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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS – UNIFIMES Campus Trindade Curso de Medicina Tutoria Unidade I SP 04 – UNIDADE I - TUTORIA AMANDA CINTRA PIRES ALESSA CRISTINA BORGES DE LIMA ANA JULIA CARVALHO BEATRIZ CURADO BENEDITO VICENTE DA SILVA FILHO DANIELA ALVES MESSAC DAVI VIEIRA EMMANUEL VITOR STIVAL MOTÃO IARA TOSTA LAURA TOLEDO LOPES NATHÁLIA LUIZA COELHO THANYRA BEATRICE VICENTINI ZOCCOLI TRINDADE 2019 AMANDA CINTRA PIRES ALESSA CRISTINA BORGES DE LIMA ANA JULIA CARVALHO BEATRIZ CURADO BENEDITO VICENTE DA SILVA FILHO DANIELA ALVES MESSAC DAVI VIEIRA EMMANUEL VITOR STIVAL MOTÃO IARA TOSTA LAURA TOLEDO LOPES NATHÁLIA LUIZA COELHO THANYRA BEATRICE VICENTINI ZOCCOLI SP 04 – UNIDADE I - TUTORIA Relatório avaliativo apresentado ao Curso de Medicina do Centro Universitário de Mineiros – Campus Trindade, como parte da Unidade Curricular de Tutoria. Professor: Julio César TRINDADE 2019 RESUMO No presente relatório será abordado a importância do sistema renal na manutenção da homeostase. Terá por objetivo, também, explicar a fisiologia do mesmo, constituído por unidades funcionais chamadas néfrons, essenciais na excreção, filtração, secreção e reabsorção de substâncias da corrente sanguínea. Os rins, por sua vez, têm função fundamental na eliminação de toxinas e de substâncias estranhas ao organismo. Além disso, será relatada importância do sistema excretor na regulação do equilíbrio ácido-base, com secreção de íons bicarbonato e íons hidrogênio; equilíbrio hidroeletrolítico por meio da reabsorção e secreção de íons e água na urina e regulação da pressão arterial sistêmica pelos hormônios. Palavras-chave: sistema renal; néfrons; sistema urinário. LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – Anatomia dos rins......................................................................................9 FIGURA 02 – Representação esquemática do túbulo urinífero.....................................10 FIGURA 03 – Suprimento sanguíneo para néfrons.......................................................11 FIGURA 04 – Resumo das forças de filtração pelos capilares glomerulares................13 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................6 2. OBJETIVOS.................................................................................................................7 3. DISCUSSÃO................................................................................................................8 3.1 Conhecendo O Sistema Renal.......................................................................8 3.2 Regulação Ácido Básico e o Equilíbrio Hidroeletrolítico..........................16 3.3 Exames Laboratoriais e Suas Anormalidades............................................17 3.4 Programas Governamentais.........................................................................18 3.5 Ações Hormonais dos Rins..........................................................................19 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................21 5. REFERÊNCIAS.........................................................................................................23 1. INTRODUÇÃO O presente relatório refere-se à Situação Problema SP 04 – VÁRIAS PEDRAS NO CAMINHO. Nesta situação, dona Mariângela de 52 anos, sofre de cálculos renais, há mais de uma década, por ter vários casos na família, ela acha normal. Já eliminou várias “pedrinhas” na urina, e uma das ocasiões, evidenciou a presença de cristais de oxalato de cálcio. Algumas colegas notaram que ela está mais pálida. Mariângela confessou que se sente cansada, não tem dores, mas sente suas pernas inchadas ao final do dia. Apresenta, também, rosto inchado, urina com menos volume e uma dor lombar tão intensa que a impede de trabalhar, fazendo-a procurar um médico. Procurou atendimento médico, e os exames clínicos e laboratoriais estavam majoritariamente alterados. A paciente foi internada e fez uma ultrassonografia abdominal que apresentou rins de tamanho reduzido, com numerosas formações densas em seu interior. O médico pediu sua transferência para a UTI e indicou-a uma dieta hipossódica e hipoproteica. Ao final do dia, teve que passar por uma diálise sanguínea e recebeu a notícia de uma possibilidade de transplante renal. Conforme o apresentado na Situação Problema brevemente descrita, entende-se a necessidade de conhecer a importância da regulação ácido básico, além do equilíbrio do sistema hidroeletrolítico, bem como a anatomia e fisiologia do sistema renal e problemas associados. Salientando os exames laboratoriais e as ações governamentais na promoção de saúde. 2. OBJETIVOS 2.1 Estudar a anatomia e fisiologia do sistema renal; 2.2 Entender a regulação ácido básico e o equilíbrio hidroeletrolítico; 2.3 Conhecer os exames laboratoriais e suas anormalidades; 2.4 Analisar os programas governamentais e sua promoção de saúde; 2.5 Compreender as ações hormonais dos rins. 3. DISCUSSÃO 3.1 Conhecendo o sistema renal Os rins possuem coloração marrom-avermelhados. Eles são órgãos retroperitoneais, estão nivelados com a margem superior da 12ª vértebra torácica e, inferiormente, com a terceira vértebra lombar e estão circundados por tecido adiposo. O rim direito é normalmente um pouco mais baixo que o rim esquerdo, devido a presença do fígado. O rim esquerdo é um pouco maior e mais estreito em relação ao direito, o qual se encontra mais próximo do plano mediano. (GRAY’S, 2010). O hilo é uma região endentada do lado medial de cada rim. Por ele, passam a artéria e veia renais, vasos linfáticos, suprimento nervoso e o ureter, responsável por transportar a urina até a bexiga. Nela, a urina é armazenada e periodicamente eliminada do corpo. A cápsula fibrosa reveste o rim e tem por função proteger as estruturas internas, que são mais delicadas. (GUYTON & HALL, 2017) O rim possui duas principais regiões, o córtex e a medula. O córtex é a parte mais externa e a medula, mais interna. Ela é formada de tecidos em forma de cone chamados pirâmides renais. A base de cada pirâmide se origina no limite entre as regiões cortical e medular e termina na papila, formando o cálice menor, e posteriormente, o cálice maior e a pelve renal que continua com a extremidade superior do ureter. As paredes dos cálices, da pelve e do ureter contêm elementos contráteis que propelem a urina em direção à bexiga, para seu armazenamento até que seja eliminada pela micção. (GUYTON & HALL, 2017). A micção é o processo de esvaziamento da bexiga urinária. Dois processos estão envolvidos: enchimento progressivo da bexiga até o aumento da pressão a um valor crítico e reflexo neuronal chmado de reflexo de micção, que esvazia a bexiga. O reflexo de micção é um reflexo de medula espinhal. (TORTORA & DERRICKSON, 2016) O principal suprimento nervoso da bexiga é feito pelos nervos pélvicos que se conectam à medula espinhal pelo plexo sacro, se ligando aos segmentos medulas S2 e S3. Os nervos pélvicos contem fibras sensoriais e motoras: as sensoriais detectam o grau de distensão da parede vesical, as motoras são parassimpáticas, terminam em células ganglionares na parede da bexiga, pequenos nervos pós- ganglionares inervam o músculo detrusor. (GUYTON & HALL, 2017). Figura1 - Anatomia dos rins. Referência: TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. Ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Em relação aos rins, eles desempenham muitas funções homeostáticas, dentre elas: excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas, regulação do balanço de água e dos eletrólitos, regulação das osmolaridade dos líquidos corporais e da concentração de eletrólitos, regulação da pressão arterial, regulação do balanço ácido básico, secreção, metabolismo e excreção de hormônios, gliconeogênese, entres outros. (GUYTON & HALL, 2017). Os rins extraem os produtos residuais do sangue através de milhões de pequenos filtros, denominadas néfrons, que são a unidade funcional dos rins. Cada néfron é composto pelo glomérulo, onde ocorre a filtração para a cápsula de Bowman, passando para o túbulo contorcido proximal, a parte descendente Henle, a parte ascendente da alça de Henle, túbulo contorcido distal e túbulo coletor, chegando até o ducto coletor onde vai excretar a urina (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2013). Figura 2 - Representação esquemática de túbulo urinífero que constituí néfron da zona cortical externa, túbulo e duetos coletores medulares. A representação também mostra a sua vasculartzação sanguínea. Referência: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. A artéria renal entra no rim pelo hilo e então se divide para formar artérias interlobares, artérias arqueadas, artérias interlobularese arteríolas aferentes, que terminam nos capilares glomerulares, onde grandes quantidades de solutos (exceto as proteínas plasmáticas) são filtradas para iniciar a formação da urina. Após a filtração no glomérulo, as substâncias percorrem a arteríola eferente, que forma os capilares peritubulares, que circundam os túbulos renais. (GUYTON & HALL, 2017). Os capilares peritubulares se esvaziam nos vasos do sistema venoso que cursam paralelos aos vasos arteriolares. Os vasos sanguíneos do sistema venoso progressivamente formam a veia interlobular, veia arqueada, veia interlobar e veia renal, que deixa o rim pelo hilo, paralelo à artéria renal e ao ureter. (GUYTON & HALL, 2017). Figura 3 – Suprimento sanguíneo para néfrons. Referência: TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de anatomia e fisiologia. 14. Ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. Para produzir urina, os néfrons do ductos coletores realizam três processos básicos – filtração glomerular (FG), reabsorção tubular (RT) e secreção (S). Os néfrons são as unidades funcionais dos rins, eles são constituídos pelo corpúsculo renal e o túbulo renal. A primeira parte é formada pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman e o túbulo renal é subdividido em túbulo contorcido proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal. (TORTORA & DERRICKSON, 2016) Na primeira etapa de formação da urina, na FG, a maior parte do plasma sanguíneo atravessa a parede dos capilares glomerulares, onde são filtrados e passam para a cápsula de Bowman. Regressa na corrente sanguínea mais de 99% do filtrado glomerular, por meio da reabsorção tubular, que modo que apenas 1 e 2L são excretados como urina. (TORTORA & DERRICKSON, 2016) As substâncias filtradas do sangue passam por três barreiras – a célula endotelial glomerular, a lâmina basal e uma fenda de filtração formada por um podócito. Juntos, os capilares glomerulares e os podócitos formam uma membrana de filtração. Esta configuração permite a filtração de água e de pequenos solutos e impede a filtração da maior parte das proteínas plasmáticas, células sanguíneas e plaquetas. Entre as substâncias livremente filtradas mais comuns, estão os íons sódio, potássio, cloreto, bicarbonato, glicose, ureia, aminoácidos e peptídeos, como a insulina e o hormônio antidiurético (ADH). (GUYTON& HALL, 2017) As células endoteliais possuem poros (frenestações), bastante permeáveis e pequenos no tamanho. Esse tamanho impossibilita a passagem de células sanguíneas e plaquetas para que ocorra a filtração. Formando, assim, a chamada barreira de tamanho. As células mesangiais ajudam a regulação da filtração glomerular através do seu mecanismo de contração. Quando as células mesangiais estão relaxadas, a área de superfície é máxima, e a filtração glomerular é muito alta. A contração das células reduz a área de superfície disponível, e a filtração glomerular diminui. (TORTORA & DERRICKSON, 2016) A lâmina basal consiste em fibras colágenas minúsculas e proteoglicanos em uma matriz glicoproteica; as cargas negativas na matriz impedem a filtração de proteínas plasmáticas maiores carregadas negativamente, formando, assim, uma barreira de carga. (TORTORA & DERRICKSON, 2016) Em cada podócito existem milhares de pedicelos. Os espaços entre os pedicelos são as fendas de filtração, formada de uma fina membrada da fenda. Isso possibilita a passagem de moléculas que tem um diâmetro menor do que 0,006 a 0,007 μm, incluindo a água, a glicose, as vitaminas, os aminoácidos, as proteínas plasmáticas muito pequenas, a amônia, a ureia e os íons. (TORTORA & DERRICKSON, 2016) A filtração glomerular (FG) depende de três principais pressões. A pressão hidrostática glomerular do sangue (PHGS), a pressão hidrostática na cápsula de Bowman (PHC) e a pressão coloidosmótica do sangue (PCOS). (GUYTON & HALL, 2017). A PHGS consiste na força que o sangue faz na parede do capilar, que favorece a filtração. Ela é aproximadamente 60mmHg. Quanto maior a P.A., maior a pressão hidrostática do sangue nos capilares. A PHC é a pressão do líquido na parede da cápsula, que dificulta a chegada de mais líquido, portanto, é uma força contraria a filtração, de aproximadamente 18mmHg. A PCOS do glomérulo é decorrente da presença de proteínas, de forma que o solvente vai do meio menos concentrado para o mais concentrado. É uma força que favorece a volta do líquido que está na cápsula para os glomérulos, ou seja, vai contra a filtração, de aproximadamente 32mmHg. A PCOS da cápsula, em estado fisiológico normal, é praticamente nula (GUYTON & HALL, 2017). Figura 4 – Resumo das forças que causam filtração pelos capilares glomerulares. Os valores mostrados são estimados para humanos saudáveis. HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton& Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. Além das pressões citadas, possui, também, o coeficiente de filtração glomerular. Em que, quanto maior o coeficiente, maior será o nível de filtração no glomérulo (GUYTON & HALL, 2017). Para aumentar ou diminuir a filtração, as arteríolas aferentes e eferentes dos glomérulos vão provocar variação da quantidade de sangue por meio de sua contração ou distensão. A constrição da arteríola aferente reduz a passagem de sangue para o glomérulo e consequentemente a pressão hidrostática glomerular e a filtração, enquanto sua dilatação promove a entrada de maior quantidade de sangue, elevando tanto a pressão hidrostática glomerular, quanto a taxa de filtração glomerular. (GUYTON & HALL, 2017). O aumento da pressão arterial e estiramento da parede capilar permitem a passagem de íons de cálcio para as células musculares lisas, despolarizando a membrana resultando na contração do músculo liso da arteríola aferente. Em contrapartida, a diminuição da pressão arterial provoca dilatação da arteríola aferente. Esse mecanismo é denominado regulação miogênica. (GUYTON & HALL, 2017). Outra maneira renal de controlar a filtração, é o feedbacktubuloglomerular. Por meios não conhecidos, as células da mácula densa detectam aumentona concentração de NaCl e provocam a vasoconstrição da arteríola aferente e diminuem a FG. Se a concentração de NaCl é baixa, a mácula densa provoca dilatação da arteríola aferente e estimula a produção de renina nas células justaglomerulares, que contrairá as arteríolas eferentes. (GUYTON & HALL, 2017). Por outro lado, a vasoconstrição da arteríola eferente, dificulta a saída de sangue para os capilares peritubulares, dessa forma a pressão hidrostática do glomérulo aumenta e a filtração também. Entretanto, caso a constrição da arteríola eferente seja intensa e longa, haverá aumento excessivo da pressão coloidosmótica como consequência da concentração de proteínas plasmáticas, e a filtração glomerular será reduzida. (GUYTON & HALL, 2017). A atuação do sistema nervoso simpático, norepinefrina, epinefrina e endotelina diminuem a filtração glomerular. O óxido nítrico e prostaglandinas aumentam a filtração glomerular. (GUYTON & HALL, 2017). Ao término da filtração glomerular, o ultrafiltrado segue para as regiões dos túbulos renais: túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal, túbulo coletor e ducto coletor; onde algumas substâncias serão reabsorvidas e outras serão secretadas. (GUYTON & HALL, 2017). No ultrafiltrado, ocorre a reabsorção e secreção de diversas substâncias ao longo de porções diferentes dos néfrons. No túbulo proximal, cerca de 65% de sódio, água e cloreto filtrados são reabsorvidos. Possui grande quantidade de mitocôndrias e alto metabolismo nas células epiteliais do túbulo proximal, o que permite suportar os transportes ativos. Além disso, permitem um transporte rápido de sódio devido à extensa borda em escova das células tubulares. Na primeira metade do túbulo proximal, o sódio é absorvido por cotransporte junto com a glicose e aminoácidos e, no restante, à íons cloreto. A creatinina não é absorvida nessa região, ocorre secreção de ácidos e bases orgânicas, como os sais biliares, oxalato, urato, além de fármacos e toxinas que necessitam ser excretadas na urina (AIRES, 2018). Após a passagem pelo túbulo proximal, o ultrafiltrado vai para a alça de Henle, a qual possui três segmentos: descendente delgado, ascendente delgado e ascendente espesso. Cerca de 20% da água é absorvida no segmento descendente, enquanto os outros segmentos são impermeáveis a ela. 25% do sódio, cloreto e potássio são reabsorvidos na porção ascendente espessa. Além disso, ocorre a reabsorção paracelular de magnésio e cálcio (AIRES,2018). Já no túbulo distal é praticamente impermeável à água e ureia e absorve íons sódio, potássio e cloreto na sua porção inicial. A segunda metade e o túbulo coletor cortical possuem características semelhantes. As células principais neles presentes reabsorvem sódio e água e secretam potássio, as células tipo A reabsorvem bicarbonato e potássio e secretam H⁺, as células do tipo B reabsorvem H⁺ e secretam bicarbonato e potássio. (GUYTON & HALL, 2017). Quanto ao ducto coletor, reabsorvem menos de 10% de água e do sódio filtrados. A sua permeabilidade à água na presença de ADH (hormônio antidiurético) pelos canais de aquoporina tipo 2. Quando em níveis elevados, a água é absorvida em grande quantidade para o interstício medular, reduzindo a quantidade de urina e deixando-a mais concentrada. Além disso, a acidificação urinária e manutenção do equilíbrio ácido-básico dependem da secreção de potássio e da secreção de hidrogênio. (GUYTON & HALL, 2017). O processo de reabsorção tubular é um processo altamente seletivo, ao contrário da filtração glomerular. As substâncias têm que atravessar duas paredes, a do túbulo do renal e a dos capilares peritubulares. O movimento pode ocorrer quer de forma passiva, por difusãoosmótica (reabsorção da água) ou por transporte passivo de acordo com o gradiente químico ou eletroquímico (transporte de cl– ou de ureia), quer de forma ativa (transporte de glicose), contra o gradiente químico ou eletroquímico, necessitando de uma grande quantidade de energia. Esse processo de regulação é essencial para obter o equilíbrio. Para auxílio desse controle, encontra-se o denominado equilíbrio glomerulotubular o qual é a capacidade intrínseca dos túbulos (que ocorre especialmente na alça de Henle) de aumentar sua intensidade de reabsorção em resposta a elevação da carga tubular. (GUYTON & HALL, 2017). A reabsorção ainda dependerá das forças hidrostáticas e coloidosmóticas da área capilar e da condutividade hidráulica capilar. A força hidrostática envolve a pressão arterial, e a resistência das arteríolas aferente e eferente. Já a atuação das forças coloidosmóticas, recebe o auxílio da pressão coloidosmódica plasmática e a taxa de filtração glomerular. (GUYTON & HALL, 2017). 3.2 A regulação ácido básico O equilíbrio ácido-base é mantido por meio de tamponamento químico e por atividade pulmonar e renal. No foco renal, o mecanismo depende da excreção de H+ e do HCO3−. Neste sentido, os rins controlam essa reabsorção, ocorre principalmente na parte túbulo distal final e ducto coletor, no qual tem células principais e intercaladas que é dividida em tipo A e tipo B, as suas funções são respectivamente, reabsorção de bicarbonato e secreção de hidroxila e reabsorção de hidroxila e excreção de bicarbonato. Além disso, estão relacionados a alcalose e acidose (GUYTON & HALL, 2017). O sistema urinário participa do controle da regulação hidro-eletrolítica. A regulação da quantidade dos íons H+ assemelha-se a de outros íons, portanto, para ocorrer a homeostasia é necessário que exista um equilíbrio entre ingestão e produção e a remoção efetiva de H+. Entretanto, no controle desses íons existem mecanismos específicos como: tamponamentos e excreção renal (AIRES, 2018). O equilíbrio ácido-base envolve o tamponamento que ocorre nos fluídos corporais, o mecanismo de eliminação de CO2 pelos pulmões e a excreção renal, ácida ou básica. Para compreender o objetivo, é necessário destacar que H+ são componentes ácidos e, os íons que são capazes de recebe-los são denominados de bases (HPO4, OH-, etc)(GUYTON & HALL, 2017). O sistema renal é responsável por vários processos de excreção de H+, é o mecanismo mais lento, porém possui maior eficácia. O mecanismo global é caracterizado pela contínua excreção de HCO3- para os túbulos e a grande quantidade de H+ excretada no lúmen tubular pelas células epiteliais tubulares. Caso ocorra a excreção em maior quantidade da base a urina será ácida, caso ocorra a excreção em maior quantidade do ácido a urina será básica(GUYTON & HALL, 2017). Os rins regulam essa excreção de 3 formas: secreção de H+; reabsorção de HCO3-, produção de novo HCO3-. A secreção ocorre em praticamente todo o túbulo, exceto em algumas porções da alça de Henle. Essa secreção ocorre por transporte ativo secundário, ou seja, há o contra- transporte de sódio-hidrogênio, a energia para secreção do H+ é derivada do gradiente dissipado pelo sódio. Ao mesmo tempo que ocorre a secreção de íons H+, que na maior parte foi gerado pela dissociação do H2CO3 produz o íon HCO3-, ou seja, excretou-se um H+ e como resultante reabsorveu HCO3-(GUYTON & HALL, 2017). 3.3 Exames laboratoriais Nesse objetivo, torna-se importante discutir as alterações dos exames laboratoriais da paciente. Devido ao descuido e/ou desinformação, o quadro clinico da Mariângela evoluiu para pior, por não tratar os cálculos renais que fora comprovado a existência de oxalato de cálcio. Consequentemente a isso, pode-se perceber a presença de dados sinais e sintomas verificados nos exames. Com a piora do quadro possibilitou a insuficiência renal, ou seja, os rins passaram a ser deficientes,principalmente na filtração. Provocando assim, o aumento da pressão arterial, acumulo de eletrólitos no sangue, impossibilidade da excreção de hidrogênio (alteração no ph), metabólicos, como a hemoglobina, ureia e creatinina, acumulando na corrente sanguínea. Pode-se comprovar nos exames laboratoriais da pacientes as seguintes alterações:Fr: 28irpm (valor referencial 12 a 22irpm); PA: 150x100mmHg (120x80mmHg); FC aumentada; hemácias: 3.800.000\mm3 (4.0-6.0); hemoglobina: 10,8g/dL (12,0-15,0g/dL); ureia: 270mg/dL (<50mg/dL); creatinina: 6,0 mg/dL (<1,5mg/dL); potássio: 5,5 Eq/L (3,5-5,0mEq/L); pH urinário: 4,5 (6,0) (CELMO PORTO, 2014). 3.4 Programas Governamentais Ao refletir sobre o modelo assistencial do SUS com foco na gestão de cuidados de pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), percebe-se que há uma definição para a organização da linha de cuidados para pessoas que possuem essa doença, e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial purê-dialítico. Dessa forma, o Ministério De Estado da Saúde dispõe, na Constituição, de aspectos importantes como: Diretrizes e critérios para a organização da linha de cuidado à pessoa com DRC; das tipologias e atribuições das unidades de atenção especializada ambulatorial em DR; da adesão e habilitação para integrar a linha de cuidado da pessoa com DRC; da adesão e habilitação para integrar a linha de cuidado da pessoa com DRC; da composição das equipes; do financiamento; do monitoramento e avaliação. Esses aspectos foram contemplados de forma embasada nas Portarias da Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal de 2014; Política Nacional de Regulação do SUS; Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS; Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS); Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do SUS; Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), entre outras. Assim, pessoas que convivem com essa doença podem melhor entender seus direitos perante o Sistema Único de Saúde, através de Serviços de Atenção a Doença Renal Crônica. 3.5 Ações Hormonais A regulação hormonal na função renal atua por meio, principalmente, do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Esse processo é ativado quando há uma baixa da pressão arterial representada por hipovolemia e hipernatremia (concentração do soluto no solvente), essa baixa da pressão estimula o núcleo ventromedial do hipotálamo e córtex cerebral, os quais reconhecem essa queda através de osmorreceptores(GUYTON & HALL, 2017). Esse estímulo gera redução da filtração renal que provocará a secreção da enzima renina na região justaglomerular (célula macula densa), essa enzima transformará o angiotensinogênio em angiotensina I. A angiotensina I é convertida em angiotensina II no pulmão pela enzima ECA (enzima conversora de angiotensina), a angiotensina II é responsável por estimular a hipófise (ADH), o córtex cerebral (sensação de sede), as glândulas suprarrenais (aldosterona) e a vasoconstrição da artéria eferente para reter o fluxo do plasma no glomérulo(GUYTON & HALL, 2017). Como a pressão está baixa (hipovolemia) há a secreção de ADH para haver maior reabsorção de água, evitando a perda de liquido, tentando conter a hipovolemia, a sensação de sede realizada pelo córtex possui o intuito de aumentar a hipovolemia no corpo, a secreção de aldosterona pelas suprarrenais aumenta a reabsorção de sódio e água e a vasodilatação da artéria renal constrição da artéria renal aferente, diminui a filtração glomerular evitando a perda de água. Além de aumentar a pressão arterial e secretar potássio(GUYTON & HALL, 2017). Ademais, o ADH aumenta a permeabilidade e reabsorção de água no ducto coletor, pelo canal de aquoporina 2 e nas células principais. Ele também é secretado pela na pressão arterial diminuída e desidratação. Esse antidiurético é produzido no hipotálamo e secretado pela neuro-hipófise. Alem disso, existe também a eritropoetina, responsável por estimular a produção de eritrócitos e células vermelhas, na sua falta podendo causar anemia(GUYTON & HALL, 2017). Os rins produzem a forma ativa da vitamina D, 1,25-di-hidroxivitamina D3 (calcitriol). Ele é responsável pela reabsorção de cálcio e faz com que o seu metabolismo ocorra adequadamente. Na pele, através dos raios solares, é inserida a forma inativa da vitamina D3, a qual atravessa o fígado ate o rins, onde produz o calcitriol, possibilitando a reabsorção de cálcio. Sua deficiência pode causar artrite, lúpus, diabetes e até câncer(GUYTON & HALL, 2017). As células do especificas dos átrios cardíacos secretam o peptídeo natriurético atrial (PNA). A concentração desse peptídeo permite a inibição da reabsorção de sódio e agua nos túbulos renais, além da inibição da renina e, consequentemente, da angiotensina 2 que, por sua vez reduz a reabsorção tubular renal. Isso faz com que aumenta a excreção urinaria, o que auxilia a retornar o volume sanguíneo ao normal(GUYTON & HALL, 2017). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, conclui-se que apesar de muitas vezes associarmos o funcionamento dos rins a eliminação de matérias indesejadas ingeridas ou produzidas metabolicamente, este apresenta uma segunda função fundamental, que é a de controlar o volume e a composição dos eletrólitos dos líquidos corporais. Além disso, é importante ressaltar que os rins realizam suas funções mais importantes pela filtração do plasma e pela posterior remoção de substancias do filtrado em intensidades variáveis, dependendo da necessidade do organismo. Ou seja, os rins purificam as substancias indesejadas do filtrado, e, portanto, do sangue, por excreta- las na urina, enquanto devolve as substancias que são necessárias à corrente sanguínea. No entanto, além destas funções é importante salientar também o desempenho dos rins em outros fatores na manutenção da homeostase. Tais como, a regulação do equilíbrio da água e dos eletrólitos, o qual está diretamente relacionado aos respectivos ganhos e os hábitos de vida dos indivíduos. Além do papel dominante na regulação da pressão arterial a longo prazo, pela excreção de quantidades variáveis de sódio e água. E a secreção de hormônios e fatores ou substancias vasoativas, como por exemplo a renina que leva a formação de produtos vasoativos, como a angeostesina II. Outro fator, é atuação dos rins no controle ácido-base, junto com os pulmões e os tampões dos líquidos corporais, pela excreção de ácidos e pela regulação dos estoques de tampões dos líquidos corporais. Sendo os rins, a única forma de eliminar certos tipos de substancias, como ácidos sulfúricos e fosfórico, gerados pelo metabolismo de proteínas. Um outro ponto importante, é a regulação da produção de eritrócitos, o qual os rins secretam eritropoietina que estimula a produção de hemácias pelas células tronco hematopoiéticas na medula óssea, e atuação da hipóxia neste processo. Além de exercer o importante papel para manutenção da forma ativa da vitamina D, através da regulação da produção da 1,25-Di- hidroxivitamina D3. E por fim, sua colaboração na síntese de glicose, através da gliconeogênese, o qual durante o jejum prolongado os rins sintetizam glicose a partir de aminoácidos e outros precursores. Demostrando assim, a necessidade de se compreender a atuação do sistema renal na manutenção da homeostase.5. REFERÊNCIAS AIRES, M. M.; Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. BRASIL. Portaria nº 389, de 13 de março de 2014. Diretrizes ClÍnicas Para O Cuidado Ao Paciente Com Doença Renal Crônica – Drc no Sistema Único de SaÚde: 1. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. v. 1, n. 1, seção 1, p. 1-37. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_clinicas_cuidado_paciente_renal.pdf >. Acesso em: 02 de Agosto de 2019. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. PORTO, C. C.; Semiologia médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. STANDRING, S.; Gray's anatomia: a base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B.; Princípios de anatomia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
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