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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CAMPUS CERRO LARGO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA ALESSANDRO C. V. DO NASCIMENTO, JUNIOR I. HOFFMANN, LEANDRO PELLENZ E TALLIS A. THEOBALD PRECIPITADORES ELETROSTÁTICOS COLETORES SECOS CERRO LARGO - RS 2017 1 ALESSANDRO C. V. DO NASCIMENTO, JUNIOR I. HOFFMANN, LEANDRO PELLENZ E TALLIS A. THEOBALD PRECIPITADORES ELETROSTÁTICOS COLETORES SECOS Trabalho realizado na forma de complemento para o processo avaliativo da disciplina de Controle de Poluição Atmosférica no Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária – Bacharelado pela Universidade Federal Fronteira Sul, campus Cerro Largo - RS. CCR: Controle da Poluição Atmosférica - 2/2017 Prof. Dr. Bruno M. Wenzel CERRO LARGO - RS 2017 2 RESUMO A remoção do material particulado de gases de combustão das mais variadas fontes de emissão é de suma importância dado os potenciais efeitos adversos que estes podem causar ao meio ambiente e a saúde humana. Dentro da extensa gama de equipamentos dos quais compreendem aqueles projetados para remoção de material particulado de aerossóis, têm-se o precipitador eletrostático. Este por sua vez, é considerado um dos filtros de maior eficiência frente aos demais que utiliza força elétrica como mecanismo de coleta. Futuramente estima-se que o uso do precipitador eletrostático seja mais difundido e caia em maior uso em decorrência da sua alta eficiência de remoção de material particulado, tendo em vista que ao longo do tempo as diretrizes sobre os limites de emissão ficarão cada vez mais severas. Diante disso, é conveniente que se tenha o conhecimento dos fundamentos que compreendem os precipitadores eletrostáticos, bem como dá-se o dimensionamento desse tipo de equipamento. 3 1. INTRODUÇÃO Tudo tem início por volta do no ano de 1824, onde um homem chamado Hohlfeld consegue tornar límpido o conteúdo de um cilindro contendo névoas utilizando para isso apenas um ponto eletrificado no seu interior, algo parecido com o que viria a ser chamado de precipitador eletrostático. Alguns anos mais tarde, em 1907, Frederick Gardner Cottrell constrói, se não o primeiro, mas certamente um dos precursores dos precipitadores eletrostáticos de êxito comercial, onde um ano mais tarde o patenteou utilizando-o com sucesso em uma fábrica de ácido sulfúrico de Pinole, Califórnia - USA. (LISBOA e SCHIRMER, 2007). Os separadores ou mais conhecidos como precipitadores eletrostáticos (P.E) fazem parte de um conjunto de redutores de emissão material particulado pertencentes à classe de coletores de ar a seco. Este utiliza dos fundamentos físicos do eletromagnetismo para mover as partículas do fluxo de gás até os eletrodos coletores. Dentro disso, cabe aqui destacar uma das características intrínsecas dos P.E, que de certa forma o destacam dos demais equipamentos de controle de particulados, onde as forças de remoção atuam somente sobre as partículas e não sobre todo o fluxo de gás. Como consequência disso, é possível chegar a níveis de eficiência na faixa de 99,5% com uma ligeira queda de pressão do gás de aproximadamente 5 polegadas de H2O (SILVA, 2000). Em linhas gerais, o princípio de funcionamento de um precipitador eletrostático dá-se pela passagem de um fluxo de gás de combustão de partículas carregadas através da estrutura do precipitador eletrostático fazendo com que ocorra uma desaceleração das partículas para que as mesmas possam ser ionizadas e carregadas negativamente e então sejam atraídas pelas placas coletoras, com carga positiva, de modo com que o precipitador efetue a coleta eficiente do material particulado e o mesmo seja removido da corrente de ar. Os P.E são caracterizados pela alta eficiência, incluindo pequenas partículas. Podem operar com grandes volumes de gás, em condições de baixa pressão e, ainda, suporta uma vasta gama de temperaturas. Entretanto, envolvem elevados custos de investimentos iniciais; exigem um espaço relativamente grande para instalação/operação; após a instalação não é são muito flexíveis a mudanças nas condições operacionais, e por fim; não operam eficientemente com partículas de alta resistividade elétrica. O uso de P.E tende a aumentar futuramente, tendo em vista que as exigências serão cada vez mais restritivas a respeito da emissão de particulados lançados para atmosfera. Para tal fim é necessário ter o conhecimento dos princípios de funcionamento que envolvem sua operação, bem como o dimensionamento de um equipamento do tipo P.E dado a sua alta eficiência para faixa de pequenos particulados. 2. ASPECTOS GERAIS DOS PRECIPITADORES ELETROSTÁTICOS O princípio de funcionamento dos P.E está embasado na ionização das partículas presentes no fluxo gasoso. Elétrons são emitidos de eletrodos de descarga (-) carregados com alta voltagem negativa retificada. Esses elétrons migram para os eletrodos de coleta (+) ao passo que se acumulam nas partículas de pó (particulado) presentes no gás carregado. Estas por sua vez, ficam carregadas negativamente e o campo elétrico as transporta para os 4 eletrodos de coleta (+) fazendo com que sejam atraídas para estes eletrodos, onde se descarregam e caem na tremonha de coleta ou ficam aderidas ao eletrodo de onde são retiradas posteriormente, por meio de uma fonte de vibração ou impacto mecânico na placa de coleta (rapping) para retirada da camada excessiva de pó coletada. O processo de carregamento e coleta de partícula é mostrado na Figura 1 (CARVALHO JÚNIOR, 2003). Figura 1 - Esquema do princípio de funcionamento de um P.E. Podemos então resumir a operação do precipitador em quatro passos que podem ser observados segundo a Figura 1: a) Um intenso campo eletrostático é mantido entre os eletrodos de descarga e os de coleta; b) O fluxo de gás com particulado é mantido entre dois eletrodos onde existe uma grande diferença de potencial elétrico; c) As partículas tornam-se eletricamente carregadas quando submetidas a um forte campo eletrostático; d) As partículas carregadas negativamente, ainda na presença de campo eletrostático, são atraídas para os eletrodos aterrados carregados positivamente; e) As partículas são removidas dos eletrodos de coleta, por batimento, para depósitos. A Figura 2 (CARVALHO JÚNIOR, 2003) evidencia alguns componentes básicos, por assim dizer, de um típico precipitador eletrostático. 5 Figura 2 - Ilustração de um P.E. ● Coletor: - De alta voltagem : arame; - De baixa voltagem: Superfície plana; ● Remoção de partículas: < 1μm; ● Eficiência: 95 – 99% ; (LISBOA e SCHIRMER, 2007). 2.1 QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS P.E O formato do eletrodo de descarga e da placa de coleta, ilustrados na Figura 3, pode variar de um fabricante para outro. Essas variações são decorrentes da procura por uma melhor configuração que melhor se ajuste às necessidades de projeto, como por exemplo, evitar o retorno de pó ao fluxo gasoso durante a retirada do material depositada no eletrodo e manter a uniformidade do fluxo. Segundo LISBOA e SCHIRMER os precipitadores eletrostáticos podem ser classificados da seguinte maneira: a) Quanto à voltagem• baixa voltagem : voltagem menor ou igual a 30Kv • alta voltagem : voltagem maior que 30 Kv b) Quanto à polaridade do eletrodo de descarga • corona positivo • corona negativo c) Quanto ao número de estágios • simples estágio com carga e disposição simultâneos 6 • duplo estágio, com carga em um primeiro estágio e a deposição num estágio posterior d) Quanto à geometria de eletrodo de coleta: • tubulares • em forma de placas Figura 3 - Eletrodos em P.E do tipo placa (a); Modelos de eletrodos de coleta e descarga (b); Eletrodos em P.E do tipo tubular (c). 2.2 DESCARGA CORONA De acordo com Bookchin e Farnsworth, quando a diferença de potencial entre os eletrodos de fio e placa aumenta, a tensão é alcançada onde uma avaria elétrica do gás ocorre perto do arame. Quando as moléculas de gás ficam empolgadas, um ou mais dos elétrons podem mudar para um nível mais elevado de energia. Uma vez que a excitação tenha cessado, 7 a molécula será revertida para seu estado fundamental, ocasionando numa liberando energia, onde uma parte é convertida em luz. O brilho azulado em torno do fio é a descarga corona, ou seja, é uma descarga elétrica que ocorre entre dois eletrodos quando submetidos a uma alta diferença de potencial, e o campo elétrico de alta intensidade, obtido pela aplicação de altos potenciais ao eletrodo de descarga, é necessário para produção de grande quantidade de íons. (MEIRA, 2009) Para a formação de Corona, de acordo com Schnelle e Brown (2001), um potencial elétrico de cerca de 4000 volts/cm é aplicado entre os fios e placas. Para a limpeza de ar interior, os fios podem ser carregados positivamente para evitar a formação excessiva de ozônio. A corona negativa é mais estável do que a corona positiva, que tende a ser menos frequente e causar faísca sobre em tensões mais baixas. No campo elétrico intenso perto do arame, o gás rompe eletricamente, produzindo um brilho da descarga ou "corona" sem faísca, conforme representado na Figura 4. A corona negativa é usada na grande maioria dos precipitadores eletrostáticos industriais. Figura 4 - Formação de Corona: configuração da placa e fio. Fonte: Schnelle e Brown (2001) Em uma corona negativa, as moléculas ionizadas são formadas do brilho de corona causado pelo alto gradiente elétrico em torno do fio de descarga. O espaço fora da corona é preenchido com uma densa nuvem de íons negativos. As partículas de poeira serão colididas com alguns dos íons dando-lhes uma carga negativa. Estas partículas carregadas serão conduzidas pelo campo elétrico em direção as placas onde são recolhidos. Na corona positiva, os elétrons produzidos são atraídos para o fio e os íons positivos para o eletrodo de coleta. O fio serve apenas como eletrodo de coleta para os elétrons, não tendo função de ionização. (SCHNELLE e BROWN, 2001). 8 A descarga corona apresenta duas zonas distintas: a zona ativa e a zona passiva. Na zona ativa, definido pelo brilho da descarga de corona, os elétrons deixam o eletrodo do arame e as moléculas de gás de impacto, ionizando assim as moléculas. Os elétrons livres adicionais também aceleram e ionizam as moléculas de gás mais. Na zona passiva, esses íons se ligam a partículas de aerossol em servem como o principal meio para carregar o aerossol. A concentração do íon é tipicamente de 107 a 109 íons/cm3. (BOOKCHIN E FARNSWORTH, 1999). 2.3. CARREGAMENTO DE PARTÍCULAS De acordo com Schnelle e Brown (2001), as partículas se movem através do campo elétrico, e elas adquirem uma carga eletrostática por dois mecanismos, bombardeio de carregamento e carregamento de difusão, conforme ilustrado na Figura 5. Figura 5 - Carregamento de Partícula.Fonte: Schnelle e Brown (2001). Ambos os tipos de partícula de carga agem simultaneamente, mas bombardeio de carregamento é de maior importância para partículas maiores e carregamento de difusão é mais importante para partículas de submicron. A magnitude da carga para ambos os mecanismos menor partículas na faixa de tamanho de 0,1 a 1 um, portanto, é a eficiência de coleta mínima ocorrerá para esta faixa de tamanho. No entanto, um precipitador eletrostático bem projetado será capaz de coletar mais de 90%, mesmo que estes sejam difíceis de coletar partículas. (SCHNELLE e BROWN, 2001). 9 Bombardeio de carregamento é de primordial importância para partículas maiores que 1 um. Íons e elétrons movem ao longo de linhas de força entre os eletrodos normais para a direção do fluxo de partículas no fluxo de gás. Alguns dos íons e elétrons são interceptados por partículas sem carga elétrica, e as partículas tornam-se carregadas. Como as partículas estão agora carregadas, os íons da mesma carga são agora repelidos pela partícula, reduzindo assim a taxa de carga (SCHNELLE e BROWN, 2001). Depois de um tempo, a carga das partículas atingiria um máximo que é proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula. Como partículas extremamente pequenas têm um caminho errático na corrente de gás devido ao movimento Browniano, elas podem adquirir uma carga significativa por meio do carregamento de difusão. Assim, um PE pode ser um dispositivo de recolha eficiente para partículas de submícron. No entanto, estas partículas representam apenas uma pequena fração da massa de entrar num precipitador eletrostático, então eles são muitas vezes negligenciados em estudos de desempenho dos PE, mesmo que eles podem ser de grande importância para as emissões de partículas de poeira (SCHNELLE e BROWN, 2001). Mas, de acordo com Bookchin e Farnsworth (1999), ambos os mecanismos estão ativos. No entanto, cada um se torna significativo para partículas em faixas de tamanho diferente. Bombardeio de carregamento é o mecanismo dominante para partículas com diâmetro superior a 1um, enquanto o carregamento de difusão predomina para partículas com diâmetro inferior a 0,2 um. Na região intermediária, ambos os mecanismos contribuem com uma carga significativa. Ainda, de acordo com Lisboa et al (2007), para partículas maiores que 0,5 um em diâmetro tem-se o carregamento pelo campo elétrico. Para partículas de diâmetro menor que 0,2 um, predomina o carregamento por difusão. Para partículas com diâmetro entre 0,2 um e 0,5 um agem os dois mecanismos. 2.4. MIGRAÇÃO DA PARTÍCULA O PE funciona a partir do fornecimento de uma carga elétrica à partícula, através da ionização do gás pelo efeito corona. As partículas carregadas são então submetidas a um campo elétrico e adquirem uma velocidade de migração eletrostática que as desloca para uma placa aterrada, onde perdem suas cargas. Na placa as partículas se acumulam formando uma camada de pó, que é removida do sistema para posterior descarte. 10 O tamanho da partícula, a magnitude da carga na partícula, a intensidade do campo elétrico e o fluxo gasoso fluxo gasoso são os fatores que determinam a taxa de migração das partículas carregadas (DULLIEN, 1989 apud MEIRA, 2009). A força elétrica e a força de arraste do gás são as forças influentes na migração de uma partícula sob a influência de um campo eletrostático, na direção da placa coletora. (OGLESBY e NICHOLS, 1978 apud FALAGUASTA, 2005). A partir da lei de Stokes, considerando que uma partícula atingiu sua carga de saturação, é possível obter sua velocidade teórica de migração a partir da seguinte equação. Em que, é a carga da partícula na saturação, E é o campo elétrico aplicado, Cu é o fator de correção de Cunningham, µ é a viscosidade dinâmica do gás e dp é o diâmetro da partícula. Usualmente a velocidade de migração sesitua na faixa de 1 cm s-1 a 15 cm s-1 (CETESB, 1987). 2.5. EQUAÇÃO DE DEUTSCH Para determinação da eficiência de coleta de um PE, a equação de Deutsch-Anderson (1922) é amplamente utilizada. Em que ɳdpi é a eficiência de coleta das partículas de diâmetro dpi, Lne é o comprimento do PE, v é a velocidade do gás, s é a distância entre o eletrodo de descarga e de coleta, Ane é a área de coleta do PE e Q é a vazão volumétrica. A equação de Deutsch-Anderson assume que as partículas estão uniformemente distribuídas no início e que a velocidade de deslocamento é constante (STRAUSS, 1975). 2.5.1 SNEAKAGE Sneakage é um efeito em que ocorre um bypass de parte do fluxo de gás através do campo elétrico, desviando o mesmo da zona de coleta, ocorre no espaço entre o final das placas e ao se aproximar das paredes do equipamento. Esse efeito pode ser reduzido ou evitado por mecanismos que fazem com que o gás retorne ao fluxo principal, podendo ser 11 através de defletores, que dividem a zona em um certo número de seções, onde o gás que sofreu o efeito de sneakage é misturado ao fluxo principal e desviado novamente para a próxima seção. Gooch e Francis deram a seguinte equação que pode ser usada para corrigir a penetração para o Sneakage: PSi = [ S + (1- S)(Pi) ^ 1/Ns ] ^ Ns onde: S = quantidade fracionária de sneakage gás em cada seção; Ns= número de seções defletores; Pi= entrada de um determinado tamanho de partícula, com nenhum sneakage. 2.5.2 RAPPING RE-ENTRAINMENT Ocorre quando as partículas previamente fixadas nas placas coletoras são “golpeadas” devido a um choque contra as placas(geralmente realizado por um martelo), oque faz com que algumas partículas se soltem. Algumas destas caem em funis de coleta, porém algumas podem retornar ao fluxo de gás antes de serem removidas, oque caracteriza esse efeito. Fatores que afetam esse tipo de reentrada incluem a relação de aspecto do PE (comprimento/altura da placa), a intensidade do impacto, coesividade do pó e a espessura do particulado (frequência rapping). A coesividade do material é um dos principais mecanismos que tornam os PE eficientes na remoção de particulado fino, pois a mesma faz com que as partículas tendam a se manter unidas quando as placas são golpeadas, minimizando a reentrada pelo fato de as mesmas caírem nos cones coletores. Porém a intensidade do golpe aplicado não pode ser excessiva, pois a mesma pode dar origem a uma nuvem de particulado. A frequência dos golpes também deve ser ajustada de forma que o particulado possa se acumular e cair nos funis de coleta. 2.5.3 RESISTIVIDADE DAS PARTÍCULAS Quando o particulado chegada na placa coletora, este deve se grudar a sua superfície, até que a mesma seja limpa. Oque não é um problema em PE que o particulado é aderido a algum tipo de fluido, porém em PE a seco, é possível que ocorra a reentrada para o fluxo de gás devido à resistividade das partículas ser muito grande ou muito pequena, reduzindo assim 12 a eficiência do PE. Quando ocorre essa reentrada, é necessário redimensionar o PE, de forma que esse seja grande o suficiente para que as partículas sejam novamente capturadas. As forças responsáveis por fixar o particulado nas placas incluem interação de Van de Waals e forças eletrostáticas. Para PE a seco a resistividade ideal é de aproximadamente 1x10^9~x10^10 ohm-cm. Ao chegarem a placa, as partículas são parcialmente descarregadas, e a intensidade da adesão eletrostática na placa depende da resistividade do particulado. Se essa resistividade for muito alta, o material particulado vai se acumulando na parede, o que faz com que a interação do campo elétrico e o fluxo de gás diminua, gerando um gradiente potencial na camada de partículas coletadas, e se, a resistividade da camada de particulado for excessivamente alta, há a possibilidade de causar uma reentrada violenta do particulado no fluxo gasoso, o que limita a máxima voltagem que pode ser mantida pela fonte de alimentação. Se as partículas possuírem uma resistividade muito baixa, também podem haver problemas de reentrada no fluxo gasoso, visto que as mesmas perdem a carga rapidamente e as forças de Van der Waals não são suficientes para fixar a partícula na placa. Para a maioria dos materiais a relação entre resistividade e temperatura é dada pela equação de Arrhenius: e = A exp(-E/k*T) onde: e = resistividade A = constante E = energia de ativação do elétron k = constante de Boltzmann T = temperatura absoluta 2.5.4 DISTRIBUIÇÃO DO GÁS FLUIDO Uma suposição idealizada que é utilizada quando se aplica a Equação Deutsch é que o fluxo de gás e a concentração de partículas no gás são distribuídas uniformemente. Palhetas com vazão personalizada, chicanas e/ou distribuidores de gás de placa perfura são frequentemente utilizados na entrada para produzir fluxo uniforme. As vezes estes dispositivos são utilizados na saída também. Uma especificação típica para distribuição de 13 fluxo uniforme requer que 85% da velocidade de distribuição esteja dentro de 1,15 vezes a velocidade média, e 99% da distribuição de velocidade dentro de 1,40 vezes a velocidade média (SCHNELLE e BROWN, 2001). Duas abordagens são usadas para garantir uma distribuição uniforme de velocidades: estudos em escala modelo e modelagem da Dinâmica dos Fluidos Computacional (CFD) (SCHNELLE e BROWN, 2001). Na configuração patenteada que pode ser observada na figura 6, a entrada do fluxo de distribuição é desviada com baixo fluxo na parte superior do precipitador e maior fluxo na parte inferior. Na saída, o fluxo de gás é enviesada, com elevado fluxo no topo do precipitador e de baixo fluxo na parte inferior. Esta distribuição utiliza o fato de que a coleta de poeira sai do precipitador ao cair para o fundo. Uma torta de pó é menos suscetível de ser re-arrastada quando a distância de queda é curta. Assim, as partículas perto do fundo são mais prováveis de serem removidas o que as partículas perto do topo do precipitador. Na entrada, uma velocidade baixa faz com que as partículas próximas do topo tenham mais tempo de tratamento e consequentemente sejam melhor coletadas. Na saída, as partículas ainda perto do topo ainda não caíram no precipitador, sendo assim suscetíveis de serem emitidas de qualquer maneira, por isso para maximizar a eficiência de coleta, essas partículas devem ser trabalhadas em direção ao fundo, podendo serem coletadas (SCHNELLE e BROWN, 2001). Durante a operação, a distribuição de fluxo pode ser afetada por depósitos que se acumulam sobre os dispositivos de distribuição de gás. Às vezes, os vibradores são utilizados para remover estes depósitos (SCHNELLE e BROWN, 2001). 14 Figura 6: Distribuição do fluxo de gás enviesado. 3. APLICAÇÃO PRÁTICA DA TEORIA 3.1. VELOCIDADE DE MIGRAÇÃO EFETIVA O efeito de muitas propriedades desconhecidas, incluindo a distribuição de tamanho de partícula e simplificando suposições estão enterrados no desempenho medido. A eficiência de remoção de partículas fracionária é determinada medindo-se a entrada e saída de carga em uma escala piloto. A velocidade de migração eficaz é: W= - (Q/A) ln (1 – ƞ) A velocidade de migração eficaz permite o dimensionamento da área de coleta necessária para a eficiência desejada em condições semelhantes, tendo em conta as premissas simplificadoras e limitações da equação Deutsch. (SCHNELLE e BROWN, 2001). 3.2. CONTROLEAUTOMÁTICO DA VOLTAGEM O gradiente de potencial é quem promove a formação de corona e a força motriz para a migração de partículas carregadas. As equações que descritas por Deutsch podem estimar o efeito de tensão para uma dada aplicação. O controlador automático de tensão aumenta a tensão do secundário (isto é, CC) que é aplicado a um campo P.E até que: • O limite de taxa de ignição é atingido; ou • O limite de corrente da fonte de alimentação é atingido Uma faísca é uma avaria elétrica no espaço do gás. Equipamentos eletrônicos modernos são capazes de detectar uma faísca incipiente e imediatamente reduzir a tensão para extinguir a chama, depois de que a voltagem é aumentada lentamente novamente. 4. CONDICIONAMENTO DO GÁS DE COMBUSTÃO O condicionamento de gás de combustão vem sendo utilizado com sucesso para diminuir a resistividade em cinzas volantes em P.E de lado frio (baixas temperaturas) a vários 15 anos, e mais recentemente, vem sendo demonstrado a eficácia em aplicações do precipitador com lado quente (altas temperaturas). Existem vários mecanismos pelos quais, o condicionamento pode afetar o desempenho do P.E, sendo eles: reduzindo a descarga de corona (processo denominado “back-corona”) e aumentando o gradiente de potencial na área do gás ao diminuir a resistividade das cinzas volantes; a redução do re-arrastamento devido ao aumento das propriedades coesivas das cinzas volantes; aumento da aglomeração e crescimento de pequenas partículas para formar partículas maiores; aumentando a carga no espaço de tal maneira a gerar um gradiente de potencial mais uniforme no espaço entre eletrodos, permitindo assim a operação com tensões mais elevadas (SCHNELLE e BROWN, 2001). Em aplicações de P.E de lado frio, alguns agentes condicionantes tem sido eficazes, como: vapor de água, ácido sulfúrico ou SO3, amônia, trietilamina e aditivos patenteados (SCHNELLE e BROWN, 2001). 4.1. SO3 É bastante comum em PE a adição de ácido sulfúrico ou de SO3 como método de redução da resistividade de partículas. Ácido sulfâmico pode ser utilizado como uma fonte de SO3, uma vez que se decompõe na temperatura do gás de combustão. A partir de condensação de H2SO4 e adsorção de SO3 sob a superfície das partículas e são formados sulfatos que atuam como eletrólitos e potencializam a condução da superfície (SCHNELLE e BROWN, 2001). Este método, no entanto, não é recomendado para PEs que estão localizados a imediatamente a montante do aquecedor de ar em uma caldeira. O método de condicionamento por SO3 não é eficaz para temperaturas acima e 190 °C, pois nestas condições não ocorre condensação de H2SO4. Além disso, a montante de caldeiras pode ocorrer a neutralização do ácido por componentes básicos, tais como óxido de cálcio presentes nas cinzas volantes, podendo produzir sais de sulfato insolúveis que têm uma alta resistividade. Deste modo, a alcalinidade das cinzas volantes é também é um fator importante na determinação da eficácia de condicionamento utilizando SO3 (SCHNELLE e BROWN, 2001). 4.2 AMÔNIA 16 A adição de amônia ou compostos de amônia é um outro método de condicionamento que tem sido utilizado para melhorar o desempenho ESP, particularmente na indústria de refino do petróleo em unidades de Craqueamento Catalítico Fluido (FCC). Pó do catalisador de unidades de FCC normalmente apresentam alta resistividade (SCHNELLE e BROWN, 2001). Várias hipóteses para melhorar o desempenho ESP por NH3 condicionado têm sido propostos. As explicações incluem neutralização de ácido sulfúrico no caso de cinzas volantes de resistividade baixa; redução da descarga de corona como características do gás são alterados; e tensão de operação mais elevada devido a um gradiente de potencial melhorado resultante de efeitos de carga no espaço. A presença de partículas de sulfato de amônia muito finas são produzidas pela reação de amônia e SO3 aumentando a carga no espaço, que diminui a força do campo elétrico perto da descarga de corona e permite um gradiente mais acentuado perto da placa de coleta. Cargas espaciais moderadas produzem uma força motriz de condução mais elevada para a migração de partículas fora da região de descarga de corona. O efeito de carga no espaço pode ser benéfico quando melhorias no campo elétrico compensam a diminuição da descarga de corona. Outra explicação é que a amônia reage com névoa de ácido sulfúrico no gás de combustão, formando bissulfato de amônia, NH4HSO4, e sulfato de amônia (NH4)2SO4. Bissulfato de amónio é deliquescente (prontamente absorve água, em seguida dissolve-se na água absorvida) e tem um ponto de fusão de 296,4 ° F. Portanto, formaria um material coeso e pegajoso no ESP (SCHNELLE e BROWN, 2001). Trabalhos recentes com unidade de FCC indicam que a amônia aumenta a resistência a ruptura do espaço de gás entre as partículas na camada de poeira. Faíscas dentro da camada de poeira ocorrem quando o campo eléctrico na camada de poeira excede a resistência à ruptura do gás nos espaços entre partículas. Uma vez que a camada de pó em aplicações em unidade FCC tem uma alta resistividade, o gradiente de potencial dentro da camada de pó é alta (SCHNELLE e BROWN, 2001). Infelizmente, o condicionamento de amônia gera emissões da amônia que não reagiu. Esta desvantagem tem se tornado mais evidente nos últimos anos com a atenção pública focado nas exigências de informação do Inventário de Emissões Tóxicas e a ênfase para reduzir os poluentes atmosféricos perigosos (SCHNELLE e BROWN, 2001). 4.3 SO3 e AMÔNIA 17 A adição juntamente de amônia e de SO3 proporcionaria melhorias de desempenho do ESP do que as apresentadas pela amônia sozinha, mas é necessário o controle sobre a quantidade de cada um dos aditivos e a sua relação. A concentração de SO3 normalmente encontrada no gás de combustão produzida por carvões com o mesmo teor de enxofre pode variar consideravelmente devido a componentes básicos do carvão, tal como óxido de cálcio e catalisadores metálicos de rastreamento como vanádio, que converteria SO2 a SO3 (SCHNELLE e BROWN, 2001). 4.4. SULFATO DE AMÔNIA A adição de sulfato de amônia ao invés de amônia e gases SO3 separadamente também pode melhorar o desempenho de PE. Neste caso, o mecanismo primário foi atribuído a adsorção de SO3 na cinza volante depois do sulfato de amônio decompostas em SO3 e NH3. Os benefícios suplementares podem ter resultado do coprecipitação de partículas de sulfato de amônio não decompostas com as cinzas volantes, embora não existisse nenhuma indicação de aglomeração ou crescimento de partícula ou geração de fumos finos para aumentar o espaço de carga e as reduções de emissões foram atribuídas a melhor coleta nos campos de entrada em vez de maior coesão (SCHNELLE e BROWN, 2001). 4.5. PROPRIEDADES DOS ADITIVOS Uma nova abordagem para condicionamento de gás de combustão é o uso de soluções de aditivo à base de fosfatos proprietários que têm sido desenvolvidos e comercializados para superar problemas de resistividade de poeira. Eles demonstraram reduções dramáticas na resistividade de um flyash lenhite sobre uma ampla faixa de temperatura em uma aplicação a carvão em grande escala (SCHNELLE e BROWN, 2001). A resistividade foi reduzida em até quatro ordens de magnitude a 380° F e até duas ordens de grandeza no 700°F. A opacidade da pilha de uma caldeira a carvão com um lado frio (a jusante do aquecedor de ar) do PE foi reduzido de 15% para menos de 5%. As vantagens deste método de condicionamento incluem baixo custo de capital para o equipamento injetar a solução aditiva, e que os produtos químicos são relativamentenão tóxico comparado com agentes tradicionais condicionado SO3 e amônia (SCHNELLE e BROWN, 2001). 18 5. USANDO CURVAS V-I PARA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS Os problemas de P.E podem ser solucionados realizando-se uma avaliação das características elétricas do P.E. Uma poderosa ferramenta de diagnóstico é a curva de V-I, que é simplesmente uma representação gráfica da corrente secundária que é produzido devido ao incremento de voltagem secundária. Para gerar uma curva de V-I, a tensão de uma das secções do eletrodo é reduzida a zero, então aumentada manualmente em incrementos de cerca de 10%. Então é registrado a tensão e corrente secundária, e continua a ser adicionados incrementos até que a tensão atinja 100% da capacidade. Todo o processo leva apenas alguns minutos, mas a seção estará operando a menos de potência máxima durante este tempo (SCHNELLE e BROWN, 2001). 6. VANTAGENS E DESVANTAGENS 6.1. Vantagens • Alta eficiência de coleta de material particulado (fino e grosso), com consumo de energia relativamente baixo; • Baixa perda de carga, geralmente entre 1 e 1,25 cm H2O; • Capacidade de operação contínua com baixa necessidade de manutenção, pois possui poucas partes móveis; • Capacidade de tratar altas vazões de maneira eficaz; • Coleta e disposição dos resíduos a seco; • Consegue coletar partículas sólidas e líquidas; • Custo de operação relativamente baixo; • Possibilidade de ser operado em ampla faixa de temperatura (até 700°C); • Possibilidade de trabalhar tanto a altas pressões (10 atm) quanto em condições de vácuo; • Vida útil do equipamento relativamente alta podendo exceder 20 anos. 6.2. Desvantagens • Alto custo de implantação (projeto, engenharia e instalação); 19 • Dificuldade de remoção de algumas partículas devido a propriedades resistivas extremas (muito altas ou muito baixas); • Manutenção relativamente sofisticada e personalizada; • Necessidade de espaço relativamente grande para instalação; • Necessidade de precauções especiais devido aos riscos da alta voltagem; • Pouca flexibilidade das faixas de operação e alta sensibilidade às oscilações das condições da corrente de gás (taxas de fluxo, temperaturas, composição do gás e material particulado); • Produção de ozônio pelo eletrodo negativo durante a ionização do gás; • Risco de explosão quando trata gases ou partículas combustíveis. 7. APLICAÇÕES Os Precipitadores Eletrostáticos podem e são utilizados nas mais diversas áreas de indústrias. Na Tabela 1 abaixo encontramos as principais indústrias e fábricas e sua aplicação interna: Tabela 1 – Aplicações dos Precipitadores Eletrostáticos em diferentes empreendimentos: Empreendimentos Aplicação Fábricas de Papéis Recuperação de sais de enxofre dos gases das chaminés das caldeiras do processo Kraft. Indústria Química Limpeza de vários tipos de gás como H, CO2, SO2; Coleta da névoa de ácido sulfúrico; Coleta da névoa de ácido fosfórico; Remoção de pó de fósforos elementares no estado de vapor. Indústria de Metais Não-Ferrosos Coleta da névoa ácida; Recuperação de materiais dos gases das chaminés; Limpeza das correntes de gás para as indústrias de ácidos. 20 Indústria de Cimento Limpeza dos gases dos fornos. Indústria do Aço Remoção do alcatrão de gases de coquerias; Limpeza das correntes de gases dos fornos para permitir o uso como combustível. Indústrias Gerais Coleta de resíduo em suspensão. Fonte: Lisboa et al, 2007. 8. CONCLUSÃO Podemos verificar conceitos que norteiam os equipamentos de remoção de particulado do tipo P.E que tem a capacidade de remoção de partículas extremamente pequenas com alta eficiência. Espera-se que com isso o leitor tenha a capacidade de entender o funcionamento, bem como o dimensionamento desse equipamento. 9. REFERÊNCIAS SILVA, Electro Lora, “Controle da Poluição do ar na indústria açucareira”, 2000, Disponível no endereço eletrônico: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/STAB_1_Electo_000fizwkyra02wyiv80 2hvm3jk6whtps.pdf> Data de acesso: 04/12/2017 às 15:46 horas; CARVALHO JÚNIOR, João Andrade de, “Emissões em processos de combustão”, 2003, Disponível no endereço eletrônico: <https://biblioteca.unilasalle.edu.br/docs_online/livros/emissoes_em_processos_de_combusta o.pdf>, Data de acesso: 04/12/2017 às 20:16 horas; LISBOA, H. M.; SCHIRMER W. N., Metodologia de controle de poluição atmosférica. Controle de poluição atmosférica. Unidade VII. ENS/UFSC. 2007. SCHNELLE, K. B. and BROWN C. A., Air pollution control technology handbook. Mechanical engineering handbook series. 2001. MEIRA, C. R. de, Desempenho de um precipitador eletrostático operando na remoção de nanopartículas de aerossóis. Centro de ciências exatas e de tecnologia. Dissertação (Mestrado). UFSCar. São Carlos. 2009.
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