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Direito empresarial é do Consumidor

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Denise Leal

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Prévia do material em texto

2013
Direito empresarial e Do 
ConsumiDor
Prof. Renildo Dorow
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Renildo Dorow
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
342.06
D715d Dorow, Renildo
 Direito empresarial e do consumidor / Renildo Dorow. Indaial : 
 Uniasselvi, 2013.
 214 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830- 692-2
1. Direito empresarial. 2. Consumidor.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
III
apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)!
Iniciamos os estudos de Direito Empresarial e do Consumidor. 
Além de ser uma disciplina fascinante, ela é fundamental para 
quem pretende entender a dinâmica do funcionamento jurídico 
das empresas, assim como das relações consumeristas no Brasil. 
Na tentativa de traduzir os objetivos desta disciplina, faremos uma 
abordagem do tema desde os tempos que remontam ao início da civilização 
humana, como forma de compreendermos o presente.
 
 É importante salientar que, no sistema eminentemente capitalista em 
que nós vivemos, ao lado do eixo central da atividade econômica ocupada 
pela empresa, existe o mercado de consumo, liderado pelo consumidor, que 
é a principal força propulsora da economia mundial.
 
 O Direito Empresarial e o Direito do Consumidor representam duas 
grandes forças motrizes da ordem financeira e econômica brasileira, cujos 
fundamentos estão previstos no art. 170 da Constituição Federal do Brasil. A 
força empresarial é a geradora de riquezas e emprego. Já a força consumerista 
é a responsável pela sobrevivência das próprias empresas, pela aquisição e 
fornecimento de produtos e serviços.
 
 Nesse sentido, imagine um mercado de consumo em que os consumidores 
não tenham direitos. Esta experiência vivida pelas pessoas, no período 
do Estado Liberal, revelou grandes tensões entre as próprias pessoas e a 
máquina econômica do capital. O Estado Social surgiu como uma solução 
para compatibilizar os interesses entre as empresas e os consumidores, 
ao passo que o Estado passou a estabelecer regras de conduta, de modo 
que determinou direitos e deveres de ambas as partes, com o objetivo de 
restabelecer o equilíbrio.
 
 Desta forma, como o tema em questão é de suma importância para a 
nossa vida, o abordaremos em três unidades. A primeira com enfoque nas 
formas de como se estabelecem as obrigações comerciais, utlizando-se da 
visão sistêmica do Direito Empresarial, assim como identificar as relações 
comerciais e empresariais com suas respectivas obrigações, a ponto de 
facilitar no seu dia a dia profissional.
 
 Já a segunda unidade, iniciará os estudos inerentes ao Direito do 
Consumidor, com enfoque nos aspectos históricos, conceitos básicos inerentes 
às relações consumeristas e à proteção destas relações no Brasil. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Por fim, a terceira unidade será reservada ao estudo das quatro 
tutelas concedidas ao consumidor, nesta ordem: civil, administrativa, penal 
e jurisdicional.
Ajudá-lo(a) a entender a dinâmica de funcionamento do Direito 
Empresarial dentro da dinâmica estabelecida pelo Novo Código Civil 
Brasileiro, assim como a amplitude da atuação do Código de Defesa do 
Consumidor, é o nosso objetivo, pois entendemos serem essenciais à 
formação de gestores capacitados a enfrentar os desafios de um mercado 
globalizado.
 
Bons estudos e sucesso na sua vida acadêmica!
Prof. Renildo Dorow
NOTA
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 – DIREITO EMPRESARIAL ...................................................................................... 1
TÓPICO 1 – DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL ....................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 SURGIMENTO DO COMÉRCIO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................. 3
2.1 A CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A TEORIA DOS ATOS 
 DE COMÉRCIO ......................................................................................................................... 7
2.2 O CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942 E A TEORIA DA EMPRESA ................... 9
2.3 O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL ........................................................................... 9
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 11
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 14
TÓPICO 2 – CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO ............................. 15
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
2 CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................. 15
3 O EMPRESÁRIO ............................................................................................................................... 15
3.1 CONCEITO DE EMPRESÁRIO .......................................................................................... 16
3.2 REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO ......................... 18
3.3 TIPOS DE EMPRESÁRIO ...................................................................................................... 19
3.4 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ............................................................................................. 20
3.4.1 Composição de firma individual ....................................................................................... 21
 3.4.2 Da capacidade para a atividade de empresário individual ........................................... 21
3.4.3 Requisitos para o exercício da atividade de empresário individual ............................ 22
3.4.3.1 Absolutamente incapazes ............................................................................................. 22
3.4.3.2 Relativamente incapazes............................................................................................. 23
3.4.3.3 Emancipação .................................................................................................................. 23
3.4.3.4 Dos impedimentos ao exercício da atividade empresarial ...................................... 24
3.4.3.5 Responsabilidade do empresário individual ............................................................. 25
3.4.3.6 Perda da qualidade de empresário individual .......................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 27
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28
TÓPICO 3 – DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA .............................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 CONCEITO ......................................................................................................................................... 29
3 CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE .................................................................................. 29
4 DISTINÇÃO ENTRE SOCIEDADE E ASSOCIAÇÃO .............................................................. 30
5 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ................................................................................... 31
5.1 ESPÉCIES DE SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ......................................... 32
6 SOCIEDADES PERSONIFICADAS .............................................................................................. 33
6.1 SOCIEDADE SIMPLES .......................................................................................................... 33
6.2 SOCIEDADE EMPRESÁRIA ................................................................................................ 34
6.3 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES QUANTO À RESPONSABILIDADE 
DOS SÓCIOS .............................................................................................................................. 35
VIII
6.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO .............................................................................. 36
6.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES ................................................................... 36
6.6 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES .............................................................. 37
6.7 DA SOCIEDADE COOPERATIVA .................................................................................... 38
6.8 DA SOCIEDADE LIMITADA .............................................................................................. 39
6.8.1 Constituição da sociedade ................................................................................................. 40
6.8.2 Formação do seu nome social ............................................................................................ 40
6.8.3 Da administração ................................................................................................................ 41
6.8.4 Das quotas e sua transferência ........................................................................................... 41
6.8.5 Conselho fiscal ..................................................................................................................... 41
6.9 DA SOCIEDADE ANÔNIMA .............................................................................................. 42
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 43
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 44
TÓPICO 4 – DA SOCIEDADE ANÔNIMA ................................................................................... 47
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47
2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS ............................................................................................. 47
2.1 DO CAPITAL SOCIAL .......................................................................................................... 47
2.2 RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS ................................................................... 48
3 OBJETO SOCIAL ............................................................................................................................... 48
4 NOME EMPRESARIAL .................................................................................................................... 48
5 ESPÉCIES DE SOCIEDADE ANÔNIMA ..................................................................................... 49
6 OS VALORES MOBILIÁRIOS ........................................................................................................ 50
7 AÇÕES ................................................................................................................................................. 50
8 ESPÉCIES DE AÇÕES ....................................................................................................................... 50
8.1 QUANTO ÀS VANTAGENS QUE AS AÇÕES CONFEREM AOS SEUS 
TITULARES ................................................................................................................................ 51
8.1.1 Ações ordinárias .................................................................................................................. 51
8.1.2 Ações preferenciais ............................................................................................................. 51
8.1.3 Ações de fruição .................................................................................................................. 52
8.2 QUANTO À FORMA DE SUA CIRCULAÇÃO ............................................................. 52
8.3 DEBÊNTURES ........................................................................................................................... 52
9 CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS .................................................... 53
9.1 CONSTITUIÇÃO POR SUBSCRIÇÃO PARTICULAR OU 
 SIMULTÂNEA .......................................................................................................................... 53
9.2 CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA OU POR SUBSCRIÇÃO PÚBLICA ....................... 54
10 ACIONISTAS.................................................................................................................................... 54
10.1 DIREITOS DOS ACIONISTAS .......................................................................................... 54
10.2 O ACIONISTA CONTROLADOR .................................................................................... 55
10.3 DEVERES E RESPONSABILIDADES DO ACIONISTA 
 CONTROLADOR .................................................................................................................. 55
11 ÓRGÃOS SOCIAIS ......................................................................................................................... 56
12 ASSEMBLEIA GERAL .................................................................................................................... 56
12.1 ESPÉCIES DE ASSEMBLEIAS ........................................................................................... 57
12.1.1 Assembleia geral ordinária ............................................................................................... 57
12.1.2 Assembleia geral extraordinária ..................................................................................... 57
12.2 PROCEDIMENTO ..................................................................................................................57
12.3 QUORUM DE INSTALAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL ..................................... 58
13 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ......................................................................................... 59
13.1 COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ...................................... 59
13.2 COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO .................................. 59
14 DIRETORIA ...................................................................................................................................... 59
IX
15 CONSELHO FISCAL ...................................................................................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 62
TÓPICO 5 – TÍTULOS DE CRÉDITO .............................................................................................. 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 65
2 DO SURGIMENTO DO CRÉDITO ............................................................................................... 65
3 TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ........................................................................ 67
3.1 CONCEITO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO TÍTULO DE 
 CRÉDITO ..................................................................................................................................... 67
3.1.1 Conceito................................................................................................................................. 67
3.1.2 Principais características (ou princípios) dos títulos de crédito ................................... 67
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ......................................................... 69
3.3 CONCEITOS IMPORTANTES ............................................................................................ 69
3.3.1 Endosso ................................................................................................................................. 70
3.3.2 Aval ........................................................................................................................................ 71
3.3.3 Protesto .................................................................................................................................. 72
3.3.4 Prescrição .............................................................................................................................. 72
4 TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE.......................................................................................... 73
4.1 LETRA DE CÂMBIO ............................................................................................................... 74
4.2 NOTA PROMISSÓRIA ........................................................................................................... 75
4.3 CHEQUE ...................................................................................................................................... 77
4.4 DUPLICATA ............................................................................................................................... 81
RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 83
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 84
TÓPICO 6 – RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA ..................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85
2 DA RECUPERAÇÃO DA EMPRESA............................................................................................. 85
2.1 DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ......................................................................... 85
2.2 DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ........................................................................................ 86
3 FALÊNCIA ........................................................................................................................................... 87
3.1 CONCEITO ................................................................................................................................. 87
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE FALÊNCIA ................................................... 87
4 DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS...................................................................................... 91
RESUMO DO TÓPICO 6..................................................................................................................... 94
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 95
UNIDADE 2 – DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................................... 97
TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR .......................... 99
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ............................................................................................................... 99
2.1 O SURGIMENTO DO DIREITO DO CONSUMIDOR COMO PARTE DA 
EVOLUÇÃO DO ESTADO LIBERAL ................................................................................ 101
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 106
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 108
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 109
TÓPICO 2 – O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL ....................................................... 111
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 111
X
2 A LEGISLAÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ANTES E DEPOIS DA 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ........................................................................................... 111
2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ............................................................... 116
2.2 ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS DO CÓDIGO E DEFESA DO 
 CONSUMIDOR ......................................................................................................................... 117
3 DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO ................................................ 118
3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR ................................................................... 120
3.2 DEVER DO ESTADO .............................................................................................................. 120
3.3 HARMONIZAÇÃO DE INTERESSES .............................................................................. 121
3.4 INFORMAÇÃO .......................................................................................................................... 122
3.5 QUALIDADE ............................................................................................................................. 122
3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS ........................................................................................................ 122
3.7 SERVIÇO PÚBLICO .................................................................................................................124
3.8 MERCADO .................................................................................................................................. 124
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 126
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 128
TÓPICO 3 – CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................. 129
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 129
2 CONCEITO DE CONSUMIDOR ................................................................................................... 129
2.1 DA COLETIVIDADE DE PESSOAS .................................................................................. 131
2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO .......................................................... 132
2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS .......................................................... 132
3 CONCEITO DE FORNECEDOR, PRODUTOR E PRESTADOR DE SERVIÇOS ................ 134
3.1 BANCO COMO FORNECEDOR DOS SERVIÇOS BANCÁRIOS 
 DE CONSUMO .......................................................................................................................... 135
4 CONCEITOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS .............................................................................. 136
4.1 PRODUTO ................................................................................................................................... 137
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 138
4.2 SERVIÇO ...................................................................................................................................... 140
4.2.1 Serviço bancário, financeiro, de crédito e securitário ..................................................... 140
4.2.2 Serviço sem remuneração ................................................................................................... 140
4.2.3 Serviço Público ..................................................................................................................... 140
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 143
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 144
TÓPICO 4 – DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ............................................................. 145
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 145
2 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR ................................................................................. 145
3 DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES .......................................................................... 147
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 151
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 154
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 155
UNIDADE 3 – TUTELAS JURÍDICAS ............................................................................................. 157
TÓPICO 1 – TUTELA CIVIL .............................................................................................................. 159
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 159
2 DA QUALIDADE DOS PRODUTOS E SERVIÇOS .................................................................. 159
3 DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR PELO FATO DO PRODUTO E DO 
SERVIÇO ............................................................................................................................................. 160
XI
3.1 DO PRAZO PARA REPARAÇÃO ....................................................................................... 162
4 RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ................................. 162
4.1 DA GARANTIA LEGAL E CONTRATUAL ................................................................... 165
4.1.1 Garantia do fornecedor ....................................................................................................... 165
4.1.2 Dos prazos de reclamação .................................................................................................. 166
4.1.3 Da prescrição e da decadência ........................................................................................... 166
4.2 RECALL ........................................................................................................................................ 167
5 PRÁTICAS COMERCIAIS .............................................................................................................. 168
5.1 DA OFERTA ............................................................................................................................... 168
5.2 DA PUBLICIDADE ................................................................................................................. 169
5.2.1 Publicidade enganosa ......................................................................................................... 169
5.2.2 Publicidade abusiva ............................................................................................................ 170
5.2.3 Responsabilidades em caso de publicidade enganosa ou abusiva ............................... 170
5.3 DAS PRÁTICAS ABUSIVAS ................................................................................................ 170
5.3.1 Da cobrança de dívidas ....................................................................................................... 174
5.3.2 Banco e cadastros de dados ................................................................................................ 174
6 DA PROTEÇÃO CONTRATUAL ................................................................................................... 176
6.1 DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS ............................................................................................ 176
6.2 REVISÃO CONTRATUAL .................................................................................................... 178
6.3 DOS CONTRATOS DE ADESÃO ....................................................................................... 178
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 181
TÓPICO 2 – TUTELA ADMINISTRATIVA .................................................................................... 183
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 183
2 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR ...................................................... 183
3 PRÁTICAS INFRATIVAS ................................................................................................................ 186
4 SANÇÕES ADMINISTRATIVAS................................................................................................... 187
5 COMPROMISSODE AJUSTAMENTO DE CONDUTA ........................................................... 190
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 191
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 192
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 193
TÓPICO 3 – TUTELA PENAL ............................................................................................................ 195
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 195
2 DIREITO PENAL DO CONSUMIDOR ........................................................................................ 195
3 DOS CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO ....................................................... 196
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 201
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 202
TÓPICO 4 – TUTELA JURISDICIONAL ......................................................................................... 203
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 203
2 DA ATUAÇÃO DO CONSUMIDOR EM JUÍZO ........................................................................ 203
2.1 AÇÕES DE OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER ............................................ 205
2.2 AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR DE 
 PRODUTOS E SERVIÇOS ..................................................................................................... 205
2.3 AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA ...................................................................... 205
3 O ÔNUS DA PROVA ........................................................................................................................ 206
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 207
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 208
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 209
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 211
XII
1
UNIDADE 1
DIREITO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender as formas de como se estabelecem as obrigações comerciais 
utilizando-se da visão sistêmica do Direito Empresarial; 
• identificar as relações comerciais e empresariais, com suas respectivas 
obrigações, a ponto de facilitar no seu dia a dia profissional.
Esta unidade está dividida em seis tópicos. Ao final de cada um deles você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL 
TÓPICO 2 – CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL
TÓPICO 3 – DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA 
TÓPICO 4 – DA SOCIEDADE ANÔNIMA
TÓPICO 5 – TÍTULOS DE CRÉDITO
TÓPICO 6 – RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
 DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
1 INTRODUÇÃO
O comércio nasceu da própria necessidade dos seres humanos 
conviverem harmoniosamente na sociedade. O seu desenvolvimento deveu-
se, inequivocamente, ao surgimento da moeda, pois, com seu uso, as riquezas 
começaram a circular muito mais rapidamente, pois o seu transporte tornou-se 
muito mais simples e prático do que transportar mercadorias para troca.
Nasceu, assim, a economia de mercado e, com ela, a figura do comerciante, 
que se coloca entre o produtor e o consumidor, ou seja, torna-se aquele que compra 
e vende mercadorias, cujas diferenças de valores atingem seu objetivo: o lucro.
A evolução dos conceitos levou à remodelação do Direito Comercial. 
Ou seja, no auge da Segunda Guerra Mundial, com o advento do Código Civil 
Italiano, unificou-se o direito privado, juntando em uma única codificação o 
Direito Civil e o Direito Comercial, dando origem ao que chamamos, atualmente, 
de Direito Empresarial.
2 SURGIMENTO DO COMÉRCIO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Se nós fizermos uma breve pesquisa aos achados pré-históricos, veremos 
que os homens viviam em completa bruteza, aproximando-se do estado irracional, 
vagando em famílias ou em bandos, comandados por um chefe, em constante 
combate pela sobrevivência. 
Nessa forma primitiva de sociedade, devido à agressividade então 
reinante, não havia ambiente propício para que se desenvolvesse o fenômeno 
que, hoje, chamamos de comércio.
Após muitos séculos, a humanidade chegou ao entendimento de que 
cada ser humano necessitou do seu semelhante para pôr em execução grandes 
expedições de caça e para defender-se de animais, conforme nos dá notícias a 
Paleontologia.
Os estudos históricos demonstram que os grupos menos agressivos foram 
se aproximando cada vez mais, e passaram a se juntar em torno de templos e 
outros lugares considerados sagrados, para a celebração de eventos festivos e 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
4
religiosos. Em decorrência desses encontros, começou a ganhar espaço a concepção 
de trocarem, uns com os outros aqueles bens que lhes eram desnecessários ou 
excedentes.
E foi assim que surgiu o que podemos considerar a forma embrionária do 
comércio: a troca direta.
Mas as negociações realizadas pela simples troca eram muito limitadas. 
O possuidor de determinado produto tinha de encontrar alguém que detinha 
aquele outro bem de que ele precisava, na qualidade e na quantidade desejada. 
Porém, havia o problema em determinar o valor dos bens a serem trocados.
Era preciso, portanto, achar um meio que permitisse uma facilitação nas 
trocas e simplificasse o cálculo das mercadorias a serem trocadas, ou seja, algo 
que fosse tanto um instrumento de troca e medida comum de valor, além de ser 
facilmente transportável.
Não demorou muito para que tal elemento, chamado moeda, surgisse.
Desde que surgiu a moeda, mesmo em sua forma rudimentar e primitiva, 
medindo e determinando valores, sobrepondo a troca direta, iniciou-se uma 
nova atividade: a dos intermediários entre o produtor e o consumidor, ou seja, 
a atividade do comerciante, cujo trabalho passou a ser exercido habitualmente, 
com intuito de lucro.
Na Idade Antiga, povos primitivos, como os fenícios, destacaram-se pelo 
exercício da atividade comercial, porém sem poder ainda falar-se na existência de 
um direito comercial, com regras e princípios próprios.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a)! Rodrigues (2004, p. 15) explica sobre o assunto:
O comércio desenvolveu-se em larga escala entre as civilizações 
primitivas, mas, a despeito disso, não se pode afirmar, pela escassez 
de elementos históricos, haver nas remotas sociedades um direito 
autônomo, com princípios, normas e institutos sistematizados, voltado 
à regulamentação da atividade mercantil.
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
5
Foi durante a Idade Média, contudo, que o comércio já atingira um nível 
mais avançado, e já era uma característica de praticamente todos os povos. É neste 
período da história que se costuma apontar o surgimento do Direito Comercial, 
juntamente com o renascimento das cidades (burgos) e, principalmente, do 
comércio marítimo. Surgem as chamadas Corporações de Ofício, quelogo 
assumiram relevante papel na sociedade da época, conseguindo obter, inclusive, 
uma certa autonomia em relação à nobreza feudal.
Esta primeira fase do Direito Comercial compreende os usos e 
costumes mercantis, observados na disciplina das relações jurídico-comerciais. 
E na elaboração deste direito não havia ainda nenhuma participação do Estado. 
Cada corporação tinha seus próprios usos e costumes, e os aplicava através de 
cônsules, que eram os magistrados escolhidos/eleitos pelos próprios associados 
para reger as relações entre os seus membros. Daí por que alguns autores usam 
a expressão “codificação privada” do Direito Comercial.
FONTE: Adaptado de: <http://conhecendodireitos.blogspot.com.br/2011/11/direito-comercial-
-ou-direito.html>. Acesso em: 18 fev. 2013.
IMPORTANT
E
Ainda sobre a primeira fase do Direito Comercial, Requião (2003, p. 10-11) 
esclarece:
É nessa fase histórica que começa a se cristalizar o Direito Comercial, 
deduzido das regras corporativas e, sobretudo, dos assentos 
jurisprudenciais das decisões dos cônsules, juízes designados 
pela corporação para, em seu âmbito, dirimirem as disputas entre 
comerciantes. Diante da precariedade do direito comum para 
assegurar e garantir as relações comerciais, fora do formalismo que o 
direito romano remanescente impunha, foi necessário, de fato, que os 
comerciantes organizados criassem entre si um direito costumeiro, 
aplicado internamente na corporação por juízes eleitos pelas suas 
assembleias: era o juízo consular, ao qual tanto deve a sistematização 
das regras do mercado. 
Outra característica marcante desta fase inicial do Direito Comercial é 
o seu caráter subjetivista, ou seja, era o direito dos membros das corporações. 
Comentando o assunto, Coelho (2003, p.13) assim se manifesta: “Resultante da 
autonomia corporativa, o Direito Comercial de então se caracteriza pelo acento 
subjetivo e somente se aplica aos comerciantes associados à corporação. [...] 
Adota-se, assim, um critério subjetivo para definir seu âmbito de incidência”. 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
6
Desse modo, era necessário que uma das partes de determinada relação 
fosse comerciante para que fosse a mesma disciplinada pelo Direito Comercial - 
ius mercatorum -, em detrimento dos demais direitos. 
As fontes do ius mercatorum eram os estatutos das corporações 
mercantis, o costume mercantil e a jurisprudência da cúria dos 
mercadores. [...] O costume nascia da constante prática contratual dos 
comerciantes: as modalidades consideradas vantajosas convertiam-
se em direito; as cláusulas contratuais transformavam-se, uma 
vez generalizadas, no conteúdo legal dos contratos. Por último, os 
comerciantes designados pela corporação compunham os tribunais 
que decidiam as controvérsias comerciais. (GALGANO, 1990, p. 40).
Sobre o ius mercatorum, Galgano (1990, p. 39) muito bem destaca:
O ius mercatorum nasce, portanto, como um direito diretamente criado 
pela classe mercantil, sem a mediação da sociedade política; nasce 
como um direito imposto em nome de uma classe, e não em nome 
da comunidade no seu conjunto. É imposto aos eclesiásticos, aos 
nobres, aos militares, aos estrangeiros. Pressuposto da sua aplicação é 
o mero fato de se haverem estabelecido relações com um comerciante.
Por fim, é interessante notar a revolução que o Direito Comercial, nesta 
fase, provocou na doutrina contratualista, rompendo com a teoria contratual, 
até o momento disciplinada pelo direito romano. Isto ocorreu em Roma, com 
os ideais de segurança e estabilidade da classe dominante, atrelando o contrato 
ao instituto da propriedade. O contrato era apenas um instrumento através do 
qual se adquiria ou se transferia a propriedade de uma coisa.
FONTE: Adaptado de: <pt.scribd.com/.../Andre-Luiz-Santa-Cruz-Ramos-Direito-Empresarial-
-...>.Acesso em: 18 fev. 2013.
Esta concepção de estabilidade das relações jurídicas pelo contrato, inerente 
ao direito romano, obviamente, entrava em choque com os ideais da classe mercantil 
em ascensão, que tinha preferência oposta, ou seja, pela mudança, pela instabilidade, 
ganhando espaço o princípio da liberdade na forma de celebração dos contratos.
DICAS
Estimado (a) acadêmico(a)!
Após tanta informação, para descansarmos um pouco, convido-o(a) para assistir a um filme 
chamado “O Mercador de Veneza”, lançado no ano de 2004 e estrelado pelo ator Al Pacino. 
Este está baseado numa peça de William Shakespeare que foi escrita entre os anos de 1594 
e 1597 e retrata muito bem a primeira fase do Direito Comercial.
Vale a pena ver!
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
7
Com o fim do período medieval, surgem no cenário geopolítico mundial os 
grandes Estados Nacionais Monárquicos que, representados na figura do monarca 
absoluto, vão submeter os seus súditos, incluindo a classe dos comerciantes, a um 
direito posto através do controle estatal das relações comerciais, que outrora eram 
reguladas por parte dos próprios mercadores, através das corporações de ofício 
e seus juízos consulares.
Tal assim foi que, em 1804 e 1808, respectivamente, foram editados na França 
o Código Civil e o Código Comercial, inaugurando assim a segunda fase do Direito 
Comercial, marcado por um sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as 
relações jurídico-comerciais.
2.1 A CODIFICAÇÃO NAPOLEÔNICA E A TEORIA DOS 
ATOS DE COMÉRCIO
IMPORTANT
E
Prezado(a) acadêmico(a)!
Sobre este período da história do comércio, Galgano (1990, p. 43) relata que: “A classe 
mercantil deixa de ser artífice do seu próprio direito. O Direito Comercial experimenta uma 
dupla transformação: o que foi direito de classe transforma-se em direito do Estado; o que 
foi direito universal converte-se em direito nacional”.
A codificação napoleônica divide claramente o direito privado: de um 
lado, o Direito Civil, regido pelo Código Civil, um corpo de leis que atendia aos 
interesses da burguesia fundiária, pois estava centrado no direito de propriedade; 
e de outro, o Direito Comercial, regulado pelo Código Comercial, que seguia o 
espírito da burguesia comercial e industrial, valorizando a riqueza mobiliária.
A divisão do direito privado em duas grandes partes cria a necessidade de 
estabelecimento de um critério que delimitasse a incidência de cada uma destas 
legislações nas diversas relações ocorridas no dia a dia dos cidadãos. Para tanto, 
criou-se a Teoria dos Atos de Comércio, que tinha como atribuição principal 
aplicar as normas do Código Comercial a quem praticasse os denominados “atos 
de comércio”.
Por outro lado, não envolvendo a relação jurídica à prática destes atos, 
seria ela regida então pelas normas do Código Civil. 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
8
DICAS
 Caro(a) acadêmico(a)! Como sugestão de leitura, para maior 
aprofundamento do tema convido à leitura da obra: 
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2003. 
A partir da página 7, o autor retrata de modo claro e sucinto essas 
mudanças ocorridas no Direito Comercial, no início do século XIX, na 
França, o que acabou originando a divisão do direito privado em dois 
códigos: o Código Civil e o Código Comercial (Code de Commerce). 
Contudo, o sistema francês passou a apresentar deficiências, uma vez 
que trazia dificuldades ao intérprete da lei, ao avaliar a aplicabilidade do Direito 
Comercial ou do Direito Civil no caso concreto, até pela própria ausência de uma 
definição satisfatória do que são atos de comércio.
 
A demais, outras atividades econômicas, tão importantes quanto o comércio, 
não se encontravam na enumeração legal dos atos de comércio. Algumas delas 
desenvolveram-se posteriormente, como, por exemplo, a prestação de serviços.
Há ainda outras delas, como bematesta Coelho (2003, p. 15-16):
A exclusão da negociação de imóveis do âmbito de incidência do Direito 
Comercial pelo Code de Commerce - que não se reproduz em outras 
legislações adeptas da Teoria dos Atos de Comércio, a exemplo do 
código italiano de 1882, é, por vezes, relacionada a um caráter sacro de 
que se revestiria a propriedade imobiliária ou pela tardia distinção entre 
circulação física e econômica dos bens. Porém, esta exclusão só pode ser 
satisfatoriamente explicada à luz de considerações políticas e históricas, 
ou seja, a partir da necessidade de a burguesia francesa preservar a sua 
identidade na luta contra o feudalismo.
Outro problema detectado na época, em virtude da aplicação da Teoria 
dos Atos de Comércio, referia-se aos chamados atos mistos, ou seja, aqueles 
que eram comerciais para apenas uma das partes (na venda de produtos aos 
consumidores, por exemplo, o ato era comercial para o comerciante vendedor 
e civil para o consumidor adquirente). Nestes casos, aplicavam-se as normas 
do Código Comercial para a solução de eventual litígio. Por esta razão, alguns 
estudiosos denunciaram o retorno ao corporativismo do direito mercantil, como 
na época de vigência das chamadas corporações de ofício, fazendo o cidadão se 
submeter às normas distintas em razão, simplesmente, da qualidade da pessoa 
com quem contratava.
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
9
Apesar da existência de tais críticas, a teoria francesa dos atos de comércio 
foi adotada por quase todas as codificações mercantis modernas, inclusive a do 
Brasil, através do Código Comercial de 1850.
Contudo, em virtude do modelo francês não abranger atividades 
econômicas tão ou mais importantes que o comércio de bens, tais como: a 
prestação de serviços, a agricultura, a pecuária e a negociação imobiliária. Tal 
fato fez surgir um novo critério, mais de cem anos após a edição dos códigos 
napoleônicos e em plena Segunda Guerra Mundial.
2.2 O CÓDIGO CIVIL ITALIANO DE 1942 E A TEORIA DA 
EMPRESA
Em 1942, a Itália editou um novo Código Civil, trazendo um novo sistema 
delimitador da incidência do regime jurídico comercial: a teoria da empresa.
 Além disso, o Código Civil Italiano promoveu uma unificação formal do 
direito privado, disciplinando, em uma única lei, as relações civis e comerciais. 
O Direito Comercial entrou, assim, na sua terceira fase, passando a adotar o 
conceito da empresarialidade.
Na teoria da empresa, o Direito Comercial não se limita a regular apenas 
as relações jurídicas em que ocorra a prática de um determinado ato definido em 
lei como ato de comércio, ou com alguns atos, mas com uma forma específica de 
exercer uma atividade econômica: a forma empresarial.
Vejamos ainda o ensinamento de Bulgarelli (2000, p. 19): “Nos dias 
que correm, transmudou-se (o Direito Comercial) de mero regulador dos 
comerciantes e dos atos de comércio, passando a atender à atividade sob a forma 
de empresa, que é o atual fulcro do Direito Comercial”.
Assim, restou superada a dificuldade existente na teoria francesa, 
passando a teoria da empresa a enquadrar qualquer atividade econômica, desde 
que exercida profissionalmente e destinada a produzir ou fazer circular bens ou 
serviços.
2.3 O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL
No Brasil Colônia, o Direito Comercial Brasileiro estava intrinsecamente 
ligado ao Direito Português. Foi somente em 18 de agosto de 1769, através da 
edição da Lei da Boa Razão, que foi permitida a aplicação de leis e normas de 
nações cristãs para resolver litígios de natureza mercantil.
Assim, ao longo da história brasileira, o ramo do Direito Empresarial já 
recebeu três diferentes denominações: 
 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
10
1- Direito Mercantil: sendo o primeiro nome usado a partir de 1553, quando 
surgiu a primeira obra sobre o assunto, através dos jesuítas. 
 
2 - Direito Comercial: foi o segundo, adotado a partir da publicação da Lei nº 556, 
de 25 de junho de 1850, qual seja, o Código Comercial Brasileiro.
3 - Direito Empresarial: seu nome atual, que passou a ser empregado mediante 
a publicação da Lei nº 10.406, em 10 de janeiro de 2002, o atual Código Civil, 
que revogou a Primeira Parte (Arts. 1º a 456) do Código Comercial. 
Assim, o Código Civil de 2002 unifica parcialmente o Direito Comum e o 
Direito Comercial, da mesma forma que o Código Civil Italiano, trazendo em seu 
âmago o denominado “Direito de Empresa”. 
Quanto à denominação no Brasil, de uma forma bem resumida podemos 
afirmar que, ao longo da história, o Direito Empresarial já recebeu três diferentes 
denominações:
FIGURA 1 - DENOMINAÇÕES DO DIREITO COMERCIAL
FONTE: O autor 
2ª - Direito 
Comercial
(1850 – com 
a entrada em 
vigor do Código 
Comercial).
1ª - Direito 
Mercantil
(1553 – primeira 
obra sobre a 
matéria – Padres 
Jesuítas).
3ª - Direito Empresarial
Nomenclatura atual, desde 
2002, com a publicação do 
Código Civil, que revogou 
o Livro I do Código 
Comercial
TÓPICO 1 | DADOS HISTÓRICOS DO DIREITO EMPRESARIAL
11
FIGURA 1 - DENOMINAÇÕES DO DIREITO COMERCIAL
FONTE: O autor 
LEITURA COMPLEMENTAR
DIREITO EMPRESARIAL
Luiz Braz Mazzafera
Pela primeira vez, de certa feita, dois seres humanos trocaram bens entre 
si. Nessa primeira troca, observam-se claramente dois aspectos: um social e outro 
econômico. O aspecto social decorre da utilização mútua dos objetos permutados, 
e o econômico, o primeiro passo dado no sentido de fazer circular riquezas. Da 
generalização desse hábito de permutar bens nasceu a economia de troca ou 
escambo.
Nos primórdios da fundação de Roma, cidade que virá a tornar-se um dos 
grandes centros do poder e da cultura da humanidade, o comércio era proibido 
aos cidadãos. Já ao tempo de Numa, os comerciantes se uniam em corporações, 
embora a agricultura continuasse a ser considerada profissão honrosa do cidadão 
romano.
A evolução impôs, por final, o conceito Commercium est emendi 
vendedique invicem jus (o comércio é o direito de comprar e vender mutuamente). 
O desenvolvimento do comércio deveu-se inequivocamente ao surgimento 
da moeda, porque, com seu uso, as riquezas começaram a circular muito mais 
rapidamente e o transporte de moedas é muito mais simples e prático do que 
transportar mercadorias para troca.
Nasceu, assim, a economia de mercado, e com ela a figura do comerciante, 
que se coloca entre o produtor e o consumidor, ou seja, torna-se aquele que 
compra e vende mercadorias e de cujas diferenças de valores atinge seu objetivo: 
o lucro.
 
A palavra comércio tem sua origem no latim, composta de cum (preposição) 
e de merx (substantivo), de onde, comércio, comerciar, comercial e comerciante.
A economia de mercado referida, cada vez mais ágil e dinâmica, passa 
a exigir proteção àqueles que dela participavam. Surgem, então, as regras, 
obrigações, direitos e penalidades e, como seria natural, o Direito Comercial.
 
Com todo este lastro histórico, chegamos à Idade Média, quando, então, o 
Direito Comercial floresce, notadamente na Itália. A maioria dos autores acorda 
que nesta época se encontram os primórdios, as origens reais, dos títulos de 
crédito, quando, em face dos riscos decorrentes dos roubos durante o transporte 
de dinheiro e de outros valores, surge a necessidade da transferência desse 
encargo a terceiros.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
12
Significa isso a troca (câmbio) de dinheiro presente (pecúnia proesenti), 
no ato, com dinheiro ausente, futuro (pecúnia absenti) e, nessa troca de valor 
presente com o valor futuro, era essencial a existência de uma distância entre 
os locais da entregae do recebimento (distancia loci). Sem esta distância, que 
necessariamente implicava risco, o câmbio era considerado um empréstimo 
usurário e, como tal, condenado pelas leis eclesiásticas.
Em 1808 começa a vigorar o Código de Napoleão e, posterior a ele, firma-se 
o Liberalismo Econômico, segundo o qual até pessoas não comerciantes podiam 
responder judicialmente por atos de comércio.
Finalmente, vamos nos referir ao que já é uma aceitação unânime, ou seja, 
não mais falar-se em Direito Comercial e sim em Direito Empresarial, denominação 
muito mais abrangente, uma verdadeira imposição de nosso tempo.
Exige-se, hoje, a inclusão, entre as atribuições decorrentes do exercício 
do comércio e da indústria, de obrigações pertinentes às leis do trabalho, da 
previdência social, da saúde do transporte, do seguro, etc.
Fala-se, então, no Direito Empresarial, o qual abrange as disciplinas de 
Direito Comercial, de Direito Tributário, de Direito Previdenciário, estendendo-se 
até parte do Direito Civil, notadamente no capítulo dos contratos e da insolvência 
civil.
No sistema em que se vive, sistema capitalista, a parte central da atividade 
econômica é ocupada pela empresa, e nela fulgura o empresário, cujo objetivo 
principal é o lucro. Com este lucro, o empresário faz reaplicações e reinvestimentos 
geradores de mais empregos, mais arrecadação de impostos, maior e melhor 
consumo através da livre concorrência, resultando isto tudo, como consequência, 
na melhoria de vida da população.
Em resumo, o verdadeiro empresário é um decisivo fator de progresso 
e bem-estar social, cabendo-lhe, ainda, o inteiro risco por todas as iniciativas 
tomadas. Aliás, saliente-se, o risco lhe é inerente, pois que, nas atividades 
comerciais e industriais, é o empresário o único cidadão contemplado com a 
falência. 
 
Dentro desta concepção, mercê, portanto, ao verdadeiro empresário, todo 
respeito pelo patriótico trabalho que desempenha. 
FONTE: MAZZAFERA, Luiz Braz. Notas introdutórias do Capítulo I. In: Curso Básico de Direito 
Empresarial. Bauru: EDIPRO, 2003. 
13
Neste tópico você viu que:
• O Direito Empresarial de hoje, na forma adotada pelo Direito brasileiro, é 
originado de uma evolução histórica, marcada por três fases:
• A primeira fase atingiu o seu auge na Idade Média, com o surgimento 
do D ireito Comercial, juntamente com o renascimento das cidades e 
principalmente do comércio marítimo, quando surgiram as chamadas 
Corporações de Ofício.
• A segunda fase, tendo como marco inicial os anos de 1804 e 1808, quando, 
respectivamente, foram editados na França o Código Civil e o Código Comercial, 
um sistema jurídico estatal destinado a disciplinar as relações jurídico-
comerciais.
• A terceira fase, que iniciou em 1942, na Itália, com a edição de um novo 
Código Civil, trazendo a teoria da empresa, unindo formalmente o direito 
privado, disciplinando, em uma única lei, as relações civis e comerciais.
RESUMO DO TÓPICO 1
14
Considerando a Leitura Complementar ao final deste tópico, respondam em 
grupo às seguintes questões:
1 Explique os aspectos social e econômico das primeiras trocas de objetos.
2 Como nasceu a economia de mercado?
3 Por que se diz que o desenvolvimento do comércio deveu-se inequivocamente 
ao surgimento da moeda?
4 O que poderá ser apontado atualmente como o foco da atividade econômica?
5 Aponte o principal objetivo da atividade do empresário. 
6 Explique a afirmação do autor de que “o verdadeiro empresário é um 
decisivo fator de progresso e bem-estar social”.
AUTOATIVIDADE
15
TÓPICO 2
CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Com a publicação do Código Civil Brasileiro em 2002, não mais se utiliza 
a denominação “Direito Comercial”, mas sim “Direito Empresarial”. Neste 
tópico estudaremos o conceito deste importante ramo do Direito Civil e também 
as condições necessárias para ser empresário. 
Também serão analisadas neste tópico as quatro condições para 
caracterizar o empresário, as quais são:
• O exercício de atividade econômica.
• Atividade organizada.
• Profissionalismo 
• A finalidade do lucro.
Vamos em frente?
2 CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL
O Direito Empresarial é um ramo do Direito Privado que “disciplina sobre 
a vida do empresário e das empresas, com nova estrutura aos diversos tipos de 
sociedades empresariais contidas no novo Código Civil”. (OLIVEIRA, 2003, p. 
111).
Assim, o Direito Empresarial é um ramo do Direito Privado que consiste 
de um conjunto de normas referentes à pessoa do empresário, seja ele individual 
ou coletivo, disciplinando sua atividade, economicamente organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços, de forma a atender ao mercado 
consumidor.
3 O EMPRESÁRIO 
Como o Direito Empresarial é relativo à pessoa do empresário, 
abordaremos a seguir os principais aspectos a ela relacionados e relevantes para 
melhor estudo do Direito Empresarial. 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
16
3.1 CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
Na nova modalidade legislativa adotada pelo Direito brasileiro, sempre 
que alguém explora atividade econômica privada para habitual exercício da 
produção ou circulação de bens ou de serviços, é considerado um empresário. 
Este exerce sua atividade através do estabelecimento comercial ou industrial, do 
qual é o titular e no qual se encontram os bens para o seu comércio ou para sua 
indústria. 
Contudo, para o empresário exercer sua atividade é preciso um mínimo 
de organização dos fatores da produção de bens ou de serviços para o mercado 
em geral. 
IMPORTANT
E
Vejamos o conceito dado pelo Artigo 966 do Código Civil Brasileiro: “Considera-
se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços”.
Em decorrência do conceito dado pelo código civilista, são identificadas 
quatro condições para caracterizar o empresário:
1. Exercício de atividade econômica: consiste na geração de riqueza através 
da produção e circulação de bens ou serviços. A sua função essencial é a de 
produzir bens ou serviços para atender ao mercado de consumo.
2. Atividade organizada: o empresário é aquele que organiza a empresa, 
articulando os três fatores da produção: capital, trabalho e tecnologia. Neste 
entendimento, considera-se que alguém dirige e ordena o trabalho próprio 
ou de terceiras pessoas e organiza bens de capital, que também podem ser 
próprios ou de terceiros, para exercer determinada atividade econômica.
3. Profissionalismo: é o exercício da atividade econômica de forma habitual, de 
forma pessoal ou por sua conta, com o objetivo de lucro. Pessoas que agem em 
nome do empresário são apenas seus prepostos ou auxiliares.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
17
4. Finalidade do lucro: a finalidade do lucro é o quarto elemento do conceito 
de empresário. O Código Civil menciona apenas atividade econômica, sem 
referir-se expressamente ao objeto lucrativo. No entanto, interpretando-
se sistematicamente o Código Civil, verifica-se que a atividade econômica 
significa, na realidade, atividade com fim lucrativo.
FONTE: Adaptado de: <www.cursomarcato.com.br/admin/mod.../oempresrionocdigocivil.do...>. 
Acesso em: 19 fev. 2013.
Portanto, o empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada, através do estabelecimento empresarial, para o efetivo 
exercício da produção ou circulaçãode bens ou de serviços. Ou seja, é o titular 
da empresa, que possui a iniciativa da sua criação e que a dirige, correndo o risco 
inerente à atividade empresarial.
FIGURA 2 - CONDIÇÕES PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO
FONTE: O autor (2012), com base na legislação. 
Condições para 
caracterização do 
empresário
Profissionalismo
Finalidade do 
lucro
Atividade 
organizada
Exercício de 
atividade 
econômica
Do conceito de empresário são excluídos aqueles que exercem profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o auxílio de 
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, 
conforme determina o parágrafo único do art. 966, a saber:
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de 
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento 
de empresa.
Desta forma, o legislador estabelece que os que exercem atividade 
econômica de natureza intelectual não são considerados empresários, como, por 
exemplo, os profissionais liberais.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
18
3.2 REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO 
EMPRESÁRIO
Além do exercício da atividade econômica organizada, do profissionalismo 
e do fato de visar ao lucro, há o requisito da inscrição do empresário no Registro 
Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, o qual o próprio 
Código Civil determina a observância desta regra.
IMPORTANT
E
Vejamos o art. 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Essa inscrição concede o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo 
Estado ou do próprio Distrito Federal, conforme determina o art. 1.166 do CC: A 
inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas, ou as respectivas 
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites 
do respectivo Estado.
Assim, antes de iniciar a atividade empresarial, é obrigatória a inscrição, 
que é feita na sede do órgão responsável pela inscrição, notadamente no Estado 
onde está a sede da empresa, mediante requerimento que contenha:
1. o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de 
bens;
2. a firma, com a respectiva assinatura;
3. o capital;
4. o objeto e a sede da empresa.
O artigo 971 do Código Civil garante tratamento favorecido, diferenciado 
e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário (art. 971 do CC). 
Por sua vez, o empresário individual que deseja abrir uma filial, sucursal 
ou agência em outro Estado da Federação ou no Distrito Federal, deverá também, 
primeiramente, providenciar a averbação no respectivo Registro Público de 
Empresas Mercantis daquela jurisdição.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
19
UNI
É o que determina o artigo 969 do Código Civil e seu parágrafo único: 
O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro 
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da 
inscrição originária.
Parágrafo único: Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá 
ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. (BRASIL, 2013).
Agora que você já entendeu as condições para que alguém seja considerado 
empresário, vamos conhecer as espécies de empresário que existem em nosso 
ordenamento: empresário individual e empresários reunidos na forma de 
sociedade de pessoas, a qual denominamos de sociedade empresária.
3.3 TIPOS DE EMPRESÁRIO
No Direito Empresarial Brasileiro há dois tipos de empresários:
1 Empresário Individual.
2 Empresário na forma de sociedade de pessoas (sociedade empresária).
Como mencionamos acima, no Direito Empresarial Brasileiro há dois tipos de 
empresários:
 O empresário individual: que é representado pela pessoa física, através 
de seu nome civil, completo ou abreviado. Quando for uma pessoa física, o 
empresário deverá ter plena capacidade civil e estar legalmente livre para praticar 
atividades empresariais. 
O segundo tipo de empresário é o organizado na forma de sociedade de 
pessoas (sociedade empresária). Quando se tratar de uma sociedade de pessoas, 
os atos empresariais serão praticados em nome da pessoa jurídica. 
Vejamos cada um destes tipos, em separado.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
20
3.4 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Como visto, o empresário é a pessoa que organiza uma atividade 
econômica a fim de produzir ou fazer circular bens ou serviços. Contudo, tal 
exercício realizado na pessoa física, de forma única e exclusiva, recebe o nome de 
“individual”.
Portanto, o empresário individual é a própria pessoa física, que utiliza o 
seu próprio nome no exercício de sua atividade empresarial. 
IMPORTANT
E
É o que determina o art. 1.156 do Código Civil: 
O empresário opera sob firma constituída por seu nome completo 
ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua 
pessoa ou do gênero de atividade. (BRASIL, 2013). 
Por outro lado, “firma” é o nome que este empresário adota para ser 
conhecido na sua atividade empresarial. Em consequência, a firma individual 
utilizada pela pessoa física em seu estabelecimento empresarial não pode ser 
diferente da forma de seu nome civil. 
Portanto, denomina-se o empresário individual a pessoa física capaz, 
que atua em seu próprio nome civil, abreviado ou completo e que explora 
com habitualidade (profissionalmente) atividade econômica organizada para a 
produção de bens ou de serviços, tendo como objetivo o lucro.
Contudo, a lei não considera empresário individual quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com 
o auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento 
de empresa. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.univercidade.br/cursos/graduacao/direito/pdf/sumulasde-
aulas/TEORIA_GERAL_DO_DIREITO_CIVIL.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2013.
Ou seja, se esses profissionais constituírem uma sociedade, uma empresa 
para explorar sua atividade, como no caso de sociedade de advogados, de médicos, 
de engenheiros, de contadores, passam a ser considerados também empresários.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
21
3.4.1 Composição de firma individual
O já mencionado artigo 1.156 do Código Civil permite ao empresário 
individual o uso de seu nome civil, completo ou abreviado, e, se desejar, a adição de 
determinado qualificativo que melhor o identifique, ou que realce sua atividade.
Assim, a firma, o nome pelo qual o empresário passa a ser conhecido, 
será sempre o próprio nome civil do titular da empresa, podendo adotar o nome 
abreviado, mas mantendo o sobrenome. Portanto, um empresário que se chama 
José dos Anzóis poderá ter como firma José dos Anzóis ou J. Anzóis. Esse nome 
poderá, ainda, ser acrescido de uma palavra capaz de identificar a si próprio ou 
a sua atividade, especialmente nos casos em que já existir cadastrado na Junta 
Comercial um nome empresarial idêntico.
Se, por exemplo, o empresário for um indivíduo magro, poderá adotar a 
firma J. Anzóis, o magrela. Mas se for atividade de açougue, poderá utilizar na 
firma o nome J. Anzóis, o açougueiro.
IMPORTANT
E
O próprio parágrafo único do art. 1.163 do Código Civil determina que o nome 
de empresário individual deve ser distinto de qualquer outro já inscrito no mesmo registro: 
“Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação 
que o distinga”. (BRASIL, 2013).
3.4.2 Da capacidade para a atividade de empresário 
individual
Para iniciar a exploração de atividadeempresarial, a capacidade da pessoa 
é condição essencial para que o negócio jurídico seja válido. Se praticado por 
pessoa incapaz civilmente, não será juridicamente válido.
IMPORTANT
E
Assim dispõe o Art. 972 do C.C.: “Podem exercer atividade de empresário os que 
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. (BRASIL, 
2013).a
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
22
3.4.3 Requisitos para o exercício da atividade de 
empresário individual
De acordo com o artigo anteriormente citado, são dois os requisitos para 
o exercício da atividade empresarial:
1. Capacidade para o exercício da profissão.
2. Não estar legalmente impedido de exercer sua atividade.
 
Neste sentido, podem ser empresários aquelas pessoas que estiverem 
no pleno gozo da capacidade civil, que são os maiores de 18 anos. Em resumo: 
atualmente, os maiores de 18 anos de idade, que não forem legalmente impedidos, 
podem ser empresários individuais.
Como a atividade empresarial implica a prática de negócios jurídicos, é 
fundamental que quem os realize esteja em pleno gozo da capacidade civil. As 
pessoas têm capacidade plena com 18 anos completos e os emancipados.
 Não têm capacidade civil os absolutamente e os relativamente incapazes, 
nos termos da legislação civil.
3.4.3.1 Absolutamente incapazes
O art. 3º do C.C. enumera os absolutamente incapazes:
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida 
civil: 
I – Os menores de dezesseis anos. 
II – Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos. 
III – Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade. (BRASIL, 2013).
Por conseguinte, a lei civil não admite que o absolutamente incapaz exerça 
atividade empresarial. Contudo, há exceções à regra dada pelo artigo 974 do 
Código Civil:
Poderá, o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, 
continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo 
autor de herança. (BRASIL, 2013).
Continua o artigo em seu parágrafo 1º:
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
23
Nos casos deste artigo, procederá autorização judicial após exame das 
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em 
continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os 
pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem 
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. (BRASIL, 2013).
 
Assim, o exercício empresarial pelo incapaz, mesmo sua continuidade da 
atividade antes exercida por ele mesmo, quando era capaz, poderá ser realizado 
quando autorizado por ordem judicial, com a assistência de seus pais, pelo autor 
da herança ou por representante legal. 
Contudo, ficam protegidos dos riscos da atividade empresarial os bens 
que o incapaz já possuía ao tempo da sucessão ou da interdição, nos termos do 
artigo 974, parágrafo 2º do Código Civil.
3.4.3.2 Relativamente incapazes 
O art. 4.º do Código Civil enumera os relativamente incapazes: 
São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de exercê-los: 
 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
 
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV – os pródigos. (BRASIL, 2013).
As considerações descritas em relação ao absolutamente incapaz valem 
também para o relativamente incapaz.
3.4.3.3 Emancipação
Antes de completar 18 anos de idade, pode o menor tornar-se plenamente 
capaz. É o que se verifica por meio da emancipação, conforme determina o artigo 
5º do Código Civil, em seu parágrafo único:
Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou 
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos 
completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
24
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de 
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis 
anos completos tenha economia própria. (BRASIL, 2013).
 
O emancipado continua menor, mas se torna capaz para o exercício da 
atividade empresarial. Evidentemente, se o menor se estabelecer sem economia 
própria, necessitará da autorização paterna ou materna para obter a emancipação.
3.4.3.4 Dos impedimentos ao exercício da atividade 
empresarial
O Direito Brasileiro enumera as pessoas impedidas de exercer atividades 
de empresário individual, embora sejam elas capazes. Eis algumas:
1 Os funcionários públicos, estaduais e municipais.
2 O Presidente da República.
3 O governador do Estado.
4 O prefeito.
5 Os magistrados vitalícios e membros do Ministério Público.
6 Os falidos (enquanto não forem legalmente reabilitados, tendo sido declaradas 
extintas todas as suas obrigações).
7 Os médicos, na exploração de farmácia.
IMPORTANT
E
O Código Civil, no seu art. 973, trata do assunto abordado: 
A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, 
responderá pelas obrigações contraídas. (BRASIL, 2013).
Os magistrados, quais sejam, os juízes, desembargadores e ministros dos 
tribunais superiores, não podem exercer a atividade de empresário ou participar 
de sociedade empresária, inclusive de economia mista, exceto como acionista ou 
cotista. Não podem, no entanto, exercer cargo de direção, tais como gerentes, 
diretores, nem serem membros de Conselho Fiscal.
TÓPICO 2 | CONCEITO DE DIREITO EMPRESARIAL E EMPRESÁRIO
25
Já os médicos são proibidos de exercer a profissão com interação 
ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou qualquer 
organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização 
de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza. Também não 
podem os médicos exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia, tal como 
determina a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.931/2009.
FONTE: Disponível em: <www.portalmedico.org.br/notasdespachos/CFM/2012/1_2012.pdf>. 
Acesso em: 19 fev. 2013.
Os funcionários públicos não podem exercer individualmente a atividade 
empresarial, mas podem ser acionistas, cotistas ou comanditários, não podendo, 
em hipótese alguma, assumir a gerência ou a administração de uma sociedade. 
A desobediência a essa proibição da Lei nº 1.711, de 1952, art. 195, incisos VI e VII, 
não invalida os atos praticados, mas sujeita os infratores a penas administrativas, 
tais como sua demissão.
3.4.3.5 Responsabilidade do empresário individual
Conforme decisões dos tribunais, em empresas individuais a 
responsabilidade por obrigações contraídas recai sobre os patrimônios 
individuais dos respectivos titulares. 
IMPORTANT
E
Vejamos a decisão do Superior Tribunal de Justiça no Acórdão proferido no 
Recurso Especial nº 227393/PR (DJ 29/11/1999): 
Tratando-se de firma individual, há identificação entre empresa e pessoa 
física, posto não constituir pessoa jurídica, não existindo distinção para 
efeito de responsabilidade entre a empresa e seu único sócio.
Tratando-se de empresário individual, não é possível separar sua firma de 
sua pessoa civil, para fins de responsabilidade patrimonial.
Contudo, com a edição da Lei n◦ 12.441/2011, passou a ser permitida a 
criação da Empresa Individual de ResponsabilidadeLimitada (EIRELI), a qual 
autoriza a uma única pessoa física ser titular de todo o capital, devidamente 
integralizado.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
26
Esse capital não poderá ser inferior a cem vezes o valor do maior salário 
mínimo vigente no país, sendo que a quantia deve estar disponível em dinheiro, 
bens ou direitos.
A nova modalidade jurídica restringe a responsabilidade do empresário 
individual ao capital da empresa, não comprometendo a totalidade de seu 
patrimônio pessoal. 
3.4.3.6 Perda da qualidade de empresário individual
Em várias situações pode cessar a qualidade de empresário singular:
1 Pela morte.
2 Pela desistência voluntária ou abandono da profissão.
3 Pela falência.
A morte, além de simbolizar o fim da vida da pessoa humana, para fins 
de direito também causa a extinção do empresário individual, tendo em vista que 
não pode haver a transferência de sua qualidade para seus herdeiros.
Por sua vez, a desistência voluntária ou abandono da profissão é causa 
de extinção da qualidade de empresário individual, justamente porque a 
própria pessoa física do empresário é a força motriz que impulsiona a atividade 
empresarial.
Por fim, a falência é uma das formas de extinção, a qual será objeto de 
estudo no final desta unidade, precisamente no Tópico 6.
27
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, a respeito do Direito Empresarial, você viu que:
 Com o advento do Novo Código Civil brasileiro, não se fala mais em “Direito 
Comercial”, mas, sim, em “Direito Empresarial”, sendo este um conjunto de 
normas referentes à pessoa do empresário, seja ele individual ou coletivo.
 Para que a pessoa possa ser empresário, deve possuir capacidade civil e não 
estar legalmente impedida. Além do mais, a fim de caracterizar o empresário, 
há a necessidade de preenchimento de quatro condições básicas, tais como: o 
exercício de atividade econômica, atividade organizada, o profissionalismo e a 
finalidade lucratividade.
28
Para melhor fixação do que estudamos neste tópico, classifique V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Para ser empresário, não é necessária a inscrição na Junta Comercial.
( ) Existem limitações ao exercício da atividade empresarial.
( ) A firma é o nome pelo qual o empresário individual será conhecido.
( ) O patrimônio do empresário individual não responde por dívidas da 
empresa.
( ) Uma das condições para a caracterização do empresário é o profissionalismo.
( ) O lucro é o principal objetivo da atividade empresarial.
( ) A morte do empresário individual não significa a perda de sua qualidade de 
empresário individual.
( ) O empresário individual poderá acrescentar à sua firma uma designação, 
caso já exista firma igual registrada.
( ) Para que uma pessoa possa ser empresária, ela deve ter capacidade civil e 
não estar legalmente impedida de exercer esta atividade.
( ) O juiz de Direito pode ser empresário.
( ) A firma deve coincidir com o nome civil do empresário individual. 
( ) No requerimento a ser encaminhado à Junta Comercial para o registro 
da firma individual não é necessário estar apontado o valor do capital da 
empresa.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – F – F – V – V – F – V – V – F – V – F .
b) ( ) F – V – F – V – F – F – F – V – V – F – V – F.
c) ( ) V – V – V – V – F – F – F – F – F – V - F – F .
d) ( ) F – F –F – F – V – V – V – F – F – F – V – V.
AUTOATIVIDADE
29
TÓPICO 3
DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Este tópico é dedicado às sociedades empresariais, que nascem do esforço 
de várias pessoas em nome de um objetivo comum, o lucro. Iniciaremos pelo 
conceito legal deste tipo de sociedade.
Também estudaremos como são celebrados os contratos de sociedade e os 
requisitos do contrato social, assim como o requisito essencial para que ganhe a 
personalidade jurídica.
Vamos aos estudos!
2 CONCEITO
Sobre as sociedades empresariais, determina o artigo 981 do Código Civil: 
Celebram contrato de sociedade as pessoas que, reciprocamente, se 
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, dos resultados. (BRASIL, 2013).
Da leitura deste dispositivo legal podemos afirmar que uma sociedade 
empresarial se forma quando duas ou mais pessoas se reúnem com o propósito 
de combinarem esforços e bens, objetivando repartir entre si os proveitos obtidos. 
Para alcançarem seus objetivos, exercem atividade de natureza econômica, 
voltada para a produção e circulação de bens ou para a prestação de serviços.
Para uma sociedade ganhar personalidade jurídica é necessária a 
inscrição de seu contrato ou estatuto social (ato constitutivo) no registro que lhe 
é peculiar.
Todas as sociedades que possuem seu ato constitutivo inscrito no órgão 
competente são reconhecidas pelo ordenamento jurídico como sujeitos de direito e 
equiparadas às pessoas físicas. 
3 CONSTITUIÇÃO DE UMA SOCIEDADE
Uma sociedade, na forma empresarial ou simples, é constituída mediante 
contrato social.
30
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
IMPORTANT
E
Prezado(a) acadêmico(a)! Segundo o artigo 997 do Código Civil:
“A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público. [...]”. (BRASIL, 
2013).
O contrato social, por sua vez, deve conter, necessariamente, as seguintes 
cláusulas:
I – nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, 
se pessoas naturais, e a firma ou denominação, nacionalidade e sede 
dos sócios, se jurídicas;
II – denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III – capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo 
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação 
pecuniária;
IV – quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V – prestações a que se obriga o sócio cuja contribuição consista em 
serviços;
VI – pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, bem 
como seus poderes e atribuições;
VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII – se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas 
obrigações sociais. 
(BRASIL, 2013).
A sociedade somente adquire personalidade jurídica (sujeito de direitos) 
quando seu contrato social estiver arquivado nos registros próprios.
4 DISTINÇÃO ENTRE SOCIEDADE E ASSOCIAÇÃO
Uma sociedade empresária é formada por duas ou mais pessoas, que se 
comprometem a juntar capital ou trabalho para a realização de um fim lucrativo. 
Seu objetivo é, portanto, econômico. Por outro lado, a lei prevê também a 
sociedade sem fins lucrativos ou econômicos. São as chamadas associações.
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
31
IMPORTANT
E
Conforme o artigo 53 do Código Civil:
 Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não 
econômicos. (BRASIL, 2013).
Mesmo não tendo finalidade lucrativa, nada impede que uma associação 
de caráter cultural, ou altruísta, mantenha uma atividade econômica apenas para 
sobreviver.
A questão está na destinação dos lucros, ou seja, na associação os lucros 
são destinados à consecução dos objetivos ideais dos associados. Na sociedade 
empresária, por sua vez, os lucros são repartidos entre os sócios.
A sociedade, assim como a associação, tem início com a inscrição dos 
seus atos constitutivos no órgão correspondente.
5 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
Aquelas sociedades que não possuem seu contrato inscrito (depositado) no 
Registro Público competente são chamadas de não personificadas. São exemplos: 
as sociedades em comum ou por conta de participação que, por consequência, 
não são pessoas jurídicas.
Essa publicidade decorrente da sua inscrição no órgão competente é para 
que terceiros tomem conhecimento de sua existência, do grau de responsabilidade 
dossócios e do conteúdo do seu contrato social.
IMPORTANT
E
Por isso, o art. 987 do Código Civil determina: “Os sócios, nas relações entre 
si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os 
terceiros podem prová-la de qualquer modo”. (BRASIL, 2013). 
32
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Além disso, as sociedades não personificadas estão impossibilitadas de 
participar de licitações, nas modalidades de concorrência pública (Lei nº 8.666/93). 
E mais: não é permitido a ela contratar com o poder público (CF, art.195, & 3º), 
abrir conta bancária, ter patrimônio em seu nome etc.
5.1 ESPÉCIES DE SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS 
 São duas as espécies de sociedades não personalizadas: 
 
● Sociedade em comum: é a sociedade irregular ou de fato, cuja principal 
consequência de sua existência é a responsabilidade ilimitada das pessoas 
físicas/jurídicas dos sócios pelas obrigações sociais, sendo que os bens e dívidas 
sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em 
comum. Além do mais, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente 
pelas obrigações sociais.
● Sociedade em conta de participação: numa sociedade em conta de participação, 
conforme artigo 990 do Código Civil, sua constituição independe de qualquer 
formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito, sem contar que o 
contrato social produz efeito somente entre os sócios e a eventual inscrição de seu 
instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
A sociedade em conta de participação constitui-se de duas ou mais pessoas, 
uma delas, necessariamente, em cujo nome girarão os negócios, também denominada 
de sócio ostensivo, que aparece perante terceiros como empresário. O outro sócio é 
o oculto, que não aparece nem trata com terceiros. Toda a responsabilidade pelos 
negócios é do sócio ostensivo.
IMPORTANT
E
Como determina o artigo 991 do Código Civil: na sociedade em conta de 
participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio 
ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando 
os demais dos resultados correspondentes. 
(BRASIL, 2013).
“A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e 
a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário”. 
(BRASIL, 2013).
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
33
6 SOCIEDADES PERSONIFICADAS
O surgimento das primeiras sociedades foi em decorrência da evolução 
histórica do empresário individual, tendo em vista a necessidade do agrupamento 
de comerciantes com a finalidade de enfrentar a concorrência.
Com a evolução dos conceitos, as sociedades passaram também a adquirir 
personalidade jurídica, pelo registro do seu ato constitutivo (contrato social) no 
órgão público competente, sendo, portanto, um sujeito de direito.
As sociedades que possuem seu ato constitutivo devidamente inscrito 
no órgão competente são chamadas de sociedades personificadas.
Há duas espécies de sociedades personificadas:
1 A sociedade simples.
2 A sociedade empresária.
6.1 SOCIEDADE SIMPLES
O art. 982 do Código Civil Brasileiro faz a delimitação entre as sociedades 
empresárias e as sociedades simples: salvo as exceções expressas, considera-se 
empresária a sociedade que tem por objetivo o exercício de atividade própria 
de empresário sujeita a registro (art. 967); e, simples, as demais. (BRASIL, 2013).
Portando, a sociedade empresária é a pessoa jurídica que exerce, 
profissionalmente, atividade econômica organizada para a produção ou circulação 
de bens ou de serviços. Porém, deve, antes do início de sua atividade, ter 
obrigatoriamente inscrito seus atos constitutivos no Registro Público competente.
Já as sociedades simples não são estruturadas empresarialmente e 
decorrem das antigas sociedades civis que visam ao lucro.
Sobre as sociedades simples, assim explica Fiúza (2004, p. 888):
A sociedade simples é aquela constituída para o exercício de atividades 
que não sejam estritamente empresariais, como ocorre nos casos das 
atividades rurais, educacionais, médicas ou hospitalares, de exercício 
de profissões liberais nas áreas de engenharia, arquitetura, ciências 
contábeis, consultoria, auditoria, pesquisa científica, artes, esportes e 
serviço social. 
 
Inclusive, de acordo com o que determina o artigo 1150 do Código Civil, 
o registro da sociedade simples é efetuado em lugar diverso das sociedades 
empresariais. Ou seja, perante o Registro Civil das Pessoas Jurídicas: 
34
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro 
Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, e a 
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual 
deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade 
simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. (BRASIL, 2013). 
É importante salientar que também são exemplos de sociedades simples as 
cooperativas, conforme determina o artigo 982 do Código Civil.
6.2 SOCIEDADE EMPRESÁRIA
Sociedade empresária é a pessoa jurídica que exerce, profissionalmente, 
atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de 
serviços.
Há vários tipos de sociedade empresária a serem escolhidos pelos sócios, 
dentro de suas adequações e objetivos.
1 Da sociedade em nome coletivo.
2 Da sociedade em comandita simples.
3 Da sociedade limitada.
4 Da sociedade anônima.
5 Da sociedade em comandita por ações.
Veja a figura a seguir.
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
35
FIGURA 3 - TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESARIAIS 
FONTE: O autor 
Sociedade em 
comandita por 
ações
Sociedade em 
comandita 
simples
Sociedade 
em nome 
coletivo
Sociedade anônima
Sociedade 
limitada
Sociedades 
empresárias
6.3 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES QUANTO À 
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS
Quanto ao critério da classificação dos sócios em face à sua responsabilidade 
perante a sociedade empresária, estas recebem a seguinte classificação:
• Sociedade ilimitada: quando os sócios respondem ilimitadamente pelas 
obrigações sociais. Significa que, se o patrimônio social não for suficiente para 
o pagamento dos credores da sociedade, o saldo poderá ser exigido dos sócios, 
nos seus patrimônios particulares.
• Sociedade mista: é aquela em que uma parte dos sócios tem responsabilidade 
limitada e outra tem responsabilidade ilimitada.
• Sociedade limitada: t odos os sócios têm responsabilidade limitada ao 
capital social integralizado na sociedade, não respondendo com seus 
patrimônios particulares pelas obrigações sociais.
Estes tipos de sociedade, quanto à responsabilidade dos sócios, podem 
ser assim subdivididas:
1 Sociedade Ilimitada: sociedade em nome coletivo.
2 Sociedade Mista: a) sociedade em comandita simples.
 b) sociedade em comandita por ações.
36
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
3 Sociedade Limitada: a) Sociedade limitada.
 b) Sociedade anônima.
IMPORTANT
E
Dentre essas sociedades, são importantes apenas: a sociedade limitada, em 
primeiro plano, e a sociedade anônima, em segundo. Conforme observa Borba (1997, p. 62):
As demais praticamente inexistem, pois, envolvendo a responsabilidade 
ilimitada de todos ou de alguns sócios, perderam a preferência do meio 
comercial. [...] Assim, as que existiam foram transformadas, e novas não 
se constituíram. Restam pouquíssimas,sendo sempre citada, como 
exemplo remanescente de sociedade em nome coletivo, “Klabin Irmãos 
& Cia”, mantida como tal por apreço à tradição.
6.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
A sociedade em nome coletivo é o tipo societário em que todos os sócios 
têm obrigações ilimitadas, respondendo particularmente com seus bens pelos 
compromissos sociais. Porém, é importante frisar que esta responsabilidade é 
subsidiária, uma vez que os bens pessoais dos sócios somente serão utilizados para 
pagamento de dívidas quando inexistirem bens suficientes da própria sociedade.
UNI
É o que diz o art. 1.024 do Código Civil: “Os bens particulares dos sócios não 
podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens 
sociais”. (BRASIL, 2013). 
Além do mais, somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade 
em nome coletivo.
6.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 
Numa sociedade em comandita simples há duas categorias de sócios: os 
comanditados, que são pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente 
com seus patrimônios particulares pelas obrigações sociais, de forma subsidiária; 
e os comanditários, obrigados somente pelo valor de suas quotas, devendo o 
contrato social discriminar a qual categoria os sócios pertencem.
 
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
37
Os sócios comanditados são os administradores da sociedade e somente 
eles podem usar a firma ou a razão social, integrando inclusive o seu nome na firma 
da sociedade. Desse modo, a firma ou a razão social será composta do nome, por 
extenso ou abreviadamente, de um, alguns ou de todos os sócios comanditados.
Ao sócio comanditário, por sua vez, é vedado utilizar o seu nome na 
razão social ou até mesmo praticar qualquer ato de gestão interna ou externa da 
sociedade, sob pena deste assumir responsabilidade solidária e ilimitada.
UNI
Os comanditários limitam-se ao direito de fiscalizar os negócios sociais. Diz o 
art. 1021 do C.C.: Salvo estipulação que determine época própria, o sócio pode, a qualquer 
tempo, examinar os livros e documentos, e o estado da caixa e da carteira da sociedade. 
(BRASIL, 2013).
6.6 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
De acordo com o artigo 1.090 do Código Civil: A sociedade em comandita 
por ações tem o capital dividido por ações, regendo-se pelas normas relativas à 
sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e 
opera sob firma ou denominação. (BRASIL, 2013).
Neste tipo de sociedade há duas categorias de sócios:
a) Diretores: que têm responsabilidade subsidiária e ilimitada pelas obrigações 
sociais.
b) Acionistas: que respondem apenas pelo valor das ações subscritas ou adquiridas.
Portanto, a sociedade possui sócios de responsabilidade limitada e de 
responsabilidade ilimitada.
A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar 
denominações designativas do objeto social, aditada da expressão “comandita 
por ações”. Esta sociedade não tem conselho de administração, mas precisa ter 
assembleia geral e conselho fiscal.
38
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Por fim, a assembleia geral não pode, sem o consentimento dos 
diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de 
duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures ou partes 
beneficiárias.
FONTE: Disponível em: <www.procon.sp.gov.br/texto.asp?id=671>. Acesso em: 26 fev. 2013.
6.7 DA SOCIEDADE COOPERATIVA
As sociedades cooperativas são criadas para a prestação de serviços aos 
seus associados, sendo esta sua característica básica.
Bulgarelli (2000, p. 34) afirma sobre o propósito básico da cooperativa o 
seguinte:
Encontra-se e se exprime na formação de uma empresa comum, 
formada pelos que têm as mesmas necessidades, empresa, essa, 
capaz de atendê-los proporcionalmente. [...] Sociologicamente (a 
cooperativa), adotou como fundamento a lei da cooperação, e não a 
da concorrência; economicamente, tem como finalidade a melhoria das 
condições econômicas através da criação de uma empresa de interesse 
comum, destinada a prestar serviços a seus associados, afastando os 
intermediários, que encarecem indevidamente os custos.
Atua, assim, a cooperativa no mercado, eliminando intermediários 
e obtendo, em razão disto, maiores vantagens patrimoniais. É próprio destas 
sociedades realizarem negócios, embora em seu nome, para o sócio, a quem irão 
defluir os resultados positivos, chamados de “sobras”.
FONTE: Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/.../djsp-judicial-1a-instancia-capital-04-07-201...>. 
Acesso em: 26 fev. 2013.
Em apoio a este entendimento, explica Ricardo Mariz de Oliveira (1996, 
p. 65) que “(as cooperativas) existem para trabalhar por seus associados, e, por 
isto mesmo, os lucros que são gerados por seu intermédio não lhes pertencem, 
nem originalmente, porque originalmente eles já se destinam aos que atuam em 
atividades econômicas de forma cooperada”.
Desta feita, a Lei nº 5.764, de 16.11.1971, que é a lei federal que trata 
especialmente das sociedades cooperativas, adotou os princípios doutrinários 
do cooperativismo, aprovados em 1966, pelo Congresso de Viena. Ou seja, 
adesão livre, gestão democrática, retorno dos excedentes aos associados 
proporcionalmente às operações realizadas junto à cooperativa, juros limitados 
sobre o capital e desenvolvimento da educação cooperativa. 
Reconheceu, outrossim, o princípio da cooperação e a finalidade não 
lucrativa da sociedade. 
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
39
FONTE: Disponível em: <www.procon.sp.gov.br/texto.asp?id=671>. Acesso em: 26 fev. 2013.
O capital é ilimitado e variável, em conformidade com o número de 
associados que entrem ou saiam. Há impossibilidade do ingresso na cooperativa 
de quem opere no mesmo campo econômico (art. 29, § 4º da Lei Cooperativista).
O retorno das sobras na proporção às operações realizadas (o que 
implica rigoroso controle dessas operações), a igualdade de direitos entre 
os associados (arts. 37, 38, § 3º e 42) e a impossibilidade de distribuição 
de qualquer espécie de benefício às quotas-partes do capital, ou estabelecer 
outras vantagens ou privilégios, financeiros ou não, em favor de quaisquer 
associados ou terceiros, impossibilita que se utilize a cooperativa como fachada 
para evasão fiscal.
FONTE: Adaptado de: <https://www.plenum.com.br/plenum_jp/lpext.dll/.../14bb?...>. Acesso em: 
26 fev. 2013.
O retorno das sobras líquidas é atribuído, em proporção, às operações 
que o associado tiver efetuado com a sociedade e não em função do valor ou 
quantidade das quotas que possuir. Isto quer dizer que, como regra, o produto 
econômico do trabalho dos associados a eles retorna (deduzidos, por exemplo, 
os custos da cooperativa).
FONTE: Disponível em: <www.iob.com.br/bibliotecadigitalderevistas/bdr.dll?f...>. Acesso em: 26 
fev. 2013
Aqui temos importante aspecto a diferenciar as cooperativas de outras 
sociedades que costumam remunerar os sócios, de acordo com sua participação 
no capital. Por isso é que o associado não passa a usufruir de qualquer vantagem 
diretamente pelo fato de possuir quotas-partes. Estas servem, basicamente, para 
injetar capital social que possibilite o funcionamento da cooperativa. O associado 
não passa a exercer qualquer outro direito pelo fato de ser quotista.
6.8 DA SOCIEDADE LIMITADA
A sociedade limitada surgiu tendo como garantia aos sócios a não afetação 
de seu patrimônio particular pelas dívidas da sociedade, salvo se o sócio praticou 
ato com excesso de poderes ou infração da lei, do contrato social ou estatutos.
A lei exige que os sócios-quotistas apenas integralizem o capital social.
É o que determina o art. 1.052 do Código Civil: Na sociedade limitada, a 
responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos 
respondem solidariamentepela integralização do capital social. (BRASIL, 2013).
Assim, uma vez integralizado o capital social, cessa a responsabilidade 
dos sócios, e os seus bens particulares não respondem pelas obrigações sociais.
40
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Contudo, se não houver a integralização do total do capital social, previsto 
no contrato social, a responsabilidade entre os sócios será solidária até que seja 
completado o montante do capital que falta, mesmo que um deles já tenha 
completado a sua parte no capital.
6.8.1 Constituição da sociedade
A sociedade poderá ser constituída através de instrumento particular 
ou por instrumento público, sendo que em qualquer hipótese será inscrito 
(depositado) no “registro público competente”, dentro dos 30 dias subsequentes 
à sua constituição.
No caso do socioquotista não integralizar a sua parte no capital social, 
os outros sócios podem tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o 
primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros de 
mora, as prestações estabelecidas no contrato e as despesas.
6.8.2 Formação do seu nome social
A sociedade pode adotar tanto firma social ou denominação. Ambas devem 
sempre ser seguidas da palavra Limitada, que pode ser usada abreviadamente: 
Ltda. (C.C., art. 1.158). A omissão da palavra Limitada determina a responsabilidade 
solidária e ilimitada.
a) Firma ou razão social: conforme o § 1º do art. 1.158 do Código Civil: A firma 
será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de 
modo indicativo da relação social. (BRASIL, 2013).
 Deverá ser acrescida da palavra LTDA, ou Limitada. Sempre que se 
omitir o nome de pelo menos um deles, acrescentam-se as palavras & Cia. Ltda. 
Por exemplo, se José dos Anzóis e Ambrósio de Abreu constituem uma sociedade 
limitada, esta poderá ter como nome empresarial: José dos Anzóis & Cia. Ltda., 
ou Anzóis & Abreu Ltda. 
Caso ocorra o falecimento, exclusão ou retirada do sócio que emprestou 
seu nome para a formação do nome social, deverá ser procedida uma alteração do 
contrato social. Uma vez que, de acordo com o art. 1.165 do Código Civil: o nome 
de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado 
na firma social. (BRASIL, 2013).
b) Denominação: pode ser composta por uma expressão fantasia, sendo permitido 
nela figurar o nome de um ou mais sócios. Deve designar o objeto da sociedade. 
Seu nome deve sempre ser acrescido da palavra limitada. Por exemplo: Anzóis 
Oficina Mecânica Ltda. 
TÓPICO 3 | DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
41
6.8.3 Da administração 
O contrato social deve determinar quem possui os poderes de 
representação da sociedade, ou seja, o administrador. Terceiros, não sócios, 
podem ser administradores da sociedade, como acontece nas sociedades 
anônimas, desde que o contrato permita e haja a aprovação unânime dos sócios. 
IMPORTANT
E
Dispõe o art. 1.061 do Código Civil que: 
se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles 
dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o 
capital não estiver integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a 
integralização. (BRASIL, 2013).
Importante salientar que, havendo excesso de mandato ou atos praticados 
com violação do contrato ou da lei, o sócio-gerente responde, perante a 
sociedade e perante terceiros, limitadamente, com os seus bens particulares.
6.8.4 Das quotas e sua transferência
Numa sociedade limitada, o capital social divide-se em: quotas, iguais ou 
desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
Em caso de omissão do contrato, segundo o artigo 1.057 do Código Civil 
Brasileiro, um dos sócios pode ceder suas quotas a terceiros, sem a anuência dos 
demais sócios, desde que não haja oposição de titulares de mais de um quarto do 
capital social.
6.8.5 Conselho fiscal
O contrato social ou o estatuto social pode instituir conselho fiscal composto 
de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no 
país, eleitos na assembleia anual. Os sócios minoritários que representarem um 
quinto do capital social poderão indicar pelo menos um membro do conselho 
fiscal.
A função deste órgão social, além daquelas estipuladas no próprio 
contrato social, é a de fiscalizar a atuação dos administradores da sociedade, 
exigindo destes a prestação de informações, além do exame de livros e papéis da 
sociedade.
42
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
6.9 DA SOCIEDADE ANÔNIMA
As sociedades anônimas ou companhias são uma espécie de sociedade 
empresarial, reguladas por lei especial, qual seja, a Lei nº 6.404/1976. São 
formadas, a maior parte das vezes, com o objetivo de realização de grandes 
empreendimentos e que necessitam do emprego de elevado valor para a 
formação de seu capital social, o que geralmente necessita da participação de 
muitas pessoas, os chamados acionistas.
ESTUDOS FU
TUROS
Prezado(a) acadêmico(a)! Tendo em vista a grande importância que o tema 
Sociedade Anônima possui no Direito Eempresarial, vamos abordá-lo com profundidade no 
Tópico 4.
43
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico apresentamos conceitos de sociedades não 
personificadas e personificadas.
• Aprendemos que as sociedades não personificadas são aquelas que não 
possuem seus atos constitutivos (contrato social) depositados (inscritos) no 
registro público competente. Temos como exemplos as sociedades em comum 
ou por conta de participação, que, por consequência, não são pessoas jurídicas.
• Por sua vez, as sociedades personificadas são aquelas que estão legalmente 
constituídas. São exemplos: a sociedade em nome coletivo, a sociedade em 
comandita simples, a sociedade limitada, a sociedade anônima, a sociedade 
em comandita por ações e as sociedades cooperativas.
44
Responda às questões:
1 Sobre a Sociedade Empresária, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se 
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de atividade 
econômica e a partilha entre si dos resultados.
b) ( ) Celebram contrato de sociedade somente as pessoas físicas.
c) ( ) Numa sociedade empresária de responsabilidade ilimitada, o capital 
social é dividido em ações.
d) ( ) A sociedade empresária é formada por uma pessoa, que se compromete 
a juntar capital ou trabalho para a realização de um fim lucrativo.
2 Sobre as Sociedades Empresariais, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Aquelas sociedades que não possuem seu contrato inscrito (registrado 
e arquivado) no registro público competente são chamadas de não 
personificadas.
b) ( ) A sociedade anônima é a sociedade irregular ou de fato, cuja principal 
consequência de sua existência é a responsabilidade ilimitada das pessoas 
físicas/jurídicas dos sócios pelas obrigações sociais, sendo que os bens 
e dívidas sociais constituem patrimônio especial do qual os sócios são 
titulares em comum. Além do mais, todos os sócios respondem solidária e 
ilimitadamente pelas obrigações sociais.
c) ( ) Numa sociedade em comandita por ações, sua constituição independe 
de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito, 
sem contar que o contrato social produz efeito somente entre os sócios, e 
a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere 
personalidade jurídica à sociedade.
d) ( ) As sociedades anônimas não são estruturadas empresarialmente, e 
decorrem das antigas sociedades civis que visam ao lucro. 
3 Quanto ao critério da classificação dos sócios em face da sua responsabilidade 
perante a sociedade empresária, assinale as alternativas CORRETAS:
a) ( ) Sociedade mista: todos os sócios têm responsabilidade limitada ao 
capital social integralizado na sociedade, não respondendo com seus 
patrimônios particulares pelas obrigaçõessociais. 
b) ( ) Sociedade ilimitada: quando os sócios respondem ilimitadamente pelas 
obrigações sociais. Significa que, se o patrimônio social não for suficiente 
para o pagamento dos credores da sociedade, o saldo poderá ser exigido 
dos sócios, nos seus patrimônios particulares. 
AUTOATIVIDADE
45
c) ( ) Sociedade mista: é aquela em que parte dos sócios tem responsabilidade 
limitada e outra tem responsabilidade ilimitada.
d) ( ) Sociedade limitada: todos os sócios têm responsabilidade limitada ao 
capital social integralizado na sociedade, não respondendo com seus 
patrimônios particulares pelas obrigações sociais. 
 
4 Com relação às regras que disciplinam a situação do socioquotista da 
sociedade limitada, assinale a alternativa CORRETA.
a) ( ) Todos os sócios têm responsabilidade limitada ao capital social 
integralizado na sociedade, não respondendo com seus patrimônios 
particulares pelas obrigações sociais.
b) ( ) As quotas podem ser integralizadas pelos sócios por valores 
representados em dinheiro, bens ou prestação de serviços, 
respondendo solidariamente todos os sócios pela exata estimação 
dessas contribuições.
c) ( ) Mesmo sendo integralizado o capital social, a responsabilidade dos 
sócios e os seus bens particulares continuam respondendo pelas obrigações 
sociais.
d) ( ) As quotas representam a necessária divisão do capital social em partes 
iguais, sendo as deliberações consideradas de acordo com o número de 
quotas de cada sócio.
46
47
TÓPICO 4
DA SOCIEDADE ANÔNIMA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A sociedade anônima ou companhia é uma sociedade de capitais, regida 
por um “estatuto social”. É regulada por lei especial, qual seja, a Lei nº 6.404, de 
15 de dezembro de 1976, com as alterações sofridas pela Lei nº 9.457, de 5 de maio 
de 1997 e Lei nº 10.303, de 31 de outubro de 2001.
O próprio Código Civil de 2002, em seu artigo 1.089, determina que a 
sociedade anônima seja regida por lei especial, aplicando-se somente nos casos 
omissos as disposições do código.
2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS 
A sociedade anônima caracteriza-se por: 
1 Divisão do capital social em ações. 
2 Limitação da responsabilidade dos acionistas ao valor das ações subscritas ou 
adquiridas. 
3 Livre acessibilidade das ações. 
2.1 DO CAPITAL SOCIAL 
A sociedade anônima tem o seu capital dividido em parcelas iguais, 
a que se convencionou chamar de ações, obrigando-se, cada sócio ou acionista, 
somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. 
É importante salientar que a cessão ou transferência das ações ao novo 
acionista não afeta a estrutura da sociedade. Por serem ações livremente 
negociáveis (característica básica), nenhum dos acionistas pode impedir o 
ingresso de quem quer que seja no quadro associativo de uma sociedade 
anônima aberta. As sociedades anônimas de capital fechado já possuem outra 
dinâmica.
48
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
2.2 RESPONSABILIDADE DOS ACIONISTAS
Pago o valor da subscrição, termina a responsabilidade do acionista.
UNI
Lembremos que:
- Subscrição é uma promessa de compra de ações.
- Integralização é o pagamento da subscrição.
A garantia de terceiros, de credores da sociedade, estará, então, unicamente 
no capital social. É por isso que a companhia é eminentemente de capital, 
justamente porque vive em torno dele.
Vale salientar que, enquanto na sociedade limitada a responsabilidade do 
sócio é considerada em função do valor de sua cota no capital social, na sociedade 
anônima a responsabilidade não se limita ao valor de mercado das ações subscritas 
ou adquiridas (cotação em bolsa de valores), mas, sim, ao preço de sua emissão.
3 OBJETO SOCIAL
A sociedade anônima tem o seu objeto social determinado no seu estatuto 
social, sendo que este deve ter um fim lucrativo, desde que não seja contrário 
à lei e à ordem pública. Por isso, a sociedade anônima é sempre empresária, 
independentemente de seu objeto.
4 NOME EMPRESARIAL
Toda sociedade anônima deve adotar um nome sob o qual exerce 
sua atividade comercial. A denominação pode conter nomes de pessoas, como o 
do fundador, ou de quem tenha auxiliado para o êxito da sociedade.
UNI
Vejamos o artigo 3º da Lei nº 6.404: A sociedade será designada por 
denominação acompanhada das expressões ‘companhia’ ou sociedade anônima’, expressas 
por extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final. (BRASIL, 2013).
TÓPICO 4 | DA SOCIEDADE ANÔNIMA
49
Pago o valor da subscrição, termina a responsabilidade do acionista.
Por exemplo: Casa José dos Anzóis S/A, Anzóis Cia. de Seguros ou, ainda, 
Cia. Rhodia do Brasil.
A proibição do uso da palavra companhia no final da denominação visa 
evitar qualquer confusão com a firma ou razão social da “sociedade em nome 
coletivo”.
Por fim, a lei não permite usar ao mesmo tempo as expressões companhia e 
sociedade anônima no seu nome social.
5 ESPÉCIES DE SOCIEDADE ANÔNIMA
Há duas espécies de sociedade anônima:
a) A companhia aberta.
b) A companhia fechada.
A companhia aberta é aquela que capta recursos junto ao público, tendo 
seus valores mobiliários ou ações negociados em bolsa de valores. 
UNI
Diz a Lei nº 6.404/76, art. 4º: Para os efeitos desta lei, a companhia é aberta 
ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à 
negociação no mercado de valores mobiliários. (BRASIL, 2013). 
Contudo, para que uma sociedade anônima tenha suas ações ou valores 
mobiliários de sua emissão admitidos na Bolsa de Valores ou no mercado de 
valores mobiliários, é necessário que ela obtenha do Governo Federal a devida 
autorização, qual seja, da Comissão de Valores Mobiliários. 
 
A aberta ao público tem livre acessibilidade de suas ações. Tem as suas 
ações negociadas no mercado de valores mobiliários, por intermédio das Bolsas 
de Valores.
A fechada, por sua vez, não tem suas ações negociadas no referido mercado 
de valores mobiliários, ou não as coloca à venda ao público.
50
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
IMPORTANT
E
Vejamos o que determina o art. 36 da Lei nº 6.404: O estatuto da companhia 
fechada pode impor limitações à circulação das ações nominativas, contanto que regule 
minuciosamente tais limitações.
6 OS VALORES MOBILIÁRIOS
Há, portanto, duas espécies de sociedade anônima: a companhia aberta e 
a companhia fechada. Somente a aberta é que procura captar recursos financeiros 
no mercado pela emissão de papéis. Estes representam valores mobiliários. São 
eles: as ações, partes beneficiárias, debêntures, ou bônus de subscrição, e as notas 
promissórias.
7 AÇÕES
O capital social de uma sociedade anônima é formado pelas ações. Quem 
as adquire passa a ser sócio da sociedade. O preço de emissão das ações não se 
confunde com o valor nominal ou de mercado. 
As ações são representadas por documentos que têm a natureza de títulos 
de crédito. Como títulos de crédito, elas podem ser negociadas e transferidas, 
sem que isso venha a modificar o ato constitutivo ou a organização da sociedade.
Formou-se, então, um verdadeiro mercado concernente, principalmente 
às ações. É o denominado mercado de capitais ou mobiliários. Ou seja, um 
mercado especial em que são realizados contratos de compra e venda de ações, 
debêntures e demais valores emitidos pelas companhias, realizado geralmente por 
intermédio das Bolsas de Valores, que é uma pessoa jurídica de direito privado, 
constituída por diversassociedades corretoras e que tem por objeto manter um 
local de encontro adequado para os negócios de seus associados. A sua principal 
finalidade é negociar os títulos emitidos pelas sociedades anônimas abertas.
8 ESPÉCIES DE AÇÕES
As ações se apresentam sob diversas categorias e, de acordo com a lei, 
podem ser assim classificadas:
1 Quanto às vantagens oferecidas ao seu titular.
2 Quanto à forma de sua circulação.
TÓPICO 4 | DA SOCIEDADE ANÔNIMA
51
8.1 QUANTO ÀS VANTAGENS QUE AS AÇÕES CONFEREM 
AOS SEUS TITULARES
Quanto às vantagens que as ações conferem a seus titulares, elas podem 
ser de três espécies: ordinárias, preferenciais e de fruição.
8.1.1 Ações ordinárias
As ações ordinárias são aquelas que conferem ao titular os direitos de 
participar nos dividendos e de participar das assembleias de uma companhia 
aberta, deliberando a respeito da vida societária por intermédio de seu voto. Tem 
ele, pois, o direito de votar e ser votado para eleger ou se eleger presidente, vice-
presidente, um dos diretores ou a outro cargo qualquer.
 Não é demais lembrar que, em regra, cada ação dá direito a um voto. Se 
o acionista for titular de 100 ações ordinárias, por exemplo, terá ele 100 votos nas 
assembleias, deliberando a respeito da vida da sociedade. Vale dizer, os votos não 
são tomados pelo número de pessoas, mas pelo número de ações. 
8.1.2 Ações preferenciais 
As ações preferenciais são aquelas que atribuem ao titular determinados 
privilégios ou preferências. Esses privilégios podem, por exemplo, consistir 
na prioridade, na distribuição dos lucros ou dividendos da sociedade ou no 
reembolso do capital quando a sociedade tiver de ser liquidada. 
 
As ações preferenciais podem ou não conferir o direito de voto aos 
seus titulares. A ação preferencial só dará direito de voto se o estatuto assim o 
dispuser. Basta a omissão no Estatuto para que cada ação corresponda a um voto.
O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas à restrição 
no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% do total das ações emitidas. 
É o que prescreve a Lei de Sociedade Anônima nº § 2, do art. 15. (BRASIL, 2013).
Se a sociedade prevê expressamente no estatuto o não direito de voto, o titular 
das ações preferenciais poderá adquirir: o exercício desse direito se a companhia, 
pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, 
deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que 
conservarão até o pagamento [...], conforme determina o § 1º do art. 111 da Lei 
de Sociedade Anônima. Essa tomada de posição do nosso legislador é para evitar 
abusos por parte dos administradores da sociedade.
52
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
8.1.3 Ações de fruição
As ações de fruição são aquelas emitidas em substituição às ações 
ordinárias ou preferenciais que tiverem sido totalmente amortizadas pela 
sociedade. Melhor explicando, quando uma sociedade anônima vai entrar em 
liquidação, ela antecipa aos acionistas as importâncias do valor das ações. 
Uma vez pagas as importâncias das ações, em seu lugar a sociedade 
poderá distribuir aos sócios outras espécies, denominadas ações de fruição, de 
posse das quais os acionistas continuarão a ter os seus direitos na sociedade, 
fazendo jus aos dividendos e tomando parte nas deliberações sociais se, neste 
último caso, as ações substituídas lhe derem direito a voto.
 Evidentemente, por ocasião da liquidação da sociedade, os acionistas 
não mais receberão as importâncias correspondentes ao valor das ações. Essas já 
foram pagas antecipadamente, por ocasião da amortização. Trata-se, portanto, 
de uma operação excepcional.
8.2 QUANTO À FORMA DE SUA CIRCULAÇÃO
Era a classificação utilizada anteriormente à Lei nº 8.021/1990, que 
extinguiu as ações ao portador e as endossáveis, criando as ações nominativas e 
escriturais.
São nominativas as ações registradas em um livro da sociedade emissora, 
denominado “Registro de Ações Nominativas”. Tais ações só podem ser transferidas 
por meio de um termo de cessão no referido livro, ocasião em que haverá a 
assinatura do cedente e do cessionário.
Portanto, as nominativas circulam mediante registro no livro próprio 
da companhia, diferentemente das ações escriturais, que são representadas por 
certificados.
8.3 DEBÊNTURES
Quando uma companhia necessita de empréstimo, talvez para 
desenvolver-se, e não deseja um empréstimo bancário, pratica a emissão de 
títulos negociáveis, as debêntures, colocando-as em circulação à disposição do 
público. Quem as adquire passa a ser credor da sociedade. Caso esta deixe de 
pagá-las, o credor poderá propor ação de execução com base nesse título.
Para a companhia poder negociar no mercado, as debêntures podem ter 
garantia real, conter cláusula de correção monetária com base nos coeficientes 
fixados para correção de título de dívida pública, participação nos lucros da 
companhia, render juros fixos ou variáveis de reembolso.
TÓPICO 4 | DA SOCIEDADE ANÔNIMA
53
As debêntures podem ser convertidas em ações. Assim, há duas espécies de 
debêntures: as debêntures simples e as debêntures conversíveis em ações.
9 CONSTITUIÇÃO DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS
A sociedade anônima é constituída por dois modos diferentes:
a) Pela subscrição do capital por pessoa que deseja constituí-la, dando-se a essa 
espécie de constituição de simultânea ou por subscrição particular. 
 
b) Pela subscrição do capital do apelo ao público, havendo, neste caso, a constituição 
sucessiva ou por subscrição pública. 
9.1 CONSTITUIÇÃO POR SUBSCRIÇÃO PARTICULAR OU 
SIMULTÂNEA 
Ocorre quando dois ou mais subscritores de todo o capital social se 
reúnem em assembleia de fundação, deliberam a constituição por subscrição 
particular e, ao cabo da subscrição de todo o capital, dão por constituída 
definitivamente a sociedade. Além da constituição por meio de assembleia geral 
dos subscritores, poderá processar-se também por escritura pública.
 
Entretanto, para constituir-se, deve atender a três requisitos:
1 Subscrição, por pelo menos duas pessoas naturais e/ou jurídicas, de todo o 
capital social fixado no estatuto da companhia.
2 Realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações 
subscritas em dinheiro.
3 Depósito, no Banco do Brasil S/A, ou em outro estabelecimento bancário 
autorizado pela CVM, da parte do capital realizado em dinheiro. Se o subscritor 
entrar com bens, fica isento do depósito.
O depósito de 10% no estabelecimento bancário deverá ser feito em nome 
do subscritor e a favor da sociedade em organização, que só o levantará depois 
de haver adquirido personalidade jurídica.
Constituída a companhia, por deliberação da assembleia geral, a diretoria 
eleita ou nomeada providenciará o arquivamento dos documentos constitutivos 
(um exemplar do estatuto social, prova do depósito bancário, duplicata da ata em 
que se deliberou a constituição da sociedade etc.) na Junta Comercial, para fins de 
aquisição da personalidade jurídica e funcionamento regular.
54
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
9.2 CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA OU POR SUBSCRIÇÃO 
PÚBLICA
Ocorre quando uma ou mais pessoas, denominadas fundadoras da 
companhia, elaboram o “projeto do estatuto e o prospecto e contratam uma 
financeira para servir de intermediária” no lançamento das ações na bolsa de 
valores ou no mercado de balcão. 
Assinado o prospecto pelos fundadores epela financeira, faz-se, então, o 
registro da constituição perante a CVM, que fará um estudo sobre a viabilidade 
econômica e financeira do empreendimento, sobre o projeto do estatuto e sobre 
o prospecto.
Se a CVM estiver de acordo, publica-se a oferta de subscrição das ações.
10 ACIONISTAS
O acionista é sócio da sociedade anônima. Não o sócio que se associa a 
outrem para constituir uma sociedade empresária de natureza contratual, mas 
apenas o possuidor de ações integrantes do capital social da sociedade anônima.
10.1 DIREITOS DOS ACIONISTAS
No momento em que uma pessoa adquire ações de uma companhia, passa 
a participar da sociedade, tendo os seguintes direitos:
• Participar dos lucros sociais.
• Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação.
• Preferência para adquirir novas ações, quando houver aumento de capital.
• Fiscalizar a gestão dos negócios sociais, comparecendo nas assembleias.
• Votar nas deliberações sociais, desde que seja possuidor de ações que lhe 
deem esse direito.
• Retirar-se da sociedade nos casos previstos em lei.
TÓPICO 4 | DA SOCIEDADE ANÔNIMA
55
10.2 O ACIONISTA CONTROLADOR
Acionista controlador é a pessoa física ou jurídica, ou um grupo de pessoas 
vinculadas por acordo de voto, que tem a maioria de votos nas deliberações 
da assembleia geral, podendo eleger os administradores e, assim, dirigir as 
atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. 
 FONTE: Adaptado de: <xa.yimg.com/kq/groups/.../AULA+PODER+DE+CONTROLE.ppt>. Acesso 
em: 27 fev. 2013.
10.3 DEVERES E RESPONSABILIDADES DO ACIONISTA 
CONTROLADOR 
Ao acionista controlador, a lei impõe deveres e responsabilidades para 
com os demais acionistas da sociedade, respondendo ele pelos danos causados 
por atos praticados com abuso de poder. 
São modalidades de exercício abusivo de poder: 
• Orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou levá-la a favorecer 
outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos 
acionistas minoritários nos lucros, no acervo da companhia ou na economia 
nacional.
 
• Promover a liquidação de companhia próspera com o fim de obter, para si ou 
para outrem, vantagens indevidas.
• Promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção 
de políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia 
e visem causar prejuízo aos acionistas minoritários, aos investidores em 
valores mobiliários emitidos pela companhia.
• Eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente.
• Induzir ou tentar induzir administrador ou fiscal a praticar ato ilegal.
• Contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de 
sociedade na qual tenha interesse, em condições de favorecimento.
• Aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, para 
favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse 
saber procedente.
FONTE: Adaptado de: <www.idevanlopes.com.br/.../Aula%205%20-%20Sociedades%20Estat...>. 
Acesso em: 27 fev. 2013.
56
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
11 ÓRGÃOS SOCIAIS
O funcionamento de uma sociedade anônima depende de sua 
organização, que é composta por diversos órgãos sociais. Se for uma companhia 
aberta terá:
• Assembleia geral.
• Conselho de Administração.
• Diretoria.
• Conselho Fiscal.
O Conselho de Administração é facultativo nas companhias fechadas.
12 ASSEMBLEIA GERAL
A assembleia geral é a reunião dos acionistas que deliberam sobre matéria 
de interesse geral da sociedade. É um órgão deliberativo.
O art. 121 da Lei das S.A. dispõe o seguinte: 
A assembleia geral, convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto, 
tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia 
e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento. 
(BRASIL, 2013).
 Portanto, é o órgão máximo da organização, pois tem o poder para 
resolver todos os negócios relativos ao objeto da companhia.
É de competência privativa da assembleia geral:
• Reformar o estatuto social.
• Eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da 
companhia.
• Tomar, anualmente, as contas dos administradores e deliberar sobre as 
demonstrações financeiras por eles apresentadas.
• Autorizar os administradores a confessar a falência e pedir concordata.
TÓPICO 4 | DA SOCIEDADE ANÔNIMA
57
12.1 Espécies de assembleias
As assembleias gerais poderão ser de duas espécies: ordinárias e 
extraordinárias.
12.1.1 Assembleia geral ordinária
A assembleia geral ordinária é obrigatória uma vez ao ano e deve ser 
realizada nos quatro primeiros meses após o término do exercício social, para:
• Tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as 
demonstrações financeiras.
• Deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de 
dividendos.
• Eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso. 
• Aprovar a correção da expressão monetária do capital social. (art.167). 
12.1.2 Assembleia geral extraordinária
A assembleia geral extraordinária será convocada para os fins 
destinados no edital de convocação. Como o próprio nome diz, a assembleia 
geral extraordinária é reservada a deliberações excepcionais, podendo até 
aprovar ou discutir assunto da alçada da ordinária, desde que a reunião seja 
fora da época legal destinada à ordinária. 
12.2 PROCEDIMENTO
A convocação da assembleia geral compete, em primeiro lugar, ao 
conselho de administração, se houver. Não existindo esse órgão, caberá aos 
diretores.
A convocação também pode ser feita:
• Pelo conselho fiscal, quando o órgão de administração retardar a convocação 
da assembleia geral ordinária por mais de um mês ou, no caso de assembleia 
geral extraordinária, sempre que motivos graves ou urgentes a justificarem.
• Por qualquer acionista, quando os administradores retardarem por mais de 
sessenta dias a convocação.
58
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
• Por acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, quando 
os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, ao pedido de 
convocação que apresentarem devidamente fundamentado, com indicação 
das matérias a serem tratadas.
FONTE: Adaptado de: <www.camara.gov.br/.../prop_mostrarintegra;jsessionid...PL>. Acesso em: 
27 fev. 2013.
Para se realizar uma assembleia, deve-se fazer a convocação por intermédio 
de anúncios publicados, por três vezes no mínimo, no órgão oficial do Estado 
ou da União, conforme o lugar da sede social, ou em outro jornal de grande 
circulação editado no local da sede da companhia.
FONTE: Adaptado de: <www.conjur.com.br/.../normas_publicacoes_legais_sociedades_ano-
ni...>. Acesso em: 27 fev. 2013.
A primeira convocação na companhia aberta deverá ser feita com 
quinze dias de antecedência, no mínimo, contando o prazo da publicação 
do primeiro anúncio. Não se realizando a assembleia por falta de quorum, será 
publicado novo anúncio. A segunda convocação com antecedência mínima 
de oito dias.
FONTE: Disponível em: <www.sitesa.com.br/contabil/biblioteca/contratos/sa/53.rtf>. Acesso em: 
4 mar. 2013.
Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembleia geral 
e discutir a matéria submetida à deliberação.
Durante o funcionamento da assembleia, as deliberações devem seguir a 
disciplina prevista na “ordem do dia”, conforme consta da convocação e publicação. 
Em livro próprio, será lavrada uma ata, que consiste no registro sucinto dos 
acontecimentos ocorridos na reunião.
A assembleiaterá um presidente e um secretário escolhidos pelos acionistas 
presentes, salvo disposição do estatuto. As deliberações da assembleia geral são, 
em regra, tomadas por minoria absoluta (50% mais um) de votos de acionistas 
com direito a voto.
12.3 QUORUM DE INSTALAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL
Ressalvadas as exceções legais, a assembleia geral instalar-se-á, em 
primeira convocação, com a presença de acionistas que representem no mínimo ¼ 
do capital social com direito de voto. Em segunda convocação, instalar-se-á com 
qualquer número, conforme determina a Lei de Sociedade Anônima, no art.125.
FONTE: Adaptado de: <www.jucemg.mg.gov.br ›... › Informações › Documentação para Regis-
tro>. Acesso em: 4 mar. 2013.
TÓPICO 4 | DA SOCIEDADE ANÔNIMA
59
13 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
As companhias abertas terão, obrigatoriamente, conselho de administração, 
conforme determina o art. 138 da Lei de Sociedade Anônima.
O conselho de administração é um órgão de deliberação colegiado e 
tem a função precípua de fixar a orientação geral dos negócios da companhia.
Compete à assembleia geral dos acionistas votantes, geralmente ao 
acionista controlador, eleger ou destituir o conselho de administração; a este, por 
sua vez, cabe o direito de eleger ou destituir os diretores.
13.1 COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Os membros do conselho de administração precisam ser obrigatoriamente 
acionistas da sociedade e pessoas naturais residentes no país. 
 
O conselho de administração será composto, no mínimo, por três membros. 
O estatuto deve estabelecer o número de conselheiros. O prazo de gestão não 
poderá ser superior a três anos, permitida a reeleição. 
13.2 COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Além da competência de fixar a orientação geral dos negócios sociais, 
destaca-se a de fiscalizar a gestão de diretores, examinar, a qualquer tempo, os 
livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contatos celebrados, ou 
em vias de celebração, e quaisquer outros atos, de acordo com o estabelecido no 
item III do art. 142.
14 DIRETORIA
A diretoria tem a função de representar a sociedade. É um órgão 
executivo das deliberações da assembleia geral dos acionistas ou do conselho de 
administração, conforme o caso.
Será a diretoria composta de dois ou mais diretores, conforme o estabelecido 
no estatuto social. O prazo de gestão não será superior a três anos, permitida a 
reeleição.
Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3, poderão 
ser eleitos para os cargos de diretores.
Só podem ser nomeadas para a diretoria pessoas naturais residentes no 
país, podendo ser acionistas ou não da sociedade.
60
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Nas sociedades anônimas, a fiscalização dos negócios sociais é feita 
através do Conselho Fiscal. É o órgão incumbido de examinar a marcha dos 
negócios da companhia e de manifestar-se sobre os atos da administração. Assim, 
ao menos um dos membros do conselho fiscal deverá comparecer às reuniões 
da assembleia geral e responder aos pedidos de informações formulados pelos 
acionistas. 
Os pareceres de seus membros poderão ser apresentados e lidos na 
assembleia geral dos acionistas, independentemente de publicação e ainda que a 
matéria não conste da ordem do dia, de acordo com a Lei de Sociedade Anônima no 
art. 164 e parágrafo único. Enfim, a função precípua do conselho é a de fiscalizar 
os atos da administração social, tanto do conselho como da diretoria.
 
 O Conselho Fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 
5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela 
assembleia geral, é o que determina o § 1º do art. 161.(BRASIL, 2013).
Na constituição do conselho fiscal serão observadas as seguintes normas:
15 CONSELHO FISCAL
• Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto terão direito de eleger, 
por votação em separado, um membro e seu respectivo suplente. Igual direito 
terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% 
(dez por cento) ou mais das ações com direito a voto.
FONTE: Disponível em: <www.cvm.gov.br/port/descol/respdecis.asp?File=5633-2.HTM>. Acesso 
em: 4 mar. 2013.
• O acionista controlador tem o direito de eleger um membro a mais em relação 
aos grupos minoritários e titulares de ações preferenciais. Assim, se o conselho 
fiscal possuir cinco membros, os grupos minoritários elegem um. O grupo dos 
titulares das ações preferenciais, os grupos minoritários têm o direito de eleger 
um e o controlador dois.
Somente poderão fazer parte do conselho fiscal as pessoas naturais, 
residentes no país, diplomadas em curso de nível superior, ou que tenham 
exercido, pelo prazo mínimo de três anos, cargo de administrador de empresa 
ou de conselheiro fiscal, exceto nas localidades em que não houver pessoas 
habilitadas, em número suficiente, para o exercício da função.
61
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico apresentamos os seguintes conceitos inerentes às 
sociedades anônimas:
• Aprendemos que as sociedades anônimas, ou companhias, são regidas por lei 
especial, e que podem ser de capital aberto ou fechado.
• Identificamos que o capital social das companhias é constituído por ações que, 
se forem de capital aberto, poderão ser negociadas no mercado mobiliário, 
com a prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários.
• Verificamos que, para o seu funcionamento, existem vários órgãos sociais, como 
a assembleia geral, conselho de administração, diretoria, conselho fiscal, todos 
com responsabilidades e atribuições bem definidas por lei.
62
AUTOATIVIDADE
Responda às questões:
1 Considerando a doutrina relativa às espécies de nomes comerciais, assinale 
a alternativa CORRETA:
a) ( ) Toda sociedade anônima deve adotar um nome sob o qual exerce sua 
atividade comercial.
b) ( ) A omissão do termo “limitada” na denominação social não implica 
necessariamente a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores 
da firma. 
c) ( ) A utilização da expressão “sociedade anônima” pode indicar a firma de 
sociedade por comandita ou empresária. 
d) ( ) O registro do nome comercial na Junta Comercial de um estado garante 
à sociedade constituída a exclusividade da utilização internacional da 
denominação registrada. 
2 Sobre a Sociedade Anônima, classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) Nas companhias de capital fechado a responsabilidade pessoal e ilimitada 
do acionista termina com o pagamento do valor da subscrição do capital 
social.
( ) A cessão e transferência das ações ao novo acionista afeta a estrutura da 
sociedade.
( ) As S/A são regidas legalmente e exclusivamente pelo Código Civil brasileiro.
( ) A S/A também pode ter fins não lucrativos.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) F – F – V – F.
( ) V – F – F – F.
( ) F – V – F – F.
( ) F – F – F – V.
3 Sobre a Sociedade Anônima, classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) A Sociedade Anônima é uma sociedade empresária. 
( ) O capital social das companhias é dividido em cotas sociais.
( ) A partir do registro do seu Estatuto Social na Junta Comercial, a sociedade 
ganha personalidade jurídica.
( ) As sociedades anônimas, quanto à responsabilidade dos sócios, podem ser 
limitadas ou ilimitadas.
63
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) V – F – V – F.
( ) F – F – V – V.
( ) V – V – F – F .
( ) V – F – F – V.
4 Sobre a Sociedade Anônima, classifique V para as sentenças verdadeiras e F 
para as falsas:
( ) As Sociedades Anônimas são classificadas em duas espécies: abertas ou 
fechadas.
( ) As S/A de capital fechado são aquelas que têm suas cotasnegociadas no 
mercado mobiliário. 
( ) O preço de emissão de uma ação não se confunde com o valor nominal ou de 
mercado.
( ) Para uma companhia negociar suas ações na bolsa de valores, é necessária 
prévia autorização da CVM.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – V - V.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) v – F – v – v.
d) ( ) V – F – V – V.
64
65
TÓPICO 5
TÍTULOS DE CRÉDITO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Você certamente já recebeu ou já assinou um cheque, uma nota promissória 
ou outro documento que representa um crédito. Estes títulos de crédito são 
bastante comuns em nosso dia a dia.
Neste tópico você estudará os principais títulos de crédito e entenderá a 
função e o funcionamento de cada um deles.
Iniciaremos nosso estudo pelo surgimento do crédito.
2 DO SURGIMENTO DO CRÉDITO
O crédito, inegavelmente, tem um papel muito importante na história do 
homem. Para isso, basta uma rápida retrospectiva em suas relações econômicas. 
Já mencionamos antes que, nos primórdios de nossa civilização, toda 
relação econômica movia-se com base na troca, no escambo. Mais tarde, porém, 
percebeu-se o interesse comum das pessoas em determinados bens, que passaram 
a servir como base das trocas, como produtos de intermediação, como, por 
exemplo: o sal, o gado, as argolas, os fios e bambus.
 Posteriormente, chegou-se à fase do metalismo, na qual o ouro, a prata e 
o bronze eram utilizados para servir como instrumentos de troca, sendo aceitos 
por todos. 
Após esse período, criou-se o dinheiro, o instrumento de troca por 
excelência, que, no dizer de Carvalho de Mendonça (apud ALMEIDA, 1998, p. 1):
é a mercadoria por todos voluntariamente aceita para desempenhar 
as funções intermediárias nas aquisições de outras mercadorias e na 
obtenção de serviços indispensáveis, satisfazendo as necessidades 
humanas no convívio social. É ainda o meio normal de pagamento.
Porém, a evolução dos instrumentos de troca não parou por aí, pois a 
engenhosidade humana, frente às necessidades que surgiram, criou uma "nova 
moeda", que permitiria trocar dinheiro presente por dinheiro futuro. De fato, 
fruto do intelecto do homem, surgiu o crédito.
FONTE: Adaptado de: <utjurisnet.tripod.com/artigos/080.html>. Acesso em: 4 mar. 2013.
66
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
E para que servia este crédito? Servia para suprir a falta de dinheiro das 
pessoas que não dispunham do capital necessário no momento da conclusão do 
negócio, mas que o teriam futuramente. Com base nisso, geralmente o outro 
contratante dava-lhe um crédito. Isto é, acreditava em sua palavra e concluía o 
negócio, tendo em vista o dinheiro futuro, ou lhe emprestava a quantia necessária 
para depois recebê-la. O crédito era, como ainda o é, baseado na confiança, na 
crença na palavra do outro (daí também a origem etimológica da palavra, que, 
segundo Requião, vem de "credere", de "creditum", ato de confiança, fé, crença).
Por isso pode-se conceituar crédito como sendo "a confiança que uma 
pessoa inspira à outra cumprir, no futuro, obrigação atualmente assumida”. 
(REQUIÃO, 1995, p. 318).
Este crédito, geralmente em dinheiro, passou a ser representado por 
um papel, um título, que dava mais segurança ao credor de que efetivamente o 
devedor honraria a palavra e pagaria o débito.
Porém, este título ou cártula era simplesmente representativo do crédito, 
não tendo a mesma força de troca, por exemplo, que tem o dinheiro.
Assim, o crédito não tinha grande função prática senão na relação em que 
havia sido originado, na qual permitia, repita-se, a troca de dinheiro presente 
por dinheiro futuro. Porém, não podia tal título ser transferido a outrem de 
forma rápida, por estar vinculado à causa originária de sua existência. Não 
servia, pois, como útil instrumento de troca, como forma de pagamento.
FONTE: Adaptado de: <utjurisnet.tripod.com/artigos/080.html>. Acesso em: 4 mar. 2013.
Com relação a esse período, relata-nos Waldemar Ferreira (1962, p. 181) 
que "esses entraves para a circulação de tais títulos se fizeram sentir sobremodo 
no mundo dos negócios. Havia a necessidade de suprimir a exigência da causa 
para que eles se pudessem transmitir”. 
E complementa:
Para o homem de negócios, nada de maior utilidade haveria do 
que obter certificado ou título que pudesse transferir, com a mesma 
facilidade que qualquer bem móvel, e lhe conferisse direito próprio, 
justificado pela exibição do título à prestação, nele de qualquer maneira 
incluída, sem necessidade de fazer descer sua perquirição até o credor 
primitivo, em cujos direitos se houvesse investido. (FERREIRA, 1962).
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
67
3 TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
3.1 CONCEITO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO 
TÍTULO DE CRÉDITO
3.1.1 Conceito
Cesare Vivante (1981, p. 1981) conceitua título de crédito:
"Título de crédito é o documento necessário para 
o exercício do direito literal e autônomo nele 
mencionado".
IMPORTANT
E
O Código Civil Brasileiro (Lei no 10.406/2002), em seu art. 887, também conceitua 
o título de crédito: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da 
lei. (BRASIL, 2013).
O Código Civil de 2002 trata especificamente sobre os títulos de crédito, 
do artigo 887 ao artigo 926.
3.1.2 Principais características (ou princípios) dos títulos 
de crédito
Um documento, para ser um título de crédito, deve apresentar duas 
características: a literalidade e a autonomia. Além disso, há também a cartularidade, 
que é a materialização do título em uma cártula, ou seja, em um papel. 
68
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
DICAS
Releia o conceito de título de crédito que vimos acima. Neste conceito você 
pode reconhecer o princípio da cartularidade, quando se diz que ele é um documento 
necessário para o exercício do direito nele contido.
O princípio da cartularidade é, pois, o próprio documento para representar 
o crédito. Sem o título, seria totalmente impossível exigir o direito nele contido. 
O credor, para exercer seu direito de cobrança, necessita do título. Sem ele, o 
devedor não estará obrigado a pagar.
A literalidade refere-se ao conteúdo do texto, significando que tudo 
o que consta no título de crédito não mais se discute. Uma nota promissória, 
por exemplo, é um título de crédito desde o seu nascedouro, e o devedor, 
subscrevendo-a, não pode, posteriormente, por em dúvida o seu conteúdo, que 
passa a valer pelo que nele está contido. Não se discute, por exemplo, o valor 
e o prazo contidos no título, porque o devedor, ao emitir a nota promissória, 
reconheceu o seu conteúdo.
A autonomia do título de crédito refere-se à sua circulação e à segurança 
de quem o recebe. De uma forma bem simplificada, pode-se explicar que o título 
circula e aquele que o possuir terá o direito de receber o crédito nele representado 
de quem nele consta como devedor. Ou seja, não ficará o credor exposto ao risco 
de não receber o crédito em razão de circunstâncias ocorridas anteriormente 
entre o devedor e o credor anterior. Por exemplo, se o título estiver com o credor, 
o devedor não poderá eximir-se do pagamento, alegando que já pagou ao credor 
anterior ou que foi coagido a assiná-lo, por o título ser autônomo. 
Trata-se, pois, a autonomia de um fator de segurança das relações 
econômicas travadas por meio de títulos de crédito. Se estiver de boa-fé, poderá, 
sim, o credor, exercitar seu direito creditório, posto que o direito constituído na 
cártula seja autônomo, independe das relações entre seus anteriores possuidores. 
É como se, ao se adquirir de boa-fé um título de crédito, passassem a inexistir 
todas as relações anteriores que o envolveram. 
IMPORTANT
E
Esta característica é expressamenteprevista na Lei nº 2.044/1908, em seu art. 
43: As obrigações cambiais são autônomas e independentes umas das outras. [...] (BRASIL, 
2013).
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
69
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Os títulos de crédito podem ser classificados quanto: à causa, ao emitente, 
à emissão, à circulação. Veja o quadro a seguir, que traz as principais classificações:
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
A – Quanto à Causa
Abstratos: deles não se interroga a origem. São exemplos: 
Letra de Câmbio, Nota Promissória, Cheque.
Causais: ligam-se à origem (dizem respeito à compra e venda 
de mercadorias e prestação de serviço). São exemplos: as 
duplicatas e ações.
B – Quanto ao Emitente
Públicos: são emitidos por pessoas jurídicas de Direito 
Público: União, Estados, Municípios, Territórios, Autarquias.
Privados: compreendem os títulos emitidos por particulares, 
civil ou comerciante.
C – Quanto à Emissão
Individuais ou singulares: são títulos acessórios que se 
contrapõem ao título principal ao qual se referem. Ex.: cheques 
e duplicatas.
Em série ou em massa: emitidos em geral a longo prazo 
(prestações periódicas, juros, dividendos etc.).
D – Quanto à Circulação
Ao portador: os títulos de crédito ao portador são os 
transferíveis por tradição. O proprietário presume-se ser 
o portador do título. Não obedece a formalidade alguma. 
Transfere-se de forma simples e rápida. Entretanto, o devedor 
poderá opor exceção ao seu portador fundando-se em direito 
pessoal ou em nulidade de sua obrigação. É o que determina 
o artigo 906 do Código Civil Brasileiro.
Nominativos: são os títulos cuja propriedade se transfere por 
endosso, portanto diferem dos nominativos. 
À ordem: se um título de crédito tiver inserido, pelo seu 
emitente, a cláusula à ordem, perderá sua condição de 
simples título nominativo, passando a circular pelo endosso 
que, sendo em branco, fará com que circule como título ao 
portador.
FONTE: Os autores (2009), com base na doutrina de Rubens Requião (1995)
3.3. CONCEITOS IMPORTANTES
Também são bastante usuais nos títulos de crédito institutos como o 
endosso, o aval, o protesto, entre outros. Também é importante que entendamos 
os mecanismos de apresentação e algumas medidas judiciais necessárias para o 
recebimento do crédito. Iniciaremos pelo endosso.
70
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
3.3.1 Endosso
Conforme Amador Paes de Almeida (2005, p. 23), “o endosso é o meio 
pelo qual se transfere a propriedade de um título [...]”, sendo que, em havendo a 
entrega do título transfere-se a posse deste, conforme dispõe o art. 893 do Código 
Civil: a transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe 
são inerentes. (BRASIL, 2013).
O endosso é efetuado com a assinatura do endossante ou de alguém com 
poderes especiais para assinar em seu lugar (mandatário), no verso da letra, 
conforme dispõe o art. 8º do Decreto nº 2.044/1908. Ou seja, para “a validade do 
endosso é bastante a assinatura do próprio punho do endossante no verso da 
letra [...] ou em folha ligada a este, sob pena de não produzir efeitos cambiais”. 
(ALMEIDA, 2005, p. 40).
 De uma forma bem simplificada, podemos classificar o endosso em 
próprio e impróprio.
Quando aquele que endossa o título, chamado endossante, transfere a 
propriedade do título, e sua titularidade, este fica co-obrigado pelo pagamento 
do título, ou seja, caso o sacado não o pague, o beneficário ou o tomador poderá 
cobrar dele. Este é o endosso próprio.
O endosso próprio é subdividido em endosso em preto, que é aquele: 
que menciona expressamente o nome do endossatário, isto é, do 
beneficiário do endosso. É indispensável a assinatura de próprio 
punho do endossante ou de mandatário especial, como indispensável 
é a indicação do endossatário [...] No endosso em branco, omite-se o 
nome do endossatário, limitando-se o endossante a firmar de próprio 
punho a sua assinatura no verso do título. (ALMEIDA, 2005, p. 42- 43).
Já o endosso impróprio, “sem privar o titular dos seus direitos cambiais, 
transfere ao mandatário o exercício e a conservação destes direitos”. (ALMEIDA, 
2005, p. 42). Não transfere a titularidade do crédito, mas apenas possibilidade ao 
detentor do exercício de seus direitos. 
São espécies de endosso impróprio o endosso-mandato, também 
conhecido como “endosso procuração”, é aquele que confere ao endossatário a 
possibilidade de agir como representante do endossante, exercendo os direitos 
inerentes ao título; e o endosso-caução, em que o título fica em garantia (penhor) 
em favor do credor do endossante.
Por fim, vejamos um exemplo de endosso:
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
71
FIGURA 4 - ENDOSSO
FONTE: Cartório de Distribuição Rui Barbosa do Distrito Federal. Disponível em: 
<http://www.distribuidordf.com.br/exec/default_1.asp?idp=44>. Acesso em: 15 
fev. 2013.
3.3.2 Aval
Da doutrina de Amador Paes de Almeida colhe-se que “Aval é garantia de 
pagamento firmada por terceiro”. (ALMEIDA, 2005, p. 48).
 
Ao avalizar um título, o avalista garante o pagamento do título. Caso o 
devedor não o faça, assumindo obrigações cambiais iguais às do mesmo, como 
dispõe expressamente o art. 32 da Lei Uniforme de Genebra, adotado pelo Brasil 
através do Decreto nº 57.663, de 24 de janeiro de 1966, sendo, porém, autônoma. 
Ou seja, o “avalista, dado o aval, se obriga ainda que nula, inexistente ou ineficaz 
a obrigação principal. Daí não ser lícito ao avalista arguir em sua defesa falta de 
causa na origem do título”. (ALMEIDA, 2005, p. 48).
Aval e fiança não se confundem! O aval é concedido nos títulos de crédito e a 
fiança nos contratos. O aval é obrigação autônoma, como vimos acima, o que não acontece 
com a fiança, que é obrigação acessória. Nulo o contrato, nula a fiança. Porém, em ambos 
será necessária a autorização do cônjuge (outorga uxória ou autorização marital), conforme 
exige o Código Civil de 2002.
ATENCAO
72
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
3.3.3 Protesto
O protesto é o “ato formal extrajudicial que objetiva conservar e ressalvar 
direitos”, podendo assim ser caraterizado como uma providência que o credor 
toma para tornar público que o título foi apresentado para aceite ou para 
pagamento sem que o devedor ou o aceitante tenham tomado esta providência. 
Com o protesto, o credor torna público, inclusive aos demais co-obrigados pelo 
título, que nem uma nem outra providência foi tomada por parte do sacado ou 
aceitante, respectivamente. Assim, com o protesto, o portador prova aos demais 
co-obrigados que não recebeu a quantia representada no título, ou ainda, que o 
título não foi aceito ou devolvido. 
O protesto não é obrigatório contra o devedor principal para que se possa 
entrar na justiça, a fim de obter o pagamento. “Todavia, conquanto facultativo 
relativo aos obrigados principais: aceitante e seu respectivo avalista, que lhe é 
equiparado para todos os efeitos – o protesto se faz indispensável quando se trata 
de coobrigados: sacador, endossantes e seus avalistas”. (ALMEIDA, 2005, p. 388). 
É importante salientar que a falta do protesto obrigatório gerará a perda 
do direto de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas, conforme o art. 
32 do Decreto nº 2.044/1908.
O protesto deve ser realizado no lugar onde a obrigação deve ser satisfeita 
encaminhando-se o título a um cartório que se chama Tabelionato. É este que 
encaminha ao devedor um aviso de que o título foi apontado para protesto. 
O devedor ou coobrigado disporá de três dias a contar da notificação 
para pagar ou sustar o protesto, sendo que esta última providência é tomada 
judicialmente, como através de advogado que precisará provar porque o protesto 
não deverá ser lavrado (ex.: a duplicata é nula porque não está vinculada a uma 
compra e venda). 
O cancelamento do protesto somenteacontecerá mediante pagamento com 
entrega do título em cartório ou com a concessão pelo credor de um documento 
formal, chamado “carta de anuência”, ou ainda mediante decisão judicial, como 
mencionamos acima. 
3.3.4 Prescrição
Como mencionamos acima, o título cambial vincula o devedor e seus 
obrigados à obrigação nele representada. Porém, esta vinculação não poderá ser 
eterna. Em não havendo o adimplemento, o credor deverá ir a juízo para receber 
o valor constante do título. O meio legal posto à sua disposição se chama “ação 
executiva”. Porém, quando o credor fica inerte, ou seja, não toma as providências 
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
73
4 TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE
Agora que conhecemos a Teoria Geral dos Títulos de Crédito, estudaremos 
especificamente os títulos de crédito em espécie. Para nosso estudo vamos nos 
limitar aos mais comumente usados no dia a dia das empresas. 
Inicialmente, veja o quadro a seguir, que traz os títulos e a legislação que 
os regulamenta:
necessárias ao recebimento do crédito, diz-se que seu direito “prescreveu”, e o 
título se transforma em um título comum, que perde esta força. Restarão ao credor 
caminhos um pouco “mais longos”, como a ação de cobrança e a ação monitória. 
Os prazos prescricionais estão previstos em lei e dependem do tipo de 
título, como veremos a seguir.
QUADRO 2- ESPÉCIES DE TÍTULO DE CRÉDITO
1. Títulos mais comumente usados
- Letra de Câmbio: Decreto n° 2.044, de 31/08/1908; 
Decreto n° 57.663, de 24/01/1966. 
- Nota Promissória: Decreto n° 2.044, de 31/08/1908; 
Decreto n° 57.663, de 24/01/1966. 
- Duplicata Mercantil: Lei n° 5.474, de 18/07/1968; 
Resolução MF/BACEN n° 102, de 1968. 
- Cheque: Lei n° 7.357, de 02/09/1985.
2. Títulos de Crédito Industrial
- Cédula de Crédito Industrial.
- Nota de Crédito Industrial. 
Decreto-Lei n° 413, de 09/01/1969.
3. Títulos de Crédito Rural
- Nota Promissória Rural.
- Duplicata Rural.
- Cédula Rural Pignoratícia.
- Cédula Rural Hipotecária.
- Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária.
- Nota de Crédito Rural.
Decreto-Lei n° 167, de 14.02.1967.
4. Títulos da Dívida Agrária
Decreto n° 578, de 24 de junho de 1992 – Dá nova 
regulamentação ao lançamento dos Títulos da 
Dívida Agrária. 
5. Títulos de Crédito Comercial - Cédula de Crédito Comercial.
Lei n° 6.840, de 3 de novembro de 1980.
6. Títulos de Crédito Bancário
Cédula de Crédito Bancário.
Lei n° 4.728, de 14/07/1965 (disciplina o mercado 
de capitais e estabelece medidas para o seu 
desenvolvimento), e a Medida Provisória n° 2.160-
25, de 23/08/2001, que dispõe sobre a Cédula de 
Crédito Bancário.
7.Títulos de Crédito à Exportação
- Cédula de Crédito à Exportação.
- Nota de Crédito à Exportação.
 Lei n° 6.313, de 16.12.1975.
74
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
8. Títulos de Crédito Comercial
- Cédula de Crédito Comercial.
- Nota de Crédito Comercial.
Lei n° 6.840, de 03.11.1980.
9. Outros títulos de Crédito
Debêntures, ações, letras imobiliárias, warrants, 
conhecimento de transporte, títulos da dívida 
pública, cédula hipotecária, partes beneficiárias, 
bilhete de mercadoria, certificados de depósitos, 
certificados de investimentos, nota de crédito 
comercial etc. Os títulos societários têm seu 
fundamento legal na Lei n◦ 6.404/1976 (dispõe sobre 
as sociedades por ações).
FONTE: O autor, com base na legislação brasileira.
UNI
Será interessante que você tenha em mãos a legislação apontada como 
reguladora de cada um dos títulos de crédito. Você pode obtê-la no seguinte endereço: 
<http://www. planalto.gov.br>.
4.1 LETRA DE CÂMBIO
É o Decreto n◦ 2.044/1908 que regulamenta a Letra de Câmbio e a Nota 
Promissória, trazendo o conceito e os requisitos deste título:
Art. 1º A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter 
requisitos, lançados, por extenso, no contexto:
I. A denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente na 
língua em que for emitida.
II. A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda.
III. O nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser 
inserida abaixo do contexto.
IV. O nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao 
portador e também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O 
sacador pode designar-se como tomador.
V. A assinatura de próprio punho do sacador ou do mandatário 
especial. A assinatura deve ser firmada abaixo do contexto. (BRASIL, 
2013).
A letra de câmbio é, pois, um título à ordem, que se cria mediante o saque. 
Como salienta Amador Paes de Almeida (2005, p. 23):
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
75
FONTE: O autor, com base na legislação brasileira.
O sacador cria a letra. Conhecido também como doador, ele saca o título 
dando ordem ao sacado, na qual se consigna o valor a pagar e o dia do 
vencimento. Este, o sacado, é o devedor, aquele que aceitando a letra 
virá pagá-la na ocasião do vencimento. [...] o tomador é o beneficiário, 
que poderá ser um terceiro ou confundir-se com o próprio sacador, o 
que não é raro ocorrer. 
A letra de câmbio é, assim, uma ordem que o emitente, chamado sacador, 
dá ao sacado para que pague o valor constante do título ao beneficiário ou tomador. 
A emissão deste título se chama saque. Assim, para entender seu mecanismo, 
suponha que: A deve para C e tem crédito com B. Ao invés de B pagar para A, 
através da letra de câmbio, A (sacador) dá uma ordem de pagamento para B 
(sacado) pagar para C (beneficiário). Por isso, se diz que a letra de câmbio é uma 
ordem de pagamento. O título pode circular e ser transferido de uma pessoa 
para a outra através do endosso, como vimos acima, devendo haver o aceite do 
sacador. O pagamento poderá ser garantido por aval. 
Veja um modelo de letra de câmbio:
FIGURA 5 - MODELO DE LETRA DE CÂMBIO
FONTE: Disponível em: <http://www.marcoevangelista.com.br/titulos_de_credito.htm>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
4.2 NOTA PROMISSÓRIA
O conceito e os requisitos da nota promissória também são trazidos pelo 
art. 54 do Decreto nº 2.044/1908. Observe:
Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve 
conter estes requisitos essenciais, lançados, por extenso, no contexto:
76
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
I. a denominação de “Nota Promissória” ou termo correspondente, na 
língua em que for emitida;
II. a soma de dinheiro a pagar;
III. o nome da pessoa a quem deve ser paga;
IV. a assinatura do próprio punho do emitente ou do mandatário 
especial. (BRASIL, 2013).
Estes requisitos são essenciais, ou seja, são indispensáveis para a validade 
do título. Outros requisitos são apontados pela doutrina como não essenciais:
a) a data e o lugar da emissão;
b) a época do vencimento;
c) o lugar do pagamento. 
Na ausência dos requisitos não essenciais mencionados, obedece-se às 
seguintes regras:
I - pode o portador inserir a data e o lugar da emissão;
II - será pagável à vista;
III - será pagável no domicílio do emitente. (ALMEIDA, 2005, p. 104)
Veja um modelo de Nota Promissória.
FONTE: Disponível em: <http://www.bigleilao.com.br/utilitarios/promissoria/form-promissoria.
htm>. Acesso em: 5 mar. 2013.
FIGURA 6 - MODELO DE NOTA PROMISSÓRIA
A prescrição da Nota Promissória, conforme determinado no art. 70 da 
Lei Uniforme de Genebra, disciplinado pelo Decreto nº 57.663, de 24 de janeiro 
de 1966, o qual definiu para as ações contra o aceitante dessas letras de crédito, 
ocorre nos seguintes prazos: 
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
77
FIGURA 6 - MODELO DE NOTA PROMISSÓRIA
- 3 anos: do portador contra o emitente ou avalista;
- 1 ano: do portador contra o endossante(s);
- 6 meses: dos endossantes uns contra os outros. (BRASIL, 2013).
4.3 CHEQUE
Pode-se conceituar o cheque como sendo “o título revestido de 
determinadas formalidades legais, contendo uma ordem de pagamento à vista, 
passada em favor próprio ou de terceiro”. (ALMEIDA,2005, p. 111).
Esta ordem pressupõe a existência de fundos em um banco denominado 
sacado que cumprirá a ordem do emitente, pagando a quantia representada no 
cheque ao beneficiário. Desde 1990, o cheque não pode ser ao portador, ou seja, 
deverá ser nominal.
No Brasil, aplica-se ao cheque a Lei Uniforme de Genebra (Decreto nº 
57663/66), além da Lei n◦ 7.357/85, que o regulamenta e que dispõe em seu art. 1º. 
Que são requisitos do cheque:
I – a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa 
na língua em que é regido;
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III – o nome do banco ou instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV – a indicação do lugar de pagamento; 
V – a indicação da data e do lugar de emissão;
VI – a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com 
poderes especiais. (BRASIL, 2013).
Dos requisitos mencionados, na verdade não são essenciais o do 
lugar do pagamento e o da emissão. Já que na falta de tais indicações 
é considerado o lugar designado junto ao nome do sacado (banco); 
designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; 
inexistindo indicação, o cheque é pagável no lugar de sua emissão. 
Não indicando o lugar da emissão, considera-se emitido o cheque 
no lugar indicado junto ao nome do emitente (sacador). (ALMEIDA, 
2005, p. 116).
O cheque tem implícita a causa “à ordem”, significa dizer que se transmite 
normalmente mediante endosso, conforme dispõe o art. 17 da Lei nº 7.357/85, que 
pode ser feito no verso ou anverso do cheque. A figura do avalista também é 
possível no cheque, sendo que esta garantia poderá ser lançada no verso (com a 
expressão “por aval”) ou anverso do título. 
Quanto às espécies de cheque, em resumo, podemos destacar as seguintes: 
a) cheque visado; b) cheque administrativo; c) cheque cruzado; d) cheque para ser 
creditado em conta.
78
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
a) Cheque visado: é aquele em que há uma confirmação da existência de fundos 
para compensá-lo através de um visto, certificado ou declaração equivalente 
(BRASIL, 2013) do banco sacado colocado no verso do título. Em razão deste 
visto, o dinheiro correspondente fica reservado na conta do emitente ou 
sacador do cheque, durante o prazo de apresentação do cheque.
b) Cheque administrativo: o cheque administrativo é o “cheque emitido pelo 
próprio banco, contra si mesmo”. “Passado (emitido ou sacado) contra o 
próprio sacador (o banco)”. (ALMEIDA, 2005, p. 159). O cheque administrativo 
deverá ser necessariamente nominal, por expressa exigência legal. (art. 9º. III 
da Lei do Cheque).
c) Cheque cruzado: é aquele em que são colocadas duas linhas paralelas em seu 
anverso, o que determina que o cheque só poderá ser depositado, não sendo 
assim possível seu saque em dinheiro, mas apenas o depósito em banco. Se 
houver o nome de um banco entre as duas linhas, somente no banco indicado 
é que o cheque poderá ser depositado. 
d) Cheque para se apresentar em conta: neste tipo de cheque, o emitente 
identifica a conta do credor para depósito, não sendo possível seu pagamento 
em dinheiro.
Para que seja liquidado, o cheque deverá ser apresentado ao banco, dentro 
de um determinado prazo, de acordo com o tipo de cheque. Conforme o art. 11 da 
Resolução nº 1.682 do Banco Central de 31 de janeiro de 1990, são os seguintes os 
prazos, a contar do saque: 
• Cheque da “mesma praça”  30 dias
• Cheque de “praças diferentes”  60 dias
Vejamos um modelo de cheque.
FIGURA 7 - MODELO DE CHEQUE
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
79
FONTE: Cartório de Distribuição Rui Barbosa do Distrito Federal. Disponível em: 
<http://www.distribuidordf.com.br/exec/default_1.asp?idp=44>. Acesso em: 15 fev. 
2013.
IMPORTANT
E
A Resolução nº 1.682 do Banco Central de 31 de janeiro de 1990, em seu art. 06, 
estabelece os motivos pelos quais o cheque pode ser devolvido pela instituição financeira:
Art. 6º O cheque poderá ser devolvido por um dos motivos a seguir 
classificados: 
Cheque sem provisão de fundos 
11 - Cheque sem fundos - 1ª apresentação. 
12 - Cheque sem fundos - 2ª apresentação. 
13 - Conta encerrada. 
14 - Prática espúria. 
Impedimento ao pagamento 
21 - Contraordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação) ao pagamento 
pelo emitente ou pelo portador. 
22 - Divergência ou insuficiência de assinatura. 
23 - Cheques emitidos por entidades e órgãos da administração pública 
federal direta e indireta, em desacordo com os requisitos constantes do 
artigo 74, 2º, do Decreto-Lei nº 200, de 25.02.67. 
24 - Bloqueio judicial ou determinação do Banco Central do Brasil. 
25 - Cancelamento de talonário pelo banco sacado. 
26 - Inoperância temporária de transporte. 
27 - Feriado municipal não previsto. 
80
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Cheque com irregularidade 
31 - Erro formal (sem data de emissão, com o mês grafado numericamente, 
ausência de assinatura, não registro do valor por extenso). 
32 - Ausência ou irregularidade na aplicação do carimbo de compensação. 
33 - Divergência de endosso. 
34 - Cheque apresentado por estabelecimento bancário que não o indicado 
no cruzamento em preto, sem o endosso-mandato. 
35 - Cheque fraudado, emitido sem prévio controle ou responsabilidade do 
estabelecimento bancário ("cheque universal"), ou ainda com adulteração 
da praça sacada. 
Apresentação indevida
41 - Cheque apresentado a banco que não o sacado. 
42 - Cheque não compensável na sessão ou sistema de compensação em que 
apresentado. 
43 - Cheque devolvido anteriormente pelos motivos 21, 22, 23, 24 e 31, 
não passível de reapresentação em virtude de persistir o motivo da 
devolução. 
44 - Cheque prescrito. 
45 - Cheque emitido por entidade obrigada a realizar movimentação e 
utilização de recursos financeiros do Tesouro Nacional mediante ordem 
bancária. 
49 - Remessa nula, caracterizada pela reapresentação de cheque devolvido 
pelos motivos 12, 13, 14, 43, 44 e 45, podendo a devolução ocorrer a 
qualquer tempo. 
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013). 
Após o prazo de seis meses, não será mais possível receber o cheque. Após 
este prazo, o cheque perde sua força executiva, cabendo apenas ao beneficário 
cobrá-lo judicialmente através de ação monitória ou de cobrança.
IMPORTANT
E
 O cheque pós-datado, que na prática se chama “pré-datado”, muito usado no 
dia a dia, desvirtua o cheque como “ordem de pagamento à vista”. É por isso que o art. 32 
da Lei no 7.357/85 é claro ao dispor que o cheque apresentado antes da data indicada como 
de emissão é pagável no dia da apresentação. Apesar disso, já existem decisões judiciais 
reconhecendo que o cheque, neste caso, se transforma em uma promessa de pagamento, 
uma espécie de nota promissória, porque decorrente de um acordo entre as partes e, assim 
sendo, deve ser respeitado o prazo de apresentação nele constante. (BRASIL, 2013).
TÓPICO 5 | TÍTULOS DE CRÉDITO
81
(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2013). 
O pagamento do cheque pode ser impedido através da sustação, que deve 
ser requerida diretamente ao banco sacado.
4.4 DUPLICATA
A duplicata é um título de crédito emitido em razão de uma compra e 
venda mercantil, representada em uma fatura.A fatura “é uma nota do vendedor, 
descrevendo a mercadoria, discriminando a sua qualidade e quantidade, fixando-
lhe o preço. É, portanto, uma prova do contrato de compra e venda mercantil”. 
(ALMEIDA, 2005, p. 183). 
Do exposto acima é possível entender que a duplicata é um título causal, 
ou seja, depende da existência de uma fatura que legitima sua omissão. Se isso não 
acontecer, estaremos diante do que se conhece como “duplicata fria”, tecnicamente 
chamada de “duplicata simulada”, que inclusive é crime. A duplicata também se 
transmite por endosso e seu pagamento pode ser garantido por aval.
Na emissão da duplicata, segundo a Lei nº 5.474/68 e Resolução 102 do 
Conselho Monetário Nacional que a disciplina, devem ser observados os seguintes 
requisitos: 
- A denominação “duplicata”.
- A data de emissão.
- O número de ordem.
- O número da fatura da qual foi extraída.
- Data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista.
- O nome e o domicílio do vendedor e do comprador.
- A importância a pagar, em algarismos e por extenso.
- A praça de pagamento.
- A cláusula à ordem (a cláusula “não à ordem” somente pode ser 
inserida no título por endossante, e, como o vendedor saca a seu favor, 
ele, necessariamente, é o primeiro endossante do título).
- A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação 
de pagá-la. A ser assinada pelo comprador, como aceite cambial (o 
comprador deve ser identificado com nome, domicílio e documento: 
RG, CPF etc.) e a assinatura do emitente (seguindo, a indicação de seu 
nome e domicílio). (BRASIL, 2013).
A duplicata deverá, segundo a lei, ser enviada para “aceite” do sacado, o 
que corresponde ao reconhecimento da existência da dívida, e sua falta poderá 
ser motivo de protesto, assim como a falta de devolução do título e a falta de 
pagamento. 
Para a cobrança judicial através de ação executiva, a duplicata sem aceite 
deverá ser acompanhada do comprovante de entrega de mercadoria e do protesto, 
e a ação ajuizada nos prazos máximos previstos na Lei nº 5.474/68, em seu art. 18: 
82
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Em 3 anos, contados da data do vencimento do título, contra o sacado 
e respectivos avalistas. 
Em 1 ano, contando da data do protesto, contra os endossantes e 
respectivos avalistas.
Em 1 ano, contando da data em que haja sido efetuado o pagamento 
do título, de qualquer dos co-obrigados, uns contra os outros. A 
duplicata poderá também ser referente a uma prestação de seviços. 
(BRASIL, 2013). 
Veja um modelo de duplicata.
FIGURA 8 – MODELO DE DUPLICATA
FONTE: Cartório de Distribuição Rui Barbosa do Distrito Federal. Disponível em: 
<http://www.distribuidordf.com.br/exec/default_1.asp?idp=44#duplicata>. Acesso 
em: 5 mar. 2013.
83
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico você viu que:
• A história do surgimento do crédito no mundo, como instrumento necessário a 
suprir a falta de dinheiro das pessoas que não dispunham do capital necessário 
no momento da conclusão do negócio, mas que o teriam futuramente.
• O conceito e as características dos títulos de crédito: autonomia, literalidade e 
carturalidade.
• Os conceitos de endosso, aval e protesto.
• As características, requisitos e os vários títulos de crédito em espécie, admitidos 
pelo Direito Brasileiro, quais sejam: a Letra de Câmbio, Nota Promissória, 
Duplicata Mercantil, Cheque, Cédula de Crédito Industrial, Nota de Crédito 
Industrial, Nota Promissória Rural, Duplicata Rural, Cédula Rural Pignoratícia, 
Cédula Rural Hipotecária, Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária e a Nota de 
Crédito Rural.
84
Para a fixação do conteúdo deste tópico, assinale a alternativa CORRETA:
1 A nota promissória é uma:
a) ( ) Ordem de pagamento.
b) ( ) Promessa de pagamento.
c) ( ) Forma de pagamento.
2 Sobre o protesto de título é correto afirmar:
a) ( ) É dispensável contra o devedor principal como regra geral.
b) ( ) É sempre indispensável.
c) ( ) É condição essencial para cobrança perante o devedor.
3 O aval:
a) ( ) É uma obrigação acessória.
b) ( ) É uma obrigação autônoma.
c) ( ) É uma obrigação principal.
4 A nota promissória em que não consta a data do vencimento:
a) ( ) Não é válida.
b) ( ) Considera-se com vencimento à vista.
c) ( ) Considera-se com vencimento no exercício financeiro seguinte ao da sua 
emissão.
5 Esta característica do título de crédito refere-se ao fato de que o título vale 
pelo que nele está escrito:
a) ( ) Autonomia.
b) ( ) Literalidade. 
c) ( ) Exigibilidade.
6 Sobre o cheque administrativo, pode-se dizer que:
a) ( ) É o cheque passado pela administração pública a seus fornecedores.
b) ( ) É o cheque emitido pelo banco sacado contra si mesmo.
c) ( ) É o cheque emitido pelo administrador de uma empresa pública.
7 Tratando-se um cheque de cheque cruzado:
a) ( ) Este somente poderá ser depositado.
b) ( ) Este somente poderá ser sacado no caixa do banco.
c) ( ) Perde sua validade, pois está rasurado.
8 Sobre a duplicata é correto afirmar:
a) ( ) É título causal, porque depende da existência de uma fatura.
b) ( ) Não depende de fatura para ser emitida.
c) ( ) Para a cobrança judicial através de ação executiva, a duplicata sem aceite não 
precisa estar acompanhada do comprovante de entrega de mercadoria e do protesto.
AUTOATIVIDADE
85
TÓPICO 6
RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste último tópico nos dedicaremos ao estudo da situação de insolvência 
que pode acometer as sociedades empresárias quando estas deixam de cumprir 
seus compromissos financeiros.
A Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, traz as disposições legais que 
regulamentam esta situação, concedendo aos empresários instrumentos para 
que sua situação seja revertida através da recuperação da empresa. Caso não seja 
possível esta recuperação, haverá a liquidação forçada dos ativos da empresa, a 
que comumente denominamos de falência. 
 Não sendo possível obter esse benefício, prevê a lei a liquidação forcada 
de seu patrimônio para que, com o saldo apurado, sejam pagos os credores. Essa 
última denomina-se falência.
2 DA RECUPERAÇÃO DA EMPRESA
Como dissemos acima, trata-se de um instrumento legal que permite 
à sociedade convocar seus credores, propondo-lhes um plano de recuperação. 
Existem duas espécies de recuperação da empresa: a extrajudicial e a judicial.
2.1 DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Por este sistema, a Lei nº 11.101/1995 permite à sociedade-devedora que 
convoque seus credores ou parte destes (por classe) - exceto empregados e fisco 
-, propondo-lhes um plano de recuperação. Este plano será materializado em um 
documento, uma espécie de contrato particular e que será assinado pela devedora 
e credores. Também poderá ser objeto de aprovação em assembleia geral de 
credores que vier a ser convocada extrajudicialmente, para tal fim. Este plano, 
que determinará a ordem dos pagamentos, privilegiando os trabalhistas, depois 
de aprovado poderá ser apresentado à homologação judicial, passando a obrigar 
todos os credores, mesmo os dissidentes. Os juízes devem relutar em decretar 
falência, para evitar desemprego e destruição de ativos. Se o plano for rejeitado 
pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos (§2º. 
do art.165 da Lei de Falência). 
86
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
2.2 DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação de 
crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da 
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, 
promovendo assim a preservação da empresa.
FONTE: Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista..>. Acesso 
em: 5 mar. 2013.
O empresário negocia o plano de recuperação com todos osseus credores, 
inclusive trabalhadores e fisco, visando, principalmente, à concessão de prazos e 
condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas. Se 
em 180 dias não houver acordo, o Judiciário poderá decretar a falência. 
A empresa devedora peticionará ao juiz, requerendo a recuperação, 
expondo as causas concretas de sua situação patrimonial e as razões da crise 
econômico-financeira que atravessa. Estando cumpridas as exigências legais, 
o juiz defere, permite o processamento de pedido da recuperação judicial, 
nomeando um administrador judicial.
IMPORTANT
E
Conforme ensina Amador Paes de Almeira (2009, p. 200), “o administrador não 
é um simples representante do falido, mas um órgão ou agente auxiliar da justiça. Serve a 
bem do interesse público e para consecução da finalidade do processo da falência. Age por 
direito próprio em seu nome, no cumprimento dos deveres que a lei lhe impõe”.
Após esta decisão, o devedor deverá apresentar o plano de recuperação 
em juízo, no prazo improrrogável de 60 dias, a contar da data da concessão do 
processamento, sob pena de decretação da falência.
Veja então estas fases na figura a seguir.
FIGURA 9 – NOME
FONTE: O autor
60 d. (máx)
3o – Apresentação do 
plano de recuperação 
em juízo sob pena de 
decretação de falência.
2o – Deferimento do 
processamento ou 
devolução.
1o – Requerimento 
em juízo do 
processamento da 
recuperação judicial.
TÓPICO 6 | RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA
87
2.2 DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
FIGURA 9 – NOME
Esta fórmula legal só poderá ser utilizada se o empresário estiver em dia 
com as obrigações legais e se, no momento do pedido, a empresa estiver exercendo 
regularmente suas atividades há mais de dois anos. Na fase de recuperação não 
poderá haver pedido de falência por parte dos credores.
As microempresas e as empresa de pequeno porte poderão apresentar 
plano especial de recuperação judicial no prazo improrrogável de 60 dias da 
publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob 
pena de convolação em falência. 
FONTE: Adaptado de: <www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1617...>. Acesso em: 5 
mar. 2013.
O plano abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, os 
quais serão pagos em até 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, corrigidas 
monetariamente e acrescidas de juros de 12% a.a. Preverá, ainda, o pagamento 
da primeira parcela no prazo máximo de 180 dias, contados da distribuição do 
pedido de recuperação judicial.
FONTE: Adaptado de: <www.douglasfreitas.adv.br/dl_file.php?arquivo=down/arq..>. Acesso em: 
5 mar. 2013.
3 FALÊNCIA
3.1 CONCEITO
Falência é o processo judicial através do qual o empresário é obrigado a 
liquidar o seu patrimônio em benefício dos credores, ocasião em que se arrecada 
o patrimônio do falido e são verificados os créditos, apurando-se o ativo e 
procurando solver o passivo, porque a situação de insolvência é irreversível. É o 
que se chama popularmente de “bancarrota”.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE FALÊNCIA
Quando o empresário não tem condições de solver suas obrigações, 
está caracterizada a sua insolvência. Mas, para instalar-se o estado de falência, 
é necessária a concorrência de três pressupostos: 1) a qualidade de empresário 
devedor; 2) a insolvência do devedor; 3) a declaração judicial da falência.
88
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
1. A qualidade de empresário devedor: a falência só cabe contra o empresário 
individual e conta com a sociedade empresária. Não conta a empresa pública, 
sociedade de economia mista, instituição financeira pública ou privada, 
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, 
sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, 
sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às 
anteriores (LF, art. 2º, I E II). 
FONTE: Disponível em: <www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=250164>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
1. A insolvência do devedor: dispõe o art. 94 da Lei das Falências que será 
detectada falência do devedor que:
 I. sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação 
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados, 
cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 salários-mínimos na data do 
pedido de falência. Os credores podem reunir-se em litisconsórcio a 
fim de perfazer este limite;
II. executado por qualquer quantia líquida não paga, não deposita e 
não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
III. prática qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte do plano 
de recuperação judicial:
a. procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de 
meios ruinosos ou fraudulentos para realizar pagamentos;
b. realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo 
de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou 
alienação de parte ou totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c. transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com os bens suficientes 
para solver o passivo;
d. simula a transferência de seu principal estabelecimento com o 
objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar 
credor;
e. dá ou reforça garantia ao credor por dívida contraída anteriormente, 
sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar o 
seu passivo;
f. ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos 
suficientes para pagar os credores; abandona estabelecimento ou tenta 
ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal 
estabelecimento;
g. deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no 
plano de recuperação judicial. (BRASIL, 2013).
Esses são os casos especiais de caracterização dos chamados atos de 
falência.
2. A declaração judicial da falência: normalmente, a falência é requerida 
por um dos credores quirografários, que exibe títulos da dívida vencida 
(nota promissória, duplicata, cheque etc.) e a prova de caracterização da 
impontualidade do devedor, para o que junta a certidão de protesto. É feito, 
TÓPICO 6 | RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA
89
então, um requerimento que diz o motivo da falência. O pedido de falência, 
seja qual for a sua fundamentação, deverá ser convenientemente instruído 
para servir de base à decisão do juiz.
Em seguida, é dada ao devedor a oportunidade de defender-se:
a. Se o fundamento do pedido de falência for o da impontualidade (art. 
94, I), dentro do prazo de contestação o empresário devedor poderá 
suspender a falência depositando o valor da dívida acompanhada da 
defesa. Evidentemente, feito o depósito, não haverá a declaração da 
falência, ocasião em que a ação se converte em cobrança individual. 
De qualquer maneira, poderá o requerido pagar a dívida dentro 
desse prazo ou promover a devida defesa. Ainda dentro do prazo de 
contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial (LF, 
art. 95).
b. Se fundado o pedido na ocorrência do chamado ato de falência 
(art. 94, III), a defesa do devedor empresário, que recebe o nome 
de embargos, deverá ser apresentada também dentro do prazo de 
contestação. Será uma defesa com produção mais ampla de prova, 
devido à complexidade do fato apresentado. (BRASIL, 2013). 
Finalmente, cabe ao juiz decretar ou não a falência. Se decretar através de 
sentença fundamentada, nomeará o administrador judicial e marcará prazo para 
que os credores se habilitem, prazo esse que deverá ser de 15 dias. Não observado 
esse prazo, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias.
 A decretação de falência determina o vencimento antecipado das dívidas 
do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis. O juízo da 
falência é indivisível e competente (todasas ações deverão ser necessariamente 
julgadas pelo mesmo juiz) para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e 
negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas e fiscais. 
Todas as ações terão prosseguimento com o administrador judicial, que 
deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do 
processo.
 Vejamos o que dispõe o artigo 81 da Lei nº 11.101/1995:
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios 
ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que 
ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação 
à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar 
contestação, se assim o desejarem. (BRASIL, 2013).
90
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Aplica-se ao sócio que tenha se retirado voluntariamente ou que tenha 
sido excluído da sociedade, há menos de dois anos. Quanto às dívidas existentes 
na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem sido 
solvidas até a data da alteração do contrato, no caso de não terem sido solvidas 
até a data da decretação da falência. 
FONTE: Adaptado de: <www.mp.ce.gov.br/esmp/.../14_Pedro.Thiago.Costa.de.Freitas.pdf>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
A sentença que acolhe o pedido do credor encerra a primeira fase do 
processo falencial, conhecida como etapa pré-falencial. Ato contínuo, desencadeia-
se a segunda fase, a do processo de execução propriamente dito, chamada etapa 
falencial, que é constituída por uma série de atos destinados à expropriação dos 
bens do devedor, a fim de satisfazer seus credores. 
A partir do momento em que a sentença transita em julgado (ou seja, 
quando dela não cabe mais recurso), ingressa-se no terreno da execução coletiva, 
ocasião em que o juiz nomeia o administrador judicial.
O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente 
advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa 
jurídica especializada. A ele será atribuída a missão especial de arrecadar todos 
os bens do empresário falido. Todos os credores quirografários deverão vir ao 
juízo da falência, provando os seus direitos, seus créditos.
Finalmente, o administrador judicial promoverá a venda dos bens da 
massa, através do leilão público, e pagará os credores.
Primeiramente, paga-se a dívida aos credores privilegiados, tais como: 
os credores trabalhistas, os tributários, os credores com direitos reais de garantia 
etc. Do que sobrar, recebem os credores quirografários. Com isso, fica encerrada 
definitivamente a insolvência.
Pelo exposto, tem-se que a falência é um processo de execução coletiva em 
que são apurados o ativo e o passivo, pagando-se os credores na preferência de 
seus créditos.
O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a 
partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, 
respeitando o disposto no §1º do art.181 da Lei de Falência. (Os efeitos da falência 
perdurarão até cinco anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, 
cessar antes pela reabilitação penal), e poderá ser condenado pela prática de 
crime falimentar previsto na Lei de Falências em seus arts. 168 a 178.
TÓPICO 6 | RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA
91
4 DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
A Lei de Falências estabelece as diferentes espécies de créditos, preferências 
e privilégios a alguns credores, determinados pela própria natureza da respectiva 
obrigação. 
A Lei nº 11.101/2005, em seus artigos 83 e 84, dispõe sobre os créditos na 
falência, classificando-os em:
a) créditos derivados da legislação do trabalho;
b) créditos com garantia real;
c) créditos tributários;
d) créditos com privilégio especial;
e) créditos com privilégio geral;
f) créditos quirografários;
g) as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis 
penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias;
h) créditos subordinados;
i) créditos extraconcursais. (BRASIL, 2013).
UNI
Os artigos 83 e 84 da Lei no 11.101/2005 dispõem sobre a classificação dos 
créditos.
Seção II
Da Classificação dos Créditos
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte 
ordem:
I - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e 
cinquenta) salários mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de 
trabalho;
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
III - créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de 
constituição, excetuadas as multas tributárias;
92
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
IV – créditos com privilégio especial, a saber:
a) os previstos no art. 964 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição 
contrária desta lei;
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa 
dada em garantia;
V – créditos com privilégio geral, a saber:
a) os previstos no art. 965 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta lei;
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição 
contrária desta lei;
 
VI – créditos quirografários, a saber:
a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens 
vinculados ao seu pagamento;
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem 
o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais 
ou administrativas, inclusive as multas tributárias;
VIII – créditos subordinados, a saber:
a) os assim previstos em lei ou em contrato;
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.
§ 1º Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como 
valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada 
com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do 
bem individualmente considerado.
 § 2º Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao 
recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade.
 § 3º As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as 
obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência.
 § 4º Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados 
quirografários.
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos 
com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta lei, na ordem a seguir, 
os relativos a:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e 
créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes 
de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da falência;
TÓPICO 6 | RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA
93
II – quantias fornecidas à massa pelos credores;
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e 
distribuição do seu produto, bem como custas do processo de falência;
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha 
sido vencida;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a 
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta lei, ou após a decretação 
da falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a 
decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta 
lei. (BRASIL, 2013).
FONTE: Disponível em: <www.senado.gov.br/sf/senado/advocacia/pdf/ADI3424.pdf>. Acesso 
em: 5 mar. 2013.
ALMEIDA (2010, p. 251-253), referenciando Sampaio de Lacerda, sobre o 
assunto explica:
Se na falência os bens do devedor constituem a garantia comum 
dos credores, evidentemente que o produto da venda deles deve ser 
divididoproporcionalmente ao valor dos créditos. A falência é, de 
fato, processo igualitário, isto é, que visa colocar todos os credores na 
mesma igualdade (pars conditio creditorum). Essa igualdade, todavia, 
não deve ser considerada de modo absoluto. Corresponde a uma 
igualdade de credores dentro de cada classe. De fato, como a falência 
não altera os direitos materiais dos credores, para que esses direitos 
sejam respeitados na execução coletiva, impõe-se a sua classificação, 
a fim de que cada credor receba o que legitimamente lhe é devido. 
Há, portanto, créditos que, por sua natureza ou qualidade, fogem à 
repartição proporcional e gozam de prioridade no pagamento.
94
RESUMO DO TÓPICO 6
Neste tópico você aprendeu:
• Que a Lei nº 11.101/2005 regula o processo de recuperação judicial e falência 
no Brasil.
• A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação de crise 
econômico-financeira da empresa, a fim de permitir a manutenção da fonte 
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores.
• A falência é o processo judicial através do qual o empresário é obrigado a 
liquidar o seu patrimônio em benefício dos credores, ocasião em que se arrecada 
o patrimônio do falido e são verificados os créditos, apurando-se o ativo e 
procurando solver o passivo, porque a situação de insolvência é irreversível. 
A Lei nº 11.101/2005 classifica os créditos dos credores na recuperação judicial 
e falência em: créditos derivados da legislação do trabalho; créditos com 
garantia real; créditos tributários; créditos com privilégio especial; créditos 
com privilégio geral; créditos quirografários; as multas contratuais e as penas 
pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas 
tributárias; créditos subordinados e créditos extraconcursais.
95
Responda às questões a seguir:
1 Cite as formas de recuperação das empresas.
2 Cite qual o efeito da falência em relação às dívidas do falido. 
3 Qual o prazo de inabilitação do empresário falido para exercer qualquer 
atividade empresarial?
4 Como se caracteriza o estado de insolvência?
AUTOATIVIDADE
96
97
UNIDADE 2
DIREITO DO CONSUMIDOR
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• compreender os conceitos básicos e fundamentais com relação aos direi-
tos dos consumidores, produtores, fornecedores e os prestadores de servi-
ço;
• reconhecer os principais aspectos técnicos práticos inerentes à relação ju-
rídica consumerista;
• identificar as relações comerciais e empresariais, com suas respectivas 
obrigações.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada tópico, você 
encontrará atividades que possibilitarão a apropriação de conhecimentos na 
área.
TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
TÓPICO 2 – O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
TÓPICO 3 – CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
TÓPICO 4 – DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
98
99
TÓPICO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da história humana são encontrados alguns dispositivos 
que, direta ou indiretamente, objetivaram proteger o consumidor. Contudo, 
foi somente com o surgimento dos mercados de massa que a consciência de 
necessidade de proteção dos direitos do consumidor começou a se fortalecer. O 
movimento consumerista iniciou nos Estados Unidos e depois pela Europa.
No Brasil, especificamente, o surgimento do movimento pela defesa do 
consumidor foi marcado pela criação, no ano de 1976, em São Paulo, do “Sistema 
Estadual de Defesa do Consumidor”, com instalação do primeiro Procon.
Porém, foi somente com a Constituição Federal de 1988 que o Direito 
do Consumidor foi levado ao nível constitucional e assegurada, através da 
promulgação do Código de Defesa do Consumidor, a definição de uma Política 
Nacional das Relações de Consumo.
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Segundo renomados juristas, já no antigo Código de Hamurábi havia 
certas regras que, mesmo indiretamente, visavam proteger o consumidor.
IMPORTANT
E
Khammu-rabi, rei da Babilônia no século XVIII a. C., estendeu grandiosamente o 
seu império e governou uma confederação de cidades-estado. Erigiu, no final do seu reinado, 
uma enorme estela em diorito, na qual ele é retratado recebendo a insígnia do reinado e 
da justiça do rei Marduk. Abaixo, mandou escrever, em 21 colunas, 282 leis (cláusulas) que 
ficaram conhecidas como Código de Hamurábi. 
Este código referia-se, entre outros, ao comércio (no qual o caixeiro-viajante ocupava lugar 
importante), à família (inclusive o divórcio, o pátrio poder, a adoção, o adultério, o incesto), 
ao trabalho (precursor do salário mínimo, das categorias profissionais, das leis trabalhistas), à 
propriedade. Quanto às leis criminais, vigorava a Lex Talionis: a pena de morte era largamente 
aplicada, seja na fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalação. A mutilação era 
infligida de acordo com a natureza da ofensa.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
100
Temos como exemplos a Lei nº 233 e a Lei nº 235, que assim dispunham:
• Lei nº 233: se um arquiteto constrói para alguém uma casa e não leva ao fim, se as 
paredes são viciosas, o arquiteto deverá, à sua custa, consolidar as paredes.
• Lei nº 235: se um bateleiro constrói para alguém um barco e não o faz solidamente, 
se no mesmo ano o barco é expedido e sofre avaria, o bateleiro deverá desfazer 
o barco e refazê-lo solidamente à sua custa, o barco sólido ele deverá dá-lo ao 
proprietário.
A Lei nº 235 traz a noção já bem delineada do “vício redibitório”, adotado 
no regime jurídico romano.
Vê-se claramente que as consequências de desabamentos com vítimas 
fatais eram extremas. O empreiteiro da obra, além de ser obrigado a reparar 
todos os danos causados ao empreitador, sofria punição severa, caso houvesse o 
mencionado desabamento vitimado o chefe de família. 
Caso morresse o filho do dono da obra, pena de morte para o respectivo 
parente do empreiteiro, e assim por diante. Da mesma forma, o cirurgião que 
“operasse alguém com bisturi de bronze” e lhe causasse a morte por imperícia, 
além da indenização, estava sujeito à pena de morte.
Já na Índia do século XVIII a. C., o Código Sagrado de Massú previa 
multa e punição, além de ressarcimento dos danos, àqueles que adulterassem 
gêneros ou entregassem coisa de espécie inferior àquela acertada, ou vendessem 
bens de igual natureza por preços diferentes.
FONTE: Adaptado de: <www.leondeniz.com/monografia.doc>. Acesso em: 5 mar. 2013.
No Direito Romano Clássico, inicialmente, o vendedor era responsável 
pelos vícios da coisa, a não ser que estes fossem por ele ignorados. Porém, já 
no Período Justiniano, a responsabilidade era atribuída ao vendedor, mesmo 
que desconhecesse o defeito. As ações redibitórias eram mecanismos que 
ressarciam o consumidor nos casos de vícios ocultos na coisa vendida. Se o 
vendedor tivesse ciência do vício, deveria, então, devolver o que recebeu em 
dobro.
FONTE: Disponível em: <www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/K204623.pdf>. Aces-
so em: 5 mar. 2013.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
101
Indiretamente, no período romano, outras leis também atingiam 
o consumidor: a Lei Sempcônia, de 123 a.C., encarregando o Estado da 
distribuição de cereais a seguir o preço de mercado. A Lei Clódia, do ano de 58 
a.C., reservando beneficiar os indigentes, e a Lei Aureliana, do ano de 270 da 
nossa era, determinando que fosse feita a distribuição do pão diretamente pelo 
Estado, ante as dificuldades de abastecimento havidas nessa época em Roma.
FONTE: Disponível em: <www.avm.edu.br/.../MARLON%20GONÇALVES%20SANCHES.pdf>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
Já na Europa Medieval, na França do ano de 1481, o rei Luiz XI baixou 
um edito que punia combanho escaldante “quem vendesse manteiga com pedra 
no interior para aumentar o seu peso, ou leite com água para inchar o volume”. 
(GLÓRIA, 2003, p. 11).
Em 1914, nos Estados Unidos, foi criada a Federal Trade Commission, 
que tinha o objetivo de aplicar a lei antitruste e proteger os interesses do 
consumidor.
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/revista/texto/.../evolucao-historica-do-direito-do-consu-
mi...>. Acesso em: 5 mar. 2013.
No Brasil, o Direito do Consumidor surgiu entre as décadas de 40 e 
60, quando foram sancionados diversas leis e decretos federais, legislando sobre 
saúde, proteção econômica e comunicações. 
Dentre todas, pode-se citar: a Lei nº 1221/51, denominada Lei de 
Economia Popular; a Lei Delegada nº 4/62; a Constituição de 1967 com a emenda 
nº 1/69, que consagrou a defesa do consumidor. E a Constituição Federal de 
1988, que apresenta a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica 
(art. 170) e no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
(ADCT) que, expressamente, determinou a criação do Código de Defesa do 
Consumidor.
FONTE: Adaptado de: <www.ambito-juridico.com.br/pdfsGerados/artigos/8032.pd>. Acesso em: 
5 mar. 2013.
2.1 O SURGIMENTO DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
COMO PARTE DA EVOLUÇÃO DO ESTADO LIBERAL
A concepção do Estado Liberal fundou-se política e filosoficamente da 
Revolução Francesa, que pretendia a aquisição de direitos individuais como 
fatores de limitação ao poder supremo e arbitrário do Estado. Economicamente, 
através das ideias difundidas por Adam Smith e pelos fisiocratas franceses 
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
102
contemporâneos, negando o papel do Estado no contexto econômico, libertando-o 
da atividade privada, que deveria ser deixada de lado por ele, uma vez que o 
próprio mercado iria eleger suas leis espontaneamente.
IMPORTANT
E
Adam Smith marcou suas ideias liberais com o seguinte pensamento: 
É suficiente que deixemos o homem abandonado em sua iniciativa para que, ao perseguir 
seu próprio interesse, promova o dos demais. O interesse privado é o motor da vida 
econômica.
Noronha (1994, p. 64) explica que “a mão invisível de Adam Smith era 
Proclamada como a verdadeira mão da justiça”. Os ideais de liberdade foram 
levados às suas últimas consequências e, na verdade, ao invés de conduzirem à 
verdadeira justiça, o fizeram em sentido oposto.
Foi com o advento da Revolução Industrial (que primeiramente surgiu, 
na Inglaterra e logo após, experimentado pelos demais países da Europa) que 
o quadro se deteriorou, em decorrência da substancial mudança do modo de 
produção manufatureira para industrial, a partir do desenvolvimento tecnológico.
Toda essa evolução gerou imensas mudanças no quadro social e 
cultural, criando impasses e desequilíbrio de forças entre a mão de obra operária 
e os empresários industriais que, evidentemente, se aproveitavam da falta de 
intervenção do Estado para abusar de sua posição de vantagem.
Os valores humanos estavam sendo colocados em segundo plano sob a falsa 
justificativa de justiça e liberdade. Foi quando surgiu o manifesto de resgate da 
dignidade humana proclamado pelo padre francês Lacordaire (apud OLIVEIRA, 
2007, p. 57): “Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o mestre e o servo, 
é a liberdade que oprime e a lei que liberta”.
Na crise do liberalismo econômico, não se pode esquecer o fato de 
que os direitos advindos, por exemplo, da Declaração Francesa dos Direitos do 
Homem e do Cidadão foram provenientes do Liberalismo, onde a ausência do 
Estado era o padrão a ser seguido.
Isto porque o povo francês acabara de sair de um absolutismo em 
que havia a concentração total de poder nas mãos de um rei, ou de alguns 
por ele delegados. Porém, ingressar numa nova realidade totalmente oposta 
não seria o mais conveniente, mas a atmosfera reinante se deu nesse sentido 
e o Estado, como ente que governa, acabou por não interferir mais nas relações 
privadas.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
103
O homem, em dado momento, tendo em vista as constantes crises e 
desalinhamentos sociais provenientes da ausência de regras, de ingerência 
e de fiscalização do Estado, demonstrou que o individualismo possessivo não 
permitia a igualdade por si só, carecendo de um elemento que fizesse retornar a 
estabilidade e a ordem jurídica e social.
IMPORTANT
E
É diante desse panorama que o Estado é chamado a intervir para regulamentar 
as situações nos diversos níveis de sua atuação, principalmente nas questões trabalhistas e 
econômicas. Surgiu, então, outra gama de princípios sociais e econômicos da existência 
humana, privilegiando as condições de uma sobrevivência mais de acordo com sua situação 
de ser humano, e não apenas como um elemento da economia. (MARSHALL, 2000, p. 94-
95).
O Estado Social surge no século XX como resposta à miséria e à 
exploração que grande parte da população sofria na época. O Estado Social 
tem como características o poder limitado, a garantia aos direitos individuais e 
políticos, acrescentando a estes os direitos sociais e econômicos. Logo, o Estado 
passou a intervir na Economia para promover justiça social.
FONTE: Adaptado de: <www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/.../24064-24066-1-PB.htm..>. 
Acesso em: 5 mar. 2013.
Nos Estados Unidos, a t r a v é s d e uma iniciativa do próprio presidente 
americano John Kennedy, na década de 60, houve a consolidação do Direito 
do Consumidor. Por meio de uma mensagem especial ao Congresso americano, 
Kennedy identificou os pontos mais importantes em torno da questão:
Os bens e serviços colocados no mercado devem ser sadios e seguros 
para o uso, promovidos e apresentados de uma maneira que permita ao 
consumidor fazer uma escolha satisfatória. [...] a voz do consumidor 
seja ouvida no processo de tomada de decisão governamental que 
detenha o tipo, a qualidade e o preço de bens e serviços colocados no 
mercado. [...] tenha o consumidor o direito de ser informado sobre as 
condições e serviços. [...] o direito a preços justos. (SOUZA, 1996. p. 
56).
A exemplo dos Estados Unidos, a Comissão de Direitos Humanos da 
Organização das Nações Unidas (ONU), na sua 29ª Sessão em 1973, em Genebra, 
também reconheceu os princípios e chamou-os de Direitos Fundamentais do 
Consumidor.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
104
Por sua vez, o programa Preliminar da Comunidade Europeia para 
uma Política de Proteção e Informação dos Consumidores dividia os direitos 
fundamentais em cinco categorias:
1) proteção da saúde e da segurança; 
2) proteção dos interesses econômicos;
3) reparação dos prejuízos;
4) informação e educação;
5) representação (ou direito de ser ouvido).
FONTE: Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/24064-24066-
1-PB.html>. Acesso em: 5 mar. 2013.
Mas o avanço ainda mais importante se deu através da Resolução nº 
39/248/85, de 16/04/1985, através da qual a ONU estabeleceu objetivos, princípios 
e normas para que os governos membros desenvolvam ou reforcem políticas 
firmes de proteção ao consumidor, reconhecendo categoricamente que os 
consumidores se deparam com desequilíbrios em termos econômicos, níveis 
educacionais e poder aquisitivo. 
Desta forma, houve o efetivo reconhecimento e aceitação dos direitos 
básicos do consumidor em nível mundial, com a adoção dos seguintes objetivos:
a) auxiliar países a atingir ou manter uma proteção adequada para a sua 
população consumidora;
b) oferecer padrões de consumo e distribuição que preencham as necessidades 
e desejos dos consumidores;
c) incentivar altos níveis de conduta ética, para aqueles envolvidos na produção e 
distribuição de bens e serviços para os consumidores;
d) auxiliar países a diminuir práticas comerciais abusivas usando de todos os 
meios, tanto em nível nacional como internacional,que estejam prejudicando 
os consumidores;
e) ajudar no desenvolvimento de grupos independentes de consumidores;
f) promover a cooperação internacional na área de proteção ao consumidor; e
g) incentivar o desenvolvimento das condições de mercado que ofereçam aos 
consumidores maior escolha, com preços mais baixos.
FONTE: Disponível em: <sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/dimensao.pdf>. Acesso 
em: 5 mar. 2013.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
105
O anexo 03 da Resolução mostra ainda quais são os princípios gerais que 
serão tomados como padrões mínimos pelos governos, conforme aponta Souza 
(1996, p. 57):
(a) proteger o consumidor quanto a prejuízos à sua saúde e segurança;
(b) fomentar e proteger os interesses econômicos dos consumidores;
(c) fornecer aos consumidores informações adequadas para capacitá-
los a fazer escolhas acertadas, de acordo com as necessidades e desejos 
individuais;
(d) educar o consumidor;
(e) criar possibilidade de real ressarcimento ao consumidor;
(f) garantir a liberdade para formar grupos de consumidores e 
outros grupos e organizações de relevância e oportunidade para que 
estas organizações possam apresentar seus enfoques nos processos 
decisórios a elas referentes.
De tamanha relevância é a Resolução da ONU supracitada, que vários 
ordenamentos jurídicos a adotaram como referência em seus países. No Brasil, 
com a Constituição Federal de 1988, o referido tema teve especial atenção quando 
passou a dispor textualmente que: o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor.
Portanto, a Constituição Federal de 1988 exigiu que o Estado 
abandonasse a sua posição de mero espectador da sorte do consumidor, 
para adotar um modelo jurídico e uma política de consumo que efetivamente 
protegesse o consumidor. Isso porque o Código Civil, formulado segundo 
o pensamento liberal, trouxe o vício redibitório como meio de proteção do 
consumidor. Esse meio mostrou-se ineficaz para a proteção do consumidor.
FONTE: Disponível em: <www.avm.edu.br/.../TATHIANE%20DANTAS%20MESQUITA%20...>. Aces-
so em: 5 mar. 2013.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
106
LEITURA COMPLEMENTAR
ENTIDADES DE CONSUMIDORES E ONU SE UNEM EM CAMPANHA 
CONTRA O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS
"Pense. Coma. Economize. Reduza o uso de alimentos” é dirigida à comida 
desperdiçada pelos consumidores e varejistas. 
Campanha é direcionada ao consumidor final. 
FOTO: Kiyoshi Ota / Bloomberg 
RIO — Simples iniciativas dos consumidores e dos varejistas de alimentos 
podem reduzir drasticamente a quantidade de comida desperdiçada e ajudar a 
construir um futuro sustentável. É o que prega a nova campanha mundial da 
Organização das Nações Unidas (ONU), apoiada pela organização internacional 
de defesa dos direitos dos consumidores Consumers International (CI), batizada 
“Pense. Coma. Economize. Reduza o uso de alimentos”.
Cerca de um terço do total de alimentos produzidos em todo o mundo são 
perdidos ou desperdiçados na produção de alimentos e no consumo, segundo 
dados publicados pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, na 
sigla original) da ONU.
— Em um mundo de sete bilhões de pessoas, que passará a nove 
bilhões em 2050, o desperdício de alimentos não faz sentido economicamente, 
ambientalmente e eticamente — declarou o subsecretário geral e diretor executivo 
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner.
Para a CI, a iniciativa da organização é louvável.
— Esta é uma grande iniciativa para levar consumidores e empresas a 
pensarem mais sobre a comida que jogamos fora. Ninguém gosta de desperdiçar 
alimentos, por isso devemos fazer o possível para que seja mais fácil comprar, 
consumir e descartar só o que é realmente necessário — disse o chefe de 
Comunicação e Assuntos Externos da CI, Luke Upchurch.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR
107
A nova campanha é dirigida especificamente à comida desperdiçada pelos 
consumidores, varejistas e pela indústria hospitalar e é organizada pelo PNUMA, 
FAO e entidades colaboradoras e associadas.
Publicado: 23/01/13 - 14h19 
Atualizado: 24/01/13 - 10h13 
FONTE: JORNAL O GLOBO. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/defesa-do-consumi-
dor/entidades-de-consumidores-onu-se-unem-em-campanha-contra-desperdicio-de-alimen-
tos-7376433>. Acesso em: 15 fev. 2013.
IMPORTANT
E
Adam Smith marcou suas ideias liberais com o seguinte pensamento: 
É suficiente que deixemos o homem abandonado em sua iniciativa para que, ao perseguir 
seu próprio interesse, promova o dos demais. O interesse privado é o motor da vida 
econômica.
108
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você:
• Conheceu conceitos acerca dos direitos do consumidor.
• Verificamos que o movimento de defesa do consumidor teve início nos 
Estados Unidos, através do surgimento do chamado Estado Social.
• Através da Resolução nº 39/248/85, de 16/04/1985, a Organização das 
Nações Unidas estabeleceu objetivos, princípios e normas para que os 
governos membros desenvolvam ou reforcem políticas firmes de proteção ao 
consumidor.
109
AUTOATIVIDADE
Considerando o texto “Entidades de consumidores e ONU se unem em 
campanha contra o desperdício de alimentos”, que medidas podem ser tomadas 
pelos consumidores, em suas próprias casas, para reduzir o desperdício de 
alimentos?
110
111
TÓPICO 2
O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Como já foi visto, o Brasil, a partir das diretrizes estabelecidas pela 
Organização das Nações Unidas, passou a adotar, a nível constitucional, a defesa do 
consumidor. No Brasil, ao longo da história, são encontrados alguns dispositivos 
legais que, direta ou indiretamente, objetivaram proteger o consumidor. 
Porém, foi somente com a introdução do Código de Defesa do Consumidor 
que se passou a determinar uma eficaz política nacional das relações de consumo, 
com a efetiva participação e intervenção do Estado nas relações de consumo.
Hoje, o consumidor brasileiro está legislativamente bem amparado, em 
condições de poder comparar-se às nações mais avançadas do planeta.
2 A LEGISLAÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ANTES E 
DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Antes da Constituição de 1988 havia apenas normas esparsas, legislação 
complementar, que tratava de alguma matéria de maneira isolada referente ao 
direito do consumidor. Após a promulgação da Constituição Federal houve grande 
desenvolvimento legislativo no âmbito do direito consumerista, principalmente 
com a instituição do Código de Defesa do Consumidor. 
Vejamos as principais leis e decretos federais sobre o assunto:
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
112
LEIS
 QUADRO 3 - LEIS
• Lei nº 11.800, de 29 de outubro de 2008
Acrescenta parágrafo único ao art. 33 da Lei n◦ 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código 
de Defesa do Consumidor, para impedir que os fornecedores veiculem publicidade ao 
consumidor que aguarda, na linha telefônica, o atendimento de suas solicitações.
• Lei nº 11.785, de 22 de setembro de 2008
Altera o § 3º do art. 54 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa 
do Consumidor – CDC, para definir tamanho mínimo da fonte em contratos de adesão.
• Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004
Dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e serviços para o 
consumidor.
• Lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999
Dispõe sobre o valor total das anuidades escolares e dá outras providências.
• Lei nº 9.791, de 24 de março de 1999
Dispõe sobre a obrigatoriedade de as concessionárias de serviços públicos estabelecerem 
ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o vencimento de seus débitos.
• Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999
Regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal.
•Lei nº 8.979, de 13 de janeiro de 1995
Altera a redação do art. 1º da Lei nº 6.463, de 9 de novembro de 1977.
• Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990
Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e 
dá outras providências.
• Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990
Código de Defesa do Consumidor - CDC (última atualização em 23/09/2008)
• Lei nº 7.089, de 23 de março de 1983
Veda a cobrança de juros de mora sobre título cujo vencimento se dê em feriado, sábado 
ou domingo.
• Lei nº 6.463, de 09 de novembro de 1977
Torna obrigatória a declaração de preço total nas vendas a prestação, e dá outras 
providências.
FONTE: Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/legislacao>. Acesso em: 15 
fev. 2013.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
113
QUADRO 4 - DECRETOS
DECRETOS
• Decreto nº 6.523, de 31 de julho de 2008
Regulamenta a Lei n◦ 8.078, de 11 de setembro de 1990, para fixar normas gerais sobre o 
Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC.
• Decreto nº 5.903, de 20 de setembro de 2006
Regulamenta a Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004, e a Lei nº 8.078, de 11 de setembro 
de 1990
• Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006
Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições 
de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal 
de ensino.
• Decreto nº 5.440, de 04 de maio de 2005
Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas 
de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação 
ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano.
• Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003
Regulamenta o direito à informação, assegurado pela Lei n◦ 8.078, de 11 de setembro de 
1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares destinados ao consumo humano 
ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos geneticamente 
modificados, sem prejuízo do cumprimento das demais normas aplicáveis.
• Decreto n° 2.181, de 20 de março de 1997
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor.
• Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933 (Lei de Usura)
Dispõe sobre os juros nos contratos e dá outras providências.
Ver também Súmulas do STF: nº 596, de 15/12/1976 e nº 121, de 16/12/1963.
FONTE: Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/legislacao>. Acesso em: 25 
mar. 2013.
O Brasil também assinou acordos internacionais no âmbito do Mercosul, 
visando a cooperação entre os países do bloco na defesa do consumidor, quais 
sejam:
• Acordo Brasil e Argentina, de 28 de junho de 2005
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
114
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa do 
consumidor do Brasil e da Argentina para criação de uma rotina de intercâmbio 
de informações sobre produtos enganosos e produtos piratas e elaboração de 
quadro comparativo das leis de defesa do consumidor de ambos os países.
FONTE: Disponível em: <portal.mj.gov.br/main.asp?View=%7B39C8F036-8621-4EB9...>. Acesso 
em: 6 mar. 2013.
• Acordo interinstitucional Mercosul, de 03 de junho de 2004
Acordo interinstitucional de entendimento entre os órgãos de defesa 
do consumidor dos estados partes do Mercosul para a defesa do consumidor 
visitante.
 Assim, com o crescimento da sociedade consumerista, verificou-se a 
necessidade de uma legislação que regulamentasse todos os aspectos da relação 
de consumo, equilibrando a posição do consumidor, parte mais fraca da relação, 
seja proibindo ou limitando certas práticas de mercado.
Antes da Constituição Federal de 1988, os passos importantes na defesa 
do consumidor foram dados somente a partir de 1985, com a promulgação, em 24 
de julho, da Lei nº 7.347. 
Na mesma data foi assinado o Decreto Federal nº 91.469, que criou 
o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor (CNDF), com o objetivo de 
assessorar o Presidente da República na elaboração da política nacional de defesa 
do consumidor. Porém, tal órgão foi substituído, no governo do ex-presidente 
Fernando Collor de Mello, pelo Departamento Nacional de Proteção e Defesa do 
Consumidor, subordinado ao Ministério da Justiça.
Em 1987, no VII Encontro das entidades de defesa do consumidor, 
realizado estrategicamente em Brasília, em abril, foram extraídas novas propostas 
consubstanciadas em anteprojeto formalmente protocolado junto à Assembleia 
Nacional Constituinte, fazendo sugestões de modificações da redação dos 
art. 36 e 74 do anteprojeto elaborado pela chamada Comissão Afonso Arinos, 
merecendo destaque a menção expressa já aos direitos fundamentais ou básicos 
do consumidor, como o relativo ao consumo de produtos e serviços, à segurança, 
à escolha, à informação etc.
Também tem grande destaque o trabalho desenvolvido pelo Ministério 
Público Brasileiro, em dois simpósios nacionais. Ou seja, o VI Congresso 
Nacional de São Paulo, em junho de 1985, e o VII, em Belo Horizonte, quando 
foram oferecidas teses que defendiam não apenas a instituição de promotorias 
de justiça especializadas na proteção e defesa do consumidor, como também pela 
consagração daquelas preocupações no texto constitucional.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
115
• Acordo interinstitucional Mercosul, de 03 de junho de 2004
IMPORTANT
E
Assim, com a instituição na Constituição Federal de 1988, a defesa do consumidor 
foi tratada com a devida importância e relevância, dispondo em seu art. 5º, XXXII, que: “O 
Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. (BRASIL, 2013).
Tal norma constitucional significa que o Estado tem a obrigação de 
defender o consumidor, de acordo com o que estiver estabelecido nas leis.
Na ordem econômica, a preocupação com a defesa do consumidor 
também é encontrada no texto do art. 170, que trata da “ordem econômica, 
fundado na valorização do trabalho e da livre iniciativa”, cujo fim é “assegurar a 
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,” com observância a 
determinados princípios fundamentais, encontrando-se, entre eles, exatamente a 
“defesa do consumidor”. (BRASIL, 2013).
O art. 150, que trata das limitações de tributar por parte do poder público e 
no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, estabelece em seu §5º 
que: a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos 
acerca dos impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. (BRASIL, 2013).
Ainda no plano constitucional, a preocupação e a preservação dos interesses 
e direitos dos consumidores aparecem no art. 175, II, que alude aos “usuários” de 
serviços públicos por intermédio de concessão ou permissão do poder público, 
dizendo que: incumbe ao poder público, na forma de lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de 
serviços públicos. (BRASIL, 2013). 
E seu parágrafo único dispõe sobre “os direitos dos usuários”, no caso, 
e à evidência, “usuários-consumidores”, dos mencionados serviços públicos 
concedidos ou permitidos. 
Por fim, o art. 48 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias 
(ADCT) dispõe de forma categórica que: o Congresso Nacional, dentro de cento 
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará Código de Defesa do 
Consumidor. (BRASIL, 2013). Prazo esse esgotado da confecção de vários projetos, 
mas que culminou, após longa tramitação de dois anos, com a Lei nº 8.078, de 11 
de setembro de 1990. Estes dispositivos constitucionais são mencionados no art. 
1º do CDC.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
116
2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Em 11 de setembro de 1990 foi promulgado o texto da Lei nº 8.078/90, 
que entrou em vigor em 11 de março de 1991, que dispõe sobre a proteção do 
consumidor e dá outras providências.
Temos claro que a intenção doconstituinte era a concepção da codificação, 
tendo em vista que um modelo privado ou leis esparsas não seriam eficientes 
para a proteção eficiente do consumidor. No entanto, a Constituição optou pela 
criação de um Código.
Porém, durante a tramitação do Código, o lobby dos empresários, 
principalmente os da construção civil, dos consórcios e dos supermercados, 
prevendo o sucesso e o fortalecimento dos direitos dos consumidores, buscava 
impedir a votação do texto ainda naquela legislatura.
Contudo, o Código foi votado, transformando-se na Lei nº 8.078, de 11 
de setembro de 1990, tornando o Brasil o pioneiro da codificação do Direito do 
Consumidor em todo o mundo.
IMPORTANT
E
Dentre as finalidades do Código de Defesa do Consumidor (CDC), podemos destacar, 
resumidamente, que são:
• Evitar que os consumidores sofram prejuízos.
• Informar quais os direitos e deveres, compromissos e obrigações atinentes às relações de consumo.
• Fixar a ação governamental e privada no sentido de efetivamente proteger o consumidor.
• Estabelecer responsabilidades, determinar procedimentos e fixar sanções.
Disponível em: <ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/.../Implicacoes-juridicas.pdf>. Acesso em: 
6 mar. 2013.
Sempre tendo por objetivo o atendimento às necessidades dos consumidores, 
reconhecendo sua vulnerabilidade no mercado de consumo, o CDC é uma norma de 
ordem pública e de interesse social, que não pode ser contrariada nem por acordo 
entre as partes, isto é, entre o fornecedor de produtos, serviços e o consumidor.
 É também uma lei de caráter inter e multidisciplinar, uma vez que se relaciona 
com outros ramos do direito, ao mesmo tempo em que atualiza e dá nova roupagem 
a antigos institutos jurídicos.
Tem o caráter de um verdadeiro microssistema jurídico, uma vez que cuida 
de questões inseridas no Direito Constitucional, Civil, Penal, Processual Civil, 
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
117
2.1 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Penal e Administrativo, mas sempre tendo como fundamento a vulnerabilidade do 
consumidor frente ao fornecedor e sua condição de destinatário final de produtos e 
serviços, ou desde que não visem o uso profissional.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a)! Como vimos, o Código de Defesa do Consumidor é 
um marco no rompimento de tradições no Direito brasileiro a partir do momento em que, 
desprezando a antiga tradição individualista, adotou uma visão mais socializante nas relações 
contratuais, trazendo várias inovações. Dentre elas, destacamos:
• Quebrou o princípio do pacta sunt servanda (autonomia da vontade das partes), no que diz 
respeito à onerosidade do contrato.
• Quebrou o princípio da relatividade dos contratos, facultando ao consumidor reclamar 
diretamente contra o causador ou responsável pelo evento danoso, mesmo que não fez parte 
da relação inicial do consumo.
• Quebrou o princípio da culpa no campo da responsabilidade civil objetiva.
• Quebrou o princípio da separação patrimonial entre pessoa física e jurídica, acolhendo a 
doutrina da desconsideração da personalidade jurídica para reparar os danos de consumo.
• Quebrou a teoria do risco ao inverter o ônus da prova.
2.2 ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS DO CÓDIGO E DEFESA 
DO CONSUMIDOR
Desde que o Código de Defesa do Consumidor entrou em vigor, sofreu 
alterações por cinco leis e várias medidas provisórias. Vejamos:
a) Lei nº 8.656, de 21/05/1993 – alterou o texto do artigo 57 e determinou que o 
Poder Executivo:
• regulamentasse o procedimento das sanções administrativas em 45 dias;
• atualizasse periodicamente a pena de multa, respeitando os parâmetros 
vigentes à época da promulgação do código consumerista.
b) Lei nº 8.703, de 06/09/1993 – alterou o parágrafo único do artigo 57, determinando 
que: a multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três 
milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (UFIR) ou índice 
equivalente que venha a substituí-lo. (BRASIL, 2013).
c) Lei nº 8.884, de 13/06/1994 – alterou o artigo 39, tornando exemplificativa 
a relação das práticas comerciais consideradas abusivas e inseriu, nessa 
categoria, as condutas de: recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, 
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulados por leis especiais (Inciso IX) 
e elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Inciso X). (BRASIL, 
2013).
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
118
d) Lei nº 9.008, de 21/03/1995 – decorrente da conversão da Medida Provisória 
nº 683, de 31/10/1994, reeditada sucessivamente até a de nº 854, de 26/01/1995, 
incluiu como prática abusiva no art. 39 a conduta de: deixar de estipular prazo 
para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial 
a seu exclusivo critério. (Inc. XII). (BRASIL, 2013).
e) Lei nº 9.298, de 1º/08/1996 – alterou o § 1º do art. 52 do CDC, que passou a 
ter a seguinte redação: as multas e mora decorrentes do inadimplemento de 
obrigações no seu termo não poderão ser superiores a 2% (dois por cento) do 
valor da prestação. (BRASIL, 2013).
f) Lei nº 9.870, de 23/11/1999 – alterou o art. 39 do CDC e inseriu, também, como 
prática abusiva, a aplicação de índice ou fórmula de reajuste diverso do legal 
ou contratualmente estabelecido (Inc. XI).
g) Lei nº 10.962, de 11 de outubro de 2004 - dispõe sobre a oferta e as formas de 
afixação de preços de produtos e serviços para o consumidor.
h) Lei nº 11.785, de 22 de setembro de 2008 - altera o § 3º do art. 54 da Lei nº 8.078, 
de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor – CDC, para 
definir tamanho mínimo da fonte em contratos de adesão.
i) Lei nº 11.800, de 29 de outubro de 2008 - acrescenta parágrafo único ao art. 33 
da Lei n◦ 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor, 
para impedir que os fornecedores veiculem publicidade ao consumidor que 
aguarda, na linha telefônica, o atendimento de suas solicitações. (BRASIL. 
2013).
As alterações legislativas sofridas pelo Código de Defesa do Consumidor 
beneficiaram o consumidor, ampliando suas garantias.
3 DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
O Código de Defesa do Consumidor, antes de tratar da Política 
Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu artigo 4º, cuidou da 
Política de Relações de Consumo, dispondo sobre os objetivos e princípios que 
devem nortear o setor. Dentre os objetivos, o CDC dispôs o atendimento das 
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, 
a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, 
bem como a transparência e harmonia das relações de consumo.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../a-importancia-da-boa-fe-como-norma-de-conduta-e-...>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
119
Contudo, para atingir estes objetivos devem ser atendidos os seguintes 
princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
 
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, 
segurança, durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo 
e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de 
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios 
nos quais se funda a ordem econômica (artigo 170, da Constituição Federal), 
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e 
fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus 
direitos edeveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação, pelos fornecedores, de meios eficientes de controle de 
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos 
alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de 
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos, 
criações industriais das marcas, nomes comerciais e signos distintivos, que 
possam causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm>. Aces-
so em: 6 mar. 2013.
Estes princípios, como dito no “caput” do mesmo artigo 4º, visariam 
proporcionar: o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à 
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a 
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das 
relações de consumo. (BRASIL, 2013)
Faremos, a seguir, uma análise dos princípios mais importantes
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
120
3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
Pressupõe que o consumidor é hipossuficiente, ou seja, carente de proteção. 
Conforme entendimento da lei, o consumidor, individualmente, não está em 
condições de fazer valer as suas exigências em relação aos produtos e serviços 
que adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se 
relacionar com as empresas com quem contrata. É tamanha a desproporção 
entre os meios que dispõem as empresas e o consumidor normal, que este tem 
imensas dificuldades de fazer respeitar os seus direitos. 
FONTE: Disponível em: <http://www.ambitjuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_arti-
gos_leitura&artigo_id=2113>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Até mesmo quando se fala no direito de “escolha” do consumidor, 
ela já nasce reduzida. O consumidor só pode optar por aquilo que existe e 
foi oferecido no mercado. E essa oferta foi decidida unilateralmente pelo 
fornecedor, visando seus interesses empresariais, que são, evidentemente, o de 
obtenção de lucro.
FONTE: Adaptado de: <bonilhaeruella.com/.../126-principios-basilares-do-codigo-de-defesa-..>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
Assim, torna-se fundamental uma atuação direta do Estado a fim de 
proteger os consumidores e estabelecer o equilíbrio.
3.2 DEVER DO ESTADO
Este princípio está expresso no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição 
Federal:
O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
Desse modo, a Constituição Brasileira dispõe que haja atuação do Estado 
na defesa do consumidor, competindo, conforme reza o artigo 24 da Constituição 
Federal, à União, aos Estados e ao Distrito Federal, legislar concorrentemente sobre 
o inciso VIII - responsabilidade por dano [...], ao consumidor [...] (BRASIL, 2013).
A Constituição da República de 1988 diz ainda no Artigo 150, § 5º: 
A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos 
acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. (BRASIL, 2013).
Já no artigo 175, § único, inciso II, a mesma Constituição Federal estabelece 
que nas concessões e permissões do serviço público, a lei deverá dispor acerca 
“dos direitos dos usuários”, que são os consumidores da prestação de serviços. 
(BRASIL, 2013).
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
121
3.1 VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
3.2 DEVER DO ESTADO
Enfatiza-se que a defesa do consumidor perante a atividade econômica 
vem sendo efetivada através de lei federal (Código do Consumidor), leis estaduais, 
normas correlatas, BACEN (consórcios, financeiras, bancos), IRB, INMETRO, 
Conselhos Profissionais, que fiscalizam e disciplinam o relacionamento do 
consumidor perante a atividade econômica em geral.
Do ponto de vista extrajudicial, existem entidades governamentais e não 
governamentais atuando diretamente na defesa do consumidor, como:
IMPORTANT
E
• Ministério da Justiça (Secretaria dos Direitos Econômicos).
Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ5E813CF3PTBRIE.htm>. 
• Secretaria Nacional do Consumidor - Senacon
Disponível em: <http://www.mj.gov.br/senacon>.
• Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC)
Disponível em: <http://www.mj.gov.br/senacon>.
SISTECON/PROCONS ESTADUAIS:
• DECON - Polícia Civil (tem origem na Delegacia de Ordem Econômica, na Lei Delegada nº 
4 - tem 30 anos).
• Ministério Público.
• Associações Comunitárias.
• IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.
Disponível em: <http://www.idec.org.br/>.
• Associações de Vítimas de Fornecedor Determinado. Estas agem quando solicitadas ou por 
iniciativa própria.
• Poder Judiciário - que age se provocado, como um meio judicial de defesa do consumidor.
3.3 HARMONIZAÇÃO DE INTERESSES
Para permitir a harmonização dos interesses das partes envolvidas nas 
relações de consumo, há necessidade de nivelá-los, tratando com igualdade os 
diferentes, alcançando assim o equilíbrio. 
Para que isso aconteça é preciso que haja consciência da existência de uma 
terceira força no mercado, além da indústria e do trabalho: o consumidor. Quando 
este passar a interferir no mercado, com repercussões sobre a produção, seja sob 
o ponto de vista da qualidade, da quantidade ou da necessidade, o mercado se 
tornará mais eficiente, sem desperdício econômico. Dessa forma, a diminuição 
das desigualdades é condição essencial para a harmonização e equiparação entre 
consumidor e produtor.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
122
3.4 INFORMAÇÃO
Na Resolução nº 39/248/85, de 16/04/1985, a ONU estabeleceu, entre os 
princípios para que os governos membros desenvolvam ou reforcem políticas 
firmes de proteção ao consumidor, o direito à informação.
Adotado expressamente pelo Código de Defesa do Consumidor, este 
princípio não implica apenas informações sobre o produto ou serviço, mas 
também quanto aos direitos e deveres enquanto consumidor. O consumidor deve 
saber como ressarcir-se, pois isto é importante para garantir justiça individual. 
O consumidor, portanto, deve ser informado e educado sobre seu próprio 
poder frente aos produtores e prestadores de serviços, para equiparar-se a estes 
em seu relacionamento.
3.5 QUALIDADE
É o princípio que manda incentivar o desenvolvimento de meios eficientes 
de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços. O produtor deve 
garantir que as mercadorias, além de uma performance adequada aos fins a que se 
destinam, tenham duração e confiabilidade.
A própria ONU tem elaborado diretrizes que preveem os direitos do 
consumidor no que toca à qualidade e segurança dos produtos. Um desempenho 
adequado destes é uma exigência inerente à sua existência, aliada à necessidade 
de durabilidade e confiabilidade dos produtos colocados à disposição do 
consumidor. 
A qualidade não deve se restringir apenas ao produto e serviço prestado, 
mas também no atendimento ao consumidor pela colocação de mecanismos 
alternativos (viáveis e rápidos) na solução de conflitos que porventura surjam 
na relação de consumo.
FONTE: Disponível em: <www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/24438-24440-1-PB.htm>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS
É o princípio que reprime abusos no mercado de consumo. O Código 
de Defesa do Consumidor criou o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor 
(SNDC), integrado pelos órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e 
municipais e as entidades de defesa do consumidor. 
FONTE: Adaptado de: <www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista..>. Acesso em: 
6 mar. 2013.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
123
3.4 INFORMAÇÃO
3.5 QUALIDADE
3.6 COIBIÇÃO DE ABUSOS
O Sistema Nacional de Defesado Consumidor (SNDC) congrega 
Procons, Ministério Público, Defensoria Pública e entidades civis de defesa 
do consumidor, que atuam de forma articulada e integrada com a Secretaria 
Nacional do Consumidor (Senacon).
O SNDC se reúne trimestralmente para analisar conjuntamente os 
desafios enfrentados pelos consumidores e para a formulação de estratégias 
de ação, tais como: fiscalizações conjuntas, harmonização de entendimentos e 
elaboração de políticas públicas de proteção e defesa do consumidor.
 
 Os órgãos do SNDC têm competência concorrente e atuam de forma 
complementar para receber denúncias, apurar irregularidades e promover a 
proteção e defesa dos consumidores.
FONTE: Disponível em: <portal.mj.gov.br/.../...>. Acesso em: 6 mar. 2013.
Os Procons são órgãos estaduais e municipais de proteção e defesa do 
consumidor, criados especificamente para este fim, com competências, no âmbito 
de sua jurisdição, para exercer as atribuições estabelecidas pela Lei n° 8.078, de 11 
de setembro de 1990, e pelo Decreto nº 2.181/97. 
Os Procons são, portanto, os órgãos que atuam no âmbito local, 
atendendo diretamente os consumidores e monitorando o mercado de 
consumo local. Têm papel fundamental na execução da Política Nacional de 
Defesa do Consumidor.
O Ministério Público e a Defensoria Pública, no âmbito de suas 
atribuições, também atuam na proteção e na defesa dos consumidores e na 
construção da Política Nacional das Relações de Consumo. O Ministério 
Público, de acordo com sua competência constitucional, além de fiscalizar a 
aplicação da lei, instaura inquéritos e propõe ações coletivas. A Defensoria, 
além de propor ações, defende os interesses dos desassistidos, promove 
acordos e conciliações.
 
 A Secretaria Nacional do Consumidor, por sua vez, tem por atribuição 
legal a coordenação do SNDC e está voltada à análise de questões que tenham 
repercussão nacional e interesse geral, além do planejamento, elaboração, 
coordenação e execução da Política Nacional de Defesa do Consumidor.
FONTE: Disponível em: <portal.mj.gov.br/.../...>. Acesso em: 6 mar. 2013.
O Código de Defesa do Consumidor também instituiu a Convenção 
Coletiva de Consumo, para regular, por escrito, as relações de consumo. 
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
124
Em seu artigo 107, o CDC prevê que: as entidades civis de consumidores, 
as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem 
regular, por convenção escrita, relações de consumo [...]. (BRASIL, 2013). 
Estes dois: SNDC e Convenção Coletiva de Consumo, além dos demais 
existentes e já descritos, colaboram e implementam a coibição e repressão 
necessárias contra os abusos praticados no mercado: pelo uso do poder econômico; 
pela introdução de produtos que iludam sobre a qualidade do consumidor na sua 
boa-fé; utilização indevida de marcas e patentes; pela utilização de publicidade 
enganosa ou constrangedora para determinados grupos etários, sociais ou 
econômicos e de cláusulas contratuais abusivas.
3.7 SERVIÇO PÚBLICO
Este princípio prevê a racionalização e melhoria dos serviços públicos. Em 
termos de serviço público, a isonomia dos usuários é a mais absoluta possível. 
Qualquer pessoa do povo pode exigir a prestação correta do serviço público, 
porque é uma obrigação da administração pública e um direito de qualquer 
pessoa. 
FONTE: Disponível em: <www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/24438-24440-1-PB.htm>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
É um dever da administração pública: a prestação de serviços corretos, 
configurando-se esta obrigação do Estado de bem-servir, sem favor para qualquer 
pessoa, como um direito público subjetivo do povo. Deve haver uma igualdade 
no atendimento à população com um atendimento satisfatório, inclusive dos 
permissionários e concessionários.
FONTE: Disponível em: <www.tvimagem.com.br/gilbertodebarrosbasilefilho/principios.htm>. 
Acesso em: 6 mar. 2013.
Estes, no atendimento à população, devem tomar todas as medidas 
que se fizerem necessárias para agilizar a prestação dos serviços dos quais se 
incumbirem.
3.8 MERCADO
Este princípio propõe o estudo constante das modificações do mercado de 
consumo. Deve haver uma política que privilegie as necessidades de demanda 
e não as conveniências da oferta. Produtores e consumidores devem adotar um 
conjunto de decisões sobre o que produzir. A demanda deve ser privilegiada 
ao se analisar a produção e não se avaliar a necessidade de produção pelas 
conveniências da oferta.
TÓPICO 2 | O DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
125
3.7 SERVIÇO PÚBLICO
3.8 MERCADO
Este é um dos pontos importantes para uma justa relação de consumo. 
Ou seja, satisfazer os interesses mais modestos de faixas menos privilegiadas 
economicamente da população e, com isso, trazendo-as ao mercado de consumo 
numa relação equânime. 
Estaremos, assim, tornando mais correta a aplicação de seu dinheiro 
em produtos de qualidade que estejam realmente necessitando adquirir, e não 
induzindo-as a consumirem produtos desnecessários, através de técnicas de 
marketing sedutoras e agressivas.
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
126
LEITURA COMPLEMENTAR
“NOTÍCIA - SINDEC: EM 292 CIDADES, DOIS MILHÕES DE 
CONSUMIDORES ATENDIDOS”
 
Ministério da Justiça divulga balanço dos atendimentos dos Procons em 2012
 
 O número de atendimentos registrados pelos Procons integrados ao Sistema 
Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec) foi de 2,03 milhões 
de consumidores em 2012. Essa quantidade representa um aumento de 19,7% em 
relação aos 1,6 milhão do ano de 2011.
 
 Entre os assuntos mais demandados pelos consumidores ao longo de 2012 
destacam-se: telefonia celular (9,17%); banco comercial (9,02%); cartão de crédito 
(8,23%); telefonia fixa (6,68%) e financeira (5,17%). A publicação mostra que a 
empresa Oi lidera o ranking com 120.374 demandas. Em seguida, estão a Claro-
Embratel (102.682), o Grupo Itaú (97.578), Bradesco (61.257) e Vivo-Telefônica 
(44.022).
 
 O setor mais demandado pelos consumidores que procuram os Procons é 
o financeiro (banco comercial, cartão de crédito, financeira e cartão de loja), com 
23,85%. Além disso, foi possível constatar um aumento de demandas no setor de 
telecomunicações (telefonia celular, telefonia fixa, TV por assinatura e internet), 
que saltou de 17,46%, em 2011, para 21,7% dos registros em 2012.
 
 As informações fazem parte do Boletim Sindec 2012, divulgado nesta 
quarta-feira (16/10) pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da 
Justiça (Senacon/MJ).
 
 Os principais problemas enfrentados pelos consumidores em 2012 foram: 
37,42% relativos a cobranças (falta de informação sobre valores, cobranças 
duplicadas etc.); 17,31% relativos à oferta de produtos e serviços; 13,21% 
problemas com contrato (alterações unilaterais, descumprimento de ofertas e 
publicidades enganosas), 17,57% referentes à qualidade de produtos (vício ou má 
qualidade de produto/serviço, defeitos e garantia de produtos).
 
 Ao analisar o perfil do consumidor, a publicação mostra que 
as mulheres representam 52,97% das pessoas que procuraram os 
Procons em 2012. A maioria dos consumidores tem entre 21 e 50 anos. 
 
 O Boletim Sindec 2012, que reúne os atendimentos realizados pelos Procons 
integrados ao SINDEC em 292 cidades brasileiras, visa incentivar a melhoria 
do atendimento prestado ao consumidor e o aprimoramento da qualidade de 
produtos e serviços comercializados no Brasil.
FONTE: Disponível em: <http://portal.mj.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2013.
127
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico expomos a evolução histórica do direito do consumidor no 
Brasil.
• Aprendemos que, com o advento da Constituição Federal de 1988, o Brasil, 
efetivamente, colocou a defesa do consumidor como dever do Estado brasileiro.
• Foi coma promulgação do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 
8.078/1990) que se estabeleceu a Política Nacional das Relações de Consumo, 
dispondo quanto ao atendimento das necessidades dos consumidores. O 
respeito à sua dignidade, saúde, segurança, a proteção de seus interesses 
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e 
harmonia das relações de consumo.
128
AUTOATIVIDADE
Considerando o conteúdo do Tópico 2, responda às seguintes questões:
1 No sistema protetivo do consumidor, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) Os serviços públicos são excluídos, já que há objeto de leis próprias.
b) ( ) Haverá, sempre, a inversão do ônus probatório em benefício do 
consumidor, em face de sua presumida hipossuficiência, que é absoluta. 
c) ( ) As cláusulas de eleição de foro são tidas por inexistentes em qualquer 
hipótese, não gerando efeitos jurídicos.
d) ( ) É garantido o direito de modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
2 Entre os instrumentos com os quais o poder público conta para a execução 
da Política Nacional das Relações de Consumo inclui-se:
a) ( ) A instituição de promotorias de justiça de defesa do consumidor, no 
âmbito do MP.
b) ( ) A assistência jurídica integral e gratuita a todos os consumidores.
c) ( ) A criação do balcão de atendimento ao consumidor, no âmbito municipal.
d) ( ) A instituição de associações de defesa do consumidor.
3 O Código de Defesa do Consumidor estabelece os objetivos e princípios da Política 
Nacional de Relações de Consumo. Nesse contexto, pode-se afirmar que existe:
a) ( ) Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo. 
b) ( ) Ação governamental no sentido de proteger o fornecedor através da 
presença do Estado no mercado de consumo
c) ( ) Incentivo à criação de mecanismos de arbitragem entre consumidores e 
fornecedores. 
d) ( ) Estabelecimento de regras que excluem a atividade estatal dos casos de 
concorrência desleal. 
4 O desenvolvimento pelos Estados da Federação de órgãos de defesa do 
consumidor, como os PROCONs, traduz, no âmbito da Política Nacional de 
Relações de Consumo, a: 
a) ( ) Ação dos particulares.
b) ( ) Ação governamental. 
c) ( ) Intervenção federal.
d) ( ) Atuação legislativa.
5 Considerando o texto “NOTÍCIA - SINDEC: Em 292 cidades, dois milhões 
de consumidores atendidos”, faça uma análise e descreva quais foram os 
principais problemas encontrados pelos consumidores brasileiros.
129
TÓPICO 3
CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Código de Defesa do Consumidor foi elaborado em linguagem simples 
e direta, direcionado para que todos os brasileiros, independentemente de sua 
condição cultural, pudessem ter acesso ao seu conteúdo.
Além do mais, traz em seu texto vários conceitos importantes e necessários 
para configurar a existência de uma relação consumerista, justamente para se evitar 
debates jurídicos intermináveis, que poderiam amenizar as responsabilidades 
dos fornecedores de produtos e serviços e/ou excluir determinadas relações 
comerciais da seara consumerista.
2 CONCEITO DE CONSUMIDOR
O artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor conceitua o consumidor 
da seguinte maneira:
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produtos ou serviços como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se o consumidor à coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo. (BRASIL, 2013).
É preciso destacar, inicialmente, que o conceito de consumidor há que 
ser definido mediante uma análise estruturada entre os artigos 2º e § único, 17 e 
29 do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), de forma a interpretar 
adequadamente a vontade protetiva que advém da norma legal. 
Isto porque o mencionado artigo 2º traz uma redação que deixa a desejar 
quanto à especificação e fixação de regras claras a respeito de conceituação da 
figura do consumidor.
Tomemos como exemplo a simples referência da expressão “destinatário 
final”, a qual não é suficiente para identificarmos todos os tipos de consumidores 
em todas as relações de compra de produtos e de prestação de serviços.
Um exemplo é o fato de que, quando uma empresa compra uma máquina 
utilizada em sua linha de produção para industrialização de outros bens de 
consumo ou produtos, esta máquina é um produto, sim, mas não é típico de 
130
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
consumo, não é comprado em qualquer lugar na rua. Portanto, é um bem, um 
produto típico de produção e não de consumo.
Dessa forma, a empresa que compra a referida máquina, apesar de 
ser destinatária final deste produto (máquina industrial para fabricar outros 
produtos, então, bens de consumo), não é consumidora pelos parâmetros legais e 
interpretativos jurídicos do Código de Proteção e Defesa do Consumidor.
Portanto, a ideia de ser o comprador de um bem, ser destinatário final, é o 
início de uma análise mais cautelosa, é uma referência para buscarmos entender 
se estamos diante de uma relação de consumo. Todavia, não define a questão.
O que serve de maior ênfase é entendermos, ao mesmo tempo, se o 
comprador é destinatário final, mas também compreendermos a natureza do tipo 
de bem adquirido. Se este tem uma natureza típica de ser consumida, como uma 
roupa, um alimento, uma bicicleta, um sapato, bens típicos de consumo. Ou se o 
bem adquirido será meio de elaboração e de produção de outros bens, então, de 
consumo.
O Código de Defesa do Consumidor não define o conceito dos chamados 
bens de produção, tampouco os chamados bens típicos de consumo, ficando a 
cargo dos profissionais do Direito, como juízes, promotores e advogados, a busca 
sincera da compreensão e identificação destes conceitos, a fim de entendermos se 
a relação é de direito civil comum ou de consumo, para então sabermos quais são 
as leis e conceitos que serão aplicados em um julgamento. Ou seja, se são leis de 
Direito Civil Comum pelos Códigos Civis ou o Código de Defesa do Consumidor, 
que são bem diferentes.
Por outro lado, para a exata qualificação figurada do consumidor, é 
necessário que se amplie a conceituação dada pelo legislador no caput do artigo 
2º. Pois o parágrafo único do mesmo artigo criou a figura do consumidor por 
equiparação, ao prever expressamente que a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, desde que tenham intervindo nas relações de consumo, deve 
ser equiparada a consumidores.
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/revista/texto/4984/do-conceito-ampliado-de-consumi-
dor>. Acesso em: 7 mar. 2013.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
131
Tendo sido feitas estas considerações iniciais, abordaremos de maneira 
distinta as três situações em que o Código trata dos consumidores por equiparação: 
art. 2º (consumidor stricto sensu); art. 2º, § único (coletividade de pessoas); art. 
17 (vítimas do acidente de consumo) e art. 29 (das pessoas expostas às práticas 
abusivas). (BRASIL, 2013).
 Nesse passo, o artigo 17 da lei em análise também equipara à condição 
de consumidor todas as pessoas que possam ter sido vitimadas pelos acidentes 
decorrentes do fato de produto ou serviço. Ainda neste sentido, o Código, 
quando regula as chamadas práticas comerciais, inicia o capítulo pelo artigo 
29 que, mais uma vez, utiliza-se da locução “equipara-se” para aí estender a 
proteção consumerista a todas as pessoas determináveis ou não que tenham sido 
expostas às práticas que o referido capítulo regula.
FONTE: Adaptado de: <www.boletimjuridico.com.br › doutrina › Direito do Consumidor>. Acesso 
em: 7 mar. 2013
2.1 DA COLETIVIDADE DE PESSOAS
A equiparação determinada pelo parágrafo único do art.2º do CDC visa 
proteger toda a coletividade de pessoas sujeitas às práticas decorrentes da relação 
de consumo. 
Desta forma, conseguiu-se viabilizar uma rede protetora dos interesses 
difusos e coletivos da massa consumidora, dotando os órgãos que detenham 
legitimidade para atuar em sua defesa, de mecanismo de prevenção para obtenção 
de uma justa reparação para a eventualidade de existência de dano.
José Geraldo Brito Filomeno (1999, p. 38-39), coparticipante da elaboração 
do anteprojeto que resultou no Código de Defesa do Consumidor, ao comentar 
referido parágrafo, expressamente diz:
O que se tem em mira no parágrafo único do art. 2º é a universalidade, 
conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou mesmo grupo, 
classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado 
produto ou serviço. Perspectiva essa extremamente relevante e 
realista, porquanto é natural que se previna, por exemplo, o consumo 
de produtos ou serviços perigosos ou então nocivos, beneficiando-
se, assim, abstratamente, as referidas universalidades e categorias de 
potenciais consumidores.
132
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS
Para delinearmos o estudo deste tópico, primeiramente vejamos o 
que dispõe o artigo 29 do Capítulo V – Das práticas comerciais, Seção I – Das 
Disposições Gerais do Código Consumerista: Para os fins deste Capítulo e do 
2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO
Vejamos o que dispõe o artigo 17 do Código de Defesa do Consumidor: 
Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as 
vítimas do evento. (BRASIL, 2013). 
 
Sobre o mencionado dispositivo legal, ensina Roberto Senise Lisboa (2001, p. 
163) que:
Além do próprio consumidor, o terceiro prejudicado recebeu a atenção 
do legislador, ante o dano sofrido, decorrente da relação de consumo 
da qual não participou. Concluiu o raciocínio afirmando que estendeu-
se a proteção concedida pela lei ao destinatário final dos produtos ou 
serviços, em favor de qualquer sujeito de direito, inclusive daquele 
que ordinariamente não seria consumidor na relação de consumo a 
partir da qual ocorreu o prejuízo.
Paulo de Tarso Vieira Sanseverino (2002, p. 41), ao discorrer sobre o assunto, 
assim ensina:
Toda e qualquer vítima de acidente de consumo equipara-se ao 
consumidor para efeito da proteção conferida pelo CDC. Passam a ser 
abrangidos os chamados bystander, que são terceiros que, embora não 
estejam diretamente envolvidos na relação de consumo, são atingidos 
pelo aparecimento de um defeito no produto ou no serviço.
 
Cabe aqui destacar que a regra contida no art. 17 do CDC engloba a 
proteção ao terceiro que não faz parte da relação direta de consumo. Assim, 
conclui-se que, se do acidente de consumo restou prejuízo para qualquer pessoa, 
mesmo aquelas que não estariam enquadradas no conceito de consumidor, o 
dever de indenizar estará presente. 
Neste aspecto, Jaime Marins (1993, p. 70-71):
nos fornece um exemplo bem ilustrativo do que seja o chamado 
bystander, ao relatar o caso de um comerciante de defensivos agrícolas 
que se vê seriamente intoxicado pelo simples ato de estocagem em 
decorrência de defeito no acondicionamento do produto - defeito de 
produção. 
Neste caso, embora o comerciante não seja consumidor stricto sensu, 
poderá se socorrer da proteção consumerista.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
133
2.3 DAS PESSOAS EXPOSTAS ÀS PRÁTICAS ABUSIVAS
Vê-se, desde logo, que a abrangência do art. 29 do CDC é bem maior 
que os já tratados (art. 2º, § único e 17), porquanto, basta que a relação seja de 
consumo para que a proteção consumerista seja estendida a qualquer pessoa, 
independentemente da conceituação legal de consumidor.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/revista/texto/4984/do-conceito-ampliado-de-consumidor>. 
Acesso em: 7 mar. 2013.
2.2 DAS VÍTIMAS DO ACIDENTE DE CONSUMO seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou 
não, expostas às práticas nele previstas. (BRASIL, 2013).
 
Incluem-se nesse ponto o conjunto de pessoas, consumidoras ou não, 
determináveis ou não, que possam, de qualquer forma, estarem expostas às 
práticas comerciais que vão desde a oferta de produtos (art. 30 a 35), à publicidade 
enganosa ou abusiva (art. 36 a 38), às práticas abusivas (art. 39 a 41), à forma de 
cobrança de dívidas (art. 42), à inclusão de seus nomes em bancos de dados (art. 
43 e 44), assim como das cláusulas abusivas (art. 51). 
Nesse sentido, enfatiza Roberto Senise Lisboa (2001, p.169) que:
O legislador conferiu a defesa dos direitos de todos, consumidores 
por definição ou não, e não apenas da coletividade de consumidores. 
Assim, a expressão todas as pessoas abrange a vítima do evento 
referido no art. 17, a coletividade de consumidores à qual alude o 
art. 2º, § único. E mesmo as pessoas que normalmente não seriam 
consumidoras na relação de consumo, a partir da qual se principiou 
o dano.
Evidentemente que a equiparação de qualquer pessoa à condição de 
consumidor, no sentido de que a mesma possa ser beneficiária da legislação 
consumerista, há que decorrer de uma relação de consumo. Isto é, é preciso haver 
num dos polos um fornecedor, seja de serviços, seja de produtos e, de outro, um 
consumidor como alvo a ser atingido pelo apelo do fornecedor. Se assim não for, 
não há que se falar em consumidor por equiparação, porque nem mesmo relação 
de consumo haverá.
Assim, conclui-se que consumidor não é apenas aquele que adquire 
ou utiliza produtos, mas também as pessoas expostas às práticas previstas no 
Código. No primeiro caso, exige- se que haja ou que esteja por haver a aquisição 
ou utilização de um produto ou serviço. Já no segundo, o que se exige é a simples 
exposição à prática, mesmo que não se consiga apontar concretamente um 
consumidor que esteja em vias de adquirir ou utilizar o produto ou serviço.
134
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
3 CONCEITO DE FORNECEDOR, PRODUTOR E PRESTADOR 
DE SERVIÇOS
É no artigo 3º do CDC que encontramos as definições destas figuras, 
como partes integrantes do outro lado da relação jurídica de consumo, pessoas 
ou entes que produzem, montam, constroem, criam, transformam, importam 
ou exportam, distribuem e comercializam produtos ou prestam serviços. Sejam 
pessoas físicas ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, do governo (públicas) ou 
empresas privadas, particulares.
Vejamos o teor do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor: 
 
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista. (BRASIL, 2013).
A definição legal praticamente esgotou todas as formas de atuação 
no mercado de consumo. Nesse sentido, são compreendidos todos quantos 
propiciem a oferta de bens e serviços no mercado de consumo, de modo a atender 
às suas necessidades, pouco importando a que título, tendo relevância a distinção 
apenas, como se verá, quando se cuidar da responsabilidade de cada “fornecedor” 
em casos de danos aos consumidores. 
Ou então para os próprios fornecedores na via regressiva e em cadeia 
das mesmas responsabilidades, eis que é vital a solidariedade para a obtenção 
efetiva da proteção que almejam aqueles mesmos consumidores.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../a-responsabilidade-civil-das-agencias-de-turismo-nas-re...>.Acesso em: 7 mar. 2013.
Fornecedor não é apenas quem produz ou fabrica, industrial ou 
artesanalmente, em estabelecimentos industriais centralizados ou não, como 
também quem vende. Ou seja, comercializa produtos nos milhares de pontos 
de venda espalhados por todo o território brasileiro.
FONTE: Disponível em: <www.mp.to.gov.br/cint/cesaf/arqs/020209030547.pdf>. Acesso em: 7 
mar. 2013.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
135
O fornecedor, inclusive, pode ser o fabricante originário, o intermediário 
ou o comerciante. O conceito dado pela lei engloba também as atividades de 
montagem, as de criação, construção, transformação, bem como as de importação, 
exportação e distribuição.
No que concerne à configuração de fornecedor de serviços, é importante 
frisar que tal prestação será remunerada e não subordinada ao vínculo trabalhista. 
Sendo gratuita, como ocorre nos atos de camaradagem, como os favores, não será 
classificado como serviço protegido pelo Código de Defesa do Consumidor.
Prestadores de serviços são também as concessionárias de serviço público, 
estando incluídos os serviços de transporte, saúde, telefonia, correios, sejam 
prestados por empresas ou entidades governamentais ou através de empresas 
privadas ou privatizadas.
3.1 BANCO COMO FORNECEDOR DOS SERVIÇOS 
BANCÁRIOS DE CONSUMO
Abordaremos, neste passo, um tema que, desde a entrada em vigor 
do Código de Defesa do Consumidor, foi palco de exaustivo debate no Poder 
Judiciário Brasileiro, que culminou na Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADIN) nº 2591-1 perante o Supremo Tribunal Federal.
De um lado, os bancos, representados pela Confederação Nacional das 
Instituições Financeiras (Consif), que pedia a inconstitucionalidade do § 2º do art. 
3º do Código de Defesa do Consumidor (CDC) na parte em que inclui no conceito 
de serviço, abrangido pelas relações de consumo, as atividades de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária. E de outro lado, os consumidores, 
sustentando pela plena legalidade da norma.
O placar do julgamento definitivo da ADIN ficou assim: votaram pela 
improcedência do pedido formulado pela Consif os Ministros: Néri da Silveira, 
Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Sepúlveda Pertence, Cezar 
Peluso, Marco Aurélio, Celso de Mello e Ellen Gracie. Ficaram parcialmente 
vencidos os Ministros Carlos Velloso, relator, e Nelson Jobim.
FONTE: Disponível em: <gerencia.policiacivil.go.gov.br/noticias/busca_id.php?publicacao...>. 
Acesso em: 7 mar. 2013.
Para elucidarmos a questão, devemos partir do princípio de que o Código 
de Defesa do Consumidor preceitua critérios específicos para o funcionamento 
dos contratos e serviços bancários, pois estes devem estar sujeitos às normas de 
ordem pública e de interesse social previstas no referido diploma legal. 
FONTE: Disponível em: <gerencia.policiacivil.go.gov.br/noticias/busca_id.php?publicacao...>. 
Acesso em: 7 mar. 2013.
136
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
E o § 2º do art. 3º do Código de Defesa do Consumidor retrata que, 
em se tratando de serviços, os bancários são incluídos como sendo: qualquer 
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive 
as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes 
das relações de caráter trabalhista. (BRASIL, 2013).
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 297: 
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
A importância da aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos 
contratos de serviços bancários é a de que estes são formulados por cláusulas 
pré-elaboradas ou utilizados na forma de adesão, sem influência do cliente no 
respectivo conteúdo. Se, por um lado, permitem a racionalização da contratação 
em massa com milhares de pessoas, ganhando tempo e poupando incômodos 
aos clientes que desejam ser atendidos pelas instituições financeiras, podem, 
muitas vezes, não serem justas, equitativas e razoáveis.
4 CONCEITOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS
Os parágrafos 1º e 2º do artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor 
conceituam produto e serviço, como sendo:
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
 § 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
 § 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista. (BRASIL, 2013).
O Código de Defesa do Consumidor divide os produtos e serviços em duas 
categorias:
● DURÁVEIS: que são aqueles que normalmente sobrevivem a muitos usos 
(eletrodomésticos, roupas, imóveis etc.).
● NÃO DURÁVEIS: que, normalmente, são consumidos em um ou em alguns 
poucos usos (alimentos, produtos de higiene, corte de cabelo, consertos etc).
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
137
4 CONCEITOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS
4.1 PRODUTO
Quando definiu produto, o legislador designou como sendo “qualquer 
bem”, podendo este ser “móvel ou imóvel”, e ainda, “material ou imaterial”.
Na definição de produto “móvel ou imóvel”, o Novo Código Civil 
Brasileiro traz, nos seus artigos 79 a 91, a conceituação e uma ampla classificação 
das diferentes classes desses bens.
No sentido da lei, bens imóveis são aqueles que se aderem ao solo e tudo 
aquilo que lhe for incorporado natural ou artificialmente. Temos como exemplo 
de bem imóvel: um terreno ou até mesmo o conjunto do terreno mais uma casa 
posta à venda ao consumidor por uma empresa incorporadora.
Já os bens móveis são aqueles suscetíveis de movimento próprio ou 
de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social. Temos como exemplo de bem móvel: a bicicleta e o automóvel.
FONTE: Adaptado de: <jus.com.br/.../consideracoes-acerca-da-disciplina-dos-crimes-de-furto...>. 
Acesso em: 7 mar. 2013.
Os animais que são comercializados são chamados de bens semoventes.
O Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406/2002) traz os conceitos e a 
classificação das diferentes classes de bens. Veja na Leitura Complementar a 
seguir.
138
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
LEITURA COMPLEMENTAR
SEÇÃO I 
DOS BENS IMÓVEIS
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural 
ou artificialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem.
Seção II
Dos Bens Móveis
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou 
de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: I - as energias que 
tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os 
direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os 
provenientes da demolição de algum prédio.
Seção III
Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da 
mesma espécie, qualidade e quantidade.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importadestruição 
imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados 
à alienação.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
139
Seção IV
Dos Bens Divisíveis
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na 
sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei ou por vontade das partes.
Seção V
Dos Bens Singulares e Coletivos
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de 
per si independentemente dos demais. 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares 
que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser 
objeto de relações jurídicas próprias. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações 
jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico
FONTE: Disponível em: <www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-96...>. Aces-
so em: 7 mar. 2013.
O produto material ou imaterial diz respeito à própria materialidade do 
produto. Se for um produto que pode ser manuseado pelo ser humano, ou seja, 
passível de tato, é considerado material. 
A imaterialidade diz respeito a uma preocupação da lei em garantir que 
a relação jurídica de consumo esteja assegurada para toda e qualquer compra 
e venda realizada, fixando, assim, o legislador, os conceitos mais genéricos 
possíveis.
 Como exemplo de produtos imateriais temos as atividades bancárias de 
mútuo, aplicação em renda fixa, caução de títulos. É claro que estes produtos 
sempre estão acompanhados de serviços fornecidos pelas instituições financeiras.
140
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
4.2 SERVIÇO
O Código de Defesa do Consumidor definiu serviço da forma mais 
completa possível. Porém, é importante salientar que a lista apresentada pelo 
código é meramente exemplificativa, uma vez que utilizou o pronome “qualquer”. 
Assim sendo, serviço é qualquer atividade fornecida, ou melhor dizendo, prestada 
no mercado de consumo.
4.2.1 Serviço bancário, financeiro, de crédito e securitário
Com a finalidade de se evitar discussões conceituais futuras perante o Poder 
Judiciário, o legislador consumerista tratou de enumerar todas as hipóteses 
possíveis de fornecimento de serviços pelas instituições financeiras e de seguro. 
Apesar da clareza do texto legal, os bancos tentaram judicialmente obter uma 
decisão em sentido oposto.
4.2.2 Serviço sem remuneração
Pela leitura do § 2º do art. 3º, tem-se o aspecto da “remuneração” lá inserido 
e da exclusão do serviço de caráter trabalhista. A lei acertadamente excluiu da 
abrangência de serviços aqueles relacionados ao vínculo trabalhista, uma vez que 
poderia haver debates jurídicos acirrados no âmbito da Justiça do Trabalho, de 
forma a caracterizar o empregado como fornecedor de serviços ao empregador.
O Código de Defesa do Consumidor define também serviço como aquela 
atividade fornecida mediante “remuneração”. Nesse ponto, é necessário partir-
se do pressuposto de que nada é gratuito no mercado de consumo. Mesmo o 
cafezinho servido “gratuitamente” ao consumidor, seja no supermercado ou 
no restaurante, o seu custo já está embutido direta ou indiretamente no preço 
cobrado pelos demais produtos.
Assim, quando a lei fala em “remuneração”, não está necessariamente 
se referindo a preço ou valor cobrado. A interpretação do termo “remuneração” 
deve ser entendida sob o aspecto de qualquer tipo de cobrança ou repasse, direto 
ou indireto. Dessa forma, o direito do consumidor também alcança aqueles 
consumidores que sofrem danos pelo consumo de produtos muitas vezes cedidos 
“gratuitamente” pelos fornecedores.
4.2.3 Serviço Público
Por determinação do Código de Defesa do Consumidor, foi inclusa no rol 
de fornecedores a pessoa jurídica de direito público, incluindo, via de regra, todos 
aqueles que em nome dela, direta ou indiretamente, prestam serviços públicos.
TÓPICO 3 | CONCEITOS DE DIREITO DO CONSUMIDOR
141
4.2.3 Serviço Público
Contudo, conforme já salientado anteriormente, e conforme disposição 
do § 2º do artigo 3º do CDC, excluem-se deste rol os serviços prestados sem 
remuneração.
Dessa forma, para se evitar discussões judiciais, no sentido de que os 
entes estatais, assim como suas concessionárias ou permissionárias que prestam 
serviços públicos, tentassem se eximir de suas responsabilidades em face à 
inexistência de contraprestação remuneratória por parte do consumidor, o artigo 
22 do mesmo diploma legal tratou de enquadrar tais pessoas jurídicas como 
partes da relação jurídica de consumeristas.
Vejamos o que dispõe o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor: 
os órgãos públicos, por si ou suas empresas concessionárias, permissionárias, 
ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer 
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. 
(BRASIL, 2013). 
Além do mais, o artigo 22 determina que os serviços públicos prestados 
sejam “adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos”. Isto 
significa que a concessionária não poderá interromper o fornecimento de serviços 
essenciais, tais como: o de abastecimento de água, energia elétrica, telefone, 
recolhimento de lixo, mesmo havendo inadimplência do usuário, quando existir 
o interesse da coletividade. 
A Lei de Greve (Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989), em seu artigo 10, 
define quais os serviços considerados indispensáveis e inadiáveis à sociedade, ou 
seja, essenciais:
 São considerados serviços ou atividades essenciais: 
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia 
elétrica, gás e combustíveis; 
II - assistência médica e hospitalar; 
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
 VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais 
nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; 
X - controle de tráfego aéreo;
XI - compensação bancária. (BRASIL, 2013).
142
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
A lei ainda determina que, nos serviços ou atividades essenciais, os 
sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum 
acordo, a garantir, durante a greve, a prestação de serviços indispensáveis ao 
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Ou seja, aquelas que, 
não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a 
segurança da população.
FONTE: Disponível em: <www.jurisway.org.br › ... › Leonardo Tadeu>. Acesso em: 7 mar. 2013.
Por fim, é importante salientar que nos casos de descumprimento, total 
ou parcial, do que é determinado pelo Código de Defesa do Consumidor, mesmo 
nos casos de greve, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar 
os danos causados (§ único do art. 22 da Lei nº 8.078/90).
143
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico expomos os conceitos básicos inerentes ao Direito do 
Consumidor e aprendemos que:
• Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final, equiparando-se, inclusive, à coletividade 
de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo.
• Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada nacional 
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem 
atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços.
• Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, materialou imaterial.
• Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
• Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias 
ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer 
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
144
Mediante pesquisa no conteúdo deste tópico e no Código de Defesa do 
Consumidor, responda às seguintes questões:
1 Sobre o Direito do Consumidor, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final. 
b) ( ) As multas de mora decorrentes de inadimplemento de obrigação no seu termo 
poderão ser de 10% do valor da prestação em atraso.
c) ( ) Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, ou serviço. 
d) ( ) O produto é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade 
ter sido colocado no mercado. 
2 Sobre o Direito do Consumidor, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não deverão 
acarretar riscos à saúde ou segurança do consumidor, exceto os considerados 
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando o 
fornecedor, em qualquer hipótese, dar as informações necessárias e adequadas 
a seu respeito.
b) ( ) O fornecedor poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço 
que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade 
à saúde ou segurança, quando expressamente informar aos consumidores. 
c) ( ) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca 
em 90 dias, tratando-se de serviços ou produtos não duráveis.
d) ( ) A garantia legal de adequação do produto ou serviço depende de termo 
expresso.
AUTOATIVIDADE
145
TÓPICO 4
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor estabeleceu os direitos 
básicos do consumidor, quais sejam, o direito à segurança, à escolha, à informação, 
de ser ouvido, à indenização, à educação para o consumo e um meio ambiente 
saudável, direitos estes que são universalmente aceitos.
Os referidos direitos foram estabelecidos de forma a possibilitar o 
equilíbrio nas relações de consumo entre o consumidor e o fornecedor de produtos 
e serviços.
2 DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
Os direitos básicos do consumidor, conforme já visto no Tópico 1 desta 
unidade de estudo, são universalmente reconhecidos, através da ONU (Organização 
das Nações Unidas), por meio da Resolução nº 32/248, de 10/04/1985, e também pela 
IOCU, hoje conhecida por International Consumers, que considera sete direitos, tidos 
como básicos a qualquer consumidor em todo o mundo, quais sejam, o direito à 
segurança, à escolha, à informação, de ser ouvido, à indenização, à educação para o 
consumo e um meio ambiente saudável.
O jurista João Batista de Almeida explica de forma clara e objetiva o 
significado de cada um destes direitos básicos consagrados pela ONU: 
a) Direito à segurança: outorga garantia contra produtos ou serviços 
que possam ser nocivos à vida, à saúde e à segurança.
b) Direito à escolha: assegurar ao consumidor opção entre 
vários produtos e serviços com qualidade satisfatória e preços 
competitivos. 
c) Direito à informação: o consumidor deve conhecer os dados 
indispensáveis sobre produtos ou serviços para atuar no mercado de 
consumo e decidir com consciência.
d) Direito de ser ouvido: o consumidor deve ser participante da política 
de defesa respectiva, sendo ouvido e tendo assento nos organismos 
de planejamento e execução das políticas econômicas e nos órgãos 
colegiados de defesa.
e) Direito à indenização: é indispensável buscar-se a reparação 
financeira por danos causados por produtos ou serviços.
f) Direito à educação para o consumo: o consumidor deve ser educado 
formal e informalmente para exercitar conscientemente sua função no 
mercado, restabelecendo-se, por esse meio, na medida do possível, o 
equilíbrio que deve haver nas relações de consumo.
146
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
g) Direito a um meio ambiente saudável – à medida que o equilíbrio 
ecológico reflete na melhoria da qualidade de vida do consumidor, 
de nada adiantaria cuidar dele isoladamente, enquanto o ambiente 
que o cerca se deteriora e traz efeitos ainda mais nocivos à sua saúde. 
(ALMEIDA, 2003, p. 42-43). 
Estes direitos universalmente aceitos foram adotados pelo legislador 
brasileiro quando da promulgação do Código de Defesa do Consumidor. 
Vejamos o teor do artigo 6º:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos 
e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas 
contratações;
 III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e 
serviços, com especificação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas 
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que 
as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e 
técnica aos necessitados.
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão 
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério 
do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de experiências.
IX - (Vetado).
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
(BRASIL, 2013).
Importante salientar que o “direito do consumidor a ser ouvido” nas 
discussões das políticas relacionadas ao tema de seu interesse, consagrado 
como direito básico do consumidor pela Organização das Nações Unidas, 
sofreu o veto presidencial no inciso IX da Lei nº 8.078/90, apesar de aprovado 
pelo Congresso Nacional, sob o argumento de que o dispositivo contrariava o 
princípio da democracia representativa, usurpando dos parlamentares as funções 
constitucionalmente já asseguradas de representação do povo em assuntos 
legislativos.
Além dos direitos básicos previstos no artigo 6º, o artigo 7º do mesmo 
diploma legal abre a possibilidade de ampliação desta lista em face de tratados 
ou convenções internacionais em que o Brasil seja signatário da legislação 
TÓPICO 4 | DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
147
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas 
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, 
analogia, costumes e equidade.
3 DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES
a) Satisfação das necessidades básicas
O consumidor tem direito à garantia ao acesso dos bens necessários para 
a sua manutenção, no mercado de consumo, de ter atendidas as necessidades 
básicas, tais como: saúde, moradia, alimentação, vestuário, diversão. 
Portanto, é dever do Estado dar acesso às necessidades básicas do 
cidadão, bem como de fiscalizar o mercado para garantir que as mercadorias não 
estejam sendo escondidas ou superfaturadas. Épara isto que existem os órgãos 
públicos, que são mantidos através dos impostos pagos através do consumo de 
mercadorias.
b) Segurança no consumo (art. 6º, Inciso I, CDC)
O consumidor tem direito a que os produtos e serviços colocados à venda 
sejam testados, a fim de não ser utilizado como cobaia. Além de atenderem às 
condições mínimas de qualidade e quantidade, bem como ser protegido contra 
produtos que possam ser perigosos.
É dever dos órgãos de fiscalização controlar o que é posto à venda, através 
da sociedade, de forma organizada, na figura de organizações não governamentais/
ONGs, como o IDECON, ou do consumidor individual, com denúncias sobre 
a má qualidade de um produto ou serviço aos órgãos de fiscalização. Ou seja, 
Procon, Idecon, Promotoria de Justiça responsável pela Curadoria do Direito do 
Consumidor, existente em todos os Fóruns das Comarcas.
c) Proteção à vida e à saúde - Meio Ambiente saudável (art. 6º, Incso I, CDC)
Antes de comprar um produto ou utilizar um serviço, o consumidor deve 
ser avisado pelo fornecedor dos possíveis riscos que podem oferecer à sua saúde 
ou segurança. Se você for adquirir um produto que tem riscos de afetar a sua 
saúde, como remédios com efeitos colaterais, obrigatoriamente o consumidor 
deve ser avisado sobre eventuais riscos e danos, através da bula ou da embalagem. 
A proteção à vida também está ligada ao meio ambiente.
d) Educação para o consumo (art. 6º, Inciso II, CDC)
O consumidor tem direito de receber orientação correta e adequada 
de consumo, os meios de compra, de uso e como se desfazer adequadamente 
dos produtos e serviços. Isso é dever do Estado e dos fornecedores. Exemplo: o 
148
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
consumidor tem direito à orientação e informação de como encerrar corretamente 
a sua conta corrente do banco, de como operar um eletrodoméstico etc.
e) Direito do consumidor à livre escolha (art. 39, Inciso I, CDC)
Ninguém pode exigir ou coagir o consumidor a adquirir produtos que 
não queira ou não necessite. Quer dizer, o fornecedor não pode condicionar a 
venda de produto à compra de outro produto. Por exemplo, é ilegal promover 
a conhecida “venda casada”, como a maioria dos bancos faz, para abrir conta 
corrente. O correntista é obrigado a adquirir um seguro. Isto é proibido: previsto 
no CDC.
f) Direito à informação completa sobre o produto (art. 8º, 9º e 10º, CDC) 
A completa informação é direito do consumidor para que possa identificar 
o que está adquirindo, e se satisfaz suas necessidades. Ela é obrigatória, deve ser 
a mais completa possível, como a forma de uso, prazo de duração e validade, 
qual sua destinação, seus riscos à saúde e ao meio ambiente, seu modo de 
armazenamento etc. Estas informações devem ser de fácil identificação e 
entendimento ao consumidor. Exemplo: quando você adquire um produto de 
limpeza, deve vir escrito com destaque e bem visível que faz mal se ingerido, ou 
se coloca em risco a vida das crianças. Quando referida informação não constar 
na embalagem, o consumidor lesado requerer indenização por perdas e danos.
g) Proteção contra publicidade enganosa e abusiva (art. 6º, Inciso IV, 36, 37, e 67, 
CDC)
O consumidor tem o direito de exigir e obter informações completas sobre 
qualquer anúncio de venda de bens e serviços. Se o que foi anunciado não for 
cumprido, o consumidor tem direito de cancelar o contrato e receber a devolução 
da quantia que havia pago e, caso tenha prejuízo pelo evento, terá direito a 
indenização. A publicidade enganosa e a abusiva são proibidas pelo Código de 
Defesa do Consumidor, sendo consideradas crime.
h) Proteção dos contratos (art. 6º, Inciso V, 46 a 53, CDC)
Contrato é um acordo em que as pessoas assumem obrigações entre si.
O Código garante a igualdade nas contratações, possibilitando 
modificação ou suspensão de cláusulas contratuais desproporcionais, que 
provoquem desequilíbrio entre o consumidor e o fornecedor.
FONTE: Disponível em: <www.ebah.com.br/content/ABAAAA0NoAD/direito-empresarial>. Aces-
so em: 7 mar. 2013.
TÓPICO 4 | DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
149
 Protege o consumidor quando as cláusulas do contrato não forem 
cumpridas ou quando forem prejudiciais ao consumidor. Exemplo: você, 
ao entrar numa empresa, lhe é fornecido contrato de Plano de Seguro Saúde, 
aderido e preenchido automaticamente pela empresa quando da contratação, 
cujo pagamento é efetuado diretamente da sua folha de pagamento, sem que lhe 
seja exigido qualquer exame ou documentação referente ao seu estado de saúde. 
Se você vier a utilizar o Plano de Saúde, este não pode alegar falta de cobertura 
porque você já tinha a doença antes do contrato. Esta cláusula pode ser anulada 
pelo juiz, pois ela é considerada abusiva. O contrato não obriga o consumidor, se 
ele não teve prévio conhecimento do que nele está escrito.
i) Direito a indenização – Reparação dos danos (art. 6º, Inciso VI, CDC) 
O fornecedor ou prestador de serviços tem o dever de corrigir e indenizar 
o consumidor de eventuais prejuízos e danos que tiver causado por produto 
adquirido ou serviço contratado, sejam os danos de ordem material, física ou 
moral. Se for comprado um liquidificador em uma loja, e pelo fato de o fabricante 
não ter tomado o devido cuidado na hora da fabricação, ao ser colocado em uso, 
se soltar uma peça e ferir uma pessoa, o fabricante deverá pagar todas as despesas 
médicas e todos os gastos referentes ao acidente. Ou seja, se a pessoa trabalhava 
e ficou sem trabalho, tem que pagar os salários; se ficaram cicatrizes ou acarretou 
defeitos, há necessidade de indenização pelos danos estéticos e morais sofridos.
j) Direito de procurar a Justiça (art. 6º, Inciso VII, CDC)
O consumidor tem o direito de encontrar disponíveis os meios para serem 
respeitados seus direitos, seja recorrendo ao Poder Judiciário, aos órgãos de 
proteção aos direitos dos consumidores ou às delegacias do consumidor.
l) Facilitação da defesa de seus direitos (art. 6º, Inciso VIII, CDC)
O CDC facilitou a prova dos direitos dos consumidores, por serem estes 
as partes mais fracas da relação de consumo. Seja invertido, portanto, em certos 
casos, o ônus de provar os fatos. Exemplo: se o fornecedor do produto diz que 
determinada fatura não foi paga e colocou o nome do consumidor no SPC, é ele 
quem tem que provar se a fatura não estava paga, e não o consumidor que pagou. 
Outro exemplo: se o consumidor alegar que o produto contém defeito, cabe ao 
fornecedor provar o contrário.
m) Direito de receber os serviços públicos com qualidade (art. 6º, Inciso X, CDC)
Os serviços públicos, por serem na sua maioria essenciais à manutenção 
da vida, não podem ter interrompido seu fornecimento. Ex.: é ilegal o corte da 
energia elétrica ou da água sem comunicação prévia. Não pode haver a suspensão 
da coleta de lixo ou tratamento de esgoto, sob pena do administrador público 
responder judicialmente por omissão.
150
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
IMPORTANT
E
Leia o Decreto nº 7.963, de 15 de março de 2013. Institui o Plano Nacional de 
Consumo e Cidadania e cria a Câmara Nacional das Relações de Consumo. Leia o novo Decreto 
na íntegra. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/
D7963.htm>. Caro(a) acadêmico(a), conheça e se atualize, conhecendo seus diretos.
TÓPICO 4 | DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
151
LEITURA COMPLEMENTAR
O CONSUMIDOR E O CONSUMO
1 Considerações psicossociais
O que nos leva a consumir tanto nos dias de hoje? Talvez possamos 
considerar os apelos dos meios de comunicação, que nos bombardeiam 
diariamente com propostas que podem ser consideradas indecentes.
Indecentes, sim, já que apelam para o nosso lado emocional, demonstrando 
artigos que não podem faltar em nossas vidas porque são “indispensáveis”. Afinal, 
são mercadorias que são modernas, estãoem ótimas condições de aquisição, pois 
o consumidor pode parcelar em inúmeras vezes, sem contar que a entrada é só 
depois de 30, 60, 90,..., dias.
A ausência de um produto anunciado pela mídia na vida do consumidor 
pode demonstrar que este não tem o status social desejado, já que o mesmo não 
acompanha os avanços sociais e econômicos.
A ausência de tais produtos – “tão fáceis de serem adquiridos” –, como 
querem fazer crer, pode demonstrar que o consumidor é, em suma, um perdedor, 
um fracassado.
Mas a pergunta que fica é: será mesmo necessário consumir tantos 
produtos?
O consumir – sem sombras de dúvidas – é uma necessidade humana, 
pois não se pode viver sem consumir comida, água, luz, vestimentas, bens de 
consumo em geral.
 A diferença está em um consumo consciente, quando o consumidor sabe 
que está consumindo por uma real necessidade e não apenas para atender aos 
chamados da mídia. 
O consumo consciente faz com que o homem evite a exploração do trabalho 
humano, minimize a degradação do meio ambiente e, acima de tudo, preserve a 
sua integridade moral, porque consome somente aquilo que lhe é importante e 
dentro dos seus limites financeiros.
O consumidor consciente tem mais poder de barganha; tem o poder de 
reclamar quando o produto não lhe foi entregue na forma anunciada, na forma 
contratada. O consumidor consciente tem mais poder, pois faz com que o mercado 
se ajuste às suas necessidades, não produzindo bens de pouca qualidade em 
grande escala e a preços aviltantes, e explorando indiscriminadamente o trabalho 
humano e os recursos naturais.
152
UNIDADE 2 | DIREITO DO CONSUMIDOR
Assim, para finalizar, conclui-se que o consumo é um mal necessário, 
mas se assim o é, importante que o consumidor tenha em mente o seu poder de 
controlar o que consome, não só em quantidade, mas também, e principalmente, 
também, em qualidade.
2 O reconhecimento da vulnerabilidade
O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor que orienta a Política 
Nacional das Relações de Consumo, no artigo 4º do Código do Consumidor, 
corresponde à igualdade constitucional, vale dizer, princípio constitucional 
isonômico, segundo o qual todos são iguais perante a lei.
Com isso, a lei vem garantir instrumentos, meios, que tornem possível 
atingir a igualdade real, uma vez que as diferenças sociais e de outras naturezas 
por certo podem existir.
Assim, o tratamento desigual na medida da desigualdade permite o 
atendimento da isonomia, já que, nas relações de consumo que comentamos, o 
equilíbrio nos contratos de toda a natureza é o que se quer alcançar.
Trata-se, assim, da correspondência ao princípio constitucional isonômico, 
na medida em que ao ser reconhecida a vulnerabilidade do consumidor no 
mercado de consumo, vê-se aplicados, ao longo de todo o Código, instrumentos 
e novas formas de tratamento diante da relação jurídica de consumo tutelada, a 
fim de dar efetividade ao seu conjunto normativo.
Nesse sentido e na mesma medida do princípio da igualdade assegurado 
constitucionalmente, o tratamento desigual dado ao consumidor, já reconhecido 
vulnerável, vale dizer, sujeito às regras do mercado de consumo, e não só dos 
contratos nessa seara estabelecidos, tem a finalidade de atingir o tratamento igual 
daqueles sabidamente desiguais. 
O sistema de proteção inspirado pelos contratos de massa ressalta as 
relações jurídicas que na maioria dos casos apresenta regras preestabelecidas aos 
consumidores que a estas se sujeitam, podendo meramente aceitá-las ou não, 
mas dificilmente modificá-las. 
Com isso, o código elenca o conjunto de normas que visa buscar um 
sistema de proteção, não mais admitindo que as cláusulas de um contrato sejam 
livremente pactuadas por ambas as partes.
A partir desse sistema de proteção, que tem como regra norteadora e, 
portanto, expressamente tratada como princípio, ao reconhecer a vulnerabilidade, 
o sistema admite previamente que o consumidor está sujeito à maior parte das 
regras, justificando, por assim dizer, a proteção máxima que será estabelecida em 
todo o sistema de proteção às relações de consumo de que trata: direitos básicos, 
TÓPICO 4 | DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
153
saúde e segurança do consumidor, responsabilidade pelo fato do produto e 
serviço e por vício, práticas comerciais – oferta, publicidade e propaganda, 
proteção contratual, crime contra o consumo, da defesa do consumidor em juízo.
Valendo-se, assim, de um conjunto de normas a princípio lógicas, que 
informam todo o microssistema de proteção em que se consubstancia o Código 
do Consumidor, tem-se verdadeira harmonia entre as mesmas, visando sua 
efetividade e, sobretudo, refletindo e reiterando as garantias constitucionais 
dispostas no artigo 5º, caput, e inciso XXXII, da Constituição Federal, tal sua 
importância e relevância.
3 Reflexões conclusivas
É certo que o consumidor está sujeito a toda ordem de convites para o 
consumo. Com isso, o sistema de proteção do Código do Consumidor pode e deve 
ajudá-lo, no sentido de propiciar um conjunto de regras que possam efetivamente 
protegê-lo, seja diante das práticas comerciais como um todo – alcançando a 
publicidade, inclusive –, seja em razão de contratos e obrigações assumidas.
O desejo de consumir, adquirir, tenta ocupar em nossos dias o lugar 
do ser. Por outras palavras, ter parece mais fácil do que ser. Coisas do mundo 
moderno, que prefere ser chamado de globalizado, ainda que efetivamente não o 
seja, uma vez que cada país paga um preço, e alto, pela sua condição econômica, 
pior, social.
O respeito ao consumidor alça um voo muito maior do que sugere a 
questão econômica, embora a ordem econômica seja relevante nos dois pilares 
constitucionais de sua proteção.
Trata-se de cidadania, de dignidade da pessoa humana, de crianças, 
idosos, vulneráveis, trata-se da humanidade, da sua sustentabilidade, do que 
adquirem, usam, compram, ganham e comem.
Trata-se da coletividade. São os direitos difusos e coletivos, são as pessoas 
tomadas quanto à indeterminação dos sujeitos. Somos todos nós. Respeito e 
consumo precisam caminhar juntos. Porém, a partir da educação, também para o 
consumo, para a vida.
FONTE: CUNHA, Belinda Pereira da, WAGNER, Daniela Moraes. O Consumidor e o Consumo. 
Revista Jurídica Eletrônica Última Instância. Disponível em: <http://ultimainstancia.uol.com.br/
colunas/ler_noticia.php?idNoticia=43055&kw=consumidor+e+o+consumo>. Acesso em: 5 out. 
2012.
154
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico apresentamos os principais conceitos de direito 
empresarial.
• Os direitos básicos e universais do consumidor, que são direitos: à segurança, à 
escolha, à informação, de ser ouvido, à indenização, à educação para o consumo 
e um meio ambiente saudável.
• Além dos direitos básicos previstos do Código de Defesa do Consumidor, 
podem também ser considerados aqueles advindos de tratados ou convenções 
internacionais em que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de 
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem 
como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e 
equidade.
155
Considerando o conteúdo o qual aprendemos neste Tópico 4, responda às 
seguintes questões:
1 Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas, considerando 
os direitos básicos do consumidor:
( ) Proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos e nocivos. 
( ) Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços. 
( ) Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva. 
( ) Efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 
a) ( ) V - V – F - F.
b) () V - F - V – F.
c) ( ) V – V – V – F.
d) ( ) V – V – V – V. 
2 Quanto aos direitos básicos dos consumidores, assinale a alternativa 
CORRETA: 
a) ( ) O consumidor tem direito à informação adequada e clara sobre os 
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade e preço; contudo, não há qualquer 
direito a conhecimento a respeito dos riscos que os produtos ou serviços 
apresentem. 
b) ( ) O consumidor não tem direito à proteção contra a publicidade enganosa 
e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra 
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e 
serviços. 
c) ( ) O consumidor tem direito à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive 
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a 
critério do juiz, for verossímil a alegação e quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de experiências.
d) ( ) O consumidor tem direito à revisão das cláusulas contratuais que se 
tornaram excessivamente onerosas em razão de fatos supervenientes à 
contratação. 
3 De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa 
CORRETA:
AUTOATIVIDADE
156
a) ( ) É considerado consumidor o microempresário que se utiliza do produto 
ou serviço como insumo para o exercício de sua atividade.
b) ( ) Nas ações judiciais que envolvam a relação jurídica consumerista, será 
obrigatória a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor 
c) ( ) Quando a ofensa aos direitos do consumidor tiver mais de um autor, cada 
um deles responderá pela reparação, considerados os danos que causou. 
d) ( ) É direito básico do consumidor a informação adequada e clara sobre 
os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade e preço, bem como riscos que 
apresentem. 
4 Quando ocorre a determinação para que um produto estampe no seu rótulo 
os possíveis riscos que ele pode causar ao consumidor, pretende-se com isso 
realizar o direito básico do consumidor quanto à:
a) ( ) Saúde. 
b) ( ) Educação. 
c) ( ) Reparação. 
d) ( ) Contratação. 
5 Considerando o texto “O CONSUMIDOR E O CONSUMO”, discorra sobre 
a importância de um consumo consciente.
157
UNIDADE 3
TUTELAS JURÍDICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• conhecer os conceitos inerentes à defesa do consumidor contra as práticas 
comerciais abusivas e enganosas, tanto nas relações eminentemente co-
merciais, quanto na relação contratual;
• identificar uma série de medidas administrativas adotadas pelos órgãos 
componentes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, para coibir 
as práticas abusivas cometidas pelos fornecedores no mercado de consu-
mo, as relações comerciais e empresariais, com suas respectivas obriga-
ções;
• reconhecer na Tutela Penal as medidas adotadas pelo Estado para com-
bater as principais condutas criminosas adotadas pelos fornecedores no 
mercado de consumo;
• compreender, na Tutela Jurisdicional, uma série de medidas judiciais dis-
ponibilizadas ao consumidor pelo Estado, para facilitação da defesa de 
seus direitos.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e ao final de cada um deles você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – TUTELA CIVIL
TÓPICO 2 – TUTELA ADMINISTRATIVA
TÓPICO 3 – TUTELA PENAL
TÓPICO 4 – TUTELA JURISDICIONAL
158
159
TÓPICO 1
TUTELA CIVIL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Conforme determinação do Código de Defesa do Consumidor, como 
direito básico do consumidor temos: a efetiva prevenção e reparação de danos 
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. (BRASIL, 2013).
Com o objetivo de dar efetividade a esse direito, o Código traz três importantes 
capítulos:
• Capítulo IV: Da Qualidade de Produtos e Serviços, Da Prevenção e da Reparação 
dos Danos.
• Capítulo V: Das Práticas Comerciais. 
• Capítulo VI: Da Proteção Contratual. 
Em virtude da complexidade do tema, abordaremos os vários aspectos 
da tutela civil no desenrolar deste tópico, versando respectivamente quanto à 
qualidade dos produtos e serviços sob a responsabilidade civil do fornecedor, as 
práticas comerciais e a proteção contratual.
2 DA QUALIDADE DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
Por disposição de lei, os produtos e serviços colocados no mercado de 
consumo não poderão acarretar riscos à saúde ou segurança dos consumidores, 
exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e 
fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações 
necessárias e adequadas a seu respeito. 
FONTE: Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm>. Acesso em: 
8 mar. 2013.
Especificamente em relação aos produtos e serviços potencialmente 
nocivos ou perigosos à saúde ou segurança, o fornecedor deverá informar, de 
maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, 
sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
É importante salientar que a qualidade de um produto ou serviço está 
relacionada com a observância das normas técnicas correspondentes expedidas 
pelos órgãos oficiais competentes ou, se tais normas inexistirem, deverão ser 
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
160
observadas aquelas determinadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT) ou outra credenciada perante o Conselho Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO).
Contudo, quando observamos a responsabilidade dos fornecedores 
pelos produtos e serviços disponibilizados no mercado de consumo, o Código 
de Defesa do Consumidor resolveu tratá-lo em seções diferentes. Ou seja, na 
Seção II a “responsabilidade pelo fato do produto e do serviço”, e na Seção III, a 
responsabilidade por vício, impondo a estes regimes jurídicos próprios. É o que 
veremos a seguir.
3 DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR PELO FATO DO 
PRODUTO E DO SERVIÇO
Parte-se do princípio de que os fornecedores, de modo geral, buscam 
produzir produtos e serviços adequados ao consumo, seguros, eficientes e livres 
de defeitos, utilizando-se, para tanto, de testes e controle de produção e qualidade, 
com a finalidade de eliminar ou ao menos reduzir a inserção no mercado de 
consumo de produtos e serviços defeituosos.
Por outro lado, para aqueles casos em que o uso do produto defeituoso ou, 
em face da ausência de informações suficientes e adequadas sobre a utilização do 
produto e riscos que ele oferece, vier a causar danos ao consumidor: o fabricante, 
o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro e o importador são responsáveis 
pela sua reparação, independentemente de terem culpa.
Em matéria de responsabilidade pelo fato do produto e do serviço, há três 
modalidades de defeitos que geram a responsabilização do fornecedor:
a) Defeitos de fabricação: aqueles que decorrem de fabricação, produção, 
montagem, manipulação, construção ou acondicionamento de produtos.
b) Defeitos de concepção: aqueles decorrentes de falha de projeto ou de fórmula.
c) Defeitos de comercialização: por insuficiência ou inadequação de informações 
sobre sua utilização e riscos.
O defeito, portanto, é toda a anomalia que, comprometendo a segurança 
que se espera do uso dos produtos e serviços, acaba por causar danos físicos ou 
patrimoniais aos consumidores. Contudo, se essa anomalia apenas compromete 
o funcionamento do produto ou serviço, não apresentando riscos à saúde e 
segurança do consumidor, trata-se de vício, onde serão analisadas as circunstâncias 
da responsabilidade do fornecedor no item seguinte.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
161
Com relação aos serviços, é considerado defeituoso quandonão fornece a 
segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - O modo de seu fornecimento.
II - O resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam.
III - A época em que foi fornecido.
O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar 
que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste ou que a culpa pelo defeito é 
exclusiva do consumidor ou de terceiro.
FONTE: Disponível em: <www.almeidalaw.com.br/almeidalaw/.../detNoticia.php?...104...3...>. 
Acesso em: 8 mar. 2013.
Vejamos o que o Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre o assunto:
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, 
e o importador respondem, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, 
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua utilização e riscos.
§ 1º. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias 
relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação; 
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III - a época em que foi colocado em circulação. (BRASIL, 2013). 
No caso dos defeitos dos produtos, o comerciante será igualmente 
responsável quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador:
I- não puder ser identificado;
II - quando o produto for fornecido sem identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou importador;
III - quando não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
(BRASIL, 2013).
Por outro lado, o Código Consumerista também prevê um rol de causas de 
exclusão da responsabilidade do fornecedor, do fabricante, produtor, construtor e 
do importador de produtos, que serão aceitas somente quando este efetivamente 
provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. (BRASIL, 2013).
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
162
3.1 DO PRAZO PARA REPARAÇÃO
Para reparação de danos causados pelo fato do produto ou do serviço, o 
Código de Defesa do Consumidor prevê o prazo de cinco anos para se interpor 
a ação judicial, iniciando-se a contagem do prazo do conhecimento que teve do 
defeito e de sua autoria. É o que determina o artigo 27:
Art. 27. Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento 
do dano e de sua autoria. (BRASIL, 2013).
4 RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO 
SERVIÇO
Neste item estudaremos a responsabilidade dos fornecedores pelos 
produtos e serviços que possuem defeitos de qualidade e quantidade, que a lei 
chama de vício. Por sua vez, esse vício pode ser aparente ou oculto. Vício aparente 
é o de fácil constatação, que só ao olhar ou ao fazer o primeiro uso, já é percebido. 
Temos como exemplo um chuveiro elétrico que, ao ser ligado, simplesmente o 
sistema de aquecimento não funciona.
Já o vício oculto é aquele de difícil constatação ou de ser percebido, como, 
por exemplo, o defeito na parte elétrica de um computador.
João Batista de Almeida (2003, p. 69-70) explica com propriedade os 
diversos tipos de vícios:
a) Vícios de qualidade dos produtos: são aqueles que tornam os produtos 
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam 
o valor, entendendo-se por:
impróprios ao consumo os produtos cujos prazos de validade estejam 
vencidos, os deteriorados, os alterados, adulterados, falsificados, corrompidos, 
fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou em desacordo com as 
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação, bem como 
os produtos que, por qualquer motivo, se revelam inadequados ao fim a que se 
destinam.
FONTE: Disponível em: <www.rkladvocacia.com/.../art_srt_arquivo20100728191840.pdf>. Aces-
so em: 8 mar. 2013.
 A inadequação, no vício de qualidade, pode ocorrer, portanto, por 
impropriedade do produto, diminuição de seu valor ou por disparidade 
informativa. 
FONTE: Disponível em: <ienomat.com.br/revista/index.php/judicare/rt/printerFriendly/.../168>. 
Acesso em: 8 mar. 2013.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
163
3.1 DO PRAZO PARA REPARAÇÃO Considera-se inadequado o produto quando for incapaz de satisfazer 
os tipos determinantes de sua aquisição. Ou seja, a legítima expectativa do 
consumidor, bem como quando não se mostra conforme outros produtos no 
mercado ou quando não são observadas normas ou padrões estabelecidos para 
a aferição da qualidade.
FONTE: Disponível em: <www.mp.mg.gov.br/portal/public/interno/arquivo/id/6714>. Acesso em: 
8 mar. 2013.
b) Vícios de quantidade dos produtos: são aqueles em que, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior 
às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de 
mensagem publicitária (art. 19). Há disparidade entre o conteúdo e o peso ou 
medida indicados pelos fornecedores, sendo que a quantidade inferior causa 
prejuízos ao consumidor, sem, no entanto, alterar a qualidade do produto.
c) Vícios de qualidade dos serviços: são os que tornam os serviços impróprios 
à sua fruição ou lhes diminuem o valor, considerando-se impróprios os 
serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles 
se esperam, bem como, aqueles que não atendam às normas regulamentares 
de prestabilidade. Incluem-se também aqueles em que se verifica disparidade 
qualitativa entre serviço ofertado e o executado.
FONTE: Disponível em: <www.nacionaldedireito.com.br/doutrina/.../aplicabilidade-do-c-digo-...>. 
Acesso em: 8 mar. 2013.
d) Vícios de quantidade dos serviços: decorrem da disparidade quantitativa 
com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária. Não há 
correspondência entre o serviço efetivamente prestado e aquele ofertado 
ao consumidor, diretamente ou mediante publicidade. (arts. 18, caput, e 
20). 
No caso dos vícios, os fornecedores de produtos de consumo duráveis 
ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se 
destinam ou lhes diminuam o valor. Assim como, por aqueles decorrentes 
da disparidade com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou mensagem publicitárias, respeitadas as variações decorrentes de 
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
FONTE: Disponível em: <www.alerj.rj.gov.br/cdc/codigo_defesa/tit1_cap4_sec3.htm>. Acesso 
em: 8 mar. 2013.
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
164
Por derradeiro, o Código Consumerista elenca os casos em que produtos 
são considerados impróprios para o consumo. São eles:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; 
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, 
falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, 
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas 
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, revelem-se inadequados ao 
fim a que se destinam. (BRASIL, 2013).
Quando um determinado produto apresentar defeito de fabricação, 
o fornecedor tem 30 dias para arrumá-lo. Depois desse prazo, se o produto 
ficar ainda com problemas ou não tiver solução, o consumidor pode exigir, 
alternativamente e à sua escolha:
• a troca do produto por outro em perfeitas condições, da mesma espécie, e, caso 
inexista, deve ser trocado por outro de melhor qualidade sem pagar qualquervalor a mais;
• a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos;
• o abatimento proporcional do preço.
Quando o defeito se refere à prestação do serviço, é possível o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha:
• que o serviço seja feito novamente sem pagar nada;
• o abatimento no preço; ou
• a devolução do que foi pago, em dinheiro, com correção monetária.
Quando o defeito relaciona-se à quantidade do produto, respeitadas 
as variações decorrentes de sua natureza. Se o conteúdo líquido for inferior às 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem 
publicitária, pode o consumidor exigir também do comerciante, alternativamente 
e à sua escolha:
• O abatimento proporcional do preço.
• Complementação do peso ou medida.
• A substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem 
os aludidos vícios.
• A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem 
prejuízo de eventuais perdas e danos.
Nesse caso, temos o seguinte exemplo: se você comprar um produto 
cuja embalagem anuncia conter 10 kg e na verdade só contém 94,5 kg, pode 
exigir a troca deste produto, o complemento do produto conforme anunciado, o 
abatimento do preço ou a devolução do dinheiro.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
165
4.1 DA GARANTIA LEGAL E CONTRATUAL
O artigo 24 do Código de Defesa do Consumidor estabeleceu a garantia 
legal de adequação dos produtos e serviços, independentemente de termo 
expresso em contrato. Ou seja, independentemente de qualquer manifestação do 
fornecedor, inclusive no seu silêncio, prevalecerá a garantia de lei, sendo nulo de 
pleno direito qualquer escrito exonerando o fornecedor de tal obrigação.
Contudo, além da garantia legal, há também a garantia contratual, 
aspectos estes que também devem ser observados quanto ao direito de garantia e 
os prazos de reclamação a serem observados pelos consumidores.
4.1.1 Garantia do fornecedor
O fornecedor de produtos de consumo duráveis ou não duráveis, e 
de serviços, deve colocá-los à disposição dos consumidores garantindo-lhes 
a qualidade e quantidade, próprias e adequadas para o consumo a que foram 
destinados, de acordo com as informações constantes dos recipientes, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.
A garantia aludida decorre do disposto no art. 23 do Código de Defesa 
do Consumidor, que retira do fornecedor a justificativa de sua ignorância sobre 
os vícios de qualidade e de quantidade por inadequação e impropriedade dos 
produtos e serviços que se comprometeu a repassar ao destinatário final. Esta 
responsabilidade decorre da solidariedade legal. 
 A garantia legal pode, no entanto, ser complementada pelo fabricante, 
produtor, construtor e importador, oferecendo-se outras, que serão firmadas 
mediante termo, no qual constará no que consistem. A garantia será entregue ao 
consumidor, no ato do fornecimento do produto, acompanhada do manual de 
instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática com ilustração.
 
A Lei Protetora do Consumidor, no art. 50, parágrafo único, possibilitou 
ao fabricante, produtor, construtor e importador, unilateralmente, estabelecer o 
prazo de garantia. 
Assim, dispõe o artigo 50 do Código de Defesa do Consumidor: 
A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante 
termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser 
padronizado e esclarecer, de maneira adequada, em que consiste a 
mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser 
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, 
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, 
acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso de produto 
em linguagem didática, com ilustrações. (BRASIL, 2013).
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
166
O dispositivo legal acima citado dispõe que a garantia contratual é 
complementar à legal e será conferida mediante termo escrito que, por sua vez, 
vem descrito no parágrafo único.
Tratando-se de defeitos, o prazo de garantia não pode ser inferior ao prazo 
prescricional, que é de 5 (cinco) anos, nos exatos termos do art. 27 do aludido 
diploma legal.
Estipulado pelo fabricante, produtor, construtor e importador, o prazo 
de garantia de 1 (um) ano, por exemplo, subentende-se que se refere aos vícios 
de qualidade e quantidade e nunca sobre o fato do produto (defeito), cujo prazo 
legal é de 5 (cinco) anos.
O prazo mínimo legal para reclamar de defeito é de 5 (cinco) anos, salvo 
se prazo maior estipular o fabricante, produtor, construtor e importador.
4.1.2 Dos prazos de reclamação
Na hipótese de vícios, o legislador estabeleceu o prazo para reclamação 
diretamente ao fornecedor.
Pelos vícios aparentes ou de fácil constatação, o direito de reclamar por 
estes caduca (decai) em: 
I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não 
duráveis.
II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto 
duráveis.
Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do 
produto ou do término da execução dos serviços.
No caso de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que 
ficar evidenciado o defeito.
4.1.3 Da prescrição e da decadência
É a partir do momento em que se conheça o dano e possa-se relacioná-lo 
com o defeito do produto ou do serviço, que o consumidor tem consciência de 
que aquilo que observa é, de fato, um dano.
Analisando o Código de Defesa do Consumidor, constatam-se regras 
especiais no que tange aos institutos de decadência e da prescrição.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
167
4.1.2 Dos prazos de reclamação
4.1.3 Da prescrição e da decadência
Tais regras são atinentes aos prazos mais dilatados ao termo inicial e ao 
termo final, hipóteses de interrupção e suspensão etc. Todas elas partindo do 
pressuposto fundamental da hipossuficiência do consumidor nesta classe de 
relações. 
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/.../a-prescricao-e-a-decadencia-no-codigo-de-defesa-do-..>. 
Acesso em: 8 mar. 2013.
A decadência atinge o direito de reclamar pelo vício. Inicia-se a contagem 
do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da 
execução dos serviços. Contudo, há casos que obstam a decadência. São eles:
I - A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor 
perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa 
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.
II - A instauração do inquérito civil, até seu encerramento.
Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em 
que ficar evidenciado o defeito. 
Já a prescrição afeta a pretensão à reparação pelos danos causados pelo 
fato do produto ou do serviço através de uma ação judicial. Prescreve em 05 
(cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou 
do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e 
de sua autoria. 
4.2 RECALL
Recall é uma palavra inglesa que significa “recordar”. Trata-se de uma 
chamada que um fornecedor faz aos consumidores que adquiriram determinado 
produto com defeito de fabricação, para substituí-lo em parte ou no todo ou 
corrigir o problema. Ao mesmo tempo em que chama os consumidores, também 
recolhe produtos, esclarece fatos e apresenta soluções.
No Brasil, Portaria MJ nº 487/12 disciplina o procedimento de chamamento 
dos consumidores ou recall de produtos e serviços.
É uma prática geralmente feita pelas montadoras de automóveis, tratando-
se de um chamamento coletivo que a empresa realiza para corrigir os problemas.
Considera-se uma atitude de respeito aos direitos dos consumidores, que 
é uma prevenção de danos materiais e morais que poderão ocorrer.Através do 
recall, o fornecedor se previne de futuras indenizações e multas. Além de ajudar 
a manter a boa imagem dos seus produtos. Exemplo: um fabricante de automóvel 
anuncia o recall para corrigir defeito na caixa de embreagem.
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
168
Importante salientar que, enquanto persistir o risco que originou o recall, 
o consumidor poderá exigir o reparo ou a troca da peça defeituosa junto ao 
fornecedor. 
Assim, o recall só finaliza quando o risco à saúde e segurança for eliminado 
do mercado de consumo, ou seja, quando todos os produtos afetados pelo defeito 
forem reparados ou recolhidos.
A finalidade do Código de Defesa do Consumidor foi a de proteger 
todas as pessoas envolvidas e eventualmente prejudicadas por prática comercial 
ou contratual abusiva. Com isso, buscou-se abranger não só o adquirente do 
produto ou serviço, mas todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às 
práticas nele previstas, como acontece nas publicidades enganosas e abusivas, 
que ofendem a uma coletividade indeterminável de pessoas.
5 PRÁTICAS COMERCIAIS
FONTE: Disponível em: <books.google.com.br/books?isbn=8525034428>. Acesso em: 8 mar. 
2013.
5.1 DA OFERTA
As ofertas de produtos e serviços podem ser feitas de qualquer modo. O 
modo mais comum é através da publicidade em anúncios, cartazes e avisos. É 
comum, no entanto, a oferta constante em cartões e talões de pedidos, os quais 
são geralmente passados pelos vendedores ou representantes. Em qualquer dos 
modos, o fornecedor fica obrigado a cumprir a oferta.
A oferta é uma modalidade de pré-contrato e faz parte integrante do 
contrato principal, cujos compromissos nela assumidos devem ser cumpridos. 
A oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações 
corretas, claras, precisas, ostensivas em Língua Portuguesa sobre: suas 
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de 
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam 
à saúde e segurança dos consumidores. A mensagem veiculada pelo anúncio 
deve ser também examinada mais detidamente, para se caracterizar a publicidade 
enganosa. 
Anote-se que o potencial de indução em erro deve necessariamente 
decorrer do exame da peça publicitária como um todo.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
169
5 PRÁTICAS COMERCIAIS
5.1 DA OFERTA
Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve 
constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos 
os impressos utilizados na transação comercial.
FONTE: Disponível em: <www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista...>. Acesso 
em: 8 mar. 2013.
Caso ocorra divulgação errônea da oferta, o fornecedor dos produtos ou 
serviços somente se exonerará da proposta se, oportunamente, e com o mesmo 
destaque e o mesmo veículo de divulgação, pelo menos, fizer retratação da 
proposta.
5.2 DA PUBLICIDADE
Publicidade é a divulgação de um produto ou serviço. Toda publicidade 
deve ser fácil de entender, clara e adequada ao produto anunciado. O fornecedor 
não pode se utilizar da publicidade como isca para atrair o consumidor. As ofertas 
devem conter informações verdadeiras, reais e compatíveis com o produto ou 
serviços anunciados, pois tudo que estiver na publicidade deverá ser cumprido e 
fornecido ao consumidor. 
A publicidade que causa prejuízos aos consumidores é identificada 
através de duas maneiras: publicidade enganosa e abusiva.
5.2.1 Publicidade enganosa
É a divulgação que contém informações falsas e também a que esconde ou 
deixa de dizer algo importante sobre um produto ou serviço. É assim considerada 
quando o consumidor for levado a cometer erro por falsidade ou por falta de 
informação do produto, como quantidade, origem, preço, propriedades.
Sobre a publicidade enganosa, assim conceitua o § 1º do art. 37 do Código 
Consumerista:
É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de 
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou por qualquer outro modo, 
mesmo por omissão, capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer 
outros dados sobre produtos e serviços. 
Quando a publicidade leva o consumidor ao erro por não conter informações 
importantes, esta será chamada de publicidade enganosa por omissão. Exemplo: 
uma empresa anuncia que os telefones vendidos serão instalados “no prazo 
máximo de seis meses”. O consumidor, então, ao ler o contrato para compra do 
produto, constata uma cláusula, com letras pequenas, através da qual constata 
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
170
que os telefones só serão instalados em seis meses se não ocorrer “motivo técnico 
ou de outra espécie”. Ou seja, o anúncio omitiu a informação. É, então, enganosa 
por omissão.
5.2.2 Publicidade abusiva
Sobre a publicidade abusiva, assim conceitua o § 2º do art. 37 do Código 
Consumerista:
É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer 
natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, 
se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, 
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua 
saúde ou segurança. (BRASIL, 2013).
Como exemplo de publicidade abusiva, temos um anúncio para vender 
produtos ou serviços que mostra que as pessoas magras são mais sadias do que 
as pessoas gordas, ou que as pessoas negras são mais produtivas que as brancas.
5.2.3 Responsabilidades em caso de publicidade 
enganosa ou abusiva
Quando o fornecedor anuncia uma coisa e não cumpre com o que 
prometeu ou anunciou, o consumidor deve se dirigir ao gerente ou responsável 
da loja ou empresa e poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, 
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia 
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e 
danos. (BRASIL, 2013).
É importante salientar que o ônus da prova da veracidade e correção da 
informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
5.3 DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
As práticas abusivas são trazidas nos arts. 39, 40, 41 e 42 da Lei do 
Consumidor:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras 
práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao 
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, 
a limites quantitativos;
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
171
5.2.2 Publicidade abusiva
5.3 DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata 
medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade 
com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer 
produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo 
em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para 
impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e 
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de 
práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos; 
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço 
em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais 
competentes, ou, se normas específicas não existirem, pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo 
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e QualidadeIndustrial – CONMETRO; 
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente 
a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulada sem leis especiais;
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços;
XI - (Suprimido pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999, DOU 24.11.1999);
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação 
ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério;
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou 
contratualmente estabelecido;
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos 
ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, 
equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. 
(BRASIL, 2013).
O caso previsto no inciso I diz respeito à chamada "venda casada", onde o 
consumidor, ao adquirir um produto ou serviço, leva conjuntamente outro, seja 
da mesma espécie ou não. Esta prática, por exemplo, é utilizada pelas instituições 
financeiras e de crédito que impõem, como condições para aprovarem a liberação 
de crédito ao consumidor, obrigam-no a contratar um empréstimo.
Em relação ao inciso II, trata-se de prática comercial utilizada por 
empresas que retêm as mercadorias em seus estoques, aguardando, por exemplo, 
um aumento de preço, seja por conta do fabricante ou do governo que anuncia 
aumento futuro da carga tributária.
O inciso III é utilizado por empresas varejistas (magazines) e de cartões de 
crédito que, com base em informações cadastrais de consumidores, enviam a seus 
domicílios cartões fidelidade ou de crédito, buscando a fidelização e cobrança de 
anuidades e taxas de administração.
A prática abusiva prevista no inciso IV é aquela adotada por comerciantes 
que, na ânsia de vender seus produtos, aproveitam-se da falta de conhecimento de 
seus clientes e, com base em promessas sem qualquer base científica, promovem 
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
172
a venda de produtos aproveitando-se da esperança e credulidade das pessoas. É 
o caso da venda de alguns produtos que prometem o nascimento de cabelos em 
pessoas calvas, com base em fórmulas miraculosas, sem amparo técnico. 
O inciso V diz respeito a contratos bancários ou financiamento de veículos, 
imóveis, onde o fornecedor exige taxas e juros excessivos para a liberação de 
crédito. O Poder Judiciário vem coibindo tais práticas abusivas nas revisões 
judiciais de contratos.
A prática prevista no inciso VI proíbe, por exemplo, empresas de 
assistência técnica a executarem determinado serviço de reparo em um produto 
ou serviço, sem que o consumidor tenha acesso prévio a orçamento e o aprove. 
O inciso VII proíbe ao fornecedor de produtos ou serviços de expor o 
consumidor em situações constrangedoras, tais como: de colocar em exibição 
ao público determinado cheque emitido e que foi devolvido sem provisão de 
fundos. Outra prática proibida é a publicação em jornais ou periódicos de "listas 
negras" de consumidores considerados "maus pagadores".
No caso do inciso VIII, tal fiscalização é executada pelo INMETRO 
(Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), uma autarquia 
federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, 
que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e 
Qualidade Industrial (Sinmetro). 
Sua missão é prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos 
produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a 
harmonização das relações de consumo, a inovação e a competitividade do país.
Outra prática abusiva prevista é aquela do inciso IX que proíbe o 
fornecedor de produtos ou serviços de recusar a venda a determinado consumidor 
interessado na sua aquisição, seja por algum desafeto ou em razão de qualquer 
motivo injustificado. É importante salientar que a partir do momento em que o 
produto ou serviço é colocado à disposição de venda ou contratação, ele pode ser 
adquirido pelo consumidor, salvo impedimentos de ordem técnica ou legal.
A hipótese prevista no inciso X é praticada ilegalmente, por exemplo, 
por alguns postos de gasolina, que em dias de feriados ou em alta temporada, 
aumentam abusivamente os preços dos combustíveis. Tais práticas também são 
registradas por restaurantes e lanchonetes em determinados pontos turísticos.
O caso previsto no inciso XII diz respeito ao fornecedor que deixa a seu 
exclusivo arbítrio convencionar o preço de determinado produto ou serviço após 
assinado o contrato pelo consumidor, sob a alegação da existência de eventuais 
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
173
custos que poderão surgir. A mesma prática se observa quando o fornecedor não 
determina o prazo de entrega de determinado produto, ou o início de execução 
de um serviço.
Por fim, a hipótese do inciso XIII aplica-se principalmente às instituições 
financeiras e de crédito, proibindo-as de onerar as taxas já previamente 
convencionadas em contrato.
As hipóteses arroladas pelo art. 39 do CDC não são taxativas e, portanto, 
não esgotam os atos de fornecimento considerados práticas abusivas. Mesmo que 
não haja previsão legal no que diz respeito a uma determinada prática, ela pode 
ser enquadrada no contexto como abusiva, inclusive, por analogia. É certo que 
onde o legislador não restringiu, não cabe ao intérprete fazê-lo, de modo que não 
resta dúvida de que a lei ordinária alcança toda e qualquer prática abusiva contra 
o consumidor, pois é ele o titular do direito de proteção.
Para finalizar, vejamos, por sua vez, o que está previsto nos arts. 40 e 41 
do CDC:
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao 
consumidor orçamento prévio, discriminando o valor da mão de obra, 
dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de 
pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
§ 1º. Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo 
prazo de 10 (dez) dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2º. Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os 
contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação 
das partes.
§ 3º. O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos 
decorrentes da contratação de serviços de terceiros, não previstos no 
orçamento prévio.
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos 
ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores 
deverão respeitar os limites oficiais sob pena de, não o fazendo, 
responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, 
monetariamente atualizada, podendo, o consumidor, exigir, à sua 
escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções 
cabíveis. (BRASIL, 2013).
O art. 40 visa coibir o fornecedor que não cumpre o orçamento 
preestabelecido com o consumidor, sendo que este terá o prazo de 10 (dez) dias de 
validade. Já o art. 41 prevê as regras no fornecimento de produtos ou de serviços 
sujeitos ao tabelamento de preço pelo governo. O tabelamento de preços foi uma 
prática utilizada durante muitos anos no Brasil, principalmente nas décadas de 
80 e 90, em virtude da alta inflação.
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
174
5.3.1 Da cobrança de dívidas
O artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor disciplina a forma que 
deve ser adotada pelo fornecedor na cobrança de dívidas perante o consumidor 
inadimplente.
Contudo, a cobrança se torna abusiva quando exponha o consumidor ao 
ridículo ou o submeta a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Caso o consumidor inadimplente ou em mora tiver sido submetido a 
qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, deverá dirigir-se à delegacia de 
polícia mais próxima e dar a notíciade crime à autoridade policial, pela prática 
do crime constante no art. 71 do Código do Consumidor, independentemente de 
indenização por eventuais perdas e danos, sejam morais, sejam materiais.
Na hipótese em que o consumidor pagar indevidamente o débito, este terá 
direito de repetição de indébito (devolução do valor), por valor igual ao dobro 
do que pagou em excesso, corrigido monetariamente, acrescido de juros legais, 
independente de indenização por eventuais prejuízos morais. O fornecedor ficará 
salvo da repetição do indébito em dobro, se justificado o engano com a entrega do 
excesso cobrado ao consumidor. Importante salientar que, ainda que justificado 
o engano, o fornecedor não ficará imune de indenização decorrente de eventuais 
prejuízos de ordem moral.
5.3.2 Banco e cadastros de dados
Os artigos 43 e 44 do Código de Defesa do Consumidor disciplinam a 
forma que deve ser adotada pelo fornecedor na cobrança de dívidas perante o 
consumidor inadimplente.
São órgãos mantidos e usados pelos fornecedores para não correrem o risco 
de vender seus produtos ou serviços a consumidores que denominam de “maus 
pagadores”. São cadastros que todas as lojas, empresas, bancos, financiadoras, 
seguradoras e o comércio em geral filiados ao serviço têm acesso.
Os órgãos dos Sistemas de Proteção de Crédito ou congêneres poderão 
inscrever em cadastro dados pessoais, de consumos e informações objetivas, 
claras, verdadeiras, em linguagem de fácil compreensão (não conterá siglas nem 
códigos), do consumidor pelo período de 05 (cinco) anos, aos quais o consumidor 
terá acesso. 
FONTE: Disponível em: <www.orkut.com › ... › Outros › Direito do Consumidor › Fórum>. Acesso 
em: 8 mar. 2013.
A abertura do cadastro, ficha ou registro será comunicada por escrito ao 
consumidor, quando não solicitada.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
175
5.3.1 Da cobrança de dívidas
5.3.2 Banco e cadastros de dados IMPORTANTE
Caro(a) acadêmico(a)! Em resumo, os principais direitos do consumidor em 
relação a esses cadastros são:
• Antes de colocar o nome do consumidor nestes cadastros, a loja ou empresa credora tem 
obrigação de comunicar por escrito ao consumidor com antecedência.
• O consumidor tem direito de saber as informações cadastradas a seu respeito.
• As informações nestes arquivos de consumo devem ser claras, objetivas e verdadeiras e de 
fácil compreensão.
• O consumidor que constatar erro e inexatidão nos dados e cadastros em seu nome poderá 
exigir a imediata correção.
• O prazo máximo de permanência do nome de um consumidor em um banco de dados é 
de cinco anos, que são contados da data do fato que originou sua inscrição, ou seja, do dia 
em que o pagamento deveria ser efetuado.
Sempre que o consumidor encontrar inexatidão nos seus dados e 
cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo 
de 05 (cinco) dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das 
informações incorretas. 
O consumidor tem direito ao acesso às informações existentes em cadastros, 
fichas, registros com dados pessoais, com garantia de identificação da fonte da 
informação. Os serviços de créditos não poderão informar sobre débitos prescritos.
Na hipótese do consumidor estar sendo impedido ou dificultado de acessar 
informações constantes de cadastro ou tomar conhecimento de inexatidões não 
devidamente corrigidas, poderá levar o caso ao conhecimento das autoridades 
competentes (Delegado de Polícia, Ministério Público), para a abertura de 
inquérito policial ou ajuizamento de ação penal pela prática dos crimes constantes 
nos arts. 72 e 73 do Código do Consumidor.
Além da notícia-crime às autoridades competentes, o consumidor poderá 
ingressar na justiça com ação de responsabilidade civil para ser indenizado por 
eventuais perdas e danos. 
A ofensa à honra do consumidor pode gerar responsabilidade tanto de ordem 
material quanto de ordem moral, dependendo da extensão do dano ou do prejuízo.
Os bancos de dados mais conhecidos são:
• SERASA: é um banco de dados administrados pelo grupo SERASA 
EXPERIAN. É o maior bureau de crédito do mundo fora dos Estados Unidos, 
detendo o mais extenso banco de dados da América Latina sobre consumidores, 
empresas e grupos econômicos. É uma empresa que reúne informações sobre os 
consumidores inadimplentes e informa aos seus associados, que são os bancos.
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
176
6 DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
O contrato é o acordo de vontades que tem o fim de adquirir, conservar, 
resguardar, modificar e extinguir direitos, devendo as partes estar em pé de 
igualdade. Cada uma ditará regras que poderão ser receptivas ou não.
Acontece, na maioria das vezes, que um dos contratantes resolve apresentar 
o contrato com cláusulas preestabelecidas, sem que o outro tenha oportunidade de 
modificá-lo (contratos de adesão). Estes contratos, geralmente, possuem cláusulas 
que beneficiam apenas uma das partes, em detrimento de outra.
No caso de existência de cláusulas abusivas ou aliciadoras nos contratos 
de adesão, estas serão tidas como não escritas e deverão ser levados tais contratos 
à apreciação do juiz para considerar tais práticas como não escritas. Pois nem 
tudo o que consta num contrato de fornecimento de produtos e serviços tem 
validade plena para o consumidor.
6.1 DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS
O art. 51 do CDC apresenta o rol exemplificativo de cláusulas abusivas, 
considerando-as como nulas de pleno direito, pois, em caráter geral, presumem-se 
abusivas todas as cláusulas que: se aceitas, poderiam colocar o consumidor num 
plano de inferioridade na relação contratual, prejudicando ou inviabilizando o 
exercício pleno de seus direitos.
Isto se dá, em regra, segundo a lei, quando a vantagem contratual 
conferida ao fornecedor ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico 
a que pertence. Restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à 
natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual. 
Mostra-se excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a 
natureza e o conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias 
peculiares ao caso.
FONTE: Disponível em: <http://www.idec.org.br/consultas/codigo-de-defesa-do-consumidor/
capitulo-vi>. Acesso em: 8 mar. 2013.
Segundo o art. 51 do Código de Defesa do Consumidor, são nulas de 
pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de 
produtos e serviços que:
• SPC (Serviço de Proteção ao Crédito): é um banco de dados ligado à 
Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Arrecada informações 
do comércio local e regional sobre os consumidores que não pagam e as fornece 
às lojas e empresas.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
177
6 DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
6.1 DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do 
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços 
ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações 
de consumo entre o fornecedor e o consumidor, pessoa jurídica, a 
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; 
 II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já 
paga, nos casos previstos neste Código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja, 
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; 
V - (vetado); 
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro 
consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, 
embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do 
preço de maneira unilateral;
XI - autorizemo fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem 
que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua 
obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo 
ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias 
necessárias. (BRASIL, 2013).
Contudo, procurando preservar um contrato e delimitar a interferência no 
domínio nas relações comerciais privadas, o Código de Defesa do Consumidor 
ressalta em seu art. 51, §1º, que: a nulidade de uma cláusula contratual abusiva 
não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de 
integração, decorrem ônus excessivos a qualquer das partes.
Desse modo, se for possível isolar a cláusula abusiva do contexto 
contratual, sua nulidade fica restrita a seu próprio conteúdo.
Ao eliminar a cláusula abusiva, cabe ao juiz proceder a uma revisão do 
contrato para preservá-lo, sempre que possível. Somente quando, pela eliminação 
da parcela abusiva, se tornar desequilibrada de uma forma irremediável a relação 
contratual, é que se terá de optar pela completa resolução do negócio. (CC, art. 478).
Considera-se integração a operação pela qual se substitui a cláusula 
abusiva pelas regras comuns dispositivas do direito contratual, a fim de conservar-
se o vínculo negocial eficaz entre as partes. 
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
178
6.2 REVISÃO CONTRATUAL
O Código de Defesa do Consumidor valoriza o aspecto ético das relações 
negociais de massa, reconhecendo ao consumidor, dentre os seus “direitos 
básicos”, o de revisão de contrato.
O objetivo do legislador não foi o de fragilizar ou inutilizar o instituto 
do contrato, tornando-se simplesmente rompível unilateralmente pelo 
consumidor. Em nome do “princípio da boa-fé” o que se visou foi, antes de tudo, 
aperfeiçoar o negócio jurídico, revendo sua base para torná-lo equitativo, seja por 
reequacionamento das prestações, seja por eliminação das cláusulas abusivas. 
Somente em último caso, quando a eliminação da cláusula abusiva conduzir 
a uma total frustração da finalidade contratual, é que a intervenção judicial 
resultará, excepcionalmente, na ruptura ou desconsideração de todo o contrato.
Nesse sentido, o inciso V do art. 6º do CDC não prevê a rescisão 
do contrato, mas a “modificação das cláusulas que estabeleçam prestações 
desproporcionais” (lesão) ou “sua revisão em razão de fatos supervenientes que 
as tornem excessivamente onerosas”. (BRASIL, 2013).
Da mesma forma, o § 2º do art. 51 do CDC dispõe, textualmente, que “a 
nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto de 
quando sua ausência, apesar dos reforços de integração, decorrer ônus excessivo 
a qualquer uma das partes”. (BRASIL, 2013).
Está expressamente autorizada a revisão judicial do contrato em que a 
prestação entre as partes não se mostre equilibrada, segundo os próprios termos da 
convenção ajustada entre fornecedor e consumidor. (art. 6º, V do CDC). 
Mas a revisão não se estabelece por qualquer divergência entre obrigações 
e vantagens recíprocas, mesmo porque, na atividade comercial, em que se 
realizam os negócios de consumo, a busca do lucro é natural, o que impõe sempre 
uma razoável diferença entre o que uma parte presta e a outra contrapresta. 
O juiz só interferirá na economia do contrato se detectar o abuso de direitos 
e deveres, em detrimento do consumidor, na relação contratual vista como um 
todo, o que passa a ser indício de abuso, a chamar a ação reequilibradora do novo 
direito contratual em sua visão social.
6.3 DOS CONTRATOS DE ADESÃO
As sociedades modernas evoluíram para um tipo de comportamento 
econômico que exigiu do Estado uma política de maior intervenção no plano 
do contrato, principalmente em defesa dos consumidores. Surgiu um autêntico 
direito do consumo.
TÓPICO 1 | TUTELA CIVIL
179
6.2 REVISÃO CONTRATUAL
6.3 DOS CONTRATOS DE ADESÃO
Esses novos rumos do Direito não podem evitar a constatação de que 
os tempos atuais são comandados pelo consumo de massas, cuja exigência de 
organização empresarial não pode prescindir de padrões uniformizados de 
negociação e contratação. E, nesses novos hábitos negociais, os contratos de 
massa, em regra, são frutos de estipulação unilateral dos fornecedores, que, pela 
própria conjuntura, não ensejam aos consumidores uma discussão individual 
das cláusulas e condições de cada operação, como deveria ocorrer segundo os 
padrões clássicos do “princípio da autonomia plena de vontades”.
Dessa forma, nas sociedades atuais, determinadas pelo regime das 
operações de massa, a adoção pelos fornecedores de contratos uniformes ou 
submetidos a condições gerais unilateralmente estipuladas é um imperativo da 
ordem econômica vigente. 
Nenhuma lei proíbe semelhante prática negocial. O que as leis de proteção 
ao consumidor fazem é apenas impedir que o contrato de adesão sirva para 
imposição de cláusulas abusivas e iníquas.
Ou seja, se de um lado os contratos de adesão desempenham uma função 
econômico- jurídica importante no mercado de consumo, por corresponderem a 
instrumento vital para a planificação econômica da empresa, portanto sendo um 
meio dinamizador dos consumos de massa, é também inegável que os benefícios 
econômicos do sistema não impedem abuso de fornecedores que se aproveitam 
do instrumento para promover abusos.
Isto porque as condições econômicas exigem a uniformidade das cláusulas 
que, por sua vez, impedem a natural discussão dos termos negociais.
Uma vez, porém, que o consumidor aderente fica privado de discutir os 
termos do contrato, a lei interfere nessa prática de negócio definido unilateralmente 
para verificar se o fornecedor se prevalece e abusa de sua condição de predomínio 
econômico-social.
Assim, os contratos de adesão são o palco mais propício à estipulação das 
condições abusivas de que cogita o Código de Defesa do Consumidor. Como já se 
expôs, embora essas condições ilícitas sejam nulas de pleno direito, não acarretam 
necessariamente a nulidade de todo o contrato, de modo que, se retirando a cláusula 
abusiva e procedendo-se, se necessária, a “integração do negócio” por meio de 
revisão das principais prestações previstas, poderá perfeitamente ser mantido eficaz.
180
Neste tópico vimos:
• Que a Tutela Civil envolve vários conceitos inerentes à defesa do consumidor 
contra as práticas comerciais abusivas e enganosas, tanto nas relações 
eminentemente comerciais, quanto na relação contratual. 
• Aprendemos que o fornecimento de produtos e serviços defeituosos obriga os 
fornecedores a reparar aos consumidores os prejuízos por estes sofridos.
• O direito de reclamação é legalmente assegurado ao consumidor, dentro dos 
prazos estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor.
RESUMO DO TÓPICO 1
181
Responda às questões, como base no conhecimento adquirido neste tópico e no 
Código de Defesa do Consumidor.
1 Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) É abusiva qualquer modalidade de informação ou comunicação de 
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro 
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito 
da natureza do produto. 
b) ( ) É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer 
natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite 
da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores 
ambientais. Ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de 
forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
c) () É permitido ao fornecedor de produtos deixar de estipular prazo para o 
cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu 
exclusivo critério. 
d) ( ) O consumidor responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da 
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. 
2 Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo poderão 
acarretar riscos à saúde ou segurança do consumidor, pois são previsíveis 
em decorrência de sua natureza e fruição, sendo que o consumidor deve ter 
responsabilidade no seu uso. 
b) ( ) O fornecedor poderá colocar no mercado de consumo produto ou 
serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou 
periculosidade à saúde ou segurança. 
c) ( ) Prescreve em 90 (noventa) dias a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do 
prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
e) ( ) O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação 
caduca em 30 dias tratando-se de serviços ou produtos não duráveis. 
3 Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela 
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de 
produtos ou serviços. 
b) ( ) As infrações das normas de defesa do consumidor ficam somente sujeitas às 
sanções administrativas. 
AUTOATIVIDADE
182
c) ( ) O consumidor tem direito ao acesso às informações existentes em cadastros, 
fichas, registros com dados pessoais, com garantia de identificação da fonte da 
informação, porém tal requisição somente poderá ser efetuada judicialmente.
d) ( ) No fornecimento de produtos ou serviços que envolvam outorga de 
crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá 
obrigatoriamente informar ao consumidor o preço final de venda. As 
informações referentes ao montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual 
de juros possuem caráter meramente informativo, não obrigando constar tal 
informação no encarte/panfleto.
183
TÓPICO 2
TUTELA ADMINISTRATIVA
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A tutela administrativa envolve a mais extensa e complexa rede de 
mecanismos e órgãos de defesa do consumidor, seja em nível municipal, estadual 
ou federal. Ocorre, especificamente, através de uma ampla legislação protetiva; 
através do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e por meio da fiscalização, 
do controle e da aplicação de sanções administrativas aos infratores.
2 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
O Código de Defesa do Consumidor prevê a participação de diversos 
órgãos públicos e entidades privadas, bem como o incremento de vários 
institutos como instrumentos para a realização da política de consumo. Quis o 
Código que o esforço fosse nacional, integrando os mais diversos segmentos que 
têm contribuído para a evolução da defesa do consumidor no Brasil.
FONTE: Disponível em: <www.sejus.ce.gov.br/index.php/downloads/category/7-?...base..>. Aces-
so em: 8 mar. 2013.
Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) a 
Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e os demais órgãos 
federais, estaduais, do Distrito Federal, municipais e as entidades civis de defesa 
do consumidor, para a implementação efetiva dos direitos do consumidor e para 
o respeito da pessoa humana na relação de consumo. 
O SNDC foi estabelecido no artigo 105 do Código de Defesa do 
Consumidor e regulamentado através do Decreto nº 2181, de 20-03-1997.
Conforme o Código Consumerista, integram o SNDC a Secretaria de Direito 
Econômico – SDE, do Ministério da Justiça, por meio do seu Departamento de 
Proteção e Defesa do Consumidor - DPDC, e os demais órgãos federais, estaduais, 
do Distrito Federal, municipais e entidades civis de defesa do consumidor. 
O DPDC é o organismo de coordenação da política do SNDC e tem como 
atribuições principais coordenar a política e ações do SNDC, bem como atuar 
concretamente naqueles casos de relevância nacional e nos assuntos de maior 
interesse para a classe consumidora. Além de estabelecer as normas gerais de 
aplicação das sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro 
184
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
de 1990, desenvolver ações voltadas ao aperfeiçoamento do sistema, à educação 
para o consumo e para melhor informação e orientação dos consumidores.
Estimado(a) acadêmico(a)! Conforme determinação expressa do artigo 3º 
do Decreto nº 2181, de 20-03-1997, compete à Secretaria Nacional do Consumidor 
do Ministério da Justiça a coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa 
do Consumidor:
I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional 
de proteção e defesa do consumidor;
II - receber, analisar, avaliar e apurar consultas e denúncias 
apresentadas por entidades representativas ou pessoas jurídicas de 
direito público ou privado ou por consumidores individuais;
III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus 
direitos e garantias;
IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor, por intermédio 
dos diferentes meios de comunicação;
V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito para apuração 
de delito contra o consumidor, nos termos da legislação vigente;
VI - representar ao Ministério Público competente, para fins de adoção 
de medidas processuais, penais e civis, no âmbito de suas atribuições;
VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de 
ordem administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos ou 
individuais dos consumidores;
VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como auxiliar 
na fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segurança de 
produtos e serviços;
IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas 
especiais, a criação de órgãos públicos estaduais e municipais de 
defesa do consumidor e a formação, pelos cidadãos, de entidades com 
esse mesmo objetivo;
X - fiscalizar e aplicar as sanções administrativas previstas na Lei nº 
8.078, de 1990, e em outras normas pertinentes à defesa do consumidor;
XI - solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória especialização 
técnico-científica para a consecução de seus objetivos;
XII - celebrar convênios e termos de ajustamento de conduta, na forma 
do § 6o do art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985; (Redação 
dada pelo Decreto nº 7.738, de 2012). 
XIII - elaborar e divulgar o cadastro nacional de reclamações 
fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, a que se 
refere o art. 44 da Lei nº 8.078, de 1990. 
XIV - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades. 
(BRASIL, 2013)
TÓPICO 2 | TUTELA ADMINISTRATIVA
185
Os Procons são órgãos estaduais e municipais de defesa do consumidor, 
criados na forma da lei, especificamente para este fim. Com competências, no 
âmbito de sua jurisdição, para exercitar as atividades contidas no CDC e no 
Decreto nº 2.181/97, visando garantir os direitos dos consumidores. 
Verifica-se, dessa forma, que as competências são concorrentes entre 
União, Estados e Municípios no que se refere aos direitos dos consumidores, 
não havendo, portanto, relação hierárquica entre o DPDC e os Procons ou entre 
Procons.
 Estes são, portanto, os órgãos oficiais locais, que atuam junto à 
comunidade, prestando atendimento direto aos consumidores, tendo, desta 
forma, papel fundamental na atuação do SNDC. Outro importante aspecto da 
atuação dos Procons diz respeito ao papel de elaboração, coordenação e execução 
da política local de defesa do consumidor, concluindo as atribuições de orientar 
e educar os consumidores, dentre outras. 
FONTE: Disponível em: <www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/4/.../cartilha_procons_munici-pais.p...>. Acesso em: 8 mar. 2013.
Em nível estadual, tem-se 27 Procons no total, um para cada unidade da 
Federação. 
Conforme mencionado, os Procons estaduais têm no âmbito de sua 
jurisdição competência para planejar, coordenar e executar a política estadual de 
proteção e defesa do consumidor. 
Assim, para o melhor funcionamento do sistema estadual de defesa do 
consumidor, faz-se necessário que exista um estreito relacionamento entre os 
Procons municipais e o estadual, bem como entre os próprios órgãos municipais.
Ressalta-se que aos Procons é dado o poder de polícia, que se constitui em 
fiscalizar o mercado de consumo e inclusive aplicar penalidades a fornecedores 
em razão de infração às normas de proteção do consumidor. Pois sempre 
que condutas praticadas no mercado de consumo atingirem diretamente os 
consumidores, é legítima sua atuação na aplicação das sanções administrativas 
previstas em lei, decorrentes do poder de polícia que lhe é conferido. 
Contudo, a atuação do Procon não inviabiliza, nem exclui, a atuação de 
outros órgãos fiscalizadores, como, por exemplo, o BACEN, autarquia que possui 
competência privativa para fiscalizar e punir as instituições bancárias quando 
agirem em descompasso com a lei, e a vigilância sanitária quanto ao aspecto 
sanitário dos estabelecimentos comerciais.
Outras duas entidades merecem destaque pela sua importante atuação 
na defesa dos direitos dos consumidores: o Ministério Público e as entidades 
organizadas da sociedade civil.
186
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
As entidades civis de defesa do consumidor, além da participação nos 
colegiados e da parceria com órgãos públicos em projetos e atividades, poderão:
Encaminhar denúncias aos órgãos públicos de proteção e defesa do 
consumidor, para as providências legais cabíveis.
Representar o consumidor em juízo, observado o disposto no inciso IV do 
artigo 82 da Lei nº 8078, de 1990.
Exercer outras atividades correlatas. (BRASIL, 2013).
Já o Ministério Público tem tanto atuação de natureza administrativa ou 
extrajudicial na defesa do consumidor.
3 PRÁTICAS INFRATIVAS
A fiscalização das relações de consumo de que tratam a Lei nº 8078, 
de 1990, será exercida em todo o território nacional pela Secretaria de Direito 
Econômico do Ministério da Justiça, por meio do DPDC, pelos órgãos federais 
integrantes do SNDC, pelos órgãos conveniados com a Secretaria e pelos órgãos 
de proteção e defesa do consumidor. 
 Criados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, em suas respectivas 
áreas de atuação e competência através de agentes fiscais, oficialmente designados, 
vinculados aos respectivos órgãos de proteção e defesa do consumidor, no âmbito 
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, devidamente credenciados 
mediante Cédula de Identificação Fiscal, admitidos à delegação mediante 
convênio.
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2181.htm>. Acesso em: 
8 mar. 2013.
As práticas consideradas infrativas estão previstas no art. 12 do Decreto 
nº 2.181, de 20 de março de 1997. Dentre estas podemos destacar a falta de 
informações claras e precisas sobre os produtos e serviços expostos à venda. 
Por exemplo, nos bares e restaurantes, estas informações devem estar expostas 
através de cardápio e tabela de preços afixada em local de fácil visualização 
para o consumidor, inclusive sobre a exigência do pagamento de taxa de 10% do 
garçom.
TÓPICO 2 | TUTELA ADMINISTRATIVA
187
3 PRÁTICAS INFRATIVAS
Também o comerciante não pode diferenciar valores para pagamento à 
vista, em dinheiro ou no cartão de crédito, nem determinar um valor mínimo para 
pagamento com cartão. Também não poderá exigir tempo mínimo de abertura de 
conta para pagamento com cheques. O comerciante não é obrigado a aceitar estas 
modalidades de pagamento (cartão ou cheque), mas, à medida que o faz, não 
poderá criar dificuldades para aceitação dos mesmos. 
FONTE: Disponível em: <www.proconcg.com/geral/layout.php?subaction=showfull&id...>. Aces-
so em: 8 mar. 2013.
Também constitui prática infrativa a publicidade enganosa ou 
abusiva. 
As práticas infrativas classificam-se em leves: aquelas em que forem 
verificadas somente circunstâncias atenuantes, e graves: são aquelas em que 
forem verificadas circunstâncias agravantes.
4 SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
O artigo 55 do Código de Defesa do Consumidor determina que é de 
competência da União e dos Estados-membros, além do Distrito Federal, nas 
respectivas áreas de atuação administrativa, editar, em caráter concorrente, 
normas jurídicas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo 
de produtos e serviços.
O §1º do referido artigo, por sua vez, atribui também aos municípios a 
competência para fiscalizar e controlar o fornecimento de bens ou serviços, no 
interesse da preservação da vida, saúde, segurança, informação e bem-estar do 
consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.
FONTE: Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm>. Acesso em: 
9 mar. 2013.
Nesse sentido, verificamos que as associações de defesa do consumidor 
não têm legitimidade para editar normas de consumo e aplicação de multas, 
porém podem ajudar na efetiva fiscalização, enviando aí a devida comunicação 
aos órgãos competentes, para que estes apliquem as medidas necessárias.
Verificamos que a competência suplementar do município para suprir 
omissões e lacunas das legislações federais e estaduais, previstas no art. 30, II da 
CF/88, deve ser acionada sempre que presente o requisito do interesse local ou 
quando se tratar de matéria de peculiar interesse do município. Como exemplo, 
tomemos a edição por vários municípios de lei que regula o tempo máximo de 
permanência nas filas para atendimento bancário.
188
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
O § 4º do art. 55 do Código de Defesa do Consumidor ainda concede 
à União, aos Estados e municípios prerrogativa da mais alta importância, 
permitindo a expedição de notificação aos fornecedores, com vistas à obtenção 
de informações no interesse dos consumidores, sob pena de desobediência.
Segundo o Código Consumerista, as infrações das normas de defesa do 
consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, 
sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas 
(art. 56). 
I. multa;
II. apreensão do produto;
III. inutilização do produto;
IV. cassação do registro do produto junto ao órgão competente;
V. proibição de fabricação do produto;
VI. suspensão de fornecimento de produtos ou serviços; 
VII. suspensão temporária de atividade;
VIII. revogação de concessão ou permissão de uso;
IX. cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;
X. interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; 
XI. intervenção administrativa;
XII. imposição de contrapropaganda.(BRASIL, 2013).
É importante salientar que: as sanções previstas serão aplicadas pela 
autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas, 
cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de 
procedimento administrativo. (BRASIL, 2013).
Desse modo, o Código distingue, basicamente, três modalidades de 
sanções administrativas:
1. Sanções pecuniárias: representadas pelas multas aplicadas em razão do 
inadimplemento dos deveres de consumo.
2. Sanções administrativas: são aquelas que envolvem bens ou serviços 
colocados no mercado de consumo e compreendem: a apreensão, inutilização, 
cassação do registro, proibição de fabricação ou suspensão do fornecimento de 
produtos ou serviços.
3. Sanções subjetivas: referidas à atividade empresarial ou estatal dos 
fornecedores de bens ou serviços, compreendem a suspensão temporária 
da atividade, cassação de licença do estabelecimento ou de atividade,interdição total ou parcial de estabelecimento, obra ou atividade, intervenção 
administrativa, inclusive a imposição de contrapropaganda.
FONTE: Disponível em: <uj.novaprolink.com.br/.../das_sancoes_administrativas_no_codigo_d...>. 
Acesso em: 9 mar. 2013.
TÓPICO 2 | TUTELA ADMINISTRATIVA
189
A pena de multa é graduada de acordo com a gravidade da infração, 
a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor. Será aplicada 
mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a 
Lei nº 7347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os fundos 
estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos.
FONTE: Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/.../peticao-de-recurso-especial-resp-
-1229957-st...>. Acesso em: 9 mar. 2013.
Quanto à sua quantificação, a multa será em montante não inferior a 
duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de 
Referência (UFIR), ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
FONTE: Disponível em: <jus.com.br/.../apelacao-aumento-do-valor-da-indenizacao-por-da-
nos-...>. Acesso em: 9 mar. 2013.
Já as penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de 
fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, 
de cassação do registro do produto e revogação da concessão ou permissão de 
uso serão aplicadas pela administração, mediante procedimento administrativo, 
assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de quantidade ou 
de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço. (BRASIL, 
2013).
Nas penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão 
temporária da atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão 
aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, 
quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade 
previstas neste Código e na legislação de consumo.
FONTE: Disponível em: <www.conteudojuridico.com.br/artigo,das-sancoes-administrativas-
-no-...>. Acesso em: 9 mar. 2013.
A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço 
público, quando violar obrigação legal ou contratual. A pena de intervenção 
administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem 
a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade. (BRASIL, 2013).
Art. 60 - A imposição de contrapropaganda será cominada quando o 
fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, 
sempre às expensas do infrator, e será divulgada pelo responsável da 
mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente, no mesmo 
veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício 
da publicidade enganosa ou abusiva. (BRASIL, 2013).
190
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
5 COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
Os órgãos públicos (Procons, Ministério Público) que exercem a defesa do 
consumidor poderão celebrar compromissos nos quais os infratores se submetem 
a certas condutas e comportamentos, ou a prestar certos fatos, ou mesmo a deixar 
de prestá-los, sempre em favor dos consumidores.
O compromisso de ajustamento de conduta está definitivamente instituído 
como instrumento para composição de conflitos em matéria de interesses difusos 
e coletivos. Segundo o art. 6 º do Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, o 
compromisso de ajustamento conterá, entre outras, cláusulas que estipulem 
condições sobre:
I - Obrigação do fornecedor de adequar sua conduta às exigências 
legais, no prazo ajustado.
II - pena pecuniária, diária, pelo descumprimento do ajustado, 
levando-se em conta os seguintes critérios:
a) o valor global da operação investigada;
b) o valor do produto ou serviço em questão;
c) os antecedentes do infrator;
d) a situação econômica do infrator;
III - ressarcimento das despesas de investigação da infração e instrução 
do procedimento administrativo. (BRASIL, 2013).
Além da correção da conduta futura, é possível afirmar-se, com certeza, que 
o fornecedor pode corrigir – ou ajustar – sua conduta passada, comprometendo-
se a uma série de obrigações positivas ou negativas para sanar as lesões já 
causadas aos consumidores, coletiva ou individualmente considerados. Para isso, 
o termo de compromisso de ajustamento de condutas se transforma em valioso 
instrumento para composição de conflitos dessa natureza.
A possibilidade de se ajustarem a condições de modo, tempo e lugar do 
cumprimento das obrigações evitará maior dispêndio de tempo e dinheiro em 
ações judiciais, que devem ser deixadas como último recurso para composição 
de conflitos.
FONTE: Disponível em: <www.mp.rn.gov.br/cpj/.../2503-08-CSMP-HOMOLOGAÇÃO.pdf>. Aces-
so em: 9 mar. 2013.
TÓPICO 2 | TUTELA ADMINISTRATIVA
191
5 COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA LEITURA COMPLEMENTAR
NOTÍCIA: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA MULTA PEUGEOT POR 
PUBLICIDADE ENGANOSA
 17/12/2012 
 
 A empresa Peugeot Citroën do Brasil Automóveis Ltda. foi multada nesta 
segunda-feira (17/12) em mais R$ 300 mil reais por induzir consumidores a 
adquirir veículos pelo valor anunciado, mas não incluir os outros valores que 
deveriam ser pagos ao adquirir o produto.
 
 As multas por publicidade enganosa foram aplicadas pela Secretaria Nacional 
do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon/MJ), por meio do Departamento 
de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC). A Peugeot Citroën tem dez dias, a 
contar da data da intimação, para apresentar recurso à Senacon.
 
 De acordo com o DPDC, a primeira multa foi por causa da campanha 
publicitária “Demorou, Dançou”, em que o produto Pegeout 206 era anunciado 
pelo valor de “parcelas a partir de R$ 206”. A empresa não mencionou a existência 
do valor de entrada e das parcelas intermediárias na mesma proporção visual do 
valor chamativo.
 
 A segunda multa foi aplicada também por falta de informação essencial ao 
consumidor sobre o custo efetivo total da operação de crédito na promoção “Eu 
e Peugeot, Peugeot e eu”. A informação “câmbio typtronic grátis”, seguido de “+ 
3 anos de garantia” e “3 anos de seguro” induziu o consumidor a acreditar que 
além do câmbio grátis, também ganharia três anos de garantia e seguro, mas os 
serviços adicionais eram embutidos no valor das parcelas.
 
 O diretor do DPDC, Amaury Oliva, avalia que o mercado de consumo maduro 
pressupõe relações de consumo pautadas na boa-fé, transparência, lealdade e 
respeito ao consumidor. “É dever de o fornecedor garantir a informação clara e 
ostensiva sobre o preço e a composição dos produtos e serviços que comercializa. 
Essas informações são fundamentais para o consumidor exercer efetivamente seu 
direito de escolha”, ressalta.
 
 O valor das multas no total de R$ 373.136 deve ser depositado em favor do 
Fundo de Defesa de Direitos Difusos do Ministério da Justiça e será aplicado em 
ações voltadas à proteção do meio ambiente, do patrimônio público e de defesa 
dos consumidores.
FONTE: Ministério da Justiça. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br>. Acesso em: 5 fev. 2013 
192
Neste tópico você viu que:
• A Tutela Administrativa compreende uma série de medidas administrativas 
adotadas pelos órgãos componentes do Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor, para coibir as práticas abusivas cometidas pelos fornecedores no 
mercado de consumo. 
• As sanções podem ser de três naturezas distintas:
• Sanções pecuniárias: representadas pelas multas aplicadas em razão do 
inadimplemento dos deveres de consumo.
• Sanções administrativas: que são aquelas que envolvem bens ou serviços 
colocados no mercado de consumo e compreendem a apreensão, inutilização, 
cassação do registro, proibição defabricação ou suspensão do fornecimento de 
produtos ou serviços.
• Sanções subjetivas: que se referem à atividade empresarial ou estatal dos 
fornecedores de bens ou serviços, compreendendo a suspensão temporária 
da atividade, cassação de licença do estabelecimento ou de atividade, 
interdição total ou parcial de estabelecimento, obra ou atividade, intervenção 
administrativa, inclusive a imposição de contrapropaganda. 
RESUMO DO TÓPICO 2
193
AUTOATIVIDADE
Reflita sobre o conteúdo aprendido neste tópico e responda às seguintes 
questões:
1 Dentre as sanções administrativas previstas no Código de Defesa do 
Consumidor, não se inclui:
a) ( ) Revogação de concessão de uso.
b) ( ) Cassação de licença do estabelecimento. 
c) ( ) Intervenção administrativa. 
d) ( ) Divulgação de direito de resposta.
2 No caso de sanção administrativa pela prática de propaganda enganosa, a 
punição adequada, nos termos do Código de Defesa do Consumidor será:
a) ( ) Resposta. 
b) ( ) Panfleto. 
c) ( ) Nota. 
d) ( ) Contrapropaganda.
3 Constituem sanções administrativas, previstas no Código de Defesa do 
Consumidor, aplicáveis às infrações das normas de defesa do consumidor, 
entre outros, os de:
a) ( ) Cassação de licença do estabelecimento, prisão dos gerentes da empresa 
e apreensão do produto.
b) ( ) Intervenção administrativa, multa e prisão dos gerentes da empresa.
c) ( ) Cassação do registro do produto junto ao órgão competente, obrigação de 
indenizar e intervenção administrativa. 
d) ( ) Suspensão temporária de atividade, inutilização do produto e revogação 
de concessão ou permissão de uso. 
4 Reflita sobre o texto indicado para Leitura Complementar e comente se os 
órgãos administrativos de defesa do consumidor estão, de forma eficaz, 
coibindo as práticas infrativas cometidas pelos fornecedores no mercado de 
consumo. Como fonte de pesquisa, acesse a internet no site do Ministério da 
Justiça, em Direito do consumidor. 
Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ5E813CF3PTBRIE.htm>. Acesso em: 9 
mar. 2013.
194
195
TÓPICO 3
TUTELA PENAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Além dos âmbitos administrativos e civis de defesa do consumidor, assume 
relevante papel nas diretrizes traçadas pelo Código de Defesa do Consumidor 
sua tutela no âmbito penal, até como forma de assegurar a efetividade das demais 
normas insertas no referido Código.
Cabe ao consumidor em geral denunciar os abusos, irregularidades 
e infrações constatadas aos órgãos de defesa do consumidor, às delegacias do 
consumidor ou ao Ministério Público, para que os mesmos possam tomar as 
medidas necessárias para aplicação das sanções penais competentes e, assim, os 
que atentam contra as relações de consumo venham a ser punidos efetivamente, 
não apenas porque praticaram infrações, mas também para que não continuem 
a praticá-las.
O desinteresse do consumidor, aliado sempre ao dano individualizado e, 
muitas vezes, pequeno do ponto de vista econômico, porém relevante no sentido 
coletivo, bem como a impunidade nos chamados “crimes econômicos”, é que 
levam a uma sensação de desproteção do consumidor e desalento quanto a ver 
seus interesses ou direitos efetivamente assegurados.
2 DIREITO PENAL DO CONSUMIDOR
O Direito Penal do Consumidor tem por finalidade o estudo de toda a 
forma de proteção penal à relação de consumo, como bem jurídico imaterial, 
supraindividual e difuso. 
O Direito Penal do Consumidor circula em torno dos crimes contra o 
consumidor, os quais são formas de abuso de poder econômico que atentam 
contra a ordem econômica geral e devem ser coibidos. Portanto, trata-se de um 
conjunto de normas que se desenvolvem em torno das infrações cometidas nas 
relações de consumo. 
A identificação de condutas praticadas por fornecedores como crimes 
visam proteger, de forma imediata, além da relação de consumo, outros objetos, 
tais como: o direito à vida, à saúde, ao patrimônio.
UNIDADE 3 | TUTELAS JURÍDICAS
196
Considerando os princípios gerais do Direito Penal, no Direito Penal do 
Consumidor observam-se os seguintes princípios específicos:
• Princípio da Integridade ou da Intangibilidade da Relação de Consumo. Isto 
é, através das normas penais do consumidor, visa assegurar a integridade 
daquela relação, sua seriedade, importância e retidão.
• Princípio da Informação Verdadeira, Adequada e Séria: significa que o 
fornecedor pode ser apenado criminalmente pela omissão da informação 
ao consumidor. Este princípio praticamente domina os delitos relativos às 
infrações de consumo.
FONTE: Disponível em: <http://www.idecrim.com.br/index.php/direito/15-consumidor>. Acesso 
em: 9 mar. 2013.
A ação penal é, geralmente, pública e incondicionada. Porém, observem-se 
as regras contidas na Lei nº 9.099/95, nas quais vigora o princípio da oportunidade, 
em substituição ao princípio da obrigatoriedade.
Elementos comuns dos crimes contra as relações de consumo:
• Sujeito Ativo: é o fornecedor.
• Sujeito Passivo: principal, a coletividade, secundário, o consumidor.
• Objeto Material: é o produto.
• Elemento Subjetivo: é o dolo de perigo (vontade livremente dirigida no 
sentido de expor o objeto jurídico a perigo de dano).
3 DOS CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO
O Código de Defesa do Consumidor optou por criminalizar 12 condutas 
contra o consumidor, em correspondência com o desrespeito aos seus direitos, 
abrangendo as áreas de nocividade e periculosidade de produtos e serviços, 
fraude em oferta, publicidade enganosa e abusiva, fraudes e práticas abusivas.
Vejamos as condutas delituosas previstas no Código Consumerista e suas 
respectivas penas, sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais:
• Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de 
produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
§ 1º. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante 
recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço 
a ser prestado.
§ 2º- Se o crime é culposo:
Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. (BRASIL, 2013).
TÓPICO 3 | TUTELA PENAL
197
3 DOS CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO
A omissão de dados técnicos em rótulos ou embalagens de produtos que, 
por consequência, deixam de alertar o consumidor quanto aos riscos à segurança 
e à saúde em virtude do seu consumo, caracteriza a prática criminosa tipificada. 
• Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a 
nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior 
à sua colocação no mercado:
Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar 
do mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade 
competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. 
(BRASIL, 2013).
Neste caso, temos o fato do mercado manter em sua gôndola iogurtes 
impróprios para o consumo, o que, por si só, ocasiona perigo ao consumidor, 
quanto mais se o ingere, resultando, destarte, em crime de perigo comum, contido 
no artigo 64, parágrafo único da Lei n◦ 8.078/90.
• Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação 
de autoridade competente:
Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das 
correspondentes à lesão corporal e à morte. (BRASIL, 2013).
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no uso de suas 
atribuições legais, tendo constatado que a utilização de câmaras de bronzeamento, 
para fins meramente estéticos, oferece efetivo risco à saúde de seus usuários, 
editou a norma restritiva/proibitiva, nos termos do art. 196, caput, da Constituição 
Federal

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