: 12
Empréstimos liquidados no vencimento: 3
Donativos recebidos em dólares: 2
Donativos recebidos em mercadorias: 1
Royalties e assistência técnica pagos ao ext.: 3
Calcular:
a) saldo da Balança Comercial (BC)
b) saldo do Balanço de Serviços (BS)
c) saldo do Balanço de Transações Correntes (BTC)
d) saldo do Movimento de Capitais (MK)
e) saldo do Balanço de Pagamentos (BP)
f) total de serviços de fatores
Solução:
a) lembrando que a contrapartida dos Investimentos Diretos (4) e donativos em mercadorias (1) é lançada em
Importações, temos:
Balança Comercial (BC) = Exportações - Importações = + 25 - 23 - 4 - 1 = -3
b) Balanço de Serviços (BS) = Fretes e seguros + Renda de Capitais + Serviços Diversos
Como:
fretes e seguros = - 5 + 2 = -3
renda de capitais = juros + lucros = - 8 - 4 = - 12
serviços diversos = royalties e assistência técnica = -3
temos: Balanço de Serviços = - 3 - 12 - 3 = -18
c) Balanço de Transações Correntes (BTC) = Balança Comercial (BC) + Balanço de Serviços (BS) +
Transferências Unilaterais (TU)
BTC = - 3 - 18 + (2 + 1 ) = - 18
d) Movimento de Capitais (MK) = Investimentos Diretos + Empréstimos - Amortizações
MK = + 4 + 12 - 3 = - 13
e) Balanço de Pagamentos (BP) = BTC + MK + Erros e Omissões
BP = - 18 + 13 + 0 = - 5
f) Serviços de Fatores = renda de capitais (-12) + serviços diversos (-3) = -15
Exercícios completos (com partidas dobradas)
1. Numa economia, durante determinado ano, efetuaram-se as seguintes transações como exterior (em
dólares)
a) importação de mercadorias a vista: 350 milhões
b) importação e equipamentos: 50 milhões, financiados a longo prazo
c) ingresso de 20 milhões em equipamentos para firmas estrangeiras
d) exportações a vista: 400 milhões
e) pagamentos de fretes, a vista, no valor de 50 milhões
f) remessas ao exterior: lucros de companhias estrangeiras (10 milhões), amortizações (30 milhões) e juros (20
milhões)
g) recebimentos de donativos: 10 milhões
h) empréstimos de regularização recebidos do FMI: 30 milhões
Pede-se construir o Balanço de Pagamentos desse país:
Lançamentos necessários
a) D: importações -350
 C: haveres e Obrigações no exterior +350
b) D: importações -50
 C: empréstimos e financiamentos +50
c) D: importações -20
 C: investimentos diretos +20
d) D: haveres e obrigações no exterior -400
 C: exportações +400
e) D: fretes -50
 C: haveres e obrigações no exterior +50
f) D: Amortizações -30
 C: haveres e obrigações no exterior +30
D: renda de capitais (juros e lucros) -30(10+20)
 C: haveres e obrigações no exterior +30
g) D: haveres e obrigações no exterior -10
 C: transferências unilaterais +10
h) D: haveres e obrigações no exterior -30
 C: empréstimos de regularização +30
Balanço de Pagamentos
a) Balança Comercial
Exportações +400
Importações (-50-350-20) -420
saldo: -20
b) Balanço de Serviços
Fretes -50
Rendas de Capitais -30
saldo: -80
c) Transferências Unilaterais
Donativos +10
saldo: + 10
d) Balanço de Transações Correntes (a + b + c)
saldo: -90
e) Movimento de Capitais
Investimentos Diretos +20
Empréstimos e Financiamentos +50
Amortizações -30
saldo: +40
f) Erros e Omissões
saldo: 0
g) Saldo do Balanço de Pagamentos (d + e + f)
saldo: - 50
h) Financiamento do Resultado
Haveres e Obrigações do Exterior +20
Operações de Regularização +30
saldo: + 50
Nota: quando a conta Haveres e Obrigações no Exterior aparece no BP com o sinal (+), isto é, com
saldo credor, isto significa uma DIMINUIÇÃO dos haveres monetários do país com relação ao resto do
mundo, ou aumento de suas obrigações.
POLÍTICA FISCAL E SETOR PÚBLICO
Introdução
Neste capítulo veremos como o papel do Estado desenvolve-se exercendo alguns aspectos
institucionais que delimitam sua atuação.
O Crescimento da Participação do Setor Público na Atividade Econômica
Ao longo da história e principalmente neste século, a participação do Estado na economia vem cres-
cendo pelas seguintes razões:
- crescimento da renda per capita: há geração de um aumento da demanda bens e serviços públicos
(lazer, educação superior, medicina etc.);
- mudanças tecnológicas: o aumento de veículos automotores provoca maior demanda por rodovias
e infra-estrutura (bens de competência do Estado);
- mudanças populacionais: aumentos nas taxas de crescimento populacional fazem com que o Es-
tado aumente sua despesa com educação, saúde etc.;
- efeitos de guerra: durante períodos de guerra, a participação do Estado na economia aumenta
(portanto, aumenta o gasto público).
Todavia, o interessante é que, quando a guerra acaba, o gasto público cai, mas não ao nível anterior
ao da guerra;
- fatores políticos e sociais: novos grupos sociais passaram a ter maior presença política, deman-
dando assim novos empreendimentos públicos;
- mudanças na Previdência Social: inicialmente, a Previdência Social foi concebida como um meio
de o indivíduo autofinanciar sua aposentadoria.
Posteriormente, essa instituição constituiu-se como um instrumento de distribuição de renda. Isso
levou a uma participação maior do Estado (logo, do gasto público) no mecanismo previdenciário.
Aliada a esses fatores, a própria evolução das economias mundiais no século XX levou ao desen-
volvimento dos mercados financeiros, do comércio internacional, que tornaram mais complexas as
relações econômicas, adicionando elementos de incerteza e especulação que, praticamente, não existiam
anteriormente.
Funções Econômicas do Setor Público
A necessidade da atuação econômica do setor público prende-se à constatação de que o sistema de
mercado não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou funções.
Existem alguns bens que o mercado não consegue fornecer (bens públicos). Logo, a presença do
Estado é necessária (é a função alocativa). O sistema de mercado não leva a uma justa distribuição de
renda, sendo necessária a intervenção do Estado (função distributiva). Finalmente, a economia de
mercado não consegue auto-regular-se, sendo necessária a função estabilizadora do Estado.
Função Alocativa
Está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de
mercado. Esses bens, chamados bens públicos, são de consumo coletivo cuja principal característica é a
impossibilidade de excluir determinados indivíduos de seu consumo, uma vez delimitado o volume à
disposição do público.
O Princípio da Exclusão diz que, quando o consumo de determinado bem pelo indivíduo A implica
que ele tenha pago o preço do bem, o indivíduo B, que não pagou por esse bem, será excluído do
consumo do mesmo.
Nesse sentido, diz-se que o consumo de um bem é rival (ou de consumo excludente) quando o
consumo realizado por um agente exclui automaticamenteo consumo por outros indivíduos (o consumo de
um cafezinho é um exemplo). O consumo de um bem é não-rival (ou não satisfaz ao princípio da
exclusão), quando o consumo por um indivíduo não diminui a quantidade a ser consumida pelos demais
indivíduos. O serviço meteorológico é um exemplo de bem de consumo não-rival.
No caso de bens rivais o mecanismo de exclusão é representado pelo sistema de preços, que
seleciona os agentes que não consumirão o bem.
Entretanto, no caso de bens públicos, o fato de um agente utilizar o serviço não significa reduzir
fisicamente a oferta para os demais agentes.
É interessante notar que existem alguns bens de consumo coletivo, em que o fato de o bem ser de
consumo não excludente só funciona quando a utilização do bem está saturada. Por exemplo, nas praias,
a utilização por um indivíduo não é independente do grau de utilização da mesma praia por outras
pessoas. Ou seja, a praia é um bem público, mas a partir do momento em que está lotada (saturada) ela
deixa de funcionar como bem público, porque o fato de um indivíduo sair beneficia os demais. Nesse caso,
não podemos considerar a praia como um bem público "puro", cujos exemplos seriam o serviço de
meteorologia, defesa nacional e serviços de despoluição.
Um caso particular são os bens semipúblicos ou meritórios. Esses bens satisfazem ao princípio
da exclusão, mas são produzidos pelo Estado. Como exemplo, temos os serviços de saúde, saneamento e
nutrição.
Função Distributiva
A distribuição de renda depende da produtividade do trabalho e dos demais fatores de produção do
mercado - ou seja, ela dependerá da oferta de fatores e do preço que eles atingem no mercado.
Assim, se deixarmos o mercado funcionar livremente, teremos uma distribuição de renda que depen-
derá da produtividade de cada indivíduo no mercado de fatores, mas que sofrerá a influência das
diferentes dotações iniciais de patrimônio.
O governo funciona como um agente redistribuidor de renda à medida que, por meio da tributação,
retira recurso dos segmentos mais ricos da sociedade (pessoas, setores ou regiões) e os transfere para os
segmentos menos favorecidos.
Em termos de distribuição pessoal de renda, a redistribuição pode ser implementada mediante uma
estrutura tarifária progressiva, em que os indivíduos mais ricos pagam uma alíquota maior de imposto.
Ainda, a redistribuição pode ser feita combinando impostos sobre produtos adquiridos por pessoas ricas
com subsídios para produtos adquiridos por consumidores de baixa renda.
Em termos de distribuição setorial ou regional, o instrumento governamental mais adequado seria
uma política de gastos públicos e subsídios direcionados para as áreas mais pobres.
Função Estabilizadora
Está relacionada com a intervenção do Estado na economia, para alterar o comportamento dos
níveis de preços e emprego, pois o pleno emprego e a estabilidade de preços não ocorrem
automaticamente na economia.
A área de finanças públicas destaca alguns estudos definindo uma quarta função do setor público: a
Função de Crescimento Econômico, que diz respeito às políticas acerca da formação de capital; ou seja,
a atuação do Estado, tanto no tocante aos investimentos públicos (fornecimento de bens públicos, infra-
estrutura básica), quanto no tocante aos incentivos e financiamentos para estimular os investimentos do
setor privado, ambos visando ao crescimento econômico de longo prazo. No nosso entender, a função de
crescimento pode ser considerada dentro da função alocativa do setor público.
Estrutura Tributária
Princípios de Tributação
O financiamento para o Estado cumprir suas funções com a sociedade é feito por meio da
arrecadação tributária ou receita fiscal. Para isso, existe uma série de princípios que a Teoria da
Tributação deve seguir. Entre esses princípios, dois são fundamentais: o princípio da neutralidade e o
princípio da eqüidade.
Princípio da Neutralidade
Sobre o princípio da neutralidade, sabemos que as decisões sobre alocação de recursos baseiam-
se nos preços relativos determinados pelo mercado. A neutralidade dos tributos seria obtida quando estes
não alterassem os preços relativos, minimizando sua interferência nas decisões econômicas dos agentes
de mercado.
Assim, um dos objetivos do sistema tributário é não ter impactos negativos sobre a eficiência econô-
mica. Sendo adequados, os impostos podem ser utilizados na correção de ineficiências do setor privado.
Princípio da Eqüidade
Pelo princípio da eqüidade, um imposto, além de ser neutro, deve ser equânime, no sentido de
distribuir seu ônus de maneira justa entre os indivíduos. A eqüidade pode ser avaliada sob dois outros
princípios: princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento.
- Princípio do benefício - De acordo com esse princípio, um tributo justo é aquele em que cada
contribuinte paga ao Estado um montante diretamente relacionado com os benefícios que recebe do
governo. De outra forma, o indivíduo paga o tributo de maneira a igualar o preço do serviço recebido ao
benefício marginal que ele recebe com sua produção.
Esse princípio determina simultaneamente o total da contribuição tributária e sua vinculação ao
gasto (isto é, como a tributação foi distribuída).
O princípio do benefício possui alguns problemas de implementação. O principal é que existe uma
dificuldade em identificar os benefícios que cada indivíduo atribui a diferentes quantidades do bem ou do
serviço público. Ou seja, não é possível obter todas as curvas de demanda individuais pelo bem público,
que beneficiam toda a sociedade. Além disso, como o consumo do bem público é coletivo, não haveria
motivo para as pessoas revelarem suas preferências, pois isso poderia aumentar sua contribuição.
Como aplicação desse princípio, temos os serviços públicos que utilizam taxas específicas para seu
financiamento (transportes e energia).
- Princípio da Capacidade de Pagamento - Segundo este princípio, os agentes (famílias, firmas)
deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de pagamento. O imposto de renda é um
exemplo típico. As medidas utilizadas para auferir a capacidade de pagamento são: renda, consumo e
patrimônio. Sobre essas medidas de capacidade de pagamento, existem algumas controvérsias.
Os argumentos favoráveis à utilização da renda como capacidade de pagamento baseiam-se na
abrangência dessa medida. Utilizando-se a renda, inclui-se consumo e poupança.
Por outro lado, os defensores da utilização do consumo como base tributária argumentam que a
capacidade de pagamento deve ser definida em função do que o indivíduo consome ("retira do pote") e
não em termos do que ele poupa ("põe no pote"). O argumento que existe por trás disso é que o ato de
poupar e o de investir são atos que beneficiam outros indivíduos, e o consumo seria um ato individualista -
logo, anti-social. No entanto, os defensores da renda como capacidade de pagamento afirmam que esse
acúmulo de poupança é feito com base em uma dada taxa de juros (atraente para o poupador) e, mais, o
acúmulo de poupança traz aos indivíduos status e poder econômico. Ainda, mesmo sendo a poupança
uma renúncia ao consumo presente, se o indivíduo optasse por acumular indefinidamente, este jamais
seria tributado.
Além disso, os defensores da utilização do consumo como base tributária argumentam que isso
evitaria a tributação da poupança. Ou seja, a poupança vista como renúncia ao consumo somente seria
tributada quando fosse utilizada para consumo. Todavia, se a renda fosse utilizada como indicador de
capacidade de pagamento, a poupança seria tributada inicialmente quando o agente a recebesse e, no
futuro, quando fosse convertida em consumo.
Quanto ao patrimônio (riqueza), tem o problema de ser formado por fluxos de renda acumulados do
passado, que já foram anteriormente tributados.
Efeitos da Política Tributária Sobre a Atividade Econômica
Os impostos são divididos em diretos(que incidem diretamente sobre a renda das pessoas) e
indiretos (que incidem sobre o preço das mercadorias). Os impostos indiretos, por sua vez, podem ser
específicos (valor fixo em $, independente do valor do bem) ou ad valorem (alíquota fixa sobre o preço de
um bem).
Uma estrutura tributária é considerada progressiva quando a alíquota cobrada aumenta, quando a
renda do contribuinte aumenta. A estrutura tributária é considerada regressiva quando, quanto maior a
renda do contribuinte, menor a tributação, em proporção a sua renda. Finalmente, uma estrutura tributária
é considerada proporcional ou neutra quando todos os contribuintes pagam uma parcela de imposto, em
relação a sua renda.
Os impostos de renda são claramente progressivos e, portanto, mais justos ou equânimes do ponto
de vista fiscal. Os impostos sobre vendas são regressivos, já que, como todos pagam o mesmo valor (em
$) de imposto sobre os bens adquiridos, esse valor representa proporção maior da renda dos contribuintes
com menor rendimento.
Um imposto proporcional sobre a renda seria neutro do ponto de vista do controle da demanda
agregada, pois a renda total, a renda disponível (renda total menos impostos) e o gasto em consumo
crescem às mesmas taxas.
Um imposto progressivo exerce um controle quase automático sobre a demanda, pois, num cenário
inflacionário, a receita fiscal cresceria de maneira mais rápida que a renda nominal, freando assim o
consumo. Por outro lado, na recessão, o contribuinte, que teria sua renda diminuída, cairia de alíquota e
seria beneficiado por uma redução da carga tributária. Ou seja, o tributo progressivo tem um efeito
anticíclico sobre a renda disponível. Esse efeito é chamado de estabilizador automático.
Enquanto os impostos sobre valor adicionado descontam o valor cobrado nas etapas anteriores
do processo produtivo, os impostos em cascata são cobrados indistintamente de todos os agentes, nas
transações intermediárias, somando-se ao preço dos insumos e do produto final. Por exemplo, os impostos
sobre movimentação financeira como a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira),
que incide sobre todas as transações bancárias.
Existe uma relação interessante entre o total da arrecadação tributária e a taxa (alíquota) de
impostos, conhecida como Curva de Lafer. Quando a alíquota é relativamente baixa, há uma relação
direta entre a alíquota e a arrecadação. De acordo com esta, existe uma alíquota ótima de arrecadação.
Entretanto, a partir de determinado nível da alíquota, qualquer elevação da taxa resulta numa redução da
arrecadação global, devido à provável evasão (sonegação) fiscal e ao desestímulo provocado sobre os
negócios em geral.
Déficit Público
Conceitos de Déficit Público
- Déficit Nominal ou Total - também chamado de Necessidades de Financiamento Líquido do
Setor Público Não Financeiro (NFSP) - Conceito Nominal. Indica o fluxo líquido de novos finan-
ciamentos, obtidos ao longo de um ano pelo setor público não financeiro em suas várias esferas:
União, governos estaduais e municipais, empresas estatais e Previdência Social.
- Déficit Primário ou Fiscal - É medido pelo déficit total, excluindo a correção monetária e os juros
reais da dívida contraída anteriormente. No fundo, é a diferença entre os gastos públicos e a
arrecadação tributária no exercício, independente de juros e correções da dívida passada.
- Déficit Operacional ou Necessidades de Financiamentos do Setor Público - Conceito
Operacional. É medido pelo déficit primário acrescido dos juros reais da dívida passada. Colocando
de outra forma, é o déficit total ou nominal, excluindo a correção monetária e a cambial. É
considerada a medida mais adequada para refletiras necessidades reais de financiamento do setor
público.
Existe ainda o conceito de déficit de Caixa, que omite as parcelas do financiamento do setor público
externo e do resto do sistema bancário, bem como de fornecedores e empreiteiros. É a parcela do déficit
público financiada pelas autoridades monetárias. Trata-se do conceito de menor utilidade para efeitos de
avaliação de política econômica, já que podemos até encontrar um superávit de caixa, mas devido à
postergação de dívidas para o período seguinte, o que, aliás, é uma prática comum no setor público
brasileiro.
Financiamento do Déficit
O governo pode financiar seu déficit por meio de duas fontes de recursos:
- emitir moeda: o Tesouro Nacional (União) pede emprestado ao Banco Central;
- Vender títulos da dívida pública ao setor privado (interno e externo).
Na primeira possibilidade, trata-se de uma forma inflacionária (cria o imposto inflacionário), mas que
não aumenta o endividamento público no setor privado. Isso também é conhecido como monetização da
dívida, significando que o Banco Central cria moeda (base monetária) para financiar a dívida do Tesouro.
Na segunda, o governo troca títulos (ativo financeiro não monetário) por moeda que já está em
circulação, o que, a princípio, não traria qualquer pressão inflacionária. No entanto, esse tipo de
financiamento provoca uma elevação da dívida pública. Ademais, o governo, para colocar esses títulos,
precisa oferecer juros mais atraentes, o que representa uma elevação adicional no endividamento.
NOÇÕES DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Crescimento e Desenvolvimento
A Teoria do Crescimento e do Desenvolvimento discute estratégias de longo prazo, preocupando-se
com quais medidas devem ser adotadas para um crescimento econômico equilibrado e auto-sustentado.
Nessa teoria, a oferta ou produção agregada tem um papel importante na trajetória de crescimento de
longo prazo, o que não se observa na análise de curto prazo, pois ela se supunha fixa.
Supõe-se, também, na teoria do desenvolvimento econômico, que os recursos estejam plenamente
empregados.
Crescimento e Desenvolvimento são dois conceitos diferentes. Crescimento econômico é o cresci-
mento contínuo da renda per capita ao longo do tempo. Desenvolvimento econômico é um conceito mais
qualitativo incluindo as alterações da composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes
setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza,
desemprego, desigualdade, condições de saúde, nutrição, educação e moradia).
Fontes de Crescimento
Um caminho para analisar as diferenças de desenvolvimento é partir dos elementos que constituem
a função de produção agregada do país. O crescimento da produção e da renda decorre de variações na
quantidade e na qualidade de dois insumos básicos: capital e mão-de-obra. Nesse sentido, as fontes de
crescimento são as seguintes:
a) aumento da força de trabalho (quantidade de mão-de-obra) derivada do crescimento demográfico
e da imigração;
b) aumento do estoque de capital, ou da capacidade produtiva;
c) melhoria na qualidade da mão-de-obra, por meio de programas de educação, treinamento e
especialização;
d) melhoria tecnológica, que aumenta a eficiência na utilização do estoque de capital;
e) eficiência organizacional, ou seja, eficiência na forma como os insumos interagem.
O desenvolvimento é um fenômeno global da sociedade, que atinge toda a estrutura social, política e
econômica. Para efeito de análise, estamos enfatizando aqui apenas os fatores econômicos estratégicos
para o desenvolvimento.
Capital Humano
É o valor do ganho de renda potencial incorporado nos indivíduos. O capital humano inclui a
habilidade inerente à pessoa e o talento, assim como a educação e as habilidades requeridas.
O capital humano é adquirido por meio da educação formal e do treinamento informal e pela
experiência.
O problema para os países em desenvolvimento é que é extremamente difícil acumular fatores de
produção, capital humano ou físico, com baixos níveis de renda. O mínimo que sobra, após a provisão de
subsistência, não permite investir muito em educação ou em capital físico. Da mesma forma,é difícil para o
governo decidir como usar os recursos muito limitados que ele tem sob seu comando. E mesmo que os
recursos financeiros estejam disponíveis, ainda leva anos para que se eleve o nível de educação e de
treinamento.
Portanto, os países não podem saltar de um nível de renda para outro muito mais alto. O
crescimento está limitado ao tempo que os fatores de produção levam para se acumular; a educação é
fator de crescimento mais lento, mas também é um dos mais poderosos.
Capital Físico
É um dos principais diferenciais das explicações para o progresso econômico. A presença de
maquinário e de equipamentos sofisticados e abundantes é determinante para o crescimento econômico.
Um conceito muito utilizado para realçar o papel do capital físico no processo de desenvolvimento
econômico é o da relação produto-capital, que é a razão entre a variação do produto nacional e a
variação da capacidade produtiva (ou estoque de capital).
Esse conceito revela que é possível aumentar a taxa de crescimento econômico quando ocorrer um
aumento da taxa de investimento e/ou deslocamento dos investimentos para os setores em que a relação
produto-capital seja mais elevada.
Observa-se que a relação produto-capital refere-se ao impacto do aumento do estoque de capital
sobre a produção agregada de pleno emprego. Por essa razão, a produção varia menos que
proporcionalmente ao aumento do capital físico.
É bastante diferente do efeito do multiplicador keynesiano, visto anteriormente. O multiplicador
keynesiano de gastos considera as despesas em investimento, em uma economia com capacidade ociosa
e desemprego, quando é possível que a produção aumente mais que proporcionalmente aos gastos de
investimentos. O conceito de relação produto-capital, na teoria do desenvolvimento, supõe pleno emprego,
e preocupa-se com o efeito dos investimentos, após sua maturação, sobre a oferta agregada.
A relação produto-capital é também chamada produtividade marginal do capital. Algumas vezes,
essa relação aparece como capital-produto e não produto-capital. Por exemplo, uma relação produto-
capital de 0,33 corresponde a uma relação capital-produto de 3: três unidades de capital produzem uma
unidade de produto.
Financiamento do Desenvolvimento Econômico
Para investir, um país pode tanto utilizar sua poupança interna como ainda ter acesso à poupança
estrangeira por meio de empréstimos ou ajuda financeira.
A poupança doméstica é o pré-requisito para a acumulação de capital, aproveitando políticas que
incentivem as pessoas a se abster do consumo presente. Essa poupança é canalizada através de
intermediários financeiros para os investimentos das empresas.
O acesso à poupança estrangeira pode ser feito de três maneiras. Uma possibilidade é que as
empresas estrangeiras invistam diretamente no país. A segunda maneira é tomar recursos emprestados
nos mercados mundiais de capitais ou de instituições como o BIRD - Banco Mundial. A terceira maneira é
através da ajuda externa.
A importância dessas três formas de poupança externa tem variado ao longo do tempo e entre os
países. Há, porém, pouca dúvida quanto ao fato de a poupança externa sempre ter sido importante na
suplementação da poupança doméstica.
É claro, contudo, que a poupança estrangeira é mais importante quanto menor for a renda per
capita, pois suprir internamente as necessidades mais básicas absorve quase totalmente a renda
doméstica.
Estágios de Desenvolvimento
Clark, um economista, definiu que a economia, para atingir seu desenvolvimento, deve passar por
estágios sucessivos. Para esse autor, o primeiro estágio é dominado pelo setor de produção primário
(agropecuária); a seguir, predominaria o setor secundário (manufatura); e, finalmente, o setor terciário
(comércio e serviços). O crescimento econômico começaria na passagem do período de predominância do
setor primário para o secundário.
A teoria mais tradicional nessa área é a chamada Teoria de Etapas de Rostow que, analisando a
evolução histórica dos países desenvolvidos, identificou cinco estágios de desenvolvimento:
a) sociedade tradicional;
b) pré-requisitos para o arranco;
c) arranco ou decolagem (take off);
d) crescimento auto-sustentável (marcha para o amadurecimento); e
e) idade do consumo de massa.
A sociedade tradicional é predominantemente agrária, com pouca tecnologia e baixa renda per
capita.
As condições prévias para o arranco são criadas a partir de importantes mudanças econômicas e
não econômicas. Há um aumento da taxa de acumulação de capital, em relação à taxa de crescimento
demográfico, e uma melhoria no grau de utilização da mão de obra, habilitada para a produção
especializada em grande escala.
Ocorre um aumento da produtividade agrícola, o que permite criar um excedente de recursos que vai
financiar a expansão industrial, começando com a produção de bens de consumo básicos, como
alimentos, vestuário, calçados etc. Ao mesmo tempo, durante esse período, empreendem-se grandes
investimentos em infra-estrutura básica, transportes, comunicações, energia, saneamento etc.
O período crucial é o arranco ou decolagem, terceira etapa do processo. Nessa etapa, o processo
de crescimento contínuo institucionaliza-se na sociedade. Isso porque, na segunda etapa, ainda há certa
resistência, porque a sociedade se caracteriza ainda por atitudes e técnicas produtivas tradicionais.
Rostow define a etapa do arranco com base nas seguintes mudanças:
a) a taxa de investimentos líquida eleva-se de 5% para mais de 10% da renda nacional;
b) surgem novos segmentos industriais, de rápido crescimento, associados, principalmente, a bens
de consumo duráveis (TV, geladeiras etc.);
c) emerge uma estrutura política social e institucional, que é bastante favorável ao crescimento sus-
tentado.
A quarta etapa, a da "marcha para o amadurecimento", leva cerca de 40 anos, período em que a
moderna tecnologia estende-se dos setores líderes, que impulsionaram o arranco, para outros setores. A
economia demonstra que tem habilidade tecnológica e empresarial para produzir qualquer coisa que
decida.
Então, a economia atinge a quinta etapa, a "era do alto consumo de massa", quando os setores
líderes se voltam para a produção de bens de consumo duráveis de alta tecnologia e serviços. Nessa fase,
a renda ascendeu a níveis em que os principais objetivos de consumo dos trabalhadores não são mais a
alimentação básica e a moradia, mas automóveis, microcomputadores etc. Além disso, a economia, por
meio de seu processo político, expressa um desejo de destinar recursos ao bem-estar e à seguridade
social.
Existem algumas críticas à teoria formulada por Rostow. Tratar-se-ia mais de uma análise empírica,
ad hoc, pela observação do que ocorreu historicamente com os países desenvolvidos, do que uma análise
científica. Não existiria uma clara distinção entre a segunda e a terceira etapas, quando ocorrem as
manifestações prévias e a decolagem. Ainda, Rostow parece dar a entender que a evolução industrial só
pode dar-se após a melhoria da produtividade agrícola, e não ocorrer simultaneamente.
De qualquer modo, a essência da chamada Teoria de Etapas de Rostow, ilustra o fato de que o
desenvolvimento econômico é um processo que deve avançar em determinada seqüência de passos
claramente definidos.
Modelo de Crescimento Econômico de Harrod-Domar
O modelo de crescimento de Harrod-Domar considera que o desenvolvimento econômico é um
processo gradual, contínuo e equilibrado. Embora sua aplicação à realidade dos países subdesenvolvidos
seja muito questionada e apresente uma visão excessivamente mecânica, ele destaca a importância de
três variáveis básicas para o crescimento: taxa de investimento, taxa de poupança e relação produto-
capital.
Uma das hipótese do modelo Harrod-Domar é que a relação produto-capital é constante e imutável.
Esse modelo, muito utilizado em planejamento econômico, apresenta duas dificuldades. Primeira-mente, é muito agregado, não permitindo estudar questões estruturais e regionais de cada país. Em
segundo lugar, apresenta uma contradição básica, conhecida como "equilíbrio em fio de navalha": se um
país sair da trajetória de equilíbrio de longo prazo, ele não consegue voltar mais para a trajetória do
crescimento equilibrado.
Estratégias de Desenvolvimento
A industrialização é a chave para o desenvolvimento. Porém, o processo de desenvolvimento dos
países industrializados foi iniciado com um grande aumento da produtividade agrícola, o que permitiu
liberar mão-de-obra e recursos para as áreas urbanas, para construir o parque industrial.
Na década de 50 e no início de 60, acreditava-se amplamente que a industrialização nos países em
desenvolvimento ocorreria, se ao setor industrial fossem assegurados mercados domésticos seguros, que
permitissem que eles se desenvolvessem. A tão famosa estratégia de substituição de importados
consistia em proteger os produtores domésticos da competição estrangeira por meio de quotas e tarifas, de
modo que eles pudessem expandir sua produção para substituir bens que costumavam ser importados.
Por volta da década de 80, ficou claro que a estratégia de substituição de importações havia se
esgotado na maior parte dos países. Os produtores domésticos, protegidos da competição estrangeira,
produziam um volume pequeno com custo alto e muito pouca inovação. Nessa década, a estratégia
adotada pela maioria dos países em desenvolvimento foi a redução das barreiras comerciais. Elas
começaram a liberar importações pela redução de tarifas e quotas, e a encorajar as exportações mediante
desvalorizações e medidas mais diretas.
O sucesso da adoção dessa estratégia de crescimento está nas novas economias do leste asiático.
Os chamados tigres asiáticos (Coréia, Taiwan, Hong Kong, Singapura, Malásia, Tailândia e Indonésia)
foram certamente os países que mais se beneficiaram do processo de globalização que se acentuou a
partir dos anos 80. Todas essas economias cresceram muito rapidamente nas duas últimas décadas, com
base no rápido crescimento das exportações de produtos manufaturados. Na verdade, eles não
começaram pela liberalização das importações, mas por um período de proteção aos produtores
domésticos, e só depois permitiram importações com o objetivo de testar a competitividade dos produtos
domésticos.
É claro que apenas a abertura comercial para o setor externo não é suficiente. Além de taxas de
poupança extremamente elevadas, vêm investindo em educação há muitas décadas. Em geral, eles
também implantaram políticas fiscais bem cuidadosas, com o orçamento do governo permanecendo
relativamente pequeno em relação ao PIB, evitando elevações indevidas de preços.
NOÇÕES SOBRE NÚMEROS-ÍNDICES
Conceito de Número-Índice
Número-índice é uma estatística da variação de um conjunto composto por bens fisicamente
diferentes.
Não haveria dificuldade se a questão fosse conhecer a variação de preços de um único bem. A
necessidade da construção de índices aparece quando precisamos saber a variação conjunta de bens que
são fisicamente diferentes e/ou que variam a taxas diferentes.
Existem índices de preços e índices de quantidades. Os índices de preços são mais difundidos,
dada sua utilidade para deflacionar séries econômicas e para o acompanhamento da taxa de inflação. Os
índices de quantidade (ou de quantum) são úteis para determinar a variação física de séries compostas por
produtos diferentes.
Índices de Preços
Temos índice de preços por atacado (indústria e agricultura) e índice de preços de varejo
(consumidor e construção civil). Neste capítulo estamos considerando como principal base de referência os
índices de preços ao consumidor, também chamados índices de custo de vida.
Componentes para o cálculo do número-índice
Precisamos de três componentes: a variação de preços no período, a importância relativa do produto
no gasto do consumidor e a fórmula de cálculo. As diferenças entre os vários índices no Brasil são
explicadas pela metodologia aplicada por instituições de pesquisa sobre esses componentes.
a) Variação de preços no período
- Escolha do período no qual os preços devem ser coletados. Normalmente, a tomada de preços é
feita do 1° ao último dia do mês.
Em alguns índices, em vez do 1° ao último dia do mês, a tomada é feita, por exemplo, do dia 21 do
mês anterior ao 20° dia do mês de referência, o que dá às instituições especializadas tempo de
processar os cálculos e divulgar uma estimativa da inflação no início do mês seguinte. É o caso do
IGP-M - índice Geral de Preços do Mercado;
- Escolha dos produtos que devem constar da amostra (qual a cesta de consumo a ser
considerada). Essa cesta varia entre regiões, de acordo com os hábitos de consumo de cada
localidade pesquisada.
b) Importância relativa (peso) de cada bem
Verifica-se quanto os consumidores gastam com cada bem ou serviço. Faz-se uma pesquisa
chamada Pesquisa de Orçamentos Familiares, ao longo de todo o ano, para termos uma média da
participação que não seja afetada pelas diferenças sazonais. Dois aspectos são importantes:
- classes de renda a serem abrangidas: podemos ter índices que captam melhor as variações do
poder aquisitivo das classes de menor renda, considerando, por exemplo, na amostra só famílias
que auferem até três salários mínimos; outros índices consideram um espectro maior de renda;
- época de pesquisa básica do padrão de consumo: como se trata de uma pesquisa cara e
trabalhosa, as instituições mantêm os mesmos pesos relativos durante aproximadamente 10 anos.
Por essa razão, a Pesquisa de Orçamentos Familiares dever ser realizada num ano-padrão, em que
não tenha havido grandes alterações no padrão de consumo, por exemplo, congelamento de preços,
crises econômicas etc.
c) Fórmula de cálculo
Existem várias fórmulas de números-índices que são mais apropriadamente estudadas na
Estatística Econômica. A fórmula mais utilizada, devido a sua operacionalidade, é o índice de
Laspeyres, que é uma média aritmética ponderada, com pesos na época-base.
Principais Índices de Preços no Brasil
A Tabela a seguir sintetiza as principais características dos principais índices divulgados no país.
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PESQUISA OPERACIONAL
A Teoria dos Jogos está inserida na Pesquisa Operacional, que por sua vez descende da
Administração Científica, à qual acrescentaram métodos mais refinados: a tecnologia computacional e uma
orientação rumo a problemas mais amplos. A P.O. adota o método científico como estrutura para a solução
dos problemas, dando maior ênfase ao julgamento objetivo que ao julgamento subjetivo.
As definições de P.O. variam desde técnicas matemáticas específicas até o método científico em si.
Muitas das definições incluem três aspectos básicos comuns à abordagem de P.O. em relação à tomada
de decisões.
1) Uma visão sistêmica do problema a ser resolvido;
2) Uma concordância quanto ao uso do método científico na resolução de problemas;
3) A utilização de técnicas específicas de estatística, probabilidade e modelos matemáticos para
ajudar o tomador de decisão a resolver o problema.
A abordagem da P.O. incorpora a orientação sistêmica ao reconhecer que as varáveis internas e
externas nos problemas decisoriais são inter-relacionadas e inter-dependentes. Para Fred Luthans, a "P.O.
é uma ciência experimental e aplicada, devotada à observação, compreensão e predição do
comportamento de sistemas homem-máquina propositais".
A P.O. está relacionada com a análise de operações de um sistema e não simplesmente com um
problema particular. Ela utiliza:
1) a probabilidade na abordagem da P.O. para decisões sob condições de risco e de incerteza;
2) a estatística na sistematização e análise de dados no sentido de obter soluções significativas;
3) a matemática na formulação de modelos quantitativos.
Ellis A. Johson salienta a necessidade de melhor conceituação de certos termos utilizados em P.O.,
a saber:
Estratégia: significa o dispositivo básico de recursos disponíveis que o dirigente poderá utilizar.
Tática: é a maneira de utilizar os recursos confiados a uma determinada atividade.
Tecnologia: são as coisas físicas envolvidas na transformação de inputs e outputs da atividade.
Organização: significa virtualmente qualquer complexo identificável de homens e máquinas traba-
lhando no sentido de um objetivo determinado, quer o complexo seja militar ou civil, industrial ou comercial,
governamental ou privado.
Koontz e O'Donnell sumarizam os métodos essenciais da P.O. da seguinte forma:
1) A ênfase em modelos - a representação lógica de um problema. Pode ser simples ou complexo.
Por exemplo, a fórmula contábil "ativo menos passivo igual propriedade" é um modelo, pois
representa uma idéia e, dentro dos limites dos termos empregados, simboliza a relação das
variáveis envolvidas.
2) A ênfase nos objetivos numa área-problema e o desenvolvimento de medidas de eficiência a fim
de determinar se uma solução promete atingir o objetivo. Por exemplo, se o objetivo é o lucro, a
medida de eficiência pode ser o índice de retorno sobre o investimento, e todas as soluções
propostas farão com que as variáveis sejam dispostas de forma que, no final, se possa medir o
resultado em relação a essa medida. Algumas variáveis podem ser controláveis pelo administrador;
outras podem apresentar fatores incontroláveis num sistema.
3) A tentativa de incorporar todas as variáveis num problema, ou pelo menos aquelas que parecem
ser importantes para sua solução, em análise.
4) A tentativa de quantificar as variáveis num problema até o ponto em que for possível, uma vez
que somente dados quantificados podem ser inseridos num modelo para proporcionar um resultado
definido de valor para previsão.
5) A tentativa de suplementar dados quantificáveis com recursos matemáticos e estatísticos úteis,
como, por exemplo, as probabilidades numa situação, fazendo assim com que o problema
matemático e de computação se torne prático, sujeito apenas a margem pequena e relativamente
insignificante de erro.
Técnicas de Pesquisa Operacional
A resolução de um modelo analítico de P.O. quase sempre se apoia matematicamente sobre uma ou
mais da seguintes teorias:
- Teoria dos Jogos
- Teoria da Filas de Espera
- Teoria da Decisão
- Teoria dos Grafos
- Programação Linear
- Probabilidade e Estatística Matemática
- Programação Dinâmica
Teoria dos Jogos
A Teoria dos Jogos foi proposta inicialmente pelo matemático húngaro Johann von Neumann (1903-
1957), sendo divulgada amplamente a partir de 1947, com sua obra em parceria com Oskar Morgenstern
(1902), propondo uma formulação matemática para a análise dos conflitos.
O conceito de conflito aqui envolve oposição de forças ou de interesses ou de pessoas que origina
uma ação dramática. Porém, essa oposição não se dá de forma imediata e explícita, mas a partir da
formação e desenvolvimento de uma situação, até chegar a um ponto mais ou menos irreversível, onde se
desencadeia a ação dramática. Uma situação de conflito é sempre aquela em que, onde um ganha, outro
perde, pois os objetivos visados são indivisíveis e incompatíveis pela própria natureza.
A teoria dos jogos é aplicada apenas aos tipos de conflitos (chamados jogos) que envolvem disputa
de interesses entre dois ou mais intervenientes, no qual cada parceiro, em determinados momentos, pode
ter uma variedade de ações possíveis, delimitadas contudo pelas regras do jogo. O número de estratégias
disponíveis é finito e, portanto, enumerável. Cada estratégia descreve o que será feito em qualquer
situação. Conhecidas as estratégias possíveis dos jogadores, é possível estimar os resultados possíveis.
A aplicação da teoria dos jogos é possível apenas quando:
a) o número de participantes é finito;
b) cada participante dispõe de um número finito de cursos possíveis de ação;
c) cada participante conhece todos os cursos de ação ao seu alcance;
d) cada participante conhece todos os cursos de ação ao alcance do adversário, embora
desconheça qual será o curso de ação escolhido por ele;
e) duas partes intervêm de cada vez e o jogo é "zero-soma", ou seja puramente competitivo: os
benefícios de um jogador são as perdas do outro, e vice-versa.
Uma vez que os participantes tenham escolhido seus respectivos cursos de ação, o resultado do
jogo acusará as perdas ou ganhos finitos, que são dependentes dos cursos de ação escolhidos. Assim, os
resultados de todas as combinações possíveis de ações são perfeitamente calculáveis.
A teoria dos jogos possui terminologia própria:
a) jogador: cada parte interessada;
b) partida (ou disputa): quando cada jogador escolhe um curso de ação;
c) estratégia: regrade decisão pela qual o jogador determina seu curso de ação.
Para escolher sua estratégia não há necessidade de o jogador conhecer a estratégia do adversário.
d) estratégia mista: quando o jogador decide usar todos ou alguns de seus cursos de ação
disponíveis, numa proporção fixa;
e) estratégia pura: quando o jogador utiliza apenas um curso de ação;
f)matriz: é a tabela que mostra quantitativamente os resultados de todas as partidas possíveis. Os
números da matriz representam os valores ganhos pelo jogador que é indicado à esquerda da
tabela. Os valores negativos traduzem perdas. É muito difícil montar-se uma matriz satisfatoriamente
quantificada, como também é difícil identificar todas as variáveis que intervêm para reduzir seus
efeitos a uma escala homogênea de valores. Além do mais, a teoria é estática (pois trabalha apenas
com valores dados, fixos e independentes do resultado do jogo), enquanto as situações concretas
são dinâmicas (seus valores não são fixos). Porém, como qualquer outra teoria científica, a teoria
dos jogos procura representar um mapa simplificado, isomorfo, da realidade. Portanto, sua utilidade
reside na razão direta do isomorfismo alcançado em relação a algum aspecto do mundo real.
Teoria do Bem-Estar
As abordagens econômicas nos dias de hoje ligam-se ao objetivo, geralmente aceito, da
manutenção de um elevado nível de atividade econômica, guardando estreita ligação com o crescimento
econômico de que, de certa forma, dificilmente poderão estar dissociados.
Um dos autores que se constitui uma notável excessão foi Schumpeter que, com algumas
semelhanças acentuadas com a obra de Marx, atribui grande importância às mudanças tecnológicas.
Schumpeter, porém, utilizou o conceito mais amplo da inovação, que inclui alterações na qualidade dos
produtos e no mercado, bem como nas fontes de suprimento. E, o que é mais importante, conferiu uma
posição de destaque ao empresário, que é o homem apto a farejar as possibilidades resultantes de todas
essas mudanças e transformá-las em realidade econômica.
Ao deparar-se com novas possibilidades de investimento, o empresário pensa em induzir, através do
crédito e da inflação, a geração de poupanças (forçadas) para o financiamento dos novos
empreendimentos. Depois de algum tempo surgirá a superprodução, seguida da depressão. Dessa forma,
o progresso da economia ao longo do tempo acha-se ligado à teoria da flutuações econômicas.
Assim, verifica-se um grande interesse nos últimos trinta anos na análise realística do crescimento
econômico, e também na elaboração das teorias mais rígidas, baseadas em modelos. Um dos motivos por
esse aumento do interesse fundamenta-se na importância que costuma ser atribuída, nos países
desenvolvidos e altamente industrializados, ao pleno emprego, juntamente com uma sensibilidade mais
acentuada na existência de justiça social, ou seja, de uma melhor distribuição da oportunidades, da riqueza
e das rendas. Sem dúvida, isso originou uma preocupação maior com o tamanho do "bolo" a ser distribuído
e com os meios de fazê-lo crescer.
Outro aspecto importante é a evolução da percepção da Economia ao longo do tempo, possibilitada
pelo aprimoramento dos conceitos com que lida a contabilidade social e com o aperfeiçoamento das
técnicas de apresentação do material estatístico. Devemos destacar, nesse ponto, o trabalho do Simon
Kuznets, um dos economistas mais proeminentes na teoria da contabilidade social como na área
estatística, e que também é um elementos de vanguarda na moderna teoria do crescimento econômico.
Salientamos que o trabalho ininterrupto, designado como escola realista, tem como objetivo principal
descobrir, dentre os fatores que atuam no mundo real, aqueles que poderão favorecer o crescimento
econômico ou perturbá-lo. Isso tem encontrado sua aplicação mais intensa no estudo dos problemas dos
países menos desenvolvidos.
As análises mais amplas da escola realista tendem a inclinar-se para o enfoque histórico-
institucional, ou histórico e estatístico, demonstrando uma tendência de confundir-se com a escola histórica
pura. Novas luzes foram lançadas sobre matérias variadas, tais como o papel que os diversos padrões de
distribuição de renda, ou o grau de desenvolvimento dos mercados financeiros, ou ainda o vulto relativo
dos gastos do setor público ou de consumo privado desempenham na determinação das taxas de
crescimento, no sentido em que este se processa nas diversas estruturas políticos-sociais. Boa dose de
estímulo também foi proporcionada pelas investigações que pretendem estabelecer certa relação entre o
crescimento econômico e os vários tipos de política econômica, inclusive o planejamento macroeconômico
realizado num ambiente marcado pelas flutuações cíclicas.
Devemos salientar que os estudos derivaram para duas correntes de pensamento. Uma delas põe
em dúvida a conveniência do crescimento econômico face aos respectivos custos, e a outra preocupa-se
com os efeitos desse crescimento sobre os fatores que o tornam possível. Podemos designar a primeira
dessas correntes como a dos céticos dos custos do crescimento, e a outra, como a dos alarmistas dos
limites do crescimento. Como manifestação típica da primeira corrente podemos citar a obra de E.J.
Mishan, The Costs of Economic Growth (1967), e da segunda. a de Donald L. Meadows, em colaboração
com outros autores, The Limits of Growth (1972).
A tese esposada pela primeira corrente tem alguma semelhança com as idéias expostas alguns
anos antes pelo professor Galbraith, na famosa obra The Affluent Society. Ressalte-se que, em certo
sentido, expõe uma visão mais ampla, já que teve sua origem nas "dúvidas sobre o valor, em termos de
bem-estar humano, da maré montante da expansão econômica do pós-guerra". Mishan, que realizou
trabalhos no campo da análise dos custos e benefícios e na área mais ampla da economia do bem-estar,
utiliza - em extensão considerável - o instrumental das deseconomias externas para identificar as
circunstâncias em que essas possam ultrapassar as vantagens que o indivíduo pode extrair do
crescimento econômico; e não encontra a menor dificuldade em demonstrar que tais circunstâncias podem
ocorrer, com a maior freqüência, no mundo real. Sem dúvida, essas passagens foram redigidas em termos
mais incisivos que os usados em outras publicações sobre o mesmo assunto, e as idéias nelas expressas
terão uma aplicação mais vigorosa em certas situações como, por exemplo, na solução dos problemas das
páreas densamente construídas; assim mesmo, porém, elas se situam ao longo das linhas tradicionais da
economia do bem-estar desenvolvidas a partir de Marshall e Pigou.
A obra de Misham produziu um impacto extraordinário devido a suas opiniões categóricas, pois,
além de ultrapassar a área puramente econômica, penetra no campo do que se convencionou designar
como o do criticismo cultural. O resultado foi o desmascaramento do mito da soberania do consumidor e da
exposição sobre as verdadeiras dimensões do campo de escolha que, segundo a crença geral, é ampliado
através do crescimento econômico: "Em tudo aquilo que representa uma contribuição insignificante...
novos modelos de automóveis ... alimentos elaborados... e uma série cada vez maior de aparelhos
elétricos, o homem dispõe de ampla escolha. Em tudo aquilo que destrói a alegria de viver, não dispõe de
nenhuma escolha". E, ainda, "... as fontes principais do bem-estar social não devem ser procuradas no
crescimento econômico em si, mas num crescimento muito mais seletivo".
Esse tema é apresentado nas obras de outros economistas, sem falar nos trabalhos dos ecólogos,
cuja preocupação com o meio ambiente subitamente conseguiu sensibilizar largos segmentos da opinião
pública. Assim, por exemplo, o célebre economista japonês, professor Shigeto Tsuru, também pôs em
dúvida a equiparação, expressa ou implícita, do crescimento do PNB com o aumento do bem-estar
humano, isso baseado no argumento deque o desenvolvimento tecnológico moderno debilitou as
premissas que servem de base a essa equiparação. Em seguida, estabelece distinção entre cinco tipos de
"votos em dinheiro", manifestados pelos consumidores, e que dessa forma "entram na composição do
PNB... cuja significação em termos de bem-estar pode ser colocada em dúvida". Inclui nesse número, por
exemplo, as elevadas despesas de condução resultantes do crescimento urbano desordenado; uma
dependência exagerada do assessoramento jurídico que gera rendas por serviços que podem ser
indispensáveis por razões institucionais, mas em nada contribuem para o bem-estar; a exaustão da riqueza
social - item que inclui a maior parte dos danos produzidos ao meio ambiente - e a ineficiência no
ajustamento dinâmico da economia, revelada por exemplo, no aterro de certos trechos do litoral japonês,
quando o mesmo resultado poderia ser alcançado através de uma simples mudança na utilização de terras
agrícolas não mais necessárias à produção de arroz.
Os trabalhos do professor Tsuru fizeram com que se voltasse a atenção para a reutilização dos
conceitos de capital e renda elaborados por Irving Fisher que, segundo ressaltou Pigou, que os criticou,
são mais adequados para quem esteja interessado em determinar as quantidades comparativas de bem-
estar econômico que uma comunidade alcança ao longo de vários anos.
Outro tipo de reação ao crescimento econômico moderno origina-se, em certa medida, na
preocupação com as depredações do meio ambiente, tanto o natural como o criado para as amenidades
da vida. No entanto, seu interesse principal reside nos limites do crescimento, conforme indica o título do
manifesto The Limits of Growth. Esse opúsculo é obra coletiva escrita por uma equipe do MIT -
Massachussets Institute of Technology, formada por cientistas de várias áreas, e que se utilizaram de
modernas técnicas de computação. Em resumo, o trabalho pretende estabelecer a inter-relação entre a
população, a produção industrial per capita, a disponibilidade de alimentos per capita, os recursos naturais
não renováveis e a poluição.
Tabelas elaboradas por meio de computadores mostram a inter-relação entre as cinco variáveis nos
últimos setenta anos e sua projeção até o ano 2100. A conclusão fundamental representa uma nova
versão do malthusianismo. A população e o capital crescem de forma exponencial (a progressão
geométrica de Malthus), o que não ocorre com os recursos disponíveis (a progressão aritmética na
produção de alimentos de Malthus). Conclui-se que será necessário estabilizar a população e fazer cessar
o crescimento que provoca exaustão dos recursos naturais, para que o número dos habitantes do nosso
planeta não dispare para além da fronteira traçada pelos meios de subsistência, caso em que ocorrerá um
colapso, seguido do restabelecimento do equilíbrio num nível de vida muito baixo. Afirma-se
expressamente que não se trata de uma simples profecia: a formulação dos autores do trabalho e
daqueles que propagam suas idéias é altamente convincente no que diz respeito às possibilidades de uma
evolução que se processará exatamente por essas linhas.
Não se pode negar que o trabalho apresentado pelo grupo de trabalho reveste-se de grande
importância, tal qual acontecia com a formulação de Malthus, e deve ser considerado seriamente na
formulação da política econômica.
Cabe ponderar, todavia, que a natureza do mesmo não se altera pelo simples fato de ser exposto
através de resultados computadorizados; e, se nos detivermos nas conclusões gerais dos autores, que não
se revestem de caráter exclusivamente econômico, veremos que nem de longe se acha demonstrada a
tese de que uma parada total de toda e qualquer forma de crescimento econômico seja necessariamente o
procedimento mais correto no plano intelectual, ou o mais recomendável em termos práticos.
Falhas de Mercado:
Informação Assimétrica, Seleção Adversa e Risco Moral
É sabido que toda vez que são dadas as condições de concorrência, o mercado é o mais eficiente
alocador de recursos. Essas condições não se apresentam nos casos das network industries que
constituem monopólios naturais, caracterizados por terem uma função sub-aditiva de custos e, em alguns
casos, rendimentos crescentes de escala. Um caso típico é o dos serviços básicos de infra-estrutura, entre
os quais se inclui a distribuição de energia elétrica. Para os casos de serviços monopolistas surge a
necessidade de se estabelecer custos associados a uma gestão eficiente dos mesmos. São precisamente
esses custos eficientes que se devem considerar ao se determinar as tarifas que estão obrigados a pagar
os clientes "cativos" desses serviços. Nestes casos, a regulação substitui a concorrência através da
intervenção direta no mercado, mediante a fixação de um conjunto de incentivos e de restrições que
permitam simular condições competitivas.
A ação do Regulador de um serviço monopolista deve ser orientada para a obtenção simultânea de
dois objetivos fundamentais. Por um lado, trata-se de estabelecer níveis de tarifas que resultem justas para
os consumidores, o que significa evitar que paguem encargos indevidos, assim como valores insuficientes
que conduzam à deterioração na qualidade do serviço que recebem. Por outro lado, os níveis tarifários
devem prover, às empresas prestadoras que atuam com eficiência, ganhos suficientes para cobrir seus
custos operacionais e obter um retorno razoável sobre o capital investido.
A determinação do nível tarifário que permite obter esses dois objetivos implica na realização, de
forma coordenada e harmoniosa, de um conjunto de temas regulatórios. Estes incluem a estrutura e o
custo do capital, a base de remuneração regulatória e os custos operacionais requeridos para que o
serviço seja prestado com os níveis de qualidade exigidos pela legislação aplicável. A definição de cada
um desses temas não pode ser encarada de forma isolada dos demais elementos do conjunto. A
inconsistência regulatória que representa esse tratamento fragmentado teria conseqüências negativas
muito significativas, podendo conduzir a resultados totalmente diferentes dos objetivos fundamentais que
se procura obter.
A regulação econômica não deve se ocupar do controle da execução das atividades empresariais,
mas sim monitorar os resultados (outputs) dessa gestão, ou seja, a qualidade do serviço que recebem
clientes cativos.
O enfoque não invasivo da regulação econômica de serviços que apresentam características de
monopólio natural permite minimizar os efeitos negativos de um dos fenômenos mais importantes do
processo regulatório, presente na interação entre o regulador e as empresas prestadoras: a assimetria de
informação. Trata-se de um fenômeno amplamente discutido e analisado pelos estudiosos e, o que é mais
importante, sobre o qual existem vários exemplos concretos a respeito dos prejuízos que podem decorrer
para os clientes cativos do serviço monopolista.
Conceitualmente, a assimetria de informação se refere ao fato de que o operador do serviço
regulado é quem gerência todas as informações (técnicas, operativas, financeiras, contábeis etc.)
vinculadas com a gestão do serviço. O Regulador, por sua vez, tem um acesso parcial e limitado às
informações que lhe são fornecidas, em geral, pela própria empresa prestadora. Embora se possa realizar
uma auditoria dessa informação, torna-se muito claro e evidente que a situação de ambas as partes do
processo, no que se refere ao acesso e manejo dessa informação, é totalmente assimétrica. Quando há a
necessidade de apoio na análise das informação fornecida pelas empresas que detém a exploração de
uma atividade monopolista, os efeitos negativos dessa situação assimétrica se desenvolvem, em geral, em
condições prejudiciais para o Regulador e, consequentemente, para os clientes do serviço cujos direitos
ele deve proteger.
Isso é particularmente evidente quando a análise se refere à informação contábildas empresas.
Nesses casos, a possibilidade de manipulação, ou gaming das informações prestadas pelas companhias
monopolistas é muito elevada. Alguns casos ocorridos recentemente em países desenvolvidos,
amplamente difundidos em todo o mundo, e que envolvem grandes empresas multinacionais, são
exemplos muito eloqüentes dessa situação
Por outro lado, a assimetria de informação "polui" a relação entre os agentes do processo
regulatório.
O Regulador, consciente da existência dessa condição, pode adotar uma atitude preventiva ou de
suspeita, que se reflita no uso excessivo e até contraproducente do recurso das auditorias da gestão
empresarial. É óbvio que os desdobramentos quanto aos efeitos ocasionados aos consumidores e ao
mercado em geral, sobretudo aos investidores, provoca desconfiança e a ocorrência de fatos desairosos
leva a um desgaste profundo das relações entre a empresa e os consumidores. Isso pode levar a escolhas
adversas pelo mercado, podendo ocorrer o pior a um nível elevado de prejuízo para todos, sobretudo até a
atingir moralmente os interessados que, de boa-fé, acreditaram e confiaram nas informações divulgadas.
Em suma, a necessidade da regulação econômica, que não deve ser confundida com a intervenção
econômica, implica em uma conceituação diferente de fiscalização, controle e auditoria. Essa necessidade,
enfocada no fenômeno da assimetria das informações, visa a estabelecer a melhor dinâmica de
relacionamento entre as partes envolvidas.
Testes Série A
1. Considere que um país tenha realizado ao longo do ano as seguintes transições com o exterior (em
unidades monetárias):
• Exportação de soja: 500
• Importações de petróleo: 350
• Pagamento de juros da dívida externa: 50
• Lucro reinvestido: 30
• Remessa de lucros: 40
• Refinanciamento de juros: 60
• Pagamento de fretes e seguros: 100
• Amortização de dívida: 70
• Obtenção de empréstimos externos: 120
temos que a(o):
a) transferência líquida de recursos ao exterior é igual a 150
b) variação de reservas é negativa e igual a – 80
c) saldo da conta de capitais autônomos é igual a 50
d) renda líquida enviada ao exterior é iguala 180
e) saldo em transações correntes é igual a - 40
2. Em relação aos sistemas de taxa de câmbio, considere as afirmações a seguir:
I. Passando de um sistema de câmbio flexível para um de câmbio fixo, o Banco Central passa a ter
controle sobre os agregados monetários;
II. A confiabilidade do sistema de câmbio fixo depende do nível de reservas internacionais;
III. No sistema de câmbio fixo com livre mobilidade de capital e supondo que os agentes confiem na
manutenção deste sistema, a taxa interna de juros tende a se igualar à internacional;
pode-se afirmar que:
a) I e II estão corretas
b) I e III estão corretas
c) I, II e III estão corretas
d) apenas I está correta
e) II e III estão corretas
3. Em relação à curva de Phillips é correto afirmar que:
a) considerando expectativas adaptativas, o governo pode reduzir o desemprego permanentemente sem
aumento da inflação
b) com expectativas racionais, a taxa de desemprego diferente da taxa natural está associada à variação
não antecipada na inflação
c) choques de oferta não afetam a inflação
d) a persistência do desemprego abaixo da taxa natural só é possível se a inflação for crescente e valerem
as expectativas racionais
e) considerando expectativas racionais, o desemprego sempre estará na taxa natural
4. Considerando o modelo IS/LM adaptado a uma economia aberta temos que:
a) com livre mobilidade de capital e taxa de câmbio fixa, a política fiscal é mais eficaz que na economia
fechada
b) com livre mobilidade de capital e taxa de câmbio fixa, a política fiscal é ineficaz
c) com livre mobilidade de capital e taxa de câmbio fixa, a política monetária é mais eficaz que na
economia fechada
d) com livre mobilidade de capital e taxa de câmbio flexível, a política monetária é ineficaz
e) com taxa de câmbio flexível a política monetária é sempre ineficaz
5. Em relação ao modelo IS/LM podemos afirmar que:
a) quanto maior a elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros, maior a eficácia da
política monetária
b) a eficácia da política fiscal está diretamente relacionada à elasticidade da demanda por moeda em
relação à taxa de juros
c) a política fiscal independe do multiplicador de gastos
d) a política fiscal será mais eficiente se for válida a Teoria Quantitativa da Moeda
e) quanto maior a sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros, menor a eficácia da política
monetária
6. Quanto à oferta de moeda pode-se afirmar que:
a) o desconto de duplicatas nos bancos comerciais não impacta os meios de pagamento (M1)
b) o multiplicador monetário independe das reservas voluntárias do Sistema Bancário
c) um aumento das reservas internacionais em decorrência do endividamento externo do Banco Central
não altera a base monetária
d) a arrecadação de impostos pelo governo e seu depósito no Banco Central não causam impacto sobre a
base monetária
e) o resgate de recursos da caderneta de poupança na Caixa Econômica Federal - CEF não afeta o M1,
pois este é um banco comercial
7. A respeito da demanda agregada derivada do modelo IS/LM, é correto afirmar que:
a) um aumento da oferta de moeda levará a um deslocamento da demanda agregada para a direita, pois
para qualquer nível de preços teremos menores taxas de juros
b) se a demanda por moeda for infinitamente elástica em relação à taxa de juros, a demanda agregada
será horizontal
c) uma queda na taxa de juros associada a uma queda no nível de preços levará ao deslocamento da
demanda agregada para a direita devido ao aumento do investimento
d) se for válida a Teoria Quantitativa da Moeda, a curva de demanda agregada é vertical
e) um aumento do gasto público, ao provocar uma elevação da taxa de juros, levará a um deslocamento da
demanda agregada para a esquerda
8. Uma dada economia fechada pode ser representada pelas seguintes equações (em unidades mo-
netárias):
A curva IS: Y = 150 - 500r
A demanda por moeda: M/P = 0,5Y - 100 r
Com esta caracterização, para que se alcance um nível de renda de 100 e se estabilizem os preços em 1,
deveríamos ter uma oferta de moeda de:
a) 40 e a taxa de juros se situaria no patamar de 25%
b) 100 e a taxa de juros se situaria no patamar de 5%
c) 40 e a taxa de juros se situaria no patamar de 10%
d) 950 e a taxa de juros se situaria no patamar de 10%
e) 50 e a taxa de juros se situaria no patamar de 50%
9. Podemos afirmar quanto à demanda por moeda que:
a) de acordo com a Teoria Quantitativa de Moeda, uma elevação da taxa de juros reduz a demanda por
moeda
b) valendo a Teoria Quantitativa da Moeda e supondo a velocidade de circulação da moeda fixa, haverá
um único nível de renda que equilibrará o mercado monetário, dado o estoque real de moeda
c) quando o preço dos títulos está muito alto é sinal que os juros estão baixos e os indivíduos demandarão
pouca moeda
d) uma elevação da inflação esperada leva a um aumento na demanda por moeda a fim de se ampliar os
gastos
e) de acordo com o modelo Tobin-Baumol, uma elevação no custo de transação na conversão de moeda
em ativos financeiros reduz a demanda por moeda
10. De acordo com as teorias de investimento, quais das afirmações abaixo podem ser consideradas
corretas:
I. O investimento em estoque é pró-cíclico;
II. Dada a taxa nominal de juros, o investimento está diretamente relacionado com a inflação esperada,
considerando o efeito Fisher;
III. O investimento tende a ser mais volátil que o consumo.
a) I e II estão corretas
b) I, II e III estão corretas
c) II e III estão corretas
d) Apenas I está correta
e) I e III estão corretas
11. Dado um modelo Keynesiano simples, considere as seguintes afirmações:
I. Se o produto estiver acima do produto de equilíbrio mas abaixo do produto potencial, a economia tende a
se afastar ainda mais deste último;
II. Considerando umaeconomia aberta em que na situação de equilíbrio existe déficit externo e
desemprego, a única forma de diminuir os dois problemas simultaneamente é desvalorizando a taxa de
câmbio;
III. O aumento da propensão marginal a poupar estimula o crescimento por aumentar o investimento e o
multiplicador;
pode-se afirmar que:
a) I, II e III estão corretas
b) Apenas I está correta
c) II e III estão corretas
d) I e III estão corretas
e) I e II estão corretas
12. Considerando uma economia definida pelas seguintes relações:
C = 200 + 0,8Yd
T = 0,25Y
I = 200 - 1000i
G = 100
M = 0,1Y
X = 200
Considerando também uma taxa de juros de 10%, temos que:
a) a renda de equilíbrio é igual a 1500
b) um aumento das exportações em 50 melhora as contas públicas na mesma magnitude
c) uma queda para 5% na taxa de juros eleva a renda em 125
d) um aumento de 50 nos gastos públicos piora o saldo orçamentário em 25
e) um aumento das exportações não tem qualquer impacto sobre as importações
13. Com base nos seguintes valores hipotéticos da Contabilidade Nacional (em unidades monetárias):
• Consumo das famílias: 630
• Consumo do Governo: 150
• Pagamento de juros da dívida pública interna: 60
• Subsídios: 20
• Impostos Diretos: 130
• Impostos Indiretos: 150
• Investimento do setor privado: 200
• Déficit público: 30
• Balança comercial: -10
• Balança de serviços não fatores: -5
• Saldo em transações correntes: -40
Podemos afirmar que o(a):
a) poupança do setor privado é igual a 190
b) saldo do Governo em conta corrente é igual a 130
c) Produto Nacional Bruto a preço de mercado é igual a 1045
d) Produto Interno Bruto a preço de mercado é igual a 1050
e) Produto Interno Bruto a custo de fatores é igual a 900
14. Pode-se dividiras variáveis macroeconômicas em duas categorias: variáveis "estoque" e variáveis
"fluxo". Assim, podemos afirmar que
a) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o déficit orçamentário são variáveis
"fluxo" ao passo que a dívida do governo e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".
b) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o déficit orçamentário são variáveis
"estoque" ao passo que a dívida do governo e a quantidade de capital na economia são variáveis "fluxo".
c) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e a dívida pública são variáveis
"fluxo" ao passo que o déficit orçamentário e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".
d) o investimento agregado, o consumo agregado e a dívida pública são variáveis "fluxo" ao passo que a
renda agregada, o déficit orçamentário e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".
e) a renda agregada e o déficit orçamentário são variáveis "fluxo" ao passo que o consumo agregado, o
investimento agregado, a dívida pública e a quantidade de capital na economia são variáveis "estoque".
15. Considere: Ipr = investimento privado; Ipu = investimento público; Spr = poupança privada; Sg =
poupança do governo; Se = poupança externa.
Com base nas identidades macroeconômicas fundamentais, pode-se afirmar que:
a) Ipr + Ipu = Spr + Sg
b) déficit público = Spr - Ipr + Se
c) Ipr + Ipu + Se = Spr + Sg
d) déficit público = Spr + Ipr + Se
e) Ipr = Spr + Se
16. Considere uma economia hipotética que produza apenas 3 bens finais: arroz, feijão e carne, cujos
preços (em unidades monetárias) e quantidades (em unidades físicas), para os períodos 1 e 2, encontram-
se na tabela a seguir:
arroz feijão carne
período preço quant. preço quant. preço quant.
 1 2,20 10 3,00 13 8,00 13
2 2,30 11 3,50 14 15,00 8
Considerando que a inflação utilizada para o cálculo do Produto Real Agregado desta economia foi de
59,79% entre os dois períodos, podemos afirmar que:
a) o Produto Nominal cresceu 17,76% enquanto o Produto Real cresceu apenas 2,26%.
b) o Produto Nominal cresceu 12,32% ao passo que não houve alteração no Produto Real.
c) o Produto Nominal cresceu 17,76% ao passo que o Produto Real caiu 26,26%.
d) o Produto Nominal cresceu 15,15% ao passo que o Produto Real caiu 42,03%.
e) o Produto Nominal cresceu 15,15% ao passo que o Produto Real caiu 59,79%.
17. Considere as seguintes informações para uma economia hipotética, num determinado período de
tempo, em unidades monetárias:
Consumo autônomo = 100;
Investimento agregado = 150;
Gastos do governo = 80;
Exportações = 50;
Importações = 30.
Pode-se então afirmar que,
a) se a propensão marginal a consumir for 0,8, a renda de equilíbrio será de 1700
b) se a propensão marginal a poupar for 0,3, a renda de equilíbrio será de 1700
c) se a propensão marginal a consumir for de 0,6, a renda de equilíbrio será de 1730
d) se a propensão marginal a consumir for 0,7, a renda de equilíbrio será de 1800
e) se a propensão marginal a poupar for 0,2, a renda de equilíbrio será de 1750
18. É correto afirmar que a demanda por moeda depende
a) tanto da renda quanto da taxa nominal de juros. Assim, quanto maior a renda ou quanto maior a taxa de
juros, maior será a demanda por moeda
b) exclusivamente da taxa de juros real. Assim, quanto maior for a taxa de inflação esperada, maior
tenderá ser a demanda por moeda
c) exclusivamente da renda real. Assim, quanto maior for a inflação esperada, maior será a demanda por
moeda
d) tanto da renda quanto da taxa nominal de juros. Assim, quanto maior a renda ou quanto menor a taxa de
juros, maior será a demanda por moeda
e) exclusivamente da taxa esperada de inflação. Assim quanto maior for esta taxa, maior será a demanda
por moeda
19. Considerando o modelo IS/LM com os casos denominados de "clássico" e da "armadilha da liquidez",
podemos afirmar que:
a) no "caso clássico", deslocamentos da curva IS só altera o nível do produto uma vez que a taxa de juros
é fixa.
b) tanto no "caso clássico" quanto no caso da "armadilha da liquidez", elevações dos gastos públicos
causam alterações no produto. A diferença, entre os dois casos, está apenas na possibilidade ou não de
alterações nas taxas de juros.
c) no caso da "armadilha da liquidez", a política fiscal é totalmente inoperante, ocorrendo o oposto no "caso
clássico".
d) tanto no "caso clássico" quanto no caso da "armadilha da liquidez", o nível do produto é dado. A
diferença está apenas nos efeitos dos deslocamentos da curva IS sobre as taxas de juros.
e) o "caso clássico" ocorre quando a demanda por moeda é totalmente insensível à taxa de juros; já o caso
da "armadilha da liquidez" ocorre quando a demanda por moeda é infinitamente elástica em relação à taxa
de juros.
20. Considerando o modelo de oferta e demanda agregada; considere ainda que, no longo prazo os preços
são flexíveis, mas no curto prazo, verifica-se rigidez total nos preços. Então, é correto afirmar que:
a) deslocamentos na demanda agregada afetam o produto agregado tanto no curto quanto no longo prazo.
A diferença entre os dois casos está apenas no grau de intensidade dos efeitos da demanda sobre o
produto.
b) deslocamentos na demanda agregada no longo prazo só afetam o nível de preços; já no curto prazo,
tais deslocamentos só afetam o produto agregado.
c) no longo prazo, deslocamentos na demanda agregada afastam o produto agregado do seu nível de
pleno emprego. Tal efeito, entretanto, não ocorre no curto prazo.
d) tanto no curto quanto no longo prazo, deslocamentos na demanda agregada afastam o produto do seu
nível de pleno emprego. A diferença está nos efeitos desses deslocamentos sobre a inflação.
e) tanto no curto quanto no longo prazo, o produto agregado encontra-se em seu nível de pleno emprego.
Assim, deslocamentos da demanda agregada só causam efeitos sobre a inflação, cuja intensidade é maior
no longo prazo.
21. São fatores que tendem a elevar a oferta monetária na economia:
a) redução das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos
aos bancos comerciais; venda de títulospúblicos pelo Banco Central
b) redução das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos
aos bancos comerciais; compra de títulos públicos pelo Banco Central
c) elevação das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos
aos bancos comerciais; venda de títulos públicos pelo Banco Central
d) elevação das reservas internacionais do país; concessão, por parte do Banco Central, de empréstimos
aos bancos comerciais; compra de títulos públicos pelo Banco Central
e) elevação das reservas internacionais do país; recebimento, pelo Banco Central, de empréstimos
concedidos ao setor privado; venda de títulos públicos pelo Banco Central
22. São consideradas operações ativas do Banco Central:
a) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional,
compra de títulos públicos federais
b) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional,
alteração dos impostos nas operações financeiras
c) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, empréstimos ao Tesouro Nacional,
alterações dos impostos nos mercados de capitais
d) alterações nas reservas internacionais, alterações na taxa de câmbio, operações de redescontos,
empréstimos ao Tesouro Nacional
e) alterações nas reservas internacionais, operações de redescontos, alterações no Imposto sobre
Operações Financeiras
23. Considere que tenha ocorrido uma desvalorização nominal da taxa de câmbio de 10% num de-
terminado período.
Considerando o conceito de taxa de câmbio utilizada no Brasil e o conceito de câmbio real que leva em
conta a inflação interna e externa, pode-se afirmar que,
a) se a inflação externa foi de 10% no período e a inflação interna, de 25% no período, houve uma
desvalorização real da taxa de câmbio.
b) se a inflação externa foi de 20% e a inflação interna foi de 5% no período, houve uma valorização real
da taxa de câmbio.
c) se tanto a inflação interna quanto a externa foram de 5% no período, não houve alteração na taxa de
câmbio real.
d) se a inflação externa foi de 15% no período e a inflação interna foi de 30% no período, houve uma
desvalorização real da taxa de câmbio.
e) se a inflação externa foi de 5% e a inflação interna foi de 20% no período, houve uma valorização real
da taxa de câmbio.
24. Com relação aos lançamentos no balanço de pagamentos, pode-se afirmar que
a) qualquer operação de importação deve necessariamente ter como contrapartida lançamento na conta
"haveres a curto prazo no exterior",
b) qualquer operação envolvendo donativos deve necessariamente ter como contrapartida lançamento na
conta de importações.
c) as transferências unilaterais devem ter necessariamente como contrapartida lançamentos na conta
"haveres a curto prazo no exterior”.
d) as amortizações de empréstimos fazem parte dos movimentos de capitais autônomos ao passo que o
pagamento de juros de empréstimos fazem parte do balanço de serviços.
e) é possível um lançamento no balanço de pagamentos se contrapartida de lançamento em outra conta,
desde que tal lançamento não seja proveniente de operações de exportação ou de importação.
25. Considere os seguintes dados que refletem as relações de uma economia hipotética com o resto do
mundo, num determinado período de tempo, em unidades monetárias:
- exportações com pagamento a vista: 100;
- importações com pagamento a vista: 50;
- entrada de investimento direto externo sob a forma de máquinas e equipamentos: 200;
- pagamento de juros de empréstimos, remessa de lucros e pagamento de aluguéis: 80; e
- amortização de empréstimos: 50.
Pode-se afirmar que
a) o saldo da balança comercial é de +50; o saldo da balança de serviços é de -130; o saldo em
transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de - 80.
b) o saldo da balança comercial é de +50; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações
correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.
c) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -130; o saldo em
transações correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.
d) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações
correntes é de +230; e o saldo total do balanço de pagamentos é nulo.
e) o saldo da balança comercial é de -150; o saldo da balança de serviços é de -80; o saldo em transações
correntes é de -230; e o saldo total do balanço de pagamentos é de -80.
26. São medidas que tendem a corrigir déficits no balanço de pagamentos:
a) elevação do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, desvalorização da taxa
nominal de câmbio
b) redução do nível de atividade econômica, redução no nível geral de preços internos, elevação das taxas
internas de juros
c) redução do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, desvalorização da taxa
nominal de câmbio
d) elevação do nível de atividade econômica, redução das taxas internas de juros, redução no nível geral
de preços internos
e) elevação do nível de atividade econômica, elevação das taxas internas de juros, elevação no nível geral
de preços internos
27. Considere o modelo IS/LM com as seguintes hipóteses:
I. economia pequena e aberta
II. livre mobilidade de capital
III. taxa de câmbio nominal igual à taxa de câmbio real
Suponha que a autoridade econômica disponha dos dois tradicionais instrumentos de política econômica:
política fiscal e política monetária.
Pode-se então afirmar que:
a) os impactos de um ou outro instrumento sobre a renda agregada dependem do regime cambial adotado
no modelo.
b) ambos os instrumentos exercem impactos sobre a renda, independente do regime cambial adotado, já
que as taxas de câmbio real e nominal são iguais.
c) independentemente do regime cambial, a política monetária é a única capaz de exercer influência sobre
o produto, já que se verifica uma situação de total estabilidade no nível de preços internos.
d) se o regime for de câmbio fixo, tanto a política monetária quanto a política fiscal exercem influência
sobre a renda agregada, já que as taxas de câmbio nominal e real são iguais.
e) independentemente do regime cambial, a política fiscal é a única capaz de exercer influência sobre o
produto já que, no modelo, está implícita a hipótese de que a taxa esperada de inflação é zero.
28. A função de demanda de um consumidor por um bem x é dada por ,20 5,01 yxx ppq
−
= sendo qx a
quantidade demandada do bem x por parte desse consumidor e pX e py, respectivamente, os preços do
bem x e de outro bem y.
Nesse caso, pode-se afirmar que, para esse consumidor
a) os bens x e y são substitutos
b) os bens x e y são complementares
c) o bem x é um bem de Giffen
d) a elasticidade preço da demanda pelo bem x é -2
e) a elasticidade preço cruzada da demanda pelo bem x em relação ao bem y é negativa
29. Um mercado em concorrência perfeita possui 10.000 consumidores. As funções de demanda individual
de cada um desses consumidores são idênticas e são dadas por q = 10 - 0,5p, em que q é a quantidade
demandada em unidades por um consumidor e p é o preço do produto em reais. As empresas desse
mercado operam com custo marginal constante igual a 4 e custo fixo nulo.
Pode-se afirmar que
a) o preço de equilíbrio é igual a R$ 4.000,00 e a quantidade de equilíbrio é igual a 8 unidades
b) o preço de equilíbrio é igual a R$ 4,00 e a quantidade de equilíbrio é igual a 8 unidades
c) a curva de demanda agregada é dada pela soma vertical das curvas de demanda individuais
d) não é possível determinar preço e quantidade de equilíbrio
e) o preço de equilíbrio desse mercado é igual a R$ 4,00 e a quantidade de equilíbrio é igual a 80.000
unidades
30. Um consumidor vive de uma renda mensal fixa paga pelos inquilinos de diversos imóveis dosquais é
proprietário. Imagine que o governo esteja querendo levantar determinado valor em dinheiro através da
cobrança de impostos sobre esse consumidor. Duas alternativas são avaliadas: i) a cobrança de um
imposto sobre a renda desse consumidor ou ii) a cobrança de um imposto sobre o consumo de um bem
específico por parte desse consumidor. Suponha que essas duas alternativas tenham sido equacionadas
de modo a gerar a mesma receita de arrecadação.
Nessas condições o consumidor deve:
a) preferir a alternativa ii à alternativa i
b) ser indiferente entre as duas alternativas
c) preferir a alternativa i à alternativa ii
d) preferir a alternativa i à alternativa ii, caso a elasticidade renda da demanda pelo bem sobre o qual o
imposto incidiria no caso da alternativa ii ser maior do que 1
e) preferir a alternativa i à alternativa ii, caso a demanda pelo bem sobre a qual o imposto incidiria no caso
da alternativa ii ser inelástica
31. Imagine um consumidor que consuma apenas dois bens e cujas preferências possam ser re-
presentadas pela função de utilidade U(x, y)= xayb, na qual x e y são as quantidades consumidas dos dois
bens, e a e b são constantes reais e positivas. Com relação à demanda desse consumidor é correto
afirmar que:
a) a demanda pelo bem y é elástica, ou seja, possui um valor, em módulo, superior à unidade
b) dada a renda do consumidor, o volume do dispêndio realizado por ele com a aquisição do bem x não
depende do preço do mesmo
c) a demanda pelo bem x é inelástica
d) o bem x é um bem inferior
e) o bem y é um bem de Giffen
32. Com relação ao mercado de determinado insumo de produção, pode-se afirmar que:
a) um monopolista paga para cada unidade contratada do insumo um valor superior ao valor de seu
produto marginal
b) uma política de preços mínimos para o insumo leva a uma escassez na oferta do mesmo
c) se o comprador do insumo for um monopsônio, então, uma política de preço mínimo para esse insumo
pode levar a um aumento na quantidade comprada do mesmo e a um aumento na eficiência do mercado
d) o preço do insumo de produção não depende do produto marginal do mesmo, caso o comprador seja
um monopolista
e) empresas em concorrência perfeita demandam o insumo até que o preço do mesmo seja igual ao valor
de seu produto médio
33. Caso haja uma geada na região que produz a alface consumida em uma cidade, pode-se prever que,
no curto prazo, no mercado de alface dessa cidade,
a) a curva de demanda deverá se deslocar para esquerda em virtude da elevação nos preços, o que fará
com que haja uma redução na quantidade demandada
b) a curva de oferta do produto deverá se deslocar para a esquerda, o que levará a um aumento no preço
de equilíbrio e a uma redução na quantidade transacionada
c) a curva de oferta se deslocará para a direita, o que provocará uma elevação no preço de equilíbrio e um
aumento na quantidade demandada
d) não é possível prever o impacto sobre as curvas de oferta e de demanda nesse mercado, uma vez que
esse depende de variáveis não mencionadas na questão
e) haverá um deslocamento conjunto das curvas de oferta e de demanda, sendo que o impacto sobre o
preço e a quantidade de equilíbrio dependerá de qual das curvas apresentar maior deslocamento
34. Considerando a introdução de um imposto unitário sobre a venda de um produto ofertado por um
monopolista, pode-se afirmar que:
a) independentemente do formato da curva de demanda, o monopolista repassará apenas uma parte do
valor do imposto ao preço e a quantidade demandada permanecerá inalterada
b) o monopolista deverá repassar ao consumidor todo o valor do imposto, independentemente do formato
da curva de demanda pelo seu produto
c) caso a demanda pelo produto do monopolista tenha elasticidade preço constante, ele deverá repassar
75% do valor do imposto ao preço final ao consumidor
d) caso a demanda pelo produto do monopolista seja linear, a introdução do imposto implicará um aumento
no preço final ao consumidor maior do que o valor do imposto
e) caso a demanda pelo produto do monopolista apresente elasticidade preço constante, a introdução do
imposto implicará um aumento no preço final ao consumidor maior do que o valor do imposto
35. Considere o jogo abaixo representado na forma estratégica na qual A e B são duas estratégias
disponíveis para o jogador 1, a e b são duas estratégias disponíveis para o jogador 2, e os payoffs do jogo
estão representados pelos números entre parênteses sendo que o número à esquerda da vírgula
representa o payoff do jogador 1 e o número à direita da vírgula representa o payoff do jogador 2.
jogador 2
a b
A (3,2) (0,0)
jogador 1
B (0,0) (2,3)
Com base nesse jogo, é possível afirmar que:
a) se o jogo for jogado seqüencialmente, sendo que o jogador 1 determina inicialmente a sua estratégia e é
seguido pelo jogador 2, que toma sua decisão já conhecendo a estratégia escolhida pelo jogador 1, então,
haverá mais de um equilíbrio perfeito de subjogos
b) o jogo não apresenta nenhum equilíbrio de Nash
c) todos os equilíbrios de Nash do jogo acima são eficientes no sentido de Pareto
d) todos os equilíbrios de Nash do jogo são equilíbrios com estratégias dominantes
e) um equilíbrio de Nash para esse jogo ocorre quando o jogador 1 escolhe a estratégia B e o jogador 2
escolhe a estratégia a
36. O primeiro teorema do bem estar social estabelece que todo equilíbrio concorrencial é eficiente no
sentido de Pareto. Para que esse teorema seja válido, é necessário supor que
a) todos os agentes se comportem como tomadores de preço
b) as preferências dos consumidores sejam convexas
c) os consumidores busquem intencionalmente a eficiência da economia
d) haja poucos consumidores e poucos vendedores em cada mercado
e) cada um dos consumidores conheçam as funções de utilidade de todos os outros consumidores
37. Muitos ambientalistas têm chamado atenção para o fato de que a pesca de determinadas espécies de
peixe é tão elevada que a própria lucratividade de tal atividade acaba sendo comprometida. Como
conseqüência, eles sugerem que sejam adotadas medidas para reduzir-se o volume pescado. Do ponto de
vista da teoria econômica, esse problema
a) só será sanado caso haja uma proibição da pesca das espécies de peixe em questão. Tal proibição
deveria vir acompanhada de um programa de educação e conscientização dos pescadores para que esses
percebam que estão agindo contra seus próprios interesses
b) não é concebível uma vez que ele viola o primeiro teorema do bem estar social
c) só é possível caso os agentes envolvidos não tenham informações suficientes acerca de suas funções
de produção ou não tenham a habilidade necessária para resolver os problemas relacionados à
maximização de seu lucro
d) ocorre em virtude do fato de que os recursos pesqueiros são bens públicos e, como tal, deveriam ser
explorados exclusivamente pelo poder público
e) pode ser conseqüência da existência do livre acesso a um recurso comum, o que leva a uma super
exploração do mesmo. Entre as soluções possíveis para esse problema estaria a adoção de um imposto
específico sobre o produto da atividade pesqueira
38. Uma empresa produtora de papel e celulose despeja parte dos resíduos de sua produção em um rio,
poluindo-o. Isso faz com que a produtividade de uma empresa pesqueira que atua nesse rio seja reduzida.
Essa empresa pesqueira é a única afetada pela poluição gerada pela empresa de papel e celulose. Com
relação a uma situação como essa, assinale a opção correta.
a) A introdução de um imposto sobre a emissão de poluição por parte da empresa de papel e celulose
pode levar a um nível de poluição mais eficiente do que aquele que seria obtido sem nenhuma forma de
controle.
b) Segundo o teorema de Coase, na ausência de custos de transação, a definição de quem tem o direito
ao uso das águas do rio levará a uma geração ótima de poluição, mas não terá efeito sobre a lucratividade
individual de cada uma das empresas.
c) O nível ótimode emissão de poluição depende de como o direito ao uso das águas do rio é alocado
entre a empresa pesqueira e a empresa de papel e celulose.
d) A quantidade eficiente de emissão de poluição é zero, uma vez que a poluição é danosa à atividade da
empresa pesqueira.
e) A situação descrita acima é um exemplo típico de externalidade positiva na produção.
39. Considere as afirmações abaixo:
I. Os problemas relacionados ao que ficou conhecido na literatura sobre assimetria de informação como
moral hazard ou risco moral dizem respeito ao fato de que uma das partes de um contrato não tem como
observar, direta ou indiretamente, algumas ações praticadas pela outra parte do contrato, relevantes para o
objetivo do contrato.
II. Nem sempre a assimetria de informação acerca da qualidade de um bem que é transacionado em um
mercado leva ao problema de seleção adversa.
III. O oferecimento de uma garantia na compra de um bem é um exemplo de um mecanismo de incentivo
usado para evitar problemas de moral hazard, mecanismo esse que não tem eficácia na prevenção dos
problemas relacionados ao fenômeno da seleção adversa.
Pode-se afirmar que:
a) todas as afirmações estão corretas
b) apenas as afirmações I e II estão corretas
c) nenhuma afirmação está correta
d) apenas a afirmação III está correta
e) apenas as afirmações I e III estão corretas
40. A partir das identidades macroeconômicas básicas, pode-se estabelecer uma relação entre déficit
orçamentário do governo e o saldo em conta corrente de um país. A partir dessa relação, assinale a opção
correta.
a) Alterações no déficit orçamentário do governo somente causam mudanças no saldo em transações
correntes do país se tais alterações decorrem exclusivamente de alterações nos investimentos públicos e
desde que a diferença entre poupança e investimento privado permaneça constante.
b) Uma redução do déficit orçamentário do governo, independentemente de ocorrerem ou não variações
na diferença entre poupança e investimento privado, melhora o saldo em transações correntes do país.
c) Uma redução do déficit orçamentário do governo melhora o saldo em transações correntes do país,
desde que a diferença entre poupança e investimento privado permaneça constante.
d) Alterações no déficit orçamentário do governo somente causam mudanças no saldo em transações
correntes do país se tais alterações decorrem exclusivamente de alterações nos investimentos públicos,
independentemente de ocorrerem ou não variações na diferença entre poupança e investimento privado.
e) Alterações no déficit orçamentário do governo somente causam mudanças no saldo em transações
correntes do país se tais alterações decorrem exclusivamente de alterações na poupança do governo e
desde que a diferença entre poupança e investimento privado permaneça constante.
41. Considerando o modelo IS/LM, teoricamente, é possível identificar alguns casos em que a política fiscal
ou política monetária são totalmente ineficazes no que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto. Tais
casos são conhecidos como o "caso clássico" e o "caso da armadilha da liquidez". Pode-se então afirmar
que:
a) no caso da armadilha da liquidez, as alterações nas taxas de juros elevam a eficácia da política
monetária sobre o produto
b) o caso clássico refere-se à situação em que se observa desemprego com abundância de liquidez, com
taxas de juros e velocidade-renda da moeda muito baixas
c) no caso da armadilha da liquidez, observa-se desemprego com aperto de liquidez, com taxas de juros e
velocidade-renda da moeda altas
d) no caso clássico, o multiplicador keynesiano funciona plenamente, já que não ocorrem alterações nas
taxas de juros
e) no caso clássico, uma política fiscal pura não tem qualquer efeito sobre o produto; já no caso da
armadilha da liquidez, uma política monetária pura é inoperante no que diz respeito aos seus efeitos sobre
o produto
42. Considerando o modelo IS/LM sem a existência dos casos "clássicos" e da "armadilha da liquidez",
pode-se afirmar que:
a) a política fiscal é a mais adequada para se estimular o produto, uma vez que tal política implica
reduções nas taxas de juros
b) tanto um aumento das despesas do governo quanto uma expansão da oferta monetária causam
elevações nas taxas de juros
c) um aumento das despesas do governo ou uma redução dos impostos eleva a renda e reduz as taxas de
juros ao passo que uma expansão da oferta monetária eleva a renda, mas resulta numa elevação das
taxas de juros
d) um aumento das despesas do governo combinado com uma contração monetária resulta
necessariamente, no aumento nas taxas de juros
e) alterações nas taxas de juros só são possíveis com alterações na política monetária
43. Considerando o modelo de oferta e demanda agregada, podemos afirmar que:
a) no longo prazo, a curva de oferta agregada pode ser vertical ou horizontal, dependendo do grau de
rigidez dos preços no curto prazo. Assim, no longo prazo, alterações na demanda agregada
necessariamente afetam os preços, mas nada se pode afirmar no que diz respeito aos seus efeitos sobre o
produto
b) no longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical. Neste caso, descolamentos na curva de demanda
agregada afetam o nível de preços, mas não o produto. No curto prazo, entretanto, a curva de oferta não é
vertical. Neste caso, alterações na demanda agregada provocam alterações no produto agregado
c) tanto no curto quanto no longo prazo a curva de oferta agregada é vertical. Assim, os únicos fatores que
podem explicar as flutuações econômicas, tanto no curto quanto no longo prazo, são as disponibilidades
de capital e tecnologia
d) no curto prazo, não há qualquer justificativa teórica para que a curva de oferta agregada de curto prazo
não seja horizontal. Nesse sentido, no curto prazo, alterações na demanda agregada são irrelevantes para
explicar tanto a inflação como alterações no nível do produto
e) desde que os preços sejam rígidos, as curvas de oferta agregadas são verticais, tanto no curto quanto
no longo prazo
44. Considere o consumo das famílias e os gastos do governo num modelo de escolha intertemporal de 2
períodos: presente e futuro. Suponha que as decisões de consumo das famílias possam ser expressas a
partir da seguinte equação, também conhecida como restrição orçamentária inter-temporal das famílias
num modelo de 2 períodos:
C1 + C2/(1 + r) = (Q1 - T1) + (Q2 - T2)/(1 + r)
onde (para i = 1,2):
Ci = consumo no período i
Qi = produção no período i
Ti = impostos no período i
r = taxa real de juros.
Suponha ainda que o governo se depare com a seguinte restrição orçamentária intertemporal:
G1 + G2/(1 + r) =T1 + T2/(1 + r)
onde (para i = 1,2)
Gi = gastos do governo no período i
Podemos afirmar então que:
a) um corte nos impostos no presente tem maiores efeitos no consumo futuro, caso este corte não seja
acompanhado por alterações no padrão de gastos do governo
b) um corte nos impostos no presente com certeza altera o consumo presente, independente de alterações
no padrão de gastos do governo no presente e futuro
c) um corte nos impostos no presente atua no modelo de escolha intertemporal como no modelo
keynesiano: o consumo é estimulado pelo aumento da renda disponível
d) se o governo corta os impostos no presente sem que ocorram alterações no padrão de seus gastos,
presente e futuro, tanto o consumo presente quanto futuro ficam inalterados
e) um corte nos impostos não causa alterações no consumo, já que, em um modelo de escolha
intertemporal, o consumo é exógeno
45. Considerando o modelo de escolha intertemporal de consumo da questão anterior e a existência de
estruturas de preferências, representadas por curvas de indiferenças tradicionais, uma elevação nas taxas
de juros apresenta dois efeitos: renda e substituição.
Supondo que a família é poupadora no presente e que o consumo seja de bens normais, podemos afirmar
que:
a) os efeitos necessariamente se anulam, já que a família é poupadora
b)pelo fato da família ser poupadora, somente o efeito renda é relevante
c) tanto o efeito renda quanto o efeito substituição tendem a elevar o consumo nos dois períodos
d) tanto o efeito renda quanto o efeito substituição reduzem o consumo no primeiro período e aumentam o
consumo no segundo período
e) o efeito renda tende a atuar no sentido de aumentar o consumo nos dois períodos ao passo que o efeito
substituição tende a reduzir o consumo no primeiro período e aumentá-lo no segundo período
46. Considerando as decisões de investimento, podemos então afirmar que com o produto marginal do
capital
a) determinando o custo do capital e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens
de capital determinando o preço de arrendamento do capital, as empresas irão investir se o preço do
arrendamento for maior do que o custo do capital
b) determinando o preço de arrendamento real do capital, e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o
preço relativo dos bens de capital determinando o custo do capital, as empresas irão investir se o preço do
arrendamento for menor do que o custo do capital
c) determinando o preço de arrendamento real do capital, e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o
preço relativo dos bens de capital determinando o custo do capital, as empresas irão investir se o preço do
arrendamento for maior do que o custo do capital
d) determinando o custo do capital e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens
de capital determinando o preço de arrendamento do capital, as empresas irão investir se o preço do
arrendamento for menor do que o custo do capital
e) e a taxa de juros real, a taxa de depreciação e o preço relativo dos bens de capital determinando o custo
do capital, as empresas irão investir se o custo do financiamento do capital for menor do que o custo do
capital
47. Os governos podem auferir receita como resultado de seu monopólio na emissão de moeda. Neste
contexto, surge o conceito de seigniorage.
É correto afirmar que:
a) define-se seigniorage como sendo o produto da expansão monetária pela inflação. A partir desta
definição, seigniorage é necessariamente igual ao imposto inflacionário
b) define-se seigniorage como sendo o produto da expansão monetária pelos saldos monetários nominais.
A partir desta definição, seigniorage não necessariamente é igual ao imposto inflacionário
c) define-se seigniorage como sendo o produto da expansão monetária pelo nível geral de preços. A partir
desta definição, seigniorage é necessariamente igual ao imposto inflacionário
d) define-se seigniorage como sendo o produto da expansão monetária pelos saldos monetários reais. A
partir desta definição, seigniorage não necessariamente é igual ao imposto inflacionário
e) define-se seigniorage como sendo o produto da expansão monetária pelo imposto inflacionário. A partir
desta definição, seigniorage é necessariamente diferente do imposto inflacionário
48. Alguns modelos macroeconômicos trabalham com a hipótese de que o salário não se ajusta conforme
um modelo tradicional de oferta e demanda por trabalho, existindo, assim, uma certa "rigidez salarial". Tal
rigidez é sustentada pelas teorias do "salário eficiência". Estas teorias sustentam que:
a) os salários são rígidos pela ausência do fator "eficiência" no mercado de trabalho, caracterizado sempre
pelo excesso de oferta
b) os salários são reajustados de acordo com a eficiência do trabalho. Como esta é constante no curto
prazo, as empresas não aumentam os salários, mesmo quando há excesso de demanda no mercado de
trabalho
c) salários mais elevados tornam os trabalhadores mais produtivos, o que pode explicar porque
determinadas empresas não reduzem salário, mesmo quando há excesso de oferta no mercado de
trabalho
d) problemas de assimetria de informação no mercado de trabalho explicam por que os salários são rígidos
no sentido ascendente
e) os salários em grandes empresas tendem a variar apenas em função de alterações na demanda por
mão-de-obra, já que a oferta é rígida no curto prazo. Assim, se a demanda é alta, o salário também tende a
ser alto; e esse aumento em geral está relacionado com os ganhos de eficiência por parte das empresas.
49. A chamada "Teoria dos Ciclos Reais" considera que a oferta de trabalho, em um determinado momento
do tempo, depende dos incentivos econômicos oferecidos ao trabalhador. Tais incentivos, no âmbito dessa
teoria, sustentam que:
a) os trabalhadores realizam uma análise custo-benefício para decidir o quanto trabalhar e o quanto auferir
de lazer. Assim, a única variável relevante nessa análise é o salário nominal
b) os trabalhadores realizam uma análise custo-benefício para decidir o quanto trabalhar e o quanto auferir
de lazer. Assim, se o salário for temporariamente alto ou se a taxa de juros for elevada, a oferta de trabalho
tende a se expandir
c) os trabalhadores realizam uma análise custo-benefício para decidir o quanto trabalhar e o quanto auferir
de lazer. Consideram, entretanto, apenas variáveis subjetivas, desconsiderando variáveis como salário e
taxas de juros nas decisões
d) os trabalhadores realizam uma análise custo-benefício para decidir o quanto trabalhar e o quanto auferir
de lazer. Assim, quando os juros são baixos, há incentivos para uma maior oferta de trabalho, uma vez que
espera-se uma elevação no nível de atividade econômica e, consequentemente, nos salários
e) os trabalhadores realizam uma análise custo-benefício para decidir o quanto trabalhar e o quanto auferir
de lazer. Assim, a única variável relevante nesta análise é a taxa de juros real.
50. Existem alguns custos que podem explicar a rigidez de preços na economia, dentre os quais destacam-
se os chamados "custos de menu", definidos custos de reajuste de preços por parte das empresas. Alguns
economistas defendem que tais custos, por serem insignificantes, não trazem grandes custos sociais.
Outros defendem que tais custos podem resultar em efeitos negativos para a sociedade. O argumento
desses economistas, também denominados de "novos-keynesianos", baseiam-se no fato de que:
a) numa economia aberta, os custos de menu reduzem a competitividade do país em relação ao resto do
mundo, tornando necessária desvalorizações cambiais com impactos positivos sobre a inflação
b) o custo de menu não seria pequeno, pelo contrário, seria grande o suficiente para gerar processos
inflacionários crônicos com resultados indesejáveis sob o ponto de vista social, principalmente para os
trabalhadores que recebem baixos salários
c) o custo de menu reduz a intensidade de deslocamento da curva IS, reduzindo assim os efeitos de uma
política fiscal expansionista
d) os custos de menu tornam o processo de oferta de moeda endógeno, dificultando assim políticas de
combate à inflação e estimulando indexação generalizada na economia
e) quando uma empresa reduz seus preços, ocorre uma ligeira redução no nível médio dos preços,
causando portanto um aumento nos saldos monetários reais, o que expande a renda agregada de acordo
com o modelo IS/LM. Tal expansão, por sua vez, aumenta a demanda pelo produto de todas as outras
empresas. A presença de rigidez de preços decorrente da existência de custos de menu impede a
ocorrência deste processo
51. Com relação aos conceitos de produto agregado, podemos afirmar que
a) o produto bruto é necessariamente maior do que o produto líquido; o produto nacional pode ser maior ou
menor do que o produto interno e o produto a custo de fatores pode ser maior ou menor do que o produto a
preços de mercado
b) o produto nacional é necessariamente maior do que o produto interno; o produto bruto é
necessariamente maior do que o produto líquido; e o produto a preços de mercado é necessariamente
maior do que o produto a custo de fatores
c) o produto a preços de mercado é necessariamente maior do que o produto a custo de fatores; o produto
interno é necessariamente maior do que o produtonacional; e o produto bruto é necessariamente maior do
que o produto líquido
d) o produto bruto é necessariamente maior do que o produto líquido; o produto interno é necessariamente
maior do que o produto nacional; e o produto a preços de mercados pode ser maior ou menor do que o
produto a custo de fatores
e) o produto interno é necessariamente maior do que o produto nacional; o produto líquido pode ser maior
ou menor do que o produto bruto; e o produto a custo de fatores pode ser maior ou menor do que o
produto a preços de mercado
52. A equivalência ricardiana constitui uma das concepções alternativas acerca da análise do déficit
público e suas implicações sobre o desempenho econômico. Tal concepção significa que:
a) um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado, ou porque as
famílias não esperam um aumento nos impostos futuros ou porque elas não se preocupam com as
gerações futuras
b) um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado, porque as
famílias esperam um aumento nos impostos futuros e não se preocupam com as gerações futuras
c) um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado apenas se as
famílias não se preocupam com as gerações futuras
d) um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado, porque as
famílias esperam um aumento nos impostos futuros e se preocupam com as gerações futuras
e) um corte nos impostos hoje financiado com dívida pública deixa o consumo inalterado somente se as
famílias não esperam um aumento nos impostos futuros
53. O modelo Mundell-Fleming representa o modelo IS/LM aplicado a uma pequena economia aberta. Tal
modelo considera o nível de preços fixo e analisa as causas das flutuações da renda e da taxa de câmbio.
Com base nesse modelo, e supondo livre mobilidade de capital, é correto afirmar que:
a) a política fiscal é mais adequada para estabilizar a renda, independente do regime ser de taxas de
câmbio fixas ou flexíveis
b) quando as taxas de câmbio são flutuantes, a política monetária não exerce qualquer influência sobre a
renda agregada
c) quando as taxas de câmbio são fixas, a política fiscal não exerce qualquer influência sobre a renda
agregada
d) quando as taxas de câmbio são fixas, a política monetária é a única capaz de influenciar a renda
agregada
e) quando as taxas de câmbio são flutuantes, a política fiscal não exerce qualquer influência sobre a renda
agregada
GABARITO
1.d 2.e 3.b 4.a 5.b 6.c 7.a 8.c 9.b 10.b 11.e 12.d
13.a 14.a 15.b 16.c 17.e 18.d 19.e 20.b 21.d 22.c 23.e 24.d
25.e 26.b 27.a 28.a 29.d 30.c 31.b 32.c 33.b 34.e 35.c 36.a
37.e 38.a 39.b 40.c 41.e 42.d 43.b 44.d 45.e 46.c 47.d 48.c
49.b 50.e 51.a 52.d 53.e
Testes Série B
Problemas de Microeconomia
1. O modelo de Cournot pressupõe que
a) no caso de um equilíbrio competitivo em duopólio, as firmas dividirão o mercado pela metade e o
equilíbrio será de Nash-Cournot.
b) o equilíbrio cooperativo é um equilíbrio de estratégia dominante, mas não é um equilíbrio de Nash.
c) o equilíbrio cooperativo sempre será estável pois a estratégia dominante implica que a cooperação é
sempre a melhor opção.
d) as firmas repartirão o mercado, se competirem entre si, na razão de 2/3 para a que "sai na frente" e 1/3
para a que "sai depois".
e) um cartel somente emerge dentro deste mercado se considerarmos um modelo de oligopólio do tipo
Stackelberg, em que a estratégia dominante é sempre cooperativa.
2. O paradoxo de Arrow tem como resultado que
a) nunca existirá escolha pública, dado que podemos agregar preferências.
b) as escolhas públicas não satisfazem simultaneamente os pressupostos de racionalidade, eficiência,
independência e não-ditatorialismo.
c) toda escolha individual ou coletiva sempre será completa, transitiva, eficiente, independente e não-
ditatorial.
d) há escolhas coletivas por unanimidade e não pelo critério de maioria.
e) as escolhas coletivas ou públicas são necessariamente transitivas, completas, eficientes, não ditatoriais
e independentes.
3. Supondo um mercado perfeitamente competitivo, pode-se afirmar que uma política de
a) preços máximos gera transferência de parte do excedente do produtor para o governo.
b) tarifas protecionistas gera peso-morto e diminuição do excedente do produtor associada ao aumento do
excedente do consumidor.
c) quotas gera menos distorções e peso-morto do que a simples transferência direta de receita tributária
para os produtores domésticos.
d) preço mínimo sustentado gera transferências de parte do excedente dos consumidores para os
produtores.
e) preços máximos ou mínimos gera peso-morto que será, em parte, transferido para os produtores.
4. Suponha um mercado de bens de luxo em que a demanda é relativamente mais elástica que a oferta.
Caso o governo coloque um imposto sobre o bem em questão, ocorrerá o seguinte:
a) a incidência jurídica do imposto determina que o excedente do produtor diminuirá mais do que o
excedente do consumidor e, por esta razão, vale a pena tributar bens como bebidas alcoólicas de luxo.
b) no peso-morto do imposto será mínimo.
c) a incidência econômica do imposto será igual para produtores e consumidores
d) a incidência econômica do imposto será diferente entre produtores e consumidores e o peso-morto do
imposto será máximo.
e) a incidência econômica do imposto será maior sobre os produtores.
5. Bens semi-públicos são
a) bens cujo consumo é não-rival e não-excludente.
b) bens de consumo individual, porém são bens divisíveis.
c) bens cujo consumo é não-rival, mas excludente.
d) bens de consumo coletivo ou privado que geram externalidades positivas.
e) bens cujo consumo é rival, mas não-excludente.
6. O ar que respiramos pode vir a ter um preço na Lua, somente porque
a) haverá o exercício do direito de propriedade sobre o ar, além do fato de que gastar-se-ão horas de
trabalho para produzi-lo.
b) haverá um estoque limitado do mesmo, além do fato de que haverá exercício do direito de propriedade
sobre o mesmo.
c) serão utilizados fatores de produção escassos na sua produção.
d) o ar é sempre demandado e será produzido por fatores de produção escassos, além do fato de que
alguém exercerá o direito de propriedade sobre o mesmo.
e) haverá uma procura por ar, além do fato de que haverá a necessidade de produção de água (a água é
insumo na produção de ar).
7. Uma agência de controle da concorrência, como o CADE por exemplo, funcionará a contento se, e
somente se,
a) a informação for perfeita.
b) supondo que a informação seja imperfeita, existirem contratos que tornem compatíveis incentivos entre
o Principal (Sociedade, representada pelos agentes públicos, no caso os políticos e os burocratas) e o
Agente (a agência) e entre a agência (agora Principal) e os ministérios e órgãos do governo fiscalizados
(Agentes).
c) a eficácia do contrato não dependa da estrutura de incentivos com a qual o Agente (agência ou
sociedade) se depara, mesmo considerando informação assimétrica.
d) houver algum controle da sociedade sobre a agência, estabelecido contratualmente, pois sempre há o
risco do fiscalizador cooperar com o fiscalizado (ser cooptado pelo mesmo) e houver algum controle
contratual-legal sobre os fiscalizados (as empresas do setor privado).
e) havendo assimetria de informação a possibilidade de controle direto ou indireto será nula, por parte da
agência, sobre as ações ocultas das empresas do setor privado.
8. Suponha um mercado secundário de bens de capital em que se deparam vendedores de máquinas e
equipamentos usados com compradores, nesta situação:
a) se os vendedores possuem mais informação sobre os produtos do que os compradores, pode-se
esperar que os vendedores que oferecem produtos de pior qualidade tenderão a ficar fora do mercado.
b) há um problema de informação e, provavelmente, os melhores produtos ficarão fora do mercado; por
esta razão é razoáveltraduzir para o português a expressão do inglês market for lemmons como "mercado
de abacaxis".
c) caso os vendedores sejam avessos ao risco e os compradores, neutros, o first best sempre seria aquele
que implicasse menor moral hazard.
d) não há moral hazard no mercado em questão, dado que sempre os compradores poderão trocar o
produto, caso não haja, inclusive, garantia.
e) não existirão problemas de Principal-Agente no mercado, caso a informação seja assimétrica e,
portanto, não haja seleção adversa.
9. Supondo uma função da demanda marshalliana, um aumento da demanda por gasolina pode ser
causado por:
a) queda ou aumento no preço da gasolina, mantidos os demais parâmetros constantes.
b) queda no preço do álcool combustível.
c) aumento da renda disponível dos consumidores.
d) aumento do preço dos carros movidos por gasolina.
e) avanço tecnológico que reduza, ou ao menos mantenha estável, o preço da gasolina.
10. Com relação às teorias tradicionais dos mercados com informação assimétrica, pode-se afirmar que
a) o problema Principal-Agente aplicado ao mercado político, encarando-se políticos como produtores de
escolhas públicas e os eleitores como demandantes de escolhas públicas, representa um bom caso em
que há informação assimétrica e moral hazard.
b) moral hazard diz respeito, por exemplo, no mercado político, encarando-se políticos como produtores de
escolhas públicas, à possibilidade de se estabelecerem contratos corruptos, ilegais e imorais (pork barrei
politics).
c) a existência de moral hazard no mercado político e na política significa que há um trade-off entre moral e
loggroling (negociação).
d) contratos de seguro contra incêndios comerciais e industriais não estão sujeitos à seleção adversa pois
as empresas privadas nunca desejam ter prejuízo.
e) não se pode encontrar nenhum argumento técnico, calcado na teoria da informação, para justificar a
existência de empresas que controlam informações sobre a vida creditícia e bancária dos agentes
econômicos, já que esta questão envolve somente problemas de escolha sob risco.
11. A elasticidade-preço da demanda mede
a) o ângulo de inclinação da função de demanda.
b) o inverso do ângulo de inclinação da demanda.
c) a sensibilidade do preço diante de mudanças da quantidade demandada.
d) a relação entre uma mudança percentual no preço e uma mudança percentual da quantidade
demandada.
e) a sensibilidade da função de demanda relacionada a alterações na renda.
12. A inclinação da curva de indiferença, considerando-se uma economia com dois bens representados no
plano cartesiano, é
a) conhecida como a taxa de utilidade marginal dos bens, que é sempre igual aos preços relativos.
b) necessariamente igual aos preços relativos.
c) a taxa marginal de substituição no consumo.
d) a inclinação da restrição orçamentária.
e) representada somente pela igualdade entre as razões de utilidades marginais e preços relativos.
13. Suponha um consumidor de serviços políticos, ou escolhas públicas (o eleitor), que seja indiferente
entre votar em um político de centro-direita ou dois políticos social-democratas.
Nesse caso, a taxa marginal de substituição de políticos de centro esquerda por políticos social-
democratas será (supondo que os políticos social-democratas estejam representados no eixo horizontal do
plano cartesiano em que se localiza o mapa de indiferença entre políticos com o qual se defronta nosso
eleitor):
a) menos meio.
b) meio.
c) um.
d) menos um.
e) tangente de 45 graus.
14. Com relação a um bem de Giffen, pode-se afirmar que a
a) oferta será negativamente inclinada, supondo o preço do bem representado no eixo vertical do plano
cartesiano.
b) oferta será positivamente inclinada, supondo o preço do bem representado no eixo vertical do plano
cartesiano.
c) demanda será vertical, pois o consumidor não aumentará (ou diminuirá) o consumo do bem em função
de mudanças no preço do mesmo.
d) demanda será horizontal e congruente com o eixo horizontal do plano cartesiano.
e) demanda será positivamente inclinada.
15. Com relação aos bens inferiores, normais e de Giffen, pode-se afirmar que
a) para todos os bens de Giffen, o efeito substituição é maior que o efeito renda.
b) a diferença entre um bem normal e um bem inferior está no fato de que, para o segundo, quando há
uma queda no preço do mesmo, o efeito renda possui sentido oposto, se comparado com um bem normal
e a diferença, por outro lado, entre um bem de Giffen e um bem inferior reside no fato de que o efeito
substituição, em sentido oposto ao efeito renda, é maior no caso dos bens de Giffen.
c) para todos os bens inferiores, o efeito substituição possui o mesmo sinal, o mesmo sentido, que o efeito
renda.
d) para todos os bens normais, uma queda no preço do bem implica um efeito substituição e um efeito
renda em sentidos opostos.
e) para todos os bens de Giffen, o efeito renda é maior que o efeito substituição.
16. Os fatores fixos de produção referem-se a insumos que
a) não podem ter seu estoque alterado, mesmo no longo-prazo, sendo esta uma das razões para o
surgimento de deseconomias de escala ou custos médios crescentes no longo-prazo.
b) devem ser utilizados em proporção fixa com outros fatores.
c) não podem ter seus estoques alterados no curto-prazo.
d) não podem variar no longo-prazo.
e) possuem relação técnica constante.
17. A lei dos rendimentos decrescentes refere-se
a) rendimentos totais decrescentes.
b) rendimentos marginais decrescentes.
c) rendimentos modais decrescentes.
d) custos médios decrescentes.
e) custos totais crescentes.
18. Supondo um fator fixo de produção, quando o produto marginal é igual a zero pode-se afirmar que
a) o produto total é máximo.
b) o produto marginal é mínimo e, por esta razão, igual a zero, o que é uma tautologia por definição.
c) o produto médio é máximo.
d) o custo marginal é mínimo.
e) os retornos marginais de ambos os fatores de produção são decrescentes.
19. Com relação ao conceito de equilíbrio de Nash, pode-se afirmar que
a) é um equilíbrio de estratégia dominante, sempre.
b) cada jogador toma a decisão que maximiza seus pay-offs, independentemente das decisões que os
outros jogadores estão tomando.
c) cada jogador toma decisão que maximiza seus pay-offs, levando em consideração as decisões que os
outros jogadores estão tomando e, por esta razão, todo equilíbrio de Nash é equilíbrio de estratégia
dominante, como mostra o dilema do prisioneiro com dois jogadores.
d) a dependência entre agentes é condição necessária e suficiente para que exista um único equilíbrio
possível.
e) o equilíbrio de estratégia dominante é um caso especial de equilíbrio de Nash.
Problemas de Macroeconomia
20. Com relação aos conceitos de variável estoque e variável fluxo, pode-se afirmar que
a) o déficit público é necessariamente uma variável fluxo, ao passo que a dívida pública é necessariamente
uma variável estoque.
b) o déficit público é uma variável fluxo e nada se pode afirmar quanto a dívida pública.
c) o déficit público, por ser independente da variável tempo, é necessariamente uma variável estoque.
d) dependendo do modelo, a classificação do déficit e dívida pública nos conceitos de variável estoque e
fluxo podem ser alteradas.
e) as variáveis déficit e dívida pública, só podem ser classificadas num único conceito: ou ambas são
variáveis estoque ou ambas são variáveis fluxo.
21. Considerando a Teoria de Investimento de Tobin, pode-se afirmar que se o valor de mercado da
empresa é
a) maior do que o custo de reposição de seu capital, então haverá incentivo para que essa empresa invista
no mercado acionário.
b) maior do que o custo de reposição de seu capital, então haverá incentivo para que essa empresa realize
investimentos em capital físico.
c) maior do que o custo de reposição de seu capital, então haverá incentivo para que essa empresa reduza
seus investimentos, já que estes estão num nível ótimo.
d) maior do que

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