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Fisiologia 1 - Introdução ao Sistema Endócrino

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INTRODUÇÃO AO SISTEMA ENDÓCRINO
Definição e Função do sistema endócrino
O sistema endócrino está associado ao controle do organismo, junto com o sistema nervoso eles formam o mecanismo de controle corporal. A coordenação das funções metabólicas, de crescimento, reprodutivas; tudo isso e ainda mais é responsabilidade do sistema endócrino em conjunto com o sistema nervoso. No geral, as funções básicas do sistema endócrino consistem em regular e coordenar os processos fisiológicos, ele age no:
Metabolismo energético (glicose, lipídios...) e mineral (cálcio, fosforo...)
Crescimento e Diferenciação tecidual 
Reprodução
Tudo isso é controlado pelos hormônios, que são os mediadores químicos do sistema endócrino, por isso devemos entender cada um deles.
 A principal diferença entre esses dois sistemas está na velocidade de atuação. Enquanto no sistema nervoso temos uma velocidade maior e mais localizada, no sistema endócrino temos uma ação mais lenta. Essa lentidão se dá por que, para sua atuação, é necessária uma série de processos: a produção do hormônio, sua liberação na corrente sanguínea, sua chegada na célula alvo, sua ligação com o receptor para, enfim, ocorrer o efeito biológico, isso é o que o torna mais lento, em comparação ao sistema nervoso. Contudo, ambos são sistemas de coordenação e controle das funções do nosso corpo e que estão, muitas vezes, integrados. A região que faz com que esses dois sistemas ajam de forma relacionada, que faz essa integração é o hipotálamo (centro de conexão). Vamos ver a seguir exemplos dessa integração.
Integração entre o sistema nervoso e o endócrino
Reflexos Neuroendócrinos
1. Reflexo de ejeção do leite 
É um reflexo neuroendócrino porque vamos precisar ter o estímulo nervoso para que culmine na liberação da ocitocina, um hormônio. A princípio, a vaca recebe um estimulo nervoso/sensorial que pode ser a sucção do bezerro na sua teta, a sucção da ordenhadeira mecânica, a massagem que o ordenhador faz, o estimulo visual ou o cheiro do bezerro que a vaca está sentindo... todos esses estímulos são estímulos sensoriais que ativam neurônios sensoriais aferentes que vão levar a informação até o centro de conexão, hipotálamo, que será sensibilizado e vai haver a despolarização das chamadas células neurosecretoras (neurônios que possuem porção endócrina, ou seja, secretam hormônios) hipotalâmicas que estão no núcleo supra-óptico e com isso vai haver a liberação do hormônio ocitocina. A ocitocina vai para a corrente sanguínea e chega na glândula mamária, agindo nas células de músculo liso, que envolvem o alvéolo mamário de células mioepiteliais, fazendo com que ocorra a sua contração e assim a expulsão do leite presente na glândula mamaria [OBS: a célula alveolar é a secretora de leite] chamadas. Qualquer fator, por exemplo, o estresse, pode bloquear esse reflexo neuroendócrino, comprometendo a ejeção do leite.
2. Reflexo para a ovulação
Esse é um reflexo neuroendócrino que ocorre para que haja ovulação na espécies chamadas de ovuladoras induzidas, como a gata e a coelha. Nessas espécies, a ovulação só ocorre após um estimulo sensorial que o pênis do macho causa no processo de cópula. As terminações nervosas da vagina, quando estimuladas pela penetração do pênis do macho, levam o impulso nervoso até o hipotálamo. Com esse estimulo, o hipotálamo libera o GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) numa menor amplitude e maior frequência, comparado ao seu padrão “original” e esse padrão de pulso estimula a liberação (pela adeno-hipófise/anterior) de LH (Hormônio Luteinizantes). E é então, o pico de LH que vai gerar a ovulação. Então nas espécies que são ovuladoras induzidas, o pico pré-ovulatório de LH só vai acontecer se houver a cópula, às vezes, mais de uma cópula é necessária. Quando não ocorre esse estimulo sensorial, o folículo pré-ovulatório é destruído e entra num processo de atresia, se tornando uma cicatriz no ovário e não é ovulado. Em espécies não ovuladoras induzidas o pico de LH ocorre ciclicamente após um pico de estrógeno.
3. Reflexo em situações de estresse
Outro reflexo neuroendócrino é o próprio estresse. O cortisol é o hormônio do estresse, porém, não está presente em nosso corpo apenas em situações de estresse, pois, sempre teremos níveis basais de todos os hormônios em nosso organismo (e a alterações como elevação, por exemplo, desses níveis vão depender dos estímulos realizados.). O que ocorre no estresse é o estímulo para aumentar o nível de cortisol, então ele sai do basal e aumenta. 
O estresse é um estímulo nervoso, causado devido a uma determinada situação psíquica ou de perigo, que vai estimular o hipotálamo e vai ocorrer toda uma cascata de liberação do cortisol A princípio, o estimulo nervoso sensibiliza o hipotálamo que vai sintetizar o CRH (Hormônio Liberador de Corticotropina) e esse hormônio hipotalâmico vai para adeno-hipófise estimular a secreção de ACTH ( Hormônio Adrenocorticotrópico) e por fim esse vai para a corrente sanguínea, chega no córtex adrenal e estimula a secreção do cortisol.
OBS: Numa situação de estresse constante, o estímulo nervoso para produção de CRH no hipotálamo vai se sobressair ao feedback negativo (não haverá feedback negativo) gerado pelo aumento de cortisol.
Diferenças Básicas entre sistema nervoso e endócrino
O sistema nervoso coordena a motilidade muscular (de músculo liso, cardíaco e esquelético), as glândulas exócrinas e atua na construção e coordenação do intelecto. Já o sistema endócrino vai agir na parte metabólica, reprodutiva e de crescimento.
A ação do sistema nervoso é rápida e localizada/focada (só mexe o dedinho do pé, não o corpo inteiro, por exemplo). Já a ação do sistema endócrino é mais lenta, pois o hormônio vai ter todo um processo de ser produzido, chegar no tecido alvo, se ligar ao receptor, muitas vezes, induzir um processo de transcrição e tradução e é depois que a proteína está pronta é que se vai ter o resultado desejado. A ação do sistema Endócrino também é mais abrangente pois, como ele cai na corrente sanguínea, vai viajar pelo corpo todo e onde tiver receptor para ele, ele vai se ligar e agir.
No sistema nervoso, há conexões entre o centro nervoso e o órgão efetor que executa. Já o sistema endócrino vai fazer a distribuição sistêmica dos hormônios. Então, no nervoso é de um jeito e no endócrino é de outro.
O sistema nervoso opera através de seus neurônios, fazendo sinapse através de seus neurotransmissores (sinais elétricos). Já o sistema endócrino opera através de mensageiros químicos que são os hormônios.
No sistema nervoso, a resposta é relacionada a frequência do pulso e o número de neurônios, ou seja, quanto mais neurônios eu tenho numa determinada área, mais sensível vai ser essa área ou maior a resposta mecânica daquela área, porque vamos ter mais sinapse com o tecido. Já no sistema endócrino, a resposta vai depender da quantidade de hormônios, do tempo que esses hormônios ficam circulantes e a da quantidade de receptor para aquele hormônio. Num distúrbio endócrino, o que pode acontecer é a muita produção de um determinado hormônio e o organismo vai tentar se proteger diminuindo o número de receptores para esse hormônio para minimizar os efeitos desse distúrbio. 
Constituição do sistema endócrino
Constituindo o sistema endócrino, basicamente vamos ter 9 glândulas (órgãos específicos para a produção de hormônios) e 4 órgãos com função secretora. Vamos ver cada um dos constituintes.
Glândulas endócrinas
1. Pineal
Fica por trás do hipotálamo e acima do cerebelo. É responsável pela secreção/produção de melatonina (não confundir com melanina) hormônio relacionado com ao sono e também com a reprodução. Essa glândula tem uma sensibilização em relação à luz. Quando há muita luminosidade, a síntese de melatonina cai. Já quando há baixa luminosidade, a produção aumenta.
Está envolvida na reprodução, principalmente das espécies sazonais, aquelas espécies que se reproduzem em determinadas estações do ano. Dentre essas espéciessazonais vamos ter os reprodutores de dias longos, que se reproduzem quando o fotoperíodo maior, por exemplo, os equinos, e os reprodutores de dias curtos, que se reproduzem quando o fotoperíodo é menor, por exemplo, os pequenos ruminantes.
2. Hipotálamo
É uma glândula de suma importância porque é o centro de conexão entre o sistema nervoso e o endócrino, ele tem tantos papeis nervosos como papeis endócrinos. Ele vai coordenar a secreção dos hormônios da adeno-hipófise através dos hormônios que ele mesmo vai secretar, podendo esses hormônios hipotalâmicos estimular ou inibir a atividade de células da hipófise anterior. Assim, grande parte dos hormônios secretados pela adeno-hipófise são regulados por hormônios hipotalâmicos, além disso, ele também secreta a ocitocina e o ADH (que serão armazenados na neuro-hipófise).
O hipotálamo está envolvido em inúmeros funções como centro de controle do sistema nervoso autônomo, centro de regulação da fome e saciedade, da termorregulação, etc. 
3. Hipófise
A hipófise é uma glândula bem pequena, localizada logo abaixo do hipotálamo, numa depressão presente no crânio. Ela é dividida em porções: a anterior, ou adeno-hipófise, e a posterior, ou neuro-hipófise. 
Tem uma grande importância secretora, contudo, só a porção anterior tem função secretora, a posterior só armazena os hormônios hipotalâmicos Ocitocina e ADH (hormônio antidiurético ou vasopressina). A adeno-hipófise depende dos hormônios secretados pelo hipotálamo para que seus hormônios sejam secretados. 
4. Tireoide
A tireoide está localizada na traqueia, logo abaixo da cartilagem cricóide da laringe. Ela é responsável pela produção de três hormônios: O T3(triiodotironina), T4 (tiroxina) e a Calcitonina.
Os hormônios T3 e T4 estão muito relacionados com processos metabólicos no organismo animal e estão ligados ao eixo hipotalâmico-hipofisário, entretendo, a calcitonina atua na regulação dos níveis séricos de cálcio e de fósforo no organismo e não está ligada ao eixo hipotalâmico-hipofisário, sua secreção é estimulada ou inibida dependendo dos níveis dos íons anteriormente falados (Ca e P).
 
5. Paratireoide 
Glândula que fica na porção dorsal da tireoide. Ela produz o Paratormônio (PTH), que regula as concentrações do cálcio e o fósforo. Ele tem uma função contrária à calcitonina.
6. Pâncreas 
Está localizado na região duodenal, perto do estômago. Atua no metabolismo enérgico, agindo sobre os carboidratos (principalmente a glicose), também em aminoácidos e proteínas. O pâncreas é uma glândula mista, pois tem função exócrina (produção de suco pancreático) e endócrina (produção de hormônio - secreta insulina, glucagon e somatostatina).
7. Adrenais (suprarrenais)
Localizadas na região superior dos rins. São divididas em duas porções: medular (central) e córtex (periférico). A porção medular produz as catecolaminas, que são a adrenalina e noradrenalina, isso é possível porque essa porção possui células de origem nervosa que permitem essa secreção. A porção cortical tem 3 diferentes tipos celulares. Um tipo produz mineralocorticoides (aldosterona), outro tipo produz glicocorticoides (Cortisol) e o outro tipo produz os esteroides sexuais ou gonadais.
8. Testículos 
O testículo é uma glândula mista, tendo função endócrina, a produção dos esteroides gonadais como a testosterona (principal) e estrógeno, e exócrina, a produção de espermatozoide.
9. Ovários 
O ovário uma glândula mista, tendo função endócrina, a produção de esteroides gonadais (progesterona, testosterona e o estrógeno) e exócrina, a produção de ovócito.
Órgãos endócrinos
A seguir são órgãos/tecidos que não são glândulas, mas produzem hormônios:
1. Coração 
Produção do PNA (peptídeo natriurético atrial) pelas células musculares atriais. Seu papel é normalizar a volemia sanguínea e a pressão arterial quando a musculatura cardíaca for excessivamente distendida. Atua no metabolismo do sódio e da água. 
2. Intestino 
 O trato gastrointestinal, de modo geral, produz de vários hormônios como CCK (colecistocinina – contração da vesícula biliar e do pâncreas), somatostatina, secretina, etc.
3. Rins 
Produzem o calcitriol (vitamina D ativa) que a tua no metabolismo do cálcio e do fósforo. 
4. Placenta 
É um órgão secretor transitório pois vai estar presente no organismo durante um determinado período (a gestação), ou seja, funciona como um tecido endócrino temporário, assim como o corpo lúteo da fêmea. Produz vários hormônios, como o lactogênio placentário (hPL), progesterona, estrógeno. 
tipos celulares 
São 9 glândulas e 4 órgãos secretores, basicamente, e tem-se, em média, de 50 a 60 hormônios, ou seja, cada glândula deve produzir mais de 1 hormônio, como isso é possível? Isso é possível porque no tecido de cada glândula podemos ter mais de 1 tipo celular e cada tipo celular tem diferente arcabouço enzimático, portanto, dependendo das enzimas que cada célula tenha, nós e os animais conseguimos produzir diferentes hormônios por glândula. Então, o que determina que a célula sintetize ou não determinado hormônio é o tipo de enzima presente nela, pois é a enzima que vai sintetizar o hormônio.
Por exemplo, na tireoide temos a presença das células foliculares que vão atuar na produção de t3 e t4 e também temos a presença das células parafoliculares que atuam na produção da calcitonina. Outro exemplo é na adrenal, onde em seu córtex, vão ter 3 tipos de células diferentes: zona glomerulosa, onde ocorre a produção de mineralocorticoide (aldosterona), zona fasciculada, onde ocorre a produção de glicocorticoides (cortisol) e a zona reticular, onde ocorre a produção dos esteroides gonadais. É interessante falar que as 3 classes de hormônios citados anteriormente são todos esteroides, sendo assim, todos possuem a mesma origem, que é o colesterol, mas o que fez com que esse colesterol se transformasse num cortisol ou numa aldosterona ou numa progesterona ou num estrógeno, foram as enzimas da células das zonas citadas anteriormente
Glândulas e suas funções inter-relacionadas
Nós vamos estudar as glândulas separadamente, mas devemos lembrar que isso não quer dizer que elas não influenciem uma a outra. Então, se formos pensar, por exemplo, na ação do hormônio do crescimento, o GH, ela não acontece de modo adequado se não houver a presença a presença de T3 (Triiodotironina) e T4 (Tiroxina), que são os hormônios da tireoide. O GH também interfere no desenvolvimento do folículo ovariano que mais pra frente vai secretar hormônios. Percebemos assim que há um interação de uma glândula com a outra, nós não devemos pensar em tudo separado
Hormônios 
Os hormônios são sinalizadores/mediadores químicos, sintetizados por glândulas endócrinas ou órgãos com função endócrina, por meio do qual o sistema endócrino exerce suas funções – de coordenação e regulação de processos fisiológicos – eles fazem isso gerando uma resposta na célula-alvo, que pode ser de inibição ou te ativação, a depender da célula/tecido-alvo (e seu receptor) e do hormônio. 
Vias de regulação
Ao contrário do que se achava antes, que hormônios tinham que alcançar a célula-alvo via corrente sanguínea, hoje se sabe que os hormônios possuem diferentes vias de regulação. 
1. Regulação Endócrina
 
É a principal forma, onde a célula secreta o hormônio na corrente sanguínea e ele chega à célula alvo para desencadear a sua função. Exemplo é o caso da insulina, produzida no pâncreas mais com atuação em várias células distantes a esse órgão. Outro exemplo é o estrógeno indo para a glândula mamária.
2. Regulação Autócrina
 
Nessa forma de regulação, o hormônio é sintetizado por um tipo celular e então é secretado e esse mesmo tipo celular possui receptor para o hormônio, então o hormônio atuou na própria célula que o secretou. Exemplo é a insulina agindo na célula β que o produziu. Outro exemplo é o estrógeno produzido na célula da granulosa no ovário, que age na própria célula, estimulando a sua mitose. 
3. Regulação Parácrina 
Na regulação parácrina,vai-se ter a secreção de um determinado hormônio por um tipo celular específico e então esse hormônio vai atuar num tipo celular vizinho. Como exemplo, temos novamente a insulina, produzida pelas células beta do pâncreas e que acaba inibindo a secreção do glucagon nas células alfa do pâncreas, sua vizinha. Outro exemplo é o estimulo de mitose por meio do estrógeno nas células de teca no ovário, suas vizinhas.
4. Regulação Exócrina 
O hormônio é jogado para o ambiente externo ou para o lumem. Exemplo disso são os hormônios do trato gastrointestinal, que vão sair das células de onde são produzidos e vão para o lúmen intestinal atuar no tecido do trato. Outro exemplo é a PGF2α, que por ação do estrógeno cai no lúmen uterino ao invés de cair na corrente sanguínea (se caísse iria destruir o corpo lúteo)
 Imagem1: Ilustração de algumas vias de regulação dos hormônios (faltou a regulação exócrina).
Os hormônios podem ser classificados de diversas formas, vamos ver as principais:
Classificação quanto a sua atuação
1. Regulação do metabolismo energético 
Insulina e o glucagon, agem no metabolismo de açúcares, principalmente a glicose, e também no metabolismo de aminoácidos e lipídios
Cortisol, Os glicocorticoides em geral possuem efeito hiperglicêmico, o cortisol quebra as reservas energética do corpo, mas essa não é a sua única função dele, pois ele atua em quase tudo que você pode imaginar, como quebra colágeno dos ossos, aumento da excreção de cálcio nos túbulos renais, efeito anti-inflamatório...
Hormônios da Tireoide, que aceleram o metabolismo
Hormônio do Crescimento
Adrenalina e Noradrenalina, são tanto hormônios como neurotransmissores e como função endócrina eles estimulam a quebra das reservas energéticas
2. Regulação do metabolismo mineral 
2.1. Hormônio da paratireoide, envolvido no metabolismo do cálcio e fosforo
2.2. Calcitonina, envolvido no metabolismo do cálcio e fosforo
2.3. Calcitriol, envolvido no metabolismo do cálcio e fosforo
2.4. Aldosterona, envolvido no metabolismo do sódio, potássio e da água.
2.5. PNA, envolvido no metabolismo do sódio e da água.
2.6. ADH, envolvido no metabolismo do sódio e da água.
3. Regulação do crescimento 
3.1. Hormônio do crescimento (GH), que vai atuar no desenvolvimento e diferenciação tecidual 
3.2. Hormônios da tireoide, que atuam de modo sinérgico com o GH, tanto que distúrbios na tireoide durante a fase de desenvolvimento podem causar nanismo.
3.3. Insulina
3.4. Estrógeno, que possui ação mitogênica, 
3.5. Androgênio, esteroide de maneira geral porque possuem função anabolizante, então eles atuam no crescimento individual.
3.6. Fatores de crescimento semelhante a insulina, que são o IGF-1e IGF-2, produzidos no fígado por ação do GH.
4. Regulação da reprodução 
Hormônio Liberador de Gonadotropina (GnRH)
Hormônio folículo estimulante (FSH)
Hormônio luteinizante (LH)
Estrógeno
Androgênio
Progesterona 
Prolactina
Ocitocina
Relaxina, que atua produzindo um amolecimento das articulações pélvicas e das suas cápsulas articulares, o que dá a flexibilidade necessária para o parto, pois provoca o remodelamento do tecido conjuntivo, o que diminui a união dos ossos da pelve e alarga o canal de passagem do feto. 
	
	
Imagem 2: Ilustração mostrando atuação de alguns hormônios com função reprodutor.
Classificação quanto a solubilidade
1. Lipossolúveis
Estão em menor número, são os hormônios esteroides e também o os hormônios T3, T4 e o calcitriol. Todos esses são hormônios que tem solubilidade em lipídio e são insolúveis em água. Se ele tem solubilidade em lipídio, a membrana plasmática, que é lipoproteica, vai permitir a livre passagem por difusão simples desse hormônio para dentro da célula. E é dentro dessa célula que os receptores dos hormônios lipossolúveis vão estar, são receptores intracelulares que podem ficar ou no citoplasma ou no núcleo da célula-alvo. A exceção de hormônio lipossolúvel que não tem receptor dentro da célula é a prostaglandina, mas na verdade, ela não é considerada um hormônio porque é produzida em todos os tecidos, não existe uma glândula especifica que a secreta.
 
2. Lipoinsolúveis
São os hormônios solúveis em água e que não conseguem entrar nas células, até porque a maioria desses hormônios são proteínas ou peptídeos. Esses hormônios vão precisar atuar em receptores de membrana plasmática para exercerem sua função
Obs1: A maioria dos hormônios são lipoinsolúveis, em torno de 85% dos hormônios, e apenas em torno de 15% são hormônios esteroides mais os 2 hormônios aminoácidos que possuem característica de esteroide, que são o T3 e T4.
Obs2.: Receptor é uma proteína, seja de hormônios ou de neurotransmissor, que pode estar na membrana plasmática ou no interior da célula.
ClassIficação quanto a síntese hormonal
1. Hormônios esteroides 
Os hormônios esteroides são originados do colesterol e, lembrando, o que vai determinar a síntese de um ou de outro é o tipo de enzima que a gente vai ter, então o colesterol vai sofrer uma cascata de quebra que o vai transformar em um hormônio esteroide desejado. Por exemplo, na célula da TECA é produzida progesterona que é transformada em testosterona que vai, ao alcançar a célula da granulosa, virar estrógeno. Vamos ver a classificação dos hormônios esteroides: 
1.1 Hormônios adrenocorticais: São produzidos no córtex das adrenais, podem ser: 
1.2.1 Mineralocorticoide (aldosterona) 
1.2.2 Glicocorticoides (ex: cortisol).
1.2 Hormônios sexuais: São produzidos principalmente nos testículos e nos ovários 
1.2.1. Progesterona 
1.2.2. Testosterona 
1.2.3. Estrogênio.
 
Apesar do córtex da suprarrenal e as gônadas serem os principais locais de esteroidogênese, também existe uma pequena produção de hormônios esteroides no tecido adiposo, fígado e rins. O tecido adiposo principalmente e produz especialmente o estrógeno, por isso indivíduos gordinhos vem a desenvolver ginecomastia (a mama aumentada).
A cascata de síntese de um hormônio esteroide vai depender da enzima que o tipo celular vai ter, por exemplo, o que faz com que a testosterona seja convertida em estrogênio são as aromatases, então, é a presença da aromatase na granulosa que vai permitir essa conversão. Outro exemplo de como as enzimas específicas são importantes para a cascata de síntese é o exemplo da aldosterona sintase, que está presente na zona glomerular do córtex adrenal, que converte um intermediário em aldosterona, já na zona fasciculada, a aldosterona sintase é ausente e por isso a conversão de glicocorticoide não prossegue até aldosterona.
Lembrando que as conversões na cascata de síntese hormonal de hormônios esteroidais é unidirecional, logo, se o colesterol virou pregnenalona, ele não volta a ser colesterol, é unidirecional.
Outra característica dos hormônios esteroides é que eles não são armazenados, assim que são produzidos eles são liberados rapidamente para a corrente sanguínea. Não são armazenados pois eles são lipofílicos, assim, da mesma forma que esse tipo de hormônio entra livremente na célula-alvo, por difusão simples, eles saem livremente da célula que os sintetizaram, pois é membrana plasmática de todo jeito. 
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Imagem 3: Esquema sobre a síntese dos hormônios esteroidais.
2. Hormônios relacionados a proteínas
Todos esses hormônios precisarão de um processo de transcrição e tradução para serem sintetizados, ou seja, será necessário a ativação do DNA mediante ao estímulo que a célula recebeu para que assim seja transcrito RNAm, que irá dar origem ao hormônio, que é chamado pré-pró-hormônio. Essa proteína recém-formada vai precisar ser quebrada para que o hormônio seja formado. A quebra ocorre da seguinte maneira: a proteína (o pré-pró-hormônio) depois de produzida no ribossomo vai para o retículo endoplasmático rugoso, onde é transformada em pró-hormônio. Esse, então, vai para o complexo de Golgi, onde vira um hormônio, eentão o complexo de golgi forma uma vesícula onde esse hormônio ficará armazenado até ser liberado mediante estímulos. Podemos perceber que é mais complicado para produzir um hormônio proteicos, pois não é só colesterol ou aminoácidos sendo transformados. 
Vale salientar que o que define o tipo de hormônio que vai ser formado com a quebra da proteína é a enzima que vai atuar nessa reação.
Esse tipo de hormônio sempre fica armazenado nas vesículas porque ele só é liberado da célula que o sintetizou se for por um processo de exocitose, pois, diferentemente dos hormônios lipossolúveis, eles não possuem livre passagem pela membrana plasmática, então, eles ficam nessa vesícula que só vai se fundir a membrana celular quando há o estímulo para realização do processo de exocitose e consequente liberação do hormônio.
Proteicos: Possuem mais de 100 aminoácidos, exemplos são GH, insulina, etc.; 
2.2 Peptídicos: Possuem menos de 100 aminoácidos, exemplos são: ocitocina, ADH, etc. 
Imagem 4: Estrutura da ocitocina (hormônio peptídico) a esquerda e imagem da insulina (hormônio proteico) a direita
3. Hormônios relacionados a aminoácidos 
Nessa categoria vamos ter hormônios que foram estruturados a partir de aminoácidos, aqui vamos ter membros tanto lipossolúveis como lipoinsolúveis. A origem dos hormônios dessa classe é principalmente dos aminoácidos tirosina e triptofano. São os hormônios aminoácidos:
3.1 T3 (triiodotironina) e o T4 (Tiroxina): São produzidos na tireoide a partir do aminoácido tirosina, onde a maior parte é sintetizada é T4,sendo 90%, e a menor parte é de T3, sendo 10%, isso ocorre porque o T4 é a forma mais estável, mesmo sendo o T3 a forma mais bioativa, mas isso não é um problema porque quando T4 chega no tecido alvo ele é convertido em T3, porque o que diferencia um do outro é a quantidade de iodo, logo, no tecido-alvo T4 sofre deiodação e vira T3. A síntese desses hormônios ocorre da seguinte maneira: na célula folicular da tireóide vai entrar o iodo e vai ter a síntese da tireoglobulina a partir da tirosina, a tireoglobulina é uma proteína que vai sofrer iodação na região do coloide da região intrafolicular e depois de iodada, vai ter em sua estrutura o T3 e o T4, só que eles só são liberados quando a tireoglobulina volta para célula folicular e sofre ação das enzimas lisossômicas, aí sim vamos ter só aminoácido iodado, que são o T3 e o T4
3.2 Noradrenalina (ou Norepinefrina) e Adrenalina (ou Epinefrina): Também têm origem aminoácidos, no caso, elas podem ser originadas indiretamente da fenilalanina que é convertida em tirosina ou diretamente da tirosina. A cascata de síntese enzimática é: A tirosina vira dopa, essa vira dopamina que irá ser transformada em noradrenalina que pode ser convertida em adrenalina (a adrenalina é um produto de quebra enzimática da noradrenalina). A adrenalina e a noradrenalina são conjuntamente chamadas de catecolaminas
3.3 A serotonina e a melatonina: São hormônios advindos de aminoácidos, que, no caso, é o triptofano. Então, o triptofano ao sofrer a ação enzimática pode vir a se tornar serotonina e essa, posteriormente, vir a ser transformada em melatonina. A serotonina tem função como neurotransmissor e age no trato gastrintestinal, aumentando a motilidade do trato e a secreção dos sucos digestivos, faz isso agindo como neurotransmissor no trato. 
Já melatonina é o principal produto da pineal, é originada da metabolização da serotonina e sua produção é noturna, logo, quanto menos luz mais melatonina é produzida na pineal e mais sono o animal sente, pois a luz ativa a fotorreceptores hipotalâmicos que inibem a atividade da pineal, inibindo a produção da melatonina e a sua ação. Sua ação é mediada pelo sistema nervoso simpático e está mais relacionado ao sono e a fadiga do voo. O que mais vai nos interessar é sua ação na reprodução, pois a melatonina influencia no fotoperíodo reprodutivo já que de acordo com o fotoperíodo e atividade reprodutiva pode ser mais estimulado ou mais inibida.
Propriedades Químicas dos hormônios
1. Estrutura química dos hormônios e antigenicidade 
Devemos conhecer dos hormônios e suas estruturas químicas pois dessa forma saberemos como aplicá-los no dia a dia profissional como, por exemplo, na terapia hormonal. O hormônio possui uma ação antigênica e quanto maior a estrutura do hormônio ou sua complexidade mas antigênico ele será. Então deve-se ter cuidado para não causar uma reação anafilática no animal, principalmente se for hormônio proteico, pois esse vai variar de espécie para espécie.
2. Estrutura química e administração
De acordo com a estrutura química do hormônio, a sua via de administração pode ser diferente. 
2.1 Se for um hormônio peptídico/proteico, jamais ele deverá ser administrado por via oral (a não ser que haja uma proteção desse hormônio) pois ele pode ser facilmente digeridos por enzimas e ser transformadas em aminoácidos/peptídeos/tri-peptídeos que não vão possuir ação hormonal, por isso, não se administra hormônio péptico/proteico por via oral, apenas por via injetável. 
2.1 Já os hormônios esteroides, o T3 e o T4 escapam da quebra porque eles têm uma estrutura lipídica, isso faz com que eles escapem das enzimas digestivas pois ele é rapidamente absorvido, assim sendo, esses hormônios podem ser administrados por via oral e também podem ser injetados.
3. Estrutura química e estabilidade
 Hormônios proteicos são sensíveis a altas temperaturas, pois eles podem desnaturar. Já os hormônios esteroides, o T3 e o T4 são resistentes a altas temperaturas. Hormônios glicoproteicos são sensíveis a congelação e descongelação repetida.
4. Estrutura química espécie animal 
Os hormônios peptídicos/proteicos variam bastante de espécie para espécie, não é possível administrar o hormônio proteico de uma espécie e aplicar em outra sem antes de estudar compatibilidade. O estado fisiológico e a idade do animal alteram a estrutura química dos hormônios. Os hormônios esteroides T3 e T4 não se alteram de espécie para espécie ou mediante a condição fisiológica, toda a espécie tem a mesma estrutura para progesterona, T3, T4 etc.
Grupos Hormonais
Existem hormônios que possuem uma similaridade muito grande quanto à estrutura e a função, por isso eles são classificados nos seguintes grupos: 
1. Grupo do ACTH 
Nele temos o ACTH (hormônio Adrenocorticotrópico), a β-lipotropina e o MSH (Hormônio Estimulador dos Melanócitos). Eles estão no mesmo grupo hormonal porque como eles vem da mesma estrutura, que a pró-opiomelanocortina (POMC), eles possuem a estrutura muito parecida.
2. Grupo da Somatomamotropico 
Nesse grupo temos o GH (Hormônio do Crescimento), a prolactina e o lactogênio placentário. A prolactina e o GH são tão parecidos que suas e suas ações se sobrepõe, por exemplo, em produção leiteira tem-se usado o GH para aumentar a produção de leite, que é uma função da prolactina, isso porque o GH é tão similar com a prolactina que consegue sensibilizar seus receptores.
3. Grupo Glicoproteico 
Nesse grupo temos estruturas polipeptídicas ligadas à carboidratos ou Ácido ciálico. Essa ligação é para fazer com que os hormônios se tornem mais resistentes e tenham uma ação mais intensa (aumento do poder de ação do hormônio). Nesse grupo temos o FSH, LH, TSH, hCG, eCG e etc. Todo hormônio glicoproteico tem uma subunidade Alfa que é idêntica para todxs, ou seja, o FSH LH, hCG... possuem um porção igual, o que vai diferenciar um hormônio glicoproteico do outro é a subunidade Beta, pois essa é específica para cada hormônio.
Exemplo de como o ácido ciálico pode potencializar o efeito do hormônio é eCG (Gonadotrofina Coriônica Equina) que possui bastante dessa molécula em sua estrutura, o que faz com que ele dure bem mais no organismo, tanto é que ele é usado em espécies não equinas para ter o papel de FSH e LH , na verdade, é até mais vantajosos usar eCG do que o FSH e o LH, porque ele tem uma meia-vida maior. O eCG é produzido pela porção fetal da placenta, então ela éproduzido quando a placenta está se estruturando, como ele possui um função tanto de LH como de FSH, então ele vai favorecer a estruturação/permanência do corpo lúteo como também vai estimular os folículos ovarianos. A função disso na égua é para que o corpo lúteo seja mantida e para que haja formação de outros corpos lúteos, então, durante a gestação da égua vai haver a estimulação de novos folículos devido a função de FSH do eCG e por ação, também, do eCG vão luteinizar devido a sua ação de LH. Logo, além do folículo e original que ovulou e depois de fecundado deu origem ao embrião/feto que está sendo gestado, a égua vai ter durante a gestação outros corpos lúteos e a formação desses corpos lúteos a mais servem para aumentar os níveis de progesterona e conseguir manter a gestação. O corpo lúteo primário, assim como e secundários, também sofrem deterioração e a égua, no final da gestação, fica sem o corpo lúteo, porque a placenta dela vai produzir a progesterona. Então essa é a função da ação dupla do SG na égua. O hCG também possui ação dupla de LH e FSH, mas principalmente de LH, então ele vai manter a gestação através do corpo lúteo primário, ele não vai ter com função produzir corpos lúteos acessórios como no caso da égua. Comercialmente, o eCG é muito usado para superovular uma fêmea, pois, já que ele tem função principalmente de FSH e também possui uma meia-vida longa devido aos ácidos ciálicos em sua estrutura, ele vai manter o desenvolvimento folicular e também vai impedir que haja a dominância folicular. 
4. Grupo Insulínico
Nele, todos são hormônios proteicos e fazem parte desse grupo a insulina, os fatores de crescimento semelhantes a insulina (IGF-1 e o IGF-2) e a Relaxina. Esses hormônios são tão parecidos que ao dosar a insulina, os níveis de IGF-1 e IGF-2 podem confundir/dá uma leitura errada nessa insulina. A insulina tem várias funções, entre elas, uma que é bem importante que a colocação dos canais 24 para entrada da glicose nas células. O IGF-1 e o IGF-2 vão estimular a multiplicação e desenvolvimento celular tanto, tanto é que a síntese deles é mediada pelo GH. A Relaxina atua na degradação de colágeno ,relaxamento da cérvix e dos ligamentos pélvicos no final da gestação, assim, ela abre o canal do parto.
Imagem 5: Semelhança entre o IGF-1 (esquerda) e a insulina (direita)
5.Grupo da Ocitocina
Nesse grupo temos os hormônios peptídicos ocitocina e ADH, que são muito parecidos e são sintetizados pelo hipotálamo. Apesar de serem tão parecidos, não possuem ação sobreposta porque seus receptores são muito específicos, então o receptor de ocitocina só é acionado pela ocitocina e o do ADH pelo ADH, não é como que ocorre com GH e a prolactina.
Imagem 6: semelhança entre a ocitocina (esquerda) e o ADH (Direita)
6. Grupo dos esteroides 
Nesse grupo temos os esteroides gonadais progesterona, testosterona, estradiol e os hormônios do córtex das adrenais que são o cortisol (glicocorticoide) e a aldosterona (mineralocorticoide). É importante lembrar que todos esses hormônios têm origem no colesterol e o que vai determinar a produção de um ou de outro é um tipo de enzima do tipo celular em questão. 
Transporte de hormônios no sangue
1. Hormônios esteroides e da tireoide
Como esses são hormônios lipossolúveis e o sangue é um meio rico em água, logo, eles não conseguiriam ser transportados livremente de forma eficiente pelo sangue, então para ele ser transportado de modo eficiente ele deve se ligar a uma proteína, isso é oposto dos hormônios proteicos, peptídicos e aminoácidos que possuem características hidrossolúveis que podem viajar livremente pelo o sangue, não necessitando se ligar a alguém.
Os hormônios lipossolúveis precisam se ligar a uma proteína transportadora para serem carregados, entretanto, nós sempre vamos ter uma fração livre porque, ao chegar no tecido alvo, o hormônio vai se dissociar da proteína que o transportou para conseguir entrar na célula-alvo. Essa fração livre é pouca, em torno de 1%, e só ela consegue entrar na célula pois o hormônio ligado à proteína transportadora como, por exemplo, uma Albumina, que é uma proteína gigantesca, não seria capaz de atravessar a membrana celular, por isso a fração que se soltou da proteína transportadora é a porção ativa, sem ela não há ação na célula alvo porque não vai haver penetração do hormônios. 
As principais proteínas de ligação dos hormônios lipossolúveis podem ser de dois tipos:
1.1 De alta afinidade por hormônio específico: Esse tipo de proteína transportadora mantém hormônio estável. Exemplo é a transcortina que transporta corticosteroides. 
1.2 De baixa afinidade por hormônio específico: Por exemplo, a albumina.
A liberação do hormônio depende do gradiente, pois, quando o hormônio livre entra na célula-alvo a fração livre diminui, daí o hormônio começa a se soltar da proteína transportadora, mas ela vai se soltar primeiro da Albumina, porque a albumina é de baixa afinidade e depois é a proteína de alta afinidade que começa a liberar o hormônio. Não se esqueça que é a fração livre que a fração ativa na célula alvo.
2. Hormônios proteicos e peptídicos
Esses hormônios vagam livremente pela corrente sanguínea, ou seja, não possuem proteína transportadora ligada a eles.
Interação hormônio célula-alvo: receptores hormonais
1. Especificidade
O receptor sempre será uma proteína que o hormônio vai se ligar, podendo estar dentro da célula ou na superfície da membrana plasmática, e é específico para esse hormônio. Lembrar que essa especificidade é variável, então, quanto mais específico é esse receptor mas ele só age para aquele hormônio, por exemplo, o receptor de prolactina não é muito específico porque ele também consegue se ligar ao GH, já se a gente pensar no receptor de ocitocina nós vamos perceber que ele é altamente específico porque ele só se liga a ocitocina, nem ao ADH ele se liga (que só diferem um aminoácido). E quanto mais específico é o receptor, mais a ação do hormônio é direcionada. 
2. Afinidade
A finidade do hormônio pelo receptor também varia; quanto maior for essa afinidade de um receptor por seu hormônio, mais esse hormônio fica ligado ali e por mais tempo, quanto mais tempo ele passa ligado mais ele vai desencadear sua função, ou seja, mais longa será a resposta biológica. Então, a ação biológica de um hormônio é intensificada por essa capacidade do receptor de se ligar por mais tempo ao hormônio se a afinidade for alta. Quanto maior for a afinidade do receptor hormônio mais longa é a resposta biológica.
3. Capacidade de Saturação 
A capacidade de saturação do receptor é variável (quantidade de sítios de ligação ocupados) e varia de tecido para tecido, de estágio funcional para estágio funcional e de condição patológica. Vamos analisar isso melhor:
1. Tipo celular: A quantidade de hormônio ligado ao receptor varia com o tipo celular porque tem tecido com mais receptores para um hormônio do que outros. Também existem tecidos com receptor para um hormônio e outros nem tem esse receptor, por exemplo, o LH não age no músculo só age no ovário e no testículo.
2. Estágio funcional: Tem estágio de funcional com mais receptor para um hormônio e tem estágio funcional com mais receptor para outro hormônio, isso fica bem claro em reprodução.
3. Condição patológica: Por exemplo, na diabetes insipidus ou é a produção de ADH que está diminuída ou é a expressão do receptor para ADH no tecido alvo que está baixa.
4. Regulação do número de receptores
No organismo temos números maiores de receptores do que o necessário para desencadear a resposta biológica, isso ocorre porque geralmente não vamos ter a ocupação de todos os receptores (em condições fisiológicas normais) e assim a resposta biológica é garantida. 
4.1 Regulação descendente: Como dito anteriormente, o tecido alvo geralmente possui mais receptores que o necessário e se todos esses receptores foram ativados vai haver uma hiperativação da célula, isso a gente não quer, então, parase proteger dessa situação de saída do equilíbrio, o organismo começa a diminuir o número de receptor para esse hormônio, isso é o que chamamos de regulação descendente. Logo, quanto mais hormônio é liberado, menos receptor a gente vai ter. Isso ocorre quando injetamos hormônio sem necessidade no nosso organismo, que vai causar um feedback negativo tanto na secreção do hormônio quanto na expressão do receptor da célula-alvo.
4.2 Regulação ascendente: É o inverso do que ocorre na regulação descendente, no caso, se é produzido pouco hormônio o organismo vai aumentar o número de receptor na célula alvo vai aumentar para compensar essa perda na quantidade de hormônios circulantes. Isso ocorre na célula folicular do ovário, pois as células da granulosa possuem muito receptor para FSH porque se ela não tivesse, ela iria entrar em atrésia, assim, para se manter viva ela vai fazer uma regulação ascendente do número de receptores.
Como exemplo prático temos hiperplasia prostática, nela, um aumento na produção de di-hidrotestosterona, forma metabolizada da testosterona e mais bioativa, vai estimular o desenvolvimento do tecido prostático, o tratamento para fazer a próstata regredir é o medicamento que impede a conversão de testosterona em di-hidrotestosterona. Outro exemplo prático é o uso prolongado de eCG, que é usado para superovular e pode gerar resistência principalmente em ovelhas, essa resistência é uma regulação descendente.
5. Síntese de receptores pode ser estimulada ou inibida por ação hormonal secundária 
Ou seja, um hormônio pode induzir ou inibir a expressão de receptores para outro hormônio, isso ocorre, por exemplo, quando o FSH estimula no folículo a expressão para receptores de LH na fase de pré-ovulatória para que com pico de LH haja ovulação, outro exemplo é o cortisol inibindo a expressão de receptores para CRH nas células secretoras de ACTH na adeno-hipófise. 
6. O local de onde fica os receptores 
Esse local pode ser de dois tipos: ou na membrana plasmática, receptor para hormônios proteicos e peptídicos, ou no citoplasma ou no núcleo, receptor intracelular para hormônios lipossolúveis como esteroide T3 T4 e calcitriol.
Respostas celulares pós-receptoras
1. Hormônios proteicos e peptídicos
Neles, o receptor de membrana vai passar a informação do hormônio para dentro da célula através de enzimas/mediadores químicos (segundos mensageiros). Então, os hormônios lipoinsolúveis vão ativar o receptor que está na membrana plasmática e daí quando essa ligação ocorre o receptor sofre alteração de forma a ativar/produzir/estimular a produção de um segundo mensageiro, como o AMPc, e será esse segundo mensageiro que vai ativar ou inativar enzimas, o que vai culminar numa resposta biológica. Exemplo disso é a insulina causando inibição da liberação de glucagon, pois é através da inibição da enzima que sintetiza o glucagon que ela faz esse papel.
Como os hormônios polipeptídicos atuam em enzimas pré-existentes na célula, sua ação é mais rápida do que um hormônio lipossolúvel, pois, o hormônio lipossolúvel vai ter que desencadear uma cascata de síntese proteica e isso é bem mais demorado. 
Para o hormônio polipeptídico ter a sua atuação ele irá precisar de segundos mensageiros, esse segundo mensageiros pode ser um íon, como o cálcio, ou uma molécula, como o AMPc. Vamos ver os principais segundos mensageiros:
1. Monofosfato cíclico de adenosina (AMPc): Produzido pela ativação da adenilato-ciclase, que vai quebrar o ATP para gerá-lo, só vai ser sintetizado depois que houver interação hormônio receptor. Ele vai, geralmente, ativar uma proteína quinase que vai fosforilar várias enzimas de modo ativá-los ou inativa-las, isso vai depender da enzima em questão, gerando a resposta biológica desejada.
2. Calcio citosólico: Pode vir do exterior da célula, do retículo endoplasmático ou da mitocôndria.
3. Trifosfato de inositol (IP3) e Diacilglicerol (DAG): São originados da quebra e fosforilação de um fosfolipídio de membrana, que é o PIP-2 (fosfatidill inositol bifosfato). O PIP3 age no retículo endoplasmático para gerar a liberação de cálcio. O DAG vai agir em enzimas, geralmente a PKC (Proteínas Quinase C) que também pode ser ativada pelo cálcio e depois de ativada vai fosforilar enzima, produzindo, assim, a resposta biológica.
Imagem 7: Esquema ilustrando o mecanismo das respostas pós-receptoras de hormônios proteico/peptídicos
2. Hormônios esteroides, T3, T4 e calcitriol 
Ao contrário dos hormônios proteicos que se ligam na membrana e vão produzir segundos mensageiros para ativar ou inativar uma enzima pré-formada, o hormônio lipossolúvel irá entrar na célula e se ligar ao seu receptor que pode estar no citoplasma ou no núcleo da célula. A o se ligar ao seu receptor, esse receptore expõe o que chamamos de dedos de zinco, porque a proteína que esconde esse dedo de zinco (Proteína do Choque Térmico ou KSP) se desliga do receptor , então o complexo hormônio+receptor vai se ligar ao DNA e assim vai haver a transcrição de genes junto com a posterior produção de uma proteína ou inibição da expressão gênica de alguma proteína. É a presença ou ausência da proteína que vai fazer com que ocorra o efeito biológico. Vale salientar que o dedo de zinco está no receptor e é ele vai permitir a ligação do complexo hormônio + receptor ao DNA (dedo de zinco tem afinidade pelo DNA). Todo o hormônio com receptor intracelular vai agir dessa forma. 
Quando o estrogeno faz feedback negativo no hipotálamo ele faz isso inibindo a síntese de GnRH (que é uma proteína) inibindo a sua expressão no DNA.
Perceba que vai ser mais demorado ação dos hormônios lipossolúveis, sendo assim, será necessário mais tempo para que ocorra o efeito biológico quando comparado aos hormônios hidrossolúveis. Não esqueça que o efeito biológico do hormônio esteroide, T3, T4 e calcitriol vai ocorrer quando houver a produção da proteína desejada ou a parada da produção de alguma outra.
Imagem 7: Esquema ilustrando o mecanismo das respostas pós-receptoras de hormônios lipossolúveis.
Término da ação hormonal
1. Dissociação do hormônio receptor 
Em toda interação vai chegar um momento, após a ação do hormônio, que ele vai se dissociar o seu receptor para que ele seja destruído. Depois de dissociado sua destruição pode ocorrer tanto no plasma sanguíneo quanto na própria célula-alvo. E essa dissociação só pode ocorrer porque a ligação entre hormônio e o receptor não é covalente.
2. Internalização do complexo receptor hormônio pode por endocitose 
Isso ocorre em hormônios proteicos como, por exemplo, com a insulina que vai se ligar o seu receptor de membrana e vai chegar um momento em que a célula engloba esse complexo por um processo de endocitose. Então o endossomo vai sofrer ação de enzimas lisossômicas para que a insulina seja destruída, isso tudo ocorre na célula-alvo, e boa parte do receptor volta para a membrana plasmática, ele é reciclado e a insulina é destruída.
Imagem 8: Ilustração de como ocorre o processo de degradação por endocitose.
3. Metabolização dos hormônios 
 Isso geralmente ocorre quando o hormônio que está na corrente sanguínea encontra o fígado ou os rins. Continuamente os hormônios são degradados e repostos na corrente sanguínea. 
3.1 No caso dos hormônios esteroides: Eles sempre vão ter que passar pela metabolização no fígado para serem eliminados na urina, porque o fígado vai torná-lo solúvel em água através de algumas reações.
3.2 No caso dos hormônios T3 e T4: Eles precisam sofrer o processo de deiodação, ou seja, a retirada do iodo da sua molécula, só então ele poderá ser eliminado.
3.3 No caso dos hormônios proteicos: Eles vão sofrer a clivagem da sua estrutura quando passarem pelo fígado, isso é necessário porque proteínas de grande porte não conseguem ser eliminados por via renal elas precisam ser quebradas em fragmentos menores.
Mecanismos de controle do sistema endócrino
1. Circuitos abertos: Nesse tipo de circuito nós não temos nenhum tipo defeedback (retroalimentação) nem positivo nem negativo, só a presença ou a ausência de um estímulo fisiológico. Isso acontece, por exemplo, com a ocitocina, pois o que faz com que a ocitocina seja liberada ou não é a presença do estímulo, nós não temos nenhum outro hormônio ou molécula estimulando (feedback positivo) ou inibindo (feedback negativo) o que temos é o estímulo nervoso e apenas por isso é um circuito aberto. A ocitocina tem uma vida curta, em torno de 15 minutos, e depois que o estímulo acaba ela não vai mais ser secretada. Aqui, não é uma sinalização enviada a um coordenador que vai controlar a secreção do hormônio, quem controla essa secreção é o estímulo (a ocitocina não vai enviar uma sinalização para o hipotálamo para que haja o fim de sua secreção). A secreção de ocitocina só vai parar quando o estímulo sair ou hormônio acabar.
2. Circuito fechado: Esse é o circuito de controle da maioria dos hormônios, nele vamos ter o feedback positivo ou negativo. Vamos as características desse circuito: 
É um circuito tudo ou nada, ou seja, ou a secreção está baixa (nível basal) ou está alta. 
A ação é continuada, ou seja, esse circuito vai estar ocorrendo constantemente em nosso organismo, onde, se a quantidade circulante aumenta um pouco isso aumenta a inibição e se a quantidade circulante diminui um pouco isso vai aumentar a produção. Isso ocorre para que haja a manutenção dos níveis hormonais basais. 
Observe que no circuito fechado é sempre enviado uma sinalização para quem está coordenando a secreção do hormônio. Por exemplo, no pâncreas as células Beta recebem informação via glicose (molécula que ela controla a secreção de insulina) sobre se devem parar ou continuar a secreção de insulina.
Exemplo de feedback negativo é quando o CRH, secretado pelo hipotálamo, viaja pelo sistema porta-hipofisário e chega na hipófise onde vai estimular a secreção de ACTH, esse ACTH vai chegar na adrenal e vai estimular a secreção de cortisol. Quando os níveis de cortisol ficam muito elevados vai ocorrer um feedback negativo. Lembre-se que o cortisol é um hormônio esteroide, então ele vai a travessar as membranas do hipotálamo e da hipófise, vai chegar no núcleo e vai inibir a expressão dos hormônios proteicos que coordenam sua secreção, que são o CRH e o ACTH (receptores de CRH na hipófise também serão inibidos). Esse feedback negativo pode chegar a não ocorrer de modo adequado quando o estresse é constante, aí o estímulo nervoso vai se sobrepor ao feedback endócrino. Exemplo de feedback positivo é o aumento dos níveis de estrógeno secretados pelas células foliculares/ da granulosa que estão no ovário, esse estrógeno vai até a hipófise estimular a secreção de LH, pois o pico de LH vai levar a ovulação, inclusive, esses níveis de estrógenos também vão inibir a secreção de GnRH pelo hipotálamo, isso faz com que apenas a secreção de LH cresça e a de FSH diminua. Foi o FSH que estimulou o desenvolvimento das células foliculares e são essas que secretam o estrógeno que vai inibir o FSH, isso já é feedback negativo. Feedback negativo é como se fosse um amigo falso que você o ajudou e ele vem e te inibe, o feedback positivo é um amigo verdadeiro porque ele te ajuda.
Esse circuito fechado não depende apenas do eixo hipotalâmico-hipofisário ou da interação de hormônio, pois, se a formos pensar na liberação de insulina e glucagon, o feedback vai ocorrer através do nível de açúcar, aminoácidos e lipídios ao invés de ocorrer através de hormônios como no exemplo citado anteriormente; pois, quando a gente tem o aumento da glicose a gente vai ter o aumento da insulina, isso é feedback positivo, por outro lado a glicose inibe a secreção de glucagon e isso é feedback negativo.
Padrões de secreções hormonais
 Os hormônios são liberados em ondas e o ritmo de secreção hormonal varia com o hormônio. Nós temos ritmos de secreção hormonal de três tipos:
1. Ritmo de secreção Infradiano 
É aquele que leva menos de 24 horas para ocorrer. Por exemplo, uma pessoa ao comer um biscoito vai aumentar os níveis de glicose no sangue rapidamente, isso vai gerar um aumento de insulina muito rapidamente também, levou-se menos de 24 horas para que é insulina fosse liberada. Como também os hormônios do trato gastrintestinal que são liberados assim que você come. É um ciclo muito rápido, onde, assim que se tem um estímulo o hormônio é liberado
3. Ritmo de secreção Circadiano 
Leva aproximadamente 24 horas para ocorrer. Isso ocorre com o cortisol, onde, nas espécies diurnas, em que o estresse será maior durante o dia (que é quando são mais ativas), o pico maior de cortisol será durante o início do dia e depois ele cai. Entre o pico de cortisol e a sua diminuição, o tempo gato é de mais ou menos 24 horas. Outro exemplo é com o GH e a melatonina, onde para esses dois hormônios vamos ter o pico durante a noite e a diminuição durante o dia.
Imagem 9: Ilustração mostrando o ritmo circadiano do GH, da melatonina e do cortisol
3. Ritmo de secreção Ultradiano 
 É aquele que leva mais de 24 horas e menos de um ano para ocorrer. Exemplo é o que acontece no ciclo ovariano, onde vai se ter o período de FSH mais alto, o período de LH mais alto, o período de progesterona mais alto, o período de estrógeno mais alto e o período onde todos esses vão estar mais baixo. E esses altos e baixos vão demorar o tempo do ciclo para ocorrer, que é 21 dias para vaca, de 18 a 28 dias para cabra, 28 dias para mulher, etc. E isso é mais que 24 horas e menos que um ano.
Interrupção dos ritmos: Esses ritmos podem ser alterados por fatores como situações patológicas e idade. Numa situação patológica, como tumor no hipotálamo e hipófise, pode gerar isso. A idade também altera, pois, animais mais jovens, adultos e mais velhos não possuem a mesma secreção hormonal, por exemplo, a quantidade de testosterona que um animal mais maduro e um animal mais idoso secretam é diferente.
Fatores que interferem na resposta a hormônios
Tipo de tecido: Só responde ao hormônio quem tiver o receptor para esse hormônio, então jamais a gente vai ver o LH atuando na musculatura cardíaca, porque, no coração, ele não tem receptor, ele só vai agir onde tiver receptor para ele.
Relação tempo-efeito: Quanto mais tempo o receptor estiver ligado ao hormônio mais intensa vai ser a ação do hormônio/efeito biológico.
Uso dos hormônios na indústria animal
1. Reprodução 
Se um se usa muito hormônio nas biotecnicas de reprodução, como a sincronização de fêmeas, para superovular uma fêmea (isso ocorre para ampliar a capacidade reprodutiva de uma vaca de alto valor genético, pois, assim, ela não vai ter apenas um filho, ela vai ter vários filhos em outras vacas), para coleta de embrião, para tratamento de fêmea com retenção de placenta, para estimular a contração uterina... tudo isso será feito com hormônio.
2. Produção de leite 
Por exemplo, usando o GH para enganar o receptor de prolactina e aí aumentar a produção leiteira.
Considerações finais
Os hormônios são importantes para o perfeito funcionamento do organismo e são essenciais para o mecanismo de controle corporal.
Autores
The Bo$$ of bitches 
A Rolezeira
A Mãe natureza 
O Fofinho
O Gato Gostoso
O Bebezão

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