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Produção e caracterização de um creme corporal produzido a partir de óleo de semente de abóbora

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PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UM CREME CORPORAL 
PRODUZIDO A PARTIR DE ÓLEO ESSENCIAL DE SEMENTE DE 
ABÓBORA 
 
PRODUCTION AND CHARACTERIZATION OF A BODY CREAM PRODUCED 
FROM ESSENTIAL OIL OF PUMPKIN SEED 
 
Fernanda Andrade Machado1; Mariana Dias Ribeiro2; Camila Cristina Almeida de Paula³ 
 
 
 
 
 
 
RESUMO: O mercado de produtos anti-idade no Brasil vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, e seus 
consumidores têm buscado cada vez mais por produtos diferenciados que minimizem a aparência de rugas e linhas 
de expressão. A abóbora é um dos legumes mais consumidos no Brasil devido ao seu baixo custo e seu sabor 
suave, sendo apreciada de Norte a Sul do país. As abóboras do gênero Curcubita Máxima possuem propriedades 
antioxidantes que auxiliam na desaceleração do processo de envelhecimento, pois possuem várias vitaminas e 
outros nutrientes que reduzem a ação de radicais livres no organismo. Assim, tendo em mente a preocupação cada 
vez maior da população com relação aos efeitos do tempo na pele e as propriedades antioxidantes da abóbora, o 
presente trabalho teve como objetivo a elaboração e avaliação da atividade antioxidante de um creme corporal 
produzido a parir do óleo essencial de semente de abóbora. Além das análises de atividade antioxidante, utilizando 
o reagente DPPH, foram feitos também ensaios de pH, centrifugação, densidade, materiais voláteis e resíduo seco 
para caracterização do cosmético produzido. Os resultados obtidos demostram que o creme possui potencial para 
ser um bom hidratante anti-idade. 
 
Palavra-chave: Abóbora; Antioxidante; Cosméticos; DPPH. 
 
ABSTRACT: The market for anti-aging products in Brazil has grown considerably in recent years, and its consumers 
are increasingly looking for differentiated products that minimize the appearance of wrinkles and fine lines. Pumpkin 
is one of the most consumed vegetables in Brazil due to its low cost and mild flavor, being appreciated from North to 
South of the country. Pumpkins of the genus Curcubita Máxima have antioxidant properties that help slow down the 
aging process because they have several vitamins and other nutrients that reduce the action of free radicals in the 
body. Thus, with the growing concern of the population regarding the effects of skin time and the antioxidant 
properties of pumpkin, the present work aimed at the elaboration and evaluation of the antioxidant activity of a body 
cream produced from essential oil of pumpkin seed. In addition to the analysis of antioxidant activity using the DPPH 
reagent, pH, centrifugation, density, volatile materials and dry matter tests were also performed to characterize the 
cosmetic produced. The results show that the cream has the potential to be a good anti-aging moisturizer. 
 
KEYWORDS: Pumpkin; Antioxidant; Cosmetics; DPPH. 
 
____________________________________________________________________________ 
 
1 Graduanda em Engenharia Química. Uni-BH, 2018. Belo 
Horizonte, MG. machadofernandaandrade@gmail.com. 
2 Graduanda em Engenharia Química. Uni-BH, 2018. Belo 
Horizonte, MG. maryanardias@gmail.com. 
3 Doutora em Química. UFMG, 2018. Professora do Centro 
Universitário de Belo Horizonte, Uni-BH, Belo Horizonte, MG. 
camila.cristina@prof.unibh.br. 
 
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1 INTRODUÇÃO 
A abóbora compreende um total de 27 espécies 
conhecidas, tendo como nome científico Cucurbita 
spp., pertencente à Família das Cucurbitaceae (CPRA, 
2014). Este vegetal cumpre as exigências de um 
alimento saudável, sendo o seu fruto muito apreciado 
pelos consumidores pelo seu sabor suave e pelo seu 
valor nutritivo (BOSCHI, 2015). 
Segundo o Anuário Brasileiro de Hortaliças de 2013, a 
abóbora é um fruto disseminado no país, com 
diferentes denominações, como moranga mais ao Sul 
e jerimum mais ao Norte e Nordeste do Brasil. O Censo 
do IBGE evidenciou o grande número de 
estabelecimentos rurais que se dedicavam ao seu 
cultivo: 127.738 localidades, com 88,2 mil hectares, 
espalhadas do Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) ao 
Nordeste (tendo a Bahia à frente). 
As abóboras do gênero cucurbita são uma grande fonte 
de vitamina C e carotenoides, com atividade 
provitamina A (ARIMA, RODRIGUEZ-AMAYA, 1988). 
Os carotenoides possuem características positivas 
quanto a sua ingestão em alta quantidade e a 
diminuição de riscos de doenças, tais como câncer, 
doenças cardiovasculares, úlceras, catarata e doenças 
degenerativas ligadas à idade, pois possuem 
características antioxidantes que reduzem o número de 
radicais livres no organismo (RAO, 2007; ELLIOTT, 
2005). 
As sementes de abóbora também são ricas nos 
nutrientes citados acima e são utilizadas na elaboração 
de pratos culinários no sudeste da Áustria, Eslovênia e 
Hungria e também são consumidas como suplemento 
alimentar em países africanos e no Brasil (REZIG et al. 
2012). 
O óleo da semente de abóbora é uma excelente fonte 
de substâncias com ação antioxidantes com polifenóis, 
tocoferóis, carotenoides e ácidos graxos poli-
insaturados (AGPIs), e pode ser obtido por diferentes 
métodos (prensagem, extração por solventes orgânicos 
ou extração por fluidos supercríticos) (NETO, 
FERNANDES, 2017). Devido a sua composição 
química, o óleo de abóbora pode ser empregado como 
conservante e ingrediente funcional em alimentos, e 
como ingrediente na produção de cosméticos, pois 
pode retardar o envelhecimento precoce (SIANO et al., 
2016). 
O envelhecimento é um processo natural que se inicia 
com o declínio das funções fisiológicas, provocadas por 
alterações moleculares e celulares, acelerado por 
moléculas instáveis e reativas conhecidas como 
radicais livres, aliado à perda da capacidade do 
organismo de se recuperar dessas agressões (FRIES, 
FRASSON, 2010). 
Existem diversas maneiras de se evitar o declínio 
cutâneo, como seguir uma dieta rica em fibras e 
vitaminas que abstraem radicais livres, além do uso de 
protetor solar (DECCACHE, 2006). A exposição 
excessiva ao sol é a principal causa de envelhecimento 
cutâneo precoce. Além disso, outros fatores estão 
relacionados ao álcool, tabagismo e fatores genéticos 
(OLIVEIRA, 2008). 
O corpo humano sofre agressões por radicais livres o 
tempo todo, por isso necessita de antioxidantes 
endógenos e exógenos para seu bom funcionamento e 
combate ao envelhecimento precoce. Dentre os 
antioxidantes endógenos podemos citar a glutationa, 
peroxidase e a catalase, que são enzimas produzidas 
pelo nosso organismo. Em relação aos exógenos, são 
compostos provenientes de dieta alimentar ou de 
produtos para o cuidado da pele que geralmente 
contém tocoferóis (vitamina E), ácido ascórbico 
(vitamina C), polifenóis, selênio e carotenóides. 
(SOUSA et al., 2007; DUARTE, 2003; OLIVEIRA, 
2002). Além de diminuir os efeitos causados pelos 
radicais livres, os antioxidantes podem reparar alguns 
defeitos causados pelos mesmos, pois estabilizam e 
desativam os radicais livres antes que estes ataquem 
Marina
Nota
O censo do IBGE de qual ano?
Marina
Riscado
Marina
Texto digitado
"Que eles podem causar"null'mesmos' não pode ser usado como termo de retorno.
3 
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os alvos biológicos celulares (SOUSA et al., 2007; 
ALMADA FILHO, 2002). 
O efeito cooperativo entre as vitaminas C e E é 
frequentemente mencionado na literatura, mostrando 
que a interação dessas vitaminas é efetiva na inibição 
da peroxidação dos lipídeos da membrana e na 
proteção do DNA (GEY, 1998). 
Segundo Pereira (2008), vitamina C é o nome comum 
dadoao ácido 2,3-enediol-L-gulônico, que é um 
poderoso antioxidante, pois impede a oxidação, isto é, 
a perda de elétrons. As moléculas do ácido ascórbico 
(vitamina C) sofrem oxidação antes que outras 
moléculas se oxidem, impedindo e protegendo essas 
outras moléculas da oxidação. Possui fórmula química 
C6H8O6, cuja estrutura pode ser observada na Figura 1. 
 
Figura 1 – Estrutura do ácido ascórbico. (Fonte: ROMERO, 
et al., 2005). 
A vitamina E é um componente dos óleos vegetais 
encontrada na natureza em quatro formas diferentes α, 
β, γ e δ-tocoferol, sendo o α-tocoferol a forma 
antioxidante amplamente distribuída nos tecidos e no 
plasma (BIANCHI e ANTUNES, 1999). Os tocoferóis 
convertem radicais livres em espécies mais estáveis 
por meio da doação de um átomo de hidrogênio, 
gerando produtos eletricamente estáveis ou menos 
reativos (CATANIA, et al., 2009). Sua estrutura é 
apresentada na Figura 2. 
 
Figura 2 – Estrutura da vitamina E. (Fonte: Seropedica 
online). 
 
Segundo a revista Food Ingredients Brazil, os polifenois 
são antioxidantes que promovem a remoção ou 
inativação dos radicais livres formados durante a 
iniciação ou propagação da reação, através da doação 
de átomos de hidrogênio a estas moléculas, 
interrompendo a reação em cadeia. 
O átomo de hidrogênio ativo do antioxidante é abstraído 
pelos radicais livres R• e ROO• com maior facilidade do 
que os hidrogênios alílicos das moléculas insaturadas. 
Assim, formam-se espécies inativas para a reação em 
cadeia e um radical inerte A• procedente do 
antioxidante. Este radical, estabilizado por ressonância, 
não tem a capacidade de iniciar ou propagar as reações 
oxidativas. 
A produção de um produto tópico é complexa, visto que 
vários componentes, se mal estudados, podem afetar o 
resultado durante a aplicação na pele. O estudo 
aprofundado desses componentes influi diretamente no 
sucesso ou insucesso do produto em questão. O 
conhecimento desses parâmetros irá permitir o 
desenvolvimento de formulações ideais, sendo de total 
responsabilidade da empresa a realização dos testes 
que comprovem a eficácia e a segurança de seus 
produtos (FRASSON, 2010; Fonseca et al., 2008; 
Neves, 2008; FRIES). 
Uma tendência atual de mercado é a associação de 
antioxidantes a outros ativos com diferentes funções 
para um efeito combinado. Assim, além de combater o 
envelhecimento precoce com a inibição dos radicais 
livres, o produto pode proporcionar elasticidade e 
firmeza à pele. São exemplos, agentes como o 
colágeno e a elastina, proteínas fibrosas que 
proporcionam hidratação. Já o ácido glicólico é um alfa-
hidroxiácido (AHA) com grande poder de penetração 
intracelular, que promove a remoção de corneócitos 
(células mortas), além de estimular a biossíntese das 
glicosaminoglicanas dérmicas e de outras substâncias 
intracelulares que podem ser responsáveis pela 
Marina
Riscado
Marina
Texto digitado
Tautologia 
Marina
Riscado
Marina
Riscado
Marina
Texto digitado
Tautologia
4 
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erradicação de finas rugas (GUIIRRO, 2004). 
Entretanto, é importante ressaltar que a avaliação da 
eficácia de um produto (estudos in vivo) deve sempre 
ocorrer após as etapas de comprovação da 
estabilidade físico-química, da qualidade 
microbiológica e da segurança clínica (FRIES, 
FRASSON, 2010; Neves, 2008). 
Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo o 
desenvolvimento de um creme anti-idade, usado para 
tratar e prevenir sinais de envelhecimento da pele, 
tendo como seu principal componente o óleo essencial 
de semente de abóbora, onde foi avaliado o poder 
antioxidante e hidratante do produto. 
2 METODOLOGIA 
O creme tópico elaborado nesse trabalho foi obtido a 
partir da mistura entre base creme hidratante neutra 
LIMNE® (formulação: álcool cetoestearílico, vaselina, 
propilenoglicol, nipagim, nipazol, silicone, miristato de 
isopropila e água), óleo essencial de abóbora Mundos 
dos Óleos®, óleo essencial de lavanda Engenharia das 
Essências® e vitamina C VoiláVe®. A Figura 3 se refere 
ao creme final obtido logo após a homogeneização 
manual dos componentes citados acima. 
 
Figura 3 – Creme final obtido após a homogeneização dos 
componentes (Fonte: Autor). 
A fabricação do creme base para elaboração do creme 
final, bem como a obtenção do óleo essencial de 
abóbora a partir de sementes in natura, não foi possível 
devido ao custos e dificuldade para execução de testes 
alérgicos. Por essa razão, todos os ingredientes para 
elaboração do creme final foram escolhidos de acordo 
com as informações com relação a testes alérgicos em 
seus rótulos. 
2.1 ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE 
A capacidade antioxidante de qualquer substância 
depende de sua habilidade de eliminar e limitar a 
reatividade de radicais livres com outras biomoléculas 
(Joshi et al., 2005). 
Segundo Sousa et al. (2007), vários métodos são 
utilizados para determinar a atividade antioxidante em 
extratos e substâncias isoladas. Um dos mais usados 
consiste em avaliar a atividade sequestradora do 
radical livre 2,2- difenil-1-picril-hidrazila - DPPH, que 
absorve radiação eletromagnética aproximadamente 
em 517 nm no espectrofotômetro UV-Vis e possui 
coloração púrpura. Por ação de um antioxidante (AH) 
ou uma espécie radicalar (R), o DPPH é reduzido 
formando difenil-picril-hidrazina, como mostra a Figura 
4, com consequente aparecimento de coloração 
amarela e diminuição da intensidade da banda em 517 
nm. Assim, a atividade antioxidante da amostra pode 
ser monitorada pelo decréscimo da absorbância do 
DPPH. 
O DPPH é um radical livre que pode ser obtido 
diretamente por dissolução do reagente em meio 
orgânico (RUFINO et al, 2007). 
A partir dos resultados obtidos determina-se a 
porcentagem de atividade antioxidante ou 
sequestradora de radicais livres e/ou a porcentagem de 
DPPH remanescente no meio reacional (SOUSA et al, 
2007). 
Figura 4 – Reação de estabilização do radical livre DPPH 
(Fonte: BRITO, 2007). 
5 
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Conforme procedimento descrito por Fries e Frasson, 
(2010) foram pesados 2,5 g de cada amostra de creme 
e diluídos de modo a obter as concentrações de 10; 2; 
1; 0,5 e 0,25 mg/mL. À alíquota de 2,5 mL de cada uma 
das concentrações foi adicionado 1 mL da solução 
metanólica de DPPH (Sigma-Aldrich) a 0,3 mM. Após 
30min, a absorbância foi medida no comprimento de 
onda de 517 nm, para quantificação da descoloração, 
utilizando metanol para zerar o espectrofotômetro BEL 
2000 UV®, mostrado na Figura 5. Amostras brancas, 
sem adição de DPPH, também foram preparadas e 
lidas no espectrofotômetro, bem como a solução 
padrão de DPPH. Todas as análises foram feitas em 
triplicada. 
 
Figura 5 – Espectrofotômetro. (Fonte: Autor). 
A atividade antioxidante do creme corporal de óleo 
essencial de abóbora foi calculada partir da equação 1. 
% 𝑎𝑡𝑖𝑣. 𝑎𝑛𝑡𝑖𝑜𝑥𝑖𝑑. = [ 1 −
(𝑎𝑏𝑠 𝐴 − 𝑎𝑏𝑠 𝐵)
𝑎𝑏𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒
] 𝑥100 (1) 
Onde, abs A se refere a absorbância da amostra, abs 
B a absorbância da amostra branca e abs controle a 
absorbância da solução padrão de DPPH. 
2.2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 
Todas as análises físico-químicas descritas a seguir 
foram feitas de acordo com o Guia de Controle de 
qualidade de produtos cosméticos produzido pela 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 
2007). 
2.2.1PH 
A avaliação do pH foi realizada por meio do pHmetro da 
marca KASVI, mostrado na Figura 6. Primeiramente, o 
aparelho foi calibrado com solução tampão (BUFFER) 
de pH 4 e 7 para evitar erros de medição. Para 
determinação do pH do creme de óleo essencial de 
abóbora, pesou-se 1g de amostra em balança analítica, 
que foram transferidos para um béquer e a diluídos em 
9 mL de água. Após o preparo da solução aquosa, 
imergiu-se o eletrodo do aparelho na solução e após 
alguns segundos o resultado foi obtido (BARROS, et 
al., 2016). 
 
Figura 6 – pHmetro. (Fonte: Autor). 
2.2.2 MATERIAIS VOLÁTEIS E RESÍDUO SECO 
Para avaliação dos materiais voláteis foi realizada, 
primeiramente, a pesagem do cadinho de porcelana e 
posteriormente do conjunto cadinho de porcelana + 
amostra. Os valores foram anotados e o conjunto 
cadinho + creme foi colocado em uma estufa com 
temperatura de 60ºC durante uma hora e trinta minutos. 
A equação utilizada para determinação de materiais 
voláteis é apresentada abaixo: 
𝑀𝑉 = [
𝑚𝑖 − 𝑚𝑓
𝑚𝑖
] 𝑥 100 (2) 
onde, MV se refere a porcentagem de materiais 
voláteis, mi a massa inicial da amostra 
desconsiderando a massa do cadinho (g) e mf a massa 
final da amostra também desconsiderando a massa 
inicial do cadinho (g). 
O resíduo seco foi realizado foi obtido a partir dos 
mesmo dados, utilizando-se a seguinte equação: 
Marina
Nota
mg de creme por mL de solução?
6 
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𝑅𝑆 = [
𝑚𝑓
𝑚𝑖
] 𝑥 100 (3) 
Onde, RS equivale a porcentagem de resíduo seco. 
2.2.3 DENSIDADE 
Para a determinação da densidade aparente do creme 
produzido, pesou-se 1 g da amostra, quantidade esta 
introduzida na proveta cuidadosamente com o auxílio 
de um bastão de vidro. Para evitar bolhas de ar e nivelar 
o material dentro da proveta, foram dadas leves batidas 
na superfície lateral da vidraria logo após a introdução 
da amostra. Em seguida, anotou-se o volume e 
realizou-se o cálculo a partir da equação 4: 
𝐷𝑎𝑝 =
𝑚
𝑉
 (4) 
onde, Dap se refere à densidade aparente (g mL-1), m 
a massa da amostra (g) e V o volume final (mL). 
A avaliação da densidade aparente foi feita em 
triplicata. 
2.2.4 CENTRIFUGAÇÃO 
O ensaio de centrifugação do creme de óleo essencial 
de abóbora foi realizado em centrífuga Macro EV:04. 
Para tal, 3 mL amostra foram submetidos a uma 
velocidade de 3000 rpm por 30 minutos e temperatura 
de 25 ºC. A análise foi realizada em triplicata após 24 
horas da obtenção das formulações. 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3. 1 ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE 
Os resultados obtidos para a análise de atividade 
antioxidante do creme corporal de óleo essencial de 
semente de abóbora são apresentados na tabela 1. 
Tabela 1: Atividade antioxidante do creme corporal de 
abobora em diferentes concentrações. 
Concentrações das 
amostras (mg/mL) 
% atividade 
antioxidante média 
10 79 ± 5 
2 87 ± 10 
1 58 ± 3 
0,5 63 ± 2 
0,25 70 ± 5 
 
O creme corporal de abóbora apresentou atividade 
antioxidante acima de 58% em todas as concentrações 
avaliadas, resultado compatível com os de outros 
cremes anti-idade comercializados no Brasil, avaliados 
pelo mesmo método, cuja atividade antioxidante variou 
entre 48 e 76 % (FRIES e FRASSON, 2010). Os cremes 
já avaliados também possuíam em suas formulações 
compostos tidos como antioxidantes, como 
carotenoides, vitamina C e polifenóis, o que pode 
justificar a compatibilidade dos resultados. Entretanto, 
os resultados para as diferentes concentrações do 
creme corporal de óleo essencial de semente de 
abóbora foram muito discrepantes entre si, o que pode 
ser explicado por uma falta homogeneidade do creme 
após sua elaboração, já que a emulsão foi preparada 
manualmente. 
É importante ressaltar que não existe legislação para 
regulamentar a atividade antioxidante mínima que um 
cosmético teve ter para ser classificado como anti-
idade, ficando a critério do fabricante a utilização dessa 
denominação. Os requisitos técnicos de regularização 
exigidos pela Anvisa para cosméticos (RDC 07/2015) 
atentam apenas para a formulação do produto e sua 
conformidade com as informações de rotulagem. 
3. 2 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS 
3.2.1 PH 
Segundo Galembeck (1992), uma das propriedades 
mais importantes de um cosmético é o pH, que deve 
ser o mais próximo possível do pH natural da pele, que 
varia de 4,5 a 6,0. Cremes e loções para aplicação na 
pele com valores extremos de pH (abaixo de 3,0 ou 
acima 8,0) podem ser danosos, pois podem causar 
ressecamento da pele devido à desestruturação da 
queratina ou remoção excessiva do sebo. 
7 
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O creme à base de óleo essencial de semente de 
abóbora apresentou pH em torno de 3,19. Esse 
resultado não confere um pH extremo, mas não está de 
acordo com o pH natural da pele, sendo sua correção 
necessária. Uma explicação plausível para o baixo pH 
do creme seria o excesso de vitamina C empregado em 
sua formulação. Assim, uma possível correção seria a 
diminuição da quantidade desse componente para 
obtenção de um pH ligeiramente menos ácido. 
Entretanto, essa diminuição afetaria também a 
atividade antioxidade do creme produzido, de modo 
que mais teste são necessários para adaptação da 
fórmula do produto. 
3.2.2 MATERIAIS VOLÁTEIS E RESÍDUO SECO 
Os resultados obtidos para o ensaio de matérias 
voláteis e resíduo seco foram respectivamente 95,4% e 
4,6 %, respectivamente. 
Estes ensaios também não possuem valor máximo ou 
mínimo estabelecidos pela legislação, mas são 
importantes pra indicar discordâncias com o rótulo de 
um produto já comercializado. Por exemplo, cremes 
esfoliastes provavelmente apresentaram valores para 
resíduos secos superiores aos valores encontrados 
para cremes hidratantes. 
3.2.3 DENSIDADE 
O resultado obtido para o teste de densidade manteve-
se em média em 0,96038 g mL-1. Na legislação também 
não existe um valor específico que deve ser 
determinado para essa propriedade. Entretanto, a 
variação da densidade de um cosmético pode indicar 
se houve instabilidade em suas propriedades, como por 
exemplo, a perda de água da formulação. 
3.2.4 CENTRIFUGAÇÃO 
A centrifugação é um ensaio preliminar realizado para 
avaliar qualquer sinal de instabilidade indicativo de 
necessidade de reformulação em cosméticos (BRASIL, 
2004). O teste de centrifugação avalia a estabilidade 
física de uma emulsão, de modo que quando submetida 
à centrifugação, a emulsão tenderá a separação de 
fases caso seja instável. Muitos cosméticos após um 
período em estoque apresentam separação de fases 
antes mesmo de chegar a prateleira dos 
estabelecimentos comerciais, o que justifica a 
importância desse teste. 
Após as análises em triplicata, observou-se que não 
houve separação de fases, nem tão pouco precipitação, 
formação de sedimentos ou coalescência no creme 
corporal de óleo essencial de semente de abóbora. O 
fenômeno de coalescência é definido como um 
processo químico de união de duas ou mais parcelas 
de uma fase e normalmente se ser deve à seleção 
inadequada dos componentes da formulação. Assim, 
pode-se afirmar que a formulação escolhida foi 
adequada e apresentou estabilidade. 
4.0 CONCLUSÃO 
O creme corporal de óleo essencial de semente de 
abóbora foi elaborado a partir de componentes 
comerciais com o intuito de produzir um cosméticocom 
propriedades anti-idade. 
O principal teste realizado nesse trabalho foi a análise 
de atividade antioxidante através do reagente DPPH. 
Os resultados obtidos demostraram-se bastante 
promissores, uma vez que estão de acordo com os 
resultados apresentados por outros cosméticos já 
comercializados no Brasil, que possuem atividade 
antioxidante de 48 a 76 %. 
Os resultados para os demais testes físico-químicos 
realizados conforme o Guia de Controle de qualidade 
de produtos cosméticos produzido pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária se mostraram 
condizentes com os atributos necessários para um 
creme hidratante. A exceção foi apenas o valor e pH, 
que pode ser contornado com modificações na 
formulação. 
Marina
Nota
Porque não considerar a adição de um composto básico afim de aumentar e ajustar o pH da formulação proposta? 
Marina
Nota
Comentem um pouco sobra o significado destes valores. Qual é o objetivo deste tipo de análise? O creme proposto deveria ter mais ou menos compostos voláteis? A presença de voláteis em formulações tópicas é desejável? Porque se volatiliza, não é absorvido, não?
8 
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Por fim, é importante ressaltar que mais testes como 
testes organoléticos, viscosidade e outros testes 
analíticos são necessários para determinar a eficácia 
real do cosmético produzido nesse trabalho. 
____________________________________ 
________________________________ 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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REZIG, L.; CHOUAIBI, M.; MSAADA, K.; HAMDI, S. 
Chemical composition and profile characterisation 
Marina
Nota
Quais outros testes analíticos vocês sugerem de ser feitos e por quê?
9 
e-xacta, Belo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-. (ano). Editora UniBH. 
Disponível em: www.unibh.br/revistas/exacta/ 
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