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OS CRONISTAS NOS LIVROS DIDÁTICOS

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OS CRONISTAS NOS LIVROS DIDÁTICOS
O ensino de História do Brasil nas escolas teve início após a fundação do Colégio de Pedro II em 1837, onde os livros didáticos de História do Brasil, então adotados, eram, em sua maioria, de autores brasileiros embora o conhecimento veiculado em suas obras tivesse como base uma historiográfica europeia sobre a História do Brasil. E apesar já existir uma vasta literatura sobre o Brasil nesse período, sua produção fora lenta e tardia.
Enquanto no Brasil não houve entusiasmo pela escrita da História do país, logo após a Independência, o interesse pelo estudo da história da colônia portuguesa e, posteriormente, do Império do Brasil, movimentou os meios intelectuais de vários países europeus. 
Segundo Vechia, do século XVI até o início do século XIX, foi produzida uma vasta literatura sobre o Brasil, estas, frutos do trabalho de cronistas, historiadores e memorialistas portugueses e brasileiros. Entre eles, o português Pedro de Magalhães Gândavo que, em 1576, publicou em Lisboa a História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil, este, que abordava aspectos geográficos e sociais, bem como aspectos de costumes indígenas e das povoações coloniais, outro trabalho que a autora cita é o do Jesuíta Fernão Cardin que chegou ao Brasil em 1584, para acompanhar o Visitador Cristóvão Gouveia que escreve Tratado da Terra e Gente do Brasil como resultado de uma viagem e missão jesuítica pela Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro e ainda, Gabriel Soares de Souza, que chegou ao Brasil em 1569, foi Senhor de Engenho na Bahia e escreveu, em 1587, o Tratado Descritivo do Brasil considerado uma rica fonte de informações sobre a terra e os habitantes do Brasil de seu tempo, uma vez que tratou com precisão os hábitos e os modos de vida dos colonos, a alimentação, os rituais e as guerras dos índios Tupinambás.
Nesse sentido, a literatura de viagem, escrita por estes cronistas foi de vital importância para a reconstrução histórica do Brasil, bem como da imagem que esses estrangeiros fizeram de nós.
	Nesse período, vários viajantes, pesquisadores, exploradores e naturalistas europeus também deixaram registros sobre a colônia portuguesa. Essas obras, além de tantas outras, muito embora registrassem ampla informação sobre o Brasil podem ser consideradas antes ricas fontes para a pesquisa do que propriamente trabalhos de cunho historiográfico, visto que em sua maioria, são trabalhos que abrangem períodos limitados e retratam determinadas regiões do país ou abordam temas específicos, sendo que a maioria deles foi escrita por historiadores amadores, cronistas e viajantes que carecem de rigor metodológico.
	É nesse contexto que se sistematiza a produção do conhecimento de História do Brasil, que se dá principalmente por via de autores ingleses, franceses e alemães. Ainda de acordo com a autora, embora no século XIX, os livros didáticos de História do Brasil para o ensino secundário fossem produzidos, em sua grande maioria, por autores nacionais, estes, possuíam uma vertente de conhecimento eurocentrista. 
	Desse modo, fica claro que foram os cronistas viajantes, os primeiros a descrever uma história do Brasil, uma geografia, uma cultura e um povo, mesmo que sem o rigor metodológico, estes deixaram vastas documentações em relação a suas viagens.
	Nos livros didáticos, da atualidade, ainda se reproduz o conhecimento eurocentrista, muito embora haja uma tentativa de demonstrar uma história do Brasil pela ótica da própria terra, ainda se aprende muito mais sobre os antigos impérios Europeus do que sobre o povo do Brasil em si. 
	Nos livros História: Sociedade e Cidadania de sétimo e oitavo ano do ensino fundamental, aqui utilizados, os cronistas não ganham destaque, assim como em muitos outros em que estes, são raramente citados, quando não são completamente ignorados por estes materiais, criando uma história desconexa, consistente em blocos, onde não há diálogo entre os períodos, impossibilitando por fim, a criação de uma consciência histórica mais consistente e elaborada.
BIBLIOGRAFIA 
VECHIA, Ariclê. “Os livros didáticos de história do Brasil na escola secundariam brasileira no século XIX, sob a égide das ideias europeias.” Revista Educação em Questão, Natal, v.13, n. 17. Curitiba: Revista Educação em Questão. p. 104-128, jan./abr. 2008.
BOULOS Jr., Alfred. “História: Sociedade e Cidadania. 7º Ano.” 3Ed. São Paulo: FDT, 2015.
BOULOS Jr., Alfred. “História: Sociedade e Cidadania. 8º Ano.” 3Ed. São Paulo: FDT, 2015.

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