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2018
Murilo Teixeira Avelino
Processo Civil
Tutela Executiva, 
Processo nos Tribunais, 
Precedentes e Recursos
Organizadores 
 Frederico Amado | Lucas Pavione
Coleção
Resumosäpara
Concursos 8
capítulo 
2
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
 \ Leia a lei: 
 ͳ Arts. 509 a 512 do novo CPC.
1. GENERALIDADES
A decisão que condena o perdedor ao pagamento de quantia certa 
em dinheiro deverá desde logo definir todos os detalhes relativos à 
obrigação pecuniária. Ainda que o pedido seja genérico –excepcional-
mente admitido pelo art. 324, § 1º – a decisão deve ser determinada 
em todos os elementos da norma individualizada: se há dívida; quem 
deve; a quem se deve; o que se deve; quanto deve.
Em outras palavras, sentença (ou decisão em sentido lato) ŽÀ“—‹†ƒ é 
aquela que define o que, a quem e quanto se deve prestar. É a decisão que 
explicita o valor devido (prestações quantificáveis) ou a atividade necessá-
ria ao adimplemento (prestações individualizáveis por um dar ou ˆƒœ‡”), 
além de quem deve fazê-lo. Como regra, a sentença deve ser líquida.
Somente não se aplica esta regra nas hipóteses em que seja neces-
sário apurar o valor devido em sede de liquidação. Como dispõe o art. 
491 do CPC:
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formula-
do pedido genérico, a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, 
o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de ambos 
e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo quando:
I – não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II – a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização 
demorada ou excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino58
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido 
por liquidação.
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a 
sentença.
A decisão liquida é a regra em nossa ordem jurídica. Somente 
será possível proferir sentença ilíquida nas hipóteses consagradas no 
art. 491, I e II, independentemente de o pedido formulado ser deter-
minado ou genérico.
Há vários exemplos de decisões ilíquidas: i) se a decisão não indivi-
dualiza o objeto da prestação (=“—‹†�†‡„‡ƒ–—”), condenando à entrega de 
parte dos bens de uma universalidade de fato, sem delimitar quais, em 
um estabelecimento comercial; ii) se a decisão não define o montante 
da prestação (“—ƒ–—�†‡„‡ƒ–—”), condenando a empresa a pagar ao 
ex-sócio um valor referente a X% de suas cotas.
Em casos assim, antes de ser executada, a decisão deverá ser liqui-
dada através de um incidente cognitivo. A liquidação da sentença, é 
uma técnica utilizada para definir o que será objeto da execução. 
A liquidação integra a decisão judicial, complementa o elemento fal-
tante, é a resposta a uma ou mais das perguntas: quem deve? A quem 
se deve? O que se deve? Quando deve? Ausente qualquer uma destas 
respostas na sentença (=ausente qualquer dos elementos da norma 
individualizada), será necessário liquidar.
 \ Atenção
 ͳ Só há que se falar em liquidação de títulos executivos judiciais. É que a liquidez, é 
um requisito dos títulos executivos extrajudiciais (art. 783 do CPC).
 ͳ Somente será possível falar em liquidação em processos de execução quando a pres-
tação principal se tornar impossível, impondo-se a conversão em perdas e danos.
A Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�será objeto de estudo neste capítulo.
2. COGNIÇÃO NA LIQUIDAÇÃO
Ensina a doutrina que “Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�†‡�•‡–‡­ƒ�±�ƒ–‹˜‹†ƒ†‡�Œ—†‹…‹ƒŽ�
…‘‰‹–‹˜ƒ�’‡Žƒ�“—ƒŽ�•‡�„—•…ƒ�…‘’Ž‡‡–ƒ”�ƒ�‘”ƒ�Œ—”À†‹…ƒ�‹†‹˜‹†—ƒ-
Ž‹œƒ†ƒ�‡•–ƒ„‡Ž‡…‹†ƒ�‡�–À–—Ž‘�Œ—†‹…‹ƒŽ”. (DIDIER JR, ‡–�ƒŽ. 2014. p. 112).
Diante de sua própria natureza, é possível identificar desde logo uma 
característica marcante desse instituto: há cognição na liquidação. 
De fato, a liquidação exige prestação de atividade jurisdicional, exige 
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 59
que o magistrado …‘Š‡­ƒ�dos fatos necessários à definição de todos 
os elementos indispensáveis à execução da decisão.
Há divergência doutrinária a respeito da natureza jurídica da deci-
são de procedência na liquidação (=que efetivamente Ž‹“—‹†ƒ o título): 
declaratória (Liebman, Dinamarco, Carmona, Zavascki) ou constitutiva 
(Pontes de Miranda, Araken de Assis, Didier Jr. ‡–�ƒŽ).
Independentemente da natureza declaratória ou constitutiva da 
decisão que Ž‹“—‹†ƒ�‘�–À–—Ž‘, é possível afirmar que sobre a decisão na 
liquidação recai coisa julgada.
2.1. Mérito
Como se disse, há cognição na liquidação. Há mérito, pois, ainda 
que limitado. A limitação cognitiva na liquidação ocorre na medida em 
que somente se debruça sobre a ‹…‘’Ž‡–—†‡�†ƒ�†‡…‹• ‘�Ž‹“—‹†ƒ†ƒ. 
Não é possível rediscutir ou modificar os termos do título (art. 
509, § 4º). Trata-se de respeito a uma regra fundamental: a regra da 
ˆ‹†‡Ž‹†ƒ†‡�ƒ‘�–À–—Ž‘.
É que a ‡š‡…—­ ‘ (=cumprimento de sentença) somente poderá 
ter por objeto o título em suas características definidas originalmente 
no processo ordinário. A liquidação serve apenas para ‹–‡‰”žǦŽ‘, defi-
nindo-o perfeita e completamente. A liquidação acrescenta ao título 
elementos indispensáveis a sua exequibilidade, mas jamais poderá 
alterar os elementos da obrigação anteriormente definidos.
Há exceção, todavia: é possível incluir juros de mora e correção 
monetária, desde que não tenham sido expressamente rejeitados pela 
decisão liquidanda.
 \ Posição do STF
 ͳ Enunciado nº 254 da Súmula do STF: “Incluem-se os juros moratórios na liquida-
ção, embora omisso o pedido inicial ou a condenação.”
A respeito da limitação cognitiva na liquidação, atente-se:
• Honorários não podem ser incluídos na liquidação se não fo-
ram objeto da condenação (art. 85, …ƒ’—– do CPC). Trata-se de 
pedido implícito, conquanto a condenação deva ser explícita. 
Não é possível, em sede de liquidação, incluir honorários que 
não foram objeto da decisão.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino60
 O CPC inova ao permitir que transitada em julgado decisão 
omissa quanto aos honorários ou seu valor, seja proposta ação 
autônoma para sua definição e cobrança (art. 85, § 18).
 Diferente é a hipótese em que há fixação dos honorários, 
conquanto omissa a decisão a respeito do quantum devido. 
Tendo havido a condenação expressa, é possível o cálculo na 
fase de liquidação.
• Juros compensatórios somente podem ser incluídos na liqui-
dação se houver condenação expressa nesse sentido.
• Quando a definição do “—ƒ–—�†‡„‡ƒ–—” se der por cálculo 
aritmético (art. 509, § 2º), devem ser observados, necessaria-
mente, os parâmetros postos no título. Somente não havendo, 
deve sobre eles decidir o juízo da liquidação, inclusive quanto 
ao percentual de juros e valor dos honorários (desde que haja, 
no último caso, condenação).
 Nos termos do art. 509, § 3º do CPC, o Conselho Nacional de 
Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados 
programa de atualização financeira.”
3. DIVERSIDADE DE TÉCNICAS NA LIQUIDAÇÃO
A técnica de Ž‹“—‹†ƒ­ ‘ de um título executivo judicial pode tomar 
diversas formas. É possível que ocorra como mera ˆƒ•‡ em um processo 
que já existe; que dê cabo a um processo autônomo; ou simplesmente 
como um incidente processual. Vejamos.
3.1. Liquidação como fase do processo
O novo CPC trouxe a liquidação como ˆƒ•‡�†‘�’”‘…‡••‘ nos arts. 
509 a 512. Trata-se da regra geral de procedimento. Por isso que os 
dispositivos relativos ao tema cuidam eminentemente de regular uma 
ˆƒ•‡ de liquidação depois da formação de coisa julgada e antes do 
cumprimento de sentença. Há algumas anotações a respeito:
• Por se tratar de nova fase, sem necessidade de chamar qual-
quer das partes pela primeira vez ao processo (pois ali já 
estão), a comunicação do requerido dar-se-ápor ‹–‹ƒ­ ‘�
(arts. 510 e 511), na pessoa do seu advogado por publicação 
oficial.
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 61
• Inicia-se com uma nova demanda no mesmo processo. Exige-se, 
pois, requerimento (art. 509, …ƒ’—–), dando causa a nova fase 
cognitiva. Perceba-se, inclusive, que há uma ˆƒ•‡�†‡�Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�
’‘”�’”‘…‡†‹‡–‘�…‘— (estudada adiante) aplicando-se, após 
a contestação, as regras do procedimento comum.
• A decisão que encerra esta fase, liquidando o título, é uma 
sentença, pois finaliza fase cognitiva. Esta sentença constitui 
uma posição jurídica individualizada no processo. Trata-se 
de entendimento já consolidado na doutrina (DIDIER JR, et 
ƒŽ. 2014. pp. 115-116). Sua impugnação, todavia, se dá por 
Agravo de Instrumento, nos termos do art. 1.015, parágrafo 
único do CPC. Não se admite retratação, pois não se pode re-
tratar (em regra) de sentença.
3.2. Processo de liquidação
Certos títulos judiciais não admitem a liquidação como ˆƒ•‡ do pro-
cesso. A razão é simples, não há processo prévio, pois apesar de serem 
classificados pela lei como –À–—Ž‘•�‡š‡…—–‹˜‘•�Œ—†‹…‹ƒ‹•, não se formam 
perante o juízo com competência para executá-los. Assim, impondo-se 
a sua liquidação, a demanda inicial refere-se exatamente à ’”‡–‡• ‘�
†‡�Ž‹“—‹†ƒ”. A liquidação desses títulos se dá em processo autônomo. 
Há previsão a respeito no art. 515, § 1º do CPC:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de 
acordo com os artigos previstos neste Título: (…)
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para 
o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) 
dias. (…)
Na liquidação de sentença penal condenatória transitada em julgado, 
sentença arbitral, sentença estrangeira homologada pelo STJ e decisão 
interlocutória estrangeira com ‡š‡“—ƒ–—” concedido pelo STJ (art. 515, 
incisos VI a IX), deve-se instaurar um ‘˜‘�’”‘…‡••‘ para liquidar o título.
 \ Atenção
 ͳ Não se pode esquecer, ainda, das sentenças em processos coletivos onde se 
discute direito individual homogêneo. Apesar de não estarem listadas no art. 
515 do CPC, a liquidação e a execução se dá também individualmente, em pro-
cesso autônomo.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino62
Quando houver um ’”‘…‡••‘�†‡�Ž‹“—‹†ƒ­ ‘ a comunicação do re-
querido para integrar o processo dar-se-á, naturalmente, através de 
citação. Após a citação aplicam-se, por regramento residual, todas as 
regras relativas à liquidação tratadas nos arts. 509 a 512.
3.3. Liquidação incidental
É possível que haja a necessidade de integração do título durante 
o cumprimento de sentença ou processo de execução. Assim, o cha-
mado ‹…‹†‡–‡�†‡�Ž‹“—‹†ƒ­ ‘ pode ocorrer tanto em relação ao título 
executivo judicial, quanto ao extrajudicial; tanto na ˆƒ•‡� ‡š‡…—–‹˜ƒ 
(=cumprimento de sentença) do processo quanto no ’”‘…‡••‘�ƒ—–Ø-
‘‘�†‡�‡š‡…—­ ‘.
Há diversas situações em que há necessidade de se liquidar inciden-
talmente, por exemplo: a) conversão em perdas e danos de prestação 
específica que se torna impossível supervenientemente; b) apuração de 
benfeitorias na execução para entrega de coisa. (Zavascki, Comentários, 
RT, 2000. p. 333).
Como já há um processo aperfeiçoado previamente, a comunicação 
dos atos a respeito da liquidação se dará por ‹–‹ƒ­ ‘.
4. LEGITIMIDADE
Podem promover a liquidação tanto o credor quanto o devedor 
(art. 509).
O credor tem o direito de receber e o dever de aceitar o pagamento 
perfeito e completo. O devedor tem o direito de pagar de forma perfeita 
e completa e o direito de ver aceito seu pagamento.
É preciso que fique claro: não somente o credor, mas também o 
devedor tem legitimidade ativa para pedir a liquidação do título.
 \ Exemplo
 ͳ Ao devedor pode ser interessante pagar a dívida pecuniária para que seja levan-
tado protesto ou inscrição de seu nome em cadastro de inadimplentes. Indepen-
dentemente das razões, o devedor tem direito de apurar o valor para adimplir 
espontaneamente.
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 63
5. COMPETÊNCIA
Na ausência de disposição expressa quanto à liquidação, apli-
ca-se aqui o artigo 516 do CPC, que regula a competência para o 
cumprimento de sentença (e será trabalhado adiante). Tem-se, pois, 
o seguinte:
• 	ƒ•‡�†‡� Ž‹“—‹†ƒ­ ‘: a competência é do juízo que proferiu 
a decisão liquidanda. É competência funcional e, portanto, 
absoluta.
• �”‘…‡••‘�†‡� Ž‹“—‹†ƒ­ ‘: o juízo cível competente, quando se 
tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, 
de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal 
Marítimo. Incide aqui, na definição de competência, o art. 781 
(competência para execução de título extrajudicial).
• �…‹†‡–‡�†‡�Ž‹“—‹†ƒ­ ‘: é competente o mesmo juízo que está 
a conhecer da execução.
6. ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO
Há, a depender das necessidades de ‹–‡‰”ƒ­ ‘ do título executivo, 
várias espécies de Ž‹“—‹†ƒ­ ‘. Em regra, cabe à decisão liquidanda de-
finir, desde logo, a forma pela qual deverá ser liquidada.
Todavia, ainda que definido na decisão, a liquidação por ou-
tra espécie não fere a coisa julgada. A razão é simples: ainda que 
definido desde logo na decisão liquidanda, é possível que razões 
verificadas ao longo do processamento da demanda demonstrem 
que outra forma é mais adequada à liquidação. A jurisprudência 
é tranquila em admitir que a liquidação se dê de forma diversa da 
definida na decisão.
 \ Posição do STJ
 ͳ Nesse sentido, o Enunciado nº 344 da súmula do STJ: “A liquidação por forma 
diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada.”
Assim, apesar de se falar em diferentes espécies de liquidação há, de 
certa maneira, ˆ—‰‹„‹Ž‹†ƒ†‡ entre elas. O que rege a †‡ˆ‹‹­ ‘ da forma 
pela qual se dará a liquidação é o ’”‹…À’‹‘�†ƒ�ƒ†‡“—ƒ­ ‘, consagrado 
como norma fundamental no novo CPC. Vejamos.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino64
6.1. Liquidação por arbitramento – arts. 509, I e 510
Sob a égide do CPC/73, na Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�’‘”�ƒ”„‹–”ƒ‡–‘ se exigia a 
participação de um ž”„‹–”‘Ǧ’‡”‹–‘ para a definição dos elementos ne-
cessários à execução da decisão. Não é mais „‡�ƒ••‹, apesar de esta 
espécie se adequar à necessidade de aportar ao processo conhecimentos 
indisponíveis ao homem-médio.
O novo CPC, no artigo 510, trouxe importante novidade: a liquidação 
por arbitramento pode se dar com a apresentação, pelas partes, de 
pareceres ou documentos elucidativos. Somente não sendo possível 
decidir “de plano” após analisar tais documentos, deverá ser nomeado 
perito técnico. Assim, a nomeação de um perito passa a ser exceção.
 \ Posição do STJ
 ͳ O STJ já decidiu, inclusive, ser desnecessária a liquidação por arbitramento face 
à natureza in re ipsa do dano moral decorrente do protesto indevido de título. 
Entendeu-se que o magistrado deveria fixar, desde logo, o valor da indenização 
(STJ, 3ª T. Resp. 782.696/PR. Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 04/09/06)
Nos termos do art. 510 do CPC:
Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a 
apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, 
e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que 
couber, o procedimento da prova pericial.
Foi o ’”‹…À’‹‘�†ƒ�†—”ƒ­ ‘�”ƒœ‘ž˜‡Ž�†‘�’”‘…‡••‘, em sua vertente 
economicidade, que influenciou o legislador nesta alteração sensível no 
procedimento da liquidação por arbitramento. O “árbitro” agora deve ser 
o juiz, de plano. Somente se for necessário o aporte de conhecimentos 
especializados, entrará em cena o perito.
Perceba-se: há previsão no artigo 510 de uma ordem de procedimento 
destinada ao magistrado: 1º) deve intimar as partes para apresentarem 
documentos ou pareceres elucidativos. Sendo suficiente, decide de pla-
no; 2º) somente se insuficientes tais informaçõesserá nomeado perito. 
Ordenada a perícia, segue-se o regramento comum deste meio de prova.
6.1.1. Hipóteses
É possível mencionar diversos exemplos em que a Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�’‘”�
ƒ”„‹–”ƒ‡–‘�é a forma adequada de integrar o título: a) necessidade 
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 65
de atuação de engenheiro para quantificar dano decorrente do desaba-
mento de prédio vizinho; b) necessidade de atuação do curador de um 
museu para quantificar o valor de uma obra de arte perdida objeto de 
ação de indenização; c) necessidade de atuação de engenheiro ambiental 
para a verificação dos custos de despoluição de área afetada atividade 
nociva ao meio ambiente.
Todavia, o art. 509 do CPC elenca o rol legal de hipóteses em que o 
juiz se valerá deste procedimento. Veja-se:
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, 
proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I – por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado 
pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; (…)
Vejamos:
• ǤǤǤ“—ƒ†‘�†‡–‡”‹ƒ†‘�’‡Žƒ�•‡–‡­ƒ... Como dissemos, o magis-
trado pode desde logo na sentença definir qual das espécies de 
liquidação adotará.
• ǤǤǤ…‘˜‡…‹‘ƒ†‘�’‡Žƒ•�’ƒ”–‡•ǤǤǤ A convenção a respeito da liqui-
dação por arbitramento pode se dar em qualquer momento 
anterior ao início da fase/processo/incidente de liquidação. 
Trata-se de hipótese típica de negócio processual.
• ǤǤǤ‡š‹‰‹†‘�’‡Žƒ�ƒ–—”‡œƒ�†‘�‘„Œ‡–‘�†ƒ�Ž‹“—‹†ƒ­ ‘ǤǤǤ Significa que, 
em certas situações, deve haver aporte de conhecimento novo 
ao processo para que seja possível verificar o quantum ou o 
quid. Em outros termos, as partes e o juiz não dispõem de co-
nhecimento especializado suficiente à integração da decisão, 
como nos exemplos dados no início deste tópico.
Trata-se de ‡Ž—…‹†ƒ”� ˆƒ–‘•, esclarecer elementos de fato já cons-
tantes do processo. Não é necessário produzir prova, mas esclarecer, 
iluminar, aquelas que já foram produzidas. Esta “elucidação” se dá pela 
juntada de pareceres ou documentos apresentados pelas partes. Caso 
não sejam suficientes, por perícia.
 \ Atenção
 ͳ Se for necessária prova de fato novo, o arbitramento não é adequado. Será 
hipótese de liquidação “pelo procedimento comum”.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino66
6.1.2. Procedimento
Apesar de o art. 510 afirmar que o juiz ‹–‹ƒ”ž as partes a apre-
sentarem documentos ou pareceres elucidativos, entende-se que o 
requerente pode, desde logo, apresentar tais elementos. Assim, não 
é necessário requerer a liquidação e depois aguardar a intimação do 
magistrado para apresentar os †‘…—‡–‘•�‡Ž—…‹†ƒ–‹˜‘•. Tudo pode vir 
nos mesmos articulados.
Intimado o requerido, deve – junto a eventual defesa – apresentar 
também os seus †‘…—‡–‘•�‡Ž—…‹†ƒ–‹˜‘• que julgue relevantes para 
o deslinde da situação. Assim, é possível apresentar defesa ‡Ȁ‘—�do-
cumentos e pareceres. Há um problema, todavia: o código ao mesmo 
tempo que não delimita prazo para defesa, impõe ao juiz a fixação do 
prazo para apresentação dos documentos/pareceres.
A melhor solução é aplicar aqui o prazo do art. 511, qual seja, 15 
dias para apresentar …‘–‡•–ƒ­ ‘. O mesmo prazo parece razoável à 
apresentação dos elementos elucidativos, salvo situação especial que 
o justificar ou prazo diverso fixado pelo magistrado. Depois da apre-
sentação de defesa ou de expirar o prazo sem manifestação, segue-se o 
procedimento comum. Não apresentada defesa, não incidem os efeitos 
materiais da revelia, pois não há fato novo, mas necessidade de 
elucidação de fato já atestados na causa.
6.2. Liquidação “por artigos” ou pelo procedimento comum – 
arts. 509, II e 511
A Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�’‘”�ƒ”–‹‰‘• (como era no CPC/73) ou ’‡Ž‘�’”‘…‡†‹-
mento comum é adotada quando for necessário provar fato novo na 
liquidação. Está é sua característica marcante. Vejamos:
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, 
proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: 
(…)
II – pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e 
provar fato novo. (…)
Conforme ensina a doutrina, “	ƒ–‘�‘˜‘�é aquele relacionado com 
o valor, com o objeto ou, eventualmente, com algum outro elemento da 
obrigação, que não foi objeto de anterior cognição na fase ou no proces-
so de formação do título. O novo não diz respeito necessariamente ao 
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 67
momento em que o fato ocorreu, mas ao seu aparecimento no processo.” 
(DIDIER Jr. ‡–�ƒŽ. 2014. p. 136)
O ˆƒ–‘�‘˜‘ deve respeitar à própria obrigação Œž�…‘•–‹–—À†ƒ�’‡Žƒ�
†‡…‹• ‘�†‡�±”‹–‘. Não se trata de fato necessário à própria constituição 
da obrigação fixada no título, mas somente ao aperfeiçoamento dos 
seus elementos.
 \ Exemplo
 ͳ Tício propõe ação de ressarcimento de danos materiais em face de Mévio, tendo 
por objeto a verificação da culpa em acidente de veículo. Mévio é condenado a 
ressarcir os danos. O quantum pode ser objeto da liquidação por procedimento 
comum (onde será comprovado o valor do prejuízo); o fato de Mévio estar ou não 
a pilotar o veículo não pode ser discutido, pois objeto do procedimento ordinário, 
situação que exige definição prévia anterior à própria liquidação.
O único ˆƒ–‘�‘˜‘ que pode ser discutido durante a liquidação é o 
fato extintivo ou modificativo superveniente, que poderá ser trazido 
como matéria de defesa pelo requerido.
Há exemplos Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�’‡Ž‘�’”‘…‡†‹‡–‘�…‘—: a) necessidade 
de provar a efetiva submissão a tratamento de saúde e as despesas para 
ressarcimento; b) tutela dos direitos individuais homogêneos em ação 
coletiva e a necessidade de comprovação do efetivo prejuízo individual 
de cada um dos beneficiados.
6.2.1. Procedimento
Os fatos novos que precisam ser provados funcionam como a causa 
de pedir nesta espécie de liquidação. Dessa forma, no momento em que 
requer a liquidação, já deve o liquidante apontar quais serão objeto do 
procedimento.
O requerido é intimado para, em 15 dias, apresentar contestação. 
Depois de apresentada defesa, segue o procedimento comum. Quer dizer 
o legislador: não há audiência prévia de conciliação e mediação na 
liquidação por artigos. Veja-se o art. 511:
Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a 
intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de 
advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação 
no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o 
disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino68
Não apresentando defesa, incidem os efeitos materiais da revelia. 
Presumem-se (relativamente) verdadeiros os fatos novos alegados. Os 
efeitos processuais dependem de se tratar de liquidação ˆƒ•‡ ou ’”‘…‡••‘�
autônomo. Se o requerido já tiver procurador constituído nos autos, não 
se verificarão os efeitos processuais.
A decisão sobre os ˆƒ–‘•�‘˜‘• faz coisa julgada material.
6.3. Cálculos aritméticos – arts. 509, §§ 2º e 3º
Há uma grande polêmica na doutrina a respeito de esta hipótese ser 
propriamente Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�ou não. Por questões didáticas abordaremos o 
tema neste tópico. Tratando sobre o CPC/73, Dinamarco (2009. p. 617) 
afirma que meros cálculos aritméticos não significam Ž‹“—‹†ƒ”; Didier 
Jr ‡–�ƒŽǤ entendiam tratar-se de liquidação, conquanto hajam alterado 
o entendimento na versão mais recente do trabalho (DIDIER JR., ‡–�ƒŽ. 
2017. P. 235).
O CPC/15 parece ter acolhido a primeira opção: a necessidade de 
meros cálculos aritméticos não é liquidação. A decisão legislativa é 
confirmada no art. 786, parágrafo único:
Art. 786, parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas 
para apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação cons-
tante do título.
Estaforma de ƒ’—”ƒ­ ‘ do quantum ocorrerá sempre como in-
cidente, face à autorização para que o credor promova, desde logo, o 
cumprimento da sentença. Iniciada a ˆƒ•‡�‡š‡…—–‹˜ƒ�(=cumprimento de 
sentença), de forma incidental discutir-se-á a correção dos cálculos. 
Vejamos o disposto no art. 509, §§ 2º do CPC:
Art. 509, § 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo arit-
mético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
Não sem razão, a regulação da forma como se deve proceder aos 
cálculos está regulada no artigo 524 do CPC, que trata do cumprimento 
definitivo da sentença que reconheça obrigação de pagar quantia certa. 
O tema será tratado em capítulo adiante.
Por fim, o novo CPC prevê no § 3º do art. 509, que o Conselho Na-
cional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados 
programa de atualização financeira.
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 69
7. DEFESA NA LIQUIDAÇÃO
Há de ser respeitado, sempre, o contraditório (Arts. 9º e 10 do CPC). 
Ainda que a cognição na Ž‹“—‹†ƒ­ ‘ seja limitada, deve-se permitir o 
debate processual e o exercício do direito de defesa.
A defesa na liquidação, nesse sentido, é limitada pelo conteúdo do 
título. Matérias que foram ou deveriam ser objeto de debate durante 
a fase de conhecimento não podem ser discutidas ou rediscutidas na 
fase de liquidação. Há preclusão em relação a elas.
Eminentemente, o objeto do contraditório a esta altura será limi-
tado a questões processuais relacionadas à própria liquidação e ao 
procedimento de cada uma das espécies.
É possível, todavia, alegar: i) fatos supervenientes à formação 
do título executivo e que prejudiquem a própria subsistência da 
obrigação liquidanda; ii) vícios transrescisórios.
 \ Atenção
 ͳ As matérias mencionadas acima, em tese, são objeto da defesa no cumprimen-
to de sentença (=impugnação). Alegá-las logo na liquidação, todavia, respeita à 
eficiência e à razoável duração do processo.
É possível, pois, trazer à tona fatos extintivos, modificativos ou 
constitutivos, desde que posteriores à decisão (art. 493 do CPC).
 \ Exemplo
 ͳ Pagamento, prescrição, transação, compensação, novação; nulidade da citação; 
decretação superveniente de inconstitucionalidade da norma em que se fundou a 
sentença; termo; condição resolutiva; liquidação com dano zero (=quando após a 
liquidação se verifica que não há resultado positivo a ser executado).
Atente-se, todavia: quando a definição do “—ƒ–—�†‡„‡ƒ–—” se 
der por meros cálculos aritméticos (art. 509, § 2º), a autorização para 
a promoção “desde logo”, do cumprimento de sentença faz com que a 
alegação das matérias de defesa seja †‹ˆ‡”‹†ƒ para a fase executiva (art. 
525). Assim, a impugnação dos cálculos será objeto de ‹’—‰ƒ­ ‘�ƒ‘�
…—’”‹‡–‘�†‡�•‡–‡­ƒ.
8. REGIME RECURSAL NA LIQUIDAÇÃO
Como afirmamos anteriormente, das decisões interlocutórias profe-
ridas durante a liquidação o recurso cabível é o agravo de instrumento, 
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino70
nos termos do art. 1.015, parágrafo único. Esta disposição não significa 
que contra “—ƒŽ“—‡”�decisão proferida na liquidação de sentença caberá 
Agravo de Instrumento. É preciso perquirir a respeito do conteúdo 
da decisão. Vejamos:
• Sendo acolhida a matéria alegada na defesa para extin-
guir o processo, o recurso cabível é a Apelação (art. 1.009 
do CPC).
• Sendo rejeitada a matéria alegada na defesa para liquidar 
a obrigação e seguir à fase de cumprimento de sentença, 
o recurso cabível é o agravo de instrumento.
 Como já dito, a decisão que encerra esta fase, liquidan-
do o título, é (em conteúdo) uma sentença, pois põe fim 
a uma fase cognitiva. Sua impugnação, todavia, se dá por 
agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único), pois o 
processo não é extinto e se mantém sendo processado pelo 
mesmo juiz.
Para uma melhor compreensão do conceito de •‡–‡­ƒ e de †‡…‹• ‘�
‹–‡”Ž‘…—–×”‹ƒ, remetemos ao volume 7 desta coleção.
 \ Atenção
 ͳ O debate a respeito da natureza desta decisão não é tão relevante para efeitos 
de concurso público. O que é preciso compreender é o seguinte: tem-se uma 
sentença impugnável por agravo de instrumento. Trata-se de exceção à 
afirmação geral de que da sentença cabe apelação.
9. LIQUIDAÇÃO PROVISÓRIA
A Ž‹“—‹†ƒ­ ‘�’”‘˜‹•×”‹ƒ�é um incidente processual onde se liquida 
a obrigação antes da constituição definitiva do título executivo. 
Trata-se de uma espécie de ‹…‹†‡–‡�†‡�Ž‹“—‹†ƒ­ ‘. Veja-se o art. 512 
do CPC:
Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, proces-
sando-se em autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante 
instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.
Não é necessário aguardar o trânsito em julgado para iniciar a liqui-
dação, podendo-se requerer desde logo. É desdobramento do princípio 
da razoável duração do processo e da eficiência.
Cap. 2 • LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 71
Para se proceder à liquidação provisória não importa se o recurso 
proferido contra a decisão liquidanda tem ou não efeito suspensivo. 
É possível iniciar o procedimento enquanto não houver o trânsito em 
julgado da decisão, independentemente dos efeitos do recurso inter-
posto (DIDIER Jr. ‡–�ƒŽ, 2014. p. 121).
De toda sorte, como a decisão liquidanda ainda não foi definitiva-
mente julgada, aguardando-se a sorte do recurso interposto, os autos 
provavelmente estarão sendo processados em um Tribunal. Por isso, o 
processo estará inacessível ao juiz de primeiro grau competente para 
a liquidação e para o cumprimento de sentença.
É esta a razão pela qual o legislador previu que a liquidação pro-
visória se dará …‘�ƒ�ˆ‘”ƒ­ ‘�†‡�—�‹•–”—‡–‘, ou seja, em autos 
ƒ’ƒ”–ƒ†‘•, instruído o pedido com cópia das peças relevantes. Deve-se 
pensar, no mínimo, em cópia da decisão liquidanda e das procurações 
outorgadas aos advogados das partes.
Por último, anote-se: a cognição aqui é provisória, assim como 
provisório é o título. Uma vez reformada a decisão liquidanda, a 
liquidação provisória perde seu objeto e o requerente arca com os 
ônus da sucumbência.
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Tópico-Síntese: Liquidação de Sentença
Sentença 
líquida
É aquele que define o que, a quem e quanto se deve prestar. É a 
decisão que explicita o valor devido (prestações quantificáveis) ou 
a atividade necessária ao adimplemento (prestações individualizá-
veis por um dar ou fazer), além de quem deve fazê-lo. Como regra, 
a sentença deve ser líquida.
Técnicas de 
liquidação
A liquidação pode se dar como fase do processo, processo autônomo, 
ou incidente processual.
Legitimidade
Tanto credor quanto devedor são legitimados para requerer a 
liquidação da decisão.
Espécies de 
liquidação
• Liquidação por arbitramento: decorre da necessidade de 
aportar ao processo conhecimentos indisponíveis ao homem-
-médio.
• Liquidação pelo procedimento comum: decorre da necessi-
dade de provar fato novo na liquidação.
vol. 8 – PROCESSO CIVIL • Murilo Teixeira Avelino72
Tópico-Síntese: Liquidação de Sentença
Liquidação 
Provisória
Liquidação por cálculo: decorre da necessidade de efetivação 
de cálculos aritméticos para definição do quantum. Há polêmica 
quanto à sua natureza. O novo CPC parece ter rejeitado a natureza 
de liquidação do procedimento.
Trata-se de incidente processual onde se liquida a obrigação antes 
da constituição definitiva do título executivo.

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