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HISTÓRIA DO DIREITO - FICHAMENTO (A CIDADE ANTIGA - FUSTEL DE COULANGES

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Luiz Henrique Lerco coelho
 
FICHAMENTO DOS CAPÍTULOS I, II, III E IV DO LIVRO “A CIDADE ANTIGA” DE FUSTEL DE COULANGES
Londrina
2019
I- CRENÇAS A RESPEITO DA ALMA E DA MORTE
Segundo o autor é constatado que os povos indo-europeus (onde se ramificou os povos gregos e itálicos) “sempre pensou que depois desta vida breve tudo acaba para o homem” (p.17). Diferente do pensamento recente do Ocidente de que os benfeitores atingiriam a morada celeste após a morte, tendo seu espírito indo para o céu, e do pensamento dos que acreditavam que “o espírito imortal, uma vez livre do corpo, ia animar outro...” (p.17), esse povo anteriormente citado consentia com a seguinte crença “a alma não passava sua segunda existência em um mundo diferente do em que vivemos; continuava junto dos homens, vivendo sobre a terra[...] a alma não se separava, mas fechava-se com ele na sepultura” (p.18). Conforme afirma o autor, essas crenças por mais antigas que sejam deixou para nós os testemunhos autênticos (que são os ritos fúnebres). “Os ritos fúnebres mostram claramente que quando colocavam um corpo na sepultura acreditavam enterrar algo vivo” (p.18). Posteriormente, são apresentados costumes antigos realizados no fim da cerimônia fúnebre, como exemplo: “chamar três vezes a alma do morto pelo nome do falecido, desejando-lhe vida feliz sobre a terra. Diziam-lhe três vezes: passe bem. E acrescentavam: Que a terra lhe seja leve” (p.19), dando a certeza que a criatura continuava viver sobre a terra. Outro costume citado é: “acreditava-se tão firmemente que ali vivia um homem, que nunca deixavam de enterrar junto com o corpo objetos que supunham ser-lhe necessários, como vestidos, vasos e armas” (p.19), além disso, vinho era derramado sobre o túmulo, para saciar a sede e também alimentos eram levados, para matar a fome. “A alma que não possuía sepultura não possuía morada, e ficava errante.” (p.20). Levando em consideração que não era feliz, tornava-se perversa, atormentando os vivos, causando doenças, etc. “Toda a antiguidade estava persuadida de que, sem sepultura, a alma era miserável, e que pela sepultura tornava-se feliz.” (p.21). Não bastava apenas confiar o corpo á terra, mas sim obedecer todos os ritos, “vê-se claramente, pelos escritores antigos, como o homem era atormentado pelo medo de que, depois de sua morte, não fossem observados os devidos ritos[...] temia-se menos a morte que a privação da sepultura, pois desta dependia o repouso e felicidade eterna.” (p.22). Por fim do capítulo, o autor evidencia: “Eis ai crenças antigas, e que nos parecem realmente falsas e ridículas. Contudo, elas exerceram seu império sobre o homem por muitas e muitas gerações.” (p.26).
II- O CULTO DOS MORTOS
Essas crenças se tornaram regras de conduta, o cuidado com os mortos, não foi abandonado ao capricho ou aos sentimentos mutáveis dos homens, era obrigatório. “Estabeleceu-se desse modo uma verdadeira religião da morte, cujos dogmas logo se reduziram a nada, mas cujos ritos duraram até o triunfo do Cristianismo.” (p.27). Os mortos eram considerados sagrados, e tinham por eles uma veneração que o homem tem com uma divindade, que ama e teme. Não era privilégio dos grandes homens “Não era necessário ter sido um homem virtuoso; o mau tornava-se deus tanto quanto o homem de bem; apenas continuava, nessa segunda existência, com todas as más inclinações que tivera na primeira.” (p.27 e 28). O culto dos mortos, foi encontrado entre os helenos, latinos, sabinos, etruscos, entre os árias da Índia. Sendo idêntico em todos esses povos, tanto na Grécia e Itália, quanto na Índia. “O hindu como o grego, olhava para os mortos como seres divinos, que gozavam de existência bem-aventurada.” (p.30). Ambos possuíam a opinião de que se deixassem de oferecer banquete fúnebre aos mortos, esses saíam dos túmulos, e poderiam ouvi-los gemendo em noites silenciosas, não dando descanso aos vivos, por sua impiedosa negligência, somente voltariam a dar descanso, quando o banquete voltasse a ser oferecido. “O sacrifício, a oferta de alimentos e a libação levavam-nos de volta ao túmulo, e proporcionavam-lhes o repouso e atributos divinos. O homem assim estava em paz com eles.” (p.31). O autor ainda no fim do capítulo relaciona a origem do sentimento religioso á adoração aos mortos “Antes de conceber ou adorar Indra ou Zeus, o homem adorou os mortos; teve medo deles, dirigiu-lhes preces. Parece que é essa a origem do sentimento religioso.” (p.32).
III- O FOGO SAGRADO
O terceiro capítulo se inicia com outro costume evidenciado: “A casa do grego ou do romano obrigava um altar; sobre esse altar devia haver sempre um pouco de cinza e carvões acesos”. (p.33). Sendo que a obrigação de manter acesa, era do chefe da casa, haja vista que infeliz seria a casa onde o fogo se apagasse. Este costume prendia-se á uma crença antiga, não devendo ser lançado sobre ele (fogo) nenhum objeto impuro. Para acender o fogo, haviam ritos que deviam ser seguidos escrupulosamente. “Essas diferentes regras provam satisfatoriamente que, na opinião dos antigos, não se tratava apenas de produzir ou conservar um elemento útil e agradável; aqueles homens viam algo mais, no fogo que ardia em seus altares. O fogo era algo divino, que era adorado e cultuado.” (p.34). Era ofertado tudo o que era considerado agradável a um deus, pedindo sua proteção. Tinha como regra, manter sobre o altar continuamente alguns carvões acesos, pois caso o fogo apagasse, um deus deixaria de existir. O fogo era alimentado em certas horas do dia, com ervas secas e lenha, assim o deus se manifestava. “O culto do fogo sagrado não pertencia apenas aos povos da Grécia e da Itália. Encontramo-lo também no Oriente.” (p.37). Assim como na Grécia, o fogo deveria ser essencialmente puro, sendo severamente proibido lançar algo impuro sobre ele. Para provar a antiguidade desses costumes, é apresentado o argumento de que foram encontrados simultaneamente entre homens das margens do Mediterrâneo e entre os povos da península indiana. “Se a existência desse culto entre todos os povos indo-europeus não demonstrasse suficientemente sua remota antiguidade, encontraríamos outras provas nos ritos religiosos dos gregos e dos romanos.” (p.40). Os símbolos desta religião foram se modificando com o passar do tempo “Quando as populações da Grécia e Itália tomaram o hábito de representar os deuses como pessoas, dando a cada um nomes próprios e forma humana, o antigo culto do fogo submeteu-se à lei comum que a inteligência humana, nesse período, impunha a toda a religião.” (p.41). O fogo, no pensamento dos homens, não é o elemento puramente físico, que apenas aquece e queima, mas sim, um fogo sagrado, um fogo puro. Com isso, o autor relaciona o culto do fogo e o culto dos mortos “Mas o certo é que as gerações mais antigas, de cuja raça se originaram gregos e romanos, renderam culto aos mortos e ao fogo sagrado, religião antiga, que não tirava seus deuses da natureza física, mas do próprio homem, tendo por objeto, a adoração do ser invisível que há em nós, a força moral e pensadora que anima e governa nosso corpo.” (p.45 e 46). 
IV – A RELIGIÃO DOMÉSTICA
O autor afirma, que diferente das religiões atuais, a religião primitiva não preenchia os requisitos das atuais: adorar um único deus e ser acessível a todos os homens. Cada deus só poderia ser adorado por uma família, se tornando assim uma religião doméstica. “Fazer do homem um deus, parece-nos contrário à religião” (p.50). Compreender essas antigas crenças para nós é tão difícil, como teria sido para eles imaginar as nossas. “Para essa religião doméstica não havia nem regras uniformes, nem ritual comum. Cada família tinha a mais completa independência.” (p.52). “A religião não residia nos templos, mas nas casas; cada um tinha seus deuses; cada deus protegia apenas a uma família, e era deus apenas de uma casa. Não se pode supor razoavelmente que uma religião com tais características fosse revelada aos homens pela imaginação poderosa de alguém, ouque fosse ensinada por uma casta de sacerdotes.” (p.53). Sendo que a propagação se daria apenas por geração, o pai para o filho, além da vida, dava sua fé, costumes (manter o fogo sagrado, oferecer o banquete, etc.) “A criança, portanto, ao nascer, recebia o direito de adorá-los, e de oferecer-lhes sacrifícios, assim como, mais tarde, quando a morte, por sua vez, o divinizasse, ele devia ser contado entre os deuses da família.” (p.53 e 54). Por fim, ainda evidencia, que esse culto doméstico, era passado apenas de homem para homem, mulher não participava senão por intermédio do pai ou marido, com isso resultou outras consequências graves do direito privado, que o autor tratou adiante no texto.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. Tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros. São Paulo: Editora das Américas S.A. – EDAMERIS, 1961.

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