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Intervenção do Estado no Domínio Econômico

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 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
China: Construindo um Capitalismo com características socialistas
Nataly Ferreira Espinoza
Trabalho da disciplina Intervenção do Estado no Domínio Econômico
Tutor: Prof. RONALD CASTRO PASCHOAL
Resende-RJ
2019
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China: Construindo um Capitalismo com características socialistas
Referências: SPAR, Debora; OI, Jean. China: Construindo um \u201cCapitalismo com Características Socialistas\u201d. Boston: Harvard Business School Publishing, 2006.
 O texto relata sobre o histórico da China e a sua abertura recente e pausada de mercado com motivo de evitar instabilidade política e desigualdade social.
A China surgiu no vale do rio Amarelo mais ou menos em 2200 a.C. com o desenvolvimento de técnicas de agricultura permanente e estrutura social durável, crescendo rapidamente. O clã familiar era o núcleo, havia agrupamento de aldeias quase auto-suficientes. Por volta de 1120 a.C. a dinastia Zhou, de sacerdotes guerreiros, dominou a região e foi flexível, cobrando impostos e produzindo arte, literatura e filosofia \u2013 a exemplo de Confúcio. Isso ocorreu até 403 a.C. Com seu declínio, começaram-se as guerras entre senhores feudais até que uma família saísse campeã. Qin Shi Huang, ao fim, governou por onze anos, matou estudiosos de Confúcio, dividiu as terras e empreendeu, além de criar um sistema que ligava as aldeias às províncias, e essas a ele. Esse tipo de administração durou dois milênios.
A China defendia e prezava a estabilidade; a autoridade do pai e a devoção e obediência eram mantidas e o padrão era repetido para o império. Os chineses consideravam seu território o Reino Central, com o imperador servindo de elo entre o céu e a terra e os quatro bárbaros em volta. Não havia interesse em explorar o mundo.
Os chineses foram invadidos pelos mongóis em 1280 e pelos manchus em 1644, mas não tiveram muitas mudanças até o século XIX quando os bárbaros chegaram para ficar. Em 1840 um contrabando de ópio de mercadores britânicos que tentavam reduzir seus déficits comerciais foi barrado e os britânicos atacaram para defender seus direitos dando início à Guerra do Ópio até que em 1842 o imperador cedeu, deixando Hong Kong para eles e abrindo mais cinco portos ao comércio.
As potências ocidentais vieram em seguida e repartiram a China em esferas de influência.
Em 1898, depois dos golpes, o imperador Guang Xu tentou reformar o estado e acabou ofendendo os inimigos, sendo deposto pela imperatriz Dowager Ci Xi, que revogou as reformas dele. A China teve caos e lutas entre reformistas e reacionários até a morte da imperatriz em 1908. O poder central desintegrou e pelos próximos quarenta anos a China foi governada por Kuomintang (KMT), partido revolucionário, liderado por Sun Yatsen e pelo Géneral Chiang Kaishek que o sucedeu após sua morte. O controle era débil e Mao Zedong, um líder carismático ia no interior conseguindo apoio ao partido comunista chinês, com táticas de guerrilha e encorajamento pela reforma agrária.
Em 1932 o Japão invadiu a Manchúria e destruiu o resto da China unificada; os KMT e os comunistas lutavam internamente e em 1937, com o ataque maciço japonês e a corrupção, o KMT foi enfraquecido. Os comunistas tomaram a autoridade moral e vantagem militar pelo contato com os camponeses que os consideravam defensores do país. Os japoneses se renderam em 1945 e o Partido Comunista Chinês (PCC) expandiu. Em 1949 Chiang Kaishek fugiu para Taiwan, prometendo um dia libertar a China do PCC.
Em outubro, Mao Zedong proclamou a República Popular da China e tornou Beijing a capital. Ele conseguiu em cinco anos de governo organizar e administrar a maior sociedade do mundo e reconstruir sua economia. A estrutura era hierarquizada, com órgãos partidários e filiação crescendo depressa. O sistema bancário foi nacionalizado, houve regulação de preços e arrecadação de impostos agrícolas. Mao reconstruiu e expandiu o sistema ferroviário, aumentou as produções industrial e agrícola e controlou grande parte do comércio e da indústria. A reforma agrária foi completada e o PCC encorajou as famílias rurais a formarem o que viriam a ser cooperativas de produtores agrícolas.
Em 1958 Mao, pelo plano \u201cUm Grande Salto Adiante\u201d, reorganizou as comunidades pedindo a adoção de um sistema de cozinhas, refeitórios e creches comunitárias, para que parassem de depender da família. Os salários seriam de acordo com a necessidade de cada um e não haveria produção suplementar. Os chineses foram levados a aumentar a produção de aço, mas as metas intangíveis e as estatísticas de produção falsas revelaram resultados negativos. Por volta de 1960 a produção tinha desacelerado e nem Mao pôde ignorar a fome e a exaustão das pessoas, ficando ausente da vida pública. Deng Xiaoping e outros pragmáticos do PCC correram atrás de incentivos e produção.
Os anos que se seguiram foram relativamente estáveis. A produtividade voltou a subir. Em 1966 Mao tentou a Revolução Cultural e, ordenando a destruição dos antigos pensamentos e costumes, fechou universidades e escolas, tornando os alunos em guardas vermelhos, que causavam revolução indo contra qualquer vestígio anticomunista.
Escolas e universidades foram fechadas e seus alunos transformados em guardas mandados para o interior, para reprimir os opositores da revolução criou-se uma anarquia e em 1969 com a guerra ente os guardas vermelhos, foi o exército convocado a restabelecer a ordem. Mao chamou novamente Deng de volta a Beijing e com a morte de Mao em 1976 Deng, com a ala reformista do PCC, pôs em pratica as políticas de renascimento da China. A reforma do interior funcionava da seguinte forma, a classe camponesa dividida em comunidades e os preços dos produtos não cobriam os custos de produção. Como solução foi autorizado aos agricultores à venda do excedente nos mercados e o governo reajustou os preços pagos pelo Estado aos produtos comprados. As comunidades foram substituídas por um sistema de arrendamento, trazendo a posse da terra para as famílias. O resultado é que em 10 anos a produção agrícola havia aumentado em cerca de 30%. Como forma de reduzir o crescimento da população e combater a falta de comida foi encorajada a política do filho único. Em 1979 foram criadas zonas econômicas especiais as SEZs, ao longo da costa que tinham como objetivo abrir a China para o exterior.
Com a fase da industrialização Rural e Reforma de empresas houve o aumento da produção e em meados de 1980 começou a descentralização das empresas estatais, as SOEs. Firmas ineficientes, com quadros de funcionários inchados e tecnologia ultrapassada, atuavam também como agências sociais cedendo habitação, creche, educação e assistência médica para seus funcionários e familiares sendo as despesas com assistência parte dos custos de produção. Existia a figura das TVEs, empresas municipais e de aldeias que contribuíram para o impulso econômico, ao serem criadas elas eram coletivas e de caráter capitalista, pagavam impostos ao invés de cotas de produtos. Esta fase é marcada pelo direcionamento a um sistema de preços de mercado. Com a economia em pleno vapor em 1988 os efeitos negativos não tardaram em chegar inflação e aumento de preços era a nova realidade. Com a concessão de empréstimos as SOEs e as TVEs cada vez maiores e não tendo elas maneiras para garanti-los a economia foi jogada em um espiral inflacionário. Foi necessário uma intervenção por meio da elevação das taxas de juros e um maior controle sobre os créditos. Isso trouxe a normalidade e uma inflação a 2% em 1990. O setor mais afetado foi o agrícola, pois já não recebia mais dinheiro, e sim títulos do governo pela sua produção. Eclodiram várias manifestações reprimidas com violência.
 A reforma na década de foi marcada pela retomada da China a uma economia de mercado, por amplas reformas no aparelhamento do Estado, ocorrendo: o domínio sobre o crédito e privatizações, um novo sistematributário que elevou as receitas do governo central e uma unificação da taxa de câmbio sobressaindo a taxa de mercado. Sob a direção do Jiang Zemin, que sucedeu a Deng, diminui-se o abismo ideológico existente. Vale ressaltar que a despeito das reestruturações da Rússia e da Europa Oriental, a China executou a sua reestruturação de forma gradual, isso pela participação acionária majoritária do Estado.A China passou por várias reformas e na atualidade é uma das principais potencias econômicas do mundo. A República Popular da China foi fundada pelo Partido Comunista da China e o socialismo com características chinesas é a sua ideologia guia. Essas duas premissas são muitas vezes subestimadas. Todas as instituições do país foram forjadas sobre os auspícios do PCCh que para desenhá-las tomou lições da luta histórica do movimento comunista e das experiências socialistas já consolidadas. A liderança do PCCh e sua posterior consolidação institucional, expressa na constituição de 1982, faz com que a ideologia cumpra um papel importante na vida estatal e, ao mesmo tempo, garante que sua constante atualização esteja sempre na ordem do dia. Geralmente ideais, conceitos, princípios políticos, programas e políticas propostas e levadas a cabo pelas classes dominantes, por grupos sociais ou pelo Estado são baseadas em uma certa visão de mundo que serve de sustentação para transformá-lo e para estabelecer ou consolidar o poder político. Desta forma, o trabalho de educação ideológica implementado pelo Partido Comunista da China tem como objetivo espalhar os princípios básicos do marxismo e seu desenvolvimento as condições e realidades da China. A linha do partido, seus princípios e políticas são espalhados não somente entre seus quadros, mas também entre a população. Tudo com o objetivo de aumentar a consciência coletiva para concretizar os objetivos propostos pelo partido e empurrar o país rumo a realização de suas ideias. A permanência cada vez mais estável do Partido Comunista no poder expressa um comprometimento com a questão da ideologia. A imensa maioria dos chineses não quer o fim do partido, nisto incluem-se os defensores mais ferrenhos da reforma e abertura. Existe um consenso de que é necessário fazer do partido a principal força no processo de mudança social e econômica
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