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Noções de Economia para Concurso PF

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APOSTILA DE NOÇÕES DE ECONOMIA
PARA
AGENTE e ESCRIVÃO
DA POLÍCIA FEDERAL
Encontre o material de estudo para seu concurso preferido em
www.acheiconcursos.com.br
Conteúdo:
01 - Introdução à Economia
02 - Microeconomia
03 - Elasticidades
04 - Aplicações Incidência de Imposto sobre Vendas e Fixação de Preços
05 - Produção
06 - Custos de Produção
07 - Estruturas de Mercado
08 - Macroeconomia Fundamentos de Teoria e Política Macroeconômica
09 - Contabilidade Social
10 - Determinação do Nível de Renda e Produto Nacionais
11 - O Lado Monetário da Economia
12 - Interligação entre o Lado Real e o Lado Monetário
13 - Inflação
14 - O Setor Externo
15 - Política Fiscal e Setor Público
16 - Noções de Crescimento e Desenvolvimento Econômico
17 - Noções sobre Números-Índices
18 - Pesquisa Operacional
19 - Testes
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
CONCEITO DE ECONOMIA
O conceito de Economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria, então, a
"administração da casa" que, de maneira mais abrangente, pode ser interpretada como sendo a
"administração da coisa pública".
Economia é definida como sendo a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade
decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribui-los
entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas.
Esse conceito, para poder ser aplicado em toda a sua intensidade e profundidade, depende de
restrições físicas, provocadas pela escassez de recursos produtivos.
Os recursos produtivos também são chamados de fatores de produção (mão de obra, capital, terra,
matérias primas).
Portanto, o objeto de estudo da ciência econômica é o enfrentamento da questão da escassez,
ou seja, como "economizar” recursos.
A escassez é o resultado das necessidades humanas ilimitadas e da baixa disponibilidade física de
recursos. Se considerarmos que o crescimento populacional adiciona novas pessoas ao contingente
conhecido, é evidente que também crescem as necessidades humanas. O homem está constantemente
em busca de melhorar seu padrão de vida (o que seria uma necessidade "social" de melhorar seu status)
e, conjuntamente com a evolução tecnológica, criam-se novas necessidades (computador, freezer, vídeo,
DVD etc.).
Decorre que, se não houvesse escassez de recursos, isto é, se todos os bens fossem abundantes
(bens livres), não haveria razão de estudarmos questões como inflação, crescimento econômico, déficit no
balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda etc. Não existindo esses problemas, não
existiria a necessidade de se estudar Economia.
A Questão da Escassez e os Problemas Econômicos Fundamentais
Em qualquer sociedade, independente de sua organização econômica ou regime político, há a
necessidade de se fazer opções, escolhas que devem ser feitas diante de várias alternativas de utilização
de seus recursos, visto que os mesmos não são abundantes. Portanto, as escolhas são:
O QUE E QUANTO produzir: a sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo ou bens de
capital, ou, como no exemplo clássico: quer produzir mais canhões ou mais manteiga? Em que
quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo, ou bens
de capital?
COMO produzir: é uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados métodos de produção com
capitais intensivos? ou mão-de-obra intensiva? ou terra intensiva? Isso depende da disponibilidade
de recursos em cada sociedade.
PARA QUEM produzir: a sociedade deve decidir quais os setores que serão beneficiados na
distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários da terra? agricultura ou indústria?
mercado interno ou mercado externo? Região Sul ou Região Norte? Em resumo, trata-se de decidir
como será distribuída a renda gerada pela atividade econômica.
A Questão da Organização Econômica - Sistemas Econômicos
As sociedades decidem seus problemas econômicos fundamentais através da sua organização eco-
nômica, que pode ser de duas formas principais:
- economia de mercado (ou descentralizada, tipo capitalista)
- economia planificada (ou centralizada, tipo socialista)
Normalmente, os países organizam-se de uma dessas formas, ou adotam algum sistema
intermediário entre elas.
Devemos lembrar que o escopo desta apostila é apresentar as características de sistemas
econômicos, ou seja, como as sociedades se organizam no ponto de vista econômico. As características
e as diferenças entre os regimes políticos (democracia, socialismo, comunismo) que, de certa maneira,
afetam e são afetados pelas questões econômicas, fazem parte de um campo de discussão mais amplo,
dentro do campo das Ciências Políticas.
Funcionamento de uma Economia de Mercado
As economias de mercado podem ser analisadas por dois sistemas:
- sistema de concorrência pura (sem interferência do governo);
- sistema de economia mista (com interferência do governo).
Sistema de Concorrência Pura
No sistema de concorrência pura ou perfeitamente competitivo, predomina o laissez-faire: milhares
de produtores e milhões de consumidores tem condições de resolver os problemas econômicos
fundamentais (o que e quanto, como e para quem produzir), como que guiados por uma "mão invisível" -
isso sem a necessidade de intervenção do Estado na atividade econômica.
Isso é possível através do chamado mecanismo de preços, que resolve os problemas econômicos
fundamentais e promove o equilíbrio nos vários mercados da seguinte forma:
- se houver excesso de oferta (ou escassez de demanda), formar-se-ão estoques nas empresas,
que serão obrigadas a diminuir seus preços para escoar sua produção, até que se atinja um preço
no qual os estoques estejam satisfatórios. Existirá concorrência entre empresas para vender os
bens aos escassos consumidores;
- se houver excesso de demanda (ou escassez de oferta), formar-se-ão filas, com concorrência
entre os consumidores pelos escassos bens disponíveis.
O preço tende a aumentar, até que se atinja um nível de equilíbrio em que as filas não mais
existirão.
No sistema de concorrência pura os problemas econômicos fundamentais são resolvidos da
seguinte forma:
o que e quanto produzir:
o que produzir é decidido pelos votos, desejos dos consumidores (o que é chamado de "soberania
do consumidor”); quanto produzir é determinado pelo encontro da oferta e demanda de mercado;
como produzir:
é resolvido no âmbito das empresas (trata-se de uma questão de eficiência produtiva);
para quem produzir:
é decidido no mercado de fatores de produção (pelo encontro da demanda e oferta dos serviços dos
fatores de produção). Para quem produzir é uma questão distributiva, ou seja, quem ou quais
setores serão beneficiados pelos resultados da atividade produtiva.
É a base da filosofia do liberalismo econômico, que advoga a soberania do mercado, sem
intervencionismo do Estado.
Neste modelo, o Estado deve responsabilizar-se mais com questões como justiça, paz, segurança,
relações diplomáticas e deixar ao mercado (leia-se: setor privado) as decisões de como resolver as
questões econômicas fundamentais.
O diagrama da figura 1.1 ilustra o que ocorre num sistema de concorrência pura:
As Imperfeições do Sistema de Concorrência Pura
As críticas mais freqüentes a esse tipo de sistema econômico são as seguintes:
a) trata-se de uma grande simplificação da realidade;
b) os preços nem sempre flutuam livremente, ao sabor do mercado, em virtude de influências como:
• força dos sindicatos sobre a formação dos salários (os salários também são preços, que
remuneram os serviços da mão-de-obra);
• poder dos monopólios e oligopólios sobre a formação de preços no mercado, não permitindo
queda dos preços de seus produtos;
• intervenções do governo, via:
- impostos, subsídios, tarifas e preços públicos (água, energia etc.);
- política salarial (fixaçãode salário mínimo, reajustes, prazos de dissídios etc.);
- fixação de preços mínimos;
- congelamento e tabelamento de preços;
- impostos e subsídios;
- política cambial;
c) o mercado sozinho não promove perfeita alocação de recursos. Em países mais pobres, que que-
rem desenvolver-se, o Estado precisa prover a infra-estrutura básica, como estradas, telefonia,
siderurgia, portos, usinas hidrelétricas, que exigem altos investimentos, com retornos apenas a longo
prazo, afastando o setor privado;
d) o mercado sozinho não promove perfeita distribuição de renda, pois as empresas estão preocupa-
das em maximizar seu lucro, e não com questões distributivas.
Entretanto, muitos mercados comportam-se mais ou menos num sistema de concorrência pura. O
mercado hortifrutigranjeiro, por exemplo, aproxima-se bastante desse modelo.
Sistema de Mercado Misto: o Papel Econômico do Governo
Durante muitos anos, desde o final do século XVIII, com a Revolução Industrial, até fins do século
XX, havia um sistema de mercado muito próximo ao de concorrência pura. Nos fins do século XX assistiu-
se à presença mais forte dos sindicatos e dos monopólios e oligopólios que, associada a outros fatores,
como o aumento da especulação financeira e o desenvolvimento do comércio internacional, tornou a
economia mais complexa.
No final da década de 20, ocorreu séria e grave crise econômica que se estendeu pelos anos 30,
causando forte depressão econômica, e que mostrou que o mercado sozinho não garante que a economia
opere sempre com pleno emprego de seus recursos, evidenciando a necessidade de uma atuação mais
ativa do setor público nos rumos da atividade econômica.
Basicamente, a atuação do governo justifica-se com o objetivo de eliminar as chamadas distorções
alocativas (isto é, na alocação de recursos) e distributivas, e promover a melhoria do padrão de vida da
coletividade. Isso pode dar-se das seguintes formas:
a) atuação sobre a formação de preços, via impostos, subsídios, tabelamentos, fixação de salário
mínimo, preços mínimos, taxa de câmbio;
b) complemento da iniciativa privada, principalmente de investimentos em infra-estrutura básica
(energia, estradas etc.), os quais, eventualmente, o setor privado não tem condições financeiras de
assumir, seja pelo elevado montante de recursos necessários, seja em virtude do longo tempo de
maturação do investimento, até que venha a propiciar retorno;
c) fornecimento de serviços públicos: bens públicos são bens gerais fornecidos pelo Estado, que
não são vendidos no mercado; fundamentalmente, educação, justiça e segurança.
De maneira rigorosa, bem público é aquele que não apresenta rivalidade em seu consumo. O fato
de um indivíduo estar sendo beneficiado não reduz o benefício dos demais indivíduos.
d) compra de bens e serviços do setor privado. O governo é, isoladamente, o maior agente do
sistema e, portanto, o maior comprador de bens e serviços.
Funcionamento de uma Economia Centralizada
No sistema de economia centralizada ou planificada, a forma de resolver os problemas econômicos
fundamentais (ou seja, a escolha da melhor alternativa) é decidida por uma Agência ou órgão Central de
Planejamento, e não pelo mercado.
A propriedade dos recursos (chamados de meios de produção, nesses sistemas) é do Estado (ou
seja, os recursos são de propriedade pública). Os meios de produção incluem máquinas, edifícios,
residências, terra, entidades financeiras, matérias primas. Os meios de sobrevivência pertencem aos
indivíduos (roupas, carros, televisores, rádios etc.).
Na economia de mercado, como vimos, prevalece a propriedade privada dos fatores de produção.
A Agência ou Bureau Central (na antiga URSS, a Gosplan) realiza um inventário dos recursos
disponíveis e das necessidades da sociedade, e faz uma seleção das prioridades de produção, isto é,
estabelece metas de planejamento (na URSS, os chamados Planos Qüinqüenais). Esse órgão respeita,
em parte, as necessidades de mercado, mas está sujeito às prioridades políticas dos governantes.
Uma economia centralizada apresenta ainda as seguintes características:
- papel dos preços no processo produtivo: os preços representam apenas recursos contábeis que
permitem o controle da eficiência das empresas. Ou seja, os preços são apenas escriturados
contabilmente: as empresas têm quotas físicas de matérias primas, por exemplo, mas não fazem
nenhum desembolso monetário, apenas registram o valor da aquisição como custos de produção;
- papel dos preços na distribuição do produto: os preços dos bens de consumo são determinados
pelo governo. Normalmente, o governo subsidia fortemente os bens essenciais e taxa os bens
considerados supérfluos;
- repartição do lucro: uma parte do lucro vai para o governo. Outra parte é usada para investimentos
na empresa, dentro das metas estabelecidas pelo governo. A terceira parte é dividida entre os
administradores (os burocratas) e os trabalhadores, como prêmio pela eficiência. Se o governo
considera que determinada indústria é vital para o país, esse setor será subsidiado, mesmo que
apresente ineficiência na produção ou prejuízos.
Economia Positiva e Economia Normativa
Pretende-se que toda teoria deve respeitar alguns critérios que a tornem aceitável pela comunidade
científica. Assim, não é diferente com a teoria econômica, composta de variáveis e hipóteses que ajudam a
explicar e a prever alguns fenômenos.
A teoria econômica vem apresentando um notável desenvolvimento nos últimos dois séculos.
Porém, alguns autores argumentam que a análise econômica está permeada de questões subjetivas, pois
seu objeto de estudo é a própria pessoa que a estuda, ou seja, o homem. Apesar disso, a teoria
econômica apresenta elevado grau de cientificidade.
A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos (economia positiva) e argumentos
normativos (economia normativa). Enquanto a economia positiva é o conjunto de conhecimentos objetivos
que respeitam todos os cânones científicos, a economia normativa contém juízos de valor, subjetivos.
Portanto, os argumentos normativos referem-se ao que deveria ser, enquanto os argumentos positivos, ao
que é.
Por exemplo, quando nos referimos à melhoria da distribuição de renda, estamos expressando um
juízo de valor em que acreditamos, isto é, se é uma coisa boa ou má. Trata-se de um argumento da
economia normativa. Por outro lado, a economia positiva ajudará a escolher o instrumento de política
econômica mais adequado para diminuir a concentração de renda (política salarial, política tributária etc.)
buscando avaliar os aspectos positivos e negativos dessa política (impacto sobre os gastos públicos).
Um dos principais instrumentos que a economia usa para analisar a realidade são os modelos. Os
modelos são simplificações da realidade, que buscam captar sua essência. Os modelos têm que ser
logicamente consistentes e podem ser apresentados de várias formas: verbais, algébricos, por
representação gráfica etc.
Os modelos, como em qualquer ciência, podem ser testados. O ramo da economia que está voltado
para quantificar os modelos é chamado de Econometria, que combina teoria econômica, matemática e
estatística.
A Relação da Economia com as demais Ciências
Antes da Revolução Industrial do século XVIII, a atividade econômica era vista como parte integrante
da Filosofia, Moral e Ética. O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes
avanços na área da Física e Biologia.
A construção do núcleo científico inicial da Economia foi desenvolvida com base nas chamadas con-
cepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas).
Segundo o Grupo Organicista, a Economia se comportaria como um órgão vivo, daí se utilizarem
termos como funções, circulação, fluxos, na Teoria Econômica.
Segundo o Grupo Mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da
Física. Daí advêm os termos: estática, dinâmica, aceleração,velocidade, forças etc.
Com o passar do tempo predominou uma concepção humanística, que coloca em plano superior
os móveis psicológicos da atividade humana. Afinal, a economia repousa sobre os atos humanos, e é por
excelência uma ciência social, pois objetiva a satisfação das necessidades humanas.
A História também deu significativa colaboração aos avanços obtidos pela Teoria Econômica, pois
ajuda na compreensão dos fatos presentes, permitindo a formulação de previsões para o futuro, baseando-
se nos fatos do passado.
A Geografia não se restringe exclusivamente ao simples registro de acidentes geográficos e climáti-
cos. Permite avaliar também questões como as condições geoeconômicas dos mercados regionais, a
concentração espacial dos fatores produtivos, a localização de empresas, a composição setorial da
atividade econômica, muito úteis à análise econômica. Algumas áreas de estudo econômico são
diretamente relacionadas com a Geografia, como a Economia Regional, a Economia Urbana e a Teoria da
Localização Industrial.
A relação entre a Economia e a Política dificulta o estabelecimento de um nexo de casualidade
(causa e efeito) entre essas duas áreas de conhecimento. A Política fixa as instituições sobre as quais se
desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido, a atividade econômica subordina-se à estrutura e
ao regime político do país. Entretanto, muitas vezes, a estrutura política encontra-se subordinada ao poder
econômico.
O Direito é intercorrente com a Economia, pois as normas jurídicas estão subjacentes à teoria
econômica, assim como os problemas econômicos podem influenciar e modificar o quadro existente de
normas jurídicas.
A Matemática e a Estatística estão intimamente correlacionadas com a Economia. Apesar de ser
uma ciência social, a Economia depende de limitações do meio físico, dado que os recursos são escassos,
e ocupa-se de quantidades físicas e de relações entre quantidades físicas, como a que se estabelece entre
a produção de bens e serviços e os fatores de produção utilizados no processo produtivo. Daí surge a
necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas úteis para estabelecer
relações entre as variáveis econômicas. Deve-se ressaltar que, em Economia, tratamos com leis
probabilisticas, e não com leis exatas.
Divisão do Estudo Econômico
A teoria econômica é um só corpo de conhecimento, mas, como os objetivos e métodos de
abordagem podem diferir, de acordo com a área de interesse do estudo, costuma-se dividi-la da seguinte
forma:
MICROECONOMIA: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual
interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos.
MACROECONOMIA: estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados, como o
PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportação, importação, nível geral de preços, com
o objetivo de delinear uma política econômica. Tem um enfoque conjuntural, isto é, preocupa-se com
a resolução de questões como inflação e desemprego, a curto prazo.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: estuda modelos de desenvolvimento que levem à elevação do
padrão de vida (bem-estar) da coletividade. Trata de questões estruturais, de longo prazo
(crescimento da renda per capita, distribuição de renda, evolução tecnológica).
ECONOMIA INTERNACIONAL: estuda as relações de troca entre países (transações de bens e
serviços e transações monetárias). Trata da determinação da taxa de câmbio, do comércio exterior e
das relações financeiras internacionais.
Curva (ou Fronteira) de Possibilidades de Produção –
O Conceito de Custos de Oportunidade
A teoria econômica apresenta dois importantes conceitos: a curva de possibilidades de produção e
custos de oportunidade, objetivando ilustrar a escassez de recursos, e as alternativas de que as
sociedades dispõem para resolver seus problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para
quem produzir).
A Fronteira ou Curva de Possibilidades de Produção (CPP), também chamada de Curva de
Transformação, é a fronteira máxima que a economia pode produzir, dados os recursos produtivos
limitados. Mostra as alternativas de produção da sociedade, supondo os recursos plenamente
empregados.
É um conceito eminentemente teórico, que permite ilustrar como a limitação de recursos leva à
necessidade de a sociedade fazer opções ou escolhas entre alternativas de produção.
Suponhamos que a Economia produza apenas dois bens: canhões e manteiga, nos quais são
empregados todos os recursos produtivos (mão-de-obra, capital, terra, matérias primas, recursos naturais).
As alternativas de produção são as seguintes:
Alternativas de Produção
A B C D E F
Manteiga (em mil ton) 0 3 6 8 9 10
Canhões (em mil unid) 15 14 12 10 7 0
Colocando as informações em um diagrama, e unindo os pontos, temos a Figura 1.2.
Ou seja, a CPP é o limite máximo de produção, com os recursos de que a sociedade dispõe, num
dado momento. Dada a escassez de recursos, a sociedade deve decidir qual ponto da curva escolherá: A,
B, C, D, E ou F. No ponto A, decidiu-se alocar todos os recursos na produção de canhões; no ponto F,
aloca-se tudo para produzir manteiga.
Evidentemente, pontos além da fronteira não poderão ser atingidos com os recursos disponíveis.
Pontos internos à curva representam situações nas quais a economia não está empregando todos os
recursos de que dispõe (ou seja, há desemprego de recursos).
Conceito de Custo de Oportunidade
Custo de oportunidade é o grau de sacrifício que se faz ao optar pela produção de um bem, em
termos da produção alternativa sacrificada.
Assim, no exemplo anterior:
Custo de oportunidade de passar da
alternativa B para a C, para produzir-se
mais 3.000 toneladas de manteiga = 2.000 canhões
ou então,
Custo de oportunidade de passar da
alternativa C para B, para produzir-se
mais 2000 canhões = 3.000 ton. de manteiga
O custo de oportunidade também é chamado de custo alternativo ou, ainda, custo implícito (pois
não implica em dispêndio monetário).
Mediante esse conceito, com ampla aplicação na teoria econômica, procura-se mostrar que, dada a
escassez de recursos, tudo tem um curso em economia, mesmo não envolvendo dispêndio monetário.
Essa afirmação é aplicada ao nível de pleno emprego, em cima da curva de possibilidades de produ-
ção. Para pontos internos à CPP os recursos não estão em pleno emprego e, nesse caso, o custo de
oportunidade é zero, pois não é necessário o sacrifício de recursos produtivos para aumentar a produção
de bem, ou mesmo dos dois bens.
Assim, no gráfico da Figura 1.3, a sociedade pode passar do ponto X para o ponto Y, aumentando a
produção de ambos, já que há recursos ociosos:
Aqui estamos discutindo o chamado custo de oportunidade por uma ótica social, ou seja, para a
sociedade como um todo, de um ponto de vista mais teórico.
Mais adiante veremos, na parte da Microeconomia, como esse conceito pode ter aplicação prática
na avaliação de projetos públicos e privados.
Formato da Curva CPP
Porque o formato da curva CPP é decrescente e ela é côncava em relação à origem?
Ela é decrescente em virtude do sacrifício que tem de ser feito ao optar-se pela produção de um
bem, quando os recursos estão plenamente empregados (o aumento da produção de um bem implica a
queda da produção do outro, em cima da CPP); e a CPP é côncava em relação à origem em virtude da Lei
dos Custos Crescentes: para atrair trabalhadores que estão empregados no setor de manteiga e deslocá-
los para o setor de canhões, deverão ser oferecidos salários maiores, e vice-versa.
Portanto, os custos serão gradativamente crescentes. Os primeiros trabalhadores transferidos,
menos especializados e qualificados, não terão grandes acréscimos nos custos, mas, à medida que forem
se transferindo mais trabalhadores, estes terão que ser cada vez mais qualificados, e evidentemente
exigirão saláriosmaiores.
No gráfico da figura 1.4, supondo acréscimos iguais na produção de manteiga (2.000 toneladas de
cada vez), observa-se que o sacrifício da produção de canhões é cada vez maior, o que torna a CPP
côncava.
Evidentemente, se os custos de oportunidade fossem constantes, a CPP seria uma reta
decrescente; se os custos fossem decrescentes (o que é apenas uma possibilidade teórica), a CPP seria
convexa em relação à origem!
Mudanças na CPP
A CPP é um conceito estático (refere-se aos recursos disponíveis em dado momento do tempo).
Evidentemente, se houver aumento na disponibilidade de recursos produtivos, ou desenvolvimento
tecnológico (métodos que levem à melhoria na eficiência da utilização dos recursos já existentes), a curva
desloca-se para a direita, como na Figura 1.5.
Se, por exemplo, ocorrer uma melhoria tecnológica apenas na produção de manteiga, teremos um
deslocamento da curva, visto que se irá produzir cada vez mais manteiga, em comparação com canhões,
em cada ponto da curva, como na Figura 1.6.
MICROECONOMIA
Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado
Fundamentos de Microeconomia
A Microeconomia, ou Teoria de Preços, é a parte da Teoria Econômica que estuda o comportamento
das famílias e das empresas e os mercados nos quais operam.
A Microeconomia analisa a formação de preços no mercado. Como vimos, os preços formam-se
com base em dois mercados:
- mercado de bens e serviços (preços de bens de serviços);
- mercado dos serviços dos fatores de produção (salários, juros, alugueres e lucros).
A Microeconomia não tem seu foco específico na empresa (não deve ser confundida com a Adminis-
tração de Empresas), mas no mercado no qual as empresas e consumidores interagem. Ou seja, enquanto
o administrador e o contador olham mais os custos de produção da firma, o economista enfoca mais o
mercado global onde a empresa opera.
A Condição Coeteris Paribus
Coeteris Paribus é uma expressão latina que significa tudo o mais constante.
Isto significa que, sendo a Microeconomia parcial, quando da análise de um mercado, supõe todos
os mercados constantes. Ou seja, supõe que o mercado em estudo não afeta e nem é afetado pelos
demais. Extensivamente, esse princípio serve também para quando estamos verificando o efeito de
variáveis isoladas, que são independentes dos efeitos de outras variáveis.
Divisão dos Tópicos de Microeconomia
IV - Teoria do equilíbrio geral e do bem-estar
V - Imperfeição de mercado. Externalidades
Análise da Demanda de Mercado
Definição de Demanda
Demanda (ou procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores
desejam adquirir, num dado período.
Assim, a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo a que o consumidor pode aspirar,
dada sua renda e os preços no mercado.
A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir, dadas várias alternativas de preços
de um bem ou serviço. Indica que, se o preço for de $ 2,00, ele pode consumir, dada sua renda, 10
unidades; se o preço for $ 3,00, ele pode consumir 8 unidades, e assim por diante. Nesse sentido, a
demanda não representa a compra efetiva, mas a intenção de comprar, a dados preços.
A demanda é um fluxo, porque deve ser definida em determinado período de tempo (semana, mês,
ano).
Fundamentos da Teoria da Demanda
Valor Utilidade e Valor Trabalho
Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no conceito subjetivo de
utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços
que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de
satisfazer às necessidades humanas.
A Teoria do Valor Utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma por sua demanda, isto é,
pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é, portanto, subjetiva, e representa a
chamada visão utilitarista, em que prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo.
A Teoria do Valor Utilidade contrapõe-se à chamada Teoria do Valor Trabalho, desenvolvida pelos
economistas clássicos (Malthus, Smith, Ricardo, Marx).
A Teoria do Valor Trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta, mediante
os custos do trabalho incorporado ao bem. Este conceito baseia-se no fato de que, quando foi proposto, os
custos de produção eram representados principalmente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era
praticamente gratuita (abundante) e o capital, pouco significativo. Pela Teoria do Valor Trabalho, o valor do
bem depende do tempo produtivo que é incorporado ao bem. Nesse sentido, a Teoria do Valor Trabalho é
objetiva (depende de custos).
Pode-se dizer que a Teoria do Valor Utilidade veio complementar a Teoria do Valor Trabalho, pois já
não era possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos, sem
considerar o lado da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda etc.).
Adernais, a Teoria do Valor Utilidade permitiu distinguir claramente o que vem a ser o valor de uso e
o valor de troca de um bem. O valor de uso é a unidade ou satisfação que o bem representa para o
consumidor. O valor de troca forma-se pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do
bem ou serviço. Se o bem A vale $10 e o bem B $ 5, isto significa que o bem A pode ser trocado por duas
unidades de B, ou que B pode ser trocado por meia unidade de A.
A Teoria da Demanda, objeto deste capítulo, baseia-se na Teoria do Valor Utilidade. Supõe-se que,
dada a renda e dados os preços de mercado, o consumidor, ao demandar um bem ou serviço, está
maximizando a utilidade ou satisfação que ele atribui ao bem ou serviço. É também chamada de Teoria do
Consumidor.
Conceitos de utilidade total e utilidade marginal
A utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida de um bem ou de um
serviço. Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo
de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai se saturando desse bem quanto
mais o consome.
Matematicamente:
' q
Ut Umg
∆
∆
=
sendo q a quantidade que o consumidor deseja consumir.
Graficamente
Podemos ilustrar a importância do conceito de Utilidade Marginal pelo paradoxo da água e do dia-
mante. A água é um bem essencial, existe em abundância e é barata, comparada com o diamante, que é
um bem supérfluo, escasso e caro.
Conclui-se que a água tem grande utilidade total, enquanto o diamante tem grande utilidade
marginal.
Noções sobre equilíbrio do consumidor: os conceitos de curva de indiferença e reta orçamentária
A teoria da demanda que está sendo desenvolvida tem como hipótese básica que o consumidor está
maximizando sua utilidade ou satisfação, limitado por seu nível de renda e pelos preços de bens e serviços
que pretende adquirir no mercado.
Para tanto, utilizamos os conceitos de curva de indiferença e restrição orçamentária.
Curva de Indiferença
A curva de indiferença (CI) é um gráfico que serve para ilustrar as preferências do consumidor. É o
lugar geométrico de pontos que representam diferentes combinações de bens que dão ao consumidor o
mesmo nível de utilidade.
Supondo apenas dois bens, carne e batatas, temos então:
Todos os pontos da curva representam situações que proporcionam idêntica satisfação (U0): ou seja,
é "indiferente" para o consumidor consumir 2 kg de carne e 8 kg de batatas (A), ou então, consumir 3 kg de
carne e 5 kg de batatas (B), e assim por diante.
Cada curva representa determinado nível de utilidade. Quanto mais alta a curva de indiferença,
maior a satisfação que o consumidor pode obter no consumo dos dois bens.
Tem-se, então, um mapa de indiferença:
Restrição Orçamentária
A restrição orçamentária é o montante de renda disponível do consumidor em dado período de
tempo. Ela limita as possibilidades de consumo, condicionando quanto ele pode gastar. Define-se,ainda,
linha de preços ou reta orçamentária como as combinações máximas possíveis de bens, dados a renda
do consumidor e os preços dos bens. Supondo dois bens:
Portanto, a restrição orçamentária representa pontos em que o consumidor gasta toda sua renda.
Abaixo da reta, ele está gastando abaixo do que poderia: acima de RO, o consumidor não tem condições
de adquirir os bens, com a renda de que dispõe e dados os preços de mercado.
Assim, o consumidor estará maximizando sua utilidade quando sua reta orçamentária tangenciar
uma dada curva de indiferença, como se segue:
Ou seja, o ponto (5,3) representa o equilíbrio do consumidor.
À medida que a renda do consumidor aumenta, ou os preços dos bens e serviços que ele pretende
adquirir se reduzem, a reta orçamentária eleva-se, permitindo que ele atinja níveis maiores de satisfação
(isto é, uma CI mais elevada), podendo adquirir mais produtos:
Variáveis que afetam a Demanda
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como:
- riqueza (e sua distribuição);
- renda (e sua distribuição);
- preço dos outros bens;
- fatores climáticos e sazonais;
- propaganda;
- hábitos, gostos, preferências dos consumidores;
- expectativas sobre o futuro;
- facilidades de crédito (disponibilidade, taxas de juros, prazos).
Tradicionalmente, a função demanda é ilustrada como dependente das seguintes variáveis, consi-
deradas as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas nas maioria dos mercados de bens e
serviços;
qid = f(pi, ps, pc, R, G) Função Geral da Demanda,
onde,
qid = quantidade demandada (procurada) do bem i/t (t significa num dado período);
pi = preço do bem i/t;
ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes i/t;
pc = preço dos bens complementares/t;
R = renda do consumidor/t;
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor/t.
Essa função apresenta as variáveis mais freqüentes para explicar a demanda de um bem ou serviço.
O mercado de cada bem tem suas particularidades, e algumas dessas variáveis podem não afetar a
demanda; ou, ainda, a demanda pode ser afetada por outras variáveis não incluídas nessa função.
Para estudar o efeito de cada uma dessas variáveis sobre a demanda de um bem ou serviço,
recorremos à hipótese coeteris paribus (todas as demais variáveis permanecem constantes).
Relação entre a quantidade demandada e o preço do próprio bem
A função convencional da demanda:
qid = f(pi), supondo ps, pc, R e G constantes,
sendo 
ip
qdi
∆
∆
< 0, é a chamada Lei Geral da Demanda: a quantidade demandada de um bem ou
serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus.
Essa relação inversa entre o preço e quantidade demandada deve-se à ocorrência dos chamados
efeitos substituição e renda, que agem conjuntamente, assim:
- efeito substituição: quando o bem fica mais barato em relação aos concorrentes, fazendo com
que a quantidade demandada aumente;
- efeito renda: ficando o bem mais barato, o poder aquisitivo dos consumidores aumenta, e a
quantidade demandada do bem deve aumentar.
Desta maneira, ao cair o preço de um bem, mesmo com sua renda não variando, o consumidor pode
adquirir mais mercadorias.
A curva convencional da demanda é, portanto, negativamente inclinada. A exceção à Lei Geral da
Demanda é conhecida como Paradoxo de Giffen, em que a curva de demanda é positivamente inclinada.
Essa curva expressa qual a escala de procura para o consumidor, ou seja, dados os preços, qual a
quantidade que o consumidor está disposto a adquirir. Por exemplo:
Preço ($) Quantidade demandada (unidades)
1,00 50
2,00 45
3,00 40
4,00 35
5,00 30
Graficamente, teremos (Figura 2.7)
Essa curva revela o desejo, a intenção de compra do consumidor, mas não a compra efetiva. A
compra efetiva é um único ponto da escala apresentada.
Como vimos anteriormente, supõe-se que em cada ponto da curva de demanda os consumidores
individualmente estão maximizando sua utilidade ou satisfação, restringidos pelo nível de renda e pelos
preços dados de mercado. Ou seja, todos os pontos da curva representam pontos de tangência entre as
curvas de indiferença e linha de preços, para cada consumidor.
No gráfico anterior, supusemos, por simplificação, que a relação matemática entre quantidade
demandada e preço era uma função linear, do tipo qid = a - bpi (por exemplo, qid = 20 - 2p).
Entretanto, ela pode assumir outros formatos, como, por exemplo, uma função potência, do tipo qid =
api-b , como na Figura 2.8.
Relação entre quantidade demandada e preços de outros bens e serviços
A relação da quantidade demandada de um bem ou serviço com os preços de outros bens ou
serviços dá origem a dois importantes conceitos: bens substitutos e bens complementares.
a) Bens substitutos ou concorrentes: o consumo de um bem substitui o consumo de outro bem:
ou seja, há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no consumo de Coca-Cola e uma
variação no preço do guaraná, coeteris paribus.
A figura acima (2.9) ilustra como o aumento do preço do guaraná aumenta a demanda de Coca-
Cola. Isto é, aos mesmos preços de Coca-Cola ($1,00), serão consumidas mais Coca-Colas (2.000),
porque o guaraná ficou mais caro.
Outros exemplos de bens substitutos:
- carne de vaca, frango, peixe;
- viagem de ônibus ou de metrô;
- manteiga e margarina;
- roupa de algodão ou de fios sintéticos.
b) Bens complementares: são bens consumidos em conjunto.
qid = f(pc) com pi, ps, R e G constantes
0 
p
q
c
d
i <
∆
∆
Por exemplo, um aumento no preço dos automóveis deverá diminuir a procura de gasolina, coeteris
paribus. Graficamente, na Figura 2.10:
Outros exemplos de bens complementares:
- camisa social e gravata
- pneu e câmara
- pão e manteiga
- sapato e meia
Relação entre demanda de um bem e renda do consumidor
qid = f(R), com pi, ps, pc e G constantes
Em relação à renda dos consumidores, podemos ter três situações distintas:
a) bem normal: quando aumentos da renda levam ao aumento da demanda do bem: 0 
R
qdi >
∆
∆
b) bem inferior: aumentos da renda levam à queda da demanda do bem: carne de segunda, roupas
rústicas etc.: 0 
R
qdi <
∆
∆
c) bem de consumo saciado: se aumentar a renda do consumidor, não aumentará a demanda do
bem. Basicamente, é o caso da demanda de alimentos básicos como açúcar, sal, arroz: 0 
R
qdi
=
∆
∆
A terceira situação, em que a variável renda do consumidor não afeta a demanda, pode ocorrer não
só no caso de bens de consumo saciado, mas também em qualquer tipo de bem ou serviço no qual a
renda não tenha grande influência em seu consumo. Ou seja, a variável renda não é importante para
explicar o comportamento da demanda do bem nesse mercado. Por exemplo, o mercado de arroz, sal,
açúcar, batata etc. é muito pouco afetado por variações na renda dos consumidores.
Vale ressaltar que essa classificação depende da classe de renda à qual pertencem os
consumidores. Parece claro que, para os consumidores de baixa renda, praticamente não existem bens
inferiores. Quanto mais elevada a renda, maior o número de produtos que passam a ser classificados
como bens inferiores; passa-se a consumir produtos de melhor qualidade e abandona-se o consumo
daqueles de pior qualidade. Graficamente, na fig. 2.11, em que a hipótese é de aumento da renda dos
consumidores:
Relação entre demanda de um bem e hábitos dos consumidores (G)
Os hábitos, preferências ou gostos (G) podem ser alterados, "manipulados" por propaganda e
campanhas promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar o consumo ou para diminuir o consumo
de bens, como nos exemplos da Figura 2.12.
1. Campanha do tipo "beba mais leite". 2. Campanha do tipo "o fumo é prejudicial
à saúde"
Resumo
As principais variáveis determinantes da função demanda, bem como as relações entre essas
variáveis e a demanda do consumidor, podem ser assim resumidas: qid= f(pi, ps, pc, R, G)
 0 
G
q 0 
R
q 0 
p
q 0 
p
q 0 
p
q di
d
i
c
d
i
s
d
i
i
d
i ≥≤
∆
∆≥≤
∆
∆
<
∆
∆
>
∆
∆
<
∆
∆
Curva de Demanda de Mercado de um Bem ou Serviço
Até esta parte, não distinguimos a demanda do consumidor individual da demanda de mercado,
englobando todos os consumidores de determinado bem ou serviço.
A demanda de mercado é igual ao somatório das demandas individuais.
∑
=
=
n
1 i
 sindividuai esconsumidormercado
esconsumidor n , ... 3, 2, 1, :sendo ,d D
Assim, a cada preço, a demanda de mercado é a soma das demandas dos consumidores
individuais, conforme Quadro:
Preço
$
qdguaraná
(consumidor A)
qdguaraná
(consumidor B)
qdguaraná
(consumidor C)
Demanda de
Mercado de
guaraná
2,00 14 10 22 46
1,50 24 15 32 71
1,00 34 20 42 96
0,50 44 25 52 121
Graficamente, teremos que a curva de demanda de mercado é a soma das curvas dos
consumidores individuais, como na Figura 2.13.
Alterações nas condições coeteris paribus, como na renda ou na preferência dos consumidores, nos
preços de outros bens, concorrentes ou complementares, e nos hábitos dos consumidores provocam
deslocamentos das curvas de demanda individuais e na demanda de mercado.
Observações Adicionais sobre a Demanda
Variações da demanda e variações na quantidade demandada
As variações da demanda dizem respeito ao deslocamento da curva da demanda, em virtude de
alterações em ps, pc, R ou G (ou seja, mudanças na condição coeteris paribus). Por exemplo, supondo um
aumento da renda do consumidor, sendo um bem normal, ocorrerá um aumento da demanda (aos mesmos
preços anteriores, o consumidor poderá comprar mais do que comprava antes), como mostra a Figura
2.14.
Variação na quantidade demandada refere-se ao movimento ao longo da própria curva de deman-
da, em virtude da variação de preço do próprio bem p, mantendo as demais variáveis constantes (coeteris
paribus ), como mostra a Figura 2.15.
 
(movimento do ponto A para o ponto B, na
mesma curva de demanda oiD , em virtude
da queda de preço de P0 para P1)
Em resumo,
- variação da demanda: em virtude de alterações em R, ps, pc, G;
- variação da quantidade demandada: devido a alterações no preço do próprio bem pi
Portanto, a demanda refere-se à própria curva, enquanto a quantidade demandada refere-se a
pontos específicos da curva de demanda.
O Conceito de Excedente do Consumidor
O conceito de excedente do consumidor é o benefício que o consumidor ganha por ser capaz de
comprar um bem ou serviço. É a diferença entre quanto o consumidor estaria disposto a pagar e o que ele
efetivamente paga.
Na Figura 2.16, a seguir, dado um preço de mercado de $120, o consumidor estaria disposto a
pagar até $ 200 pela primeira unidade, até $180 pela segunda unidade, e assim por diante.
No entanto, ele tem que pagar apenas o preço fixado pelo mercado. Em outras palavras, está
auferindo um benefício (uma utilidade marginal ou adicional), acima do custo efetivo do produto, ganhando
um "excedente de utilidade", que pode ser medido pela área hachurada.
Trata-se de um conceito útil, particularmente na área de tributação, para avaliar a capacidade de
pagamento dos contribuintes, e na área de economia internacional, para avaliar os ganhos e perdas no
comércio, quando da imposição de tarifas alfandegárias.
Paradoxo de Giffen
O Paradoxo ou Bem de Giffen é uma exceção à Lei Geral da Demanda, em que a curva de
demanda é positivamente inclinada, ou seja, há uma relação direta, e não inversa, como usualmente, entre
a quantidade demandada e o preço do bem.
O bem de Giffen é um caso especial de bem inferior.
O exemplo mais freqüentemente utilizado é o de uma comunidade inglesa, no século XVIII, muito
pobre, e que consumia basicamente batatas. Ocorreu uma grande queda no preço do produto.
Como a população gastava a maior parte de sua renda no consumo de batatas, essa queda de
preço levou a um aumento do poder aquisitivo da população. Contudo, eles já estavam saturados de
batatas, e passaram a gastar com outros tipos de produtos, inclusive diminuindo o consumo de batatas.
Portanto, o peço da batata caiu, bem como a quantidade demandada; ou seja, neste caso, a curva de
demanda é positivamente inclinada.
A Figura 2.17 ilustra esse fato:
Dessa forma, o bem de Giffen (nome do economista que observou esse fenômeno) é um tipo de
bem inferior, embora nem todo bem inferior seja um bem de Giffen. Observa-se que se trata muito mais de
uma possibilidade teórica do que efetiva, não se conhecendo outros exemplos de ocorrência desse fato.
Formato da Curva de Demanda
A curva de demanda pode ser calculada estatisticamente, empiricamente, baseada em dados da
realidade. A metodologia para estimá-la é detalhada nos cursos de Estatística Econômica e Econometria.
A curva da demanda pode ser representada como uma função do tipo linear, exponencial, parabólica,
hiperbólica etc. dependendo dos números coletados.
Exemplo:
Função linear: qid = 3 - 0,5pi +0,2ps - 0,1pc + 0,9R
Função Exponencial (Potência): qid = 5pi-0,2 ⋅ ps0,3 ⋅ ps-0,1 ⋅ R1,2
Os sinais dos coeficientes indicam se a relação entre qid e a variável é direta ou inversamente
proporcional. Por essa razão, no cálculo estatístico da função demanda, o coeficiente do preço p1 deve ser
sempre negativo, o coeficiente de ps deve ser sempre positivo, o coeficiente de pc deve ser sempre
negativo e o da renda deve ser positivo (quando o bem é normal).
A variável G (gostos) não comparece nas estimativas estatísticas, por não ser observável
empiricamente. Pode-se colocar como variável, na função demanda, os gastos com publicidade e
propaganda para avaliar como esses gastos afetam a demanda.
Preços Relativos x Preços Absolutos
Na Microeconomia são relevantes os preços relativos, isto é, a relação entre os preços dos vários
bens, mais do que os preços absolutos (específicos) das mercadorias.
Por exemplo, se o preço da margarina cair 10%, mas o preço da manteiga cair 10%, nada deve
acontecer com a demanda dos dois bens (supondo também a queda da renda em 10%). Por outro lado, se
apenas cai o preço da margarina, e o preço da manteiga permanece constante, evidentemente aumenta a
quantidade demandada de margarina, e cai a demanda de manteiga, sem que o preço absoluto da
manteiga tenha se alterado.
Exercícios sobre Demanda de Mercado
1. Dados: qx = 30 - 1,5px + 0,8py + 10R, pede-se:
a) o bem y é complementar ou substituto de x? Por quê?
Trata-se de um bem substituto, isto é, indicado pelo sinal positivo do coeficiente de py (+0,8). Indica
que, se py aumentar, qX também aumentará, coeteris paribus.
b) o bem x é normal ou inferior? Porquê?
É um bem normal: o sinal do coeficiente da variável renda é positivo (+10).
c) Supondo
Px = 1
pY = 2
R = 100,
qual a quantidade procurada de x?
Basta substituir os valores de pX, py e R na equação dada:
qx = 30 - 1,5(1) + 0,8(2) + 10(100) ⇒ qX = 1.030,1
2. Dados
qx = 300 - 1,2pX - 0,9py - 0,1 R,
pede-se:
a) o bem x é normal ou inferior?
É um bem inferior: o sinal do coeficiente da variável renda é negativo (-0,1)
b) o bem y é complementar ou substituto a x? Por quê?
É um bem complementar: isso é indicado pelo sinal negativo do coeficiente de py (-0,9)
c) O bem x seria um bem de Giffen? Por quê?
Não é um bem de Giffen, pois o sinal do coeficiente da variável pX é negativo.
Para ser um bem de Giffen, é necessário que, simultaneamente, o sinal do coeficiente de pX seja
positivo (indicando curva de demanda positivamente inclinada) e o sinal do coeficiente R, negativo
(indicando bem inferior).
d) Supondo
px = 2
pY =1
R = 100,
qual a quantidade demandada de x?
qX = 300 - 1,2(2) - 0,9(1) - 0,1 (100) ⇒ qX = 286,7
e) Se a renda aumentar 50%, coeteris paribus, qual a quantidade demandada?
R = 150 (50 % sobre R = 100)qX = 300 - 1,2(2) - 0,9(1) - 0,1 (150) ⇒ qX = 281,7
Análise da Oferta de Mercado
Definição de Oferta
Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores e vendedores desejam
vender em determinado período.
Como na demanda, a oferta representa um plano ou intenção - neste caso dos produtores e vende-
dores - e não a venda efetiva.
Variáveis que afetam a Oferta de um Bem ou Serviço
As principais variáveis que afetam a oferta de um bem ou serviço são:
qi5 = f(pi, πm, Pn, O) Função Geral da Oferta. onde:
qi5 = quantidade ofertada do bem i/t;
pi = preço do bem i/t,
πm = preço dos fatores e insumos de produção m (mão-de-obra, matérias primas etc.);
pn = preços de outros n bens, substitutos na produção;
O = objetivos e metas do empresário.
Usamos o sobrescrito s derivado do inglês supply (oferta).
Quando
i
s
i
p
q
∆
∆
> 0 : o preço do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem mais, coeteris paribus.
Assim, da mesma maneira que definimos uma escala de demanda, tem-se também uma escala de
oferta, que mostra como empresários reagem, quando se altera o preço do bem ou serviço, coeteris
paribus. Por exemplo:
Preço ($) Quantidade ofertada (unidades)
1,00 30
2,00 35
3,00 40
4,00 45
5,00 50
Graficamente, na Figura 2.18:
m
s
iq
π∆
∆ < 0 : se o preço do fator terra aumenta, diminui a oferta de café, coeteris paribus (há um
deslocamento da curva em virtude do aumento de preços da terra), conforme mostra a Figura 2.19.
O mesmo vale para os demais fatores de produção, como mão-de-obra, matérias primas, energia
etc.
Conclui-se que, aos mesmos preços de mercado anteriores, aumentaram os custos de produção,
retraindo a produção.
n
s
i
p
q
∆
∆ < 0 : se o preço da cana de açúcar aumentar, e dado o preço do arroz, os produtores diminuirão
a produção de arroz para produzir mais cana de açúcar, coeteris paribus, como mostra a Figura 2.20.
≤≥
∆
∆
 
O
qsi 0 : a função oferta depende dos objetivos e metas dos empresários. Por exemplo, podem
ocorrer ocasiões em que a empresa prefira lucrar menos a curto prazo e ganhar participação no mercado
(o que pode redundar em lucros menores no curto prazo, se os custos aumentarem mais que as receitas,
com o aumento da produção).
Curva de Mercado de Oferta de um Bem ou Serviço
É a soma das curvas de oferta das firmas individuais, que produzem um dado bem ou serviço:
∑
=
=
m
1 j
jj q Q
sendo j = 1, 2, 3, ..., m firmas produzindo um bem i, e qj as ofertas das firmas individuais.
Observações Sobre a Oferta de um Bem ou Serviço
Variação da oferta x Variação da quantidade ofertada
Como já tínhamos assinalado na função demanda, também há uma diferença entre uma variação da
oferta e uma variação da quantidade ofertada:
- variação da oferta: deslocamento da curva (quando altera a condição coeteris paribus, ou seja,
quando se alteram pn, πm, O);
- variação da quantidade ofertada: movimento ao longo da curva (quando se altera o preço do
próprio bem pi, mantendo-se as demais variáveis constantes).
Formato da curva de oferta
Também como a demanda, a curva de oferta pode ter um formato linear ou exponencial,
dependendo de como os dados estatísticos se apresentarem.
Estatisticamente, as variáveis que comparecem com mais regularidade nas estimativas de funções
de oferta são o próprio bem (pi) e o custo dos fatores de produção (πm). A variável O, objetivos da
empresa, não é expressa numericamente, e a variável (pn) aparece apenas em algumas funções de oferta
de produtos agrícolas.
Observa-se que a oferta depende mais dos preços dos períodos anteriores, do que dos preços no
período. Isto porque as decisões para alterar a produção não são tomadas de imediato, demandando um
certo período de tempo para as empresas ajustarem suas plantas de produção aos novos preços.
O Equilíbrio de Mercado
O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela demanda. Colo-
cando em um único gráfico (Figura 2.21) as curvas de oferta e procura de um bem ou serviço qualquer, a
intersecção das curvas é o ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço po e a quantidade qo.
Este ponto é único: a quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual à
quantidade que os produtores desejam vender. Ou seja, não há excesso ou escassez de oferta ou
demanda. Existe coincidência de desejos.
Tendência ao nível de equilíbrio: lei da oferta e da procura
No gráfico da Figura 2.22, para qualquer preço superior a po (como p’), a quantidade que os
ofertantes desejam vender é muito maior do que a que os consumidores desejam comprar. Existe um
excesso de oferta (qs’ – qd’). De outra parte, com qualquer preço inferior a po, surgirá um excesso de
demanda (qd’’ – qs’’). Em qualquer dessas situações, não existe compatibilidade de desejos entre ofertantes
e consumidores.
Entretanto, supondo uma economia de mercado concorrencial, o mecanismo de preços leva
automaticamente ao equilíbrio. Quando ocorre excesso de oferta, os vendedores acumularão estoques não
planejados e terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores; no caso de
excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelos produtos escassos.
Assim, há uma tendência normal ao equilíbrio: no ponto E (po, qo), não existem pressões para alterar
preços: os planos dos compradores são consistentes com os planos dos vendedores, e não existem filas e
estoques não planejados pelas empresas.
Como se observa, os agentes do mercado, isto é, consumidores e empresas, sem qualquer
interferência do governo, tendem a encontrar sozinhos uma posição de equilíbrio, mediante o mecanismo
de preços, ou seja, da lei da oferta e da procura.
Mudanças no Ponto de Equilíbrio, em Virtude de Deslocamentos da Oferta e da Procura
Como vimos, existem vários fatores que podem provocar deslocamento das curvas de oferta e
demanda que, evidentemente, provocarão mudanças do ponto de equilíbrio. Suponhamos, por exemplo,
que o mercado do bem x esteja em equilíbrio, e o bem x seja um bem normal (não inferior). O preço de
equilíbrio inicial é po e a quantidade, qo (ponto A no próximo gráfico).
Suponhamos agora que os consumidores tenham um aumento de renda real (aumento do poder
aquisitivo). Consequentemente, coeteris paribus, a demanda do bem x, a um mesmo preço, será maior.
Isto significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D1, como mostra a Figura
2.23. Assim, ao preço po, teremos um excesso de demanda, que provocará gradativamente um aumento
de preços. Com os preços aumentando, o excesso de demanda vai diminuindo, até acabar, no novo
equilíbrio, ao preço p1 e à quantidade q1 (ponto B).
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afeta a quantidade e os preços de equilíbrio.
Suponhamos, para exemplificar, uma diminuição dos preços das matérias primas usadas na produção do
bem x. Consequentemente, a curva de oferta desse bem se desloca para a direita. Por um raciocínio
análogo ao anterior, podemos perceber que o preço de equilíbrio se tornará menor, e a quantidade, maior.
Exercício sobre Equilíbrio de Mercado
1. Dados D = 22 - 3p (função demanda); S = 10 + 1p (função oferta):
a) Determinar o preço de equilíbrio e a respectiva quantidade.
b) Se o preço for $ 4,00, existe excesso de oferta ou de demanda? Qual a magnitude desse
excesso?
Resolução:
a) D = 22 - 3p
S =10 + 1p
No equilíbrio
D = S
22 - 3p = 10 + 1p
4p = 12
Portanto, po = 3
Para determinar qo, basta substituir o valor de po = 3 em qualquer das funções acima (D ou S).
D = 22 – 3 . 3 = 22 - 9
Portanto, qo = 13
b) Para p = 4, a quantidade demandada é:
D = 22 - 3p = 22 -3(4) = 10 = qd
A quantidade ofertada é
S = 10 + 1p = 10 + 1 (4) = 14 = qs
Portanto, qs > qd, e existe um excesso de oferta de 4 (isto é, 14 - 10).
2. Dados: dxq = 2- 0,2 + 0,03R
s
xq = 2 + 0,1px,
e supondo a renda R = 100,
pede-se:
a) Preço e quantidade de equilíbrio do bem x.
c) Supondo um aumento de 20% da renda, determinar o novo preço e a quantidade de equilíbrio
do
bem x.
Resolução:
a) sxdx q q =
2 - 0,2px + 0,03(100) = 2 + 0,1 pX
Resolvendo, chegamos a 3 q e 10 p oxox ==
b) como a renda passou de 100 para 120, a função demanda fica,
d
xq = 2 - 0,2px + 0,03(120)
d
xq = 5,6 - 0,2px
Igualando com a função oferta, que não se alterou, chega-se a 3,2. q e 12 p 1x1x ==
3. Num dado mercado, a oferta e a procura de um produto são dadas, respectivamente, pelas
seguintes equações:
Qs = 48 + 10
Qd = 300 – 8
onde Qs, Qd e P representam, na ordem, a quantidade ofertada, a quantidade procurada e o preço
do produto. Qual será a quantidade transacionada nesse mercado, quando ele estiver em equilíbrio?
Resolução: o preço e a quantidade de equilíbrio são obtidos igualando-se a quantidade ofertada
(Qs) com a quantidade procurada (Qd).
Temos, então:
Qs = Qd
48 + 10P = 300 - 8P
18P = 252
Po = 14
A quantidade transacionada pode ser obtida substituindo-se o valor de P na equação de Qs ou Qd.
 Qs = 48 +10p =48 + 10(14) = 188
Qo = 188
ELASTICIDADES
CONCEITO
Elasticidade, em sentido genérico, é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação
percentual em outra, coeteris paribus. Assim, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de
uma variável, em face de mudanças em outras variáveis.
É um conceito de ampla aplicação em Microeconomia.
Exemplos da Microeconomia:
- elasticidade-preço da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada a
variação percentual no preço do bem, coeteris paribus;
- elasticidade-renda da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada uma
variação percentual na renda, coeteris paribus;
- elasticidade-preço cruzada da demanda: é a variação percentual na quantidade demandada, dada
a variação percentual no preço de outro bem, coeteris paribus;
- elasticidade-preço da oferta: é a variação percentual na quantidade ofertada, dada a variação
percentual no preço do bem, coeteris paribus.
Exemplos da Macroeconomia:
- elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: e a variação percentual nas
exportações, dada a variação percentual da taxa de câmbio, coeteris paribus;
- elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros: é a variação percentual da procura
de moeda, dada a variação percentual da taxa de juros, coeteris paribus.
Desta maneira, quando houver uma relação entre variáveis em Economia, podemos calcular a
elasticidade.
Elasticidade-Preço da Demanda
Conceito
É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual no preço do bem,
coeteris paribus. Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma variação no
preço de um bem ou serviço.
p
q
q
p E e
p
p
q
q
 
p
p - p
q
q - q
 
p percentual variação
q percentual variação E
d
dpp
d
d
0
01
0
01
d
pp
∆
∆
⋅=
∆
∆
===
Como 
p
qd
∆
∆ é negativa (pela lei geral da demanda), e p e q são valores positivos, segue que a elasti-
cidade-preço da demanda é sempre negativa.
Por essa razão, seu valor é usualmente expresso em módulo (por exemplo, I Epp I = 1,2, que
equivale a EPP = -1,2.
Classificação da Demanda, de acordo com a Elasticidade-Preço
De acordo com a elasticidade-preço, a demanda pode ser classificada como elástica, inelástica ou
de elasticidade-preço unitária.
a) Demanda elástica:
I Epp I>1
Por exemplo:
I Epp I = 1,5 ou I Epp I = -1,5
Significa que, dada uma variação percentual, por exemplo, de 10% no preço, a quantidade
demandada varia, em sentido contrário, em 15%, coeteris paribus.
Isto revela que a quantidade é bastante sensível à variação de seu preço.
b) Demanda inelástica:
I EPP I<1
Por exemplo:
I Epp I = 0,4 ou I Epp I = -0,4
Nesse caso, os consumidores são pouco sensíveis a variações de preço: uma variação de, por
exemplo, 10% no preço, leva a uma variação na demanda desse bem de apenas 4% (em sentido
contrário).
c) Demanda de elasticidade unitária:
I EPP I = 1 ou I Epp I = -1
Se o preço aumenta em 10%, a quantidade cai também em 10%, coeteris paribus.
Suponhamos, por exemplo, que são calculados os valores das elasticidades-preço da demanda dos
bens A e B, 0,8.- E e 2- E BppApp ==
Nesse caso, e supondo que o consumo dos dois bens é independente, o bem A apresenta uma
demanda mais elástica que o bem B, pois um aumento de 10% no preço de ambos levaria a uma queda de
20% na quantidade demandada do bem A, e de apenas 8% na do bem B, coeteris paribus. Os
consumidores são relativamente mais sensíveis, reagem mais a variações de preços no bem A do que no
bem B.
Fatores que afetam a Elasticidade-Preço da Demanda
São quatro os fatores que explicam o valor numérico da elasticidade-preço da demanda, a saber:
disponibilidade de bens substitutos, essencialidade do bem, importância do bem no orçamento e o
horizonte de tempo.
Disponibilidade de bens substitutos
Quanto mais substitutos, mais elástica a demanda, pois, dado um aumento de preços, o consumidor
tem mais opções para "fugir" do consumo desse produto.
Ou seja, trata-se de um produto cujos consumidores são bastante sensíveis à variação de preços.
Como a elasticidade depende da quantidade de bens substitutos, observa-se que, quanto mais
específico o mercado, maior a elasticidade.
Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de guaraná deve ser maior que a de refrigerantes
em geral, pois há mais substitutos para o guaraná do que para refrigerantes em geral.
Na mesma linha de raciocínio, temos que:
EPP pasta de dentes de mentol Kolynos > EPP pasta de dentes de mentol > EPP pasta de dentes
Essencialidade do bem
Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura.
Esse tipo de bem não traz muitas opções para o consumidor "fugir" do aumento de preços.
Exemplos clássicos: sal e açúcar.
Importância relativa do bem no orçamento do consumidor
A importância relativa, ou peso do bem no orçamento, é dada pela proporção de quanto o
consumidor gasta no bem, em relação a sua despesa total.
Quanto maior o peso no orçamento, maior a elasticidade-preço da procura. O consumidor é muito
afetado por alterações nos preços, quanto mais gasta com o produto, dentro de sua cesta de consumo.
Por exemplo:
- carne: Epp alta;
- fósforo: Epp baixa.
Horizonte de tempo
Dependendo do horizonte de tempo de análise, um intervalo de tempo maior permite que os
consumidores de determinada mercadoria descubram mais formas de substituí-ia, quando seu preço
aumenta.
INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Em uma curva de demanda a elasticidade-preço da demanda varia ao longo dessa curva, assim
como mostrado na Figura 3.1:
Prova-se que o valor da elasticidade-preço da demanda é:
 Ade acima segmento
 Ade abaixo segmento 
BA
AC Epp ==
Na Figura 3.2, tem-se as seguintes possibilidades:
Vê-se que quanto maior o preço de um bem, coeteris paribus, maior a elasticidade-preço da
demanda.
Na Figura 3.3, resumem-se as três possibilidades:
Quando a demanda torna-se mais elástica é reflexo do aumento da sensibilidade do consumidor,
pois o preço do produto tornou-se mais caro pesando mais no bolso do consumidor.
Relação entre Receita Total do Vendedor (ou Dispêndio Total do Consumidor) e
Elasticidade-Preço da Demanda
A receita total do vendedor (RT), corresponde ao próprio dispêndio do gasto total dos consumidores:
RT = preço unitário x quantidade comprada do bem
RT = p.q
Para conhecermos o que vai acontecer com a receita total (RT), se ela aumenta, diminui ou
permanece constante, é necessário analisarmos a elasticidade-preço da demanda:
a) situação elástica:
Se a variação percentualda quantidade demandada for maior que a variação percentual do preço, a
RT segue o sentido da quantidade, deve preponderar a variação da quantidade sobre a variação de
preço:
- se o preço aumentar, a quantidade cai e a RT diminui;
- se o preço cair, a quantidade aumenta e a RT aumenta.
b) situação inelástica:
Se a variação percentual da quantidade for menor que a variação percentual do preço, RT seguirá o
sinal do preço:
- se o preço aumentar, quantidade cai, e a RT aumenta;
- se o preço cair, quantidade aumenta, e a RT cai.
c) situação unitária:
Se a variação percentual da quantidade for igual à variação percentual do preço, tanto faz o preço
aumentar ou cair, a receita permanece constante.
Quando a demanda é inelástica, sempre será vantajoso aumentar os preços (ou diminuir a
produção).
Embora a quantidade se reduza, o aumento de preço mais que compensa a queda na quantidade,
pois RT aumenta.
Como exemplo, podemos citar o caso dos produtos agrícolas, principalmente alimentos, que
apresentam normalmente demanda inelástica, por serem, em sua maioria, produtos essenciais. Mas há um
limite para o aumento de preços, pois, se for muito grande, poderá cair no ramo elástico da demanda,
fazendo com que
o consumidor tente substituí-lo ou reduzir seu consumo, fazendo com que haja queda da RT dos
produtores.
Observações Adicionais sobre Elasticidade-Preço da Demanda
a) Casos extremos de elasticidade-preço da demanda
- demanda totalmente inelástica: Epp = 0
Na Figura 3.4 observa-se que quando há variação de preço, a quantidade permanece constante. Os
bens essenciais aproximam-se desse caso, pois, mesmo com aumento de preço, o consumidor
continuará consumindo praticamente a mesma quantidade do produto, pois o consumidor não
encontrará substituto para o mesmo.
- demanda infinitamente elástica: Epp = ∞
Pela Figura 3.5, observamos que, quando ocorre uma variação de preços, a quantidade demandada
pode variar até o infinito. Isto ocorre em mercados perfeitamente competitivos ou concorrenciais,
pois as empresas defrontam-se com uma demanda infinitamente elástica, em que os preços são
fixados pela oferta e demanda do mercado, sobre o qual ela não tem nenhuma influência.
b) Caso em que a elasticidade é constante em todos os pontos da demanda. Usualmente, usa-se a
expressão "a demanda do bem x é elástica". Porém, a elasticidade assume valores diferentes, numa
mesma curva da demanda. É mais correto dizer-se: "a demanda do bem x é elástica entre os preços
A e B”.
Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda
É a variação percentual da quantidade demandada do bem x, dada uma variação percentual no
preço do bem y, coeteris paribus.
 
p
q
q
p
 E e
p
p
q
q
 
p percentual variação
q percentual variação
 E 
y
x
x
yxy
pp
y
y
x
x
y
xxy
pp
∆
∆
⋅=
∆
∆
==
ou, em termos de derivada,
 parcial) (derivada 
p
q
q
p
 E simples) (derivada 
dp
dq
q
p
 E
y
x
x
yxy
pp
y
x
x
yxy
pp ∂
∂
⋅=⋅=
Se xyppE > 0 , os bens x e y são substitutos ou concorrentes (o aumento do preço de y aumenta o
consumo de x, coeteris paribus).
Se xyppE < 0 , os bens x e y são complementares (o aumento do preço de y diminui a demanda de x,
coeteris paribus.
Elasticidade-Renda da Demanda
É a variação percentual da quantidade demandada, dada uma variação percentual da renda do
consumidor, coeteris paribus.
R
q
q
R E ou 
dR
dq
q
R E ou
 
R
q
q
R E e 
R
R
q
q
 
R percentual variação
q percentual variação E
RpRp
RpRp
∂
∂
⋅=⋅=
∆
∆
⋅=
∆
∆
==
Se RpE > 1: bem superior (ou bem de luxo): dada uma variação da renda, o consumo varia mais
que proporcionalmente;
Se RpE > 0 : bem normal: o consumo aumenta quando a renda aumenta;
Se RpE < 0 : bem inferior: a demanda cai quando a renda aumenta;
Se RpE = 0 : bem de consumo saciado: variações na renda não alteram o consumo do bem.
Ao lado da elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda é o conceito de elasticidade mais
difundido.
Elasticidade-Preço da Oferta
Mede a variação percentual da quantidade ofertada, dada uma variação percentual no preço do
bem, coeteris paribus.
p
q
q
pE e 
p
p
q
q
p percentual variação
q percentual variação E
s
sps
s
s
s
ps ∆
∆
⋅=
∆
∆
==
ou, em termos de derivada, 
dp
dq
q
pE
s
sps ⋅= (simples) ou p
q
q
pE
s
sps ∂
∂
⋅=
Podemos ter as seguintes situações:
Eps > 1: bem de oferta elástica;
Eps < 1: bem de oferta inelástica;
Eps =1: elasticidade-preço da oferta unitária.
Como na demanda, a elasticidade-preço da oferta também pode ser calculada no ponto ou no arco.
De acordo com o valor da intersecção da curva de oferta, prova-se que (figura 3.6):
A aplicação do conceito de elasticidade da oferta é pouco freqüente, comparativamente à
elasticidade da demanda.
Exercícios Sobre Elasticidade
1. Dados: Dx = 30 - px - 2 py - R;
Sx = 5px;
o
yp = 1,00
Ro = 10,00,
pede-se: Calcular o preço e a quantidade de equilíbrio.
Resolução:
Dx = Sx ⇒ 30 – px - 2py – R = 5px
Substituindo py = 1 e R = 10
30 - px - 2(1) - 10 = 5px
px = 3,00
Para obter qx basta substituir px = 3, ou na função Dx ou na função Sx:
qx = 15
APLICAÇÕES: INCIDÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE VENDAS E FIXAÇÃO DE
PREÇOS MÍNIMOS
Introdução
Vamos destacar algumas aplicações de conceitos já vistos. Vamos enfocar dois aspectos
importantes da atuação do setor público em nível microeconômico que são a incidência de impostos sobre
vendas e fixação de preços mínimos na agricultura.
Incidência de um Imposto sobre Vendas
Introdução
O conhecimento da incidência de um imposto, isto é, sobre quem efetivamente recai o ônus do
imposto, se sobre consumidores ou vendedores, é importante para determinar os aspectos econômicos e
sociais da tributação. O instrumental simples da oferta e da demanda e o conceito de elasticidade são
adequados para essa análise.
Define-se:
• impostos indiretos são impostos sobre vendas, pois incidem sobre os preços das mercadorias;
Os impostos indiretos (ICMS, IPI) são regressivos em relação à renda, pois representam uma
parcela maior da renda das classes menos favorecidas, relativamente aos mais ricos.
• impostos diretos são impostos que incidem diretamente sobre a renda das pessoas.
Os impostos diretos (Imposto de Renda) são progressivos (quem ganha mais paga proporcional-
mente mais).
Uma estrutura tributária é considerada proporcional ou neutra quando todos dispendem uma
parcela (%) igual de sua renda no pagamento de impostos.
Temos dois tipos de impostos sobre vendas:
- imposto específico: representa um valor em $ fixo por unidade vendida, independente do valor da
mercadoria.
- imposto ad valorem: aplica-se uma alíquota (percentual) fixa sobre o valor em $ de cada unidade
vendida.
Efeito de um Imposto de Vendas sobre o Equilíbrio de Mercado
Imposto específico
A partir do conhecimento de um imposto, podemos definir duas curvas de oferta: uma sem imposto e
outra com imposto:
S = f(p) sem o imposto
S = f(p’) com o imposto
Sendo p o preço de mercado, pago pelo consumidor, e p’ o preço relevante para o produtor
(que é o preço de mercado menos o valor do imposto T), temos:
P’ = p - T
O preço para o produtor p’ é o que lhe resta após receber p do mercado e recolher o imposto aos
cofres públicos.
O estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona como um custo adicional para o produtor,
o que desloca a curva de oferta para trás. Assim, para oferecer a mesma quantidade de mercadoria que
oferecia anteriormente, o produtor tem que aumentar o preço, ou, se quiser manter o preço, deve oferecer
menor quantidade, pois encareceu a mercadoria.
Suponhamos que:
- curvade oferta sem o imposto: S = -20 + 2p
- valor do imposto específico: T = $ 10,00
A curva da oferta com imposto fica: S’ = -20 + 2 (p - 10),
sendo p - 10 = p’, ou seja, o produtor vende a mercadoria por $p e fica com (p - $10).
S’ = -20 +2(p -10)
S' = -40 + 2p
Fazendo comparação entre a curva de oferta com e sem o imposto, verificamos que a declividade é
a mesma, alterando-se somente o intersecção, indicando um deslocamento paralelo da curva.
Graficamente, vejamos a figura 4.1:
Observe-se que o imposto diminui o valor recebido pelo produtor, mas aumenta o valor pago pelo
consumidor, porque o preço de equilíbrio de mercado, que é o preço pago pelo consumidor, deve ser
maior, como mostra a figura 4.2:
O preço de equilíbrio de mercado só não aumentará no caso de a curva de demanda ser totalmente
elástica (como veremos logo adiante).
Imposto ad valorem
Chamando ainda
p = preço pago pelo consumidor (ou preço de mercado);
p’ = preço relevante para o produtor,
temos, no caso de um imposto ad valorem, que
p’ = p - tp = p(1 -t),
sendo t a alíquota ou percentual do imposto.
Ou seja, se p = 10,00 e t = 20% ou 0,2. Então:
P’ = 10 - 0,2 . 10 = 8,00
O preço de mercado é $ 10,00, mas o preço recebido pelo produtor é $ 8,00. Como a alíquota do
imposto é 20%, o valor do imposto é $ 2,00, quando o preço é $ 10,00.
Se o preço fosse p = 30,00, então: p’ = 30 - 0,2 . 30 = 24,00.
A alíquota continuaria 20%, mas o valor do imposto aumentaria para $ 6,00.
Temos, portanto:
- curva de oferta sem imposto: S = f(p)
- curva de oferta com imposto S’ = f(p’)
sendo p’ = p - pt ou p’ = p(1 - t)
Exemplo:
curva de oferta sem imposto: S = -20 + 2p
curva de oferta com imposto ad valorem, supondo t = 0,1:
S’ = -20 + 2p(1 - 0,1)
S’ = -20 + 2p(0,9)
S’ = -20 + 1,8p
Notamos que, ao contrário do imposto específico, o que se altera agora é a declividade e não a
intersecção. Graficamente, pela Figura 4.3:
A distância entre S e S’, na vertical, é o valor em $ do imposto (T), que aumenta quando o preço
aumenta, no caso do imposto ad valorem.
Incidência do Imposto
Neste ponto é relevante salientar que existem dois conceitos de incidência de imposto: incidência de
imposto no sentido econômico, que é diferente de incidência no sentido legal. No conceito econômico
identifica-se sobre quem efetivamente recai o ônus do imposto. No conceito legal, identifica-se quem
efetivamente recolhe o imposto para os cofres públicos. No caso do imposto sobre vendas, quem recolhe é
a empresa, mas ela tem condições de transferir parte do ônus aos consumidores, através do aumento do
preço do produto.
Para tanto, no conceito econômico, vejamos quem arca com o ônus do imposto.
Para isso, vamos supor o caso de um imposto especifico (a análise a seguir também vale, mutatis
mutantis, para o caso de um imposto ad valorem).
Chamemos: po = preço de equilíbrio, sem imposto;
P1 = preço pago pelo consumidor, com T;
p’ = preço recebido pelo produtor, após T:
(p’ = p1 - T)
e qo, e q1, as quantidades de equilíbrio, antes e depois do imposto.
Segue-se, então, que:
l. a parcela, em $, do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga com o imposto
(p1) menos o que pagaria sem o imposto (po), vezes a quantidade comprada:
(p1 -po). q1
II. a parcela, em $, do imposto paga pelo vendedor é a diferença entre o que receberia sem o
imposto (po) e o que recebe após o imposto (p’), vezes a quantidade vendida:
(po - p’) . q1
III. a arrecadação do governo nesse mercado é a soma das duas parcelas anteriores, ou o valor do
imposto vezes a quantidade vendida:
A = T. q1
Graficamente, pela Figura 4.4:
Exercício Completo
As curvas de oferta e demanda de mercado de um bem são:
S = -500 + 500p D = 4.000 - 400p
Pede-se:
a) p e q de equilíbrio (po e qo)
b) dada a alíquota de um imposto específico T= 0,9 por unidade de produto, os novos p e q de
equilíbrio (p1 e q1)
c) qual o preço pago pelo consumidor?
d) qual o preço recebido pelo vendedor?
e) qual o valor da arrecadação do governo nesse mercado?
f) qual a parcela (em $) da arrecadação arcada pelo comprador?
g) qual a parcela (em $) da arrecadação arcada pelo vendedor?
h) ilustrar graficamente.
Resolução:
a) Equilíbrio: S = D
-500 + 500p = 4.000 - 400p
900p = 4.500
po = 5 e q0 = 2.000
b) Com a introdução do imposto, a curva de demanda não se altera. Por exemplo, a $ 5,00 os
consumidores estarão dispostos a comprar as mesmas 2.000 unidades.
A curva de oferta cai, porque, a cada preço, os vendedores irão oferecer menos, em virtude do
imposto.
Então: S’ = -500 + 500 (p - 0,9)
S’ = -950 + 500p
A declividade é idêntica à oferta antes de T, diferindo apenas na intersecção. Se o exercício se
referisse ao imposto ad valorem, alteraria a declividade, pois o valor do imposto T se alteraria, a
cada preço, embora a alíquota t permaneça fixa.
O novo equilíbrio passa a ser determinado baseado nas funções:S = -950 + 500p
D = 4.000 + 400p
Igualando-se S = D, chega-se a p1 = 5,5 e q1 = 1.800.
c) O preço pago pelo consumidor é o novo preço de equilíbrio, iguala $ 5,5.
d) O preço recebido pelo vendedor é o preço pago pelo consumidor menos o valor do imposto.
Assim: p’ = 5,5 - 0,9 = 4,6.
e) A arrecadação do governo é o imposto cobrado por unidade vendida, vezes a quantidade
vendida: AT = T. q1 = 0,9. 1.800 = $ 1.620,00.
f) A parcela paga pelo consumidor é a diferença entre o preço que o consumidor paga após o
imposto e o que pagava antes do imposto, multiplicada pela quantidade vendida. Isto é: (5,5 - 5,0).
1.800 = 900,00.
g) Evidentemente, se a arrecadação do governo é $1.620,00, e a parcela arcada pelo consumidor é
900,00, o restante (720,00) representa a parcela do vendedor, correspondente à diferença entre o
preço que o vendedor recebia antes e o que recebe após o imposto, vezes a quantidade vendida:
(5,0 - 4,6). 1.800 = 720,00.
Incidência do Imposto e as Elasticidades-Preço da Oferta e da Demanda
Parece claro que a incidência do imposto dependerá das elasticidades das curvas de oferta e
demanda do bem. Supondo uma mesma curva de oferta, podemos analisar graficamente, Figura 4.5, a
incidência para curvas de demanda com diferentes elasticidades:
Se a demanda for bastante elástica, dada a curva de oferta (Gráfico a), a maior parcela do imposto
incidirá sobre os vendedores ou produtores, pois os consumidores conseguem diminuir bastante o
consumo do bem, dada uma elevação de preços provocada pelo imposto. Se a demanda for inelástica,
dada a curva de oferta (Gráfico b), quem deve arcar com a maior parcela do imposto é o consumidor, que,
nesse caso, não tem muitas possibilidades de "fugir" do aumento de preços.
Fixação de Preços Mínimos para a Agricultura
A política de preços mínimos visa a dar uma garantia de renda aos agricultores. O governo anuncia,
antes da época de plantio, um preço mínimo pelo qual ele garante a compra da safra após a colheita. Se o
preço de mercado for maior que o preço mínimo, o agricultor vende no mercado; se o preço de mercado for
menor que o preço mínimo garantido, o agricultor vende ao governo.
Supondo que o preço mínimo seja maior que o de mercado (ver Figura 4.6), o governo pode encetar
dois tipos de política:
- compra o excedente (diferença entre a quantidade produzida e a quantidade que os consumidores
desejam comprar ao preço mínimo). No gráfico, qs - qd. Isso se chama de Política de Compras;
- deixa os agricultores venderem toda a produção no mercado, o que fará o preço cair para pc. O
governo paga ao agricultor a diferença entre o preço mínimo prometido (pm) e o que o consumidor
pagou no mercado (pc). Isso é a chamada Política de Subsídios.
Sob o ponto de vista do governo, ele escolherá, entre essas duas políticas, aquela na qual gastará
menos. Nos gráficos da Figura 4.7, as regiões hachuradas representam os gastos do governo em cada
política:

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