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CCE0448 SISTEMAS DE PROTEÇÃO E MEDIÇÃO Revisão Sistema de proteção Sistema ao qual estão associados todos os dispositivos necessários para detectar, localizar e comandar a eliminação de uma condição anormal de operação de um sistema elétrico. A eficácia de um esquema de proteção é tanto maior quanto melhor forem atendidos os seguintes princípios: Rapidez de operação; Seletividade e coordenação; Confiabilidade; Sensibilidade; Segurança; Automação. Zonas de proteção Intuito de limitar a área do sistema de potência que é desconectado quando ocorre uma falta; Para uma falha em qualquer local dentro da zona, o sistema de proteção responsável por aquela zona atua de modo a isolar tudo o que está dentro do restante do sistema; As zonas vizinhas sempre se sobrepõem, pois senão uma pequena parte do sistema ficaria sem proteção; Os disjuntores ajudam a definir os contornos da zona de proteção. Transformadores para instrumentos Têm as seguintes funções: Reproduzir proporcionalmente no secundário as correntes e tensões do primário; Com os níveis de tensões e correntes adequados alimentar os equipamentos de MEDIÇÃO, CONTROLE e PROTEÇÃO; Isolar os equipamentos de MEDIÇÃO, CONTROLE e PROTEÇÃO. Podem ser para proteção ou para a medição. Transformadores de corrente – TC´s É o sensor que realiza a transdução da corrente do sistema de potência para níveis apropriados; Consiste de um núcleo de ferro, enrolamento primário e enrolamento secundário; Primário geralmente constituído de poucas espiras (para baixa XL) e fios grossos (para baixa R); Secundário deve possuir número suficiente de espiras para se obter uma corrente nominal de 5 A; Características construtivas dos TCs TC de alta reatância Primário enrolado no núcleo; Aumenta a força eletromotriz; Melhora a qualidade e a sensibilidade do TC; TC tipo A (alta) ABTN ou tipo H (high) ANSI. TC de baixa reatância Primário é uma barra que traspassa o núcleo; RTC = Ns/1; Secundário enrolado com muitas espiras; TC tipo B (baixa) ABTN ou tipo L (low) ANSI. Tipos: Tipo Barra; Tipo Primário Enrolado; Tipo Janela; Tipo Bucha; Tipo Núcleo Dividido. Fator de Sobrecorrente (fator de segurança) É a relação entre a máxima corrente simétrica de curto-circuito que pode passar no primário do TC e sua corrente primária nominal, para que sua classe de exatidão seja mantida. 𝐹𝑆 = 𝐼𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜−𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜 𝐼𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑇𝐶 𝐼𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜−𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜 ∗ 𝐹𝑆 ≤ 𝐼𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 Pela ANSI FS=20 e pela ABNT FS=5,10,15 e 20; Exemplo: TC com relação de transformação de 600 5 , FS=20 e erro=10%: 𝐼𝑃𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜−𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜=20x600=12 kA Para uma Icc menor ou igual a 12 kA, o erro que o TC envia ao secundário é menor ou igual a 10%. Classe de Exatidão do TC pela ANSI Limitação da máxima tensão que pode aparecer no secundário do TC no instante da máxima corrente de curto-circuito, de acordo com o FS. Ou seja, máxima tensão no secundário do TC para uma corrente no primário de 20Ipnominal para que o erro não ultrapasse 2,5%, 5% ou 10%. 𝑉𝑠𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = 𝑍𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ∗ 𝐼𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 ∗ 𝐹𝑆 𝑅𝑇𝐶 = 𝑍𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ∗ 𝐼𝑆 Carga no Secundário do TC É a máxima carga que pode ser conectada no secundário do TC, de modo a não ultrapassar a máxima tensão dada pela sua classe de exatidão; 𝑉𝑠𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = 𝑍𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎∗𝐼𝑃𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙∗𝐹𝑆 𝑅𝑇𝐶 = 𝑍𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ∗ 𝐼𝑆 Exemplo: Qual a máxima carga que se pode conectar no secundário do TC classe 10H400; 600/5? Chamada carga padrão para 20Ipnominal; Classe de Exatidão do TC pela ANSI Limitação da máxima tensão que pode aparecer no secundário do TC no instante da máxima corrente de curto-circuito, de acordo com o FS. Exemplo: TC classe 10H400. É um TC de alta reatância, tal que quando ocorrer um curto-circuito cuja corrente secundária for de 20 x 5 A = 100 A, no máximo poderá ter no secundário uma tensão de 400 Volts, para que um erro devido à saturação do núcleo do TC não ultrapasse 10%. Transformador de potencial – TP É o sensor que realiza a transdução da tensão do sistema de potencia para níveis apropriados para o processamento de relés de proteção, medidores e para fins de controle e supervisão; Diferentemente do TC, o primário é constituído de muitas espiras, enquanto o secundário possui numero suficiente para se obter uma tensão nominal de 115V ou 115/√3 VA; Geralmente instalados conjuntamente com TC; Características construtivas do TP Quanto a sua forma construtiva, os TP’s podem ser classificados por indutivos (TPI) ou capacitivos (TPC): Os indutivos são os mais utilizados até o nível de 69/138 kV, pois seu custo é inferior; Estrutura básica formada por um primário envolvendo um núcleo comum ao secundário, funcionando assim com base na conversão eletromagnética; Os capacitivos são construídos por dois capacitores em série, formando um divisor capacitivo, mais um TP eletromagnético, topologia que tem a vantagem de permitir comunicação através do sistema carrier. A) TP Tipo Indutivo TP de 15 kV, tipo óleo mineral TP de 15 kV, isolação a seco B) TP Tipo Capacitivo Chaves fusíveis São dispositivos de proteção que têm como função básica interromper o circuito elétrico quando o valor da corrente que flui pelo alimentador excede um determinado nível, em um intervalo de tempo definido; A interrupção será dada pela fusão do elo-fusível (que deve ser manualmente reposto para restauração da continuidade). Deve estar coordenado com os outros dispositivos de proteção do sistema, minimizando o número de consumidores afetados pela sua atuação; Os fabricantes disponibilizam curvas de tempo- corrente (TCCs) de seus fusíveis, que são as principais ferramentas utilizadas em estudos de coordenação; Coordenação de Fusíveis Série O elo fusível protetor deve atuar primeiro, para isso o tempo total de interrupção fusível protetor deve ser menor que o tempo mínimo para a fusão do elo fusível protegido. Elos fusíveis para proteção de circuitos primários A corrente nominal do 1º elo-fusível de um ramal, no sentido da carga para a fonte, deverá ser igual ou maior do que 1,5 vezes o valor máximo da corrente de carga medida ou avaliada no ponto de instalação; Para os demais elos instalados a montante do anterior: A capacidade nominal do elo-fusível deverá ser igual ou maior do que 1,5 vezes o valor máximo da corrente de carga medida ou convenientemente avaliada no ponto de instalação; A capacidade nominal do elo-fusível protetor deverá ser, no máximo, um quarto (1/4) da corrente de curto-circuito fase terra mínimo no fim do trecho protegido por ele; 1,5𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ≤ 𝐼𝑓𝑢𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙 ≤ 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 4 O elo protegido, deverá coordenar com o elo protetor, pelo menos, para o valor da corrente de curto-circuito fase-terra mínimo no ponto de instalação do elo protetor. Relés Elementos mais importantes do sistema de proteção, vigiando diuturnamente as condições de operação do sistema elétrico; Dispositivo sensor que deve processar os sinais, determinar a existência de uma anormalidade e então iniciar alguma ação de sinalização (alarme), bloqueio ou abertura de um disjuntor, de modo a isolar o equipamento ou parte do sistema afetada pela falha. Características funcionais dos relés de proteção a) Confiabilidade - grau de certeza da atuação correta de um dispositivo para a qual ele foi projetado. Recusa de atuação: não atuam quando deveriam - Fidedignidade; Atuação incorreta: atuam quando não deveriam - Segurança. b) Seletividade dos relés e zonas de proteção - o relé será considerado seguro se ele responder somente as faltas dentro da sua zona de proteção; c) Sensibilidade; d) Velocidade - É geralmente desejável remover a parte atingida pela falta tão rapidamente quanto possível, todavia, existem situações em que uma temporização intencional é necessária. Relé de Sobrecorrente Tem como grandeza de atuação a corrente elétrica do sistema. Isto ocorrerá quando esta atingir um valor igual ou superior a corrente mínima de atuação; Geralmente os relés de sobrecorrente são compostos por duas unidades: instantânea 50 e temporizada 51 e podem ser de neutro ou de fase; A. Unidade 51 de neutro (Temporizada) i. Quando o sistema for ligado em estrela aterrado e não possuir cargas monofásicas, o relé de neutro deverá ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para um valor menor que a corrente de curto-circuito fase-terra mínimo dentro da sua zona de proteção. E deverá ser maior do que 10% da corrente de carga do circuito devido erros admissíveis nos transformadores de corrente. 0,1. 𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑅𝑇𝐶 ≤ 𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 ≤ 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 𝑅𝑇𝐶 ii. Quando o sistema for ligado em estrela aterrado e possuir cargas monofásicas, o relé de neutro deverá ter a sua corrente mínima de atuação ajustada para um valor menor que a corrente de curto-circuito fase-terra mínimo dentro da sua zona de proteção. E deverá ser maior do que 10% a 30% da corrente de carga do circuito devido aos desequilíbrios admissíveis do sistema. (0,1 − 0,3). 𝐼𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑅𝑇𝐶 ≤ 𝐼𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 ≤ 𝐼𝑐𝑐,∅𝑇 𝑅𝑇𝐶 Quando a corrente de operação for igual a corrente do tap, o relé está no limiar de operação. Deste modo o tap é também conhecido como corrente de ajuste do relé, isto é: Iajuste do relé = Tap do relé Para dosar o quanto a corrente de defeito é maior que o seu limiar de operação, é convencionalmente utilizado o termo, conhecido como múltiplo do relé (M): 𝑀 = 𝐼𝑐𝑐 𝑅𝑇𝐶. 𝑇𝐴𝑃 Ou seja, o múltiplo M do relé, indica quantas vezes a corrente de defeito é maior que seu tap, por exemplo: Relé A => TAP = 1A => Idefeito = 5A => M=5. Ajuste de tempo do relé de sobrecorrente de tempo inverso Neste tipo de relé, não se escolhe o tempo de atuação, mas sim a sua curva de atuação. Esta curva é escolhida dependendo das características e condições da coordenação dos relés presentes na proteção na qual estão inter-relacionados; A coordenação depende de uma escada de tempos diferentes para a mesma corrente de curto- circuito. Isto garante uma sequência de seletividade na abertura dos disjuntores, sempre objetivando a eliminar o defeito, deixando sem energia o menor número de consumidores. Nos relés de tempo inverso, os fabricantes demarcam as curvas de atuação dos relés em percentagem ou na base 10. Assim as curvas podem ser: 0,5 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10. ou 5% – 10% – 20% – 30% – 40% – 50% – 60% – 70% – 80% – 90% – 100%. Assim, as curvas têm o seu tempo referido ao da curva de 100%. Ou seja, para um dado curto- circuito, o tempo de atuação do relé corresponde a uma percentagem em relação ao tempo da curva 100%. Isto é mostrado no exercício a seguir: A. Unidade 50 de fase e neutro (Instantâneo) O ajuste da corrente do relé instantâneo sempre será maior que a do relé temporizado. Geralmente a unidade instantânea é ajustada para proteger 85% do trecho compreendido entre sua localização e o ponto de instalação do primeiro equipamento de proteção a jusante. IAjuste = ICC3 a 85% da LT / (RTCTap51) 5. Coordenação e seletividade usando relés de Sobrecorrente Os relés devem operar o mais rápido possível, dentro de sua seletividade de proteção; Para formar uma cadeia com sequência de operação, onde o relé ou fusível mais próximo do defeito atue prioritariamente, deve haver uma escada de tempos de atuação sucessivos dos relés, garantindo a proteção de vanguarda e sucessivas retaguardas; A coordenação dos relés é necessária, porque o sistema de proteção também pode falhar. Neste caso, a atuação da proteção de retaguarda é imprescindível. Para haver coordenação, os tempos de operação de dois relés sucessivos, devem, satisfazer a inequação: trelé montante trelé jusante + t onde: t = 0,15 a 0,25 s para relés eletrônicos e digitais; t = 0,2 a 0,4 s para fusíveis tipo K. Procura-se sempre numa cadeia de proteção, utilizar o valor da diferença de tempo o mais próximo possível a igualdade da inequação.
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