Buscar

furto e roubo

Prévia do material em texto

1 
FURTO e ROUBO 
Prof. Gabriel Habib 
2018. 
 
 
FURTO (art. 155, CP) 
 
“Subtrair”: Retirar, pegar. 
 
“Para si ou para outrem”: Animus rem sibi habendi. Elemento subjetivo 
específico do tipo. O agente na subtração deve ter o ânimo de 
assenhoramento definitivo do bem subtraído, definitivamente. Por conta 
desse elemento é que o furto de uso é atípico, pois não há o animo de 
assenhoramento. 
 
Nelson Hungria entende que no furto de uso, os custos do combustível, da 
ligação realizada pelo um aparelho celular subtraído, constituem crime de 
furto destes. Diferentemente da doutrina majoritária, que entende ser fato 
atípico. 
 
Perdimento da coisa durante o furto de uso: 
1ª Posição: Há o furto, embora o agente tenha agido sem animus rem sibi 
habendi, houve a perda patrimonial do proprietário. Posição de Weber 
Martins Batista e doutrina majoritária. 
 
2ª Posição: Fato atípico. Embora a coisa tenha se perdido, o agente agiu 
sem animus rem sibi habendi. 
 
Furto x Dano (Art. 163, CP) 
 2 
No furto há a subtração com o ânimo de assenhoramento, no dano, o dolo é 
destruir, inutilizar ou danificar a coisa. 
 
Furto x Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345, CP) 
No furto há uma subtração de bem ilegitimamente. Porém se o agente subtrai 
para satisfazer obrigação legítima, configura o art. 345, CP. Ex. Subtração 
para satisfazer direito de crédito. 
 
“Coisa alheia”: Coisa que pertence a outrem. Razão pela qual proprietário 
do bem não pode ser o autor do delito de furto. 
 
“Móvel”: Coisa que pode ser deslocada do seu lugar de origem. 
 
Avião e embarcações: São coisas móveis, podem ser objeto de furto. 
 
Animais: Sim, os semoventes podem ser objeto de crime de furto. 
 
O parágrafo 6º fala em animais domesticáveis, pois têm proprietário. 
 
Res nullius: Coisa de ninguém. Ex. Peixe no mar. Não pode ser objeto de 
furto. Pois a coisa deve ser alheia (de alguém). 
 
Res derelicta: Coisa abandonada. Ao abandonar uma coisa, sai do 
patrimônio de quem o abandonou, houve uma disposição do bem (direito de 
propriedade), a coisa deixa de ser alheia, não podendo ser objetivo material 
de furto. 
 
Res desperdita: Coisa perdida. Não pode ser objeto de furto. Quem a 
encontrar responde por apropriação de coisa achada, art. 169, parágrafo 
único, II, CP. 
 
 3 
 
Coisa deve ter valor econômico? 
1ª Corrente: Sim, pois crime é contra patrimônio, devendo ter valor 
econômico. Fragoso. 
 
2ª Corrente: Não, pois tipo não exigiu, sendo a interpretação literal. Abrange 
bens de valor afetivo. Corrente majoritária. Nelson Hungria, Luiz Régis Prado, 
Celso Delmanto, Guilherme de Souza Nucci, Rogério Greco, Weber Martins 
Batista. 
 
Causa de aumento de pena: § 1º Repouso noturno 
“A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno”. 
 
Repouso noturno é o período que as pessoas estão em descanso, onde há 
uma redução da vigilância favorecendo a subtração. 
 
Furto pode ser tanto intra muros (dentro de casa) quanto extra muros (carro 
estacionado na rua). 
 
Casa deve estar habitada para caracterização? 
1ª Corrente: Sim, a casa deve estar habitada. Pois há a redução da 
vigilância do local onde ocorreu aquele furto. Não havendo habitação, não há 
como haver a redução da vigilância. Cezar Roberto Bitencourt. 
 
2ª Corrente: Não precisa estar habitada. A vigilância é comunitária, daquela 
coletividade. STJ no AgRg no REsp 1.546.118/MG. 
 
Furto a estabelecimento comercial incide a majorante? 
Para STJ sim, abrange estabelecimento empresarial AgRg no REsp 
1.546.118/MG. 
 4 
 
 
§ 2º Furto privilegiado 
“Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois 
terços, ou aplicar somente a pena de multa”. 
 
Incide sobre o caput e sobre as qualificadoras. Entendimento da doutrina em 
geral. 
 
Requisitos: Agente primário + coisa de pequeno valor 
 
Primário: Doutrina entende que é aquele que não é reincidente. 
 
Coisa de pequeno valor: Não se confunde com insignificância. Não 
ultrapassa o valor o valor de um salário mínimo no momento da conduta. 
 
Diferença para 171 § 1º: No estelionato, há um prejuízo alheio, que é levado 
em consideração pelas condições financeiras da vítima. Não importando o 
valor da vantagem ilícita, e sim, o prejuízo causado à vítima. 
 
Direito ou faculdade do acusado? 
Se acusado for primário e coisa é de pequeno valor, entende-se por direito 
subjetivo do acusado. 
 
Furto pode ser qualificado e privilegiado? 
STF e STJ entendem que sim. Informativo nº 580 o STF passou a admitir que 
o furto fosse qualificado e privilegiado na mesma condicionante do homicídio: 
se a qualificadora tiver natureza objetiva. Sendo acompanhado pelo STJ, que 
editou a súmula nº 511. 
 
 5 
§ 3º Equiparação à coisa móvel 
“Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico.” 
 
“Qualquer outra que possua valor econômico”: Esperma de animal, 
energia eólica, radioatividade. 
 
Captação de TV a cabo configura o tipo penal? 
 
1ª Corrente: Não configura o tipo penal, pois é uma mera captação de 
imagens. Constituindo uma analogia in malan partem. Posição de Greco, 
Cezar Roberto Bitencourt, STF (Inf. 623 – HC 97.261). 
 
2ª Corrente: Sim, é uma forma de energia. O sinal é distribuído mediante 
impulsos elétricos. Posição do STJ. RHC 30.847; REsp 1.123.747. 
 
Art. 35 Lei 8.977/95: Poderia ser um ilícito penal, porém, não há preceito 
secundário. 
 
Não se confunde com quem distribui clandestinamente o sinal de 
internet. 
Crime previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97 – Lei da Anatel (Controvertido). 
STF e STJ são controvertidos sobre o tema (sinal de internet ser serviço de 
valor adicionado). 
STF entendeu no Inf. 883, que distribuição clandestina de internet não 
constitui esse crime, pelo fundamento legal do art. 61, § 1º da Lei nº 
9.472/97. Constituindo mero serviço de valor adicionado. 
De outro giro, o STJ entende que constitui crime, se limitando a dizer que 
sinal de internet é sinal de telecomunicação. 
 
Princípio da insignificância no exercício da radio clandestina. 
 6 
Para STJ não se aplica, pois é crime de perigo abstrato. Já para o STF, se 
aplica, em hipóteses quando a potência da rádio não gerar um alcance 
superior a 35 W de potência. 
 
Insignificância na distribuição de sinal clandestino de internet 
Para STF não aplica, pois não constitui crime. 
Já o STJ Possui súmula recente que não se aplica o princípio da 
insignificância. Súmula 606. 
 
§ 4º Furto qualificado 
“A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:” 
 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 
Obstáculo: Qualquer aparato que tenha por finalidade à proteção da coisa. 
Desde que não faça parte dela. Ex. fechadura, cadeado. 
 
É necessário perícia? 
Sim, para comprovação da qualificadora. 
 
Existe concurso com crime de dano? 
Não. Pois o dano já foi considerado na qualificadora. Não incidindo em 
concurso. 
 
A destruição do obstáculo pode ocorrer antes ou depois do ato executório, 
mas sempre antes da consumação. Para o autor, ultrapassar o obstáculo não 
é destrui-lo ou rompê-lo. 
 
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 
 7 
Abuso de confiança: Agente deve usar/fruir da relação de confiança entre 
ela e a vítima. Em relação ao empregado doméstico, não é por que é 
empregado que já caracteriza o abuso de confiança. Deve-se buscar relação 
anterior de confiança entreautor e vítima. Ex. vítima que deixa as chaves 
com o autor. 
 
 
Fraude: Mesmo conceito de fraude do estelionato. Induzir ou manter alguém 
em erro. 
 
Furto qualificado pela fraude x estelionato 
No furto, o agente utiliza da fraude para desviar a atenção da vítima e subtrai 
o bem, já no estelionato, o agente usa a fraude para induzir a vítima em erro 
e entregar o bem ao agente. 
 
Falso Manobrista: Exemplo clássico de estelionato de acordo com corrente 
majoritária. 
 
Fraude do relógio medidor de consumo de energia elétrica: Crime de 
estelionato de energia elétrica. Pois a energia é enviada direto para o 
fraudador que a desvia. Doutrina majoritária. 
 
Escalada: É o acesso anormal à coisa. Entrar na casa pelo telhado, entrar 
pelo porão, chaminé... Exige um esforço físico incomum do agente 
 
Destreza: Agilidade, habilidade extrema do agente furtador. Que subtrai a 
coisa sem que vítima perceba. Se vítima perceber, não incide a qualificadora. 
Se terceiros perceberem, mas, vítima não, incidirá a qualificadora. 
 
III - com emprego de chave falsa; 
 
 8 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas; 
 
Menores são contabilizados. 
 
Concurso de crimes com Art. 244-B ECA 
Caso o agente pratique o delito com menor, já há o concurso de crimes com 
o delito de corrupção de menores (art. 244-B ECA). Estará configurado o tipo 
penal mesmo que o menor já tenha cometido outros crimes, por tratar-se de 
crime formal (Súmula 500 STJ). 
 
Mera adesão incide a qualificadora? 
Sim, desde que seja durante a execução do crime. 
 
É necessário que duas pessoas executem o delito pessoalmente? 
 
1ª Corrente: É necessário que as duas ou mais pessoas estejam executando 
o delito pessoalmente. Posição majoritária. Weber Martins Batista. 
 
2ª Corrente: Não é necessário. Heleno Fragoso e Guilherme de Souza 
Nucci. 
 
Concurso de pessoas no furto e Associação Criminosa (Art. 288, CP) 
 
1ª Posição: Não se aplica o concurso de pessoas, por caracterizar bis in 
idem. Devendo caracterizar o art. 288, CP e o furto simples, art. 155, caput. 
Rogério Greco. 
 
2ª Posição: Pode se aplicado o furto qualificado pelo concurso de pessoas 
em concurso com o delito de associação criminosa, não caracterizando bis in 
idem, já que os bens jurídicos tutelados são diferentes e as consumações 
ocorrem em momentos diferentes. STJ. 
 9 
 
Hibridismo Penal: Questão julgada pelo STF presente nos informativos 499 
e 501 do STF. O concurso de pessoas no roubo é uma qualificadora, já no 
roubo, é uma causa especial de aumento de pena. A tese consistia em 
aplicar no furto o aumento de pena previsto no roubo, ficando a pena menor, 
sendo melhor para o réu. O STF entendeu que a analogia proposta pela 
defesa não devia ser acatada, já que a analogia pressupõe lacuna na lei, o 
que não acontecia. Súmula 442 STJ. 
 
Incidência de duas qualificadoras previstas no § 4º 
Uma deverá incidir como qualificadora e a outra como circunstância judicial 
para definição da pena base (art. 59, CP). 
 
Pluralidade de pessoas configura ameaça? 
STJ entende que não, logo, não converte a conduta em roubo. 
 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver 
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
É uma qualificadora, pois traz uma nova pena base e novos elementos 
típicos. Trata-se de uma norma penal em branco homogênea. 
 
Explosivo ou artefato de efeito análogo que cause perigo comum: Art. 
3º, LI, do Decreto nº 3.665/2000. Regulamenta o Estatuto do Desarmamento. 
 
Perigo comum: Número indeterminado de pessoas. 
 
Tipificação antes da Lei nº 13.654/18: Art. 155, § 4º, I c/c Art. 251, § 2º, na 
forma do art. 70, 2ª parte do CP. Pena mínima = 6 anos. Após a Lei nº 
13.654/18, pena mínima = 4 anos. 
 
 10 
Consequência: Retroatividade da lei mais benéfica. Art. 5º, XL da CRFB. 
 
Há concurso de crimes com art. 16, § único, da Lei nº 10.826/03? 
Para Gabriel Habib há a absorção do porte do explosivo e o furto, pelo 
princípio da concussão. Porém, se houver uma desconexão entre os fatos, há 
concurso de crimes. 
Para Rogério Sanches Cunha haverá concurso de crimes, já que o art. 16 é 
um crime hediondo, não seria possível absorver um delito hediondo por um 
crime não hediondo. 
Contudo, o Gabriel não concorda por vários motivos: 1. No princípio da 
consunção não existe a relação entre crime mais grave e crime menos grave, 
isso só existe na subsidiariedade; 2. No princípio da consunção o que importa 
é o primeiro crime ser meio necessário, independentemente de ser hediondo 
ou não. 
 
Duas qualificadoras em tese: § 4º-A e § 4º, I: Deve ser qualificado no § 4-A 
por ser mais grave. O § 4º, I é considerado na pena base. Não podendo se 
falar em furto duplamente qualificado. 
Caso não haja “perigo comum”, exigido no § 4º-A, pode ser qualificado no § 
4º, I, CP. 
 
Incide a majorante do § 1º? 
Sim, não há impedimento. Haverá um furto qualificado majorado. 
 
Não havendo dinheiro no caixa eletrônico: Crime impossível. Ausência 
total de patrimônio. 
 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
 
 11 
É necessário que o veículo seja efetivamente transportado para outro Estado 
ou exterior (deve cruzar fronteira). Doutrina pacífica. 
 
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em 
partes no local da subtração. 
 
“Abigeato”: Furto de animal domesticável de produção. Animais de 
estimação ou competição não estão abrangidos. 
 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a 
subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
Maior gravidade em razão do objeto material. A “coisa alheia móvel” é o 
próprio explosivo. Não é necessário que o agente utilize os explosivos, basta 
que os subtraia. 
 
Agente subtrai explosivo (art. 155, § 7º) e depois explode caixa 
eletrônico com os mesmos explosivos (art. 155, § 4º-A). 
 
1ª Orientação: Concurso de crimes: § 4-A em concurso com § 7º. 
2ª Orientação: Princípio da consunção. Absorção do delito do § 4º-A pelo § 
7º. 
 
Não há definição jurisprudencial ainda. Para Gabriel Habib se condutas 
praticadas em momentos desconexos, em outro contexto fático, haverá o 
concurso de crimes. Se no mesmo contexto fático, há absorção. 
 
Consumação do Furto 
 
 12 
Teoria da Concrectatio: O furto se consuma no momento em que o agente 
toca a coisa. 
 
Teoria da Illactio: O furto se consuma quando a coisa é levada ao local de 
destino. O que consistiria numa posse mansa e pacífica. 
 
Teoria da Amotio ou Apprehensio: O furto se consuma com o 
deslocamento da coisa do local onde se encontra. 
 
Teoria da Ablatio: O furto se consuma com a apreensão e deslocamento da 
coisa. 
 
Entendimento Doutrinário: 
 
1ª Corrente: Se consuma com o deslocamento da coisa da esfera de posse 
e disponibilidade da vítima. Não se exige a posse tranquila, basta que coisa 
ingresse na posse do agente furtador. Teoria minoritária. Damásio de Jesus. 
 
2ª Corrente: Retirada da coisa da esfera de posse e disponibilidade da 
vítima, ingressando na posse do agente, devendo o agente exercer a posse 
tranquila sobre a coisa, ainda que por curto espaço de tempo. Nelson 
Hungria. 
 
STJ/STF: Consuma-se com a subtração da coisa. Desnecessária posse 
mansa e pacífica. Ainda que haja a retomada da coisa mediante perseguiçãoimediata ou mesmo que não saia da esfera de vigilância da vítima. STJ - HC 
413.092/SP. STF – HC: 135.674. 
 
Câmeras de CTFV em estabelecimento 
Por si só não torna impossível o crime de furto. Súmula 567 STJ. 
 
 13 
Furto Famélico 
Furto de alimento como sendo a única e última forma de manter-se vivo e 
saudável. 
 
Natureza Jurídica: Estado de Necessidade. Abrange somente alimento, não 
podendo ser bebida alcoólica etc. Não pode ser meio de vida, deixando de 
ser uma conduta penalmente relevante. 
 
 
Trombada. Furto ou Roubo? 
 
1ª Corrente: É roubo, pois há violência contra a pessoa. Guilherme de 
Souza Nucci. 
 
2ª Corrente: É furto. Weber Martins Batista. 
O STJ no REsp 778.800 entendeu ser roubo. Porém, no caso concreto, 
houve uma trombada seguida de uma agressão, o que realmente é uma 
violência contra a pessoa. 
 
Furto de arrebatamento 
 
1ª Corrente: Violência é contra a pessoa, é roubo. 
 
2ª Corrente: A violência é contra a coisa, caracterizando o furto. Posição de 
Weber Martins Batista. 
 
Agente que enfia a mão no bolso da vítima, mas o dinheiro está em 
outro bolso: Há a tentativa de furto, pois como havia patrimônio, bem correu 
perigo. Doutrina pacífica. 
 
 14 
Agente que enfia a mão no bolso da vítima, mas vítima não possui 
dinheiro: 
 
1ª Corrente: Tentativa de furto. A ausência total de dinheiro naquele 
momento é circunstância alheia à vontade do agente naquele momento. 
Nelson Hungria e Heleno Fragoso. 
 
2ª Corrente: Crime impossível. Posição majoritária. Magalhães Noronha, 
Damásio de Jesus Luiz Régis Prado, Rogério Greco, Weber Martins Batista. 
 
Princípio da especialidade: Artigos 156, 157, 312, 337 e 346 do CP. 
 
 
 
ROUBO (art. 157, CP) 
 
 
Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de resistência: 
 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
Bem jurídico tutelado 
Mesma controvérsia em relação ao bem jurídico bem jurídico do furto: 
 
1ª Corrente: O furto somente protege a posse. 
 
2ª Corrente: Somente se protege a propriedade. A perda da posse gera 
também a perda da propriedade. Nelson Hungria. 
 15 
 
3ª Corrente: Protege-se o patrimônio na vertente posse e propriedade. Não 
abrange a detenção. Magalhães Noronha, Guilherme de Souza Nucci e 
Rogério Greco. 
 
4ª Corrente: Protege-se a propriedade, a posse e a detenção lícita (como o 
caseiro da casa de veraneio). Posição majoritária: Damásio, Luiz Régis 
Prado, Heleno Fragoso, Cezar Roberto Bitencourt, Weber Martins Batista, 
Celso Delmanto. 
 
Crime complexo: Crime único resultado da fusão de dois ou mais delitos 
autônomos: Roubo = Furto (subtração, para si ou para outrem, de coisa 
móvel alheia) + constrangimento ilegal (mediante violência, grave ameaça ou 
qualquer outra forma de redução da capacidade de resistência) + lesão 
corporal (se cometido mediante violência). 
 
Destinatário da violência ou grave ameaça 
O destinatário da violência ou grave ameaça poderá ser pessoa diferente 
daquela que terá a diminuição patrimonial. 
 
Número de roubos 
Como se trata de crime contra o patrimônio, mesmo que várias pessoas 
sofram o constrangimento ilegal, porém, tendo-se apenas um patrimônio 
subtraído, é caracterizado apenas um único roubo. Sendo o número de 
sujeitos passivos do constrangimento considerados na dosimetria da pena 
(art. 59, CP). 
 
 
Consentimento do ofendido 
O consentimento do ofendido não se aplica no roubo. 
 16 
Princípio da Insignificância: Não se aplica ao delito de roubo. Nenhuma 
violência ou grave ameaça pode ser tida como insignificante. 
 
Coisa alheia: Idem ao furto. Inclusive discussão sobre natureza econômica. 
 
Roubo famélico? 
Não há essa modalidade, devido à violência ou grave ameaça empregada. 
 
3 elementos como meio de execução: 
A) Violência física – Violência própria; 
B) Grave ameaça 
C) Redução da vítima à impossibilidade de resistência – Violência 
imprópria 
 
Grave ameaça: Deve ser real, depende das condições da vítima. Para 
 
Hipnose: Pode ser forma de violência imprópria. 
 
“Subtrair”: Animus rem sibi habendi. 
 
Roubo de uso: Não existe roubo de uso. Porém, se ausente o animus rem 
sibi habendi, ou seja, agente empregando um dos 3 meios de execução, usa 
e devolve o bem: 
 
1ª Corrente: Há roubo. Embora subtração não tenha animus rem sibi 
habendi. O agente empregou violência ou grave ameaça, o que caracteriza o 
crime de roubo. Guilherme de Souza Nucci. 
 
2ª Corrente: Não há roubo. Pois há ausência do animus rem sibi habendi. 
Rogério Greco e Damásio de Jesus. Subsistindo o crime de constrangimento 
ilegal. 
 17 
 
Se após violência empregada, não há patrimônio no sujeito passivo? 
Trata-se de crime impossível, por ausência de patrimônio. 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, 
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a 
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
 
Diferenças entre o roubo próprio (caput) e o roubo impróprio (§ 1º). 
 
É possível a tentativa de roubo impróprio? 
 
1ª Corrente: Não se admite tentativa, pois se agente não empregar a 
violência ou a grave ameaça, será furto. Nelson Hungria, Noronha, Régis 
Prado, Mirabete, Vincenzo Manzini (Itália). Subsiste o crime de furto + 
tentativa de lesão ou tentativa de grave ameaça. 
 
 Roubo Próprio Roubo Impróprio 
Previsão 
Está previsto no caput 
do tipo penal 
Está previsto no §1º do 
tipo penal 
Meios Executórios 
Violência; Grave 
Ameaça e Violência 
Imprópria 
Violência própria e Grave 
Ameaça 
Momento de emprego 
dos meios 
executórios 
Antes da subtração Após a subtração 
Finalidade 
Empregada para a 
subtração 
Assegurar a detenção da 
coisa ou impunidade do 
agente 
 18 
2ª Corrente: Sim, há tentativa. O agente não conseguiu empregar a violência 
ou a grave ameaça por circunstância alheias à sua vontade. Heleno Fragoso. 
Weber Martins Batista, Guilherme de Souza Nucci, Celso Delmanto, Álvaro 
Mayrink, Rogério Greco, Francesco Antolisei (Itália). 
 
 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: 
 
Agente que incide em mais de uma majorante 
Uma causa deve ser considerada para majorante e a outra para a pena base. 
Não se deve aumentar 1/3 para cada majorante. Súmula 443 STJ. 
 
I – Revogado pela Lei nº 13.654/18 
 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoa; 
 
Aplica-se o mesmo entendimento do furto. Inclusive sobre a participação de 
imputáveis, o concurso de crimes com o art. 244 do ECA e a possibilidade de 
concurso com o delito previsto no art. 288 do CP. 
 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece 
tal circunstância; 
 
“Valores”: Pode ser dinheiro ou o que pode ser convertido em dinheiro, 
como joias, títulos de crédito e barras de ouro. 
 
Para Cezar Roberto Bitencourt: o “serviço de transporte de valores” é um 
serviço especializado, exclusivo de transporte de valores. Pessoa que leva 
dinheiro entre filiais não está englobada. 
 
 19 
“E o agente conhece tal circunstância”: Só admite dolo direto, não se 
admite dolo eventual. 
 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado 
para outro Estado ou para o exterior; 
 
Mesmo entendimento e discussões do furto. Inclusive sobre a efetiva 
necessidade de transposição do território. 
 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 
A restriçãoda liberdade tem dupla finalidade: Ou para executar o roubo, ou 
para garantir a sua impunidade. Não há a incidência do crime de sequestro 
ou cárcere privado, já que a privação da liberdade já foi inserida no tipo 
penal, isso quer dizer que o agente restringe a liberdade da vítima pelo tempo 
necessário para executar o roubo. 
 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, 
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
 
Há a subtração com violência ou grave ameaça de substâncias explosivas. 
Não é necessária a utilização dos explosivos ou acessórios. 
 
Agente que rouba explosivos e acessórios, depois os utiliza para roubo 
à banco. Há concurso de crimes? 
 
1ª Orientação: Concurso de crimes. Roubo do explosivo (art. 157, § 2º, VI) 
em concurso com o roubo ao banco com o emprego de explosivo (art. 157, § 
2º-A, II). 
 
 20 
2ª Orientação: Absorção do crime de roubo do explosivo (art. 157, § 2º, VI) 
pelo crime de roubo ao banco com o emprego de explosivo (art. 157, § 2º-A, 
II). 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 
Arma de fogo: Antes entendia-se qualquer arma, seja própria ou imprópria. 
Porém, com a restrição do legislador no termo “arma de fogo”, quem pratica o 
crime com arma que não seja de fogo, não pode ser incluído na majorante. 
 
Orientações de tipificação 
 
Roubo com arma que não seja de fogo: 
 
1ª orientação: Roubo simples (caput) + art. 19 LCP. 
 
2ª orientação: Roubo simples (caput) e arma que não de fogo, deve ser 
considerado na pena-base. 
 
Irretroatividade da parte mais severa: Aumento de 2/3. Se agente praticou 
roubo com arma de fogo antes da entrada em vigor da lei, aplica-se o § 2ª, I. 
 
No entanto, quem estava condenado, sentenciado ou indiciado pelo emprego 
de roubo majorado pelo emprego de arma não de fogo, deve retroagir. STJ. 
REsp 1.519.860/RJ 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
 21 
 
Basta o simples porte de arma ou é necessário empregá-la sobre a 
vítima? 
Em doutrina há duas correntes: 
 
1ª Corrente: Basta o simples porte da arma, ostensivo. Posição majoritária de 
Nelson Hungria, Luiz Régis Prado, Rogério Greco e Weber Martins Batista. 
 
2ª Corrente: É necessário o emprego da arma, pois o tipo penal dispõe 
“exercida com o emprego de arma de fogo”. Posição minoritária de Cezar 
Roberto Bitencourt e Sebastian Soler. 
 
Arma desmuniciada/Arma de brinquedo/Arma de Airsoft deve aumentar 
a pena? 
Divergência doutrinária que originou duas teorias: Teoria Objetiva e Teoria 
Subjetiva. 
 
Teoria Objetiva: Trabalha com o potencial lesivo da arma. 
Teoria Subjetiva: Trabalha com a intimidação da vítima. 
 
Potencial lesivo de arma de fogo: Consiste em lançar um projétil ao ar por 
deflagração de carga explosiva. 
 
Teoria adotada em doutrina e jurisprudência: Teoria Objetiva. 
 
Arma de brinquedo: Não aumenta a pena. Fundamento na Teoria Objetiva, 
que não possui potencial lesivo. 
 
Arma verdadeira desmuniciada: Não aumenta a pena. Fundamento na 
Teoria Objetiva, que não possui potencial lesivo. Isoladamente Guilherme de 
 22 
Souza Nucci entende que há potencial lesivo, para o autor, basta que seja 
inserido o projétil. 
 
Necessidade de apreensão e perícia na arma? 
STF e STJ deixaram de exigir apreensão e perícia na arma de fogo, bastando 
que qualquer elemento de prova, inclusive a prova testemunhal comprove o 
mero emprego na ação delituosa. STJ HC 449.697/SP. STF HC 112.654/SP. 
TJRJ – AP 000.45141220158190019. 
 
 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de 
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
Concurso de crimes entre o art. 157, § 2º-A, II do CP com art. 16, PU, III 
da Lei nº 10.826/03. 
Pode acarretar a consunção desde que haja o mesmo contexto fático. 
 
Roubo Qualificado 
§ 3º Se da violência resulta: 
 
Tanto a lesão grave (inciso I) quanto a morte (inciso II) podem ocorrer a título 
de dolo ou culpa. 
 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, 
e multa; 
 
Redação alterada pela Lei nº 13.654/2014 que aumentou a pena máxima. 
Como consequência, haverá a irretroatividade da lei penal. 
 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
 
 23 
Crime complexo: Reúne em si dois tipos penais autônomos: Roubo + 
homicídio = Latrocínio 
 
Observações da doutrina majoritária: 
 
1 - Não se aplicam as majorantes do § 2º e § 2-A. 
 
2 - A morte deve decorrer da violência empregada. Se decorrer da grave 
ameaça (vítima idosa que morre devido a ataque cardíaco sofrido em razão 
da ameaça), será concurso de crime de roubo e homicídio (doloso ou 
culposo). 
 
Só se fala em latrocínio se o agente matar a vítima por três motivos: 
 
1 – Subtrair; 
2 – Garantir a subtração; 
3 – Garantia a impunidade; 
 
 
 
Latrocínio como crime hediondo 
De acordo com o art. 1º, II da Lei nº 8.072/90: “Art. 1º São considerados 
hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: II - 
latrocínio (art. 157, § 3º, in fine)”; 
 
Pela expressão “In fine”, o latrocínio deixou de ser crime hediondo? 
Aparentemente não. Pode ser entendido como “in fine” o inciso II. 
 
Competência para julgamento do latrocínio 
 24 
Como é crime patrimonial, a competência é do juízo comum. Súmula 603 
STF. 
 
Número de crimes 
Como se trata de crime patrimonial varia em razão do numero de patrimônios 
violados. 
 
Consumação e tentativa do latrocínio 
 
Roubo Homicídio Consumação 
Consumado Consumado Latrocínio Consumado 
Tentado Tentado Latrocínio Tentado 
Consumado Tentado Latrocínio Tentado 
Tentado Consumado 3 Correntes Doutrinárias 
 
1ª Corrente: Homicídio qualificado. Matar alguém para garantir a execução de 
outro crime. Art. 121, § 2º, V. Nelson Hungria 
 
2ª Corrente: Latrocínio Tentado. Pois nos crimes complexos quando um dos 
tipos penais se consuma e o outro fica tentado, trata-se de tentativa do crime 
complexo. Rogério Greco, Heleno fragoso e Frederico Marques. 
 
3ª Corrente: Latrocínio consumado. Súmula 610 do STF. 
 
Agente que acerta comparsa durante execução do crime quando erra na 
execução (tenta matar vítima). 
Latrocínio. Há erro na execução, na forma do art. 73 do CP. 
 
Consumação do Crime de Roubo 
Aplicam-se as quatro teorias do crime de furto: Contrectatio, Amotio, Ablatio e 
Ilatio. Assim como duas posições doutrinárias: 
 25 
 
1ª Corrente: Posse real e efetiva da coisa e o poder de disposição dela, 
transformando a mera detenção em posse pacífica da res. Luiz Régis Prado. 
 
2ª Corrente: Retirada da coisa da esfera de vigilância da vítima, tendo o 
roubador a posse tranquila da res. Não exige o poder de dispor da coisa. 
Nelson Hungria, Magalhães Noronha, Rogério Greco e Weber Martins 
batista. 
 
Jurisprudência: A consumação ocorre com a subtração do patrimônio, 
sendo desnecessária a posse mansa e pacífica, idem ao furto. Súmula 582 
do STJ. 
 
 
Especialidades do Crime de Roubo 
Art. 20 da Lei nº 7.170/83 
Art. 242 e 405 do Código Penal Militar. 
 
 
 
 
 
Sigam-me nas redes sociais: 
Instagram: professorgabrielhabib 
Página no Facebook: professorgabrielhabib 
Twitter: @habibpenal

Continue navegando