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Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ CONVERSOR A/D O conversor A/D (ou conversor analógico/digital) é um sistema eletrônico que recebe uma tensão analógica em sua entrada e converte essa tensão para um valor digital correspondente em sua saída. Nesta unidade, estudaremos os circuitos que efetuam essa conversão. Processo de conversão O processo de conversão analógico/digital consiste basicamente em aplicar uma informação analógica em um conversor e recolher na saída uma informação digital correspondente. A ilustração a seguir mostra um diagrama de bloco do conversor A/D. Os conversores A/D mais comuns são: • Conversor A/D tipo contador de rampa; • Conversor A/D tipo contador de rampa contínuo; • Conversor A/D de aproximação sucessiva; • Conversor A/D integrador por dupla inclinação. Conversor A/D do tipo contador de rampa A figura a seguir mostra o diagrama de blocos de um conversor A/D contador de rampa (em inglês “ramp counter AD converter”). Ele tem esse nome porque a sua tensão de saída aumenta gradualmente de forma semelhante a uma rampa. SENAI/SP Unidade 1 1 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ Funcionamento A conversão é iniciada com um pulso de “start” que zera o contador. O comparador é alimentado com a tensão analógica desejada. A saída do comparador aciona a porta E e libera a entrada de pulsos de clock no contador. O contador começa a receber pulsos e indica na saída, em linguagem binária, os pulsos recebidos. O conversor D/A ligado na saída do circuito converte o valor binário da saída para analógico e envia os sinais para o comparador. Quando a tensão da saída do conversor D/A for igual à tensão da entrada analógica, a saída do comparador será zerada. Isso bloqueia a entrada do clock e a saída digital indicará um valor em binário correspondente à tensão analógica. Vantagens e desvantagens A vantagem desse tipo de conversor é ser simples, preciso e de baixo custo. Esse conversor, porém, é muito lento e tem que ser zerado para realizar nova conversão quando houver uma diminuição da tensão da entrada analógica. Para solucionar tais problemas, utilizam-se os conversores de rampa contínuos que utilizam contadores crescentes e decrescentes. SENAI/SP Unidade 1 2 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ Conversor A/D tipo contador de rampa contínuo O conversor A/D tipo contador de rampa contínuo não necessita de sinal de “start” para indicar a conversão. Ele faz a conversão toda vez que há variação na entrada analógica, mesmo que haja aumento ou diminuição da tensão. Veja na figura a seguir, o diagrama de blocos deste circuito. Funcionamento O funcionamento desse tipo de conversor é semelhante ao funcionamento do conversor tipo rampa. Quando a entrada analógica é alimentada com algum nível de tensão, é enviado ao circuito um sinal positivo (quando houver um aumento de tensão na entrada) ou negativo (quando houver diminuição de tensão na entrada). De acordo com o sinal recebido pelo circuito de controle, ele determina se a contagem é progressiva ou regressiva e libera a entrada do sinal de clock. A contagem se realiza até que a tensão enviada pelo conversor D/A se iguale à tensão de entrada e a saída do comparador seja zerada. Isso fará o circuito de controle bloquear a entrada de clock e a saída indicará um valor em binário correspondente à entrada analógica. Conversor de aproximação sucessiva Quando a velocidade de conversão é o fator mais importante, o tipo de conversor mais usado é o conversor A/D de aproximação sucessiva. Esse tipo de conversor utiliza um circuito denominado de amostra e retenção que será estudado a seguir. SENAI/SP Unidade 1 3 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ Circuito de amostra e retenção Um conversor A/D requer um certo tempo para converter um sinal analógico em um sinal digital correspondente. Se houver uma mudança do sinal analógico antes que a conversão seja efetuada, o conversor pode apresentar erros. Para impedir isso, devemos utilizar o circuito de amostra e retenção. O circuito de amostra e retenção (em inglês, “sample and hold”) é um amplificador com duas funções de operação distintas controladas por um sinal lógico. Uma das funções do amplificador é a de fornecer uma amostra da tensão. Nesse caso, o circuito funciona como um amplificador comum cuja tensão de saída segue a tensão de entrada. A outra função é a de retenção, ou seja, a tensão de saída se mantém constante no valor final do período de amostra. As figuras a seguir mostram o símbolo e o esquema do circuito de amostra e retenção. Analisando o circuito, podemos notar que: • O amplificador A1 é um buffer de entrada com entrada em alta impedância; • O amplificador A2 é um buffer com alta impedância de entrada e baixa impedância de saída; • A chave S é geralmente um circuito FET. Funcionamento - Quando a chave S é fechada, o capacitor se carrega rapidamente com a tensão de entrada. Quando S é aberta, a tensão se mantém com o valor que havia atingido quando a chave foi aberta porque o capacitor retém a carga e o amplificador A2 é de alta impedância. Enquanto a chave fica aberta, a saída de A2 mostrará o último valor que estava no capacitor. Quando a chave se fechar novamente o capacitor se carregará com o novo valor de amostra, que será retido e indicado na saída. As formas de onda a seguir ilustram o funcionamento desse circuito. SENAI/SP Unidade 1 4 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ Circuito do conversor O conversor de aproximação sucessiva (em inglês “successive approximation A/D converter”) é utilizado quando a velocidade de conversão é fator importante, pois sua velocidade de conversão é de apenas alguns microssegundos. SENAI/SP Unidade 1 5 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ A figura a seguir mostra o circuito desse tipo de conversor. Analisando o circuito, é possível destacar os seguintes blocos: • Um contador em anel formado pelos flip-flops tipo A (FF1 a FF6) que serão ativados sempre um de cada vez e em nível alto; • Quatro flip-flops (FFD a FFA) que são utilizados para registrar osbits digitais que alimentam a saída e o conversor D/A; • Um conversor D/A com a função de enviar sinal ao comparador; • Um circuito de amostra e retenção (“sample and hold”); • Um comparador que recebe a tensão da entrada analógica através do circuito de amostra e retenção e a tensão do conversor D/A. Após a realização da comparação, o comparador fornece em sua saída: • Nível 0 quando VO > VO+; • Nível 1 quando VO < VO+. Funcionamento - Suponha que a entrada analógica seja alimentada com 12V. A conversão é iniciada com um pulso de “strobe”. Quando esse pulso surge, o circuito de amostra e retenção leva para a saída o valor da tensão analógica que estava na entrada e a entrada “Data” de FF1 fica em nível 1. Quando surgir o primeiro pulso de clock, FF1 transferirá o nível 1 de sua entrada “data” para a saída e setará FFD e ressetará FFC, FFB e FFA. A entrada do conversor terá os níveis lógicos 1000 e a saída 8V. SENAI/SP Unidade 1 6 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ O comparador terá em sua entrada VO- VO+, portanto a saída terá nível lógico 0. Isso inibirá a entrada de ressete dos flip-flops FFD a FFA. Quando surgir o segundo pulso de clock, FF2 transferirá o nível 1 de sua entrada “data” para sua saída e setará FFC. A entrada do conversor terá agora os níveis lógicos 1100 e a saída, 12V. A saída do comparador continua com nível lógico 0, pois VO- = VO+ e as entradas de ressete de FFD a FFA continuam inibidas. Quando surgir o terceiro clock, FF3 transferirá o nível lógico 1 de sua entrada para a saída e setará FFB. A entrada do conversor apresentará, agora, os níveis lógicos 1110 e 14V na saída. A saída do comparador passará para o nível lógico 1, pois VO- < VO+ e possibilitará o ressete dos flip-flops FFD a FFA. Quando surgir o quarto pulso d, clock, FF4 transferirá para a sua saída o nível lógico 1, setará FFA e ressetará FFB. A entrada do conversor D/A terá agora os níveis lógicos 1101 e a saída, 13V. O comparador continua com nível lógico 1 em sua saída, pois VO - VO+ e os pinos de ressete dos flip-flops continuam habilitados. Quando surgir o quinto pulso de clock, FF5 transferirá para a sua saída o nível lógico 1 da entrada 2 ressetará FFA. A entrada do conversor D/A terá os níveis lógicos 1100 e a saída será de 12V. O comparador volta, então, a ter nível lógico 0 em sua saída e inibe os pinos de ressete dos flip-flops. Quando surgir o sexto pulso de clock, FF6 transportará para a sua saída o nível lógico de sua entrada e habilitará as portas E. Estas transportarão os níveis lógicos da entrada do conversor para a saída digital que é o valor correspondente à entrada analógica. A saída Q6 de FF6 também habilita novamente o circuito de amostra e retenção cuja função é reter o novo valor de tensão. Quando surgir o sétimo pulso de clock, o ciclo se repete e o novo valor binário, correspondente à tensão analógica será transportado para a saída digital quando FF6 for setado novamente. SENAI/SP Unidade 1 7 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ Conversor AD integrador por dupla inclinação Esse conversor é largamente empregado em instrumentos de medição onde a velocidade de conversão não é fator de importância. Veja esse circuito na figura a seguir. Funcionamento - O conversor A/D por dupla inclinação funciona da seguinte maneira: Ao aplicarmos uma tensão na entrada analógica, o circuito, integrador começa a fornecer uma tensão (-VO) em rampa negativa para a entrada inversora do comparador. Assim que a entrada inversora recebe alguns milivolts de tensão, o limiar do comparador é ultrapassado (VO < 0). Então, a saída do comparador vai para nível 1 e a unidade de controle libera os pulsos de clock para o contador. Quando o bit mais significativo do contador atingir nível 1, termina o tempo t1 e a chave analógica é acionada ligando VRef ao integrador em lugar do VE. A tensão de referência é de sinal oposto e de maior amplitude que a tensão de entrada. Assim, a saída do integrador passa a integrar no sentido positivo. SENAI/SP Unidade 1 8 Conversor A/D Fundamentos de Controladores Lógico Programáveis para Controle de Processos ____________________________________________________________________________ SENAI/SP Unidade 1 9 Conversor A/D O contador, por sua vez, continua contando durante o tempo de descarga do capacitor C até atingir o limiar do comparador (VO > 0). Nesse instante, a saída do comparador cai para 0V e inibe os pulsos de clock do contador. O contador terá em sua saída um valor binário proporcional à tensão analógica de entrada. O gráfico a seguir mostra a forma de onda na saída do integrador. No gráfico temos: • t1 é o tempo do primeiro período de conversão (t1 = 2/F); • t2 é o tempo do segundo período de conversão. F 2 . V V t Ref E 2 = • Vmax é a saída do integrador no final do primeiro período de conversão. 1 e max t . RC V V = • VRef é a tensão de referência - valor negativo > Ve • Ve é a tensão de entrada; • N é o número de bits da saída digital; • f é a freqüência de clock no contador. Observação A constante RC de carga não influi no valor binário porque o tempo de integração depende da freqüência de clock. Isso faz t1 ficar constante. Conversor A/D tipo contador de rampa contínuo Conversor de aproximação sucessiva Conversor AD integrador por dupla inclinação
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