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Trabalho de Pesquisa II – TP2 – Profa. Coord. Marina Cordeiro UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF Curso Bacharelado em Administração Pública Polo Nova Iguaçu Disciplina Seminário Integrador Alunos Sandra da Silva Roque Halisson Vilar da Silva Matrículas 18213110056 18213110302 RESENHA CRÍTICA ENGELMANN, Fabiano; MADEIRA, Lígia Mori. A causa e as políticas de direitos humanos no brasil. Cad. CRH, Salvador, v. 28, n. 75, p. 623-637, Dec. 2015. 1. CREDENCIAIS DOS AUTORES Fabiano Engelmann, entre outras, é Professor Associado III de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Bolsista de Produtividade do CNPq, Coordenador do Núcleo de Estudos em Justiça e Poder Político da UFRGS-NEJUP, Membro da Diretoria Nacional da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) (diretoria de pesquisa) biênio 2018/2020. Membro do Conselho Científico do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo-CEGOV/UFRGS. Professor-Visitante da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne (Centre Européen de Sociologie et Science Polítique CESSP -2017/2-2018/1, Bolsista Estágio Senior da CAPES). Foi Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS (2011\2-2015\1), Professor Visitante na Universidade de Rosário-UNR (2015/2, Convênio CAPES UFRGS/UNR), École Normale Supériore Paris-Saclay (2014/2, Missão Científica PROPG/UFRGS). Atualmente desenvolve pesquisas sobre a legitimidade política das elites e instituições judiciais na América latina e África lusófona e sobre a internacionalização do campo jurídico e as prescrições anticorrupção. Ligia Mori Madeira é Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora Associada do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS. Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2001), graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2003), mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Suas pesquisas enfocam os temas: instituições jurídicas comparadas, políticas sociais e desenvolvimento, violência, criminalidade e políticas públicas de segurança. Em 2015 realizou estágio de pós-doutorado como Visiting Senior Fellow no Departamento de Política Social da London School of Economics and Political Science. Bolsista da CAPES (Texto informado pelo autor). 2. RESUMO DA OBRA Com objetivo de analisar o surgimento e consolidação dos Direitos Humanos no Brasil os autores decompõem o artigo em duas dimensões cronológicas e complementares entre si. Intitulada “CONTESTAÇÃO DO REGIME MILITAR E A EMERGÊNCIA DA CAUSA DOS DIREITOS HUMANOS” e subdividida em dois tópicos, os autores iniciam a primeira parte contextualizando o momento “jurídico-político” que o país vivia na qual sucederia na gênese da causa dos Direitos Humanos. No primeiro tópico dessa estrutura, chamado de “O estreitamento do espaço político e jurídico pelos militares”, a ênfase se dá no meio jurídico como um todo. Aqui são descritos não só os regulamentos editados e positivados no período ditatorial, as mudanças nos órgãos do poder judiciário, como também os acontecimentos antes, durante e após o período nas carreiras daqueles que são prosaicos ao meio jurídico, sejam eles: magistrados, advogados, alcançando até os agentes da Suprema Corte. Cabe salientar que a explanação do pós-ditatura por este tópico é apresentada de forma mais breve por antagonizar com a cronologia escolhida pelos autores ao longo de todo trabalho. “A causa dos direitos humanos na década de 1970: a recuperação do direito à política” é o segundo tópico desta primeira dimensão na qual maior atenção é dada aos grupos católicos e suas articulações de cunho político-sociais que contribuíram para a causa dos Direitos Humanos nessas esferas gerando um ativismo direto contra o regime vigente. De maneira substancial e ao mesmo tempo didática, com apresentação de um quadro que auxilia o leitor, os autores descrevem a trajetória político-organizacional dos agentes engajados na causa dos Direitos Humanos. Tais informações são precisamente apresentadas para que o leitor faça uma comparação do perfil dos novos agentes envolvidos no processo com aqueles ora citados no tópico anterior e assim, prepará-lo para a segunda parte do trabalho. Com o título OS DIREITOS HUMANOS COMO POLÍTICA DE ESTADO é iniciada a segunda e última dimensão. Subdividida em três tópicos, estes discorrem sobre os Direitos Humanos como um fazer estatal, cada um ao seu modo e com enfoque em agentes juridicamente diferentes. O tópico “Dos anos 1980 aos anos 2000: movimentos em direção ao poder e novas agendas” tem como cerne a ampliação, no sentido civil e político, da causa dos Direitos Humanos no período de transição entre ditatura e redemocratização. Nele temos a descrição do nascimento de grupos fundados pelas vítimas, diretas e indiretas, do regime ditatorial bem como a atuação dos militantes que antes faziam um trabalho direto e passaram a ser parte integrante do governo com cargos, na sua grande maioria, de chefia ou liderança a depender da instituição. Tão logo, os autores não deixam de citar um momento inversamente proporcional entre institucionalização da causa e aceitação social por conta da onda crescente de violência e inversão na aplicação dos Direitos Humanos. Aqui os autores preferem a explicação de tal fato através de outras obras, recitando-as. Ainda neste ambiente de demora na legitimação social dos Direitos Humanos é enfatizada a diferença entre o marco legal inicial da causa (Constituição Federal de 1988) e a efetivação dela como “assunto de Estado” “Estatização” da causa, planos e (re) conversão dos ativistas” tenta explicar como, quem e de que forma este foi o período de maior ampliação, agora no sentido social, econômico e político, dos Direitos Humanos no Brasil. Para isso os autores citam a criação de instituições, ambiente internacional favorável, bem como o lançamento do mais eminente programa relacionado ao tema, o II PNDH. Não obstante as sucessivas ampliações, o programa recebe mais uma; o III PNDA. Dessa vez por conta da troca de governo. Ainda sobre efeito da mudança de gestão, os dirigentes da pauta dos Direitos Humanos têm o perfil alterado; o que antes faziam parte exclusivamente do meio jurídico, passaram a ser agentes com variadas formações e com elevada relação com a militância. Com intuito de enfatizar a ampliação do tema neste período, os autores, por fim, disponibilizam um quadro que demonstra como os temas sobre Direitos Humanos tiveram sua demanda ampliada no ambiente acadêmico. Como tópico de encerramento: “Políticas e programas de direitos humanos no Brasil: arranjos entre as entidades subnacionais” tem o intuito de descrever de que forma as políticas de Direitos Humanos foram implementadas na região Sul, Sudeste e Norte assim como suas diferenças. Nas palavras dos autores: [...]o objetivo desta seção é a análise das ações em curso entre as entidades federais e entes subnacionais – estados, municípios e organismos da sociedade civil – buscando verificar quais os tipos de programas e políticas de direitos humanos implementados, quais as temáticas mais encontradas e a relação entre o perfil das temáticas e as regiões do país. (ELGEMANN; MADEIRA, 2015, p. 629). 3. CRÍTICA DOS RESENHISTAS Por se tratar de uma obra que não prescinde de leitura prévia para que seja entendida, os autores cumprembem o papel de se fazer entender através das ideias bem estruturadas no decorrer do texto. É importante destacar a função cronológica das ideias compostas no desenrolar histórico de toda obra porque é nela que o leitor acaba situando-se melhor no contexto facilitando, em alto grau, o entendimento e ligação dos acontecimentos. Apesar de uma referência ampla sobre o assunto, os autores fazem pouco uso de citações em sua obra. Entretanto, tal fato não faz perder a casta da produção pois Ab initio a analise mostra-se bem estruturada. Em suma, a obra cumpre sua missão, não só ao explicar fazendo uso de uma linguagem simples, mas também, ao fazer gerar no leitor o amadurecimento e fomentar a busca de novos conhecimentos deste tema tão relevante. 4. INDICAÇÕES DOS RESENHISTAS A obra tem por finalidade fazer uma análise da história recente dos Direito Humanos no Brasil, logo é indicada para todo acadêmico que tenha algum tipo de interesse no tema, principalmente inicial, pois esta obra será de grande auxílio para o planejamento e desenvolvimento de futuras obras nesta temática de campo social, como também qualquer pessoa que nunca teve contato pois possui linguagem simplificada e objetiva e apresenta dados que são de fácil compreensão. DIREITOS HUMANOS NO BRASIL ATUAL O movimento ativista em torno dos direitos humanos surgiu como forma de enfrentamento político e jurídico do regime militar. Assim, um longo caminho foi percorrido, inicialmente amparado na conjuntura do ativismo internacional junto às tentativas de sobrevivência de grupos políticos e posteriormente a favor dos presos, das minorias e infância. E a partir dos anos 2000, surgiu a militância guarnecida por burocracias estatais especializadas que promovem políticas públicas voltadas aos Direitos Humanos. Nota-se que o clamor à proteção dos Direitos Humanos surgiu ainda no período ditatorial em decorrência das violações às garantias fundamentais, porém, somente com a redemocratização que se assume paulatinamente a natureza de “causa de Estado”. Observa-se que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, bem como as edições dos Planos Nacionais de Direitos Humanos I, II e III, deram relevância ao tema o colocando como “assunto de Estado”. Portanto, atualmente observam-se ações entre entidades federais e entes subnacionais. Ao analisar o cenário nacional atual, é nítido que em regiões com tradição em políticas e programas de Direitos Humanos há atuação dos municípios - embora muitas vezes mal definidas e obscuras quanto às competências - e da sociedade civil, utilizando-se programas da união, contrapondo-se às regiões sem tradição, nas quais há atuação basicamente estadual.
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