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BIOMEDICINA INGRID PIOVAN ROCHA MECANISMOS DE FORMAÇÃO DE EDEMA Presidente Prudente - SP 2019 1. Formação de edema: O edema é conhecido como um extravasamento de líquidos na derme ou hipoderme, ou seja, ele é um acumulo de fluido no espaço intersticial. Caracterizado pelo inchaço do local causado pelo excesso desse líquido nos tecidos do corpo.(2) O edema poder afetar qualquer parte do corpo, porém é mais comum nas extremidades como pés, tornozelos e pernas sendo conhecido como edema periférico nesses casos. Podendo ser localizado e com pequenas dimensões ou grandes e generalizado. Os edemas localizados envolvem apenas fatores que influenciam o fluxo de fluido ao longo do leito capilar, já os generalizados ocorrem secundariamente a alterações dos mecanismos de controle do volume extracelular e do líquido corporal, o que pode gerar um aumento de peso.(2) (3) O diagnóstico do mesmo pode ser feito a partir da busca de pistas e exames complementares para sua identificação como por exemplo o aumento de peso e sinal de Godet realizado a partir da compressão da região que se suspeita com o polegar por 10 segundos e observando se há a formação de depressão no local, além da observação do tempo para o seu desaparecimento para identificar seu tipo: Caso desapareça em menos de 15 segundos, suspeitase de baixa pressão oncótica (hipoalbuminemia), já tempos maiores sugerem edema secundário ao aumento da pressão hidrostática.(3) O edema pode surgir devido a diversos fatores causadores de problemas sistêmicos sejam eles relacionados aos rins, fígado ou coração. Para que ele aconteça é necessário que haja uma falha nos mecanismos de distribuição do volume de líquido no espaço intersticial. As patologias mais associadas ao aparecimento de edemas são obstrução venosa ou linfática, insuficiência cardíaca, síndrome nefrótico, hipoproteinemia, cirrose, insuficiência venosa crónica entre outras. Eles podem ser caracterizados a partir de sua patofisiologia como cardíaco, renal, cirrótico ou nutricional.(6) O edema é um dos sinais da resposta inflamatória aguda que é uma resposta rápida do nosso sistema imune contra lesões e agentes ou substância estranhas ao organismo. Durante a inflamação há a vasodilatação e abertura dos leitos capilares, possibilitando que as proteínas do plasma deixem a circulação, favorecendo a permeabilidade vascular, essa perda de líquido para fora do vaso sanguíneo gera um processo de estase circulatória, a partir do qual, os leucócitos, começam a migrar e se acumular na parede do vaso sanguíneo, dando início ao processo de marginação.(2) (5) Em resumo essa vasodilatação arteriolar provoca o aumento da pressão hidrostática dentro do vaso e consequente a saída de transudato dos capilares para o meio intersticial, o que reduz a pressão osmótica dentro do vaso e aumenta a do líquido intersticial, gerando um acúmulo de líquidos, ou seja, o edema.(1) (7) O responsável por filtrar, recolher e devolver os fluidos e proteínas do espaço intersticial é o sistema linfático. Qualquer alteração desta homeostasia que favoreça a filtração de líquido para fora do espaço vascular ou que danifiquem o retorno do fluido do espaço intersticial através da linfa, levam ao desenvolvimento de edema. Ou seja, os edemas são consequências de alterações na homeostase da água e do sódio. Os principais sistemas de regulação dessa homeostasia é o sistema nervoso autônomo simpático e o sistema reninangiotensinaaldosterona que dependem do envolvimento renal, que são o principal efetor de água e sódio.(4) (2) 2. Equilíbrio de Starling Em 1896 Starling descreveu o que ficou conhecido como equilíbrio de Starling uma teoria que descreve as forças fisiológicas envolvidas na manutenção do equilíbrio desse líquido nos espaços intersticiais que quando quebrado gera o edema. (1) Segundo o equilíbrio de Starling o fluxo dos fluidos, no nível capilar, depende da permeabilidade da parede capilar e diferença entre as variáveis das pressões hidrostática intra e extra vasculares e da pressão oncótica entre o espaço intersticial e o plasma ao longo do leito capilar. (1) 3. Edema Renal A Síndrome néfrica pode ser primária ou secundaria e caracteriza-se por edema, proteinúria maciça, hipoproteinemia e dislipidemia, podendo acometer tanto crianças quanto adultos. A síndrome pode é dividida em primária e secundária, a primária é causada por doenças renais como glomérulo esclerose segmentar e focal, glomerulonefrite membranosa idiopática, alterações glomerulares mínimas entre outros, já a secundária pode ser causada por diversas patologias como diabete melito, lúpus, amiloide, infecções bacterianas, neoplasias, medicamentos, entre outras. O diagnóstico é feito a partir de biópsia.(8) (9) Nesses casos a principal causa para a formação do edema é a redução da taxa de filtração glomerular, com essa redução na carga excretada de sódio e o aporte de sódio na dieta ocorre o aparecimento de edema que se torna mais grave de acordo com a redução dessa taxa.(4) A Síndrome Nefrótica é uma doença renal qual apresenta lesões na membrana basal glomerular ou dos pedicelos das células epiteliais glomerulares havendo um aumento da permeabilidade glomerular das macromoléculas.(4) 4. Edema Cardíaco O edema cardíaco é formado a partir da falência do miocárdio que consequentemente diminui o débito cardíaco, o que faz com que a pressão venosa sistêmica seja elevada e o volume arterial efetivo de sangue diminuído simultaneamente.(10) A elevação da pressão venosa sistêmica gerada pelo débito cardíaco na insuficiência cardíaca congestiva está relacionada ao distúrbio do equilíbrio de Starling nos capilares periféricos, que acumulam água no interstício o que acarreta em um edema.(11) 5. Edema Cirrótico A cirrose é uma doença caracterizada pela fibrose, ou seja, ela é uma cicatrização do fígado em resposta a agressões, o que faz com que ele vá perdendo sua funcionalidade, além de dificultar a circulação de sangue e linfa, o que faz com que o sangue busque vias alternativas de tráfego. Ocorrendo a hipoalbuminemia devido a deficiência na síntese de albumina, que reduz a pressão oncótica do plasma formando o edema. (11) REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 1- STARLING, E. H. Physiologic forces involved in the causation of dropsy. Lancet 1: 1267-1270, 1896. 2- PEREZ, Erika. Fundamentos de Patologia. 1.ed. São Paulo: Érica, 2014. 3- DISKIN, C.J; STOKES, T.J.S; DANSBY, L.M; CARTER, T.B; RADCLIFF, L; THOMAS SG. Towards an understanding of oedema. BMJ 318: 1610-1613, 1999. 4- COSTA, J.A.C; VIEIRA NETO, O,M; RAMOS FILHO, R; COELHO, E.B; DOMINGUEZ, G.C.S; COIMBRA, T.M. Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e insuficiencia renal aguda. Medicina, Ribeiro Preto 24: 452-457 1992. 5- BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo - Patologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2011. 6- LONGO, D.L; KASPER, D.L; JAMESON, J.L; FAUCI, A.S; HAUSER, S.L; LOSCALZO, J et al. Harrison’s principles of internal medicine. Chapter 36. Edema 18th ed. New York: McGraw-Hill Medical Publishing Division. 7- GROSSMAN, S.; PORTH, C. M.; Porth – Fisiopatologia, 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 8- NACHMAN, P.H; JENNETY, C; FALK, R.J. Primary glomerular disease. In: Brenner BM. Brenner & Rector´s The Kidney. 8 ed. Philadelphia: WB Saunders Company. 2008. P. 987-1066. 9- SCHNAPER, H.W; ROBSON, A.M; KOPP, J.B. Nephrotic Syndrome:Minimal Change Nephropathy, Focal Glomeruloesclerosis, and Collapsing Glomerulopathy. In: Schrier RW (ed). Diseases of the Kidney & Urinary Tract. 8th ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. 2007, pp. 1585-672. 10- SCHREIER, R.W. Body fluid volume regulation in health and disease: A unifying hypothesis. Ann Intern Med 113:155- 159,1990. 11- DUDLEY, F.J. Pathophysiology of ascites formation. Gastroenterol Clin North Am 21: 215-235,1992.