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Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UM CREME CORPORAL PRODUZIDO A PARTIR DE ÓLEO ESSENCIAL DE SEMENTE DE ABÓBORA PRODUCTION AND CHARACTERIZATION OF A BODY CREAM PRODUCED FROM ESSENTIAL OIL OF PUMPKIN SEED Fernanda Andrade Machado1; Mariana Dias Ribeiro2; Camila Cristina Almeida de Paula³ RESUMO: O mercado de produtos anti-idade no Brasil vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, e seus consumidores têm buscado cada vez mais por produtos diferenciados que minimizem a aparência de rugas e linhas de expressão. A abóbora é um dos legumes mais consumidos no Brasil devido ao seu baixo custo e seu sabor suave, sendo apreciada de Norte a Sul do país. As abóboras do gênero Curcubita Máxima possuem propriedades antioxidantes que auxiliam na desaceleração do processo de envelhecimento, pois possuem várias vitaminas e outros nutrientes que reduzem a ação de radicais livres no organismo. Assim, tendo em mente a preocupação cada vez maior da população com relação aos efeitos do tempo na pele e as propriedades antioxidantes da abóbora, o presente trabalho teve como objetivo a elaboração e avaliação da atividade antioxidante de um creme corporal produzido a parir do óleo essencial de semente de abóbora. Além das análises de atividade antioxidante, utilizando o reagente DPPH, foram feitos também ensaios de pH, centrifugação, densidade, materiais voláteis e resíduo seco para caracterização do cosmético produzido. Os resultados obtidos demostram que o creme possui potencial para ser um bom hidratante anti-idade. Palavra-chave: Abóbora; Antioxidante; Cosméticos; DPPH. ABSTRACT: The market for anti-aging products in Brazil has grown considerably in recent years, and its consumers are increasingly looking for differentiated products that minimize the appearance of wrinkles and fine lines. Pumpkin is one of the most consumed vegetables in Brazil due to its low cost and mild flavor, being appreciated from North to South of the country. Pumpkins of the genus Curcubita Máxima have antioxidant properties that help slow down the aging process because they have several vitamins and other nutrients that reduce the action of free radicals in the body. Thus, with the growing concern of the population regarding the effects of skin time and the antioxidant properties of pumpkin, the present work aimed at the elaboration and evaluation of the antioxidant activity of a body cream produced from essential oil of pumpkin seed. In addition to the analysis of antioxidant activity using the DPPH reagent, pH, centrifugation, density, volatile materials and dry matter tests were also performed to characterize the cosmetic produced. The results show that the cream has the potential to be a good anti-aging moisturizer. KEYWORDS: Pumpkin; Antioxidant; Cosmetics; DPPH. ____________________________________________________________________________ 1 Graduanda em Engenharia Química. Uni-BH, 2018. Belo Horizonte, MG. machadofernandaandrade@gmail.com. 2 Graduanda em Engenharia Química. Uni-BH, 2018. Belo Horizonte, MG. maryanardias@gmail.com. 3 Doutora em Química. UFMG, 2018. Professora do Centro Universitário de Belo Horizonte, Uni-BH, Belo Horizonte, MG. camila.cristina@prof.unibh.br. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ 1 INTRODUÇÃO A abóbora compreende um total de 27 espécies conhecidas, tendo como nome científico Cucurbita spp., pertencente à Família das Cucurbitaceae (CPRA, 2014). Este vegetal cumpre as exigências de um alimento saudável, sendo o seu fruto muito apreciado pelos consumidores pelo seu sabor suave e pelo seu valor nutritivo (BOSCHI, 2015). Segundo o Anuário Brasileiro de Hortaliças de 2013, a abóbora é um fruto disseminado no país, com diferentes denominações, como moranga mais ao Sul e jerimum mais ao Norte e Nordeste do Brasil. O Censo do IBGE evidenciou o grande número de estabelecimentos rurais que se dedicavam ao seu cultivo: 127.738 localidades, com 88,2 mil hectares, espalhadas do Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) ao Nordeste (tendo a Bahia à frente). As abóboras do gênero cucurbita são uma grande fonte de vitamina C e carotenoides, com atividade provitamina A (ARIMA, RODRIGUEZ-AMAYA, 1988). Os carotenoides possuem características positivas quanto a sua ingestão em alta quantidade e a diminuição de riscos de doenças, tais como câncer, doenças cardiovasculares, úlceras, catarata e doenças degenerativas ligadas à idade, pois possuem características antioxidantes que reduzem o número de radicais livres no organismo (RAO, 2007; ELLIOTT, 2005). As sementes de abóbora também são ricas nos nutrientes citados acima e são utilizadas na elaboração de pratos culinários no sudeste da Áustria, Eslovênia e Hungria e também são consumidas como suplemento alimentar em países africanos e no Brasil (REZIG et al. 2012). O óleo da semente de abóbora é uma excelente fonte de substâncias com ação antioxidantes com polifenóis, tocoferóis, carotenoides e ácidos graxos poli- insaturados (AGPIs), e pode ser obtido por diferentes métodos (prensagem, extração por solventes orgânicos ou extração por fluidos supercríticos) (NETO, FERNANDES, 2017). Devido a sua composição química, o óleo de abóbora pode ser empregado como conservante e ingrediente funcional em alimentos, e como ingrediente na produção de cosméticos, pois pode retardar o envelhecimento precoce (SIANO et al., 2016). O envelhecimento é um processo natural que se inicia com o declínio das funções fisiológicas, provocadas por alterações moleculares e celulares, acelerado por moléculas instáveis e reativas conhecidas como radicais livres, aliado à perda da capacidade do organismo de se recuperar dessas agressões (FRIES, FRASSON, 2010). Existem diversas maneiras de se evitar o declínio cutâneo, como seguir uma dieta rica em fibras e vitaminas que abstraem radicais livres, além do uso de protetor solar (DECCACHE, 2006). A exposição excessiva ao sol é a principal causa de envelhecimento cutâneo precoce. Além disso, outros fatores estão relacionados ao álcool, tabagismo e fatores genéticos (OLIVEIRA, 2008). O corpo humano sofre agressões por radicais livres o tempo todo, por isso necessita de antioxidantes endógenos e exógenos para seu bom funcionamento e combate ao envelhecimento precoce. Dentre os antioxidantes endógenos podemos citar a glutationa, peroxidase e a catalase, que são enzimas produzidas pelo nosso organismo. Em relação aos exógenos, são compostos provenientes de dieta alimentar ou de produtos para o cuidado da pele que geralmente contém tocoferóis (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C), polifenóis, selênio e carotenóides. (SOUSA et al., 2007; DUARTE, 2003; OLIVEIRA, 2002). Além de diminuir os efeitos causados pelos radicais livres, os antioxidantes podem reparar alguns defeitos causados pelos mesmos, pois estabilizam e desativam os radicais livres antes que estes ataquem Marina Nota O censo do IBGE de qual ano? Marina Riscado Marina Texto digitado "Que eles podem causar"null'mesmos' não pode ser usado como termo de retorno. 3 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ os alvos biológicos celulares (SOUSA et al., 2007; ALMADA FILHO, 2002). O efeito cooperativo entre as vitaminas C e E é frequentemente mencionado na literatura, mostrando que a interação dessas vitaminas é efetiva na inibição da peroxidação dos lipídeos da membrana e na proteção do DNA (GEY, 1998). Segundo Pereira (2008), vitamina C é o nome comum dadoao ácido 2,3-enediol-L-gulônico, que é um poderoso antioxidante, pois impede a oxidação, isto é, a perda de elétrons. As moléculas do ácido ascórbico (vitamina C) sofrem oxidação antes que outras moléculas se oxidem, impedindo e protegendo essas outras moléculas da oxidação. Possui fórmula química C6H8O6, cuja estrutura pode ser observada na Figura 1. Figura 1 – Estrutura do ácido ascórbico. (Fonte: ROMERO, et al., 2005). A vitamina E é um componente dos óleos vegetais encontrada na natureza em quatro formas diferentes α, β, γ e δ-tocoferol, sendo o α-tocoferol a forma antioxidante amplamente distribuída nos tecidos e no plasma (BIANCHI e ANTUNES, 1999). Os tocoferóis convertem radicais livres em espécies mais estáveis por meio da doação de um átomo de hidrogênio, gerando produtos eletricamente estáveis ou menos reativos (CATANIA, et al., 2009). Sua estrutura é apresentada na Figura 2. Figura 2 – Estrutura da vitamina E. (Fonte: Seropedica online). Segundo a revista Food Ingredients Brazil, os polifenois são antioxidantes que promovem a remoção ou inativação dos radicais livres formados durante a iniciação ou propagação da reação, através da doação de átomos de hidrogênio a estas moléculas, interrompendo a reação em cadeia. O átomo de hidrogênio ativo do antioxidante é abstraído pelos radicais livres R• e ROO• com maior facilidade do que os hidrogênios alílicos das moléculas insaturadas. Assim, formam-se espécies inativas para a reação em cadeia e um radical inerte A• procedente do antioxidante. Este radical, estabilizado por ressonância, não tem a capacidade de iniciar ou propagar as reações oxidativas. A produção de um produto tópico é complexa, visto que vários componentes, se mal estudados, podem afetar o resultado durante a aplicação na pele. O estudo aprofundado desses componentes influi diretamente no sucesso ou insucesso do produto em questão. O conhecimento desses parâmetros irá permitir o desenvolvimento de formulações ideais, sendo de total responsabilidade da empresa a realização dos testes que comprovem a eficácia e a segurança de seus produtos (FRASSON, 2010; Fonseca et al., 2008; Neves, 2008; FRIES). Uma tendência atual de mercado é a associação de antioxidantes a outros ativos com diferentes funções para um efeito combinado. Assim, além de combater o envelhecimento precoce com a inibição dos radicais livres, o produto pode proporcionar elasticidade e firmeza à pele. São exemplos, agentes como o colágeno e a elastina, proteínas fibrosas que proporcionam hidratação. Já o ácido glicólico é um alfa- hidroxiácido (AHA) com grande poder de penetração intracelular, que promove a remoção de corneócitos (células mortas), além de estimular a biossíntese das glicosaminoglicanas dérmicas e de outras substâncias intracelulares que podem ser responsáveis pela Marina Riscado Marina Texto digitado Tautologia Marina Riscado Marina Riscado Marina Texto digitado Tautologia 4 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ erradicação de finas rugas (GUIIRRO, 2004). Entretanto, é importante ressaltar que a avaliação da eficácia de um produto (estudos in vivo) deve sempre ocorrer após as etapas de comprovação da estabilidade físico-química, da qualidade microbiológica e da segurança clínica (FRIES, FRASSON, 2010; Neves, 2008). Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um creme anti-idade, usado para tratar e prevenir sinais de envelhecimento da pele, tendo como seu principal componente o óleo essencial de semente de abóbora, onde foi avaliado o poder antioxidante e hidratante do produto. 2 METODOLOGIA O creme tópico elaborado nesse trabalho foi obtido a partir da mistura entre base creme hidratante neutra LIMNE® (formulação: álcool cetoestearílico, vaselina, propilenoglicol, nipagim, nipazol, silicone, miristato de isopropila e água), óleo essencial de abóbora Mundos dos Óleos®, óleo essencial de lavanda Engenharia das Essências® e vitamina C VoiláVe®. A Figura 3 se refere ao creme final obtido logo após a homogeneização manual dos componentes citados acima. Figura 3 – Creme final obtido após a homogeneização dos componentes (Fonte: Autor). A fabricação do creme base para elaboração do creme final, bem como a obtenção do óleo essencial de abóbora a partir de sementes in natura, não foi possível devido ao custos e dificuldade para execução de testes alérgicos. Por essa razão, todos os ingredientes para elaboração do creme final foram escolhidos de acordo com as informações com relação a testes alérgicos em seus rótulos. 2.1 ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE A capacidade antioxidante de qualquer substância depende de sua habilidade de eliminar e limitar a reatividade de radicais livres com outras biomoléculas (Joshi et al., 2005). Segundo Sousa et al. (2007), vários métodos são utilizados para determinar a atividade antioxidante em extratos e substâncias isoladas. Um dos mais usados consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical livre 2,2- difenil-1-picril-hidrazila - DPPH, que absorve radiação eletromagnética aproximadamente em 517 nm no espectrofotômetro UV-Vis e possui coloração púrpura. Por ação de um antioxidante (AH) ou uma espécie radicalar (R), o DPPH é reduzido formando difenil-picril-hidrazina, como mostra a Figura 4, com consequente aparecimento de coloração amarela e diminuição da intensidade da banda em 517 nm. Assim, a atividade antioxidante da amostra pode ser monitorada pelo decréscimo da absorbância do DPPH. O DPPH é um radical livre que pode ser obtido diretamente por dissolução do reagente em meio orgânico (RUFINO et al, 2007). A partir dos resultados obtidos determina-se a porcentagem de atividade antioxidante ou sequestradora de radicais livres e/ou a porcentagem de DPPH remanescente no meio reacional (SOUSA et al, 2007). Figura 4 – Reação de estabilização do radical livre DPPH (Fonte: BRITO, 2007). 5 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ Conforme procedimento descrito por Fries e Frasson, (2010) foram pesados 2,5 g de cada amostra de creme e diluídos de modo a obter as concentrações de 10; 2; 1; 0,5 e 0,25 mg/mL. À alíquota de 2,5 mL de cada uma das concentrações foi adicionado 1 mL da solução metanólica de DPPH (Sigma-Aldrich) a 0,3 mM. Após 30min, a absorbância foi medida no comprimento de onda de 517 nm, para quantificação da descoloração, utilizando metanol para zerar o espectrofotômetro BEL 2000 UV®, mostrado na Figura 5. Amostras brancas, sem adição de DPPH, também foram preparadas e lidas no espectrofotômetro, bem como a solução padrão de DPPH. Todas as análises foram feitas em triplicada. Figura 5 – Espectrofotômetro. (Fonte: Autor). A atividade antioxidante do creme corporal de óleo essencial de abóbora foi calculada partir da equação 1. % 𝑎𝑡𝑖𝑣. 𝑎𝑛𝑡𝑖𝑜𝑥𝑖𝑑. = [ 1 − (𝑎𝑏𝑠 𝐴 − 𝑎𝑏𝑠 𝐵) 𝑎𝑏𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 ] 𝑥100 (1) Onde, abs A se refere a absorbância da amostra, abs B a absorbância da amostra branca e abs controle a absorbância da solução padrão de DPPH. 2.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS Todas as análises físico-químicas descritas a seguir foram feitas de acordo com o Guia de Controle de qualidade de produtos cosméticos produzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2007). 2.2.1PH A avaliação do pH foi realizada por meio do pHmetro da marca KASVI, mostrado na Figura 6. Primeiramente, o aparelho foi calibrado com solução tampão (BUFFER) de pH 4 e 7 para evitar erros de medição. Para determinação do pH do creme de óleo essencial de abóbora, pesou-se 1g de amostra em balança analítica, que foram transferidos para um béquer e a diluídos em 9 mL de água. Após o preparo da solução aquosa, imergiu-se o eletrodo do aparelho na solução e após alguns segundos o resultado foi obtido (BARROS, et al., 2016). Figura 6 – pHmetro. (Fonte: Autor). 2.2.2 MATERIAIS VOLÁTEIS E RESÍDUO SECO Para avaliação dos materiais voláteis foi realizada, primeiramente, a pesagem do cadinho de porcelana e posteriormente do conjunto cadinho de porcelana + amostra. Os valores foram anotados e o conjunto cadinho + creme foi colocado em uma estufa com temperatura de 60ºC durante uma hora e trinta minutos. A equação utilizada para determinação de materiais voláteis é apresentada abaixo: 𝑀𝑉 = [ 𝑚𝑖 − 𝑚𝑓 𝑚𝑖 ] 𝑥 100 (2) onde, MV se refere a porcentagem de materiais voláteis, mi a massa inicial da amostra desconsiderando a massa do cadinho (g) e mf a massa final da amostra também desconsiderando a massa inicial do cadinho (g). O resíduo seco foi realizado foi obtido a partir dos mesmo dados, utilizando-se a seguinte equação: Marina Nota mg de creme por mL de solução? 6 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ 𝑅𝑆 = [ 𝑚𝑓 𝑚𝑖 ] 𝑥 100 (3) Onde, RS equivale a porcentagem de resíduo seco. 2.2.3 DENSIDADE Para a determinação da densidade aparente do creme produzido, pesou-se 1 g da amostra, quantidade esta introduzida na proveta cuidadosamente com o auxílio de um bastão de vidro. Para evitar bolhas de ar e nivelar o material dentro da proveta, foram dadas leves batidas na superfície lateral da vidraria logo após a introdução da amostra. Em seguida, anotou-se o volume e realizou-se o cálculo a partir da equação 4: 𝐷𝑎𝑝 = 𝑚 𝑉 (4) onde, Dap se refere à densidade aparente (g mL-1), m a massa da amostra (g) e V o volume final (mL). A avaliação da densidade aparente foi feita em triplicata. 2.2.4 CENTRIFUGAÇÃO O ensaio de centrifugação do creme de óleo essencial de abóbora foi realizado em centrífuga Macro EV:04. Para tal, 3 mL amostra foram submetidos a uma velocidade de 3000 rpm por 30 minutos e temperatura de 25 ºC. A análise foi realizada em triplicata após 24 horas da obtenção das formulações. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3. 1 ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE Os resultados obtidos para a análise de atividade antioxidante do creme corporal de óleo essencial de semente de abóbora são apresentados na tabela 1. Tabela 1: Atividade antioxidante do creme corporal de abobora em diferentes concentrações. Concentrações das amostras (mg/mL) % atividade antioxidante média 10 79 ± 5 2 87 ± 10 1 58 ± 3 0,5 63 ± 2 0,25 70 ± 5 O creme corporal de abóbora apresentou atividade antioxidante acima de 58% em todas as concentrações avaliadas, resultado compatível com os de outros cremes anti-idade comercializados no Brasil, avaliados pelo mesmo método, cuja atividade antioxidante variou entre 48 e 76 % (FRIES e FRASSON, 2010). Os cremes já avaliados também possuíam em suas formulações compostos tidos como antioxidantes, como carotenoides, vitamina C e polifenóis, o que pode justificar a compatibilidade dos resultados. Entretanto, os resultados para as diferentes concentrações do creme corporal de óleo essencial de semente de abóbora foram muito discrepantes entre si, o que pode ser explicado por uma falta homogeneidade do creme após sua elaboração, já que a emulsão foi preparada manualmente. É importante ressaltar que não existe legislação para regulamentar a atividade antioxidante mínima que um cosmético teve ter para ser classificado como anti- idade, ficando a critério do fabricante a utilização dessa denominação. Os requisitos técnicos de regularização exigidos pela Anvisa para cosméticos (RDC 07/2015) atentam apenas para a formulação do produto e sua conformidade com as informações de rotulagem. 3. 2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 3.2.1 PH Segundo Galembeck (1992), uma das propriedades mais importantes de um cosmético é o pH, que deve ser o mais próximo possível do pH natural da pele, que varia de 4,5 a 6,0. Cremes e loções para aplicação na pele com valores extremos de pH (abaixo de 3,0 ou acima 8,0) podem ser danosos, pois podem causar ressecamento da pele devido à desestruturação da queratina ou remoção excessiva do sebo. 7 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ O creme à base de óleo essencial de semente de abóbora apresentou pH em torno de 3,19. Esse resultado não confere um pH extremo, mas não está de acordo com o pH natural da pele, sendo sua correção necessária. Uma explicação plausível para o baixo pH do creme seria o excesso de vitamina C empregado em sua formulação. Assim, uma possível correção seria a diminuição da quantidade desse componente para obtenção de um pH ligeiramente menos ácido. Entretanto, essa diminuição afetaria também a atividade antioxidade do creme produzido, de modo que mais teste são necessários para adaptação da fórmula do produto. 3.2.2 MATERIAIS VOLÁTEIS E RESÍDUO SECO Os resultados obtidos para o ensaio de matérias voláteis e resíduo seco foram respectivamente 95,4% e 4,6 %, respectivamente. Estes ensaios também não possuem valor máximo ou mínimo estabelecidos pela legislação, mas são importantes pra indicar discordâncias com o rótulo de um produto já comercializado. Por exemplo, cremes esfoliastes provavelmente apresentaram valores para resíduos secos superiores aos valores encontrados para cremes hidratantes. 3.2.3 DENSIDADE O resultado obtido para o teste de densidade manteve- se em média em 0,96038 g mL-1. Na legislação também não existe um valor específico que deve ser determinado para essa propriedade. Entretanto, a variação da densidade de um cosmético pode indicar se houve instabilidade em suas propriedades, como por exemplo, a perda de água da formulação. 3.2.4 CENTRIFUGAÇÃO A centrifugação é um ensaio preliminar realizado para avaliar qualquer sinal de instabilidade indicativo de necessidade de reformulação em cosméticos (BRASIL, 2004). O teste de centrifugação avalia a estabilidade física de uma emulsão, de modo que quando submetida à centrifugação, a emulsão tenderá a separação de fases caso seja instável. Muitos cosméticos após um período em estoque apresentam separação de fases antes mesmo de chegar a prateleira dos estabelecimentos comerciais, o que justifica a importância desse teste. Após as análises em triplicata, observou-se que não houve separação de fases, nem tão pouco precipitação, formação de sedimentos ou coalescência no creme corporal de óleo essencial de semente de abóbora. O fenômeno de coalescência é definido como um processo químico de união de duas ou mais parcelas de uma fase e normalmente se ser deve à seleção inadequada dos componentes da formulação. Assim, pode-se afirmar que a formulação escolhida foi adequada e apresentou estabilidade. 4.0 CONCLUSÃO O creme corporal de óleo essencial de semente de abóbora foi elaborado a partir de componentes comerciais com o intuito de produzir um cosméticocom propriedades anti-idade. O principal teste realizado nesse trabalho foi a análise de atividade antioxidante através do reagente DPPH. Os resultados obtidos demostraram-se bastante promissores, uma vez que estão de acordo com os resultados apresentados por outros cosméticos já comercializados no Brasil, que possuem atividade antioxidante de 48 a 76 %. Os resultados para os demais testes físico-químicos realizados conforme o Guia de Controle de qualidade de produtos cosméticos produzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária se mostraram condizentes com os atributos necessários para um creme hidratante. A exceção foi apenas o valor e pH, que pode ser contornado com modificações na formulação. Marina Nota Porque não considerar a adição de um composto básico afim de aumentar e ajustar o pH da formulação proposta? Marina Nota Comentem um pouco sobra o significado destes valores. Qual é o objetivo deste tipo de análise? O creme proposto deveria ter mais ou menos compostos voláteis? A presença de voláteis em formulações tópicas é desejável? Porque se volatiliza, não é absorvido, não? 8 e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ Por fim, é importante ressaltar que mais testes como testes organoléticos, viscosidade e outros testes analíticos são necessários para determinar a eficácia real do cosmético produzido nesse trabalho. ____________________________________ ________________________________ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMADA FILHO, C. M. Antioxidantes e radicais livres. In: CANÇADO, F. A. X. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 744-748. 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