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Aula 16
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) -
Pós-Edital
Autor:
Michael Procopio
Aula 16
8 de Dezembro de 2020
1 
156 
AULA 16 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I 
 
SUMÁRIO 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I .................................................................................................. 1 
SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 1 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................................. 3 
2. DO FURTO ............................................................................................................................... 3 
2.1 FURTO ....................................................................................................................................... 3 
2.2 FURTO DE COISA COMUM ............................................................................................................ 15 
3. DO ROUBO E DA EXTORSÃO ....................................................................................................... 15 
3.1 ROUBO .................................................................................................................................... 15 
3.2 EXTORSÃO ................................................................................................................................ 32 
3.3 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO ................................................................................................ 37 
3.4 EXTORSÃO INDIRETA ................................................................................................................... 40 
4. DA USURPAÇÃO ...................................................................................................................... 41 
4.1 ALTERAÇÃO DE LIMITES ................................................................................................................ 41 
4.2 USURPAÇÃO DE ÁGUAS ................................................................................................................ 42 
4.3 ESBULHO POSSESSÓRIO ............................................................................................................... 42 
4.4 SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS .......................................................................... 43 
5. QUESTÕES ............................................................................................................................. 44 
5.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ......................................................................................... 44 
5.2 GABARITO ................................................................................................................................ 64 
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5.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS ........................................................................................ 65 
5.4 QUESTÃO DISSERTATIVA ............................................................................................................ 107 
6. DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA .........................................................................108 
7. RESUMO ..............................................................................................................................132 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................156 
 
Michael Procopio
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Nesta aula, iniciaremos o estudo dos crimes contra o patrimônio, aqueles que têm o patrimônio material 
como objeto jurídico. Estão previstos no Título II da Parte Especial do Código Penal. 
Referido título é composto de vários capítulos, sendo que apenas alguns deles serão vistos nesta aula. 
Abordaremos o capítulo I, denominado “Do Furto”, o capítulo II, que é chamado de “Do Roubo e da 
Extorsão” e o capítulo III, cujo nome é “Da usurpação”. 
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos: 
 
 
 
No capítulo do furto, estudaremos o furto simples, o furto majorado, o furto privilegiado, o furto qualificado 
e o furto de coisa comum. Quanto ao capítulo do roubo e da extorsão, veremos o delito de roubo, em todas 
as suas modalidades, a extorsão, a extorsão mediante sequestro e a extorsão indireta. No capítulo da 
usurpação, veremos os delitos de alteração de limites, usurpação de águas, esbulho possessório e supressão 
ou alteração de marca em animais. 
O conteúdo abordado é parte dos crimes patrimoniais, podemos dizer que estão neles contidos os mais 
relevantes para o estudo do tema. Os demais crimes patrimoniais serão vistos na aula seguinte. 
Desejo que a aula seja instigante, interessante e, mais que tudo, seja didática e suficiente para a 
compreensão do tema. Nosso estudo, como sempre, deve ser aprofundado, para que a prova nos pareça 
leve. 
E relembro: SIGA O PERFIL PROFESSOR.PROCOPIO NO INSTAGRAM. Lá, haverá informações relevantes de 
aprovação de novas súmulas, alterações legislativas e tudo o que houver de atualização, de forma ágil e com 
contato direto. Use as redes sociais a favor dos seus estudos. 
 
2. DO FURTO 
O Título II da Parte Especial do Código Penal se inicia pelo Capítulo I, denominado “Do Furto”. São previstas 
condutas de subtração de coisa, sem violência ou grave ameaça. 
2.1 FURTO 
O crime de furto está previsto no artigo 155 do Código Penal: 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Do Furto
Do Roubo e da 
Extorsão
Da Usurpação
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou 
de artefato análogo que cause perigo comum. 
Furto qualificado 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável 
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
A conduta incriminada é subtrair coisa alheia móvel. Subtrair é apropriar-se, pegar de outrem ou apoderar-
se. A conduta pode ser realizada direta ou indiretamente, mediante um uso de um macaquinho adestrado, 
por exemplo. 
O objeto material é coisa alheia móvel. Coisa é toda aquela suscetível de apropriação econômica. Em regra, 
estão excluídas as coisas de uso comum, como o ar ou a água. Há, entretanto, possibilidade, se houver o seu 
destacamento para uso, como no caso de furto de mil litros de água mineral no estoque da engarrafadora. 
O ser humano não pode serobjeto de furto, mas o seu cadáver, se destacado para uso científico, pode ser 
subtraído. 
Não podem ser objeto do furto a res derelicta, a coisa abandonada, por não possuir proprietário, a res 
nullius, que é a coisa de ninguém, como o peixe no mar, nem a res desperdita, que é a coisa perdida e cuja 
apropriação pode configurar o delito do artigo 169, parágrafo único, II, do Código Penal. 
A coisa deve ser móvel, sendo que os penalistas não se utilizam do conceito do Direito Civil. Deste modo, 
são móveis todos aqueles que podem ser transportados sem sua destruição ou desnaturação. Incluem-se 
os navios e aeronaves, considerados imóveis por ficção legal na esfera cível. Também estão abrangidos os 
semoventes, como cavalos e bois. 
A coisa também deve ser alheia. A esse respeito existem duas posições: 
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 A coisa deve ser de propriedade de outrem. Deste modo, se o sujeito se apropria de coisa sua, mas 
em poder de terceiro, pode cometer o delito do artigo 345 ou o previsto no artigo 346 do Código 
Penal. É a posição majoritária, defendida por Nelson Hungria. 
 A coisa pode ser do próprio sujeito ativo, pois o termo “alheio” também pode ser referir à legítima 
posse de outrem. Por isso, o proprietário que se apodera de coisa sua, que foi dada em penhor por 
exemplo, comete o crime de furto. É o entendimento de Magalhães Noronha. 
Se a coisa for um bem público ou um bem particular que está em poder da Administração Pública e for 
subtraída pelo funcionário público, valendo-se de suas funções, configura-se o crime de peculato. Se a coisa 
for comum, o crime será o previsto no artigo 156 do Código Penal. 
Para a maioria da doutrina, o artigo 155 do Código Penal tutela a propriedade, a posse e a detenção legítima 
de coisa móvel. O crime é comum, não se exigindo nenhuma qualidade especial do sujeito ativo. 
O elemento subjetivo é o dolo. É necessário o desejo de apropriação definitiva, devido ao tipo 
penal exigir que a vontade livre e consciente de subtração seja para si ou para outrem. O desejo 
de se apoderar definitivamente da coisa alheia móvel é denominada de animus furandi ou 
animus rem sibi habendi. 
Em razão da exigência de referido elemento subjetivo especial do tipo, não é punível o chamado 
furto de uso. Furto de uso é a apropriação realizada com a intenção de uso meramente 
momentâneo, de coisa alheia móvel não consumível e que seja devolvida no mesmo estado. 
O furto famélico, também chamado de furto necessitado, é aquele praticado por sujeito que está em 
extrema miserabilidade e precisa saciar a fome. Pode configurar a causa excludente de ilicitude consistente 
no estado de necessidade, desde que presentes os seus requisitos. Deste modo, a necessidade deve ser 
premente e a ação deve se destinar diretamente a saciar a fome, não se configurando no caso de furto de 
coisas que não servem diretamente a isso. Por exemplo, o furto de uma joia não configuraria o furto 
famélico, mesmo que o sujeito comprove estar em necessidade. 
Se o agente ataca bolso vazio da vítima, parte da doutrina costuma fazer uma diferenciação dos casos em 
que há tentativa e aqueles em que se tem crime impossível. Caso o agente tente retirar a carteira da vítima 
do bolso direito, enquanto ela está no bolso esquerdo, configurar-se-ia a tentativa de furto. Entretanto, se 
a vítima sequer levava carteira, haveria absoluta impropriedade do objeto, ensejando o reconhecendo da 
tentativa inidônea ou do crime impossível. 
Ainda sobre crime impossível, o STF já entendeu não se configurar no caso de haver sistema de vigilância 
para impedir o furto, por não ser o caso de ineficácia absoluta do meio, mas apenas relativa: 
“(...) 1. O paciente retirou a coisa móvel da esfera de disponibilidade da vítima e, ainda que por um 
curto período, teve a livre disposição da coisa, moldura fática suficiente para, na linha de precedentes 
desta Corte, caracterizar o crime de furto na modalidade consumada. 2. Na hipótese em que o sistema 
de vigilância não inviabiliza, mas apenas dificulta a consumação do crime de furto, não há que falar 
na incidência do instituto do crime impossível por ineficácia absoluta do meio (CP, art. 17). 
Precedentes.” (STF, HC 114877/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda Turma, Julgamento: 
18/03/2014). 
O STJ tem tido o mesmo entendimento: 
“ (...) Recurso especial representativo de controvérsia provido para: a) reconhecer que é relativa a 
inidoneidade da tentativa de furto em estabelecimento comercial dotado de segurança e de vigilância 
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eletrônica e, por consequência, afastar a alegada hipótese de crime impossível; b) julgar contrariados, 
pelo acórdão impugnado, os arts. 14, II, e 17, ambos do Código Penal; c) determinar que o Tribunal de 
Justiça estadual prossiga no julgamento de mérito da apelação. (...)” (REsp 1385621/MG - 
Representativo da Controvérsia, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe 27/05/2015). 
Referido entendimento, inclusive, foi sumulado por referida Corte Superior, dando origem ao enunciado de 
número 567: 
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no 
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 
A respeito da aplicação do princípio da insignificância ao crime de furto, vale destacar o entendimento do 
Superior Tribunal de Justiça, adotado em recente julgado, do parâmetro de 10% do salário mínimo: 
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. FURTO. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL. INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA NÃO CONFIGURADA. VALOR DA RES FURTIVAE 
SUPERIOR A 10% DO SALÁRIO “MÍNIMO. ATIPICIDADE DA CONDUTA NÃO EVIDENCIADA. BENS 
RESTITUÍDOS À VÍTIMA. IRRELEVÂNCIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. (...) 2. O "princípio da 
insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da 
intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria 
tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. [...] Tal postulado - que considera 
necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como: 
(a) a mínima ofensividade da conduta do agente; (b) nenhuma periculosidade social da ação; (c) o 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; (d) a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter 
subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a 
intervenção mínima do Poder Público." (HC n. 84.412-0/SP, STF, Rel. Ministro CELSO DE MELLO, DJU 
19/11/2004). 3. A jurisprudência desta Corte, dentre outros critérios, aponta o parâmetro da décima 
parte do salário mínimo vigente ao tempo da infração penal, para aferição da relevância da lesão 
patrimonial. Precedentes. (...) (STJ, HC 449.822/SC, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, 
julgado em 02/08/2018, DJe 15/08/2018)” 
 
Teorias sobre consumação e tentativa: 
 Contrectatio: basta o contato entre o agente e a coisa. 
 Amotio ou aprehensio: consuma-se quando a coisa passa para a posse do sujeito ativo, sendo 
dispensável a posse mansa e pacífica. 
 Ablatio: consuma-se quando o agente desloca a coisa, após se apoderar dela. 
 Ilatio: a coisa deve ser levada para o local desejado pelo agente para a consumação. 
O STF tem adotado a teoria da amotio ou aprehensio, considerando consumado o delito de furto com a 
inversão da posse: 
“HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO CONTRA ACÓRDÃO UNÂNIME DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
FURTO A RESIDÊNCIA MEDIANTE ESCALADA. MOMENTO DE CONSUMAÇÃO DO DELITO DE FURTO. 1. 
Para a consumação do furto, é suficiente que se efetive a inversão da posse, aindaque a coisa subtraída 
venha a ser retomada em momento imediatamente posterior. Jurisprudência consolidada do Supremo 
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Tribunal Federal. 2. Ordem denegada.” (STF, HC 114329/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira 
Turma, Julgamento 01/10/2013). 
“HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO. CONSUMAÇÃO INDEPENDENTEMENTE DA POSSE MANSA E 
PACÍFICA DA COISA. DECISÃO IMPUGNADA EM PERFEITA CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA 
DESTA CORTE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. CRIME PRATICADO NO INTERIOR DE 
ORGANIZAÇÃO MILITAR. ELEVADO GRAU DE REPROVABILIDADE DA CONDUTA. ORDEM DENEGADA. I 
– A decisão ora questionada está em perfeita consonância com a jurisprudência desta Corte no sentido 
de que a consumação do furto ocorre no momento da subtração, com a inversão da posse da res, 
independentemente, portanto, de ser pacífica e desvigiada da coisa pelo agente. Precedentes.” (STF, 
HC 135674/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, Julgamento: 27/09/2016). 
Seguindo o mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça firmou a posição, ao julgar recurso 
representativo da controvérsia, de que o furto se reputa consumado quando o agente tem a posse de fato 
sobre o bem. Ou seja, basta a inversão da posse: 
 “ (...) 2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, superando a controvérsia em torno do tema, 
consolidou a adoção da teoria da apprehensio (ou amotio), segundo a qual se considera consumado 
o delito de furto quando, cessada a clandestinidade, o agente detenha a posse de fato sobre o bem, 
ainda que seja possível à vitima retomá-lo, por ato seu ou de terceiro, em virtude de perseguição 
imediata. Desde então, o tema encontra-se pacificado na jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
3. Delimitada a tese jurídica para os fins do art. 543-C do CPC, nos seguintes termos: Consuma-se o 
crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida 
de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. (...)” (STJ, REsp 
1524450/RJ – Representativo da Controvérsia, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Terceira Seção, DJe 
29/10/2015). 
É possível a tentativa, caso não ocorra a inversão da posse. O agente é surpreendido, por exemplo, dentro 
da casa com uma mochila, tentando abrir o cofre. O morador chega e impede o furto. 
O crime é material, exigindo o resultado naturalístico para a sua consumação, que consiste na diminuição 
patrimonial da vítima, ocorrendo quando ela perde a posse de alguma coisa móvel. 
 
 Furto Noturno (majorado) 
O parágrafo primeiro do artigo 155 prevê a modalidade majorada do furto. A causa de aumento de pena 
será de um terço se o crime for praticado durante o repouso noturno. 
A doutrina aponta que o repouso noturno não se confunde com a noite, sendo que os costumes locais são 
levados em conta para se verificar a incidência ou não da majorante no caso concreto. 
A maioria da doutrina compreende não ser necessário que o local seja habitado para a configuração da 
majorante. O Superior Tribunal de Justiça possui julgado neste mesmo sentido: 
“(...) PARA O RECONHECIMENTO DA AGRAVANTE DO REPOUSO NOTURNO (PARAG. 1. DO ART. 155, 
CP), NÃO TEM QUALQUER IMPORTANCIA O FATO DA CASA, ONDE OCORREU O FURTO, ESTAR 
HABITADA E SEU MORADOR DORMINDO. 3. PARA A CONCESSÃO DO SURSIS CONTAM-SE TAMBEM, 
ENTRE OUTRAS COISAS, OS ANTECEDENTES DO CONDENADO, NÃO SOMENTE SUA PRIMARIEDADE E O 
MONTANTE DA PENA NÃO SUPERIOR A DOIS ANOS (...)” (STJ, REsp 75011/SP, Rel. Min. Anselmo 
Santiago, Sexta Turma, DJ 03/11/1997). 
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Apesar da controvérsia existente, o Superior Tribunal de Justiça possui posição consolidada de ser aplicável 
a majorante do furto noturno tanto à forma simples quanto à forma qualificada do delito: 
“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO. INCIDÊNCIA DA MAJORANTE DO 
REPOUSO NOTURNO NO CASO DE FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES E 
ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. MATÉRIA DE DIREITO. POSSIBILIDADE. 1. A jurisprudência desta Corte 
Superior de Justiça é no sentido de que a causa de aumento prevista no § 1.° do art. 155 do Código 
Penal, que se refere à prática do crime durante o repouso noturno, é aplicável tanto na forma simples 
como na qualificada do delito de furto. 2. Agravo regimental não provido.” (STJ, AgInt no REsp 
1776774/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 01/03/2019). 
 
 Furto privilegiado 
O artigo 155, em seu parágrafo segundo, prevê a modalidade privilegiada do furto, ou seja, com causa de 
diminuição de pena ou substituição da pena privativa de liberdade pela de multa. A pena deve ser diminuída 
pela fração de um a dois terços ou substituída por pena de multa, conforme as circunstâncias do caso 
concreto, devendo haver motivação concreta exposta pelo juiz. As circunstâncias judiciais do artigo 59 do 
CP devem ser o critério a fundamentar a escolha. 
A incidência da causa de diminuição de pena, caso presentes os requisitos, é direito público subjetivo do 
réu. Exige-se a primariedade do agente e que a res furtiva, ou seja, a coisa furtada seja de pequeno valor. 
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que o pequeno valor da coisa deve ter como limite um salário 
mínimo: 
“1. A jurisprudência desta Corte Superior se encontra firmada no sentido de que o reconhecimento 
do privilégio legal é um direito subjetivo do réu, cujo deferimento exige a conjugação de dois 
requisitos objetivos, consubstanciados na primariedade e no pequeno valor da coisa furtada, que 
deve ter como parâmetro o valor do salário mínimo vigente à época dos fatos (AgRg no REsp n. 
1.486.001/RJ, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 13/5/2015). 3. Agravo regimental 
improvido. (AgRg no HC 371301/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe 16/02/2017). 
Vale mencionar, ainda, que o valor de um salário mínimo deve ser um parâmetro, ou seja, uma referência, 
e não um mero critério matemático e objetivo. É o que consignou o STJ em recente julgado: 
“(...) 2. O salário mínimo pode ser adotado como parâmetro de referência para conceituar coisa de 
pequeno valor, não podendo, entretanto, ser adotado como critério de rigor aritmético, impondo-se 
ao juiz sopesar outras circunstâncias próprias do caso. Precedentes. (...)” (STJ, AgRg no HC 478994/SC, 
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 04/04/2019). 
Não se deve confundir o pequeno valor, que configura o privilégio do furto, com a irrelevância 
do valor da coisa furtada, o que pode ensejar o reconhecimento da insignificância (crime de 
bagatela), afastando a tipicidade material do fato. Em primeiro lugar, vale lembrar que se trata 
de parâmetros, e não de valor exato, matemático, como teto de incidência da insignificância 
ou de reconhecimento do privilégio. Em segundo lugar, cumpre visualizar os parâmetros 
habitualmente adotados pelo STJ a respeito do furto: 
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Tema também controverso na doutrina é a possibilidade de se reconhecer o privilégio no caso de furto 
qualificado. Seria o chamado furto híbrido. O STJ considera possível, especialmente se a qualificadora for 
de natureza objetiva, conforme o enunciado 511 da Súmula de sua jurisprudência: 
“É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de furto 
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a 
qualificadora for de ordem objetiva.” 
Deste modo, não seria compatível com o privilégio apenas a qualificadora de abuso de confiança: 
“(...) 7. Nos termos da pacífica jurisprudência desta Corte, consolidada na Súmula 511/STJ, é viável a 
incidência do privilégio na hipótese defurto qualificado, desde que a qualificadora seja de caráter 
objetivo. Decerto, a única qualificadora que inviabiliza o benefício penal é a de abuso de confiança (CP, 
art. 155, § 4º, II, primeira parte). (...)”. (STJ, AgRg nos EDcl no AREsp 1386937/SP, Rel. Min. Joel Ilan 
Paciornik, Quinta Turma, DJe 14/02/2019). 
Entretanto, em julgado mais recente, foi também considerada incompatível a qualificadora do emprego de 
fraude: 
 “(...) 2. A qualificadora do emprego de fraude possui natureza subjetiva e, por essa razão, por 
demonstrar maior gravidade da conduta, torna incompatível o reconhecimento da figura privilegiada 
do furto, independentemente do pequeno valor da res furtiva e da primariedade da agravante. (...)” 
(STJ, AgRg no AREsp 1841048/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 
19/12/2019). 
 
As disposições sobre o furto privilegiado são aplicáveis a outros delitos, conforme normas específicas do 
Código Penal: 
 Crimes de apropriação indébita, previstos no Capítulo V da Parte Especial do Código Penal 
(apropriação indébita; apropriação indébita previdenciária; apropriação de coisa havida por erro, 
caso fortuito ou força da natureza; apropriação de tesouro e apropriação de coisa achada), conforme 
determina o artigo 170 do Código Penal; 
 Crime de estelionato, conforme dispõe o artigo 171, § 1º, do Código Penal; 
 Crime de fraude no comércio, nos termos do artigo 175, § 2º, do Código Penal; 
 Crime de receptação dolosa, nos termos da parte final do artigo 180, §5º, do Código Penal. 
Para ajudar na memorização, pode-se utilizar o seguinte esquema mnemônico (FERA): 
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raude no Comércio 
stelionato 
eceptação dolosa 
propriação (o Capítulo V, ou seja, os crimes de apropriação). 
 
 Equiparação à coisa móvel 
O parágrafo terceiro do artigo 155 traz a chamada cláusula de equiparação, determinando que a energia 
elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico se equipara à coisa móvel. 
Questão polêmica é a possibilidade de se considerar, por extensão, o sinal de TV a cabo como equiparável 
à coisa alheia móvel. 
A este respeito, o STF decidiu que: 
“(...) O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no 
art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de TV a cabo 
ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da 
analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam 
partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita legalidade. Precedentes. Ordem 
concedida. (...)” (STF, HC 97261/RS, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, Julgamento: 
12/04/2011). 
Cabe ressaltar que o referido julgado ressalvou a previsão da conduta como crime no artigo 35 da Lei 
8.977/95, que, entretanto, não possui preceito secundário. Deste modo, por não ter o legislador previsto 
pena, o fato torna-se irrelevante penal, já que não é possível a configuração do artigo 155, § 3º, do CP. 
O STJ, por sua vez, tem entendido o seguinte: 
“PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO DE SINAL DE TV A CABO. TIPICIDADE DA CONDUTA. FORMA DE 
ENERGIA ENQUADRÁVEL NO TIPO PENAL. RECURSO PROVIDO. I. O sinal de televisão propaga-se 
através de ondas, o que na definição técnica se enquadra como energia radiante, que é uma forma 
de energia associada à radiação eletromagnética. II. Ampliação do rol do item 56 da Exposição de 
Motivos do Código Penal para abranger formas de energia ali não dispostas, considerando a 
revolução tecnológica a que o mundo vem sendo submetido nas últimas décadas. III. Tipicidade da 
conduta do furto de sinal de TV a cabo. IV. Recurso provido, nos termos do voto do Relator.” (STJ, REsp 
1123747/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 01/02/2011). 
Portanto, a divergência é a seguinte: 
STF STJ 
Precedente da Segunda Turma Jurisprudência 
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A subtração de sinal de TV a cabo é irrelevante 
penal. 
A subtração de sinal de TV a cabo, por se tratar 
de energia com valor econômico, se subsome 
ao delito previsto no artigo 155, § 3º, do CP. 
 
 Furto qualificado (§ 4º) 
O artigo 155, § 4º, do Código Penal prevê formas qualificadas, para as quais a pena passa a ser reclusão de 
dois a oito anos, e multa. São suas hipóteses: 
 
I. com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa 
A destruição ou rompimento de obstáculo é a abertura, o desfazimento ou a inutilização de qualquer óbice, 
consistente em coisa, objeto ou edificação exteriores à coisa. 
Há divergência sobre o seu cabimento no caso de rompimento de quebra-vento ou vidro de carro para furto 
de algum objeto existente em seu interior, já que o rompimento das mesmas coisas para subtração do 
próprio veículo não configura a qualificadora. 
A respeito, o STJ tem julgado da seguinte maneira: 
“(...) 2. A jurisprudência desta Corte entende estar configurada a circunstância qualificadora do 
rompimento de obstáculo, prevista no art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal, quando o furto for 
cometido com o rompimento dos vidros de veículo para a subtração de objetos do seu interior, desde 
que haja comprovação por perícia. (...)”. (HC 148757/DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Quinta Turma, DJe 
07/03/2014). 
 
II. com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza 
O abuso de confiança se configura quando há uma especial relação de confiabilidade ou de lealdade o 
sujeito ativo e a vítima. Não basta a relação de emprego. Não se deve confundir com o crime de apropriação 
indébita, pois neste o agente possui a posse do bem e decide inverter o título da posse. No furto com abuso 
de confiança, o agente se aproveita da confiança para ter maior facilidade em subtrair o bem, com o qual 
pode ter contato, mas não teve transferida para si a sua posse. 
Furto mediante fraude é aquele em que o agente se utiliza de um ardil ou engodo para subtrair a coisa sem 
que a vítima perceba. A situação é diferente do estelionato, em que a fraude é praticada para que a própria 
vítima entregue a coisa ao agente. 
Interessante diferenciação usada na jurisprudência do STJ: 
“(...) ‘2. Diferenciando o estelionato do furto com fraude, a Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA 
esclarece que "O furto mediante fraude, escalada ou destreza não se confunde com o estelionato. No 
primeiro, a fraude visa a diminuir a vigilância da vítima, sem que esta perceba que está sendo 
desapossada; há discordância expressa ou presumida do titular do direito patrimonial em relação à 
conduta do agente. No segundo, a fraude visa a fazer com que a vítima incida em erro e, 
espontaneamente, entregue o bem ao agente; o consentimento da vítima integra a própria figura 
delituosa’ (CC 86.241/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Terceira Seção, julgado em 
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8/8/2007, DJ 20/8/2007, p. 237). (STJ, CC 167440/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira 
Seção, DJe 17/12/2019). 
Como exemplos de furto mediante fraude, temos os seguintes julgados: 
“(...) A jurisprudência desta Corte tem se orientado no sentido de que a realização de saques indevidos 
(ou transferências bancárias) na conta corrente da vítima sem o seu consentimento, seja por meio 
de clonagem de cartão e/ou senha, seja por meio de furto do cartão, seja via internet, configuram 
o delito de furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP) (...)” (STJ, CC 149752/PI, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, Terceira Seção, DJe 01/02/2017). 
“(...) 1. De acordo com a jurisprudência desta Corte Superior, configura o crime de furto qualificado 
pela fraude (art. 155, § 4º, II, do CódigoPenal) a conduta consistente no furto de água da 
concessionária de serviço público, praticado mediante ligação clandestina. (...)” (STJ, AgRg no REsp 
1830267/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 23/09/2019). 
O crime praticado mediante escalada é aquele que envolve um modo anormal de acesso, que exige 
considerável esforço por parte do agente. Não se configura apenas com a subida. Há divergências sobre a 
necessidade de perícia para o reconhecimento de tal qualificadora. 
O STJ tem entendido ser possível o excepcional reconhecimento da qualificadora da escalada mesmo sem 
realização de perícia, nos seguintes termos: 
“(...) 1. No que tange à imprescindibilidade da prova técnica para o reconhecimento do furto 
qualificado pela escalada, a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça tem-se orientado pela 
possibilidade de substituição do laudo pericial por outros meios de prova quando o delito não deixa 
vestígios, estes tenham desaparecido ou, ainda, se as circunstâncias do crime não permitirem a 
confecção do laudo. 2. As instâncias ordinárias, ao apreciarem a questão, não apresentaram 
justificativas para a não realização da perícia. Assim, deve ser afastada a qualificadora referente à 
escalada, tendo em vista a ausência de laudo pericial. (...)” (STJ, AgRg no AREsp 1081500/SP, Rel. Min. 
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 01/08/2017). 
Por fim, o furto praticado mediante destreza é aquele que envolve habilidade física ou manual do agente 
que excede à habitual, como no caso dos batedores de carteira. 
 
III. com emprego de chave falsa 
Também se configura a modalidade qualificada do furto quando há emprego de chave falsa. A chave falsa é 
qualquer instrumento utilizado para a abertura de fechadura, podendo ser a chave mixa, gazua, grampo e 
etc. 
 
IV. mediante concurso de duas ou mais pessoas 
Qualifica o crime a hipótese de haver o concurso de duas ou mais pessoas. O número mínimo de dois agentes 
pode advir do cômputo de coautores, partícipes, inimputáveis e até mesmo de sujeitos não identificados. 
Há uma desproporção ao se comparar o concurso de pessoas e a alteração da pena no caso do furto e do 
roubo. No furto, ora estudado, a pena passa de 1 a 4 anos para 2 a 8 anos de reclusão, o que implica no 
dobro da pena. Entretanto, o concurso de agentes no roubo leva à incidência de uma causa de aumento de 
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pena, com a utilização da fração de um terço até metade. 
Por isso, surgiu o entendimento de se adotar a majorante do roubo também para o furto. 
Não obstante, o STJ consolidou o entendimento contrário, conforme o enunciado 442 da sua Súmula: 
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. 
 
 Furto qualificado (§ 4º-A) 
A nova modalidade de furto qualificado, previsto no § 4º-A do artigo 155 do Código Penal, foi inserida pela 
Lei nº 13.654/2018. Busca-se a punição de forma mais rígida para crimes como o de explosão de caixas 
eletrônicos para furto de dinheiro. 
A pena desta modalidade de furto é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa. Configura-se com o 
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Explosivo é o que detona, estoura, 
como a dinamite. Também se configura a qualificadora se for utilizado artefato análogo que causa perigo 
comum. Cuida-se de interpretação analógica, que deve ser feita a partir do paradigma previsto na norma, o 
explosivo. 
Apesar do intuito do legislador de endurecer a persecução penal no caso de tais crimes, acabou 
tornando a situação mais benéfica de quem pratica o furto de caixas eletrônicos com o uso de 
explosivos, na visão de parte da doutrina. Isto porque, antes da Lei 13.654/2018, o agente 
poderia responder pelo crime de furto qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo 
em concurso com o crime de explosão, com a causa de aumento de pena de um terço, em razão 
da finalidade de obtenção de vantagem pecuniária. Com o advento da Lei 13.654/2018, o 
agente só pode responder pelo furto qualificado pelo emprego de explosivo, restando afastado o concurso 
com o crime de explosão, sob pena de bis in idem. 
A qualificadora do rompimento de obstáculo, em caso de crime praticado com emprego de explosivo ou 
artefato análogo, pode ser valorada pelo juiz na primeira fase da dosimetria, como circunstância judicial. 
 
 Furto qualificado (§ 5º) 
A pena passa a ser a de reclusão, de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior. O dispositivo não menciona o Distrito Federal, razão 
pela qual a doutrina majoritária não reconhece a possibilidade de reconhecimento da qualificadora se a 
situação envolver referida unidade federativa. O argumento é que se trataria de analogia in malam partem. 
O objeto material deve ser veículo automotor. Deve haver a intenção de transporte do veículo para outro 
Estado ou outro país, além de a lei exigir o efetivo transporte, por sua redação. 
 
 Furto qualificado: abigeato (§ 6º) 
O parágrafo sexto do artigo 155 traz o furto qualificado que é denominado pela doutrina de abigeato. É o 
furto de gado, cuja pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Configura-se se o objeto material do 
delito for semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da 
subtração. É o caso da subtração de várias cabeças de gado em determinada fazenda. 
 
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 Furto qualificado (§ 7º) 
O parágrafo sétimo do artigo 155 do Código Penal prevê outra forma qualificada do delito, cuja pena é de 
reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa. Tal modalidade também foi inserida pela Lei 13.654/2018, 
tal qual o parágrafo 4ª-A. Incide se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta 
ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
 Furto qualificado e princípio da insignificância 
No caso de furto qualificado, o STJ vem entendendo não ser aplicável o princípio da insignificância, em razão 
da maior reprovabilidade da conduta: 
 “(...) Deve ser mantido o decisum recorrido, pois encontra-se, de fato, em consonância com o 
entendimento desta Corte Superior de Justiça, segundo o qual, verbis: "É firme nesta Corte o 
entendimento segundo o qual a prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, 
rompimento de obstáculo ou concurso de agentes indica a reprovabilidade do comportamento do réu, 
sendo inaplicável o princípio da insignificância" (AgRg no REsp n. 1.432.283/MG, Sexta Turma, Relª. 
Minª. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 27/6/2014, grifei). (...)” (STJ, AgRg no AREsp 1307149/MG, 
Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 10/09/2018). 
 
 Hediondez 
A Lei 13.964/2019 modificou a Lei 8.072/90, em seu artigo 1º, inserindo o inciso IX: 
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 
155, § 4º-A). 
Assim, o furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que causa perigo comum 
passou a ser considerado crime hediondo, com todas as consequências, inclusive requisitos diferentes para 
progressão de regime prisional. 
 
 Denominações específicas 
Abigeato: é o furto que possui como objeto material o gado. 
Famulato: é o furto praticado por empregado, quando a serviço do seu patrão. Como a posse dos bens 
móveis presentes no seu local de trabalho (seja a casa do empregador ou outro local, como estabelecimento 
comercial) é apenas transitória, a subtração configura o crime de furto. 
Furto Famélico: é a subtração praticada para saciar a fome. 
Furto de uso: é a apropriação realizada sem o animus rem sibi habendi, ou seja, sem o elemento subjetivo 
especial de ser realizada de forma definitiva, para siou para outrem. É fato atípico. 
 
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2.2 FURTO DE COISA COMUM 
O artigo 156 prevê o crime de furto de coisa comum, que possui especializantes em relação ao crime de 
furto do artigo 155: 
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente 
a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem 
direito o agente. 
O crime é próprio, podendo ser cometido apenas pelo condômino, pelo coerdeiro ou pelo sócio. Segundo o 
professor Damásio de Jesus, o sócio pode ser o de direito ou o de fato. 
A coisa deve estar na posse legítima de outra pessoa, ou o crime será o de apropriação indébita, com 
inversão do animus da posse sobre a coisa. 
O crime é doloso, sendo o elemento objetivo a vontade livre e consciente de subtrair, para si ou para outrem, 
a coisa comum. Exige-se o elemento subjetivo especial do tipo, consiste no animus rem sibi habendi ou 
animus furandi, presente no tipo por meio da expressão “para si ou para outrem”. 
O objeto material deve ser a coisa comum. A tal respeito o parágrafo segundo do artigo 156 prevê não ser 
punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Isto 
porque não haveria nenhum prejuízo ao condômino, ao coerdeiro ou ao sócio. 
Cuida-se de crime plurissubsistente, sendo admissível o conatus. 
A ação penal é pública condicionada à representação. 
 
3. DO ROUBO E DA EXTORSÃO 
O Capítulo II do Título II da Parte Especial (Dos Crimes contra o Patrimônio) é denominado “Do Roubo e da 
Extorsão”. Traz os crimes de roubo, de extorsão, de extorsão mediante sequestro e de extorsão indireta. 
 
3.1 ROUBO 
O crime de roubo é o crime complexo que deriva da reunião do furto e do constrangimento ilegal, do furto 
e da ameaça ou do furto e do crime relativo à violência (lesão corporal, por exemplo). Está tipificado no 
artigo 157 do Código Penal: 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a 
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
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Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa 
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para 
terceiro. 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: 
I – (revogado); 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para 
o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade; 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato 
análogo que cause perigo comum. 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou 
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
§ 3º Se da violência resulta: 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
O núcleo do tipo é o mesmo do furto, qual seja: “subtrair”. Subtrair é apropriar-se, pegar de outrem ou 
apoderar-se. A conduta pode ser realizada direta ou indiretamente, mediante um uso de um animal 
treinado, por exemplo. 
Cuida-se de crime comum, pois qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo, menos o proprietário. Os sujeitos 
passivos, por sua vez, são tanto o proprietário, o possuidor ou o mero detentor da coisa, como a pessoa 
sobre a qual recai a violência, a grave ameaça ou que é reduzida à impossibilidade de resistência. 
O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de subtrair coisa alheia móvel, 
utilizando-se de violência, grave ameaça ou redução da vítima à impossibilidade de resistência. Não há 
previsão da modalidade culposa. 
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A doutrina e a jurisprudência majoritárias entendem ser necessário o elemento subjetivo 
especial do tipo (animus rem sibi habendi) tal como no furto, mas não admitem a atipicidade 
do “roubo de uso”, configurando-se o delito mesmo sem a intenção de permanecer com a 
coisa. É posição defendida por Nucci1. A nosso ver, referido entendimento é contraditório e, na 
prática dos tribunais, muitas vezes não se exige efetivamente o elemento subjetivo especial. 
Se fosse exigido, sobraria ao agente responder por constrangimento ilegal ou, no mínimo, por 
grave ameaça se não pretendia ficar com a coisa, mas usá-la temporariamente, por exemplo. Essa visão 
crítica é um aprofundamento da questão, de modo que em questões objetivas deve-se ater ao 
entendimento majoritário. 
O roubo contra mais de uma pessoa enseja o reconhecimento do concurso formal. Podemos exemplificar 
com o agente que para um ônibus de transporte coletivo e o assalta, subtraindo tanto os bens dos 
passageiros quanto da pessoa jurídica proprietária do veículo. Haverá concurso formal em relação a cada 
uma das vítimas da subtração operada. 
Via de regra, o STJ vem reconhecendo o concurso formal próprio: 
2. A jurisprudência desta Corte Superior é firme em assinalar que, "atingidos os patrimônios individuais 
de vítimas distintas mediante uma única ação (desdobrada em vários fatos), não há falar em crime 
único, mas sim em vários crimes em concurso formal próprio." (AgRg no REsp n. 1.189.138/MG, Rel. 
Ministra Maria Thereza de Assis Moura, 6ª T., DJe 21/6/2013). (STJ, AgRg no REsp 1822415/MG, Rel. 
Min. Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 29/10/2019). 
Não nos parece, entretanto, que se trate de regra absoluta, visto que no caso concreto pode haver 
concurso formal impróprio, por haver desígnios autônomos. Neste sentido, já se julgou, em acórdão 
publicado em 19/08/2019, de que “A revisão desse aspecto fático-probatório - existência de desígnios 
autônomos - esbarra na impossibilidade de dilação probatória na estreita via do habeas corpus” (STJ, AgRg 
no HC 475375/SC, em que se reconheceu o concurso formal impróprio entre três roubos). 
 
 Classificação: 
 
Roubo próprio: o roubo próprio é aquele previsto no caput do artigo 157, com o seguinte teor: “Subtrair 
coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. 
A subtração, portanto, pode ser praticada mediante: 
 Violência: vis absoluta. É a chamada violência própria, consistente no emprego da força física, do 
constrangimento físico sobre a vítima. 
 Grave ameaça: vis relativa. É a promessa de mal injusto e grave. 
 Outro meio de reduzir a vítima à incapacidade de resistência: sonífero, drogas, etc. 
 
1 Colocar Referencia** 
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Para Luiz Régis Prado,o emprego de violência como elementar do roubo absorve o crime de lesão leve e a 
contravenção de vias de fato2. 
Consuma-se com o apoderamento do bem, mesmo que o agente não consiga manter a coisa consigo depois. 
Não se exige posse mansa e pacífica. 
É a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal: 
“2. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que “O crime de roubo consuma-se quando o agente, após 
subtrair coisa alheia móvel, mediante o emprego de violência, passa a ter a posse da res furtiva fora 
da esfera de vigilância da vítima, não se exigindo, todavia, a posse tranquila do bem.” (RHC 119.611, 
Rel. Min. Luiz Fux). 3. Habeas Corpus indeferido, revogada a liminar.” (STF, HC 123314/SP, Rel. p/ 
acórdão Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, Julgamento: 21/03/2017). 
A posição do Superior Tribunal de Justiça sobre o momento consumativo do roubo já foi fixada em 
julgamento de recurso representativo da controvérsia: 
“TESE: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência 
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 2. A 
jurisprudência pacífica desta Corte Superior e do Supremo Tribunal Federal é de que o crime de roubo 
se consuma no momento em que o agente se torna possuidor da coisa subtraída, mediante violência 
ou grave ameaça, ainda que haja imediata perseguição e prisão, sendo prescindível que o objeto 
subtraído saia da esfera de vigilância da vítima. Jurisprudência do STF (evolução). 3. Recurso especial 
representativo de controvérsia provido para, reconhecendo que a consumação do crime de roubo 
independe da posse mansa e pacífica da res furtiva, restabelecer a pena e o regime prisional fixados 
na sentença.” (STJ, REsp 1499050/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe 09/11/2015). 
O Superior Tribunal de Justiça, inclusive, já sumulou seu entendimento, sendo o teor do seu enunciado 582 
o seguinte: 
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou 
grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
Vale anotar, ainda, que, segundo o STJ, configura o roubo, por uso de violência, o arrebatamento de coisa 
do corpo da vítima, por ser apto a lhe ofender a integridade física: 
“(...) 2. Prevalece no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de que o arrebatamento 
de coisa presa ao corpo da vítima tem o condão de comprometer sua integridade física, tipificando, 
assim, o crime de roubo e não de furto. Assim, tendo as instâncias ordinárias reconhecido que 
a subtração do bem se deu por meio de arrebatamento, não é possível, na via eleita, examinar o 
pedido de desclassificação, uma vez que se trata de providência que demanda aprofundado exame 
do arcabouço fático-probatório carreado nos autos, o que não se revela consentâneo com o 
instrumento processual utilizado. (...)” (STJ, HC 372085/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ªT, 
DJe 27/10/2016) 
 
2 PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral e parte especial. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 612. 
Também menciona lesão e vias de fato como formas de violência física do roubo: MASSON, Cleber. Direito Penal: parte especial 
(arts. 121 a 212) – vol. 2. 12ª ed. São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 358 e 363. 
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O crime de roubo próprio é plurissubsistente e admite a punição da tentativa. 
 
Roubo impróprio ou por aproximação: o parágrafo primeiro do artigo 157 traz forma equiparada do crime 
de roubo. 
O dispositivo prevê incorrer na mesma pena o agente que, logo depois de subtraída a coisa, emprega 
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa 
para si ou para terceiro. 
A violência ou grave ameaça contra a pessoa não é utilizada para a subtração da coisa. O agente usa de um 
desses meios para assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa. 
A violência é utilizada logo após a subtração. Se não houve subtração, que foi frustrada, o agente deve 
responder por furto tentado e pela violência. 
Consuma-se o roubo impróprio com o emprego da violência ou grave ameaça. Em razão disto, não seria 
possível a forma tentada. Neste sentido, já decidiu o STJ: 
“O crime previsto no art. 157, § 1º, do Código Penal consuma-se no momento em que, após o agente 
tornar-se possuidor da coisa, a violência é empregada, não se admitindo, pois, a tentativa (Precedentes 
do Pretório Excelso e desta Corte). Recurso provido para restabelecer a r. sentença condenatória que 
reconheceu a ocorrência do crime de roubo na forma consumada.” (STJ, REsp 1025162/SP, Rel. Min. 
Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 10/11/2008). 
“Com efeito, no crime previsto no art. 157, § 1º, do Código Penal a violência é empregada após o agente 
tornar-se possuidor da coisa, não se admitindo a tentativa (Precedentes).” (STJ, REsp 155927/RS, Rel. 
Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 21/06/2010). 
O Supremo Tribunal Federal possui antigo julgado no mesmo sentido: 
“ROUBO IMPROPRIO. CONSUMAÇÃO. NO ROUBO, QUANDO A VIOLÊNCIA E SUBSEQUENTE A 
SUBTRAÇÃO, O MOMENTO CONSUMADO E O EMPREGO DE VIOLÊNCIA. A TURMA JULGADORA, NO 
ACÓRDÃO REVIDENDO, LIMITOU-SE A ASSIM QUALIFICAR JURIDICAMENTE OS FATOS, TAIS COMO 
TIDOS POR PROVADOS, NA INSTÂNCIA ORDINARIA, CONSIDERANDO CARACTERIZADO O ROUBO 
IMPROPRIO (CONSUMADO E NÃO APENAS TENTADO), SEM CONTRARIAR TEXTO DA LEI PENAL, NEM A 
EVIDENCIA DOS AUTOS, NOS LIMITES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, OBSERVADA A SÚMULA 279, 
AFASTADA, ASSIM, A HIPÓTESE DO INCISO I DO ART. 621 DO C.P.C. INEXISTÊNCIA; ADEMAIS; DE 
PROVAS NOVAS (ART. 621, INCISO III. REVISÃO CRIMINAL INDEFERIDA.” (STF, RvC 4752/SP, Rel. Min. 
Sydney Sanches, Tribunal Pleno, Julgamento: 25/11/1987). 
Entretanto, deve-se consignar que existe posição doutrinária no sentido de ser admissível a tentativa do 
roubo impróprio, quando o agente não consegue praticar a violência ou grave ameaça em razão de 
circunstâncias alheias a sua vontade. Chegaram ao STJ alguns casos mais recentes em que houve o 
reconhecimento de tentativa de roubo impróprio nas instâncias ordinárias (HC 454609/RS), mas não houve 
o enfrentamento direto da matéria. 
Visualizemos as duas formas de roubo, próprio e impróprio: 
 
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Tanto o roubo próprio quanto o impróprio recebem a classificação de crime de dano, de forma livre, 
instantâneo e unissubjetivo. 
 
 Roubo circunstanciado ou majorado (§ 2º) 
 
O artigo 157, no seu parágrafo segundo, prevê causas de aumento de pena aplicáveis ao roubo, cuja fração 
varia de um terço até metade. 
O inciso I, de roubo circunstancia pelo emprego de arma, restou revogado pela Lei nº 13.654/2018, a qual 
também inseriu o inciso VI ao § 2º do artigo 157 do Código Penal, prevendo majorante para o caso de 
emprego de arma de fogo. 
Há alegação de inconstitucionalidade formal na revogação do artigo 157, § 2º, I, do Código Penal, porque a 
previsão de revogação de tal dispositivo teria se dado na Comissão de Redação, sem sua efetiva apreciação 
pelas duas Casas do Congresso Nacional. Entretanto, enquanto não houver posicionamento das Cortes 
Superiores, especialmente do STF, a alteração deve ser considerada válida, dada a presunção de 
constitucionalidade das leis. 
Com a Lei nº 13.654/2018, houve as seguintes alterações no parágrafo segundo do artigo 157: 
 
 
 
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Estudaremos, então, as causas deaumento de pena remanescentes, previstas nos incisos do parágrafo 
segundo do artigo 157, além de estudar a modificação posterior pela Lei 13.964/2020 (Pacote Anticrime). 
Ressalto ser importante estudar as sucessivas modificações em razão da compreensão da matéria e da lei 
penal no tempo (as mudanças do Pacote Anticrime que forem mais gravosas só se aplicam aos crimes 
cometidos a partir do início de sua vigência). 
 
I. se há o concurso de duas ou mais pessoas: 
O concurso de duas ou mais pessoas torna o roubo majorado. A doutrina majoritária entende cabível tanto 
o cômputo de coautores como de partícipes. Podem ser utilizados para o cálculo os inimputáveis e os 
indivíduos não identificados que tenham contribuído na conduta delitiva. 
O STJ já entendeu compatível a condenação pelo roubo majorado por concurso de pessoas e pelo delito de 
associação criminosa (antigo crime de quadrilha ou bando): 
“(...) Inexiste bis in idem em razão da condenação concomitante pelos delitos de roubo majorado pelo 
emprego de arma de fogo e concurso de pessoas e de associação criminosa armada, antigo quadrilha 
ou bando armado, porquanto os delitos são independentes entre si e tutelam bens jurídicos distintos. 
(...)” (STJ, HC 288929/SP, Rel. Des. Convocado Ericson Maranhão, Sexta Turma, DJe 30/04/2015). 
 
II. se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância: 
Aqui, busca-se criminalizar com maior rigor o crime praticado contra os funcionários que estejam atuando 
no transporte de valores, quando no exercício da função. O transporte de valores pelo seu proprietário não 
configura tal majorante. 
Valores são quantias, bens ou riquezas, como notas, cheques, títulos de crédito, joias e outros. 
Não se limita às empresas de transporte de valores, mas deve o funcionário estar executando 
este serviço para outrem e o agente necessita ter ciência de tais circunstâncias para 
configuração da causa de aumento de pena. 
 
III. se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado 
ou para o exterior: 
Cabem aqui os mesmos comentários feitos para o furto qualificado. Incide a majorante se o objeto material 
for veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. O dispositivo não 
menciona o Distrito Federal, razão pela qual a doutrina majoritária não reconhece a possibilidade de 
reconhecimento da qualificadora se a situação envolver referida unidade federativa. O argumento é que se 
trataria de analogia in malam partem. 
O objeto material deve ser veículo automotor. Deve haver a intenção de transporte do veículo para outro 
Estado ou outro país e, além disso, a redação do dispositivo indica que o transporte deve ser efetivo, ou 
seja, que seja realizado. 
 
IV. se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade 
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Há causa de aumento de pena se o agente mantém o ofendido em seu poder, restringindo sua liberdade, 
como meio para a subtração de coisa alheia móvel. A restrição da liberdade deve ser relevante, sendo que 
normalmente se exige que supere aquele tempo estritamente necessário para a prática da subtração: 
“(...) 3. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que, para a configuração da 
majorante de restrição da liberdade das vítimas no delito de roubo, a vítima deve ser mantida por 
tempo juridicamente relevante em poder do réu, sob pena de que sua aplicação seja uma constante 
em todos os roubos. Precedentes.(...)” (STJ, HC 428617/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T, DJe 
01/08/2018) 
Caso a restrição da liberdade possua outro fim ou dure muito mais que o necessário para a 
prática do delito patrimonial, pode se configurar, excepcionalmente, o concurso do crime de 
roubo com o delito de sequestro e cárcere privado. Imagine que, após o roubo se consumar, o 
agente mantenha a vítima em cativeiro por mais dois dias, o contexto fático passa a ser outro. 
Neste caso, é possível o concurso de crimes. Os limites entre as situações, entretanto, são 
controversos. 
 
V. se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego: 
A causa de aumento de pena do inciso VI do parágrafo segundo foi inserido pela Lei 13.654/2018, que, como 
visto, visa a dar um tratamento mais rígido aos delitos patrimoniais, mormente aqueles praticados contra 
agências bancárias. 
Há aumento de pena se o agente subtrair substâncias explosivas ou acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montarem ou emprego. Portanto, há maior desvalor no fato de 
o objeto material do furto ser substância explosiva, como dinamite, ou mesmo acessórios que possibilitem, 
por si sós ou em conjunto com outros, fabricar, montar ou empregar explosivos. 
No caso do furto, o fato de a res furtiva ser uma das mencionadas acima torna o crime qualificado. Para o 
roubo, há causa de aumento de pena. 
 
VI. se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; 
A Lei 13.964/2019 passou a prever mais uma majorante, que incide no caso de emprego de arma branca. 
Vale recordar que o emprego de arma de fogo faz incidir a majorante do artigo 157, § 2º-A, com fração de 
2/3. 
No caso da arma branca, a causa de aumento será de um terço até metade. A alteração só vale para os 
crimes cometidos a partir do início da vigência da Lei 13.964/2019, definido para 30 dias após a sua 
publicação. Não se deve considerar a arma de brinquedo para a incidência do dispositivo, já que não se trata 
propriamente de arma, mas apenas de um objeto que pode enganar a vítima, configurando a grave ameaça, 
elementar do tipo penal. 
 O que é considerado arma branca? 
Antes da lei 13.654/2018, a majorante apenas se referia ao emprego de arma. Sem especificação, haveria 
a majorante no caso de emprego de arma de fogo (como um revólver), de arma branca (como um punhal) 
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ou de arma imprópria (como uma garrafa utilizada para tal fim). Referida Lei revogou tal majorante e passou 
a prever apenas a majorante de emprego de arma de fogo. 
Com o advento da Lei 13.964/2019, buscou-se a correção da alteração legislativa anterior, incluindo-se mais 
uma majorante, a do emprego de arma branca. 
A questão é: podemos incluir apenas as armas que não sejam de fogo (como um punhal, uma 
adaga ou uma espada) ou também as armas impróprias (como a garrafa, o pedaço de espelho 
ou uma pedra pontiaguda)? 
Apenas como referencial de Direito Comparado, vamos analisar a legislação portuguesa que 
trata do regime jurídico das armas e munições. Referido texto define arma branca como: 
“todo o objeto ou instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante, 
perfurante ou corto-contundente, de comprimento superior a 10 cm, as facas borboleta, as facas de 
abertura automática ou de ponta e mola, as facas de arremesso, as estrelas de lançar ou equiparadas, 
os cardsharp ou cartões com lâmina dissimulada, os estiletes e todos os objetos destinados a lançar 
lâminas, flechas ou virotões”. (Lei de Portugal n. 5/2006, artigo 2º, I, m) 
Deste modo, entendo que as armas impróprias, que antes da Lei 13.654/2018 tornavam o delito majorado, 
não permitem a incidência da majorante do artigo 157, § 2º, VII. Só há causa de aumento de pena no caso 
de emprego de arma branca, ou seja, de objetos fabricados para utilização como arma, como um punhal ou 
canivete, ou, pelo menos, que tenham lâmina ou superfície cortante, como uma faca de cozinha3. De todo 
modo, será necessário acompanhar a interpretação a ser dada pelo Judiciário. 
Em uma posição diversa, mas também com interpretação restritiva, Renato Brasileiro de Lima defende que 
a arma branca pode ser própria ou imprópria.Entretanto, relata que arma branca não corresponde a 
qualquer arma que não seja de fogo, com o que concordarmos. O autor aponta não estarem abrangidos no 
conceito de arma branca “uma pedra, um pedaço de vidro, um taco de beisebol, uma barra de ferro ou 
instrumentos com potencialidade lesiva semelhante”4. 
Por outro lado, há quem defenda que qualquer objeto fabricado sem finalidade bélica, mas com potencial 
de ferir ou intimidar, se enquadra no conceito de arma branca5. 
 
 Roubo circunstanciado ou majorado (§ 2º-A) 
 
Na sua sanha de tornar mais rígido o tratamento de crimes patrimoniais praticados em determinadas 
circunstâncias, a Lei 13.654/2018 também inseriu o parágrafo 2º-A ao artigo 157. Para tais hipóteses, o 
aumento de pena será realizado pela fração de 2/3 (dois terços), o que é mais gravoso do que o aumento 
previsto no parágrafo 2º. São suas hipóteses: 
 
 
3 Apesar de não trazer conceituação explícita, parece ser a posição do jurista Luiz Régis Prado, que traz a definição em nota de 
rodapé, com uso do Decreto 3665/2000: “artefato cortante ou contundente, normalmente constituído por peça em lâmina ou 
oblonga”. (Curso de direito penal brasileiro: parte geral e parte especial. 18ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020, p. 616). 
4 LIMA, Renato Brasileiro de. Pacote Anticrime: Comentários à Lei nº 13.964/16 – Artigo por Artigo. Salvador: Juspodivm, 2020. 
5 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial. 12ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 321. 
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I. se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
Neste caso, houve a revogação do inciso I do parágrafo segundo e o acréscimo do parágrafo 2º-A, inciso I, 
tratando do emprego de arma. Vejamos a modificação com relação ao tratamento do emprego de arma no 
roubo: 
 
 
Entretanto, malgrado tenha buscado trazer uma rigidez maior na punição dos crimes patrimoniais, a Lei 
13.654/2018 acabou por trazer uma situação mais benéfica: 
 
Deste modo, para os crimes cometidos com arma de fogo, temos uma alteração mais gravosa, já que a causa 
de aumento de pena passou de um terço até metade para o patamar de dois terços. Portanto, não pode 
retroagir para prejudicar o réu, só podendo ser aplicada para os crimes cometidos a partir do início da 
vigência da Lei 13.654/2018. 
No caso de crime de roubo praticado com arma de não seja de fogo, caso das armas brancas e as armas 
impróprias, a alteração legislativa é lex mitior, ou seja, lei mais favorável ao réu. Isto porque antes a situação 
configurava o roubo majorado e, posteriormente, deixou de haver a causa de aumento de pena, já que o 
inciso I do § 2º-A só menciona “arma de fogo”, até o advento da Lei 13.964/2019. Deste modo, a lei deve 
retroagir para beneficiar quem praticou o crime antes do início da vigência da Lei 13.654/2018 até o início 
de vigência da Lei 13.964/2019, inclusive se já houver condenação com trânsito em julgado, cujas penas 
estejam sendo executadas. 
Anteriormente, quando a majorante previa apenas o emprego de arma, surgiu a discussão sobre a 
possibilidade de o uso de arma de brinquedo ou de simulacro de arma ser considerado suficiente para a 
alteração da pena. O STJ chegou a aprovar o seguinte enunciado, de nº 174, da sua Súmula: 
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No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena. [súmula 
cancelada] 
Como já destacamos acima, o enunciado foi cancelado, passando a prevalecer o entendimento de que a 
arma de brinquedo serve para configurar a grave ameaça, elementar do crime de roubo, não servindo, 
entretanto, para a configuração da circunstância de “emprego de arma”. Com mais razão, portanto, não 
será cabível atualmente a configuração da majorante em razão de emprego de simulacro de arma ou arma 
de brinquedo, já que o dispositivo exige emprego de arma de fogo. 
Considerando que a arma branca deixou de tornar o crime majorado (até o advento do Pacote Anticrime), 
já há julgado do STJ: 
 “(...) 2. A Lei n. 13.654, de 23 de abril de 2018, revogou o inciso I do artigo 157 do CP, de modo que o 
emprego de arma branca não se subsume mais a qualquer uma das majorantes do crime de roubo. 
Assim, uma vez que o caso dos autos é de roubo com emprego de arma branca (faca), impõe-se a 
concessão de habeas corpus de ofício para que a pena seja reduzida na terceira fase da dosimetria, em 
observância ao princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica. (...)” (STJ, AgRg no REsp 
1724625/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 28/06/2018). 
Entretanto, o emprego de arma que não seja de fogo, para crimes cometidos antes da vigência da Lei 
13.964/2019, pode ser valorado na primeira fase da dosimetria, como circunstância judicial: 
“(...) I-Não há que se falar no presente caso em ofensa ao princípio da ne reformatio in pejus. De fato, 
esta Corte Superior compreende que o emprego de arma branca, embora não configure mais causa 
de aumento do crime de roubo, poderá ser utilizado para majoração da pena-base, quando as 
circunstâncias do caso concreto assim justificarem (HC 436.314/SC, Quinta Turma, de minha relatoria, 
DJe 21/8/2018). Precedentes.(...)” (STJ, AgRg no REsp 1804967/RS, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta 
Turma, DJe 17/06/2019). 
Com o advento do Pacote Anticrime (Lei 13.964/2020), é importante esquematizarmos as mudanças 
legislativas para melhor visualização: 
 
 
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Atenção, vamos resumir a questão da lei penal no tempo sobre roubo com arma branca: 
 Antes de 23/01/2020, o crime de roubo com arma branca deve ser considerado simples 
(seja por ter sido cometido no intervalo entre o advento da Lei 13.654/2018 e o início de 
vigência da Lei 13.964/2019, seja por ter a Lei 13.654/2018 retroagido para beneficiar os 
crimes cometidos anteriormente). 
 A partir de 23/01/2020, com início de vigência da Lei 13.964/2019, passou a ser 
majorado o crime cometido com emprego de arma branca. 
 
Arma de fogo é o instrumento ou artefato que lança projéteis em alta velocidade por meio de uma ação 
pneumática, provocada por uma explosão. São exemplos de arma de fogo o revólver, a pistola, a 
metralhadora, o fuzil, a espingarda e o canhão. 
Ainda na redação anterior à Lei 13.654/2018, em que a majorante exigia o “emprego de arma”, surgiu a 
controvérsia sobre a necessidade de perícia, em que se atestasse o potencial lesivo do artefato, para o 
reconhecimento do roubo majorado. Caso realizada a perícia e demonstrado que não era possível disparo 
algum, sendo a arma imprestável, fica difícil sustentar a incidência da causa de aumento de pena: 
(...)III - O acórdão impugnado, ao considerar a incidência da causa de aumento referida, incorreu 
em constrangimento ilegal, pois, de acordo com posicionamento adotado por esta Corte Superior, 
comprovada a ausência de sua potencialidade lesiva da arma empregada, indevida a imposição 
da causa de aumento de pena prevista no inciso I do § 2º do art. 157 do CP. (...)” (STJ, HC 416745/PR, 
Rel. Min. Félix Fischer, Quinta Turma, Dje 01/02/2018). 
Entretanto, em alguns casos a arma não é encontrada ou apreendida e, deste modo, não 
se torna possível fazer a perícia. Em tais casos, o STJ consolidou o entendimento de ser 
desnecessária a prova pericial, desde que outros elementos de prova demonstrassem a 
utilização da arma pelo agente ou por um deles. Após a modificação da legislação, o 
entendimento foi mantido: 
“(...) 7. Nos moldes da jurisprudência desta Corte, "mesmo após a superveniência das 
alterações trazidas, em 24/5/2018, pela Lei n. 13.654/2018, essa Corte Superior, no que tange à causa 
de aumento do delitode roubo prevista no art. 157, § 2º, I , do Código Penal - nos casos em que utilizada 
arma de fogo -, manteve o entendimento exarado por sua Terceira Seção, no sentido de ser 
desnecessária a apreensão da arma utilizada no crime e a realização de exame pericial para atestar 
a sua potencialidade lesiva, quando presentes outros elementos probatórios que atestem o seu 
efetivo emprego na prática delitiva, uma vez que seu potencial lesivo é in re ipsa" (AgRg no HC 
473.117/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 5/2/2019, 
DJe 14/2/2019). (...)” (STJ, HC 508924/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 18/06/2019). 
Em trecho de acórdão já mencionado anteriormente, o STJ entendeu compatível a condenação pelo roubo 
majorado por emprego de arma de fogo e pelo delito de associação criminosa armada (antigo crime de 
quadrilha ou bando armado): 
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“(...) 2. Segundo a jurisprudência deste Tribunal Superior, não "há falar em bis in idem, pela imputação 
concomitante da majorante do emprego de arma do crime de roubo com a majorante da quadrilha 
armada - prevista no parágrafo único do art. 288 do CP (em sua antiga redação) -, na medida em que 
se trata de delitos autônomos e independentes, cujos objetos jurídicos são distintos - sendo, quanto 
ao crime de roubo: o patrimônio, a integridade jurídica e a liberdade do indivíduo e, quanto ao de 
formação de quadrilha (atual associação criminosa): a paz pública -, bem como diferentes as naturezas 
jurídicas, sendo o primeiro material, de perigo concreto, e o segundo formal, de perigo abstrato" (HC 
n 131.838/SP, relator Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 10/6/2014, DJe 1º/7/2014). 
(...)” (STJ, AgRg no REsp 1456290/MT, Rel. Min. Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 29/04/2019). 
Por fim, é importante consignar que o porte de arma de fogo como grave ameaça às vítimas, circunstância 
que torna o roubo majorado, é considerado crime-meio e deve ser por ele absorvido. Deste modo, o agente 
só responderá pelo crime de porte de arma de fogo em concurso com o roubo se praticados em contextos 
diferentes, como se demonstrado que o agente portou a arma de fogo ostensivamente no vilarejo durante 
duas semanas, intimidando os moradores, sendo que depois resolveu praticar o roubo mediante o uso de 
referido artefato. Neste sentido: 
“(...) III - Não há se falar em bis in idem, ante a imputação concomitante da majorante do emprego de 
arma no roubo (art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal) e o delito de porte ilegal de arma de fogo 
(art. 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei n. 10.826/2003), pois o acórdão recorrido assentou que os 
crimes foram autônomos, cometidos em momentos distintos, sem nexo de dependência ou 
subordinação. (...)” (STJ, HC 494860/SP, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 20/05/2019). 
 
II. se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. 
A majorante do inciso II do § 2º-A se refere ao uso de explosivo ou de artefato análogo que causa perigo 
comum, sendo necessário haver a destruição ou o rompimento de obstáculo. É o que ocorre em um assalto 
a banco, se os agentes usarem dinamite para destruir a porta do cofre e obter acesso aos valores lá 
custodiados. 
 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso 
restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
O artigo 157, § 2º-B, do Código Penal, foi introduzido pela Lei 13.964/2019. Portanto, só pode ser aplicado 
o dispositivo para os delitos cometidos a partir do início de sua vigência. 
A pena do caput, de reclusão, de quatro a dez anos, e multa, deve ser aplicada em dobro, ou seja, passa a 
ser de 8 a 20 anos de reclusão, se houver emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. Cuida-se 
de norma penal em branco, de modo a depender de definição própria, que é dada atualmente pelo Decreto 
9.847/2019, o qual regulamenta a Lei 10.826/2003. 
 
 Concurso de causas de aumento de pena 
No caso de concurso de mais de uma das majorantes acima estudadas, surge a controvérsia se a sua 
presença já justifica aumento da pena, na terceira fase da dosimetria, acima da fração mínima, ou se é 
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necessária fundamentação específica pelo juiz para adoção de fração diversa da menor prevista na norma 
(no caso do parágrafo segundo do artigo 157). 
O STJ já possui posição firmada, nos termos da Súmula 443: 
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige 
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número 
de majorantes. 
O STF vinha entendendo de outro modo, considerando válida a exasperação acima do mínimo com 
fundamento na existência de mais de uma majorante. Entretanto, há acórdão no mesmo sentido do 
posicionamento do STJ: 
“HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. ESCOLHA DA FRAÇÃO DE AUMENTO PREVISTA 
NO § 2º DO ART. 157 DO CP. DECISÃO FUNDAMENTADA NO NÚMERO DE MAJORANTES. 
INIDONEIDADE. PRECEDENTES DO STF E SÚMULA 443/STJ. 1. Para a escolha da fração de aumento 
prevista no § 2º do art. 157 do Código Penal, exige-se decisão fundamentada em elementos concretos 
dos autos, não sendo suficiente a mera referência ao número de majorantes indicadas na sentença 
condenatória. Incidência dos princípios da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CF) e da 
obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF). Precedentes do STF e 
Súmula 443/STJ. 2. Habeas corpus concedido.” (STF, HC 128338/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, Segunda 
Turma, Julgamento: 10/11/2015). 
 
 Formas qualificadas 
As formas qualificadas pelo resultado estão previstas no parágrafo terceiro do artigo 157: 
§ 3º Se da violência resulta: 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
A Lei 13.654/2018 deu nova redação ao dispositivo, mas, de efetiva alteração, só houve com relação ao 
limite máximo da pena do roubo seguido de lesão corporal grave, que passou do máximo de 15 anos para o 
limite de 18 anos de reclusão. 
O resultado deve decorrer da violência, podendo ser causado por culpa ou dolo. Não se prevê, portanto, 
a forma qualificada se algum dos resultados decorrer de grave ameaça. 
Deste modo, se a vítima se assustar com a grave ameaça utilizada pelo agente e sofrer um ataque cardíaco, 
falecendo, o agente responderá pelo roubo (tentado ou consumado) e pelo homicídio culposo. A forma 
qualificada pelo resultado só se configura se resultar da violência empregada. 
Como o resultado pode ter sido praticado por dolo ou por culpa, nem todos os casos 
serão de delitos preterdolosos. Só haverá preterdolo se o resultado advier de culpa 
em sentido estrito. Enfatizando, nem todo latrocínio (uma das modalidades de roubo 
qualificado pelo resultado) é preterdoloso. 
São os casos de roubos qualificados pelo resultado: 
 
Michael Procopio
Aula 16
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) - Pós-Edital
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I. Se resulta lesão corporal grave 
Para configuração desta qualificadora, é necessário que a lesão corporal de natureza grave advenha da 
violência. Não incide se a vítima sofrer lesão corporal de natureza grave em virtude da grave ameaça, como 
aquela que se assusta e cai de determinada altura, lesionando-se gravemente. 
A lesão corporal de natureza grave abrange tanto a lesão de natureza grave quanto a de natureza gravíssima, 
sendo importante recordar que esta última classificação é doutrinária. O Código Penal trata as lesões de 
natureza grave e gravíssima com a mesma denominação:

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