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MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO PROFESSORA Me. Carla Prado Vieira Verdan Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store 2 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; VERDAN, Carla Prado Vieira. Materiais de Revestimento e Acabamento. Carla Prado Vieira Verdan Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. 222 p. “Graduação em Design - EaD”. 1. Materiais. 2. Revestimento. 3. Acabamento 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1942-1 CDD - 22ª Ed. 671.73 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo. Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Siqueira Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Robson Yuiti Saito, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Silvia Caroline Gonçalves, Ilustração Marta Sayuri Kakitani, Bruno Cesar Pardinho Figueiredo, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 8 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanênciaautores Me. Carla Prado Vieira Verdan Graduada em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Maringá (2007) e em Design de Interiores pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2013). Especialista em Gestão de Pessoas pelo Instituto Paranaense de Ensino (2009). Mestre em Análise do Discurso pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM), pesquisadora do grupo de estudos GEDUEM/UEM. http://lattes.cnpq.br/3571160271625730 apresentação do material MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Me. Carla Prado Vieira Verdan Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, seja bem-vindo(a)! Nas pró- ximas páginas, você vai conhecer e se aventurar pelos materiais e revestimentos que, aliás, já são nossos conhecidos de longa data, pois é a partir deles que reco- nhecemos o mundo à nossa volta. As cores, as texturas e os sons dos elementos do nosso dia a dia vêm dos diversos materiais e revestimentos, naturais ou artificiais, que nos rodeiam em nossos ambientes. A maciez do algodão, a rigidez dos vidros, as texturas das madeiras, as cores das tintas, a transparência do acrílico, o ruído de uma bolinha quicando em um chão de cerâmica... enfim, como você pôde perceber, todos esses exemplos conectam nossas sensações aos materiais! Neste livro, vamos conhecer as características sensoriais dos materiais para aplicá-las de maneira correta e aproveitar ao máximo essa relação física que temos com eles a fim de melhorar a nossa qualidade de vida. Os materiais e revestimentos possuem uma grande importância na questão da segurança dos nossos ambientes e, consequentemente, das nossas vidas. De- vemos compreender que existem diversos tipos de produtos para se utilizar em um ambiente, porém cada um deles deve ser aplicado no seu local adequado. Por quê? Vamos imaginar que seja necessário selecionar um tipo de material para uma sala de banho, banheiro, ou mesmo um lavabo. Sabemos que são ambientes molháveis e molhados, e que, portanto, a escolha do piso deve ser segura, para evitar escorregões e acidentes. Neste sentido, vamos estudar as características técnicas dos materiais e revestimentos e, assim, estaremos, ao final desta jornada, aptos para desenvolver projetos com responsabilidade em nossas especificações. Além disso, é importante ressaltar que devemos também considerar todas as questões econômicas e ambientais que nos cercam atualmente e, desta maneira, evi- tamos utilizar materiais e revestimentos que possuam matéria-prima em escassez, ou que contenham elementos tóxicos, ou ainda que demandem gastos de energia e água em excesso. Esses conteúdos estão inseridos neste livro para que você compreenda e reconheça que um ambiente pode ser esteticamente adequado, mas também funcional e de acordo com as discussões contemporâneas sobre diversas questões ambientais. Todos esses conteúdos apresentados têm por bases bons e atuais referenciais, selecionados do ponto de vista do profissional de design de interiores, ou seja, adequado especialmente para que você desfrute desses conhecimentos em sua formação como profissional da área! Estamos juntos nesta jornada? Na primeira unidade, iniciamos nossos estudos com as pedras naturais, mate- riais que são conhecidos pelo ser humano desde sua existência e, talvez, por este motivo são reconhecidos por nos conectar às nossas origens, e as pedras artificiais. Em seguida, iremos estudar a Cerâmica e o Vidro, materiais essenciais que nos surpreendem com suas características de adaptação e transformação. Logo após, as Madeiras e as Fibras, materiais que se mostraram versáteis servindo para diversos fins em nossas ambientações contemporâneas. Neste tópico adiciona-se os papéis de parede, elementos decorativos populares na Europa e, hoje, apresentam-se em grande quantidade e variedade. Posteriormente, vamos aprender sobre os Polímeros, materiais descobertos recentemente, em relação aos anteriores, e que fazem parte da revolução atual da tecnologia; nós os conhecemos popularmente como os plásticos e as borrachas. Também veremos os metais que foram o destaque do Movimento Modernista, utilizados em diversos produtos desenvolvidos pela Bauhaus e, ainda hoje, chamam atenção no nosso dia a dia. Por último, vamos apresentar as tintas, os esmaltes, os vernizes, as lacas e as resinas, em suas diversidades de cores e tipos, materiais populares e que possuem, como veremos, mais funções do que a da estética. Estudaremos também alguns materiais que advêm dos animais e a sua relação com o mercado. Em todas as unidades serão abordados os conteúdos sobre a história desses materiais, suas definições, classificações e aplicabilidades. Finalmente, caro(a) aluno(a), convido você para iniciar esta caminhada! Seja bem-vindo(a)! sumário UNIDADE I PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS 14 Conhecer os Principais Ambientes Residenciais e as suas Definições 24 Pedras Naturais 32 Pedras Artificiais 36 Sustentabilidade 46 Referências 48 Gabarito UNIDADE II VIDRO E CERÂMICA 54 Vidro 64 Cerâmica 74 Sustentabilidade 78 Considerações Finais 83 Referências 84 Referências 85 Gabarito UNIDADE III MADEIRAS E FIBRAS 90 Madeira 105 Bambu 108 Fibras (Têxteis e Papéis) 116 Sustentabilidade 120 Considerações Finais 125 Referências 127 Referências 129 Gabarito UNIDADE IV METAIS E POLÍMEROS 133 Metais 140 Polímeros 144 Acrílico (PMMA) 148 Sustentabilidade 157 Referências 161 Referências 163 Gabarito UNIDADE V RESINAS E OUTROS MATERIAIS 164 Tintas 175 Produtos Animais 178 Outros Materiais 182 Sustentabilidade 185 Considerações Finais 193 Referências 196 Referências 198 Gabarito 201 CONCLUSÃO GERAL Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Agregados, aglomerantes e misturas • Pedras naturais • Pedras artificiais • Sustentabilidade Objetivos de Aprendizagem • Conhecer o uso dos agregados e aglomerantes, entender o que esses elementos compõem e onde estão aplicados e sua importância dentro do sistema da construção. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras naturais. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras artificiais. • Apresentar como esses materiais se comportam em relação ao conceito de sustentabilidade. PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS UNIDADE I unidade I INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do nos- so livro! Nesta unidade, estudaremos, as pedras e as diversas formas e funções que esta matéria-prima apresenta na área da construção civil e, portanto, no design de interiores. As pedras estão presentes na ambientação desde sua parte estrutural, e não estamos falando apenas das estruturas antigas, em que existiam as paredes de pe- dras. Estamos falando das edificações modernas com os seus novos ma- teriais e paredes leves (ou montantes leves). É que todas essas tecnologias novas apresentam, em sua constituição,o uso dos minerais que compõem as pedras naturais e também as artificiais. Para compreender a importância desses elementos, iniciamos conhe- cendo os aglomerantes, os aglomerados e as suas misturas. Esses materiais possuem diversas funções, e dentre as mais conhecidas está a de “colar” as estruturas, revestimentos ou acabamentos. Entretanto, a partir dessas fun- cionalidades iniciais, esses materiais vão adquirindo novas possibilidades, e, além de preparar as estruturas para receber seus acabamentos, podem, às vezes, tornarem-se o próprio acabamento, como é o caso do concreto aparente e do cimento queimado. Veremos também, na segunda e terceira partes da unidade, as pedras naturais e as pedras artificiais,o que são, como são aplicadas nos ambien- tes e quais as relações entre elas. As pedras artificiais aparecem nas am- bientações com muito destaque e são assim denominadas pela similarida- de do seu uso e também da sua estética. Na quarta parte, estudaremos a sustentabilidade e como os materiais vistos anteriormente são compreen- didos quando relacionados a essa questão. Ótimo estudo! 14 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO têm como finalidade produzir as argamassas e o con- creto (que são as misturas). Estas misturas, por sua vez, são utilizadas na estrutura da construção. Suas aplicações vão desde revestimentos de piso, parede e teto, argamassas para assentar os azulejos e as pla- cas cerâmicas, e podem até fazer diferentes tipos de reparos. Sua aplicação se estende até as fundações e canalizações e estas são apenas algumas, dentre mui- tas outras, aplicações que esses elementos, possuem. Essas misturas, formadas por estes dois elementos, denominados agregados e aglomerantes, possuem origem natural e seus componentes são os minerais que existem nos nossos solos, como a argila e a areia. Quando entramos em um ambiente que nos fascina pela sua beleza, pelo seu conforto e funcionalidade, reparamos em cada detalhe, desde as cores das tintas ou o desenho dos papéis de parede até as cortinas e os estofados e, também, no piso e nos materiais dos mobi- liários. Contudo dificilmente pensamos nos elementos que asseguram a existência de todos esses acabamen- tos, aqueles que estão longe de nossa visão, mas que, mesmo assim, são fundamentais para a correta am- bientação de um espaço. Alguns desses elementos são os que chamamos de agregados e aglomerantes. De acordo com Ambrozewicz (2012), esses ma- teriais – os agregados e os aglomerantes – juntos, Conhecer os Principais Ambientes Residenciais e as suas Definições 15 DESIGN Figura 1 - Argila Expandida OS AGLOMERANTES Ambrozewicz (2012) nos informa que os aglome- rantes são materiais que, misturados à água, formam pastas e, portanto, fazem a integração com os agre- gados, sejam miúdos ou graúdos, transformando-se, como dito anteriormente, em argamassas e concreto. Os exemplos que o estudioso cita de aglomerantes são: cal, gesso, cimento Portland e outros materiais chamados betuminosos. A seguir, suas definições: • A cal é utilizada para diversas aplicações, por exemplo, na produção de argamassas para as- sentamento de revestimentos e produção de tijolos. • O Cimento Portland possui este nome por- que foi inventado na Inglaterra na mesma época em que era modismo utilizar em cons- truções pedras de cores acinzentadas vindas de uma ilha de Portland, logo, pela caracte- rística de semelhança de cores, o construtor/ inventor nomeou o material de Portland. Sua definição é “[...] um pó bem fino com pro- priedades aglomerantes, que endurece sob a ação da água. Depois de endurecido, perma- nece estável, mesmo que submetido à ação da água” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 76). OS AGREGADOS Materiais que podem ser de origem natural, como a areia ou, ainda, como nos informa o estudioso Am- brozewicz (2012), o cascalho – conhecido também como pedregulho – e a brita são extraídos de jazidas e/ou minas e sofrem outros processos até sua apli- cação na construção civil. No entanto os agregados podem ser materiais artificiais, como a argila expan- dida ou o concreto reciclado de demolições. Ainda, em relação às suas classificações, podem ser leves, normais ou pesados e, sobre suas medidas, o autor nos informa que podem ser classificados como mi- údos ou graúdos. Explicando de forma simplista, a finalidade do agregado, quando parte da mistura do concreto e da argamassa, é dar-lhes resistência. A partícula mineral do solo varia em tamanho, desde a argila microscópica às rochas de mui- tos metros. Os fragmentos com mais de 75 mm de diâmetro são denominados pedras. Fonte: Troeh e Thompson (2007, p. 18). SAIBA MAIS A argila expandida também é utilizada no pai- sagismo em pequenos vasos e bonsais. Serve como material que drena a água e absorve os nutrientes, bem como o cascalho. Fonte: adaptado de Cinexpan ([2019], on-line)1. SAIBA MAIS 16 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO • Os aglomerantes betuminosos são aqueles que possuem partes orgânicas em sua com- posição. Podem se originar na natureza ou são desenvolvidos pela indústria. Nós reco- nhecemos alguns deles: o asfalto (origina-se do petróleo) e o piche (obtido de asfalto). É interessante saber que o ser humano usa, des- de a antiguidade, esses materiais. Conforme afirma Ambrozewicz (2012), temos exemplos na Mesopotâmia, no Egito (presentes na mu- mificação), e têm-se referências desses mate- riais até na Bíblia, quando se trata da Arca de Noé. Em épocas menos remotas, as aplica- ções de betumes datam do século XVIII. • O gesso é um dos aglomerantes que nós co- nhecemos um pouco mais, pois o vemos qua- se que diariamente e, desde algum tempo, na casa de nossos avós ou familiares, se não em nossa própria residência. Presente nos deta- lhes dos forros (quando não é o próprio forro), aplicados como sancas e molduras diversas até os adornos mais clássicos, como os florões. Atualmente, esse material é um ótimo aliado dos designers de interiores, utilizado com fre- quência em nossos projetos. Os motivos que nos levam a gostar tanto do gesso são as suas características principais, conforme apresenta Ambrozewicz (2012): são resistentes, são iso- lantes térmicos e acústicos, apresentam resis- tência ao fogo considerável, são moldáveis e, como o gesso é leve, também são leves as suas estruturas finais. Também existe o Cimento Portland Branco não Estrutural, e seu uso é voltado apenas para as- sentamentos e desenvolvimentos de produtos como ladrilhos hidráulicos, entre outros. Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). SAIBA MAIS O piso de Cimento queimado consiste na “aplicação de cimento seco na forma de pol- vilhamento sobre a superfície [...] do concreto” (RECENA, 2014, p. 85). Este é um procedimento que pode ser feito na obra, o que acaba tornan- do um produto econômico em sua instalação. Fonte: adaptado de Recena (2014). SAIBA MAIS Placas de gesso com conteúdo reciclado aju- dam a diminuir os resíduos de gesso acarto- nado nos aterros. Fonte: Moxon (2012, p. 103). SAIBA MAIS Figura 2 - Cimento Portland Cinza 17 DESIGN 2. Resistente à umidade RU – para áreas que podem vir a sofrer com umidade, mas de for- ma limitada em quantidade pequena. 3. Resistentes ao fogo RF – para áreas secas com necessidade de resistência ao fogo. Estes três tipos de placas de gesso acartonado são indi- cados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, cuja norma é denominada ABNT NBR 14715-1:2010. Por todos os dados anteriores, os profissionais selecio- nam o gesso para solucionar diversos problemas de acordo com as necessidades do projeto. Podemos citar como exemplo: divisórias internas para ambientes, re- baixamento do pé direito com o uso do forro de gesso, liberdade no desenvolvimento de projetos de ilumina- ção, criação de nichos, estantes e muito mais. Essas di- visórias de gesso, hoje, são denominadas cartonadas, ou ainda, elo nome drywall, “[...] possuem um núcleo de gesso coberto com papel ou outro material” (BIN- GGELI; CHING, 2013, p. 308). Os novos estudos e a tecnologia ajudaram ainda mais o avanço deste material em sistemas de placas, e podemos encontrar três tipos de placas de gesso cartonado para a execução de paredes, forros e re- vestimentos que sejam internos e não estruturais. São elas: 1. Standart ST – para áreas secas. Hoje, o gesso acartonado (painel rígido feito à base de gesso) é um material extremamente difundido para a construção de paredes in- ternasleves e pode ser revestido de camadas finas de gesso (lisas ou texturizadas), papel de parede, painéis decorativos e tinta. Fonte: Farrelly e Brown (2014, p. 153). SAIBA MAIS Figura 3 - Ornamento de gesso, espátula, o perfil de estanho, drywall em um fundo branco 18 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO AS MISTURAS Caro(a) aluno(a), no começo deste tópico, entendemos que os agre- gados e aglomerantes, juntos, formam o que chamamos de misturas. Estas misturas possuem diversas aplicações na construção civil e são de extrema importância para nossa ambientação, pois são esses ma- teriais que preparam, fixam e asseguram a qualidade e a resistência dos revestimentos de acabamento de nossas ambientações. Enfim, sua correta aplicação resulta em materiais sem problemas de instala- ção e de aparência satisfatória. A argamassa é o material que liga, cola ou prende todos os ele- mentos de uma construção, é responsável por evitar o desgaste de acabamentos e, portanto, mantê-los com aparência bela, além de seguros. Deve ser levada em consideração no momento da especi- ficação dos produtos, pois uma escolha errada pode deixar seu pro- jeto insatisfatório ao usuário/cliente. De acordo com o estudioso Azeredo (2000), podemos dividir as argamassas em diversos tipos que se referem à função. A seguir, a classificação do autor: Figura 4: Argamassa 19 DESIGN Argamassa de junta Argamassa de regularização Argamassa de aderência – chapisco Argamassa de acabamento • Argamassa de junta: serve para unir os elementos construtivos, exemplo: os blocos ou tijolos. Para a estrutura, atua como distribuidor das cargas que a construção recebe. • Argamassa de aderência – chapisco: serve para preparar uma superfície mais lisa (que pode ser a parede, por exemplo) para receber outros materiais. Essa argamassa é jogada, e seu formato adequado pode parecer bem inadequado – quanto mais irregular, melhor. Deste jeito, podemos criar uma superfície com aspereza necessária para que suporte os próximos materiais. • Argamassa de regularização – emboço: serve como um impermeabilizante da edificação, evita a água, a infiltração e a umidade. Seu aspecto aplicado já é mais regular e uniforme. Como afirma Azeredo (2000), atua como alinha- mento das paredes. • Argamassa de acabamento – reboco: quando a superfície está pronta para receber a pintura, o que vemos é o reboco, isto é, a aplicação de uma arga- massa de pequena espessura com teor de cal alto. Entretanto, este reboco também pode ser o próprio acabamento. 20 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Argamassa de acabamento – Massa tipo travertino” “[...] é também, um reboco especial, seu acabamento não requer o acabamento de pintura. Geralmente, essas massas são industrializadas [...] com o reboco ainda bem molhado, comprime-se com uma ‘boneca’ de estopa limpa ou mesmo de pano seco, de maneira que deixe na superfície pequenos sulcos típicos do mármore [...]”. Fonte: Azeredo (2000, p. 76). SAIBA MAIS O concreto é a mistura de cimento (aglomerante), pedra, areia (agregados) e água, além de, se necessário, possuir outros componentes que chamamos de aditivos, os quais melhoram suas características. Aliás, as características que o concreto deve possuir são: resistência, durabilidade, boa aparência e também deve ser um material econômi- co. Esse material é fornecido em diversos tipos, como o convencional, de alto desempenho, alta resistência, pe- sado, leve, fluido etc. Ambrozewicz (2012) cita 17 tipos de concreto que, na maioria das suas aplicações, servem como elemento estrutural. Entretanto, existe, por exem- plo, o concreto colorido, usado para destacar fachadas, ou mesmo, na coloração das calçadas, “as vantagens são: eli- mina a pintura e pode ser usado como marcador de áreas específicas” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 125). O concreto faz parte de um grupo de materiais “[...] com alta capacidade térmica para gerar inércia tér- mica. A inércia térmica armazena o calor ou o frio e os transfere lentamente para o ambiente mantendo sua temperatura interna razoavelmente constante, reduzindo a necessidade de aquecimento ou de res- friamento artificial”. Fonte: Moxon (2012, p. 69). SAIBA MAIS 21 DESIGN Vamos, agora, conhecer algumas das aplicações do concreto em design de interiores: Como superfície de acabamento para o piso: de acordo com os auto- res Binggeli e Ching (2013), os acabamentos de concreto precisam estar bem nivelados e lisos, e podem receber coloração (corantes) para deixá- -los mais atrativos, porém devem possuir resistência a manchamentos. O concreto aceita, ainda, a adição de outros agregados, como pedaços pequenos ou grandes de mármores, granitos e outras rochas, técnica de revestimento reconhecidas como granitina e granilito, afirma o estudioso Azeredo (2000). Sua vantagem é que pode ser encontrado como peças ou, ainda, executado na própria obra e, o mais importante, evita a utilização de outro material para o acabamento de piso. Ou seja, reduz a quantidade de materiais na ambientação, sendo, assim, econômico! Enfim, “[...] é um pavimento contínuo, apesar de ter juntas, o que não significa que o pavimento não é contínuo. Chamamos de granilito ou ro- cha artificial, devido à aparência que fica após sua execução - uma imita- ção do granito” (AZEREDO, 2000, p. 108). Bloco e placas de concreto para piso: de acordo com Abbud (2006), é muito utilizado, em jardins e calçadas, o paver, definido pelo autor como “pequeno bloco de concreto [...] dispensa contrapiso de concreto e seu assentamento é feito com areia sobre terra compactada” (ABBUD, 2006, p. 140). O paver, em alguns projetos, também aparece como ban- cos. Ainda para essas aplicações, existem placas de diversos tipos com acabamentos específicos a cada situação, alguns bem utilizados em am- bientes com piscina, como exemplo, alguns materiais da Castelatto. Como revestimento de parede: atualmente, está se tornando comum usar as paredes de concreto, aparente, sem o revestimento final. Farrelly e Brown (2014) nos apresentam também as placas de concreto para re- vestimento, a empresa Girli Concrete, além de desenvolver esse material, apresenta, como inovação, a integração do concreto com outros tipos de materiais, como o tecido. As autoras explicam, “[...] um de seus produtos [...] integra as tecnologias têxteis à produção de materiais de construção (como o concreto), para criar superfícies de edificação ‘macias’ e inovado- ras” (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 46). E quanto mais a tecnologia evolui, mais produtos vão surgindo, como o Litracon, concreto leve e translúci- do. E, por fim, podemos encontrar elementos vazados (paredes que pos- suem “buracos” em que se pode ver o outro lado) coloridos ou não, mais conhecidos como Cobogós, desenvolvidos a partir do concreto. Figura 5: Paver 22 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO De acordo com Abbud (2006), o concreto tam- bém é a matéria-prima do ladrilho hidraúlico, muito utilizado em nosso passado, normalmen- te, feito de forma artesanal a partir de um molde de metal que é preenchido e estampado, levado à prensa e, por fim, seco naturalmente em local sombreado. Este tipo de material, hoje, é ampla- mente difundido. Quando artesanais possuem estampas diversas e coloridas, são peças lindas e o centro de destaque de uma ambientação pela sua estética. Fonte: adaptado de Abbud (2006). SAIBA MAIS Aluno(a), uma das qualidades importantes do concreto é que ele é moldável. Desta forma, será possível, como designer de interiores, desenvolver, dentro da necessidade do pro- jeto, um mobiliário desse material? REFLITA 23 DESIGN 24 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Quando os antigos obtiveram conhecimentos parao manuseio das pedras encon- tradas na natureza, eles iniciaram a sua aplicação em diversas áreas a partir de suas necessidades vitais. Por isso, essas matérias-primas encontram-se no grupo dos mais antigos elementos utilizados em nossos ambientes, seja como parte estrutu- ral das construções ou como revestimentos e peças decorativas. As autoras Farrelly e Brown (2014) nos explicam que todos os materiais pos- suem propriedades sensoriais e subjetivas, as primeiras propriedades levam em consideração os nossos sentidos, sendo os mais comuns o olfato, o tato, o paladar, a visão e a audição. Esses sentidos reagem tanto ao nosso corpo físico quanto ao nosso estado emocional, e a relação que temos do mundo e dos materiais está diretamente ligada à forma como vivenciamos as experiências a partir de nossos sentidos. Pedras Naturais 25 DESIGN Sobre as questões subjetivas, tal relação funciona quando conectamos a nossa percepção dos mate- riais às nossas experiências de mundo, à nossa cultu- ra, religião, tradição, comunidade, isto é, todos esses são elementos que influenciam como “compreende- mos” os materiais. Para exemplificar, podemos dizer que o uso das pedras naturais como revestimento de paredes internas e fachadas na sociedade brasileira possui um caráter luxuoso porque retoma o passado histórico brasileiro – a cidade de Ouro Preto, antiga Vila Velha, foi uma das mais ricas cidades do Brasil, pela extração, obviamente, de suas pedras naturais. A sua utilização, entretanto, não é apenas rela- cionada às questões dessas ordens. As qualidades funcionais destes materiais são diversificadas e po- dem variar muito de acordo com o tipo de pedra. Portanto, abordaremos, agora, algumas informações técnicas. Troeh e Thompson (2007) apresentam três tipos de rochas (lembrando que as pedras são fragmentos de rochas que possuem cerca de 75 mm de diâme- tro), sendo elas: rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas. As ígneas são formadas pelo esfriamento do magma (massa pastosa que existe abaixo da superfície da terra), sendo o granito uma rocha ígnea. Rochas sedimentares são formadas pelo endurecimento de diversos materiais carrega- dos pela água e vento. Um exemplo desse tipo de ro- cha utilizado na ambientação é a pedra São Tomé e o Travertino. Por fim, as rochas metamórficas são for- madas pela transformação de outras rochas quando estão sob muito calor e pressão, sendo o mármore uma rocha que está nesta classificação. É importante retomar que essa classificação nos ajuda a entender um pouco mais de suas qualidades, mas, ainda as- sim, os diversos tipos de rochas possuem inúmeras características, e ao desejar especificá-las em um projeto, é necessário e importante buscar suas carac- terísticas específicas. Vamos observar algumas características do gra- nito, do mármore, do Travertino e da Pedra São Tomé, de acordo com as pesquisadoras Farrelly e Brown (2014): O que isso significa quando falamos das pedras naturais? Bom, o uso das pedras naturais como recur- sos estéticos na ambientação pode ser explicado, por exemplo, pela retomada do contato do homem com a natureza, estimulando-o pelo tato, audição e visão. Como isso poderia acontecer? Observe o crescente uso das pedras como revestimentos dentro de salas de banho. Tal contato entre água e pedras pode nos relembrar as cachoeiras naturais, ou seja, uma ques- tão sensorial do uso do material na ambientação. Figura 6 - Ouro Preto 26 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Granito: muito indicado para área molháveis, como cozi- nhas e banheiros, para revestimento de piso e parede, também é utilizado como bancadas por ser um material duro, resistente e muito sólido. Mármore: material poroso, não indicado para áreas mo- lhadas. Por ser mais macio que o granito, não é apropriado para pavimentações, no entanto, sua especificação depende de um estudo mais aprofundado, levando em consideração as necessidades do ambiente e as propriedades da pedra para sua aplicação no projeto. Já os autores Guerra et al. (2013) nos in- formam que são pedras facilmente esculpidas e polidas. Travertino: por possuir muitas reentrâncias, não é indicado para ambientes como cozinha e ambientes que possuem um nível alto de pó. Ultimamente, tanto o mármore quanto o Travertino são materiais utilizados como painel decorativo aliado a jogos de luzes. Pedra São Tomé: “corresponde a um quartzito encontra- do nas cores branca, amarela, rósea e verde, sendo utilizada em construções, como piso, revestimento de paredes, alve- naria estrutural e até como telha” (FERNANDES; GODOY; FERNANDES, 2003, p. 129). As pedras naturais possuem muita qualidade, durabilidade e beleza. Existem em infinitas cores e texturas e, seu toque é, ge- ralmente, de sensação fria. Além disso, algumas podem receber tratamentos de acordo com as necessidades da aplicação, confor- me nos apresenta a autora Ribeiro (2002). Temos o jateamento, tratamento que consiste em deixar a peça fosca; há, também, o apicoamento, este apresentando textura esburacada por martela- mento; o flameamento, que torna as pedras antideslizantes e, por final, o polimento, que consiste em deixá-las brilhantes. A pedra São Tomé recebeu este nome porque, no Brasil, a sua principal extração fica na cidade de São Tomé das Letras, estado de Minas Gerais. Fonte: adaptado de Fernandes, Godoy e Fernandes (2003). SAIBA MAIS GRANITO MÁRMORE TRAVERTINO PEDRA SÃO TOMÉ 27 DESIGN Uma pedra natural utilizada em grande escala no Brasil Colonial, especificamente em Ouro Preto, antiga cidade de Vila Velha, no estado de Minas Gerais, é a conhecida pedra sabão. Sua aplicação decorativa em interiores se deu como acabamento ornamentado de paredes, colunas e outros, transformando a am- bientação com esculturas. Por ser uma pedra macia, pode ser esculpida e, assim, tornou-se o material de destaque das obras de Aleijadinho, artista que representou o Estilo Barroco no Brasil, e está presente em grande parte das igrejas da cidade e sua região. É também de pedra sabão a maior obra a céu aberto do artista Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho, em Congonhas, ainda no estado de Minas Gerais, onde estão em exposição os 12 profetas. Fonte: adaptado de Congonhas (2011, on-line)2. SAIBA MAIS Figura 8 - Santuário do Bom Jesus do Matosinho, em Congonhas-MG 28 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO PEDRAS NATURAIS PARA REVESTIMENTO DE PAREDES Aplicadas nas paredes, possuem diversos modos, tais como irregular ou regular, em formatos gran- des, médios e pequenos, no tipo canjiquinha (file- tada), ou ainda, tijolinho. Os mármores e grani- tos são, normalmente, aplicados como placas. Na instalação, deve-se limpar as pedras poucas horas após seu assentamento, para evitar os manchamen- tos pela argamassa. O uso de produtos químicos fortes também machuca a pedra e deve ser evitado. É importante verificar o uso de argamassas espe- ciais, que secam rápido e/ou para revestimentos pesados, pela segurança da obra, porque as pedras, dependendo da forma escolhida para aplicação, podem resultar em peças muito pesadas. Portanto, todo cuidado na escolha da argamassa é relevante para evitar as quedas de peças durante ou depois de sua instalação. Ainda em relação ao seu peso, é necessário verificar a questão estrutural da edifica- ção com um profissional responsável (geralmente, os desenvolvedores do edifício ou da construção), porque o peso extra pode afetar a estrutura. Quan- do aplicadas em ambientes internos, deve-se levar em consideração os espaços dos interruptores, das tomadas, do quadro de energia e outros mais, para que não se apresentem problemas, tais como inter- ruptores profundos demais ou sem fixação devido à espessura da pedra. Figura 9 - Obrade Aleijadinho 29 DESIGN Observe que existem muitos tipos de pedras. É im- portante ressaltar a necessidade de buscar quais são os tipos de rochas de determinados locais e regiões, e quais as pedras que possuem maior abundância, para especificar, em seu projeto, materiais da eco- nomia e cultura local, tendo em vista a responsabi- lidade ambiental. Aqui deixo algumas opções bem utilizadas em ambientações pelos designers de inte- riores: mármore, granito, ardósia, travertino, pedra São Tomé, lagoa santa, seixos, pedra madeira, Mira- cema, pedra goiás, pedra de ferro ou vulcânica etc. PEDRAS NATURAIS PARA PAVIMENTAÇÃO “Desde a antiguidade, o homem percebeu que as ro- chas eram materiais duráveis e atraentes para cons- truir e revestir pisos, caminhos, ruas e calçadas” (ABBUD, 2006, p. 130). Aplicadas nos pisos, também apresentam di- versidade de formatos e cores. Mármores e granitos quase sempre estão cortados em placas. Azeredo (2000) informa que, em se tratando de mármore, é necessário observar incrustações, ou seja, outros materiais acoplados em seu “corpo”, pois diminuem a qualidade desse e podem originar trincas ou que- bras. Outros tipos de pedras possuem diversas for- mas e podem ser instaladas como quebra-cabeças, possuindo, em seu resultado, normalmente, uma estética rústica. A instalação, conforme afirma Abbud (2006), evoluiu durante a história humana. É muito provável que as pedras, inicialmente, fossem aplicadas soltas, então, veio o conhecimento sobre as argamassas, e na atualidade, existem bases plásticas ou de metais que fixam as pedras sem a necessidade das argamas- sadas, sendo apenas por encaixe. Figura 10 - Pedra polida assentada em placas na lareira Figura 11 - Filetada Figura 12 - Seixos 30 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Existe, ainda, a pedra portuguesa, conhecida tam- bém como petit pavé, muito utilizada em calçamen- tos. Conforme explica Azeredo (2000), essas pedras são quebradas em tamanhos menores, de cinco cen- tímetros, às vezes, oito centímetros, podendo ser encontradas nas cores vermelha, branca, marrom, preta, creme, cinza e rosa. Com elas podem ser exe- cutados desenhos diversos, como exemplo, temos as calçadas de Copacabana, no Rio de Janeiro. Figura 13 - Petit pavé em pavimento - Calçada de Copacabana, Rio de Janeiro Quando aplicado na parede em assenta- mento irregular, o petit pavé pode receber uma iluminação direcionada e transformar a ambientação com um efeito dramático e único de luzes e sombreamentos, servindo até como ponto de destaque do espaço. Esse efeito também pode ser aplicado em outros tipos de pedras, e fica melhor quando elas possuem reentrâncias para que existam as sombras, isto é, em acabamentos rústicos. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 31 DESIGN A normativa da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) que trata das rochas para reves- timentos de edificações é a NBR 15012. De acordo com a matéria do site oficial da Associação, esta norma apresenta e define os termos geológicos das rochas, destaca alguns de seus tipos petográficos, compreendidos como os principais, além de suas texturas e estruturação. Fonte: adaptado de ABNT ( 2013, on-line)3. SAIBA MAIS Algumas pedras, como o mármore, possuem “veios” ou “estampas naturais”. Ao mesmo tempo em que podem nos limitar na criação, podem servir para transformar certos elementos e diferenciar o projeto de modos audaciosos! REFLITA 32 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Aluno(a), pas páginas de anteriores, estudamos as rochas, aquelas que são utilizadas pela construção civil e aplicadas como revestimentos de paredes, pi- sos e como mobiliários. Elas podem ser rústicas (em estado natural) ou tratadas para que, por exemplo, apresentem-se polidas, isto é, com o aspecto bri- lhante. Essas rochas e pedras são extraídas da na- tureza, portanto são denominadas pedras naturais. Com a evolução tecnológica, a sociedade conseguiu desenvolver, a partir do manuseio dos elementos minerais encontrados nas rochas naturais, materiais que, nomeou de pedras artificiais. Assim como existe grande diversidade de tipos e classificações de pedras naturais, também existe variedade de pedras artificiais. Veremos, a seguir, al- gumas dessas novas opções. Pedras Artificiais 33 DESIGN PÓ DE MÁRMORE E VIDRO O pesquisador Lima (2010), em sua dissertação de mestrado, nos apresenta o material denominado marmoglass, desenvolvido industrialmente a partir do mineral sílica. O resultado é de qualidade supe- rior, com dureza única e resistência, principalmente à abrasão, maior que o granito. Desta forma, o marmoglass pode ser utilizado para revestimento de paredes externas e internas, pavimentação interna, bancadas, tampos de mesas, soleiras, rodapés, entre outros. RESINA ACRÍLICA E ALUMINA Também podemos encontrar, no mercado atual, um produto de grande qualidade, beleza e resistência. Conforme dados da empresa desenvolvedora, esse material é composto de resina acrílica e minerais, sendo o mineral TriHidrato de Alumina (ATH) o principal em sua composição. Tal material é co- nhecido no mercado como Corian. De acordo com os dados comerciais, ele não é poroso, é maciço e maleável porque é termomodável, isto é, torna-se modável quando exposto a altas temperaturas, acei- ta reparações e pode até ser reaproveitado após seu descarte. Apesar de artificial, não é tóxico, e recebeu o certificado Green Guard Indoor Air Quality. A resistência à abrasão representa a resistên- cia ao desgaste de superfície, causado pelo movimento de pessoas e objetos. A sujeira trazida nos sapatos acelera o desgaste nas vias preferenciais de circulação. Fonte: Ambrozewicz (2012, p. 341). SAIBA MAIS “Produtos que não prejudicam a qualidade do ar interno são certificados pelos selos da GreenGuard” (MOXON, 2012, p. 101). Essa organização faz parte de um grupo de instituições que tem como objetivo avaliar os materiais, bem como produtos e ambientes que não agridam o meio ambiente. Fonte: adaptado de Moxon (2012). SAIBA MAIS 34 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Em relação às suas propriedades e resistências, deve-se ressaltar a resistência aos agentes químicos apontados pelas informações comerciais: o material possui ótima resistência a produtos como álcool, acetona, café, batom, gasolina, óleo de cozinha, suco de limão e vinho. Portanto, é indicado para todos os ambientes internos residenciais, comerciais e até hospitalares, e também é indicado seu uso em facha- das. SUPERFÍCIES COM MINERAL QUARTZO Estes materiais são conhecidos no mercado por di- versos nomes, como silestone, caesarstone, dekton, entre outros. Possuem em sua composição, de acor- do com os dados comerciais, cerca de 90% do mi- neral quartzo associado a outros elementos diversos (que os diferenciam), materiais cerâmicos, vidros ou materiais existentes pelo manuseio do petróleo. Essas superfícies são oferecidas em diversas co- res. As cores de destaque em uso nas ambientações possuem brilho e são chamadas, por exemplo, de “branco diamante” ou “preto estrelar”. Possuem tex- turas que vão do liso ao áspero. As características mais relevantes encontradas no meio comercial sobre esses materiais são referen- tes à proteção contra bactérias (evitando sua propa- gação). Possuem alto nível de resistência a impactos (não são facilmente quebrados ou trincados), e boa resistência a líquidos, como vinho e café. A maioria destes materiais é indicada pelas empresas desen- volvedoras para ambientes externos e internos, mo- lhados e molháveis, como revestimentos de piso e parede e de mobiliários. SUPERFÍCIES CRISTALIZADAS DE VIDRO COM NANOTECNOLOGIA Marghussian (2015) explica que a nanotecnologiaconsiste em manusear os átomos e as moléculas dos materiais. Essa tecnologia possibilitou o desenvolvi- mento de novos materiais, como o que conhecemos como nanoglass. Ou seja, a partir da manipulação nuclear do vidro e das cerâmicas, aliada a um proce- dimento controlado em alta temperatura, é possível obter como resultado um material durável, que pode ser ou não transparente. As informações comerciais do material revelam sua aplicação em revestimento de parede e piso, desenvolvimento de bancadas e la- vatórios de banheiro, assim como bancadas de cozi- nhas. Sobre suas propriedades técnicas, as empresas desenvolvedoras apresentam que, na Escala Mohs, o nanoglass atinge o número cinco. Figura 15 - Silestone Fonte: Mundo das Pedras ([2018] on-line)4. 35 DESIGN CIMENTO COM GRANITO OU MÁRMORE A mistura de agregados e aglomerantes descrita no início da unidade também pode ser considerada uma pedra artificial, conforme descreve Azeredo (2000). O granilito é a mistura de cimento branco e pedaços de granito ou mármore (marmorite) e pode receber, tam- bém, a adição de corantes e ser aplicado como reves- timento de parede e de piso. Ao final do processo de instalação, o material deve receber um polimento para deixar seu acabamento com aspecto brilhante. O mate- rial, normalmente, é desenvolvido na obra, mas já exis- tem algumas empresas desenvolvendo-o em placas. A “Escala de Mohs” foi criada por Friedrich Mohs (1773-1839). Ele organizou dez minerais por ordem de dureza, sendo o número um utilizado para o mais mole, e dez, para o mais duro. Fonte: Millidge (1998, p. 15). SAIBA MAIS Figura 16 - Nanoglass Fonte: Alicante ([2019], on-line)5. 36 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO A sustentabilidade consiste no repensar todo o processo industrial de forma que esse se torne menos nocivo para o meio ambiente e os seres vivos. De acordo com Moxon (2012), esse repensar deve existir desde o momento inicial do processo industrial, por exemplo, da extração ou captação da matéria-prima, até o final deste processo, que é o descarte do ma- terial/produto produzido, passando por etapas como transporte, armazenagem, aplicação, vida útil, manutenção etc. A sustentabilidade também considera as questões de ordem econômica e social, pre- ocupa-se com as relações entre as comunidades e a indústria. Ou seja, essa empresa está respeitando o ser humano que a sustenta, está valorizando suas culturas e tradições e seu meio ambiente? Sustentabilidade 37 DESIGN Sustentabilidade é suprir as necessidades atu- ais sem comprometer a capacidade das futu- ras gerações suprirem as suas necessidades, Segundo a omissão Mundial sobre Meio Am- biente e Desenvolvimento das Nações Unidas (MOXON, 2012, p. 14). Qual é a importância do(a) designer de interiores que trabalha no âmbito da construção civil, a qual, aliás, é uma das áreas que mais agridem o meio am- biente? De acordo com o autor Siân Moxon (2012), somos profissionais envolvidos completamente com a sustentabilidade. Por quê? São os designers de in- teriores que, em seus projetos, definem o que será reutilizado e o que será descarte, que especificam os novos materiais para os ambientes, tanto os novos quanto aqueles que serão reformados. São esses os profissionais que vão acompanhar a obra e observar se a separação e a destinação dos materiais de des- carte são feitos corretamente e se não há desperdício de materiais. O(a) designer de interiores deve com- preender e atuar com a postura de responsabilidade socioambiental. O assunto desta primeira unidade de estudo se destinou a tratar das pedras, sendo elas naturais e artificiais, com as funções de revestimento e aca- bamento, e também aquelas que servem como ins- trumento de assentamento, reboco e emboço e até falamos sobre aquelas que fazem parte da estrutu- ra da edificação em si, como o concreto. Pensando nisso, como esses materiais são analisados pela vi- são da sustentabilidade? O primeiro fato que Moxon (2012) aponta em seus estudos é que as pedras naturais são matérias- -primas finitas, porque demoram muito para serem desenvolvidas pela natureza – questão de milênios. Portanto, estamos utilizando produtos que, no nos- so futuro, não existirão. O autor ainda afirma que esses materiais, quan- do escassos, geram conflitos entre os homens, au- mentando a preocupação pela segurança mundial. Além disso, ao extraírem as rochas por escavações, os homens produzem enorme alteração no meio ambiente local, uma “cicatriz”, como o pesquisador nos informa, que afeta os animais e até o homem da região. Também é preciso pensar na questão social, pois o trabalho com a extração de rochas é perigoso ao ser humano, sendo assim, é muito importante re- pensar sua aplicação ou seu descarte em um projeto de interiores. Moxon (2012) continua nos alertando sobre o uso das pedras naturais, nos apresentando os se- guintes dados: as rochas, além de extraídas, devem ser carregadas à fábrica, onde se transformarão em placas que, por sua vez, serão novamente transpor- tadas até a obra, onde ocorrerá sua instalação (pen- sando ainda em um projeto de uso simples, caso haja necessidade, ainda é possível a peça passar por mais processos – por exemplo, o manuseio da placa por um artesão antes da entrega na obra). Após a insta- lação, o material demandará manutenção e limpeza. Finalmente, para seu descarte ou reciclagem, ainda será transportada. Isso significa que o processo “gas- ta” muito combustível, contribuindo para os proble- mas de emissão de carbono na atmosfera – mais um ponto negativo. 38 MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO Existem, porém, pontos positivos. Se confrontarmos o processamento das pedras naturais e das artificiais, observaremos que aquelas possuem menor energia incorporada, que é o uso em excesso de energia para sua fabricação, alteração ou transformação. Entre- tanto, este ponto funciona apenas se considerarmos o uso de pedras que não precisem de importação. Ou seja, a melhor opção é utilizar produtos regionais, evitando maior gasto de transporte. Outro ponto positivo para as pedras naturais é que elas são de alta qualidade. Quando aplicadas de forma correta, são altamente duráveis e recicláveis. Enfim, após todas estas explicações, Moxon (2012) afirma que as pedras naturais, quando locais, podem ser consideradas sustentáveis. Ao tratar especificamente do concreto, o autor anteriormente citado nos informa que é um mate- rial com inércia térmica. Ou seja, quando utilizado corretamente, ajuda a manter a temperatura am- biente de um local interno sempre constante e evita a necessidade do uso de ar-condicionado ou de de aquecedores constantemente, diminuindo, assim, o gasto de energia da construção. Como piso, po- de-se destacar, como outra qualidade do concreto, o fato de ele evitar o gasto com outro material de revestimento. Moxon (2012) retoma que o concreto vem da matéria-prima finita, e que a extração de seus com- ponentes pode causar muito impacto na natureza. Contudo existem vários estudos desenvolvendo ma- teriais que reciclam produtos descartados, inclusive, para serem adicionados à composição do concreto, como os plásticos. Se é verdade que as ameaças ambientais mais graves advêm do consumismo indiscriminado de matérias-primas e do acúmulo de materiais não degradáveis descartados como lixo, então o aperfeiçoamento de sistemas de reciclagem e de reaproveitamento deve se tornar uma prioridade para o design em nível industrial. Fonte: (Rafael Cardoso) REFLITA [...] esse material (o gesso) tem baixa energia incorporada e pode contribuir com o isola- mento térmico, mas é responsável por um desperdício significativo, tanto durante a instalação quando ao final de sua vida útil,e contém sulfatos poluentes. Placas de gesso com conteúdo reciclado ajudam a diminuir os resíduos de gesso acartonado nos aterros. Fonte: Moxon (2012, p. 103). SAIBA MAIS 39 DESIGN Figura 17 - O uso de concreto como revestimento diminui o consumo de mais materiais para a obra 40 considerações finais N esta unidade, aluno(a), você iniciou seus estudos acerca dos mate- riais e pôde observar como este é um assunto rico, complexo e, ao mesmo tempo, instigante. Os estudos acerca dos materiais no design de interiores sempre estarão relacionados à estética, à técnica e às tec- nologias. Da mesma forma, também possuirão relação com a sociedade nos seus aspectos sociais, econômicos e subjetivos. O estudo das rochas, pedras e minerais já nos antecipou algo muito frequente em todas as próximas unidades; agora, você sabe que os materiais possuem di- versidade, variedade e que cada um deles possui sua própria beleza, mas também possuem significado para sociedade. Você viu algumas propriedades físicas das pedras, porém também pôde compreender como refletir acerca da aplicabilidade delas por meio de nossos estudos de caso. Você viu também que a tecnologia e a evolução do saber científico do ser hu- mano nos proporcionam materiais artificiais semelhantes às pedras naturais, na aparência (em alguns casos), na qualidade e resistência. Por fim, assim como as pedras naturais, estes materiais tecnológicos também possuem imensa variedade. Na ordem da sustentabilidade, você pôde observar a “indústria” das rochas que são utilizadas como ferramentas de estrutura, revestimento e acabamento, e qual o impacto desse comércio no meio ambiente, analisando o processo desde sua extração, seu transporte, processamento, instalação e descarte até a sua reci- clagem. E, ainda, sobre as ditas pedras sintéticas e/ou artificiais, qual é o verda- deiro sentido delas em relação ao que se entende por sustentabilidade. Enfim, você compreendeu os pontos positivos e negativos de toda a situação que envolve a questão do uso das rochas decorativas ou, caso prefira, das pedras naturais e das pedras artificiais na prática do design de interiores, e poderá espe- cificar de forma consciente o material estudado. 41 atividades de estudo 1. Os agregados e aglomerantes, quando mistu- rados, transformam-se em materiais como o ci- mento e o concreto. Estes, por sua vez, possuem diversas finalidades, dentre elas, servir como preparação de uma superfície para receber um acabamento e, ainda, para a fixação desse, po- dendo ser, também, até o próprio acabamento. Neste contexto, assinale a alternativa correta. a) Os aglomerantes são os pedregulhos, e os agregados são as argamassas, o cimento e o concreto. b) Os aglomerantes são as pedras naturais que, em placas, servem de revestimento de parede ou piso e, a partir delas, os designers podem desenvolver até mobiliários. c) As misturas são pastas de concreto artificiais desenvolvidas na obra, e transformam-se em cimento queimado. d) Os agregados são as pedras naturais e in- dustrializadas, como a argila expandida, que, misturadas aos aglomerantes e à água, trans- formam-se nas misturas, possuindo diversas funcionalidades na construção civil. e) Os agregados são pedras que, no final do pro- jeto, fazem a diferença por conseguirem exibir uma estética muito atraente. Já os aglomeran- tes são apenas produtos que se inserem nos materiais de liga das paredes. 2. O gesso está presente em nossas ambienta- ções, seja como reboco de gesso, forro, pare- des de gesso (muitas vezes, denominadas mon- tante leve), ou seja, como decorativos diversos (roda-meio, molduras, roda-tetos). Sobre esse material, leia as afirmativas a seguir: I. O gesso é um agregado que necessita ser mis- turado com algum aglomerante para que pos- sa ser utilizado na construção civil. II. O gesso é um aglomerante e possui, como uma de suas maiores qualidades, a leveza. III. Quando o gesso é utilizado como montante leve ou parede divisória, possui, em sua com- posição, papel ou outros materiais. IV. A tecnologia desenvolveu diversos tipos de pla- cas de gesso cartonado, que são especificadas de acordo com suas funcionalidades: áreas secas, resistentes à umidade e resistentes ao fogo. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) I, II, III e IV. 42 atividades de estudo 3. Em relação às pedras naturais, sabemos que possuem diversas propriedades: as funcionais e técnicas, as econômicas e subjetivas. Sobre tal assunto, leia as afirmativas a seguir: a) Os mármores podem possuir um valor sub- jetivo de riqueza e nobreza em determinadas sociedades e são as pedras naturais que po- dem ser aplicadas como revestimentos de pa- rede, piso e teto, principalmente porque são duras e impermeáveis. ENTRETANTO b) B. As pedras conhecidas como travertinos são materiais ainda mais resistentes ao sofrerem a ação do impacto dos pés ou de móveis cain- do, sendo indicadas para ambientes molha- dos, mas possuem um aspecto rústico que pouco agrada esteticamente. Assinale a alternativa correta: a) As asserções A e B são proposições verdadei- ras, mas a B não é uma justificativa correta da A. b) As asserções A e B são proposições verdadei- ras, e a B é uma justificativa correta da A. c) A asserção A é uma proposição verdadeira, e a B é uma proposição falsa. d) A asserção A é uma proposição falsa, e a B é uma proposição verdadeira e) As asserções A e B são proposições falsas. 4. Acerca dos materiais estudados, assinale Ver- dadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O material composto de resina acrílica e alu- mina possui certificação de qualidade do ar emitido pela instituição Green Guard. ( ) Os materiais conhecidos como superfícies de quartzo evitam a proliferação de bactérias. ( ) Uma mistura de agregado e aglomerado pode também formar um revestimento conhecido como pedra artificial, ou ainda,marmorite ou granilite. ( ) O material composto de resina acrílica e alu- mina possui certificação de qualidade do ar emitido pela instituição ABNT. ( ) Os materiais conhecidos como superfícies de quartzo evitam a proliferação de fungos e mi- croplantas. ( ) Uma mistura de agregado e aglomerado pode também formar um revestimento conhecido como argila expandida, ou ainda, aglomerado ou aglomerante. 5. Assinale a alternativa correta: a) V; V; V; V; V; V. b) F; F; F; F; F; F. c) F; V; F; F; F. d) V; V; V; F; V; F. e) V; V; V; F; F; F. 6. Após a leitura do tópico que trata da sustentabi- lidade, reflita e defina como o(a) profissional de design de interiores deve analisar a especificação de pedras naturais e artificiais em seu projeto. 43 LEITURA COMPLEMENTAR LEVANTAMENTO DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ARMÁRIOS DE GUARDAR ROUPA PARA CADEIRANTES DESIGN DE PRODUTOS COM ROCHAS: PARADORES DE PORTA, CASTIÇAIS, BANDEJAS E MUITO MAIS O design de rochas teve início com empresas italianas nos anos 60. Desde então, novas tecnolo- gias, como o CNC e o jato d’água, abrem portas para uma produção em escala mais barata. Nos últimos cinco anos, vários países realizaram investimentos significativos para conquistar mercado, incentivar profissionais a atuar na área e ampliar as vendas de materiais/tecnologias que favore- cem o design de rochas. A Turquia, por exemplo, investiu muito dinheiro para atrair os estudantes e os profissionais de design a trabalharem com os mármores e os travertinos do país. Na China, a empresa UMGG começou a organizar concursos de design. O WorldStone Congress, durante a Feira Xiamen, tem a “Tarde do Design”. O design de produtos com utilização de rochasnaturais cria objetos de uso cotidiano feitos de mármore, granito, etc. O princípio básico de tais criações é demonstrado na Foto 1: as nadadeiras de tubarão feitas em mármore Carrara não são meros objetos de decoração – são aparadores de porta. O designer James Irvine criou as peças produzidas pela empresa italiana Marsotto Edizioni. A inspiração para este design é fácil de entender: aparadores de porta precisam ser pesados, por- tanto, rocha é o material apropriado para tal utilização. Outro exemplo é o aparador de Raffaele Familar (Foto 2): o objeto tem até uma alça que facilita o seu manuseio e a utilização do mármore e da madeira em sua composição dão a ele um aspecto de valor e nobreza. Portanto, vemos que as rochas podem ser utilizadas onde o peso é requerido. Neste caso, uma quantidade infinita de objetos é possível: pés de abajures (Foto 3), suportes para laptops ou castiçais, entre outros. Ao desenvolver um design de produto utilizando rochas, o designer deve se perguntar: o que a ro- cha possibilita? E, com isso, ele automaticamente coloca a pergunta: o que a rocha não possibilita? A maioria das pessoas diz que rocha “pode” tudo e que é bonita em qualquer circunstância. Isto é pretensioso e tem uma consequência fatal: o mundo do design de rochas tem muitos objetos que não conseguem ser utilizados. São, na melhor definição, objetos de arte, ou, na pior, bobagens. Tais artigos são cadeiras ou mesas, feitos inteiramente de rochas. Banheiras maciças também fazem parte dessa categoria. Outra peculiaridade da rocha é a sua dureza. O revestimento tradi- cional das ruas tem explorado essa característica durante milhares de anos. A calçada portuguesa, por exemplo, é uma versão sofisticada do antigo paralelepípedo. Com tecnologia moderna, as ino- vações são possíveis (Foto 4): muitas cidades trocam os antigos paralelepípedos por outros, com superfície plana e uniforme. Isto preserva o aspecto antigo, porém faz com que os passeios de pe- destre fiquem mais confortáveis para os idosos ou pais com carrinhos de bebê. Outras inovações podem ser verificadas, por exemplo, nos jogos infantis de rua desenhados pela empresa italiana Animum Ludendo Coles. O da foto (Foto 5) pode ser encontrado nas ruas laterais de Verona. Po- 44 LEITURA COMPLEMENTAR rém, o maior mercado para tais revestimentos será provavelmente encontrado nos condomínios ou jardins particulares. “Forma segue função” é a regra básica em design de produto com rochas: primeiro, a funciona- lidade do objeto e, em segundo lugar, a beleza (a forma). O desafio para o designer é apurar o olhar e identificar outras características positivas da rocha que aliadas ao fato de serem pesadas e duras, podem inspirar criações inovadoras, belas e funcionais. A beleza das rochas é uma das suas propriedades e conta muito a seu favor. Por isso, elas têm sido frequentemente utilizadas por designers: o italiano Manuel Barbieri criou relógios de parede feitos em rocha para a empresa Scandola Marmi. Outros tipos de relógios também foram criados pelos designers escandinavos Note e Norm (Foto 6). Um dos exemplos mais marcantes nesta categoria vem do Brasil: para a Feira de Vitória em 2014, Renata Malenza, do Grupo Corcovado Brasigran, iniciou uma parceria com o designer Ronaldo Barbosa para descobrir maneiras de utilizar as chamadas rochas exóticas (Foto 7). Produziram mesas que têm um design minimalista, mas destacam maravilhosamente a beleza desses tipos de rochas, que somente são encontradas no Brasil. Essas mesas não tiveram produção em série, são peças únicas, infelizmente. Isso nos leva a uma consequência do design de produtos: podem ser utilizados como ferramentas promocionais. Então, se o setor de rochas pudesse criar objetos funcionais para uso residencial, estas peças fa- riam a promoção (gratuita) para o material. A Lundhs, empresa norueguesa produtora de blocos, já está indo nesta direção: ela convida designers a utilizarem seus granitos e expõe os objetos em feiras para arquitetos e designers. Um exemplo é a esfera de madeira e rocha de Kristine Bjaadal, exibida em Milão durante uma feira de móveis (Foto 8). A essa altura, fica claro que objetos do cotidiano elaborados com rochas provavelmente não teriam sua demanda aumentada. O objeto de design, mesmo produzido com rejeitos, certamente aumentará a lucratividade da mina ou da indústria de beneficiamento. Em resumo, pode-se dizer que o design de produto com rochas na- turais permite: • • formar um mercado contínuo para mármores, granitos etc; • • associar as rochas a uma imagem de criatividade; • • criar novos empregos; • • aumentar a demanda por tecnologia de ponta. Alunos(as), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse: http://abirochas. com.br/wp-content/themes/abirochas-theme/assets/files/Abirochas-em-noticia-5_WEB-nova.pdf. Fonte: Becker (2016; 2017, on-line)6. 45 material complementar Guia de aplicação de Rochas para Revestimento. Neste guia, há possibilidade de conhecimento acerca das rochas indicadas como revestimento pela Abiro- chas, a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais. Web: http://www.sindirochas.com/arquivos/guia-de-aplicacao-de-rochas-em-revestimentos.pdf Indicação para Acessar Vídeo sobre o ladrilho hidráulico, uma arte, um piso. Nas mãos do ladrilheiro, o cimento se transforma em piso, em recordações, em arte. O documentário des- venda sua fabricação e passeia pela magia da produção de um ladrilho. Web: https://vimeo.com/36099572 Indicação para Acessar 46 referências ABBUD, B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Senac, 2006. AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012. AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000. BERNI, R. dos S. Uso do gabião para proteção de margens de cursos d’água: o caso do Rio Tietê. 2007. 72 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2007. BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Ale- xandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2011. FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexan- dre Salvaterra. Barcelona: Gustavo Gilli, 2014. FERNANDES, T. M. G.; GODOY, A. M.; FERNANDES, N. H. Aspectos geológicos e tecnológicos dos quartzitos do centro produtor de São Thomé das Letras (MG). Revista Geociências, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 129-141, 2003. GUERRA, V. et al. Fundamentos da engenharia de edificações: Materiais e Métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. LIMA, R. P. D. Uso e aplicação de materiais artificiais como rocha ornamental. 2010. 127 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010. MARGHUSSIAN, V. Nano-Glass Ceramics: processing, properties and applications. 47 referências Amsterdã: Elsevier Science, 2015. MILLIDGE, J. Gemas: guia prático. Tradução de Marina Appenzeller. São Paulo: No- bel,1998. MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha: Gustavo Gili, 2012. RECENA, F. Retração do concreto. Porto Alegre: Edipucrs, 2014. RIBEIRO, C. C. Materiais de construção civil. Belo Horizonte: UFMG, 2002. TROEH, R. F.; THOMPSON, L. M. Solos e fertilidade do solo. São Paulo: Andrei, 2007. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: http://www.cinexpan.com.br/argila-expandida-cinexpan.html. Acesso em:6 maio 2019. 2 Em: http://www.congonhas.mg.gov.br/index.php/o-mestre-aleijadinho/. Acesso em: 7 maio 2019. 3 Em: http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/1478-abnt-lanca-nova-versao-da-nor- ma-sobre-rochas-para-revestimentos. Acesso em: 7 maio 2019. 4 Em: https://www.mundodaspedras.com.br/silestone-magenta-energy/. Acesso em: 7 maio 2019. 5 Em: http://www.alicante.com.br/galeria-de-fotos. Acesso em: 7 maio 2019. 6 Em: http://abirochas.com.br/wp-content/themes/abirochas-theme/assets/files/Abiro- chas-em-noticia-5_WEB-nova.pdf. Acesso em: 7 maio 2019. 48 gabarito 1. D. 2. D. 3. C. 4. E. 5. Roteiro de resposta - O(a) aluno(a) deve citar e contextualizar, ao menos, quatro dos seguintes assuntos: o gasto de energia no processamento das pedras artificiais; a questão do transporte de pedras naturais como aumento da emissão de gás carbônico; a relação das pedras naturais extraídas e o impacto que isso causa no meio ambiente; as pedras naturais como fontes finitas devido ao tempo que a natureza leva para originá-las. E a questão da possibilidade de utilizar materiais recicláveis na composição de agregados para as misturas na construção civil. UNIDADE II Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Vidro • Cerâmica • Sustentabilidade Objetivos de Aprendizagem • Abordar história, definição e aplicabilidade do vidro. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade da cerâmica. • Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade. VIDRO E CERÂMICA UNIDADE II unidade II INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), estamos na segunda unidade de nosso livro! O assunto, agora, envolverá materiais há muito tempo des- cobertos pela humanidade, que fizeram grande diferença em nossas vidas por serem materiais em abundância no solo do planeta e de fácil acesso. Ao conseguir manuseá-los, a sociedade des- cobriu suas qualidades, inicialmente, para o armazenamento de obje- tos, comida e água, depois, sua eficiência como material construtivo. A cerâmica, além de servir como utensílio doméstico, também pôde carregar as histórias das antigas culturas e, por elas, também sabemos como eram nossos antepassados. O vidro, material transparente que encanta ainda hoje, criou uma das profissões mais promissoras para os homens no passado europeu e condicionou toda uma nação a voltar-se ao ofício de vidraceiro. Para o design de interiores, os dois materiais são importantes, e sua aplicação tornou-se essencial ao ser humano. Entre vários motivos, os vidros e as cerâmicas desenvolveram-se, melhorando em relação à ques- tão econômica e chegando às diversas classes sociais. São materiais po- pulares, mas, ao mesmo tempo, podem ser “elitizados” para a utilização pelas classes com maior poderio financeiro, tornando-se, desta forma, produtos que se encaixam em projetos de ambientações diversos. Nesta unidade, conheceremos melhor os vidros, suas características, seus tipos, aplicabilidades e algumas de suas normativas (que regem o seu uso e a sua segurança). Em um segundo momento, descobriremos os materiais cerâmicos, sua definição, classificações, seus tipos, aplicabi- lidades, e também, alguns pontos de sua extensa normativa, que envolve todos os estudos acerca dos materiais cerâmicos adequados a cada tipo de uso. Você também conhecerá as questões referentes à sustentabilida- de desses materiais, como estão envolvidos e de qual forma podemos adequá-los a essa necessidade mundial. Bom estudo! 54 Caro(a) aluno(a), neste início de unidade, quero lhe perguntar: você já reparou como o vidro é um ma- terial atraente? Muitas vezes, surpreendi-me, parada, observando suas características, a curiosidade diante de como a sua reflexo e transparência alteram a per- cepção dos espaços, além de sempre me encantar com os vitrais coloridos de algumas construções, fascino- -me com os jogos de luzes que algumas composições de vidros criam, tão belos que parecem brincar com a luz do sol ou com as luzes artificiais dos ambientes. Vidro Vitral é o conjunto formado por pedaços ir- regulares de vidro em diversos tamanhos e cores, montados e rejuntados num mesmo plano, formando peças regulares para se- rem aplicados em caixilhos, com finalidade ornamental. Fonte: Azeredo (2000, p. 132). SAIBA MAIS 55 DESIGN O vidro possui propriedades subjetivas inúmeras. Por exemplo, o fato de ser um material transparente pode influenciar o seu uso em ambientes comerciais que desejam aparentar honestidade aos seus clien- tes. A preferência da realeza e da nobreza, nos sé- culos passados, pelos adornos de cristais, pode ca- racterizar a utilização do vidro como elemento de poderio financeiro. Com a chegada da industriali- zação e a descoberta de novas formas de produção do vidro, temos o seu uso de forma moderna, na ar- quitetura, como elemento estrutural, e implicando em uma mudança na relação dos espaços internos com os externos. Hoje, o vidro é um elemento-chave na procura da integração com a natureza, exercendo um papel unificador fundamental. Figura 1 - Vitrais 56 Em relação à composição do vidro, Ambrozewicz (2012) diz ser um material inorgânico, homogê- neo, porém sem formas, composto por areia e ou- tros minerais fundidos (transformados de sólidos a líquidos) e, posteriormente, resfriado até voltar à rigidez. Após a sua fusão, o processo que fará seu resfriamento pode possuir diversas tecnologias que produzirão vidros diferenciados. O autor pontua, como a maior qualidade do material, o fato de esse ser transparente e duro, porém é importante res- saltar que o vidro não é um material absorvente. Atualmente, a produção do vidro se desenvolveu e atingiu boa redução de seu custo, entretanto, é um material utilizado desde a idade antiga, com a pro- dução artesanal. Além de possuírem diversas formas de produ- ção, que os caracterizam de forma diferente, suas aplicações no mundo do design de interiores tam- bém são amplas. Lembramo-nos com maior facili- dade do seu uso nas janelas, mas também podemos citar os espelhos e as divisórias de ambientes (o boxe do banheiro), nos mobiliários, temos mesas Dialogar com o vidro é poder pendurar uma gota de cor no vazio da transparência, é cap- turar o entorno, é mudar com a luz do sol e o brilho da lua, é sonhar na imagem sempre re- novada e mutante desse material apaixonante. Fonte: Pimentel, 2012, p. 102. ATENÇÃO É normal pensar que o vidro e o cristal são materiais bem diferenciados pela forma que a sociedade expõe o cristal, enaltecendo o produto, considerando-o de maior qualidade, transformando-o em um material que significa poder. É claro que estes conceitos têm uma construção, que se relaciona com o modo de produção e o resultado do produto, compa- rado ao vidro em um passado não distante. Entretanto, é importante compreender que o cristal “é o vidro transparente cuja faces são absolutamente paralelas”. Fonte: adaptado de Azeredo (2000). SAIBA MAIS Figura 2 - Produção artesanal do vidro 57 DESIGN Nas normativas de número ABNT NBR 14698 (2001) e ABNT NBR 14697 (2001), é possível en- contrar informações específicas, respectivamente, para os vidros temperados e laminados. Compreender alguns conceitos é muito im- portante para o(a) profissional de design de interiores. Durante todo o estudo na relação com os materiais, alguns deles serão repetidos constantemente e fazem grande diferença para a especificação. Sob este ponto de vista, enten- da que a resistência mecânica é a medida da tensão exigida para romper o material. Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). SAIBA MAIS A partir da ideia de utilizarduas chapas de vidro com algum material encapsulado entre elas, bem como o laminado, apareceram, no mercado, diversos tipos de opções ornamen- tais de encapsulamento. Um belo exemplo é o vidro com tecido encapsulado da coleção floral Deko, da empresa Cast. Fonte: a autora. SAIBA MAIS de jantar com tampo de vidro, mesas de centro e de canto, prateleiras de vidros, frentes de armários de cozinha, de quarto ou de banheiro em vidro, e esses próprios armários podem ser desenvolvidos apenas com esse material. CLASSIFICAÇÃO Diante de tanta funcionalidade e aplicação, devemos ter em mente quais são os tipos de vidros disponíveis ao uso. Tanto Azeredo (2000) quanto Ambrozewicz (2012) citam mais de dez tipos de vidros. Devido à variedade, já afirmada anteriormente, e de acordo com os autores, temos as seguintes classificações: a. Quanto ao tipo. b. Quanto à forma. c. Quanto à transparência. d. Quanto à superfície. e. Coloração. f. Colocação. Da classificação quanto ao tipo, tem-se o vidro reco- zido, que é sem tratamento diferenciado; os de segu- rança, que evitam as quebras grandes e também os estilhaços, sendo eles os temperados (processo de tratamento térmico), os laminados (duas ou mais fo- lhas de vidro que recebem uma película adesiva) e o aramado (desenvolvido sob uma tela de arame que segura os pedaços dos vidros ao se romperem). Afirma Ambrozewicz (2012) que o vidro de segurança foi descrito pela ABNT NBR 7210, cujo título é “Terminologia dos vidros de segurança”, e esses materiais devem possuir resistência mecânica superior a dos vidros comuns, sendo indicados para portas de vidro, boxe, janelas baixas e envidraça- mentos em grande escala, por serem mais suscetí- veis a acidentes. Ainda, há os vidros que absorvem os raios UV (cer- ca de 20% de absorção) e o vidro composto, quando duas folhas de vidro são separadas por um espaço com adição de gás desidratado, cuja função é de isolamento térmico e acústico do ambiente, este ge- ralmente apresentado como uma unidade pré-fabri- cada (janelas). O autor Ambrozewicz (2012) acres- centa, também, o vidro termorrefletor, quando ele reflete os raios solares. 58 Em relação à forma, existem os vidros planos, cur- vos, perfilados e ondulados. Os planos utilizados na construção civil possuem a tecnologia float, que “consiste basicamente na formação de lâmina sobre chumbo derretido, dando uma superfície sem im- perfeições” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 365). Ainda sobre essa tecnologia, é interessante dizer que: [...] mesmo a mais simples vidraça é o resulta- do de uma inovação tecnológica radical - qua- se todo o vidro de janelas que temos hoje no mundo é feito com o sistema de vidro float, de Pilkington, que livrou a indústria do processo demorado de lixar e polir até se conseguir uma superfície plana (TIDD; BESSANT, 2015, p. 24). Quanto à transparência, existe o transparente, de fato, que deixa a luz atravessar e permite a plena visuali- zação através de seu corpo; também se desenvolveu o translúcido, no qual a visão já não é nítida mesmo com a transmissão da luz; e, por fim, os opacos, os quais não permitem a passagem de luz e visualização. Figura 3 - Vidro Floral Fonte: Artezanal (2016, on-line)1. 59 DESIGN A penúltima classificação apontada pelo autor Azeredo (2000) é relativa à coloração do material, na qual os vidros podem ser incolores (os mais utilizados) ou coloridos. O autor Ambrozewicz (2012) adiciona a informação de que “os vidros coloridos (termoabsorventes), além do aspecto estético, podem reduzir o consumo energético de uma construção” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 390). Tal fato torna-se interessante quando o ambiente do projeto é muito quente. Entretanto, quando o clima é frio, a indicação do pesquisador é aproveitar da transparência para receber a ilu- minação e o calor solar. O autor Azeredo (2000) explica a classificação quanto à colocação do vidro, que pode ser em caixi- nhas (enquadrado), autoportante (o vidro é susten- tado por encaixes de metal) ou misto. Quando se trata do seu acabamento de superfí- cie, o mais conhecido, atualmente, é o vidro polido, aquele que não distorce as imagens. Ainda podemos citar o liso, que também é transparente mas, ao con- trário do anterior, permite a distorção das imagens. Entretanto, existem mais diversidades: impresso, fosco (translúcido), espelhado, gravado, esmaltado e o termorrefletor (colorido em um processo em alta temperatura que possui a característica de reduzir o calor transmitido). O ESPELHO Azeredo (2000) afirma que o vidro espelhado é constituído de tratamentos químicos em sua super- fície, normalmente, com adição de algum tipo de metal (como exemplo, a prata), que faz o material refletir a luz e, assim, recriar as imagens. Pelo fato de repetir as imagens, o espelho é mui- to aplicado em design de interiores para ampliar os espaços (dar a impressão de ser maior do que se é), além de iluminar os ambientes internos por refletir a luz recebida. Desta forma, é um elemento muito utilizado em ambientes considerados pequenos, por evitar a sensação de enclausuramento, que pode ser angustiante para alguns indivíduos. É claro que os profissionais devem considerar va- riadas situações ao indicar este tipo de material, in- clusive, porque, assim como qualquer outro, seu uso em excesso ou inadequado pode prejudicar ainda mais a ambientação. Enfim, é importante considerar que os materiais lisos, brilhosos e refletivos podem ser compreendidos como impessoais. Os vidros impressos podem ter sua aparência alcançada pelo uso de ácidos ou pelo jatea- mento de areia, são ótimos para manter a iluminação enquanto oferecem privacidade. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 60 ,, Se antes da facilidade da industrialização, os espe- lhos faziam parte, na maioria das vezes, de peque- nos elementos decorativos, hoje, preenchem toda a parede, estão nas portas dos roupeiros e armários em geral, nos fundos dos nichos das estantes e em todos os lugares. Nos últimos anos, são utilizado até no teto, caracterizando-se por ser, quando aplicada corretamente, uma ferramenta de ampliação do pé- -direito de um recinto. As cores dos espelhos não se restringem ao pra- teado, como de costume. Os designers de interiores contam com algumas tonalidades e cores para os es- pelhados, como champanhe, bronze, ou ainda, mar- rom e chocolate. O espelho pode ser aplicado na ambientação com a moldura como acabamento, ou ainda, com os seguintes tipos de acabamento de borda, de acordo com Azeredo (2000): corte limpo, filetado, lapidado (garante a segu- rança, evitando os ferimentos, podendo este tratamento ser utilizado como mobiliários), redondo ou chanfrado e bisotê (este último é muito utilizado nas ambienta- ções, apresentando um acabamento diferenciado). Pé-direito refere-se à distância vertical entre o piso e a parte inferior do, teto ou forro. Um pé-direito baixo seria uma medida próxima a 2,40 m, e pé-direito considerado alto vai de 3 m até alturas maiores de 6 m. Fonte: adaptado de Gurgel (2007). SAIBA MAIS Figura 4 - Mostra CASA COR SP 2012 - Suíte Master Fonte: Ver, viver e sonhar (2012, on-line)2. 61 DESIGN BLOCOS DE VIDRO Os blocos de vidro também fazem parte de recursos que podem ser utilizados pelo(a) designer de inte- riores como divisórias de ambientes e outras funções diversas. É importante apontar que, se em dimen- sões grandes, precisam de cálculo para a estrutura se manter, não devendo, portanto, ser especificados sem o aval de um profissional especializado. De acordo com Ambrozewicz (2012), esse produto faz isolamento térmico e acústico. PASTILHAS DE VIDRO Para uso como revestimento de parede, também é possível utilizar um produto denominadopastilha de vidro, que são pequenos pedaços de vidro atre- lados em uma tela que os mantêm unidos durante transporte e armazenamento. Suas características são as mesmas do vidro e o material é indicado para diversos ambientes internos, tais como cozinha, ba- nheiro e outros, podendo também serem aplicados em ambientes externos, visto que possuem resistên- cia ao calor. Figura 5 - Espelhos Fonte: Peres (2011, on-line)3. Figura 6 - Bloco de vidro 62 Alguns profissionais especificam detalhes em piso também feitos de pastilhas de vidro, e o resultado es- tético pode ser muito agradável. De acordo com o site Vitrum Cristal ([2019], on-line)4, é possível encontrar pastilhas aplicadas no piso, como soleiras, ou para de- marcar os setores do ambiente. Sua aplicação no chão deve levar em consideração a segurança, pois o vidro é um material liso. Na instalação desses materiais, é importante considerar cola e rejuntes específicos de acordo com o fabricante do material escolhido. SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE Quando pensamos em ambientar os espaços inter- nos com vidros e espelhos, é importante conside- rar a segurança de seus usuários. Os vidros, apesar de sua resistência, são materiais cortantes e devem ser aplicados com muita responsabilidade. Quando esses materiais estão em ambientes molhados, seu risco é ainda maior. Com isto em vista, a Associação Brasileira de Normas Técnicas desenvolveu a NBR 14207, que trata especificamente dos boxes de ba- nheiro fabricados com vidros de segurança. E, con- cordando com a normativa, mas também pensan- do em seus clientes finais, a Abravidro (Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vi- dros Planos) desenvolveu uma cartilha denominada “Manual de utilização, limpeza e manutenção dos boxes de banheiro”, a qual apresenta informações aos usuários de como utilizar e manter seus boxes, com dados importantes de como fazer a avaliação da instalação para evitar a possibilidade de aciden- tes, além de como executar a manutenção e qual o correto procedimento de desinstalação. Esse manu- al está disponibilizado na página oficial da Abravi- dro ([2019], on-line)5, gratuitamente. Ao se tratar da acessibilidade, para o correto aproveitamento e higienização pessoal, os espelhos dos banheiros acessíveis possuem especificidades de instalação regulamentadas pela NBR 9050: Os espelhos podem ser instalados em paredes sem pias. Podem ter dimensões maiores, sen- do recomendável que sejam instalados entre 0,50m até 1,80m em relação ao piso acabado (ABNT, 2015, p. 105). E, ainda, de acordo com o texto: Quando o espelho for inclinado em 10º em relação ao plano vertical, a altura da borda in- ferior deve ser de, no máximo, 1,10m, e a da borda superior de, no mínimo, 1,80m do piso acabado (ABNT, 2008, p. 12). A NBR 9050 ainda apresenta diversos regulamentos para a segurança do uso dos vidros na acessibilida- de, tais como a maneira como devem ser aplicadas as faixas de segurança e as barras laterais dos boxes. A NBR 9050 é disponibilizada gratuitamente pelo site da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na aba Normas da ABNT, item de numeração 16. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 63 DESIGN 64 fácil e abundantemente encontrada na natureza, sendo, geralmente, o primeiro material encontrado nas escavações. Desta forma, a sociedade primitiva rapidamente aderiu ao uso da cerâmica como mate- rial estrutural com os tijolos e como material para utensílios domésticos. A argila misturada em água torna-se moldável, atingindo, após secar, certa rigidez. Entretanto, para se estabilizar no formato desejado, ela deve ser quei- mada. Inicialmente, era apenas exposta ao sol, mas, com o passar do tempo e com a aquisição de conhe- cimentos, os homens perceberam que ela se tornava mais firme se levada ao fogo. Aliás, é curioso o fato ci- tado pelo autor Zabalbeascoa (2014), de que as cerâ- micas aparecem como uma das melhores fontes para a Antropologia sobre como se vivia na Antiguidade, De acordo com a Anfacer – Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimen- tos, Louças Sanitárias e Congêneres – o termo cerâmica vem da palavra grega kéramos, que, por sua vez, significa terra queimada. Fonte: Anfacer ([2019], on-line)6. SAIBA MAIS A evolução tecnológica permitiu um desenvolvi- mento inimaginável da indústria de placas de ce- râmicas para uso na construção civil. Apesar de ser um material amplamente utilizado na atualidade, a cerâmica, no entanto, remonta ao passado distante da humanidade. Como nos informa Ambrozewicz (2012), ela é constituída de materiais argilosos, é Cerâmica 65 DESIGN junto com as pinturas, textos e construções. Foi a partir de desenhos aplicados em utensílios cerâmicos que a sociedade atual conheceu o mobiliário grego, como a poltrona chamada Klismos, cujo desenho foi recuperado, posteriormente, pelo império francês. Smith e Hashemi (2012) afirmam que os mate- riais cerâmicos são inorgânicos e que possuem ca- racterísticas gerais como: rigidez, baixa resistência mecânica e ductilidade (flexibilidade), são bons iso- lantes elétricos e térmicos. Os autores ainda infor- mam que a composição das cerâmicas tradicionais incluem minerais como a argila, a sílica e o feldspato, e seus exemplos são as telhas, os tijolos e vidros. Em design de interiores, os materiais cerâmicos possuem diversas aplicações. No que tange à deco- ração, temos os vasos, os jarros, os decorativos de mesa e parede e adornos diversos, que podem ser artesanais ou industriais. Há, também, os utensílios domésticos, como panelas, tigelas, travessas, potes, canecas, acessórios de banho, entre outros. Existem, ainda, as louças sanitárias e os revesti- mentos de piso e de parede. Por fim, também pode- mos incluir os elementos vazados, como os tijolos especiais, com a função de possibilitar ventilação e iluminação aos ambientes, diversas vezes aplicados como divisórias de ambientes e não apenas nos arti- fícios arquitetônicos. Caro(a) aluno(a), conheceremos, a partir de agora, as cerâmicas e suas aplicações mais impor- tantes no design de interiores, iniciando com as placas cerâmicas e finalizando com as louças sa- nitárias. Os vidros são considerados materiais cerâmicos, pois sua composição também inclui materiais minerais os como a sílica, além de também necessitarem de queima para a solidificação. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 66 AZULEJO E/OU PLACAS CERÂMICAS A Anfacer – Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitá- rias e Congêneres – afirma que o uso do “azulejo” foi desenvolvido e difundido pelos islâmicos, che- gou à Espanha pelas navegações e se espalhou por toda a Europa. A Associação relata ainda que, ini- cialmente, esses materiais eram utilizados apenas nas ambientações internas e que se restringiam ao uso como se fossem “tapetes” ou aplicações apenas “decorativas”, em pequenos espaços. Acredita-se que o motivo era o alto custo das peças, entretanto, com o advento das manufaturas e, posteriormente, o desenvolvimento industrial, o uso dos azulejos ampliou-se para o piso inteiro de um ambiente ou espaço, e também ao seu uso externo. Ching e Binggeli (2013) defendem que a cerâ- mica apresenta uma sensação fria e, de fato, seu sucesso no Brasil pode ter relação com esta carac- terística sensorial, tendo em vista o clima tropical nacional. O pesquisador Ambrozewicz (2012, p. 340) de- fine que os “azulejos são placas de louça, de pouca espessura, vidrados em uma das faces, onde levam corante”, e que os pisos cerâmicos “são obtidos com massa quase vitrificada, [...] são feitos com argila de grês, com teor bem pequeno de ferro” .Ching e Binggele (2013) complementam que as cerâmicas “de argila natural não são vítreas e apre- sentam suaves cores terra; as de porcelana podem ter cores vibrantes e são vítreas, tornando-se den- sas e impermeáveis” (CHING; BINGGELE, 2013, p. 294). É importante destacar que a característica de vitrificação da argila, ou seja, sua capacidade de se transformar em vidro, é o que eleva a sua qualidade. Há, ainda, outras variedades de materiais cerâmicos, como os porcelanatos e as cerâmicas especiais para fachadas e piscinas. 67 DESIGN De fato, como enfatiza Ambrozewicz (2012), tem-se: a) O material de argila, ou a cerâmica verme- lha (Anfacer), constituída quase ou unica- mente de argila. Possui cor avermelhada e suas características incluem a grande absor- ção de água e a fraca resistência mecânica. b) A cerâmica grês ou cerâmica branca (como denomina a Anfacer), que possui uma alta vitrificação, menor quantidade de ferro (por isso sua cor não é avermelhada) e uma qualidade superior. Aluno(a), é muito importante que fique bem cla- ra a diferença entre azulejo e ladrilho hidráulico. Retomando o assunto estudado na unidade ante- rior, ladrilho hidráulico é um material para re- vestimento de piso e de parede, que também se apresenta em placas, entretanto, sua composição é basicamente de cimento e, em sua produção, é le- vado à prensa, ao descanso e imerso em água (que garante a sua qualidade). Tal método se difere do azulejo, material argiloso que é levado ao fogo e possui a característica de se vitrificar durante o processo de produção. Figura 7 - Cerâmica vermelha O que o mercado de consumo denomina que porcelanato, na realidade, é uma placa de reves- timento cerâmico produzido com matéria-prima de maior pureza, com menor teor de óxido de ferro (ou seja, argila branca), com tecnologias de produção diferenciadas, que fazem com que o produto final possua uma qualidade dita su- perior ou diferenciada. Pela ABNT NBR 13818 (1997), o porcelanato é classificado como ma- terial do grupo de absorção Bla, que apresenta absorção de água igual ou menor que 0,5%. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 68 Algumas definições são importantes. Ao se tratar de placas cerâmicas, a ABNT NBR 13816 (1997) afirma que são materiais de argila e outras matérias inorgâ- nicas que podem ser produzidas por diversos pro- cessos comuns ao material cerâmico, e então quei- madas, podendo ser vitrificadas ou não. As partes da placa cerâmica são o esmalte e o en- gobe de cobertura. O esmalte refere-se à superfície vitrificada (as placas podem ser esmaltadas ou não), e o engobe de cobertura refere-se à “cobertura argilosa com um acabamento fosco, que pode ser permeável ou impermeável, branca ou colorida” (ABNT, 1997, p. 2). Por fim, há o suporte ou biscoito, que é o corpo da peça. Os processos de fabricação descritos pela norma distinguem-se em extrudados ou prensados. Quan- do extrudada, a peça é colocada em espaço com ape- nas uma saída, e quando pressionado, o material sai do espaço moldando-se no formato desta abertura. Quando prensada, a peça passa por prensas para de- senvolver o seu formato. Existem alguns termos que são utilizados no meio comercial, dentre eles, o termo “porcelana- to técnico”, que significa apenas a placa cerâmica que não recebeu a finalização em esmalte. Fonte: adaptado de Anfacer ([2019], on-line)7. SAIBA MAIS Além destas informações, é importante ressaltar que a placa cerâmica, como exposto anteriormente, pode ou não ser esmaltada (denominada “GL”, do inglês glazed). Quando não esmaltada (denomina- da “UGL”, do inglês unglazed), ela pode ser polida. A normativa explica que o polimento é um “acaba- mento mecânico aplicado sobre a superfície de um revestimento não-esmaltado, resultando em uma superfície lisa, com ou sem brilho, não constituído por esmalte”. (ABNT, 1997, p. 2). Por fim, é também importante compreender que o revestimento cerâ- mico é um conjunto formado pelas placas cerâmi- cas, pelo rejunte e pela argamassa de assentamento. 69 DESIGN Resistências Tendo em vista toda a variedade existente, tanto re- lacionada ao material que desenvolve a placa cerâmi- ca, quando no seu processo de produção, quanto ao seu acabamento, o(a) designer de interiores carrega, como sua responsabilidade, a especificação adequa- da, baseada em questões tanto funcionais como de segurança e, claro, da ordem estética. Desta forma, é possível encontrar as informa- ções necessárias nas Normas Técnicas que contro- lam esses materiais. Veremos, agora, as informações que orientam as especificações desses materiais. Resistência à Abrasão O autor Ambrozewicz (2012) apresenta a classifica- ção de Resistência à Abrasão, isto é, a resistência que o material apresenta em relação ao desgaste de sua superfície em contato com o movimento dos pés e o atrito constante e em grande quantidade, como já visto na primeira unidade deste livro. Enfim, refere- -se aos materiais esmaltados. De acordo com a NBR 13818 (1997), a classi- ficação de resistência à abrasão é denominada PEI e apresenta seis grupos, que vão de zero até cinco, sendo o grupo zero desaconselhável à utilização em qualquer piso, e o quinto grupo, PEI 5, o mais re- sistente e aconselhável para aplicação em pisos para áreas públicas e outros. O PEI 5 é considerado o mais resistente ao teste de abrasão superficial, então, de acordo com as Normas da ABNT, deve ser indicado para as áreas públicas. É comum que este material também acabe com seu valor comercial maior em relação aos outros produtos. A importância de compreender a classificação é válida para especificar o material correto para cada situação de projeto. Assim como os re- vestimentos de grupo 0 (zero) só devem ser especificados para parede, os revestimentos de PEI 5 (cinco) não precisam ser aplicados em ambientes como banheiros residenciais. Fonte: a autora. SAIBA MAIS Absorção de Água A NBR 13817:1997, cujo título é “Placas Cerâmi- cas para Revestimento - Classificação”, também nos apresenta a classificação referente à absorção de água, sendo a que define o porcelanato com absor- ção menor ou igual a 0,5%. Esta característica da peça se relaciona com muitas outras questões que influenciam a escolha da placa. Pense que a absor- ção de água está diretamente ligada à sua porosi- dade. Sendo muito porosa, a placa também possui menor resistência ao manchamento e, de acordo com o Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e tecnologia (1998) – maior facilidade de quebra, ou seja, menor resistência mecânica. 70 O Instituto ainda defende que: [...] as placas cerâmicas classificadas como BIII, com absorção de água acima de 10%, são reco- mendadas para serem utilizadas como reves- timento de parede (azulejo), justamente por possuírem alta absorção e, portanto, resistência mecânica reduzida (INMETRO, 1998, on-line)8. Observe que, aqui, há uma separação de termos, em que azulejo passa a ser considerado, então, como re- vestimento cerâmico de parede, e o “piso” é que carac- teriza o revestimento cerâmico para pavimentação. A classificação da absorção de água apresenta cinco grupos, que são: Ia, Ib, IIa, IIb e III, sendo “Ia” o de absorção menor entre todos, e “III”, o de maior absorção. Resistência a ataque químico e a manchamento O Inmetro (1998), de acordo com as normativas da ABNT, ainda apresenta as classificações de resis- tências das placas cerâmicas aos agentes químicos e aos manchamentos, sendo que o manchamento possui relação com a facilidade de limpeza do ma- terial, isto é, facilidade em remover manchas. A classificação do manchamento caracteriza-se pela classe A, classe B e classe C, a classe A é de ótima resistência às manchas, ea C, com resistência baixa. A resistência aos agentes químicos é aquela que classifica os revestimentos cerâmicos em relação a alguns produtos que, em contato com a placa, po- dem danificar sua superfície, como álcool e ácidos. 71 DESIGN Coeficiente de Atrito A ABNT, com a NBR 13181 (1997), define a ques- tão relacionada ao deslizamento da placa de reves- timento para piso e apresenta duas classificações: coeficiente de atrito menor que 0,4 – placas que são indicadas para ambientes “normais”, e coeficiente de atrito maior ou igual a 0,4 – placas indicadas para ambientes que necessitam de maior resistência ao escorregamento. Na especificação de piso, independentemente de sua matéria-prima, deve-se levar em considera- ção a necessidade do projeto. Ambientes molhados e até molháveis que possuem, principalmente, usu- ários idosos ou crianças, precisam de segurança e de revestimentos que evitem quedas. Existem pisos cerâmicos de alta qualidade com o coeficiente de atrito indicado a estas situações. Deve-se lembrar, no entanto, que, geralmente, possuem a superfície mais áspera, o que pode dificultar sua limpeza. A classificação dos agentes químicos vai do número 1 ao 5, sendo o número 1 caracterizado como não remoção da mancha, e o 5, como melhor facilidade de remoção da mancha química. Usos específicos e características de avaliação A NBR 13818 (1997) ainda apresenta as resoluções acerca de características como: a) Expansão por umidade - aumento da di- mensão da placa de cerâmica em contato com água; b) Resistência ao impacto - resposta da placa cerâmica ao impacto de materiais diversos; c) Dilatação térmica - aumento de dimensão com exposição ao calor; d) Choque térmico - a cerâmica é um isolan- te elétrico, portanto, em algumas situações, pode ser necessário uso de materiais con- dutores ou antiestáticos; e) Carga de ruptura e módulo de resistência à flexão; f) Resistência ao congelamento - importante para uso em ambientes com baixa temperatura; g) Resistência ao gretamento (aparecimento de fissuras) para as placas cerâmicas esmaltadas; h) Resistência à abrasão profunda para placas não esmaltadas (o porcelanato deve ser me- nor ou igual a 175mm3); i) Determinação da presença de chumbo e cádmio solúveis (caso exista contato com alimentos). É possível compreender essas questões em situações de- terminadas, ou seja, o conhecimento destas normativas deve ser aplicado de forma responsável pelos profissio- nais envolvidos na especificação dos materiais de acor- do com as necessidades do projeto em questão. Sobre esses usos específicos, de acordo com as Normativas Brasileiras, como a ABNT NBR 13818 (1997), temos: a) Para o uso em piscinas, fachadas e saunas, é necessário que o profissional saiba das carac- terísticas da expansão por umidade da peça. b) Uso para pisos industriais, pesquisar as ca- racterísticas de resistência ao impacto. c) Antiderrapante, verificar o coeficiente de atrito. d) Uso em lareiras, ou em ambientes propen- sos ao calor, estudar as características de dilatação térmica e choque térmico da peça. A urina é composta por um ácido denominado ureia. Em contato com um piso de porcelanato, o líquido não mancha instantaneamente, entre- tanto, a limpeza não pode ser demorada, pois o material exposto durante muito tempo ao ácido pode vir a causar danos no revestimento. Fonte: adaptado de Archtrends Portobello ( [2019], on-line)9. SAIBA MAIS 72 e) Em pisos, situações comuns em ambientes molháveis, observar a carga de ruptura e a expansão por umidade. f) Para uso em ambientes externos de regiões sujeitas ao frio extremo, neve e geadas, ou ainda, em câmaras de frigoríficos, buscar a característica de resistência ao congelamento. g) Materiais que podem estar em contato com matérias químicas industriais, a caracterís- tica importante a ser observada pelo pro- fissional é a de resistência química de alta concentração. h) E, por fim, materiais que terão contato com alimentos, é necessário saber a presença de chumbo e de cádmio solúveis. Levantamentos de Obra O autor Ambrozewicz (2012) informa, em seu estudo, alguns cuidados que os profissionais devem manter du- rante a especificação, o recebimento e a armazenagem dos produtos. Ao receber os materiais, é importante efetuar a verificação, observar em suas descrições se são produtos do mesmo lote (o que pode influenciar a sua tonalidade) e verificar a variedade de dimensão das pe- ças (ou conferir a bitola), se também são compatíveis. Durante o processo de fabricação, as peças po- dem apresentar variação de medidas, por causa da queima do material. Entretanto, a variação é mínima. Algo semelhante acontece com a tonalidade das peças – as peças de lotes diferentes possuem tons diferentes. Na atualidade, algumas empresas estão oferecendo a impressão digital, que possui muita qualidade e sua aparência consegue imitar outros materiais, como ma- deiras e pedras. Entretanto, esses produtos são natural- mente diferentes em suas tonalidades e padrões de de- senhos, sendo, neste caso, comum este tipo de variação. Na questão da quantidade, deve-se considerar, conforme aponta Ambrozewicz (2012), de 5% a 10% de sobras, que devem ser armazenadas para futuros reparos. É importante informar também que “devem ser previstas juntas de dilatação em áreas superiores a vinte 20 m2, ou quando um dos lados for maior que 5 m e em paredes com área superior a 24 m2” (AMBRO- ZEWICZ, 2012, p. 344). Bacia convencional Bacia com caixa acoplada Lavatório com coluna Tanque com coluna Figura 10 - Louças sanitárias para sistemas prediais (bacias, lavatórios e tanques) Fonte: Construnormas ([2019], on-line)10. 73 DESIGN LOUÇAS As louças sanitárias fazem parte do trabalho de es- pecificação do(a) designer de interiores, seja no pro- jeto de uma construção nova ou em caso de uma reforma. A seleção do tipo de louça sanitária, como bacia sanitária, cubas e lavatórios, tanques e acessó- rios diversos, está diretamente ligada à ambientação que se procura desenvolver, seja pela sua coloração, forma e, também, funcionalidade. Define-se louças sanitárias de forma que: [...] os artigos de louça são feitos de pó de lou- ça, ou seja, uma pasta feita com o pó de argilas brancas (caulim quase puro), dosadas com exa- tidão, que darão produtos resistentes [...] com a superfície normalmente vidrada (AMBRO- ZEWICZ, 2012, p. 338). As louças sanitárias também possuem diversificados tipos e formatos. No caso de lavatórios (ou cubas), existem os de embutir, os de sobrepor e os, de apoio ou, ainda, os que se fixam à parede. No caso da bacia sanitária, pode-se citar a de entrada horizontal e saída De acordo com informações comerciais, as cubas de sobrepor, que são aquelas embuti- das na bancada, porém com bordas aparentes acima do tampo, possuem menor profundi- dade. Neste caso, a bancada deve ser maior que a cuba. Em contrapartida, as cubas de embutir são aquelas que ficam completamente embuti- das na bancada, e suas medidas precisam ser compatíveis com a bancada e com o armário inferior (se houver). Enfim, as cubas de apoio são as instaladas com- pletamente acima da bancada. Fonte: adaptado de Leroy Merlin ([2019], on-line)11. SAIBA MAIS exposta horizontal, bacia sanitária com a caixa acopla- da e saída exposta horizontal, de entrada horizontal e saída embutida, caixa acoplada e saída embutida verti- cal, tanque, bidê e minilavatório de fixação na parede. Em relação às normativas vigentes sobre louça sanitária com material cerâmico, tem-se a ABNT NBR 15097-1 (2011) - Aparelhos sanitários de ma- terial cerâmico, Parte 1: Requisitos e métodos de ensaios e ABNT NBR 15097-2 (2011) - Aparelhos 74Sustentabilidade sanitários de material cerâmico, Parte 2: Procedi- mento para instalação. A sustentabilidade considera as questões de or- dem econômica e social, preocupa-se com as rela- ções entre as comunidades e a indústria. 75 DESIGN VIDRO O vidro é um material extraído da natureza e, por- tanto, é muito comum pensar que, desde o princí- pio, sua extração é compreendida negativamente. Entretanto, sua matéria-prima ainda é abundante no planeta. Em sua obra, Moxon (2012) afirma que o gasto energético é médio e que o material pode ser reciclado, pontos positivos, uma vez que reduzem os resíduos e descartes. Uma das contribuições do vidro em relação à sustentabilidade é a sua transparência e a con- sequente capacidade de oferecer um fechamento que permite a entrada da luz natural na ambien- tação, evitando, assim, o gasto com luz artificial. Mas não é apenas essa característica que torna o uso do vidro interessante em alguns casos, para um projeto de cunho sustentável. Existem, ainda, outras qualidades desse material que devem ser consideradas. O pesquisador Moxon (2012), ao apresentar, em seu livro, o projeto bioclimático (como o estudo ar- quitetônico pode aproveitar as qualidades do meio ambiente que o cerca e diminuir a necessidade de processos artificiais que contribuem para o consumo exacerbado da própria natureza), aponta alguns usos do vidro. Dentre eles, o vidro absorve o calor – as- sim sendo, em ambientes com o clima frio, pode ser eficiente para evitar o consumo de energia por meio do uso de aquecimento artificial. Desta forma, o autor informa que “os designers de interiores devem asse- gurar que o layout interno abrigue atividades apro- priadas nos espaços ensolarados e não bloqueie o sol desnecessariamente” (MOXON, 2012, p. 68). A maior preocupação em relação aos fechamen- tos de vidro em tamanhos gigantes, principalmente em ambientes residenciais, estava na falta de priva- cidade. Contudo existem diversas técnicas – antigas e provenientes da evolução tecnológica – que permi- tem ao vidro oferecer, ao mesmo tempo, a ilumina- ção e a privacidade. Como exemplo, temos os vidros estampados, jateados, e até os tipos mais modernos. É, de fato, relevante perceber que muitas das so- luções para se desenvolver uma construção eficiente (sustentável) estão relacionadas ao projeto arquite- tônico e, assim, muitos(as) designers de interiores poderiam retirar as suas responsabilidades sobre es- tas questões, o que é errôneo e irresponsável, pois as atribuições desses profissionais afetam diretamente a ordem arquitetônica da instalação ambientada, al- terando os resultados finais e podendo potencializar ou destruir as soluções sustentáveis aplicadas pelos outros profissionais. A luz solar possui diversos benefícios para o ser humano. A medicina, bem como outras ciên- cias, comprova este fato – vitaminas, iluminação, calor são características que agem no corpo e na mente humana, resultando no bem-estar. Portanto, “assim como reduz o consumo de energia, a luz do sol controlada pode gerar um efeito positivo sobre nosso estado de espírito” (MOXON, 2012, p. 68). Fonte: a autora. SAIBA MAIS 76 CERÂMICA Alguns pontos negativos que Moxon (2012) aponta acerca da cerâmica são: alta energia incorporada, isto é, consumo abusivo de água e eletricidade em sua produção; e na especificação, a prática comum de comprar mais materiais do que o necessário para receber desconto, ou a fim de evitar o risco de se esgotarem e não ser possível encontrar a mesma peça, ou ainda, pela demora entre a encomenda e a fabricação das peças (lembrando da questão de tonalidade da peça que muda com o lote). Também é discutido entre os profissionais, e foi muito bem lembrado por Moxon (2012) em seu estudo a cons- tante necessidade dos profissionais em demolir, re- tirar os produtos cerâmicos mesmo quando estão em perfeitas condições, apenas para uma adequa- ção à estética do novo ambiente projetado. Esta atividade é comum não apenas com o ma- terial em discussão, mas em diversos casos. Muitas vezes, é normal observar a retirada de um material de extrema qualidade para outro com menor qualidade, mas que está ligado à estética do projeto. Essa atitude deve ser questionada, levando em consideração todas as questões ambientais levantadas atualmente, sendo de responsabilidade do(a) designer de interiores tra- balhar com consciência ambiental. Para Moxon (2012), uma solução possível para melhorar a situação das indústrias cerâmicas na questão da sustentabilidade é sua adaptação ao que os estudiosos chamam de “produção do berço ao berço”. Esta ideia consiste, basicamente, em um pro- cesso de vida circular dos materiais. Ou seja, eles são, inicialmente, extraídos da natureza, sofrem todo o processo de industrialização, considerando, inclusi- ve, as etapas de transporte e armazenamento e, en- tão, ao final ou quando for descartado, o material se transforma novamente em matéria-prima, sendo reutilizado pela mesma indústria e, futuramente, o objetivo é que essas indústrias não precisem mais extrair a matéria-prima natural e trabalhem apenas com a reciclada. O conceito do berço ao berço já é, na verdade, uma prática realizada, inclusive, com certificação, e também apresenta melhorias para as etapas de pro- cessos. Como exemplo, durante a etapa de produção, compreende-se a redução de emissão de pó (desper- dício de materiais), da emissão de carbono, do con- sumo de água e de energia. Durante o transporte, a preocupação de trabalhar com produtos certificados, como os paletes de madeira reutilizada, embalagens de papel reciclável e, como dito anteriormente, a pre- ocupação com a coleta dos resíduos e descartes das obras para reutilização em novas peças. Apesar dos aspectos negativos, existem procedi- mentos que as indústrias e os(as) designers de interio- res podem tomar para se enquadrar ao ideal de sus- tentabilidade, e como Moxon (2012, p. 87) ressalta, os materiais “[...] cerâmicos são duradouros, mantendo o seu desempenho e aparência por muitos séculos”. 77 DESIGN 78 considerações finais C aro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade de nosso livro! Este estudo se moveu em torno de dois materiais: o vidro e a cerâmica – materiais ampla- mente utilizados na construção civil e popularmente aceitos pela sociedade, pela sua estética, funcionalidade, praticidade de uso e pelo acesso econômico. Sobre o vidro, concluímos juntos que sua aparência é muito atrativa. Desde os primórdios, sua transparência e reflexo encantam a sociedade. Um material que deve ser especificado apenas após um amplo estudo do caso, da situação e das tipologias de vidro existentes e adequadas ao projeto. O vidro possui normativas que devem ser estudadas e levadas em consideração para o uso responsável com segurança e funcionalidade. A relação do vidro com as questões que permeiam o meio ambiente são positi- vas, uma vez que é um material não tóxico, podendo, portanto, ser reciclado. Tal fato acontece na realidade e evita o desperdício e a produção de resíduos. E a cerâmica, que se apresenta, também, como uma mutante, auxiliada pela evo- lução da tecnologia humana, multiplica-se em diversos usos e aplicações. A cerâmica nos comunicou com o passado, sendo fonte de informação sobre as sociedades pri- mitivas e, hoje, transformada, cria o mundo em que vivemos. A partir desse uso tão popular, a cerâmica precisou de normas e regras de produção e instalação. Os profissionais sérios buscam nas instituições reguladoras as formas de melhor especificar esses produtos, e é uma incansável busca pelo conhecimento, impulsiona- da também pelas indústrias dos artigos de cerâmica. Mas esse material também pre- cisou se adaptar para atender à nova demandada sustentabilidade, e com todas essas informações, aliadas com a criatividade e perspicácia do(a) designer de interiores, a cerâmica vive e se inova cada vez mais. 79 atividades de estudo 1. O vidro e a cerâmica, respectivamente, são ma- teriais compostos de: a. Alumina e detritos de concreto. b. Detritos de concreto e sílica. c. Aglomerantes betuminosos e alumina. d. Areia e argila. e. Argila e gesso. 2. A partir dos estudos acerca das características do vidro e dos materiais cerâmicos, leia as afir- mativas a seguir: I. Resistência à abrasão é a resistência do mate- rial em relação ao desgaste de sua superfície. II. Resistência ao ataque químico é a resistência do material à quebra. III. Resistência ao impacto é a resistência do mate- rial em relação ao desgaste de sua superfície. IV. Resistência à abrasão é a resistência do mate- rial em relação ao ataque de produtos quími- cos em sua superfície. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 3. Em relação às tipologias dos vidros, leia atenta- mente as afirmativas a seguir: I. O vidro conhecido como float é o produto fi- nal de um processo que consegue produzir um vidro plano sem imperfeições. II. O espelho é um vidro que recebe um tipo de tratamento em um de seus lados, geralmente, com implantação de tecnologia LED. III. O vidro conhecido como float é um produ- to que possui aplicação de um tratamento à base de jateamento de areia. IV. O espelho não é um vidro; é um produto de- rivado da areia que, produzido no calor, tem características de luminescência. V. O vidro conhecido como float é um produto que possui aplicação de um tratamento de aplicação de prata. De acordo com as alternativas apresentadas, as- sinale a resposta correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 4. Os ladrilhos hidráulicos e os azulejos são, nor- malmente, utilizados como revestimento de pa- redes e, em alguns casos, de pisos. Sobre esses revestimentos, qual é a afirmativa correta? a. O azulejo é um material extremamente re- sistente que pode ser utilizado como revesti- mento de piso. b. O ladrilho hidráulico é um material de muita qualidade e resistência. Normalmente, em sua produção, é levado à queima, fazendo com que adquira essas propriedades. c. O ladrilho hidráulico é um material desenvol- vido a partir do cimento e também pode ser instalado como revestimento para piso. d. O azulejo é um material composto de argila. Deve ser especificado apenas como revesti- mento de parede, porque, em sua produção, não vai para a queima. e. Nenhuma das afirmativas anteriores está correta. 5. Escolha entre os materiais apresentados nesta unidade, estude, pesquise sobre ele e desenvolva uma aplicação criativa desse material em um am- biente interno, uma sala de jantar que deve aten- der a um casal com um filho de dois anos de ida- de. Então, justifique como esse produto pode ser utilizado para essa nova criação a partir das suas características técnicas e estéticas. 80 LEITURA COMPLEMENTAR O retorno dos grandes painéis A 32ª edição da Casa Cor São Paulo, maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas, teve duração do dia 22 de maio até 29 de julho. E se em anos anteriores o uso de vidros e espelhos foi mais pontual, em 2018 eles foram verdadeiros protagonistas no evento, com grandes painéis em aplicações tão diversificadas quanto chamativas. Isso fez todo o sentido, uma vez que o tema da mostra desta edição (Casa viva) teve o ob- jetivo de ressaltar a harmonia entre o homem e a natureza – afinal, qual forma poderia ser melhor para isso do que produtos que permitem visibilidade plena do lado de fora ou que a refletem para o lado de dentro? A seguir, veja alguns dos destaques envidraçados da Casa Cor 2018. E, se chegar ao final querendo mais, é só buscar o vídeo “O Vidroplano – Cobertura da Casa Cor 2018” na inter- net e conferir uma galeria cheia de fotos desses e outros ambientes! Inclusão de toda a equipe Um ambiente de trabalho acolhedor pode contribuir muito para o rendimento dos fun- cionários. E o Templo Coworking, de Camila Bevilacqua e Fernando Brandão, é o espaço perfeito nesse sentido, graças ao uso de peças variadas da Cebrace. Brises de laminados incolores 4+4 mm (foto) trazem o aproveitamento pleno da iluminação natural para os dias de Sol (se chover, eles bloqueiam a água devido às variações em seu espaçamento), enquanto espelhos prata 4 mm fazem o local parecer ainda mais extenso. Nosso material também se faz presente nas divisórias de temperado 8 mm nos dois lados da grande mesa, levando aos cubículos e à sala do café. Sim, vidro e água combinam! Um dos ambientes mais grandiosos da mostra de 2018 sem dúvidas foi A Cisterna de Deca: projetada pelo escritório Tenório Studio, ocupava duas salas e uma área extensa entre elas. O 81 LEITURA COMPLEMENTAR uso do vidro foi tão grandioso quanto a área do local, incluindo uma parede com cascata arti- ficial feita com um único painel incolor 10 mm (foto), com 3,7 m de largura e 4,5 m de altura! A vidraçaria Starke Glas foi responsável por essas e todas as outras aplicações do nosso material neste ambiente, incluindo o teto todo revestido com espelhos fumê 6 mm nas grandes rampas entre uma ala e outra, refletindo o espelho d’água com a logomarca da Deca logo abaixo. Um só com a natureza O Refúgio Urbano, de Marina Linhares, usou nosso material para uma integração plena entre o ambiente e a vegetação ao seu redor. Quase todo o fechamento do espaço foi feito com grandes painéis laminados 5+5 mm, da Cebrace, e houve ainda um piso com tempera- dos laminados 10+10+10 mm, da mesma fabricante, permitindo apreciar as belas plantas abaixo do piso (foto). A instalação foi feita pela Vidro Laser. Jogo de imagens com espelhos A Sala de Jantar, de Naomi Abe, usa Espelho Guardian prata 5 mm, fornecidos pela Silvestre Vidros, de forma bastante diferente. As paredes do ambiente são revestidas com esse ma- terial (foto). Porém, na frente delas, existem outras paredes, feitas de cerâmica, totalmente vazadas. Os buracos permitem ver os espelhos na parte de trás – com isso, um jogo de refle- xões ajuda a ampliar o espaço. Aluno(a), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse a Revista da Abravidro, o Vidro Plano - on-line, 2018, entre as páginas 14 e 21. Fonte: O Vidroplano (2019). 82 material complementar 82 Projeto e Execução de Revestimento Cerâmico Luciana Leone Maciel Baia e Edmilson Freitas Compante Editora: O Nome da Rosa Sinopse: este livro aborda, de forma bastante prática, os principais aspectos en- volvidos na elaboração do projeto e na execução de revestimento cerâmico, de paredes internas e externas, incluindo as atividades de execução e controle do revestimento, os detalhes construtivos e os equipamentos e ferramentas empre- gados, além de analisar algumas patologias. Os temas abordados visam a con- tribuir para a adequada produção e os melhores resultados de desempenho do revestimento e do edifício como um todo. Edição revisada e ampliada em 2017. Indicação para Ler No site EcoEficientes, você poderá encontrar muitas informações a respeito de projetos diversos que le- vam em consideração a questão da sustentabilidade. Web: http://www.ecoeficientes.com.br/. Indicação para Acessar A Revista da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidro Plano oferece reportagens e en-trevistas com informações ricas acerca de seu material. É uma ótima fonte de conhecimento da área e de seu mercado. Segue o link para o infográfico sobre a reciclagem no Brasil e as etapas para a reciclagem do vidro. Web: http://www.abividro.org.br/reciclagem-abividro/reciclagem-no-brasil. Indicação para Acessar 83 referências AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató- rio. São Paulo: Pini, 2012. ABNT. NRB 7210: Vidro na construção civil: Terminologia dos vidros de segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 1989. ABNT. NRB 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2008; 2015. ABNT. NRB 13816: Placas cerâmicas para revestimento: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. ABNT. NRB 13817: Placas cerâmicas para revestimento: classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. ABNT. NRB 13818: Placas cerâmicas para revestimento: especificação e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. ABNT. NRB 14207: Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2009. ABNT. NBR 14697: Vidro laminado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. ABNT. NBR 14698: Vidro temperado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. ABNT. NBR 15097-1: Aparelhos sanitários de material cerâmico – Parte 1. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. ABNT. NBR 15097-2: Aparelhos sanitários de material cerâmico – Parte 2. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. 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Acesso em: 10 maio 2019. 11 Em: http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-sobrepor?term=cuba+sobrepor; http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-apoio?term=cuba+apoio; http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-embutir?term=Cuba+de+Embutir. Acesso em: 14 maio 2019. 85 gabarito 1. D. 2. C. 3. C. 4. C. 5. Atividade livre de criação, fixação e aprofundamento do conteúdo aplicado. O aluno deverá justificar a aplicação do material na ambientação de forma racional, com a explicação sobre as características e/ou propriedades do ma- terial escolhido para determinadas função e estética. Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Madeira • Bambu • Fibras (Têxteis e Papéis) • Sustentabilidade Objetivos de Aprendizagem • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais de madeira. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais de bambu. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos materiais baseados em fibras. • Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade. MADEIRAS E FIBRAS unidade III INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), já estamos na terceira unidade do livro que abor- dará dois temas bem amplos: as madeiras e as fibras. Não saímos completamente do campo dos minerais, porém, agora, aden- tramos o campo dos vegetais e animais. Os materiais derivados destes seres vivos possuem características, propriedades e funcionalidades diferenciadas. Sua beleza estética é única, e suas aplicações, diversas. As madeiras são materiais realmente vivos. Possuem durabilidade e convivem, quando bem mantidas, com gerações e gerações humanas. Trabalham de acordo com o clima, suas formas se adaptam de acordo com o uso e seu cheiro pode fazer parte de uma lembrança de vida. A madeira é parte da vivência, transforma um simples espaço em um lugar de conteúdo emocional. Com as fibras naturais vegetais e animais, a sociedade primitiva de- senvolveu diversos utensílios trançados. As folhas, caules e diversas partes das árvores nos oferecem suas formas e força, transformam-se em móveis, biombos, decorativos d Sobre o forro de madeira, Azeredo (2000) indica que e parede e outros produtos do dia a dia humano, proporcionando ao homem o contato com a natureza. Das madeiras também é possível extrair fibras, que se transformam em papel; assim, é escrita a história da humani- dade e os nossos ambientes internos são protegidos e decorados. Do papel nascem estruturas fortes. O papelão, que, por sua vez, con- segue oferecer mais resistência e se tornar um produto ou mobiliário de rápido acesso que atende às necessidades básicas dos seres humanos em situações temporárias. Os bambus, velhos conhecidos dos orientais, renas- cem, visto que possuem muitas qualidades e se apresentam à construção civil e aos seus ramos afins como um produto capaz de surpreender os profissionais mais céticos com muita beleza, qualidade e funcionalidade. E, para finalizar a unidade, veremos como esses materiais se compor- tam frente à sustentabilidade e frente à prática do design de interiores. 90 industrializados, já não temos tanto contato com a madeira, a madeira de lei e tantos outros nomes que a denominam e a classificam. Entretanto, existe, sim, um retorno de seu uso. A moda das madeiras de demolição vigoram já há algum tempo na área de design, tanto de produto quanto de interiores. Esse reuso é popular, cresceu entre a sociedade e está vol- tando às nossas residências e aos nossos ambientes diversos, como mobiliários, produtos, painéis deco- rativos etc. Até a sua textura é copiada, transforman- do-se na imagem de acabamento de outros materiais da construção civil. Como exemplo, nos revestimen- tos cerâmicos, nas lojas de revestimento, é muito fá- cil encontrar peças que exibem as cores e os veios tão característicos da madeira. Madeira É comum, em nossa cultura, acreditar que três bati- dinhas em qualquer artefato feito de a madeira afasta pensamentos ruins. Ao lembrar desse costume, você pode achar engraçado, mas nunca, sequer uma vez, sentiu vontade de dar essas três batidinhas? Coisas dos nossos avós ou apenas uma vaga lembrança de alguém que tinha esse costume que, no entanto, nos rodeia ainda hoje. Pensar sobre madeiranos leva ao passado, não muito distante, das casas tradicionalistas, das fazen- das, dos donos da terra e dos nossos parentes mais idosos. A madeira, em nossas memórias, é escura, com tonalidade preta ou vermelha, tem um cheiro forte e parece ser bem robusta, pesada. Atualmente, com esta diversidade de materiais 91 DESIGN Assim como os materiais das unidades anteriores, a madeira faz parte deste grupo de materiais de cons- trução utilizados pela humanidade desde os seus primórdios. Extraída das árvores, espécies do reino vegetal, era um material em abundância no plane- ta e de fácil acesso e, como informa Estuqui Filho (2006), a pedra era pesada e muito dura, portanto, difícil de cortar. Logo, o uso da madeira se tornou fundamental para a construção civil. Para conseguir aproveitar ao máximo as característi- cas desse material, nossos antepassados eram criativos e sofisticados em suas aplicações, e como o aprendi- zado sobre o manuseio do material era transferido de geração para geração via oral (pela fala), é importante reconhecer a eficiência e sabedoria de suas técnicas e estruturas, principalmente das que resistiram até os nossos dias. Estuqui Filho (2006) cita as edificações primitivas de Nova Guiné, China e Brasil (as casas de palafitas), as edificações de troncos da Romênia e No- ruega, as edificações características da Indonésia, as edificações coloniais do Japão, e muitas outras. A expressão "Madeira de Lei" teve origem em uma lei promulgada no tempo do Império. Não se tratava de uma definição técnica, pois se referia apenas às madeiras, cujos cortes eram proibidos naquela época. Fonte: Antônio Filho Neto (IBDA [2019], on-line)1. SAIBA MAIS As casas de palafitas são originárias das co- munidades da Amazônia, feitas de madeiras roliças. Toda a estrutura é levantada e não toca o solo, evitando, assim, a umidade, já que o clima é muito chuvoso e úmido, recebendo, então, muita ventilação. Sabe-se que algumas podem ser erguidas até cinco metros do chão. Fonte: adaptado de Estuqui Filho (2006). SAIBA MAIS Figura 1 - Pastilha de cerâmica com imitação de madeira Figura 2 - Casa de Palafita 92 Na história do nosso país, a madeira possui desta- que principal, afinal, fez parte do primeiro ciclo eco- nômico nacional e, conforme relata Estuqui Filho (2006, p. 14): “O próprio nome Brasil é originário de uma espécie de madeira, o pau brasil (caesalpi- na echinata)”. É certo que, de acordo com o autor anteriormente citado, nossos colonizadores também implantaram outras técnicas de construção com pe- dras e alvenaria, e que o uso do barro veio de nossas raízes africanas. E, mesmo com esse enorme reper- tório, o uso da madeira como material de constru- ção no país é relevante. Bauer (1994) considera que a madeira possui certa vulnerabilidade na questão de sua durabilida- de, característica que a deixou em segundo plano na engenharia e na arquitetura até a tecnologia con- seguir desenvolver técnicas e tratamentos para po- tencializar suas características positivas e, também, minimizar suas fragilidades. Essas novas tecnologias e descobertas reposicionaram a madeira como ma- terial adequado à construção civil. Em relação ao seu uso na ambientação, sempre foi considerada como um material maravilhoso e cheio de possibilidades, transformando-se em inú- meros tipos de mobiliários, que vão de camas, armá- rios e mesas até cadeiras – como exemplo, a cadeira de numeração 14 de Thonet, a qual é “uma das pri- meiras cadeiras produzidas em série, feita de madei- ra vergada, e que vem sendo produzida desde 1859 (mil oitocentos e cinquenta e nove)” (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 25). Servindo como painel de parede, pode ser forro e piso, estando presente até em luminárias. É usada em áreas internas e externas e, recebendo o tratamento adequado, pode ser aplicada em ambientes molha- dos, molháveis e secos. Também empregada no pai- sagismo, pode transformar-se em portões, pórticos, bancos, muretas, decks, brinquedos, balanços, pisa- das, aproveitando-se até suas lascas e cascas na deco- ração dos jardins, em ambientes internos e externos. 93 DESIGN A madeira também é a matéria-prima dos pa- péis. Em ambientações, é comum utilizar os papéis de parede, sendo sua composição da celulose, pro- duto da fibra da madeira. Com tantas aplicações, é importante conhecer as características técnicas mais relevantes das madeiras: Apresenta resistência mecânica tanto a esforços de compressão como aos esforços de tração na flexão: foi o primeiro material de construção a ser utilizado tanto em colunas como em vigas e ver- gas; tem resistência mecânica elevada, superior ao concreto, com a vantagem do peso próprio reduzido; resiste excepcionalmente a choques e esforços dinâmicos: sua resiliência permite ab- sorver impactos que romperiam ou estilhaçariam outros materiais; apresenta boas características de isolamento térmico e absorção acústica; seco é satisfatoriamente dielétrico; tem facilidade de afeiçoamento e simplicidade de ligações: pode ser trabalhado com ferramentas simples; tem custo reduzido de produção, reservas que podem ser renovadas e, quando convenientemente preserva- do, perdura em vida útil prolongada à custa de in- significante manutenção; em seu estado natural, apresenta uma infinidade de padrões estéticos e decorativos (BAUER, 1994, p. 437-438). O autor Ambrozewicz (2012) pondera e apresenta as desvantagens do material. A madeira é proveniente de uma estrutura viva e, neste ponto, possui algumas características semelhantes a todos os corpos vivos: é combustível, é heterogênea, tem sensibilidade às variações de temperatura e umidade, sendo possí- vel até se degradar. É sensível aos agentes biológicos, podendo se deteriorar e se deformar. No entanto, se ressalta que essas características podem, também, ser tratadas e transformadas a partir de modernas técnicas de tratamento, desenvolvimento e acaba- mento do material. Veremos agora, caro(a) aluno(a), como podemos compreender a madeira, elemento natural, e como aplicá-la nas ambientações. QUESTÕES BOTÂNICAS E RELAÇÕES COM A CONSTRUÇÃO CIVIL A classificação botânica das madeiras nos apresen- ta, como informa Bauer (1994), as árvores ou "ve- getais superiores’" as endógenas (possuem germi- nação interna), como as palmeiras e bambus, que possuem aplicação menor na construção civil; e as exógenas (germinação externa) que são popular- mente usadas na construção civil e possuem uma subclassificação: as exógenas gimnospermas (sem frutos) e as angiospermas, consideradas mais com- pletas e popularmente conhecidas no Brasil por “madeiras de Lei”. A classificação de Ambrozewicz (2012) resume madeiras duras (angiospermas) e moles (gimnosper- mas). No caso das madeiras duras, o autor cita: ipê, jacarandá, cedro, eucalipto; e das madeiras moles: o pinho do paraná, utilizado em construções tem- porárias ou que devem ser protegidas. Ao se tratar de sua estrutura, o caule da árvore é a parte utilizada na construção civil, e este é divi- dido em partes. A primeira que vemos é a casca ou cortiça, elemento que protege as outras partes dos excessos ambientais e dos agentes de destruição. A cortiça de algumas espécies possuem quantidades maiores que podem ser retiradas como lâminas. Este material tem propriedades termoacústicas e pode ser aplicado em processo de isolamentos de paredes e forros, e também em contrapisos como "recheio", afirma Bauer (1994). 94 Após a casca (externa e interna), tem-se o câmbio, e é nele que podemos ver os anéis anuais de cresci- mento da árvore. No câmbio, temos o lenho, parte que sustenta a árvore e de onde é extraída a madeira da obra estrutural (subdividido em alburno e cerne interior). A seguinteparte chama-se medula, ou ain- da, miolo central, não utilizada para a construção. E, por fim, os raios medulares, vistos na transversal do tronco. Para Bauer (1994, p. 444), algumas possuem um “bonito efeito estético e decorativo”. Figura 3 - Cortiça A cortiça é reconhecida como um material autossustentável porque pode ser retirada sem a necessidade do corte da árvore. Além disso, a árvore pode ser descortiçada (ou po- dada) muitas vezes durante toda a vida, pois se regenera naturalmente. Fonte: adaptado de Valério (2014). SAIBA MAIS Figura 4 - Partes do tronco da árvore Fonte: adaptada de Gonçalves (2011). 95 DESIGN NA CONSTRUÇÃO CIVIL Ambrozewicz (2012) propõe categorias básicas de madeiras para a construção civil: madeira roli- ça; madeira serrada; madeira beneficiada; madeira em lâminas; madeira compensada; chapas de fibra (subdividem-se em chapa dura, chapa de densidade média); chapa de partículas (aglomerado); chapa de partículas orientadas (OSB). Vejamos as categorias proposta pelo autor citado: Madeira Roliça Pouco processada, em muitos casos, apresenta até a casca, podendo ser utilizada como escoras, geral- mente, com uso temporário, sendo, entretanto, em casas rurais, muito aplicada como telhado. Atualmente, esse tipo de madeira está voltan- do às ambientações, principalmente nos ambientes inclinados ao tema da sustentabilidade, ecodesign e permacultura, inclusive com o reaproveitamento das madeiras roliças dos antigos postes de ilumi- nação, ponto positivo para uma sociedade que está preocupada com o meio ambiente e com os exces- sos nos descartes de materiais de qualidade. Porém, também marca sua presença em outros ambientes por possuir uma estética rústica caracterizada pelo retorno às raízes rurais, além de se adaptar ao estilo de vida despojado, inovador e, muitas vezes, contes- tador desse novo corpo social do terceiro milênio. Permacultura: [...] é um sistema de ‘design’ para a criação de ambientes humanos sus- tentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza. Foi desen- volvida no início dos anos 1970 (mil novecentos e setenta) na Austrália por Bill Mollison. (Marcos Ninguém, em entrevista para o Spot Boletim Acadêmico de Design de Interiores, 5. ed., 2015, p. 14). Ecodesign é um processo que considera rele- vante os aspectos ambientais, desta forma, projetando produtos, ambientes e oferecendo serviços que diminuem o impacto ambiental durante este processo, além de prezar pela redução do uso dos recursos não renováveis. Fonte: adaptado de Ministério do Meio Ambiente ([2019], on-line)2. SAIBA MAIS Na ambientação, é utilizada de muitas maneiras e, agrupadas, podem se transformar em divisórias de ambientes, decorativos, painéis de parede, mobi- liários, esculturas e muito mais, dependendo apenas da criatividade do designer de interiores. 96 plos: pranchão, prancha, viga, vigote, caibro, tábua, sarrafo, ripa, dormente, pontalete, bloco. Madeira Beneficiada É a madeira usinada e tratada para diversos usos, como assoalho, forro, batentes, rodapés, tacos. Apli- cada no que Ambrozewicz (2012) chama de cons- trução civil leve, de utilidade geral ou decorativa. É muito comum escolhermos utilizar os revestimen- tos cerâmicos ou outros tipos de materiais para a espe- cificação de piso nas ambientações, porém sabe-se que há um crescimento da aplicação dos pisos de madeira. Chega a ser contraditório que alguns indivíduos esco- lham retirar seus antigos pisos de madeira enquanto ou- tros estão aplicando-os como primeira opção. Quando seu uso é legalizado, a qualidade e a durabilidade de um piso desenvolvido em madeira, hoje, é superior e con- segue superar expectativas. Ao se tratar de portas, por exemplo, a madeira ainda é o principal material aplica- do. Mesmo com as opções novas de uso de vidro, metal e até plásticos, a madeira continua sendo a escolha segura dos usuários de interiores. Cabe aqui refletir em relação aos motivos dessas escolhas. A madeira possui diversas qualidades e cabe ao profissional conseguir aproveitá-las. Azeredo (2000) registra em seu livro como pavi- mentos de madeira beneficiada: 2. O soalho de tábua corrida, de peroba, com cerca de 20 centímetros de largura. Para tal, é convencional aplicar utilizando tarugamento de caibros, o que significa colocar, entre a ar- gamassa, pedaços de madeira em formato de trapézio, e a tábua é fixada com pregos nestes “tarugos”, ou seja, pequenos pedaços de ma- deira fixados no contrapiso com argamassa. Informações comerciais ainda apresentam instalação por colagem e por grampeamento. Madeira Serrada A tora de madeira que conhecemos, arredondada, é processada, então cortada em formato quadrado, ou retangular. Neste caso, ocorre o pré-tratamento, como Ambrozewicz (2012) explica: [...] tem por objetivo proteger a madeira re- cém-serrada [...] é realizado, normalmente, por meio da imersão das pranchas em um tanque com uma solução contendo um produto pre- servativo de ação fungicida e outro de ação in- seticida (AMBROZEWICZ, 2012, p. 302). Utilizada, na maioria das vezes, em funções estru- turais, como estrutura de telhados, em interiores, os profissionais podem sugerir seu uso para fins deco- rativos e/ou funcionais. Pode ser pintada ou pode-se aproveitar as suas características naturais, sem que interfiram na estrutura, desenvolvendo, assim, ele- mentos decorativos como detalhes de parede, teto, divisórias internas, prateleiras e outros. É claro que existem outras categorias de madeiras e, até mesmo, outros materiais para esses fins, o que não limita o uso da madeira serrada nessas ocasiões, principalmente quando se trata de reaproveitamento de material da obra, evitando descarte de produtos. O importante é analisar as situações de cada projeto e encontrar a maior quantidade de soluções. No quesi- to estética, a maioria dessas peças não deixa a desejar. Enfatizo que a madeira, com suas cores, texturas e pa- dronagens é, hoje, um material em destaque. Em pai- sagismo, estruturas como pergolados utilizam a ma- deira serrada. As serrarias produzem diversos tipos de produtos que se diferenciam pela espessura, pela largura e pelo comprimento. Seguem alguns exem- 97 DESIGN 3. Os tacos de madeira, que podem ser instala- dos com pedrisco e argamassa ou cola. 4. O parquete, que são placas de madeira com desenhos decorativos que, geralmen- te, possuem dimensões como 50 x 50 cm ou 25 x 25 cm. Assim como os tacos, pode ser instalado com cola. É de muita impor- tância ressaltar que, para toda aplicação de revestimento de piso, é necessário que o contrapiso esteja finalizado, nivelado e sem umidade. Apenas assim pode ser feita a ins- talação de qualquer revestimento de forma satisfatória. Sobre o forro de madeira, Azeredo (2000) indica que sua aplicação é a mesma que a do piso. Como recurso estético, o autor sugere aplicar o forro em níveis dife- rentes ou deixar a viga da estrutura do forro aparente, no entanto, só quando o ambiente possuir amplitude. O revestimento de parede de madeira é reconhe- cido pelo nome lambri. Quando o painel é de madeira maciça, é importante lembrar do peso e sua instalação – conforme sugere Azeredo (2000), deverá contar com os caibros assim como o piso. A fixação das tábuas de madeira, no entanto, leva aos encaixes macho e fêmea, assim como também é executada nos pisos. Para aca- bamento, pode ser necessário cera para brilho. Madeira em Lâminas De acordo com Ambrozewicz (2012), quando a tora é cozida e cortada em lâminas, a partir do torneamento ou faqueamento, as lâminas são utilizadas para desen- volver o que chamamos de compensado, e são aplica- das como revestimento de paredes, desenvolvimento de mobiliários, ou ainda,como elemento decorativo. Figura 5 - Paginação de pisos Fonte: adaptado de Azeredo (2000). 98 Compensado Constitui-se de lâminas de madeira, de quantidade ímpar, unidas por adesivo ou cola, organizadas per- pendicularmente, para fortalecer e estabilizar o ma- terial. Assim como apontado anteriormente, desen- volvem-se mobiliários diversos com esse material. Chapas de fibra As chapas de fibras são produtos que resultam de um processo que separam as fibras da madeira, seus resí- duos fibrosos são utilizados como matéria-prima, for- mando as chapas. Seguem os tipos elencados por Am- brozewicz (2012): Figura 6 - Compensado Charles e Ray Eames (1952), grandes ícones do Design, desenvolveram diversos mobiliários reconhecidos até os dias atuais. Possuíam algumas posturas no desenvolvimento hoje consideradas como pontos da sustentabilidade, o uso de produtos de maior qualidade para uma maior vida útil. É o caso, por exemplo, da sua “[...] família de cadeiras de madeira compensada moldada, ainda fabricada”. Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014, p. 24). SAIBA MAIS Figura 7 - Mobiliário desenvolvido por Char- les e Ray Eames (1952) 99 DESIGN Chapa dura: também chamadas de hardboards, são processadas a partir da madeira de eucalipto. De acordo com Ambrozewicz (2012), quando prensadas com a lignina (um tipo de aglutinante da própria madeira), elas se transformam em chapas rígidas. Chapa de densidade média: conhecidas pela sigla MDF (me- dium density fiberboard) muito utilizadas no Brasil para desenvolvi- mento de móveis planejados, geralmente, possuem valor econômico alto. Ambrozewicz (2012) informa que são compostas de fibras de madeira aglutinadas com uma resina sintética (funciona como aglu- tinante) prensada a quente, transformando-se em um material de muita qualidade. Ambrozewicz (2012) ainda afirma que o material aceita diversos tipos de processo de instalação e acabamento, como lixamento, torneamento, pintura, impressão, aplicação de outros re- vestimentos para acabamento, uso de pregos e parafusos, além de cola. Normalmente, no mercado, o MDF possui acabamento de um material chamado laminado melanímico de baixa pressão (BP), ou com uma película celulósica do tipo finish foil (FF), ou ainda, ao natural. Sobre a matéria-prima específica para o MDF, o uso, geral- mente, é o da madeira pinus ou outra que possua as mesmas carac- terísticas. Chapa de densidade alta: ou HDF (high density fiberboards). Essas chapas transformam-se nos pisos laminados e são produzidas da mes- ma forma que o MDF, o que as difere realmente é a densidade da massa, isto é, a quantidade de massa do produto em determinado volume, ou seja, no caso do HDF, a quantidade dessa massa é maior do que a do MDP se considerar o mesmo volume para os dois. Ambrozewicz (2012, p. 306) relata que essa densidade do HDF é “acima de 800kg/m3”. A indústria atual apresenta enorme diversidade de texturas e tipos de pisos laminados, para diversos tipos de ambientes. As va- riantes possuem relação com o tipo de acabamento aplicado ou tipo de resina utilizado como aglutinador. Esses pisos podem ser aplica- dos em ambientes de alto, médio ou baixo tráfego, especificando-os de acordo com as suas características. Em relação à instalação, os procedimentos evoluíram muito. Uti- liza-se instalação com colagem, ou apenas com o encaixe, chamado click, isto é, sem cola, apenas com o uso do encaixe, macho e fêmea travado, conforme é descrito pelas informações comerciais. 100 Chapas de partículas orientadas (OSB) Constituem-se de pedaços de fibras de madeira so- mados à resina e prensados. São muito utilizadas nos Estados Unidos da América para construção civil, pois possuem resistência mecânica, trabalhabilidade e ver- satilidade. Ultimamente, a sua estética ganhou destaque e passou a ser desejada em alguns tipos de ambienta- ções descontraídas, inovadoras, joviais e contestadoras. Além disso, o material pode ser especificado para mo- biliários em geral, painéis decorativos de parede, forro, divisórias de ambientes e até como piso. Possui um cus- to mais baixo do que todas as opções anteriores, por- tanto, também é muito bem empregada em ambientes temporários ou sazonais (montagem da ambientação ou produto sempre na mesma época do ano). Chapas de partículas ou aglomerado São, de certa forma, resíduos finos de madeira, às ve- zes, pinus, ou talvez, eucalipto, agrupados com resi- nas sob pressão e altas temperaturas. As chapas que se formam são, geralmente, aplicadas com acaba- mento em finish foil (FF), ou ainda, laminado mela- mínico de alta pressão (BP), bem como os materiais anteriores. Ambrozewicz (2012) ressalta que o aglo- merado não é resistente à umidade e à água, por- tanto, devem ser aplicadas em ambientes internos e secos. Também é um material muito utilizado para a fabricação de mobiliários diversos, normalmente, no setor de móveis padronizados, com menor cus- to econômico, atendendo, na maioria dos casos, às classes sociais com menor potencial de compra na sociedade. 101 DESIGN Em relação aos acabamentos, é importante res- saltar, caro(a) aluno(a), a necessidade dos cuidados na aplicação de vernizes e tintas, pois alguns desses materiais possuem substâncias tóxicas ao seres vivos e podem provocar diversas reações, como alergias, queimaduras, problemas respiratórios e até lesões pulmonares. De acordo com Ambrozewicz (2012), alguns desses produtos, por serem tóxicos, destroem a possibilidade de uma possível reciclagem de alguns tipos de madeiras. Além disso, quando o produto é mal aplicado, ou mal especificado, pode danificar a peça (AMBROZEWICZ, 2012). PROPRIEDADES DA MADEIRA Vejamos, agora, as propriedades físicas e mecâ- nicas da madeira. No entanto, cabe salientar que existem muitas variantes, causadas pelas diversas espécies botânicas de madeira: sua massa (ou a concentração desse material), a localização da peça de madeira retirada do lenho, a presença de nós, fendas, fibras torcidas, que são chamadas de defeitos e, por fim, a variação na presença ou não da umidade na peça. De acordo com o autor Bauer (1994), seguem algumas das propriedades físicas: Teor de umidade - A madeira possui presença de água, condição de ser vivo, entretanto, pode-se classificar a madeira em verde (acima de 30%), se- misseca (acima de 23% até 30%), comercialmente seca (entre 18% e 23%), seca ao ar (13% até 18%), dessecada (0%-13%) e completamente seca (0%). Para o uso na área de construção civil e, portan- to, no design de interiores, é muito importante a secagem. Dentre diversos aspectos, a secagem evi- ta o seu empenamento (um tipo de deformação), que nos leva à próxima propriedade. A Retratilidade - Casos de alterações de volu- me e dimensões. Conhecemos esta característica pela frase popular “a madeira trabalha”. Em rela- ção a isso, temos: a madeira forte, a média e a fraca (esta última indicada para marcenaria e pisos, por apresentar pequenas fendas). A Associação Nacional dos Produtores de Pi- sos de Madeira Maciça (ANPM) informa que as Normas para pisos de madeira já publicadas pela ABNT são, por exemplo: a de Termino- logia (NBR 15798:2010) e a de Padronização e Classificação (NBR 15799:2010). Fonte: adaptado de ANPM (on-line)3. SAIBA MAIS Há milhares de materiais que oferecem uma incrível gama de características e desempe- nhos que um designer pode explorar logo no início do processo de design apenas para estimular as ideias. Fonte: (Richard Morris) REFLITA 102 A Densidade - O cálculo do peso (unidade) pelo volume (aparente). Neste caso, temos que, quanto maior a densidade, maior a resistência da madeira. Cita-se a relação entre o MDF e o HDF. Condutibilidade Elétrica - Se a madeira estiverseca, é isolante. Quando úmida, é condutora. Condutibilidade Térmica - De acordo com Bauer (1994), compreende-se que a madeira não conduz satisfatoriamente bem o calor. Condutibilidade Sonora e Absorção Acústica - A madeira não é uma boa condutora de som, sen- do, por este motivo, muito indicada para ambientes onde é necessária a absorção de ruído apresentando uma diminuição de até 5dB (cinco decibéis). Po- rém deve-se levar em consideração diversos fatores, como o acabamento dado para a madeira, que pode auxiliar ou atrapalhar a absorção. Resistência ao Fogo - As madeiras são classi- ficadas em dois grupos: as que possuem espessura inferior a vinte milímetros (20 mm), que são pro- pagadoras do fogo, e as que possuem espessura su- perior a 25 mm diminuem o risco de propagação. Resistência mecânica, de acordo com Am- brozewicz (2012, p. 33), “é a propriedade que tem o material de não ser destruído sob a ação de cargas [...] as cargas, agindo sobre o material, podem causar esforços de tração, compressão, flexão e ao cisalhamento”. Desta forma: 1. Atração é a carga que “estica” a peça; 2. A compressão é a carga que com- prime a peça; 3. A flexão é a carga que, ao mesmo tempo em que comprime uma parte da peça, traciona a outra; 4. A torção é a carga que torce a peça e, por fim, 5. O cisalhamento é a carga que corta a peça. Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012, p. 33). SAIBA MAIS Quanto maior a espessura, menor é a propagação do fogo. De acordo com Ambrozewicz (2012), as ma- deiras são resistentes às questões mecânicas, como resistência à tração ou resistência à compressão ou ao cisalhamento, mesmo quando se considera as va- riantes existentes por ser um material vivo. 103 DESIGN Figura 8 - Cinco tipos de resistência mecânica Fonte: adaptado de Resistência dos Materiais ([2019], on-line)4. , 104 105 DESIGN O bambu, como explicado no início da unidade, é um vegetal classificado como endógeno e também é aproveitado na construção civil. De acordo com Marçal (2008), o bambu é da fa- mília das gramíneas, ou seja, das gramas, e possui cerca de 1.250 espécies conhecidas em todo o mundo. Dele pode-se extrair o lenho e a fibra. Logo, Shepherd (2014) cita o material como matéria para diversas uti- lizações, tais como comida, forragem animal, revesti- mentos de parede e pisos, mobiliários, instrumentos musicais, polpa de papel, entre outros. Souza (2004) acrescenta que o bambu é um ma- terial explorado há milênios pelas sociedades asiá- ticas e, como afirma o livro Dicionário de Símbolos, escrito por Lexicon (1998), o bambu, para os orien- tais, possui o significado de boa sorte: nas religiões como o Budismo e o Taoísmo, os nós, que separam o bambu em partes, somados ao seu crescimento rá- pido e vertical, simbolizam a evolução espiritual, a alma que possui um caminho, mas também possui as suas etapas de evolução. Conforme afirma Souza (2004), nas culturas ocidentais, os materiais mais utilizados foram as pe- dras e as madeiras. Portanto, como o Brasil foi uma colônia de Portugal, não existe, em nossa sociedade, o conhecimento popular e a cultura do uso e signi- ficados do bambu, apesar de ser um material mui- to utilizado pelos índios brasileiros, ficando, assim, restrito a apenas algumas construções antigas in- dígenas e, atualmente, a construções desenvolvidas por defensores da permacultura. O bambu, entretanto, possui diversas qualidades. Conforme aponta Marçal (2008), não é um material poluente, em seu processamento, não há gastos de grandes quantidades de energia, é uma fonte renovável e de baixo custo, seu crescimento é rápido (em cerca de quatro anos, já pode ser utilizado), e sequer precisa ser replantado após o corte, uma vez que possui raízes longas e resistentes, que são capazes de se recuperar sozinhas. É leve, portanto, de fáceis transporte, arma- zenagem e manuseio do material, atualmente, conta com evoluídas técnicas de processamento que poten- cializam as suas qualidades e resolvem alguns dos seus “pontos negativos”. Estes são: quando em ambientes secos demais, pode pegar fogo, em ambientes úmidos demais, pode apodrecer, está propenso ao ataque de insetos e pode rachar, fissurar e contrair-se, de acordo com o que Souza (2004) apresenta. Assim como a madeira, as resistências do bambu variam de acordo com alguns fatores, como: “espé- cie, idade, tipo de solo, condições climáticas, época da colheita, teor de umidade das amostras” (MAR- ÇAL, 2008, p. 14). Entretanto, os estudos apontam que o bambu possui propriedades mecânicas óti- mas, tais como tração, compressão, flexão, etc. Bambu 106 107 DESIGN Marçal (2008) afirma que, em comparações efe- tuadas com o aço, o bambu apresenta-se mais seguro em relação ao uso em construções, podendo aguentar até abalo sísmicos. Quando não tratado, em ambiente coberto, o bambu pode durar de dez a 15 anos. Sou- za (2004) informa que o material é um bom isolan- te acústico e térmico, podendo receber tratamentos como a impermeabilização. A autora ainda afirma que o material pode ser utilizado em praticamente quase toda a estrutura da construção. No design de interiores, a aplicação dos produtos desenvolvidos com bambu são inúmeras. Em relação à estética, ele possui padronização, textura e colora- ção únicas e que agradam, é utilizado como elemento de design de interiores de fato, em pisos, revestimen- tos, divisórias, mobiliários diversos, utensílios e deco- rativos e, inclusive, na iluminação. No que tange às suas cores, pode ser encontrado nas cores naturais ou pode ser tonalizado, possui padronagens, dependendo do tipo de bambu e de como foi processado. Seu uso está em crescimento, não só pela sua beleza e qualidade, mas também, pelo apelo ambiental que esse produto possui. O bambu é um material que sempre foi muito explorado. Durante muito tempo esquecido pela sociedade, voltou a ser ponto de destaque no mo- mento em que nasceu a preocupação ambiental. Aos designers de interiores, basta ampliar o olhar para as possibilidades do material, já que sua beleza estética é única e suas qualidades são inquestionáveis. Thomas Edison, um dos maiores inventores do mundo, sugeriu que as ideias são fáceis em compara- ção a fazer as coisas funcionarem. Ele é o autor da famosa declaração que postula que o sucesso é 1% inspiração e 99% transpiração. Fonte: (Richard Morris) REFLITA 108 Fibras (Têxteis e Papéis) Fibras são matérias-primas finas e alongadas que podem ser agrupadas, for- mando fios, cordas e até mantas. São elas que produzem o papel e o tecido; falamos, novamente, de um material milenar. A sociedade conhece as fibras, mas, durante muito tempo, as usamos sem fiar, sendo, em vez disso, pren- sada, porém a evolução permitiu que o ser humano desenvolvesse novas “tecnologias” de processamento. Por exemplo, a madeira é fonte da fibra de celulose, que desenvolve o papel e o raiom, um tipo de tecido similar à seda. 109 DESIGN De acordo com Pezzolo (2013), as fibras, antes so- mente naturais, hoje podem ser artificiais químicas e artificiais sintéticas, isto é, compostas por matéria-pri- ma natural processada industrialmente e compostas por materiais sintetizados de petróleo, carvão e outros. Ainda de acordo com Pezzolo (2013), as fibras na- turais vegetais são: o linho, o algodão, a juta, o sisal e o coco. Em relação às fibras naturais animais, podemos citar a lã, a seda e o cashmere. É importante ressaltar que, por serem de origem viva, esses materiais pos- suem diversas variáveis, tais como a questão do clima e da alimentação, sendo, portanto, fatores externos que definem como será a qualidade e o aspecto estético do material. Em alguns casos, como o da seda, o produtofinal pode ser influenciado até pelas fases da lua, por- tanto, todo o processo, desde o seu início, deve ser me- ticulosamente planejado e cuidado, somente assim se chegará em um resultado de qualidade. Outro ponto que deve ser exaltado é que as fibras naturais são abundantes no planeta, possuindo, então, um custo mais baixo. Em alguns casos, são materiais autossustentáveis, portanto, estão paralelas aos con- ceitos da sustentabilidade em ascensão na sociedade atual. Além das aplicabilidades anteriormente citadas, a fibra natural, hoje, está na construção civil, utilizada na mistura com cimentos, ou ainda, atuando como reforço nesses produtos, por sua sustentabilidade: As fibras naturais, como reforço de matrizes frágeis à base de materiais cimentícios, têm des- pertado grande interesse nos países em desen- volvimento, por causa de seu baixo custo, dis- ponibilidade, economia de energia e também no que se refere às questões ambientais (PEZZOLO, 2013, p. 1). Essas novas aplicações das fibras fazem parte de estu- dos mais recentes, que trazem à tona as diversas qua- lidades desses materiais, acabando por atuar, de certa forma, como os agregados que conhecemos no início deste livro. De fato, esses estudos acabarão abrangen- do o design de interiores, e isto pode ser uma verten- te de estudos para os(as) designers. O uso das fibras em outras funções pode, sim, estar presente em nossa área, talvez como um elemento que agrega resistência ou economia em materiais superprocessados, como o MDF e o MDP. Entretanto, no design de interiores, tem-se a maior relação desses elementos em seus pro- dutos têxteis e, quando processados, como papéis (os papéis de parede). A partir desta perspectiva, vamos, agora, caro(a) aluno(a), adentrar no mundo das fibras no design de interiores. FIBRAS TÊXTEIS A extração da fibra pode acontecer de diversas manei- ras, dependendo de sua origem. Para se transformar propriamente nas fibras, as matérias-primas passam por alguns processos, podendo ser sovadas, desmem- bradas, lavadas (algumas precisam ficar de molho por algum tempo), torcidas e secas. Para as fibras se trans- formarem em fios, acontece a torção. De acordo com Fajardo, Colage e Joppert (2002), os fios, por sua vez, também podem se converter em cabos, como os bar- bantes, produzidos a partir da torção de vários fios. Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem algu- mas informações sobre algumas fibras naturais vegetais: • O cânhamo, que produz fibras rústicas que podem ser comparadas ao linho. • A juta, cujo país de origem é a Malásia, usada para desenvolvimento de sacaria, cordas, te- cidos de revestimento de parede e tapetes de baixo custo, pois não possuem elasticidade e resistência. • O rami, de origem asiática, é uma fibra rús- tica e forte, pode ser usada na tecelagem, en- tretanto, é melhor aplicada ao trançado, pro- duzindo até mobiliários. 110 • A ráfia, muito empregada em chapéu, bolsas e calçados, aparecendo também, às vezes, em toalhas de mesa. • O sisal, originário do México. Por ser fibra rí- gida, é utilizado para cordas, barbantes e na tecelagem de tapetes rústicos, isto é, não são fibras para tecelagem. Como relatam Fajardo, Colage e Joppert (2002), são fibras para tran- çar e também não possuem muita elasticidade. • A fibra de bananeira, basho (Japão), suas fi- bras mais externas ao caule são aplicadas no desenvolvimento de tecidos para decoração e revestimentos. • O vime, fibra flexível, é muito comum como material para biombos, cestas, baús e peças de acabamento, além de possuir, de acordo com Fajardo, Colage e Joppert (2002), esté- tica rústica. • O algodão talvez seja uma das fibras mais populares. Conforme afirmam os autores ci- tados, o material apresenta boa resistência e flexibilidade e pode ser tingido. • As fibras das palmeiras, muito empregadas no trançado artesanal brasileiro pela abun- dância de variedades. As fibras têxteis, ou seja, as utilizadas na produção de tecidos, precisam apresentar algumas características, como: finura (quanto mais fina, mais agradável ao to- que, relação com a espessura), elasticidade (se alon- gadas pela ação da tração, possuem a capacidade de voltar ao estado original), resistência (se amarrotadas, possuem a capacidade de voltar ao estado original), toque (sensação de conforto); hidrofilidade (capacida- de de absorção de água); hidrofobilidade (capacidade de repelir a água, ou demorar a absorvê-la); resistên- cia ao ataque químico (avaliação da reação da fibra em contato com componentes químicos) e desgaste (relação com a resistência mecânica). Além disso, de acordo com Pezzolo (2013), as fibras podem sofrer tratamentos, como o tingimento e o envernizamento. Entre as duas fibras naturais (a vegetal e a animal), a mais antiga a ser explorada pela humanidade foi a animal. O uso da lã e dos pelos de cabra e de camelo possuem registro em pedras de milhares de anos e, ain- da hoje, são reconhecidas como os materiais nobres, sendo um exemplo claro disto, a valorização da seda. Figura 9 - Palha de seda tingida Fonte: Borges ( 2012, on-line)5. A palha de seda é um fio desenvolvido dos casulos do bicho da seda, que a indústria não aproveita, ou seja, desenvolvido a partir de material de descarte das indústrias, esses casulos são descartados porque possuem algumas irregularidades que não se ajustam ao processo do maquinário industrial, po- rém uma produção artesanal desenvolve fios diferenciados que possuem a característica rústica de beleza. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 111 DESIGN Conforme apresentam Fajardo, Colage e Joppert (2002), seguem algumas informações sobre as lãs e a seda, fibras naturais animais: • As lãs, de carneiro, de cabra e de camelo pos- suem muita elasticidade, esticam-se em prati- camente 30% de comprimento sem estourar, e fixam facilmente a coloração. É importan- te ressaltar que as lãs provindas de animais mortos possuem características diferentes de quando são extraídas de animais vivos. Nor- malmente, as de animais mortos são mais rústicas e de menor qualidade, portanto, com valor econômico mais acessível. • A seda, o fio mais leve e de maior resistência entre os fios naturais, possui elasticidade su- perior ao algodão, porém inferior à lã. Pro- vém do casulo do bicho da seda, uma lagarta que se alimenta da folha da amora. Animal muito frágil, não suporta muito calor e muita umidade, e seu desenvolvimento é muito sen- sível às variações climáticas e às fases da lua. Pezollo (2013) afirma que o desenvolvimento da tec- nologia, quando somada à indústria têxtil, elevou o patamar das confecções de baixo custo com extrema rapidez. Portanto, as fibras químicas (matéria-prima vegetal, animal ou mineral como base) ascenderam ao mercado e chegaram ao apogeu quando nasceram as chamadas fibras sintéticas (carvão e petróleo). São exemplos desses materiais: o nylon, o raiom (a primei- ra fibra sintética apresentada ao mundo), o raiom ace- tato (extraído da celulose, a fibra da madeira), o poliés- ter, a poliamida, a viscose, o elastano, a microfibra etc. É interessante poder compreender todos os fatos, simbologias e histórias sobre as coisas à nossa volta. O entendimento destes detalhes nos ajuda a criar nosso repertório e perceber o universo criativo, que pode ser encontrado em qualquer situação. Veja este exemplo: o nome da fibra artificial Nylon é a junção dos nomes das cidades de New York e London. Fonte: adaptado de Fajardo, Colage e Joppert (2002, p. 34). SAIBA MAIS Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem infor- mações sobre algumas fibras artificiais: • Viscose: extraída da celulose, semelhante ao algodão na característica de absorção de água, resistência à tração, tem caimento e maciez, entretanto,queima com facilidade. • Elastano: fibra química, obtida de etano, possui muita elasticidade, por isso, é utilizada em rou- pas para praia e esportes. Possui muita resistên- cia à abrasão, não se deteriora facilmente, tam- bém é resistente à ação de agentes químicos. • Microfibra: obtida do acrílico, poliamida ou poliéster (materiais denominados polímeros, que veremos mais profundamente nas próxi- mas unidades). Os pontos positivos são seca- gem rápida, toque macio, fácil manutenção, caimento bom, não amassa etc. Fajardo, Colage e Joppert (2002), entretanto, ressal- tam que, em relação às fibras naturais, as sintéticas ainda deixam a desejar, pois não deixam o corpo “res- pirar”, ou seja, não permitem a passagem da transpi- ração como os tecidos obtidos das fibras naturais. 112 No design de interiores, também encontramos os têxteis como materiais de tapetes, cortinas de tecidos, estofados e carpetes. Estes são um reves- timento para piso têxtil que tomam todo o piso de uma ambientação, diferentemente do tapete, que fica concentrado, normalmente, apenas em alguns locais específicos. Os carpetes já foram amplamente utilizados pelos consumidores bra- sileiros, mas sofreram um declínio nas últimas décadas. A indústria atual vem trabalhando com novos materiais para reverter esse fato. Pezzolo (2013) apresenta a classificação de três tipos de carpete: aque- les feitos à mão, os industrializados e os carpetes de argola – mais recentes e constituídos de fibras químicas, podendo ser lavados com água e sabão. Conforme Fajardo, Colage e Joppert (2002), são inúmeras as possibilidades de criar objetos artesanais combinando o uso de fibras e fios com outros materiais. Como designer, de qual maneira você poderia trabalhar esses materiais em interiores? REFLITA 113 DESIGN PAPÉIS O papel é desenvolvido a partir da fibra da madei- ra – a celulose – e de outros materiais orgânicos. Conforme afirmam Farrelly e Brown (2014), o papel pode ser utilizado nas ambientações como papéis de parede, como divisórias de ambientes (os biombos japoneses são um belo exemplo dessa aplicação), podem ser utilizados como decorativos diversos e, agora, com a redescoberta do papelão, está se trans- formando em mobiliários diversos, estruturas que se transformam até em forros e paredes leves. Em relação ao desenvolvimento e à especificação de mobiliários, o papelão é um ótimo material para ambientes em que não é necessária uma durabilida- de longa, de acordo com Moxon (2012). Segundo as informações da ABPO - Associação Brasileira do Papelão Ondulado ([2019], on-line)6, esse produto constitui-se de miolo (papel ondulado) e capas (pa- pel em chapas). Esta estrutura resulta em um pro- duto com certa resistência, ao mesmo tempo em que também apresenta a leveza. O produto pode ser obtido de celulose “virgem”, ou ainda, de material reciclado. Hoje, sua maior aplicação é no desenvol- vimento de embalagens, mas já é possível encontrar profissionais trabalhando com esses materiais em mobiliários, brinquedos, luminárias e diversos ou- tros produtos. Carvalho (2012) afirma que os motivos que levam ao uso do papelão como material para mobiliário e outros produtos são seu custo acessível, sua consciên- cia ambiental (quando originário de reciclagem), pra- ticidade na montagem e desmontagem e ocupação de pouco espaço quando armazenado. Contudo o autor também afirma que é necessário a compreensão de que o produto tem vida útil menor que outros ma- teriais e, portanto, precisa de cuidados especiais, por exemplo, quando se trata de umidade. Figura 10 - Poltrona de papelão Fonte: Eco-Nautas (2010, on-line)7. 114 beascoa (2014) afirma que os papéis de parede fo- ram muito utilizados na Europa por serem a melhor opção contra o frio, visto que os tecidos absorvem mais os cheiros, as sujeiras e as gorduras e, poste- riormente, com o tempo, se desenvolveu como um elemento decorativo. Porém, de acordo com Almei- da (2011), a história mais antiga sobre o uso dos pa- péis de parede retoma à China, com papéis pintados à mão, que chega ao mundo ocidental e começa a se popularizar na época da Revolução Industrial, que mecanizou o processo de desenvolvimento desse material. “O século XXI tem testemunhado o res- surgimento dos interiores profusamente decorados e muito envolventes” (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 73). Nos dias atuais, a aplicação de papéis de parede está tão ampliada que é possível encontrar profis- sionais indicando sua aplicação em forros, mobili- ários e em outros tipos de elementos decorativos. É importante ressaltar, também, que a indústria des- ses produtos evoluiu ainda mais, e podem ser en- O sistema softwall + softblock, desenvolvido pela Molo Design, é constituído de papel kraft e tecidos. Esse sistema é adequado aos am- bientes efêmeros por possuir montagem e desmontagem prática, configurar o layout, apresentar layouts dinâmicos e diferencia- dos, além de contribuir para a acústica e a iluminação destes espaços. Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). SAIBA MAIS Papéis de Parede Os papéis de parede não eram muito populares na sociedade brasileira. A crescente demanda pelo seu uso aconteceu mais recentemente, após a indústria apresentar produtos economicamente mais aces- síveis e de qualidade. Entretanto, esses elementos eram as referências do luxo e da ornamentação que conhecíamos dos países europeus. As casas nobres e tradicionais do velho mundo eram as que que reu- niam muito vidro, tecidos e papéis de parede. Zabal- 115 DESIGN contrados papéis de parede para diversos tipos de aplicações. Um salto em qualidade, pois, de acordo com Gubert (2011), um dos maiores pontos nega- tivos desse material era a sua não adequação aos ambientes molháveis e, de acordo com dados co- merciais, existe, hoje, um tipo de papel de parede impermeável. Suas composições podem apresentar materiais vinílicos, PVC e emborrachados, e mui- tos outros, como vidro, materiais metálicos, super- fícies sensitivas e até eletrônicos. Sobre os papéis de parede comuns, as informa- ções comerciais apontam três tipos: os denominados TNT (tecido não tecido), vinílico e tradicional. A se- guir, suas características: 1. Papel tradicional: constituído de celulose, pos- sui um aspecto liso, indicado para locais secos e sem grande circulação. Deve ser instalado em parede lisa e, em sua aplicação, utiliza-se a cola sobre o papel. Caso seja necessária a sua retira- da, deve-se umedecer o material. 2. Papel tecido não tecido: constituído de fibras de poliéster e celulose, resiste bem à umida- de, pode ser aplicado em locais secos, úmidos e em paredes irregulares. É lavável com deter- gente neutro e, em sua aplicação, utiliza-se de cola aplicada sobre a parede. A retirada deve ser efetuada a seco. 3. Papel vinílico: constituído de material viníli- co (PVC), possui maior resistência e é imper- meável. Pode adotar aspecto brilhante, mati- ficado, metálico e com relevo, sendo indicado para locais secos e úmidos. Pode ser aplicado em parede irregular – inclusive, camufla al- gumas irregularidades. É indicado para locais de intensa circulação, é lavável com detergen- te neutro e pode sofrer esfregamento com moderação. Sua aplicação ocorre com cola sobre o papel, e sua retirada deve ser a seco ou por abrasão. Esses materiais sofrem diversos tratamentos para me- lhorar suas características de resistências à ilumina- ção, à umidade e aos ataques químicos, para admitir a lavagem ou a manutenção. Ademais, “os revesti- mentos de parede vinílicos [...] são feitos para serem resistentes e duradouros e são testados quanto à resis- tência ao fogo” (BINGGELI; CHING, 2013, p. 310). 116 A madeira é uma matéria-prima renovável. No entanto,após milhares de anos de extração sem o compromisso com reflorestamento, esse material beira a extinção. De fato, algumas árvores, hoje, já estão extintas, portanto, existem, no uso da madeira, grandes pontos negativos. Soma-se a isso o fato de que a exploração da madeira afeta diretamente o ha- bitat do local, causando erosão do solo e diminuição da absorção do dióxido de carbono da atmosfera, o que, por sua vez, altera o clima, deixando em risco também os animais e vegetais. Em alguns casos, são retiradas árvores até das matas ciliares (árvores que ficam nas beiras dos rios), o que causa danos como o acúmulo de detritos (sujeiras) nessas fontes de água, ressecamento etc. Existem, porém, as políticas atuais, que desenvol- veram leis normativas do uso da madeira e a exigência do uso de madeiras de reflorestamento. Entretanto, de acordo com Moxon (2012), as perdas ainda são gran- des e existe uma imensa preocupação em minimizar os danos existentes. Mas as madeiras são materiais de muita durabilidade quando aplicadas corretamente e mantidas de acordo com as suas características. Al- guns teóricos da sustentabilidade sugerem que, quan- do há necessidade de especificar materiais de longa duração, é mais correto utilizar os produtos naturais certificados do que alguns novos materiais que não possuem durabilidade e precisam ser substituídos após alguns poucos anos de uso. Outro ponto positi- vo importante, no entanto, é que: Sustentabilidade 117 DESIGN [...] ao final de sua vida útil, a madeira se decom- põe naturalmente, ou pode ser queimada para gerar energia térmica. O dióxido de carbono emitido é considerado igual ao dióxido de car- bono absorvido durante seu processo de cresci- mento, o que a torna um material com emissão de carbono neutro (MORRIS, 2010, p. 115). Em relação ao MDF, MDP e OSB, é importante res- saltar que esses produtos podem levar, em sua cons- tituição, produtos tóxicos (resinas), com a finalidade de agirem como colas. Esses resíduos, se realmente tóxicos, problematizam o descarte desses materiais, já que não podem ser queimados por exalarem fuma- ça tóxica, isto é, não podem ser reaproveitados como fonte de energia ou calor em outras empresas. Sendo assim, o descarte do material e de seus resíduos de processamento torna-se algo preocupante. Conforme Morris (2010, p. 115), “a desvantagem desses tipos de madeira é a natureza química das colas e resinas ge- ralmente utilizadas como aglutinantes”. Atualmente, com o apelo consumista do merca- do, é comum verificar que os indivíduos escolhem a retirada de materiais naturais já preexistentes de uma construção, no ato de uma reforma, para a colocação de outros materiais mais novos ou “mais modernos”. É, de fato, responsabilidade do(a) designer de interiores verificar a possibilidade de reutilização desses mate- riais, como os tacos e tábuas de madeiras, se podem ser revitalizados e, com a estética renovada, continuarem naquela ou em outra ambientação. A popularização dessas pequenas atitudes conscientes é a ajuda que o meio ambiente tanto necessita. Outra opção que pode ser tomada pelo(a) designer de interiores é a adequa- ção desse material em outras partes da ambientação, como um piso de taquinhos de madeira que pode se transformar em um lindo painel de parede. O usuário, muitas vezes, não compreende quais os reais benefícios e qualidades que os produtos na- turais possuem em relação aos produtos artificiais, e esse desconhecimento pode ser sanado pelo(a) de- signer de interiores, evitando o desperdício de mate- riais duráveis e o consumo desnecessário de produ- tos, o que diminui o valor total da obra e contribui para um mundo ecologicamente melhor. Como afirma Moxon (2012, p. 36), “não há des- perdício no mundo natural, que opera em ciclos contínuos e equilibrados.” O bambu, como afirma Souza (2004), é um vegetal de crescimento muito rápido e fácil, pois aceita quase qualquer tipo de ter- reno e, em três anos, está adequado para extração. É importante sempre utilizar os tipos de bambu da re- gião para evitar o transporte desse material e o gasto de energia, além da emissão de gás carbônico. Ao tratar dos materiais que produzem as fibras têxteis naturais vegetais, devemos pensar em diversas questões. Podemos citar o algodão como exemplo – sua plantação gera impacto ambiental no meio em 118 que se encontra, as dimensões destes campos de pro- dução são enormes, afetando diretamente a vida ani- mal e vegetal do local. Além disso, é uma plantação e precisa de grande demanda de água. Moxon (2012) afirma que a produção do algodão apresenta 3% do consumo total de água mundial. Também não se pode esquecer o uso de diversos produtos químicos para evitar as pragas nesses campos. Contudo existem diversas possibilidades se considerar- mos o uso de materiais têxteis reciclados. Farjado, Cola- ge e Joppert (2002) informam que existe, por exemplo, o fio de trapo, que consiste no uso de fios “desfiados” de roupas e de outras peças de tecido já usadas. O maior desafio consiste na aceitação dos te- cidos reciclados por parte dos consumidores, que acreditam ser peças com qualidade inferior. Pezzolo (2013) ressalta que 36% dos consumidores, no Brasil, compreendem reciclado como algo inferior, porém muito do que é vendido, atualmente, no mercado, provém de fios reciclados e, muitas vezes, o consu- midor acaba por adquirir esses produtos sem saber que são reutilizados. Segue frase da autora sobre o assunto: “[...] mal sabem eles que, desde 1997, peças desenvolvidas de reciclados estão presentes nas lojas com ótimo desempenho” (PEZZOLO, 2013, p. 257). Sobre as novas adaptações das indústrias de car- pete, Moxon (2012) apresenta como pode ser o passo a passo da vida útil do carpete em empresas que pro- curam se adequar à sustentabilidade. O ciclo se inicia na obtenção da matéria-prima, que pode ser originá- ria de produtores locais quando for necessário o uso de fios novos ou pode ser originária de fios reciclados. Durante todo o processamento do material, dentro da empresa, pode existir um controle e uma preocupação com os resíduos da produção e com o uso conscien- te de água e energia para os tratamentos do material. Em sua fase de instalação, já no cliente final, a cola utilizada pelo instalador deve ser de baixa emissão de COV (compostos orgânicos voláteis), para promover a qualidade do ar. Esteticamente, algumas empresas defendem o uso de placas padronizadas de carpete, diminuindo, assim, o desperdício do material no mo- mento de adequação às dimensões do ambiente e, de certa forma, proporciona ao designer de interiores a 119 DESIGN possibilidade de criação de desenhos diversos. Além disso, esse sistema permite a manutenção do carpete com a retirada apenas da placa que está desgastada ou que sofreu alguma alteração. Para finalizar o ciclo, quando esses materiais forem descartados, podem ir novamente para a fábrica, tornando-se um novo pro- duto e diminuindo cada vez mais a necessidade de extração de matéria-prima virgem. Ao se tratar de matérias-primas das fibras natu- rais animais, deve-se relembrar que essas são de maior qualidade quando extraídas do animal vivo, evitando, assim, sua morte. Em alguns casos, a tosa destes pe- los é benéfica ao animal, sendo, esse tipo de material, denominado autossustentável. A lã de carneiro é um exemplo, bem como a cortiça (origem vegetal). O papel tem origem na fibra da madeira – a celu- lose, e também possui um apelo muito grande em re- lação às políticas de uso do reflorestamento, é portan- to, necessário estimular o uso de materiais reciclados. Além disso, de acordo com Moxon (2012), os(as) pro- fissionais de design de interiores e áreas afins devem conhecer os produtos que aplicarãojunto ao papel de parede e outros materiais recicláveis, para evitar que a mistura com os materiais tóxicos ou poluentes conta- minem os recicláveis de modo que não possam mais ser admitidos à recuperação. No caso do papelão ondulado, material em des- taque hoje para os designers, a Associação Brasileira do Papelão Ondulado ([2019], on-line)6 afirma que ele provém de fontes renováveis, evitando o alto im- pacto ambiental e, ainda, defende que isso se alas- tra para todo o ciclo de vida do material, que possui uma estrutura fechada, ou seja, cíclica – o papelão é reutilizado, após o uso, é reciclado. Portanto, te- mos os seguintes benefícios: reduz perdas de pro- dutos diversos por estarem embalados pelo papelão ondulado, é saudável ao uso, pois é um material de descarte instantâneo e, como é biodegradável, seu descarte não afeta o meio ambiente, podendo, além disso, ser reciclado. Figura 11 - Luminária de papelão ondulado reciclado Embora seja importante reconhecer o valor prático dos materiais e construções tradicio- nais, isso não precisa ditar a aparência de um projeto ou limitar, o projeto sustentável a um estilo particular. [...] materiais tradicio- nais e naturais podem ser utilizados de um modo moderno, inovador ou combinados com materiais mais novos para um conjunto mais equilibrado. Fonte: Moxon (2012, p. 26). SAIBA MAIS 120 121 considerações finais N esta unidade, estudamos materiais que ofereceram segurança, seja no as- pecto espacial, no que tange às ambientações e construções que assegura- vam a sobrevivência em um mundo impetuoso, seja em um âmbito mais próximo, corporal, protegendo a pele e o corpo desse mesmo mundo e seus climas, muitas vezes, cruéis. Percebemos como a madeira é diversificada e, assim, são, também, as suas apli- cações. Observamos como o homem conseguiu descobrir outras formas de usar essa mesma matéria-prima, produtos que resultam de diferentes processos que ele desen- volveu ao longo de sua existência para melhorar, em diversos aspectos possíveis, a aplicabilidade desses materiais naturais em seu meio urbano. Estudamos também o bambu, material que, igualmente, possui qualidades nu- merosas, sendo utilizado na construção civil como elemento estrutural (vigas, cabos) e no design de interiores, com sua aplicabilidade se movimentando em torno de muitas possibilidades, que vão desde o revestimento de piso e parede, como material estrutural ou acabamento de mobiliários, a elementos de iluminação e decorativos. Das fibras, como a celulose, obtém-se o papel, que é um produto separador de águas para a humanidade, pois, por meio dele, a escrita pôde ser transportada e, de- pois, multiplicada. O papel tem a sua função nos interiores, protegendo a alvenaria, oferecendo uma sensação calorosa e, logo, um elemento de potencial decorativo pre- sente nas ambientações, com suas estampas. Do papel delicado passamos ao estudo do papelão, produto mais rústico e resistente que, hoje, pode ser utilizado como ma- terial para mobiliários. Das fibras naturais, conhecemos as que provêm dos animais, desde os primórdios atuando na proteção contra as intempéries naturais e então, aplicadas como tapete, carpete e cortinas, revestimentos de móveis, iluminação e decorativos. E, por último, obtivemos a compreensão de todos estes conteúdos, somados às questões da ordem da sustentabilidade e da prática profissional, fechando mais uma unidade de aprendizado. 122 atividades de estudo 1. Considerando todo o conteúdo que pudemos es- tudar em relação às madeiras e a todos os seus tipos de aplicações, analise as afirmativas a se- guir: I. A madeira roliça é pouco processada e possui uma estética bem rústica. II. A madeira serrada é aquela utilizada nas estru- turas de pergolados. III. O compensado constitui-se de lâminas de ma- deira, unidas por adesivo ou cola. IV. A chapa de densidade média constitui-se de pedaços de fibras de madeira somados à resi- na e prensado. V. Os aglomerados são, de certa forma, resídu- os finos de madeira, às vezes, pinus, ou talvez, eucalipto, agrupados com resinas sob pres- são e altas temperaturas. VI. Na madeira laminada, a tora é cozida e corta- da em lâminas. Assinale a alternativa correta: a) Todas as afirmativas estão corretas. b) Apenas as afirmativas I, III e V estão corretas. c) Apenas as afirmativas II, IV e VI estão corretas. d) Apenas a afirmativa IV está correta. e) Nenhuma das afirmativas está correta. 2. O bambu também é um vegetal, porém dife- rente das árvores. Na botânica, está no grupo de vegetais denominado gramíneas. A respeito desse material, leia as alternativas a seguir: I. O bambu é uma fonte alternativa de material que possui crescimento rápido, sendo, assim, um material renovável e de baixo custo. II. Alguns dos problemas do bambu é que pode ser inflamável, mas, em contato com a umida- de, o material pode sofrer apodrecimento. III. O bambu é completamente sustentável por- que não possui nenhuma energia incorpora- da e, como não há necessidade de transporte de longa duração, não emite gás carbônico na atmosfera. IV. Descoberto recentemente pela sociedade, o bambu ainda não possui muitas aplicações, sendo apenas material para desenvolvimento de utensílios e decorativos. Assinale a alternativa correta: f) Apenas I e II estão corretas. g) Apenas II e III estão corretas. h) Apenas I está correta. i) Apenas II, III e IV estão corretas. j) Nenhuma das alternativas está correta. 3. De acordo com o conteúdo exposto sobre o papel, o papelão e o papel de parede, leia as afirmativas, reflita, retome o conteúdo se ne- cessário e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O papel e o papelão possuem matéria-prima diferentes entre si. O primeiro é desenvolvido com celulose, e o outro, com poliéster. ( ) O papelão é mais firme estruturalmente por- que possui a adição de agregados em sua composição para melhor suportar o peso. ( ) O papel de parede é um material muito frágil. Não evoluiu desde sua descoberta pelos chine- ses e deve ser utilizado apenas em pequenas dimensões, em ambientes internos, e nunca em ambientes com umidade, mesmo que mínima. ( ) O papel de parede é um material muito forte e resistente. Não evoluiu desde sua desco- berta pelos chineses, mas serve para ambien- tes internos, sendo úmido, ou não. ( ) O papelão, por sua vez, é mais fraco estrutural- mente que o papel de parede porque não pos- sui a adição de agregados em sua composição. 123 atividades de estudo Assinale a alternativa correta: a) V, V, F, V, F. b) F, F, V, F, V. c) F, F, F, F, F. d) V, V, V, V, V. e) V, F, V, V, F. 4. Quais os tipos de fibras existentes? Desenvol- va, em croqui, uma ambientação que utilize como ponto central algum elemento de fibra, papel ou tecido, que possua tanto funcionali- dade quanto estética. Após o desenvolvimento dessa ambientação com algum desses mate- riais, justifique o seu conceito, apoiando-se nos dados estéticos e funcionais do material envol- vido. 5. Em relação aos questionamentos sobre a sus- tentabilidade de alguns materiais, leia as argu- mentações a seguir: I. Os materiais naturais, bem como as pedras, as madeiras e as fibras naturais, possuem al- guns pontos negativos na questão da susten- tabilidade, porque, normalmente, são extraí- dos da natureza e afetam diretamente o meio ambiente que os cerca. PORTANTO II. Os cientistas e estudiosos da área indicam aos profissionais da construção civil, arquitetura e design de interiores que especifiquem o mí- nimo de materiais naturais em seus projetos, sugerindo sempre o uso dos sintéticos e arti- ficiais, evitando, assim, a poluição e a destrui- ção do planeta. a) As asserções I e II são proposições verdadei-ras, mas a B não é uma justificativa correta da A. b) As asserções I e II são proposições verdadei- ras, e a II é uma justificativa correta da A. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 124 LEITURA COMPLEMENTAR Marcelo Rosenbaum, designer de interiores, desenvolve e orienta o projeto denominado “A gente transforma”. O objetivo do projeto é trabalhar a questão da sustentabilidade de for- ma bem clara nos seus âmbitos econômico e social, além de valorizar a cultura brasileira. No ano de 2013, o projeto foi apresentado na São Paulo Fashion Week, que nesta edição foi realizada em Várzea Grande do Piauí, por meio de uma exposição organizada por seus coordenadores. O projeto se constitui de uma equipe de profissionais que chegam à comunidade, relacio- nam-se com os moradores, descobrem e estudam sobre os seus costumes e, em reunião com a população, tentam desenvolver uma forma de levantar ideias para novos meios de subsistência da comunidade, baseados em um conceito de economia inclusiva e sustentá- vel. Na cidade de Várzea Grande, as matérias-primas escolhidas foram a palha de carnaúba e a borracha, sendo dois núcleos de desenvolvismento artesanal aplicados na experiência. É então que nasce o projeto Toca – Toca da Borracha e Toca da Palha. Para tanto, a equipe levantou dois espaços para os artesãos trabalharem de acordo com os ensinamentos da permacultura. Do trabalho dos artesãos surgiram peças de decoração e joias. Entretanto, o maior resultado do projeto foi o de desenvolvimento do local, de forma cultural e eco- nômica, e o fortalecimento da comunidade, tendo em vista que as suas aptidões naturais trouxeram a oportunidade de uma vida melhor. Desta e de diversas outras formas o(a) profissional de design de interiores pode alterar e transformar o mundo à sua volta, valorizando a cultura local, os artesanatos da comunida- de, enxergando estes como ferramentas para criação não só de produtos e materiais, mas também de ambientes conectados com o mundo, porém igualmente conectados com as tradições, passado e meio ambiente regional, levando qualidade de vida não somente para seus clientes/usuários mas também para todos os indivíduos que dependem desta cadeia econômica. Fonte: adaptado de Rosenbaum (2013, on-line)8. 125 material complementar As incríveis casas de bambu construídas por Elora Hardy e sua equipe de artesãos locais talentosos que conseguem tirar o máximo do material. Eles acreditam que o bambu tem um potencial incrível. Web: https://www.youtube.com/watch?v=kK_UjBmHqQw. Indicação para Acessar Revista online e gratuita cujo assunto principal é a madeira. Apresenta as novidades e inovações do mer- cado para esse material. Web: http://www.remade.com.br/revista-madeira. Indicação para Acessar A seguir, o link para a matéria sobre o projeto do Alvaro Guillhermo vencedor do iF Social Impact Prize. Web: http://www.portalsplishsplash.com/2018/03/alvaro-guillermo-gestor-e-criador-do-projeto-encontros- -criativos-vence-o-if-social-impact-prize.html. Indicação para Acessar 126 referências ABNT. NRB 15798: Pisos de madeira: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ABNT. NRB 15799: Pisos de madeira: padronização e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. 2011. 114 f. Monografia - Curso Superior de Tecnologia em Artes Gráficas do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011. AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató- rio. São Paulo: Pini, 2012. AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000. BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994. BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CARVALHO, L. de. Fênix: móveis emergenciais. 2012. 101 f. Monografia (Bacharel em Desenho Industrial – Habilitação em Projeto do Produto) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012. ESTUQUI FILHO, C. A. A durabilidade da madeira na arquitetura sob a ação dos fatores naturais: estudo de casos em Brasília. 2006. 149 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2006. FAJARDO, E.; COLAGE, E.; JOPPERT, G. Fios e fibras. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002. FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra. Barce- lona: Editorial Gustavo Gilli, 2014. GONÇALVES, B. Análise do uso de diferentes madeiras locais em vinho tinto. 2011. 50 f. Monografia – Cur- so Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves-RS, 2011. GUBERT, M. L. Design de interiores: a padronagem como elemento compositivo no ambiente contemporâ- neo. 2011. 161 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Programa de Pós-graduação em Design, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. LEXICON, H. Dicionário de símbolos. São Paulo: Cultrix, 1998. MARÇAL, V. H. S. Uso do bambu na construção civil. 2008. 60 f. Monografia (Bacharelado em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2008. 127 referências MOIZÉS, F. A. Painéis de bambu, uso e aplicações: uma experiência didática nos cursos de Design em Bauru, São Paulo. 2007. 116 f. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2007. MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre: Bookman, 2010. MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha: Gustavo Gili, 2012. NINGUÉM, M. Permacultura. [Entrevista cedida a] Angela Gois. Spot - Boletim Acadêmico de Design de Interiores Unicesumar. 5. ed. Maringá: Unicesumar, ago./ set. 2015. PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. São Paulo: Senac, 2013. SHEPHERD, J. R. Casas pequenas: um guia para iniciantes sobre como viver com pouco. Canadá: Balbecube, 2014 SOUZA, A. P. C. C. Bambu na habitação de interesse social no Brasil. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 11, n. 12, p. 217-245, dez. 2004. NINGUÉM, M. Permacultura. [Entrevista cedida a] Angela Gois. Spot - Boletim Acadêmico de Design de Interiores Unicesumar. 5. ed. Maringá: Unicesumar, ago./ set. 2015. 07/15 Comentários não mapeados 381ariane.fabreti , A. F. B. Materiais para uma construção sustentável: o caso da cortiça. 2014. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Ciências e Tecnolo- gia da Universidade Nova de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2014. ZABALBEASCOA, A. Tudo sobre a casa. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=37&Cod=414. Acesso em: 15 maio 2019. 2 Em: http://www.mma.gov.br/component/k2/item/7654-ecodesign. Acesso em: 16 maio 2019. 3 Em: http://anpm.org.br/conquistas/. Acesso em: 17 maio 2019. 4 Em: https://pt.scribd.com/doc/307241452/Apostila-Rm. Acesso em: 17 maio 2019. 5 Em: http://marcelaborges.blogspot.com/2012/06/o-casulo-feliz.html. Acesso em: 20 maio 2019. 6 Em: http://www.abpo.org.br/?page_id=1156. Acesso em: 20 maio 2019. 7 Em: http://eco-nautas.blogspot.com/2010/02/poltronas-e-sofa-de-papelao.html.Acesso em: 20 maio 2019. 128 gabarito 1. D. 2. A. 3. C. 4. As fibras, antes somente naturais, algumas de origem vegetal e outras de origem animal, hoje podem ser artificiais químicas e artificiais sintéticas, isto é, compostas por matéria-prima natural processada industrialmente e compostas por materiais sintetizados de petróleo. O restante do exercício possui cunho criativo, porém o desenvolvimento da ambientação deverá exigir os conhecimentos acerca do material escolhido pelo(a) aluno(a). 5. D. UNIDADEIV Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Metais • Polímeros • Acrílico (PMMA) • Sustentabilidade Objetivos de Aprendizagem • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos metais. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos polímeros. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade do acrílico. • Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade. METAIS E POLÍMEROS unidade IV INTRODUÇÃO O lá, aluno(a)! Chegamos à quarta unidade do nosso livro de ma- teriais e revestimentos. Nesta parte, você estudará dois tipos de materiais: os metais e os polímeros, materiais que possuem ca- racterísticas muito diversas se comparados aos anteriores, mas ambos possuem muita beleza e aplicações no design de doença de won- vilebran interiores. O primeiro tópico trata dos metais, materiais que al- guns estudiosos acreditam ter exigido de nossos ancestrais mais raciocínio para seu uso e manuseio. Os metais são conhecidos e utilizados desde as primeiras eras dos homens, mas são materiais tão diversificados que cada momento da evolução humana revelou um diferente tipo de metal. E mes- mo quando muitos desses se apresentaram à sociedade humana, é possível perceber que, pelo nível de dificuldade de manuseio, alguns foram aplica- dos de forma bem rudimentar, até que a evolução científica despertou a capacidade e a qualidade de uso desses materiais aos nossos antepassados. O segundo tópico, diferentemente de todos seus antecessores, apre- senta um material jovem, novo para os seres humanos, cujo uso só foi possível por meio do desenvolvimento intelectual dos humanos e do desenvolvimento da tecnologia e das ciências. Chamados popularmente de plásticos, os polímeros se subdividem em categorias, e estas, por sua vez, apresentam ainda mais diversidade de tipos, classes e tratamentos ou composições. Este tópico se arranja pela separação de materiais e um desses, tido como nobre, destaca-se nesta unidade: o acrílico, um tipo de polímero muito utilizado na construção civil, e que vem surpreendendo a todos pelas qualidades e aplicações. Ao final, seguem as etapas de sustentabilidade relacionando-se aos es- tudos dos materiais, às tendências atuais, à sua aplicabilidade, além de toda a criatividade, além da questão da preocupação com o meio socioambien- tal e como os materiais se relacionam com essas questões, sugerindo uma reflexão a você sobre seu posicionamento perante as questões sociais. 134 135 DESIGN A relação estreita entre Homem e materiais se configurou tão significativa e importante, como ainda se configura, que eras diferentes da hu- manidade receberam o nome do material mais importante em cada uma delas desde a Idade da Pedra à Era dos Metais (NAVARRO, 2006, p. 2). De acordo com a autora anteriormente citada, a Era dos Metais, a partir do entendimento da Arqueo- logia, iniciou-se, aproximadamente, em 4.500 anos antes de Cristo. A evolução da humanidade possui relação com o uso e a descoberta de novos materiais, porque, com eles, as comunidades, ou tribos, conse- guiam melhores ferramentas para caça e lutas. Pos- sivelmente, os indivíduos começaram a desenvol- ver, com os metais, essas ferramentas pontiagudas e cortantes para caça e guerra e, somente depois, se tornaram materiais para uso doméstico e decorati- vo. Acredita-se que os primeiros metais manuseados pela sociedade foram o cobre e o arsênio, no entanto é de suma importância ressaltar que, ao se tratar do uso de alguns metais, deve-se considerar a dificulda- de de seu manuseio que “exige técnicas metalúrgicas complexas” (NAVARRO, 2006, p. 7), como o bronze. Entretanto, o ferro possui manipulação mais rústi- ca, podendo ser moldado a marteladas durante seu aquecimento. Portanto, a Era dos Metais possui suas subdivisões: Idade do Ferro, do Bronze e do Aço, mas, em relação à cronologia dessas épocas, existem algumas controvérsias teóricas. Metais O desenvolvimento do aço, em seu início, foi rápido no Oriente. Acredita-se, ainda, que os soldados orientais possuíam espadas de aço, denominadas “Espadas de Damasco”. Por este motivo, acredita-se que, durante as expedições ocidentais, chamadas Cruzadas, surgiu a expres- são “Não há cristão que aguente!”, pois as espa- das ocidentais eram feitas a partir do bronze, que sucumbiam diante das Espadas de Damasco. Fonte: adaptado de Navarro (2006). SAIBA MAIS Se considerarmos a definição química dos metais, compreenderemos que os metais são aqueles elemen- tos que sempre ionizarão positivamente, ou seja, são eletropositivos. Para uma definição mais adequada à área de Design de Interiores, pode-se dizer, de acor- do com Bauer (1994), que os metais se caracterizam por serem materiais sólidos (apesar da existência de exceções), duros, que apresentam coloração pratea- da, dourada ou avermelhada, com certo brilho, são opacos, manifestam certa condutibilidade térmica e elétrica e, alguns, quando aquecidos, podem ser mo- delados. No entanto, muitas vezes, quando os profis- sionais citam materiais como metais, de fato estão se referindo às ligas metálicas, que são, conforme afir- mam Farrelly e Brown (2014), combinações de ele- mentos metálicos e não metálicos realizadas, a fim de obter outros materiais, como o aço, que é uma liga metálica composta de ferro e carbono. 136 anteriores, poucos saberiam ou teriam acesso a eles, o que fez com que se tornassem produtos de altas classes sociais, principalmente o ouro e a prata, bem como o aço. O ferro é, entretanto, um metal assimilado de for- ma mais popular, por seu fácil manuseio. Ao se tratar das propriedades de cunho estético, existem varia- ções. Suas cores prateadas, douradas e avermelhadas são percebidas como muito belas. Alguns possuem muito brilho, outros destacam-se por serem foscos. Contudo com a evolução tecnológica e com a caracte- rística de serem moldáveis, os metais podem oferecer grande diversidade estética, como informam Farrelly e Brown (2014). Além de moldáveis, podem ser pren- sados, marcados, pintados, texturizados, cortados, gravados, envernizados, polidos, oxidados etc. Ao tratarmos das propriedades físicas e mecâni- cas, temos: solidez, brilho, boa condutibilidade térmi- ca e elétrica. A corrosão (ou oxidação) aparece como ponto negativo. No caso da consistência, existem os metais de muita dureza e os que se apresentam, de certa forma, como moles. Conforme afirma Ambro- zewicz (2012), a classificação de dureza para os me- tais vem do aparelho Brinell, em acordo com a ABNT. Encontrados na natureza em meio aos minérios, concentrados em jazidas, em meio às rochas, devem ser extraídos pela atividade de mineração. O autor Ambrozewicz (2012) ressalta que toda a exploração dos metais é normatizada e legalizada pelo Governo, e que nenhuma extração pode estar ativa sem a fis- calização do Ministério de Minas e Energia. A extração dos metais pode ser externa ou inter- na (no subterrâneo, isto é, na mina). Nesta etapa de mineração e extração, o metal ainda contém a con- centração de outros materiais. Na etapa de minera-ção, é necessário separar o que realmente é minério metal de outros materiais (ganga é o nome dado aos materiais desconsiderados pela indústria dos me- tais e minérios). Esta é uma etapa de purificação, feita química ou mecanicamente. De acordo com Bauer (1994), na metalurgia, os processos também são feitos para selecionar, entre os minérios, a pu- reza do metal. Se procurarmos compreender o uso dos metais no Design de Interiores, pela sua subje- tividade, podemos encontrar posicionamentos que se referem à nobreza, ao luxo e ao poder, visto que eram materiais cujo manuseio dependia de certo de- senvolvimento intelectual e, desta forma, em tempos 137 DESIGN Ambrozewicz (2012) informa que o metal mais uti- lizado na construção civil é o aço que, combinado com o concreto, é utilizado nas estruturas das edifi- cações. Entretanto, no que tange ao design de inte- riores, existe certa diversidade em sua indicação de uso, pois relaciona-se com as tendências estéticas no mercado de consumo, ou seja, os tipos de metais em destaque oscilam entre si durante os tempos, sendo que, atualmente, tem-se o uso em alta do “cobre”, ou da aparência do “cobre”. Em relação às suas aplicações, cita-se o uso de metais em revestimentos de parede, forro, piso, fer- ragens diversas, esquadrias, guarnições, mobiliários, acabamentos e acessórios para banheiro e cozinha. Apresentam-se também na indústria da refrigeração, em utensílios domésticos, decorativos e produtos di- versos. Vejamos agora, caro(a) aluno(a), alguns tipos de metais comumente utilizados nas ambientações. O ALUMÍNIO Normalmente, é utilizado compondo diversas ligas, pois é um metal relativamente macio, porém mui- to leve e com boas propriedades mecânicas. Possui ótima condutibilidade térmica e elétrica, é de fácil moldagem, mas de difícil soldagem. É importante ressaltar que o alumínio é resistente a altas e baixas temperaturas por possuir um ponto de fusão eleva- do e não ser frágil sob resfriamento. Sua coloração é prata claro, mas aceita diferentes tonalidades. No mercado, é utilizado em lâminas, extrudado ou, ain- da, em fios de alumínio ou em barras. A ferrugem é o que conhecemos como a cor- rosão do ferro. A corrosão ou oxidação é um fenômeno que ocorre quando o material, em contato com os gases da atmosfera ambiente, transforma-se com reações químicas, pro- duzindo outro tipo de matéria – neste caso, ,o que chamamos ferrugem ou óxido férrico hidratado. Fonte: adaptado de Bauer (1994). SAIBA MAIS Figura 1 - Ferrugem 138 Combinado a outros metais, constitui uma va- riedade de ligas. As propriedades dessas possuem relação com os materiais que são adicionados ao alumínio. Sobre o seu acabamento, pode ser poli- do, lustrado ou pintado. Também pode ser alterado, apresentando texturas como o martelado, o acetina- do ou o mate (feito com jatos de areia). Para limpeza, indica-se lavagem simples, pode ser tratado quimica- mente para, por exemplo, aumentar a sua proteção. Entre os seus pontos positivos, temos a questão da reciclagem, pois, de acordo com a Associação Brasileira do Alumínio, o material pode ser recicla- do infinitamente, sem perder as suas propriedades físico-químicas. O COBRE De acordo com a Associação Internacional do Co- bre – a Procobre ([2019], on-line)1, o metal era cha- mado pelos romanos de Aes Cryprium, ou o metal da ilha de Chipre, por ser o local de sua extração. Conforme afirma Bauer (1994), no aspecto estético, sua coloração avermelhada chama muito a atenção. No entanto, a sua exposição à atmosfera ambiente, potencializada pela umidade, acarreta o desenvolvi- mento do azinhavre, substância tóxica que, se inge- rida em excesso, causa transtornos à saúde. Como o cobre é um dos materiais usados, desde sua descoberta, também como utensílio doméstico e está em contato com alimentos, a Anvisa, pela RDC 20, de 22 de março de 2007, o classificou como um contaminante alimentício, e as suas impurezas não devem somar mais 1% nos materiais de manuseio de alimentos (ANVISA, 2007, on-line)2. O duralumínio é uma liga de alumínio que se constitui de 3% de cobre, 1% de manganês e 0,5% de magnésio. Essa liga pode substituir o aço em diversas situações. Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). SAIBA MAIS A Anvisa é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, instituição que regulariza todos os setores que podem, de alguma forma, afetar a saúde da população. A partir de estudos, debates e pesquisas, a Diretoria Colegiada de- senvolve e apresenta Resoluções que definem normas e regras sobre diversos assuntos. Fonte: adaptado de Anvisa ([2019], on-line)3. SAIBA MAIS O CHUMBO E O ESTANHO De acordo com Bauer (1994), o chumbo é um ma- terial cinza-azulado que, exposto à atmosfera am- biente, produz, por meio de reações químicas, uma substância considerada tóxica. Portanto, não é acon- selhável o seu uso que, no passado, era abundante em instalações hidráulicas, em coberturas e até em tintas. O estanho é o metal que substitui o chumbo nestas aplicações, sendo um material bem maleável e de coloração branco-acinzentada. Dentre as suas diversas propriedades, o cobre pos- sui grande condutividade. Por isso é, hoje, o metal mais aplicado em instalações elétricas, facilmente 139 DESIGN fundido ou colado, apresentando ótima condutibi- lidade térmica, podendo, portanto, ser utilizado em aquecedor e ar-condicionado. De acordo com Bauer (1994), é importante apontar que o cobre também pode ser combinado com outros materiais e metais para formar ligas diversas. A Procobre ([2019], on-line)1 também informa que o cobre é um material naturalmente antibacte- riano e, portanto, deve ser aplicado em utensílios e acessórios em locais da área da saúde, como hospi- tais e clínicas. O FERRO Muitos defendem a hipótese de que o homem descobriu o ferro no Período Neolítico (Idade da Pedra Polida), por volta de 6.000 a 4.000 anos a.C. Ele teria surgido por acaso, quando pedras de minério de ferro usadas para prote- ger uma fogueira, após aquecidas, se transfor- maram em bolinhas brilhantes. O fenômeno, hoje, é facilmente explicável: o calor da fogueira havia derretido e quebrado as pedras (INSTI- TUTO AÇO BRASIL, [2019], on-line)4. “O bronze é uma liga de 85 a 95% de cobre e 15 a 5% de estanho. Tem grande dureza [...] é usado na construção de ferragens e ornatos” (BAUER, 1994, p. 612). Este autor também apresenta o latão: uma liga de cobre, porém com zinco, que possui grande uso na construção por ser muito resistente. Fonte: adaptado de Bauer (1994, p. 612). SAIBA MAIS Figura 2 - Estátua de bronze de Mahatma Gandhi O ferro é o metal mais aplicado na construção civil. Pode ser usado puro ou em ligas e possui muita re- sistência. Foi um material conhecido por diversos povos antigos, como os egípcios, assírios e babilô- nicos, e também os povos americanos. De acordo com Bauer (1994), o ferro pode ser aplicado em vigas, coberturas, painéis e esquadrias, podendo também ser usado em reforços, por exem- plo, no concreto armado. Normalmente, possui cor cinza, mas pode ser amarelado, preto ou pardo, de- pendendo de sua composição mineral. É a partir 140 do ferro que se obtém o aço – quando o ferro está fundido e o seu teor de carbono for de 0,2%. Sobre as suas propriedades, de forma geral, é um material muito resistente, possui boa condutibilidade térmica e grande resistência mecânica. É pesado, pode apre- sentar um certo brilho. Geralmente, possui grande resistência a impacto. Sobre a questão da corrosão, o ferro e o aço são altamente corrosivos, porém, como ponto positivo, ambos possuem muita diversidade em suas composições e em desenvolvimento de li- gas. Folha de Flandres é a lata, uma chapafina de aço com as faces cobertas levemente por estanho, que protege da corrosão, e a “chapa galvanizada é uma chapa fina de aço revestida com zinco”. Fonte: adaptado de Bauer (1994, p. 644). SAIBA MAIS Aço Inoxidável O aço inox nada mais é que um aço com maior re- sistência à corrosão. Bauer (1994) informa que, para melhor qualidade, deve-se manter a composição de liga de aço e cromo em 18%, em 9% de níquel, e me- nos de 0,15% de carbono. A Abinox – Associação Brasileira de Aço Inoxi- dável ([2019], on-line)5 informa que, para a limpeza de peças em inox, deve-se utilizar apenas sabão e de- tergentes neutros suaves, sempre com pano macio, e não utilizar a palha de aço. Sua aplicação em design de interiores e áreas afins é grandiosa, desde revestimentos externos (fa- chadas) até estruturas e acabamentos diversos, como corrimão, bancos, aparadores e mobiliários, princi- palmente na área de manuseio alimentício, pois o material possui baixa porosidade e tem facilidade de limpeza, evitando, assim, o acúmulo de sujeiras e a proliferação de bactérias e fungos. 141 DESIGN Aço Corten Este material se constitui com a adição de elementos como o cobre e o fósforo. Faz parte da classificação dos aços de baixa liga, que, como informa Bauer (1994, p. 233), são “ligas contendo menos de 8% de elementos de liga”, isto é, esta mistura entre elemen- tos metais e não metais. Também denominado aço patinável, esse material possui como qualidade alta resistência mecânica, por- tanto, é o material utilizado na fabricação de vagões de carga ou de container marítimos. Paula e Tibúrcio (2012) afirmam que esse tipo de aço possui melhorias que evitam a corrosão e também é reciclável, podendo voltar à siderúrgica para ser reprocessado. De acordo com Ferraz (2003), na questão esté- tica, o material apresenta coloração avermelhada, pois, em contato com a atmosfera, produz a pátina, que é justamente a proteção contra a corrosão, e que apresenta essa coloração, por muitos definida como marrom escuro. Atualmente, no mercado de consumo, as caracte- rísticas estéticas desse material sofrem elevada valo- rização, junto com os conceitos de reciclagem e reu- tilização como pontos positivos ao meio ambiente. É comum, portanto, encontrar diversos materiais que imitam o aspecto estético do aço corten para varia- dos tipos de aplicações, como revestimentos de pare- des, painéis, tampos de mesas e outros. Entretanto, o conceito inicial do uso desse material era evitar o descarte desnecessário dos vagões de trem e, a partir da consciência ambiental, repaginar o seu uso. 142 Os polímeros são mais conhecidos como plásticos; entretanto, o termo “plástico” também é um subs- tantivo que significa a propriedade de plasticidade dos materiais. De acordo com Bauer (1994), isso significa a possibilidade de um material mudar sua forma quando atingido por uma força de tensão sem se romper, como é o caso da argila, lembra-se? Por- tanto, Morris (2010) sugere que é “mais correto re- ferir-se aos plásticos como polímeros: o termo que descreve materiais que possuem repetidas cadeias de moléculas” (MORRIS, 2010, p. 115). Os polímeros podem ter origem natural (por exemplo, a borracha) ou artificial (como o silico- ne) e são subdivididos em termofixos, termoplásti- cos e elastômeros. De acordo com Farrelly e Brown (2014), esta subdivisão relaciona-se com a moldabi- lidade e o aquecimento desses materiais. Quando termofixos, esses polímeros aquecidos podem ser moldados, porém, assim que resfriados, não poderão sofrer o tratamento novamente, dife- rente dos polímeros termoplásticos, que podem ser aquecidos e moldados diversas vezes. Por fim, con- forme afirma Bauer (1994), os elastômeros são os polímeros que possuem grande elasticidade, como as borrachas. O autor apresenta como exemplos de termoplásticos, termofixos e elastômeros, respecti- Polímeros 143 DESIGN vamente, o polietileno, o poliéster e o polisiloxano (silicone), e afirma que suas principais qualidades são a leveza, o isolamento elétrico, a possibilidade de receber pintura, o baixo custo, a facilidade de manuseio e a produção adequada à produção em série, além do fato de não apresentarem corrosão. Em contrapartida, suas principais desvantagens são a fraca resistência mecânica de alguns polímeros e sua fraca resistência às intempéries, ou seja, suas propriedades físico-químicas são inferiores às dos materiais naturais, além de serem materiais que encontram dificuldades na reciclagem, não sendo decompostos facilmente na natureza. Ambrozewicz (2012) ressalta que, atualmente, existem diversos estudos, e muitos desses materiais já evoluíram muito. A ciência e a tecnologia estão perseverantes em continuar o melhoramento deles, inclusive no que tange à sua reciclagem. Engana-se, porém, aquele que imagina que os polímeros são materiais muito jovens. Eles vêm sendo criados e aperfeiçoados desde 1869, data da existência do ce- luloide, descoberto em um concurso de pesquisa de materiais sintéticos. Conforme afirma Bauer (1994), para o emprego em grande escala, como aconteceu nas décadas de 50 e 60, a evolução dos polímeros se deu por meio da Segunda Guerra Mundial. Em relação à sua propriedade subjetiva, essa grande utilização dos polímeros nas décadas após a Segunda Guerra Mundial, de certa forma, acarretou, nas gerações posteriores, certa desconfiança e des- valorização do material por diversos motivos, tais como as suas qualidades ainda inferiores aos tradi- cionais da época, a especificação errônea do produto e do seu uso e a falta de conhecimento sobre sua ma- nutenção. Estes foram motivos que promoveram a desvalorização dos conhecidos “plásticos”, que assu- miram a posição de materiais vulgares ou inferiores. Farrelly e Brown (2014, p. 25) acrescentam que os plásticos, nas décadas de 60 e 70, [...] estavam disponíveis para todos e eram fá- ceis de substituir (descartáveis), o que corres- pondia à estética pop e ao desejo dos consumi- dores pelo novo – uma condição perniciosa que ainda prevalece em muitas sociedades. Ainda hoje é possível perceber indivíduos que os relacionem a essas questões. O importante é conhe- cer e saber como utilizar o material em suas funções corretas para apresentar ao usuário o melhor para o seu projeto. Ao tratar das características dos polímeros para, por exemplo, os mobiliários, deve-se enfatizar que “os móveis plásticos quase sempre consistem em uma peça única sem juntas ou conexões” (BINGGELI; CHING, 2013, p. 322). Isto é possível porque o material é mol- dável, dando aparência de unicidade ao produto e, ao mesmo tempo, facilitando sua produção em série. Esta característica atraiu muitos designers e profissionais da área, pois o desafio era criar produtos ou móveis que seriam desenvolvidos completamente por uma só peça. Desta forma, Cardoso, Pozzi e Curtis (2014), apresentam-nos a Cadeira Panton, que foi: A primeira cadeira produzida em série com material polímero foi a denominada Concha, projetada por Charles e Ray Eames, na década de 50. Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). SAIBA MAIS 144 [...] projetada pelo designer dinamarquês Ver- ner Panton entre 1960 e 1967. Trata-se de uma cadeira “empilhável” de plástico; a primeira a ser injetada num único molde. Esta cadeira exótica, produzida em várias cores vivas, tor- nou-se um ícone na década de 60 (CARDOSO; POZZI; CURTIS, 2014, p. 9). Em meio aos pontos positivos e negativos do ad- vento dos polímeros, o que devemos compreender é que o avanço tecnológico é real e, com isso, há o nascimento de novas opções de materiais. Ao de- signer de interiores, cabe compreender ao máximo suas características e como aplicá-las aos projetosde forma que acarrete, em suas possibilidades, um uso responsável, sendo, assim, ético para o usuário e, também, para o meio ambiente. Sobretudo, é certo ressaltar que existe uma gran- de diversidade de polímeros no mercado de consu- mo e que o(a) profissional deve estar atento(a) às suas características, propriedades e aplicações. Veja- mos, a seguir, alguns dos polímeros mais utilizados na área da construção civil: CLORETO DE POLIVINILA (PVC) Bauer (1994) ressalta que o PVC possui baixo cus- to, facilidade de manuseio, imunidade à ferrugem e que, por isso, é mais indicado para o uso em tubula- ções de água, esgoto e eletricidade, chuveiros, sifões e junções, sendo também aplicado como coberturas. As conhecidas telhas de plástico (materiais que estão melhorando graças às pesquisas em laboratórios) ati- va são usadas como alternativa à telha de vidro, para oferecer luminosidade natural, podem apresentar co- lorações diversas, serem translúcidas ou opacas. Os revestimentos para pisos de PVC, ou como co- nhecidos comercialmente, piso/mantas vinílicas, hoje estão em alta. São desenvolvidos com muita tecnolo- gia e superior qualidade, podem ser aplicados em di- versas áreas, como comerciais e até hospitalares. Azeredo (2000) também informa que essas man- tas ou laminados podem possuir ou não estampas. A base, isto é, o contrapiso, deve estar em boas condi- ções, com nivelamento correto e sem umidade. Caso Figura 3 - Cadeira Panton 145 DESIGN a aplicação seja piso sobre piso, os não indicados são: cimento queimado (a menos que seja preparado para a recepção do novo piso), pisos de madeira e de pedra ou de cerâmica que apresentem juntas muito largas. A instalação, normalmente, é feita por adesivo. As informações comerciais também afirmam que esse material pode ser encontrado em placas. Os maiores benefícios apontados sobre o piso vinílico são manu- tenção baixa, higienização e durabilidade altas. em placas. De acordo com Ambrozewicz (2012), seu corte é facilitado por aquecimento do material cor- tante, e o método utilizado pela indústria é aquecer um fio a 150 ºC e utilizá-lo como o material cortante. Bauer (1994) afirma que o material é muito leve, e, por esse motivo, é indicado para pisos flutuantes, para o “recheio” de divisórias, forros e ambientes que necessitem de isolamento térmico e acústico (já para essas características, o material deve possuir, em espessura, mais que 20 mm). Fiberglass (PRFV) Fibras de vidro somadas a algum tipo de polímero, como o poliéster, ou algum tipo de epóxi ou melamina, tão nobre quanto o aço inox, mas com resistência da chapa de aço. Afirma Ambrozewicz (2012) que seu uso é grande em painéis de vedação, paredes divisórias e alguns equipamentos, mas que podem desenvolver di- versos mobiliários, tampos de mesas, pias, bancos e até piscinas, que são produzidas com o PRFV (plástico re- forçado com fibra de vidro), e muitos outros produtos. Além das características apontadas anteriormente, o autor Bauer (1994) ressalta que o material é muito leve e de fácil moldagem. Existem previsões de que, futuramente, esse material possa ser o mais utilizado no desenvolvimento de edificações na construção civil. As normas da ABNT para estes materiais são a NBR 14.917: Revestimentos resilientes para pisos - Manta (rolo) ou placa (régua) vinílica flexível homogênea ou heterogênea em PVC, e a NBR 7374: Placa vinílica semiflexível para revestimento de pisos e paredes. Fonte: a autora. SAIBA MAIS POLIESTIRENO Em relação à estética, oferece superfícies brilhantes e polidas, mas não é muito resistente ao calor e, como possui pouca flexibilidade, torna-se quebradiço. Esse material é aplicado em luminárias e elementos de ilu- minação de menor custo. No entanto, conforme afir- ma Ambrozewicz (2012), já existe o poliestireno de alto impacto, usado para algumas conexões sanitárias, para desenvolvimento de alguns mobiliários, como bancos ou armários, ou ainda, assentos sanitários. Poliestireno Expandido Muito conhecido pelo nome de sua marca, o isopor (ou poliestireno expandido) é um material muito ver- sátil. Composto de esferas comprimidas em um mol- de, apresenta-se em blocos, que podem ser cortados 146 O acrílico despontou como um dos materiais do futuro que representa essa face da sociedade inova- dora que rompe com o passado. É interessante ob- servar o discurso acerca do material; Santos e Pedro (2010) expõem, em seu estudo, uma matéria da re- vista “Casa e Jardim” do ano de 1972, que apresen- tava a reportagem intitulada “Apresentamos a moda transparente: acrílico”. As autoras acrescentam que a revista “classifica este material como jovem, des- contraído e versátil” (SANTOS; PEDRO, 2010, p. 5). De fato, esta é a reação dos indivíduos ao material. O acrílico possui forte apelo ao novo, atual, jovem e, com sua aplicação em diversos móveis assinados por profissionais famosos, é o material em destaque no mundo pop, como exemplo, a Cadeira Bolha de Aero Aarnio, a Cadeira Eames Eiffel, desenvolvida por Charmes e Ray Eames, e muitos outros. Os acrílicos também são apontados pelo estu- dioso Ambrozewicz (2012) como um tipo de polí- mero nobre, que possui semelhanças, na aparência, com o vidro, inclusive com algumas qualidades óti- cas. Podem ser denominados acrílicos ou plexiglass, e seu nome científico é poli (metacrilato de metila). O Indac – Instituto Nacional para o Desenvol- Acrílico (PMMA) 147 DESIGN vimento do Acrílico ([2019], on-line)6 afirma que o material é conhecido desde o ano de 1843, mas que apenas em 1901 iniciou a sua expansão no merca- do de consumo. Em relação às suas características, o Instituto ressalta que chega até a 92% de transmissão da luz, sendo um material duro, rígido e resistente (à radiação UV, às intempéries, a químicos - limitado aos solventes). No entanto, não é resistente ao álco- ol, mas possui excelente moldabilidade. Apresenta-se em muitas opções de cores: trans- parentes, translúcidas ou opacas e, apesar de ser um material inflamável, possui baixa emissão de fuma- ça, além de ser atóxico. Ao se tratar de resistência à abrasão, o acrílico é fraco, mas o material pode ser recuperado facilmente por polimento. Por fim, é seguro por não ser tão cortante como o vidro e seu índice de absorção de água é baixo, cer- ca de 2%, com aumento dimensional de, no máximo, 0,35%. zir a iluminação para suas bordas, acendendo-as (de- pendendo das características tanto do produto acríli- co quanto da iluminação), gerando um efeito muito bonito em suas peças. Por isso, é muito utilizado em totens empresariais de mesa e outros, tanto que Se- gura (2010) afirma que “muitos trabalhos vêm sen- do realizados utilizando o PMMA como guia de luz” (SEGURA, 2010, p. 22). As normas da Associação Brasileira de Nor- mas e Técnicas (ABNT) possuem as NBR ISO 7823-1 e 7823-2, informando os tipos, dimen- sões e características das chapas de acrílico fundidas e extrudadas. Fonte: adaptado de Indac ([2019], on-line)6. SAIBA MAIS Ainda de acordo com o Indac, o acrílico pode ser co- mercializado em chapas, em grânulos ou em pó. Pos- sui garantia de dez anos, caso o material adquirido es- teja de acordo com as normas de qualidade. Pode ser tratado durante o seu processamento, e esses materiais tratados se diferenciam para aplicação específica. Outra característica interessante apontada pelo Instituto é a iluminação. O acrílico consegue condu- 148 Em relação à sua aplicação no design de interio- res, há muita diversidade. Pode ser utilizado como divisórias de ambientes, mobiliários diversos, uten- sílios domésticos, decorativos, forros, luminárias, além de ser utilizado como letreiros. São muitas as opções, e o uso pode seramplo, dependendo da cria- tividade do(a) designer de interiores. O ACRÍLICO E A ACÚSTICA O Indac informa que barreiras de acrílico chegam a reduzir até 60% de ruídos e que, por esse motivo, são aplicadas até em barreiras para rodovias com o intui- to de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que moram em suas proximidades. No entanto, é im- portante, para esse resultado, atentar-se às espessuras, que devem ser de 10 mm e 15 mm quinze milímetros, com alturas de até 4 m. Elas podem ser constituídas de outros materiais, como fixação e barra em metal. Além do uso como barreiras em rodovias, também é indicado seu uso em igrejas, escolas e até em estádios esportivos, isto é, locais onde há grande ruído. De acordo com Ferreira Neto e Bertoli (2002), as barreiras de acrílico já são aplicadas em ambientes in- ternos, como estúdios de gravação, e também nos am- bientes externos. As autoras afirmam que o acrílico é também uma ótima escolha estética, “[...] por ser trans- parente e, portanto, permitir ao receptor visualizar a fonte sonora” (FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p. 138). Neste estudo, elas ressaltaram a surpresa nos expe- rimentos práticos em barreiras sonoras com o acrílico, em comparação com o concreto, ressaltando que o: [...] acrílico superou em 4,9 dB a barreira de concreto. Nas frequências mais baixas, isto é, inferiores a 250 Hz, o desempenho da barrei- ra de acrílico superou significativamente o de- sempenho da barreira de concreto (FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p. 138). As autoras, que compararam três materiais como barrei- ras sonoras – o acrílico, a madeira e o concreto – conclu- íram que a madeira possui um desempenho mais bai- xo que os outros dois materiais. O concreto acaba por apresentar a melhor eficiência, e o acrílico apresenta boa atenuação dos ruídos, mas, por ser transparente (não bloquear a visão) enquanto oferece a redução sonora, é, muitas vezes, sendo a melhor opção. O ACRÍLICO E A ILUMINAÇÃO Como afirmado anteriormente, o acrílico possui al- gumas características interessantes para seu uso em iluminação. O Instituto Nacional para o Desenvol- vimento do Acrílico informa que o material apre- senta inúmeras vantagens, como resistência térmica, alta estabilização contra raios ultravioleta e excelen- te transparência, podendo também ser trabalhado com níveis de transparência/opacidade. Outra pos- sibilidade interessante são as superfícies texturiza- das e os desenhos que podem ser feitos no material. 149 DESIGN Além disso, o(a) designer de interiores possui a liberdade de trabalhar com qualquer tipo de lâmpa- da, apenas respeitando a distância entre ela e o mate- rial. De acordo com o site do Indac (2015, on-line)7, as chapas acrílicas de qualidade resistem até 80 ºC. Outras características que devem ser ressaltadas são a leveza, a diversidade de cores e a maleabilidade do material, pontos positivos para o desenvolvimento criativo do(a) designer, não deixando de reafirmar que o acrílico tem a capacidade de conduzir a luz, diminuindo, assim, o consumo elétrico. Ainda de acordo com o Indac (2015, on-line)7, se- guem os benefícios que o acrílico oferece para a área de iluminação: mais leve que o vidro, mais seguro, porque sua quebra não provoca estilhaços, e é mais resistente. Nas chapas denominadas cristais, possuem transparência altíssima que independe da espessura do material. Se polidas adequadamente, suas bordas se iluminam. Além disso possuem durabilidade, re- sistem às intempéries e aos raios ultravioletas e, quan- do bem mantido, sua transparência pode durar até dez anos e os seus riscos podem ser removidos. Antes de concluir o estudo deste material, ca- ro(a) aluno(a), o Instituto Nacional para Desenvol- vimento do Acrílico informa que deve haver muito cuidado na hora de sua especificação e, principal- mente, o(a) profissional deve buscar informações acerca do seu fornecedor, pois muitos materiais pos- suem semelhanças e podem ser confundidos com o acrílico, como o poliestireno, de menor qualidade e também de menor custo. Não se trata de criar mais uma cadeira, mas sim, de pensar em quem vai usá-la, onde, qual material idôneo para reduzir o impacto socioambiental, logística, seus usos e seus fins, para que, depois de ser cadeira, passe a ser outra coisa, útil para a pessoa, ou para outras pessoas. Fonte: (Victor F. Megido) REFLITA 150 Quantas toneladas exportamos De ferro? Quantas lágrimas disfarçamos Sem berro? “Lira Itabirana” - Carlos Drummond de Andra- de O excerto anterior é do famoso poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, nascido na cidade de Itabira, Minas Gerais, onde nasceu a Vale do Rio Doce, empresa brasileira de mineração. Cançado (2006) afirma que o antigo pico do Cauê, de onde se iniciou a extração do ferro na cidade, era vis- to pelo poeta como símbolo de alucinação “de um mundo um pouco fora dos gonzos” (CANÇADO, 2006, p. 36). Isto nos leva a refletir como uma atividade de extração pode ser maléfica para uma comunidade. Mesmo quando existe expectativa de melhoria de vida, a atividade de mineração é posta em dúvida pelo poeta nas frases “Quantas lágrimas disfarça- mos/Sem berro?”. Esta questão encontra-se, no seio da sustentabilidade, como a caracterítica negativa de uma atividade em seu meio socioambiental. Como vimos já na primeira unidade deste li- vro, na qual citamos o autor Moxon (2012), quan- do nos referimos ao uso das pedras como mate- riais para a construção civil, a extração é, sim, uma atividade nociva ao meio. Ela descaracteriza o ambiente dos seres que ali vivem, causando, en- tre outras consequências, diminuição do habitat, alterações na cadeia alimentar, alteração da pai- sagem local, retirada e até extinção dos animais e seres vivos daquele ambiente que sofre a agressão. Além disso, a atividade mineradora em si é muito nociva à saúde dos seres humanos que trabalham neste nicho, pois eles estão em contato direto com poeiras e gases que podem ser tóxicos, ou, em ca- Sustentabilidade 151 DESIGN sos de jazidas em minas, correm o risco real de desabamentos. O uso de explosivos é outro fator a ser considerado quando se trata da saúde dos mi- neiros – neste caso, “trabalhadores da mineração”. Outro ponto levantado pelo estudioso Moxon (2012) é que os metais também provêm de matéria finita, pois subentende-se que há um desenvolvi- mento natural muito lento e, neste caso, não se com- para o seu desenvolvimento natural com a rapidez da sua extração/de seu uso pela sociedade moderna, o que, provavelmente, acarretará no esgotamento desses materiais. No mais, há de se considerar toda a energia e água incorporadas que são gastas no trans- porte e processamento desses materiais. Portanto, a extração dos metais, advinda dos minérios encon- trados em jazidas, é uma atividade que caminha contra os conceitos de sustentabilidade. Entretanto, é interessante pensar que esses materiais, uma vez usados corretamente, são de muita qualidade (supe- riores, às vezes, aos artificiais) e, portanto, podem ter um ponto positivo: sua vida útil longa que, de certa forma, evita o consumismo exagerado e torna desnecessário o desenvolvimento de outros produ- tos para substituí-lo. O autor também ressalta a questão da recicla- gem, a maioria das informações comerciais de em- presas de venda desses materiais afirma que são recicláveis e que, portanto, estão de acordo com a questão da sustentabilidade. No entanto, não são todos os materiais que efetivamente são re- cicláveis, e mesmo que sejam, nem todo material reciclado se enquadra na sustentabilidade, tendo em vista que alguns necessitam de grande energia incorporada para o processo de reciclagem, como é o caso do alumínio, gerando um gasto alto tan- to de energiaquanto de água, ou ainda, gerando muito resíduo, fazendo com que o material perca seu valor sustentável. 152 Em relação aos metais, Moxon (2012, p. 102) é direto: O metal tem energia incorporada muito mais elevada que o vidro – em especial no caso do alumínio virgem – e depende de recursos não renováveis. Os metais reciclados reduzem a energia incorporada e conservam materiais brutos. O processo de manufatura é extrema- mente poluente, mas o produto final é durável e não tóxico. Tome cuidado com acabamentos cromados, pois sua manufatura explora recur- sos naturais escassos e gera resíduos tóxicos. Ao se tratar dos polímeros, seus maiores pontos negativos relacionam-se aos resíduos, uma vez que esses materiais não se decompõem facilmente na natureza. Dessa forma, nos aterros, é muito comum encontrar pilhas desses materiais, além disso, ao se decomporem lentamente, os polímeros liberam, no meio ambiente, gases que podem ser nocivos aos seres vivos e à atmosfera. Este dado torna-se alar- mante ao ser adicionado ao consumismo desenfre- ado desta geração. No entanto, é possível diminuir esses pontos negativos especificando materiais po- límeros não virgens, ou seja, materiais reciclados. Os plásticos usam petróleo não renovável, deman- dam um processo de fabricação poluente, emitem substâncias químicas tóxicas e produzem resíduos de longo prazo. O plástico reciclado envolve algu- mas dessas questões (MOXON, 2012, p. 106). É importante destacar que a reciclagem dos polí- meros também não é fácil. Existem muitos tipos de polímeros, de propriedades diversas, o que faz ne- cessário uma reciclagem separada, e essa é uma das dificuldades encontradas em tal processo. Apesar disso, conforme afirma Moxon (2012), já estão no mercado produtos de polímeros reciclados, como diversos tipos de mobiliários e, até mesmo, tecidos de garrafas PET recicladas ou mesmo de náilon, po- liéster e borracha reciclados. I O Rio? É doce. A Vale? Amarga. Ai, antes fosse Mais leve a carga. II Entre estatais E multinacionais, Quantos ais! III A dívida interna. A dívida externa A dívida eterna. IV Quantas toneladas exportamos De ferro? Quantas lágrimas disfarçamos Sem berro? (Carlos Drummond de Andrade - “Lira Itabirana”). 153 DESIGN 154 C aro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade, concluindo a penúltima uni- dade deste livro. Nesta etapa, adquirimos diversas informações acerca dos me- tais e dos polímeros, além de compreendermos a questão da sustentabilidade para esses materiais, ao visualizá-los tomando vida em projetos e produtos. Os metais nos surpreenderam por participarem tão próximos de nossa evolução intelectual, tão importantes que concedem seus “nomes” para a especificação ou a classificação de algumas das nossas “eras” ou períodos ou momentos históricos. São variados materiais, com diferentes aplicações, processamentos e formas de extração que possuem uma beleza única em sua coloração e em seu brilho singulares. Com- preendemos que são materiais de extrema resistência e que possuem ampla aplicação na construção civil. Os polímeros, os jovens materiais, frutos da evolução da ciência e da tecnologia, são materiais apaixonantes, graças às características que se assemelham ao vidro. Ao mesmo tempo em que são leves, moldáveis e mais seguros, possibilitaram aos desig- ners da época o desafio de criar produtos inteiriços – um salto para o design, para a criatividade. Em contrapartida, carregam para si toda a simbologia de uma época de capitalismo e consumismo crescentes, e sem consciência dos futuros problemas ambientais que seriam acarretados por toda a Revolução. Na questão da sustentabilidade, você pode visualizar os problemas existentes em relação ao meio socioambiental desses dois materiais e como acarretam modifica- ções e problemas para o meio que os cerca. considerações finais 155 atividades de estudo 1. Em relação aos metais estudados nessa unida- de, leia e assinale a afirmativa correta: a) O chumbo é um material muito utilizado em tubulações de água e esgoto. Foi o substituto do estanho, material com muita resistência, po- rém tóxico. b) O alumínio é um material muito atraente, que possui coloração cinza claro e, polido, possui um brilho único. O seu ponto negativo é que não possui resistência às altas e baixas tem- peraturas. c) O duralumínio é um material desenvolvido com adição, em sua composição, de outros materiais, como o cobre e o manganês. Por isso, é denominado liga. d) O cobre e o aço corten são o mesmo material. Possuem cor avermelhada causada por uma ferrugem chamada pátina, além de apresenta- rem ótima resistência, sendo muito utilizados em projetos sustentáveis por serem recicláveis. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 2. De acordo com os dados da unidade, em rela- ção aos materiais e à sustentabilidade, analise as seguintes afirmativas. I. Um dos maiores problemas dos metais em re- lação à sustentabilidade é que a sua extração é nociva ao meio ambiente. PORÉM II. Será sempre melhor o(a) designer de interio- res especificar os metais do que especificar os polímeros, porque esses não são materiais recicláveis. Assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadei- ras, e a II é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 3. Como você, em atendimento, argumenta o uso dos metais e dos polímeros em seu projeto para um usuário que o(a) questiona sobre as questões ambientais? 4. Sobre os polímeros, considere as afirmações a seguir: I. São divididos em três categorias: termoplásti- cos, termofixos e elastômeros. II. Os elastômeros podem ter origem vegetal ou sintética, respectivamente, a borracha e o si- licone. III. A forma correta da denominação dos plásti- cos é polímeros, visto que plásticos podem também se referir aos materiais que possuem alguma característica da plasticidade. IV. Os elastômeros podem ter origem mineral ou sintética, respectivamente, a borracha e o si- licone. V. São divididos em quatro categorias: termo- plásticos, termofixos, elastômeros e plásticos. De acordo com o exposto, assinale a alternati- va correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Todas estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 5. Explique o que é o acrílico e responda: em re- lação ao uso do acrílico e do vidro, quais são as questões que podem ser levantadas no brie- fing que direcionarão o uso de um ou outro material no projeto? 156 LEITURA COMPLEMENTAR Caro(a) aluno(a), segue, nesta leitura complementar, o resumo de um artigo que estuda as possibilidades do container na habitação. Esse produto, inicialmente desenvolvido para exercer outra função, virou uma alternativa para a Engenharia Civil e para Arquitetura, como edificação de ambientes não só residenciais, mas também comerciais e temporários. Para o(a) profissional do Design de Interiores, é interessante conhecer e se aprofundar nesse novo objeto de trabalho, edificações que não são de alvenaria e que constituem uma possibilidade real de trabalho em ambientação. Para continuar a leitura, você poderá encontrar o endereço para acesso ao restante do material nas referências bibliográficas. CONTAINERS: A NOVA ERA DAS EDIFICAÇÕES O setor da construção civil apresenta-se em constante evolução, principalmente no que se refere à satisfação das necessidades da populaçãoe, atualmente, sem prejudicar o meio ambiente. Desta forma, torna-se crucial que todas as atividades antrópicas sejam repensa- das e correlacionadas à sustentabilidade, diminuição na geração de resíduos, preservação ambiental e às novas alternativas de construção que racionem o uso da água e o consumo de energia, por exemplo. Neste contexto, existem diversas alternativas possíveis de serem aplicadas na construção civil – uma delas é a edificação em containers. Os containers são reservatórios de metal, de grandes dimensões, normalmente usados para o transporte de carga, por isso, muito resistentes. O descarte desses equipamentos não biodegradáveis contribui para uma poluição ambiental, sendo assim, sua reutilização torna-se importante. Assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar uma proposta de “casa-container”, a 157 LEITURA COMPLEMENTAR qual trata-se de um método alternativo de edificação para habitações, oferecendo abrigo de forma sustentável, ao passo em que se reaproveitam containers que porventura seriam descartados. O uso de containers em edificações permite a redução nos custos de obra, proporciona economia no tempo de execução, além de um belo e moderno design. O preço geralmente apresenta-se acessível, e além de ser resistente ao intemperismo, possui como principal vantagem a baixa geração de resíduos sólidos da construção e demolição – RCDs durante a execução da obra, proporcionando, portanto, um baixo impacto ambiental. São evidentes os inúmeros benefícios da transferência de casas convencionais para as de con- tainers, porém, existem cuidados a serem tomados. O consumidor deve estar ciente da origem do equipamento, e se assegurar que o mesmo não foi usado para transporte de produtos tóxicos, que possam prejudicar a saúde, sobretudo, é importante que eles sejam devidamente higienizados. As despesas para a operação custam por volta de R$1.500,00/ m2 de construção – inclusos cortes para adaptações nos containers, projeto hidráulico, revestimento interno para conforto térmico, instalações elétricas e assentamento de piso –, isto equivale a uma economia de 20% quando comparado à uma construção convencio- nal de alvenaria, um percentual bastante significativo. Por fim, conforme as informações elencadas, pode-se concluir que este novo método de construção civil utilizando containers apresenta uma solução possível para as edificações sustentáveis, uma vez que utiliza como matéria-prima um elemento que outrora era considerado um resíduo, retirando-o do meio ambiente e reduzindo os impactos ambientais oriundos do processo construtivo. Fonte: Trovo, Gois e Oliveira (2015, p. 1). 158 material complementar Cinquenta Cadeiras que Mudaram o Mundo Design Museum Editora: Autêntica Sinopse: tudo à nossa volta tem um design, e essa palavra já é parte de nossa vivên- cia diária. Mas o quanto sabemos sobre o assunto? Cinquenta cadeiras que muda- ram o mundo contribui para esse conhecimento, listando as 50 principais cadeiras a terem impacto substancial no mundo do design de hoje. Da cadeira sem braços Thonet à Chair One, de Konstantin Grcic, em relação a cada cadeira, há uma breve referência para que se explore tanto o que conferiu a ela seu status icônico quanto os designers que lhe proporcionaram um lugar especial na história do design. Indicação para Ler Objectified (2009) Konstantin Grcic Objectified é um documentário de longa-metragem sobre o nosso relacionamento complexo com objetos manufaturados e, por extensão, com as pessoas que os projetaram. É um olhar para a criatividade no trabalho por trás de tudo, até esco- vas de dentes para aparelhos eletrônicos. É sobre os designers que reexaminam, reavaliam e reinventam o nosso ambiente diariamente. É sobre expressão pesso- al, identidade, consumismo e sustentabilidade. O filme documenta os processos criativos de alguns dos designers de produtos mais influentes do mundo e analisa a forma como as coisas que eles fazem impactam em nossas vidas. O que pode- mos aprender sobre quem somos e quem queremos ser, a partir dos objetos com os quais nos cercamos? Indicação para Assistir 159 material complementar Este material apresenta as qualidades do inox e como ele pode ser aplicado para uso dos idosos em diver- sas situações. Web: http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxidavel-benefi- cios-para-pessoas-da-3a-idade.pdf. Indicação para Acessar Material ecológico Rivesti. Aqui, você, caro(a) aluno(a), poderá conhecer melhor este material. Web: http://rivesti.com.br/. Indicação para Acessar 160 referências ABNT. NRB 7374: Placa vinílica semiflexível para revestimento de pisos e paredes. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. ABNT. NRB 14917: Revestimentos resilientes para pisos - Manta (rolo) ou placa (régua) vinílica flexível ho- mogêna ou heterogênea em PVC. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. ABNT. NRB ISO 7823-1: Plásticos — Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos, dimensões e caracterís- ticas. Parte 1: Chapas fundidas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. ABNT. NRB ISO 7823-2: Plásticos — Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos, dimensões e caracterís- ticas. Parte 2: Chapas extrudadas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató- rio. São Paulo: Pini, 2012. AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000. BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994. BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. CANÇADO, J. M. Os sapatos de Orfeu: biografia de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Globo Li- vros, 2006. CARDOSO, C. E.; POZZI, M.; CURTIS, M. do C. G. Contextualização histórica do design e análise semióti- ca: instrumentos projetuais no desenvolvimento de produtos. 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Dissertação (Mestrado em Química) – Instituto de Química de Araraquara, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 2010. TROVO, I. P.; GOIS, P. P. de; OLIVEIRA, R. C. de. Containers: a nova era das edificações. In: ENCONTRO TOLEDO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 1., 2015, Presidente Prudente. Anais [...]. Presidente Prudente: Centro Universitário Antônio Eufrásio de Toledo, 2015. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: https://www.procobre.org/pt/. Acesso em: 27 maio 2019. 2 Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/27936. Acesso em: 27 maio 2019. 3 Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/. Acesso em: 27 maio 2019. 4 Em: http://www.acobrasil.org.br/site2015/siderurgia_mundo.asp. Acesso em: 27 maio 2019. 5 Em: http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxidavel-bene- ficios-para-pessoas-da-3a-idade.pdf. Acesso em: 28 maio 2019. 6 Em: http://www.indac.org.br/. Acesso em: 28 de maio. 7 Em: http://www.indac.org.br/o-acrilico-na-iluminacao/. Acesso em: 28 de maio. 162 gabarito 1. C. 2. C. 3. Atividade de reflexão sobre a responsabilidade social do(a) designer de interiores. O aluno deverá responder, de acordo com o conteúdo dado, quais as qualidades destes materiais e a visão positiva acerca do uso des- tes produtos. 4. D. 5. O(a) aluno(a) deverá explicar e apontar as características do material, de forma breve, e citar, em suas argumentações, quais informações, como a presença de crianças e animais no ambiente, farão a escolha do material mais seguro, como o acrílico, ou ainda, a necessidade do uso para o blo- queio de som etc. UNIDADE V Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Tintas • Produtos animais • Outros materiais • Sustentabilidade Objetivos de Aprendizagem • Classificações do Mobiliário • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das resinas. • Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos produtos animais. • Apresentar, definir, classificar e abordar a aplicabilidade de outros materiais. • Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade. RESINAS E OUTROS MATERIAIS unidade V INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), chegamos à última unidade deste livro de mate- riais e revestimentos. Nesta etapa, estudaremos acerca das tintas, material importante à sociedade humana, pois elas contam, através dos séculos, a nossa história. Os humanos primitivos já utilizavam o material para decorar suas cavernas, mas não apenas isto, faziam ali o rela- to das suas vidas e, mesmo utilizando de materiais naturais, compreendidos como produtos não muito duráveis, os desenhos chegaram aos dias atuais, em muitos casos, expostos em cavernas, portanto, protegidos das intempé- ries do meio externo. Esses desenhos demonstram que é possível utilizarmos de matérias-primas naturais para proteger e embelezar nossos ambientes. Em um segundo momento, estudaremos os produtos animais, outros ve- lhos conhecidos da humanidade. Veremos como se dá o uso de peles, couro e marfim e por que as suas aplicações estão cada vez mais acuadas pelos no- vos conceitos sociais de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. No terceiro tópico da unidade, conheceremos outros materiais, al- guns novos, outros nem tanto, mas que possuem um objetivo e uma jus- tificativa de existência baseados nas questões ambientais. Também refle- tiremos sobre a questão da sustentabilidade no que tange ao uso desses materiais anteriormente apontados, compreendendo as implicações de seus usos e como será possível para o mercado desenvolver formas de lidar com uma sociedade preocupada com o meio ambiente. Ótima leitura! 168 169 DESIGN Tintas Quando pensamos em mudar um ambiente, é muito comum surgir, como primeira ideia, a aplicação de tin- tas, ou seja, pintar uma ou mais paredes, readequando suas cores e suas texturas às necessidades do momento. A atividade parece ser simples pela praticidade e facili- dade de aplicação das tintas em qualquer superfície e, assim, também se torna comum a ideia de pintar um antigo móvel (ou qualquer outro produto ou utensílio) para torná-lo atraente novamente. Entretanto, a fun- ção das tintas, na construção civil vai além das ques- tões estéticas normalmente adotadas como destaque pelos usuários e alguns profissionais. Conforme afirma Ambrozewicz (2012), as tintas possuem a responsabi- lidade de evitar que os materiais pereçam e, portanto, garantem a sua proteção. E, de acordo com Mello e Su- arez (2012), também são usadas pela arte na criação de obras e na expressão sentimental. No Brasil, é possível encontrar arte rupestre de norte a sul do país, e as pinturas rupestres mais antigas encontradas estão no Parque Nacional da Serra da Capivara, que foram tombadas pela Unesco como patrimônio histórico da humanidade, as quais datadas de 11 mil anos. Fonte: Mello e Suarez (2012, p. 4). SAIBA MAIS 170 rio do afresco, que, por ser uma técnica que possuía tinta composta por materiais inorgânicos, sobrevi- veu. Essa nova técnica consistia no uso de materiais como cal, areia e água, a esta mistura fresca adicio- nava-se os pigmentos para formar as cores e, então, eram aplicadas nas paredes. De acordo com Mello e Suarez (2012), foram essas sociedades que desen- volveram o uso de corantes, inclusive para o uso em tingimentos de têxteis. A evolução das tintas voltou a acontecer apenas com o Renascimento, quando se descobriu a tinta a óleo – um exemplo de arte com este tipo de tinta é a obra “Monalisa”, de Leonardo Da Vinci. Entretanto, apenas com o desenvolvimento da indústria de tintas sintéticas, a partir do petróleo e do carvão natural, que, por volta do século XX, começam a surgir, no merca- do, muita diversidade de cores e de tipos de tintas. Foi também neste período, conforme afirmam Mello e Su- arez (2012), que se descobriu como deixar de utilizar, na pigmentação, minerais tóxicos, como o vermelho de chumbo, o amarelo de Nápoles e o branco de prata. É fato que diversos pintores vieram a falecer de- vido à exposição a essas tintas. No Brasil, Cândido Portinari – pintor de diversas obras maravilhosas, bem como os gigantes painéis das Nações Unidas, de- nominados “A Paz e a Guerra” expostos nos Estados Unidos – foi uma das vítimas desse material. Assim, temos as palavras de Antonio Callado (2003): Para evitar a contaminação do chumbo, Can- dinho pintou durante anos com luvas amarelas, de borracha [...] Não é acaso que Portinari tenha morrido de moléstia proveniente de tintas de óleo. Um fim de vida com mais que quinhão de desgastes terá tornado seu organismo mais vulne- rável ao veneno antigo. A verdade, porém, é que caiu depois de um longo combate. Para ele, qual- quer contato com certas tintas constituía perigo. Como afirmam os autores citados anteriormente, é pos- sível que os indivíduos primitivos conheçam as tintas até antes de 30 mil anos atrás. Seus primórdios são as pinturas rupestres, cuja função pode ser decorativa e comunicativa, mas, em pouco tempo, os fenícios, por exemplo, reconhe- ceram outras das suas propriedades e começaram a uti- lizar as tintas para a proteção de seus barcos de madeira: Com o passar do tempo, a tinta cada vez mais é usada como proteção de superfícies, do que, propriamente, como forma de expressão artísti- ca. Atualmente a indústria de tintas está pratica- mente voltada para a proteção e embelezamento de superfícies, sendo marginal a fatia de mercado destinada à arte (MELLO; SUAREZ, 2012, p. 4). E, desta forma,o conhecimento sobre as tintas evo- luiu até chegar à atualidade com grandes qualidades e diversidades de composições. Inicialmente, porém, os primeiros povos que trabalharam com as tintas utili- zavam-na como elemento para decoração, bem como os egípcios e o chineses. Essas pinturas, além de em- belezarem os ambientes, também contavam histórias de caça, das rotinas daquela população e de sexo. Ainda de acordo com os autores Mello e Suarez (2012), não se pode afirmar quais eram as composi- ções primitivas desse material. Acreditam os estudio- sos que eram desenvolvidas a partir de minerais tritu- rados para conseguir as cores, e de resinas naturais e/ ou animais, como a seiva de plantas e a clara de ovos. Na sociedade greco-romana, as tintas sofre- ram a evolução para o uso na arte e na decoração, a têmpera e o afresco. Com a têmpera, os artistas desenvolveram a técnica da perspectiva, mas como a tinta era orgânica, e o clima, úmido, os desenhos não sobreviveram até nossos dias, deterioraram-se pela proliferação de micro-organismos, ao contrá- 171 DESIGN Mas sua resposta ao primeiro envenenamento foi encomendar longos guantes de borracha - para continuar pintando. [...] Mas doente ou são, desde seus quatorze anos, Portinari pintava e só parou de pintar ao pisar outro dia o patamar da morte (CALLADO, 2003, p. 145-177). Figura 1 - Painel Guerra e Paz, de Portinari Fonte: Saber Cultural ([2019], on-line)¹. Desta forma, os antigos materiais tóxicos foram subs- tituídos pelos novos produtos desenvolvidos, conten- do menor toxicidade. Foi também nesse século que novos tipos de resinas foram descobertas, aumen- tando a qualidade e a resistência contra água e até o álcool, reduzindo, também, o tempo de secagem e, ainda, apresentando dureza superior. De acordo com Mello e Suarez (2012), a maioria dessas novas tintas são voltadas para revestimento de superfícies, ou seja, são muito empregadas na construção civil. Nos dias de hoje, as tintas possuem, em sua com- posição, no mínimo, dois tipos de materiais: as par- tículas (ou pigmentos) e o veículo. O pigmento deve cobrir e decorar toda a superfície, e o veículo deve formar a película de proteção. Nas tintas comuns, o veículo pode ser de óleos ou resinas, e os pigmen- tos, de materiais insolúveis. Para o futuro, os auto- res anteriormente citados apontam o uso das tintas com constituintes derivados das biomassas, ou seja, componentes orgânicos. Além disto, existe um ape- lo crescente para o retorno do uso das tintas natu- rais, no que tange aos conceitos da sustentabilidade, ideias que se tornam cada dia mais frequentes em nossa sociedade atual. Aluno(a), você sabia que pode visitar o museu da Casa de Portinari online? Para fazer um tour virtual com imagens inte- rativas pela casa onde viveu o artista, acesse: https://www.museucasadeportinari.org.br/ visite-o-museu/visita-virtual-2. Fonte: a autora.. SAIBA MAIS Alfredo Volpi, pintor-decorador, era um dos profissionais que utilizavam as tintas naturais para aplicação em suas obras. O pintor de- senvolvia as suas próprias tintas em seu ateliê e adotou a técnica da têmpera (constituída com clara de ovo), deixando completamente de trabalhar com as tintas industrializadas. Em suas próprias palavras, o pintor afirma sobre as tintas industriais: “elas criam mofo e perdem vida com o passar do tempo”. Fonte: adaptado de Rodrigues (2011, p. 13). Fonte: a autora.. SAIBA MAIS 172 AS TINTAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Para Azeredo (2000), as tintas podem ser classifica- das quanto à sua função na construção civil e, neste caso, estão separadas em três grupos: para pintura arquitetônica com função protetora e decorativa; para manutenção, unicamente com a função de pro- teção; e aquelas para comunicação, cuja função é de identificação, delimitação de áreas e prevenção de acidentes. Para Bauer (1994), as tintas possuem tan- tas variedades que a sua classificação foge às limita- ções das classes e, portanto, toda a classificação ado- tada é somente para melhor compreensão didática. Ambrozewicz (2012), por sua vez, inicia afirman- do as diferenças entre tintas, vernizes, lacas e esmaltes: a. Tintas: separação de pigmentos em resinas (também chamadas veículos) que na aplica- ção formam um filme aderente, ou seja, é um material líquido e colorido que quando apli- cado torna-se sólido, cuja função é proteger e embelezar as superfícies. b. Vernizes: gomas ou resinas dissolvidas em óleos ou solventes voláteis que se transfor- mam em películas transparentes ou translú- cidas, também com a função de proteção e embelezamento de superfícies. c. Lacas: compostas de veículos voláteis, resinas sintéticas, plastificantes, cargas e corantes, as cargas são materiais que diminuem a visco- sidade da solução, os plastificantes servem como um lubrificante, oferecendo flexibili- dade à laca. Como oferecem uma cobertu- ra muito resistente e brilhante, foram muito bem aceitas na indústria automotiva e não demorou muito para serem aplicadas em mó- veis, produtos e outros. d. Esmaltes: adicionando pigmentos aos verni- zes, tem-se o que se denomina esmalte. Sua maior característica é o toque extremamente liso da superfície que recebeu esse material, além de garantir brilho e resistência. Azeredo (2000, p. 150) acrescenta, no caso dos esmal- tes, que o material “tem um considerável poder de cobertura e retenção da cor e alguns esmaltes secam dando um acabamento fosco aveludado, em vez de um acabamento brilhante”. Ao se tratar das lacas, este autor informa que o termo, primeiramente, definia os produtos naturais utilizados pelos orientais, e passa a carregar outro significado após o desenvolvimento de compostos obtidos do algodão. Em sua classificação, Azeredo (2000) apresenta as tin- tas que se dissolvem em água: base de cal, base de cimento, colas animais, betumes, óleo-resinosas, polímeros-látex e tintas que se dissolvem em solventes: óleo, óleo resinoso, alquídicas, betuminosa e resina em solução. Caro(a) aluno(a), ao se tratar das resinas, é im- portante apontar que muitas são aplicadas na cons- trução civil para revestimentos, assim como as tin- tas, porém são mais utilizadas no revestimento de piso, aplicada em seu estado líquido, transforman- do-se em produto rígido na secagem, para conclu- são de sua instalação. Outras aplicações também são muito comuns, como as resinas de vedação, que ser- vem como cola, ou as que atuam, de fato, na instala- ção de outros materiais, e não tanto como material de acabamento. Para estes, existem amplas funções. Deve o(a) designer de interiores estar atento(a) ao que cada material pode lhe oferecer. 173 DESIGN Vejamos, de acordo com a classificação de Aze- redo (2000), as tintas e resinas: • Tintas miscíveis em água – Base de cal: caiação (pintura de tinta à base de cal), recomenda-se aplicação em alvenaria e paredes argamassadas. É uma das mais antigas técnicas, é econômica e prática, constitui-se de cal fina e água, podem ser adicionados corantes e óleo de linhaça para potencializar sua aderência à superfície. • Têmpera: base de cal que apresenta acabamento texturizado, constituindo-se de corantes e gesso. • Tintas miscíveis em água – Base cimento: cimento Portland e corantes. As cores são limitadas e, geralmente, utiliza-se apenas o branco. Sua aparência é fosca e possui grande mobilidade e resistência. • Tintas miscíveis em água – De caseínas: pro- teína do leite ou proteína de outro animal, dis- solvidas em água. O acabamento possui pouco brilho, mas possuem cores bem vivas. Não de- vem ser expostas à água, portanto, não são in- dicadas para superfícies externas. Atualmente, este tipo de tinta quase não possui mais adesão no mercado, sendo muito raro o seu uso. En- tretanto,profissionais da área da permacultura e simpáticos aos novos conceitos de responsa- bilidade ambiental estão colocando-as em prá- tica. Para a pigmentação, são utilizados mate- riais naturais, entre eles, os barros ou terras. • Tintas miscíveis em água – Emulsões de betu- me: constituintes de materiais extraídos do pe- tróleo, possuem coloração quase sempre preta e sua função principal é de proteção em situações cujo objetivo não será a aparência. As emul- sões se caracterizam por serem constituídas de dois líquidos miscíveis; para tanto, é necessário agentes emulsionantes, que podem ser gelatina, sabões, goma arábica, entre outros. De acordo com o Projeto Cores da Terra, da Universidade Federal de Viçosa, é possível desenvolver tintas econômicas e de baixo impacto ambiental resgatando uma antiga técnica chamada barreado. Para tanto, é ne- cessário utilizar, para a pigmentação, a terra encontrada em sua região, água, cola branca à desse líquido ou grude (uma mistura de SAIBA MAIS polvilho azedo, soda cáustica e água). Para saber mais sobre esse material, sua pre- paração e estética, acesse: https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/ cartilha-cores-da-terra-150dpi-modificada.pdf. Fonte: adaptado de Cores da Terra (2009, on-line)2. 174 • Tintas miscíveis em água – Emulsões de polímeros: grande avanço da tecnologia da indústria das tintas, estas são de resinas sin- téticas que se misturam à água. São laváveis e possuem grande diversidade de cores e tons. A que possui maior saída no mercado é a chamada tinta à base de PVA (acetato de polivinila), aplicada em ambientes externos e internos. Ainda possuem, como vantagem, a secagem rápida, aderem em superfícies um pouco úmidas, o cheiro é neutro e têm cer- ta segurança quanto ao fogo. Possuem boas características, como: impermeabilidade, resistência ao manchamento, flexibilidade, resistência aos agentes químicos (podem ser lavadas com sabão) e bom rendimento. • Tinta a óleo: clássicas e tradicionais, com aca- bamento brilhante, possuem boa durabilida- de, resistência às intempéries e flexibilidade. Constituem-se de solventes, secantes, pigmen- tos e cargas, os óleos podem ser de linhaça, soja ou mamona. Necessitam de solvente para diminuir a sua viscosidade e facilitar a sua apli- cação. Os mais conhecidos são o querosene, a benzina e a gasolina. Os secantes, obviamente, ajudam no processo de secagem, constituídos de sabões, resinas e outros materiais. As cargas também são pigmentadoras e auxiliam na me- lhora e na da cobertura da tinta. • Betumes com a adição de óleo: originam re- vestimentos escuros e brilhantes, com resis- tência aos ácidos, álcalis e produtos químicos. • Resinas em solução: resinas que contêm, em seus veículos, grande quantidade de óleo. Possuem diversas constituições: • As vinílicas: alta resistência aos produtos quími- cos e solventes, durabilidade boa, odor neutro. • As borrachas sintéticas: possuem grande elasticidade, as de neoprene são indicadas para pisos esportivos em interiores. A bor- racha clorada é aplicada em ambientes da saúde, nos quais, se necessita de segurança contra contaminação; em ambientes relacio- nados com alimentos e onde se necessita do uso de agentes químicos, indicadas para am- bientes internos. Podem ser utilizadas para superfícies de piscinas. • Ureia e Melamina: inodoras, insípidas e não tóxicas, possuem resistências mecânicas. Nor- malmente usadas com acabamento em alta temperatura, são aplicáveis para revestimento de pisos, também nas superfícies de madeira. • Epóxis: resistentes quimicamente e flexíveis, possuem alto isolamento elétrico, sendo durá- veis e possuindo boa coloração. Tem-se a resi- na epóxi líquida (excelentes impermeabilizan- tes se misturada aos betumes); resina de epóxi sólidas (aplicada em pisos e revestimentos marítimos); e resinas epóxi à base de éter. As resinas podem ser misturadas a outras. Atual- mente, esses pisos são utilizados em ambientes comerciais (lojas) como ponto de destaque, e já aparecem em alguns ambientes residenciais. São apreciadas pelo brilho, por aceitar dese- nhos diferenciados, por possuírem colorações diversas e por serem monolítico. • Silicone: relaciona grande quantidade de re- sinas de polímeros. Possuem resistência às altas temperaturas, à água e oferecem grande variedade de colorações. Um exemplar destes materiais são os pisos poliuretanos, também denominados de porcelanatos líquidos (en- tretanto, este nome também pode denominar os pisos de resinas epóxi, o profissional deve ficar atento às diferenças). • Resinas de poliacrílico: utilizadas como base de tintas acrílicas. 175 DESIGN Em relação às resinas anteriormente apontadas por Azeredo (2000), o autor Bauer (1994) esclarece que elas são utilizadas pelas indústrias de vernizes e tintas. Observa-se que as tintas possuem, como já aprendemos anteriormente, no mínimo, dois ele- mentos, sendo eles o pigmento e o veículo (o pig- mento é a película colorida, a adição de uma liga, a qual advém de diversas fontes, sendo o veículo o que espalha os pigmentos). Enfim, encontra-se, no mercado, diversas tintas e vernizes que possuem a adição de resinas e esses materiais possuem grande durabilidade. Bauer (1994) afirma que esses mate- riais se transformam em revestimentos diversos, por exemplo, em revestimentos plásticos para pisos, revestimentos vinílicos para pisos (vulcapiso, pavi- flex, eterflex), e podem ser aplicados em acabamen- tos plásticos laminados (fórmica, formiplac), como revestimento de chapas de MDF ou MDP (lamina- do melanímico de alta pressão), e como adesivos (contact) para aplicações diversas. Sobre o epóxi, o autor também afirma que são os plásticos novos e mais versáteis, e que, para obterem maior qualidade, devem ser combinados com outros elementos. São aplicados como revestimentos e como adesivos para o concreto, e suas maiores finalidade são, de acordo com Bauer (1994), como adesivos, selantes, revesti- mentos (de parede) e pavimentação. Figura 3 - Aplicação de revestimento epóxi A normativa brasileira que regulariza o uso de pisos de epóxi é a NBR 14050 – Sistemas de revestimentos de alto desempenho, à base de resinas epoxídicas e agregados minerais – Projeto, execução e avaliação do desempenho – Procedimento. Fonte: adaptado de NBR 14050 (1998). SAIBA MAIS 176 CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES FUNDA- MENTAIS DAS TINTAS Apesar da enorme variedade de tipos de constituição das tintas, Ambrozewicz (2012) defende a importân- cia de considerar suas características e funções funda- mentais. Sobre as características, o autor elenca: • Pintabilidade: praticidade na aplicação, espa- lhamento fácil. • Nivelamento: as marcas dos rolos ou pincéis não devem aparecer após a aplicação, deve ser uniforme. • Secagem: nem tão rápida e nem tão demorada. • Poder de cobertura: cobrir completamente a superfície em que foi aplicada com menor quantidade de mãos. • Rendimento: quanto maior o poder de co- bertura, melhor será o seu rendimento. • Estabilidade: no armazenamento, não deve sedimentar-se demais, ou existir grande sepa- ração entre os elementos constituintes da tinta. • Resistência e durabilidade: resistir às intem- péries do meio e possuir longa durabilidade no que tange à coloração. • Lavabilidade: quanto maior a resistência à água e aos agentes químicos, melhor a quali- dade desse material. • Transferência: capacidade de adesão à super- fície e diminuição dos respingos. • Cheiro/odor: quanto mais neutro e não tóxico, melhor. Em relação às suas principais funções, Ambrozewicz (2012) aponta: proteção, acabamento, decoração e dis- tribuição de luz. Entretanto, apresenta funções especí- ficas para as diversas superfícies de aplicação:alvena- ria, evitar o esfarelamento do material, evitar absorção de sujeira e umidade, impedir mofo, distribuir a luz na ambientação, melhorar a estética da ambientação a partir das suas cores, texturas e brilho; para aplicação em madeira, valorização estética, impermeabilização, evitar a deterioração do produto/mobiliário; no caso da aplicação em metais ferrosos, evitar corrosão; e em metais não ferrosos, prolongar sua vida útil. A PINTURA - DEFINIÇÃO A aplicação das tintas nas superfícies constitui-se de diversas atividades que garantem a boa funcio- nalidade desse material. Logo, a pintura deve ser considerada um conjunto de procedimentos, como aplicação dos fundos, das massas e da tinta de acaba- mento. É importante considerar, também, a situação da superfície de aplicação, se está úmida ou nivela- da, se possui rachaduras e fissuras, todas essas ques- tões podem influenciar o resultado. De acordo com Ambrozewicz (2012), os fundos têm como objetivo selar (fechar) a superfície para o melhor rendimento da tinta, e a massa tem como objetivo tornar a superfície homogênea e lisa; entre- tanto, essas etapas podem ser dispensáveis. Caso a pintura aconteça sobre o reboco, este deve estar seco (ou curado), forte (ou seja, aquele que não esfarela por causa do uso de pouco cimento) e, se apresentar mofo, deve ser retirado com escovação, aplicando-se água sanitária. Caso a pintura aconteça sobre a madeira, após a su- perfície limpa e lixada, também é possível aplicar massa para nivelamento. Então, aplicar o branco fosco e, de- pois, o acabamento em esmalte sintético, mais o verniz. Para a pintura sobre ferro, deve-se verificar a não existência de ferrugem (caso exista, remover com lixa e aplicar cromado de zinco antes da pintura final), apli- cando um fundo de óxido de ferro, e depois, esmalte. 177 DESIGN 177 Ambrozewicz (2012, p. 357) ainda recomenda para pinturas satisfatórias: • Paredes internas: sistemas com tinta látex, es- malte ou tinta a óleo. • Paredes externas: sistemas com tintas látex acrílico. • Tijolos aparentes: tinta à base de silicone, verniz acrílico. • Madeira: verniz, esmalte ou tinta a óleo. • Metais ferrosos: tinta a óleo ou esmalte sobre fundo anticorrosivo. • Alumínio e metais galvanizados: tinta a óleo ou esmalte sobre fundo para promover a aderência. Conforme afirmam Binggeli e Ching (2013), nas tintas para a alvenaria, em relação ao seu brilho e às suas aplicações, existem as tintas foscas, indica- das para tetos e forros ou qualquer parede de menor contato, sendo um acabamento que esconde as im- perfeições não muito laváveis; as tintas semibrilho, que são indicadas em paredes que possuem maior contato com pessoas e produtos, laváveis e duradou- ras, e aceitam atritos (esfregar com bucha suave); e, por fim, as tintas brilhantes que, apesar disso, des- tacam as imperfeições, são extremamente laváveis e indicadas para portas, esquadrias e armários (essas também aceitam lavagem com atrito – bucha suave). 178 178 DESIGN Materiais que advêm dos animais, tais como ossos, conchas, marfim, couros e peles, são e foram muito consumidos pela sociedade humana. No Design de Interiores, de acordo com Farrelly e Brown (2014), é comum encontrar o uso dos couros em estofados diversos, mas também como revestimentos de produ- tos, paredes e até pisos, bem como o uso da madrepé- rola em revestimento de parede, de pastilhas e outros. Alguns produtos animais são utilizados de acordo com a concepção de sustentabilidade, isto é, como afirma a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, simplificadamente, “suprir as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprirem suas necessidades” (MOXON, 2012, p. 14). Como exemplo, a pesquisa de Guimarães, Araújo e Santos (2015), que afirma ser possível uti- lizar os resíduos do mercado da carne de gado e os ossos como aditivos para a indústria de materiais cerâmicos, gerando diminuição de custos em rela- ção à matéria-prima e melhoria das características funcionais e estéticas. Farrelly e Brown (2014), no entanto, esclarecem que muitos desses materiais estão compreendidos como ilegais por serem extraídos de animais com possibilidade de extinção, como o caso do marfim. E acrescentam às suas afirmativas que existem outras op- ções, ou seja, alternativas artificiais a esses produtos. O marfim é um material extraído dos dentes ex- ternos do elefante. França, Barboza e Quites (2010) afirmam que esse material é utilizado pelos seres humanos desde a Pré-História, e a sociedade grega foi a primeira a registrar suas técnicas de uso. O ma- terial possui como qualidades as características de brancura, durabilidade e fineza, e por estes motivos, é muito aplicado para funções decorativas. Os pri- meiros a utilizarem efetivamente o marfim em seus ambientes internos, nos templos, foram os romanos, com suas placas contendo os nomes dos seus ma- gistrados. Na Idade Média, no século XV, houve um aumento no preço de mercado dos marfins devido à dificuldade de extração causada por guerras da épo- ca. Foi então que começou, de acordo com França, Barboza e Quites (2010), o uso de marfim de ossos bovinos, material mais barato e de fácil acesso, en- tretanto, apresentava acabamento e texturas grossei- ros e, assim, era considerado inferior. No final do século XVIII e durante todo o sécu- lo XIX, esses materiais foram muito empregados na decoração de mobiliários e armamentos: [...] marcado pela exploração em larga escala do marfim nas regiões da África e Ásia. Inúmeros objetos eram produzidos com marfim: bolas de bilhar, teclas de piano, broches, caixas, brincos, coronhas de armas, entre outros. A caçada aos elefantes para a retirada de seus caninos foi tão grande que quase levou à extinção esses ani- mais. Os principais exploradores foram os co- merciantes ingleses e os países mais explorados foram a Índia e a Etiópia. Os comerciantes dis- tinguiam duas categorias básicas de marfim: O macio ou morto, que é branco, opaco e pouco quebradiço; também chamado de marfim fós- sil por ser obtido de animais mortos há muito tempo e o duro ou vivo, ligeiramente trans- lúcido, com uma cor amarelo-esverdeada ou avermelhada e mais pesado que o macio. Este era obtido com a morte de um elefante única e exclusivamente para este fim (FRANÇA; BAR- BOZA; QUITES, 2010, p. 2642). Produtos Animais 179 DESIGN 179 É comum as peças ou qualquer produto cujo marfim é matéria-prima apresentarem, após algum tempo, amarelamento. Para tanto, França, Barboza e Quites (2010) não indicam o uso de nenhum tipo de subs- tância que diz clarear novamente a peça, visto que o material é muito delicado e será apenas degrada- do, piorando a sua estética e apresentando, pouco tempo depois, o retorno da coloração amarelada. Atualmente, é possível encontrar algumas pastilhas feitas com marfim e, por apresentarem beleza reco- nhecida, existem diversos materiais que recorrem à imitação de sua aparência. Em relação à indústria de peles e couros, houve grande crescimento entre os anos de 1970 a 2000. A produção se deu significativamente nos países em de- senvolvimento, citando-se, na América Latina, Brasil e México. A área de aplicação deste material que mais cresce é a de calçados e, em seguida, a automobilística. Sobre a matéria-prima: a qualidade das peles está relacionada com o tipo de animal e de extração do ma- terial, a procedência regional do animal, o seu sexo, a sua idade e as condições de preservação da pele do animal durante a vida (peles de novilhos são conside- radas melhores que de vacas, por terem menores da- nos durante a sua breve vida). Contudo, de acordo com Gutterres (2005),podem aparecer defeitos também durante a sua extração, o seu transporte, manuseio, preparação, conservação e armazenamento. É importante ressaltar, caro(a) aluno(a), que a indústria de peles e couros não se volta apenas para a bovina. A caprina, a ovina, a pele de peixes e mui- tas outras são consideradas pelo mercado, tanto de moda (vestimenta e calçado) quanto de decoração e revestimento diversos. Sérgio Rodrigues, arquiteto também consi- derado designer de produto e designer de interiores, foi um dos maiores nomes do de- senho de mobiliário brasileiro. Na realidade, o profissional é considerado como um dos pais dos mobiliários que possuíam uma linguagem nacional. Ao adotar esta brasilidade em seus produtos, Sérgio Rodrigues “buscou inspi- ração também na valorização dos materiais brasileiros, sobretudo a madeira e o couro”. Fonte: adaptado de Zappa (2015, p. 43).). SAIBA MAIS 180 180 DESIGN A evolução da ciência e da tecnologia, aliada aos no- vos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, forma um campo muito fértil para o de- senvolvimento de novos materiais, sejam eles mate- riais que usam como matéria-prima os reciclados ou aqueles que usam a matéria-prima orgânica. Alguns materiais não são novos e, ainda assim, fazem grande diferença para o meio ambiente, en- tretanto, são quase desconhecidos pelos profissio- nais brasileiros por diversos motivos. O que se deve sempre considerar, para ser um(a) profissional an- tenado(a) com as exigências dos seus clientes/usu- ários, é sempre pesquisar e procurar materiais dife- rentes e alternativos aos que estão no mercado e que possuem muitos pontos negativos em seu uso, inclu- sive no que tange à saúde humana e à preservação do meio ambiente, isto é: [...] pode ser difícil manter-se em dia com a rapidez dessas inovações, mas o designer deve ao menos tentar [...] é importante pesar a ade- quação desses materiais em relação ao custo e ao risco envolvidos em usar tecnologias cujos efeitos em longo prazo ainda não foram com- provados (MORRIS, 2010, p. 116). Caro(a) aluno(a), vejamos apenas alguns materiais, entre eles, inovações em reciclados e materiais natu- rais já conhecidos pelo mercado, ambos relaciona- dos com a responsabilidade ambiental. Outros Materiais 181 DESIGN PLACA DE ECORESINA Aluno(a), vimos, nas unidades anteriores, os acríli- cos e suas resinas, que são utilizadas como produtos para diversos fins, como divisores de ambientes, pla- cas decorativas e em mobiliários variados. Como o acrílico, existem as ecoresinas, materiais que podem ser aplicados com as mesmas funções, mas que pro- vêm da reciclagem de outros produtos. Brownell (2010) apresenta a ecoresina (exemplo: linha Varia, da 3Form) como um material composto de PETG (material que, por sua vez, é desenvolvido a partir da reciclagem da PET). O sistema permite a seleção personalizada de cores, padrões, texturas, impressões e acabamentos, a fim de proporcionar um grande número de opções de produto. A seguir, informações gerais, de acordo com o autor: Constituição: Polyethyene tereftalato glicol mo- dificado (PETG), materiais orgânicos, têxtil. Certificações: Greenguard - Certificado de quali- dade do ar interior. Limitações: uso de temperatura máxima de 65,50 ºC, precisam de tratamento UV e vedação de ponta para uso exterior. Aplicações: vertical ou horizontal, superfícies, tetos/ forros, mobiliário, iluminação, sinalização e acústica. Figura 4 - Placas de ecoresina Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3. Figura 5 - Produção da placa de ecoresina e seu uso em ambientação Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3. 182 Figura 6 - Ambientação com uso de divisória de Ecoresina Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3. Figura 7 - Placa de material sustentável Fonte: Decor Window ([2019], on-line)4. Figura 8 - Piso de linóleo acústico Fonte: Forbo ([2019], on-line)5. 183 DESIGN REVESTIMENTO DE RESINA NATURAL De acordo com Bastos (2016), esse material, conhe- cido e patenteado em 1863 por Frederick Walton, é composto apenas por matérias-primas naturais, sen- do elas: óleo de linhaça; resina de pinho; farinha de madeira (resíduos da indústria de madeira); farinha de cortiça; carbonato de cálcio encontrado na natu- reza em diversas formas, inclusive, em casca de ovos e pigmentos naturais, e juta. Além de ser um produto com pouco impacto am- biental, possui vida útil de mais de 30 anos e em seu descarte, o material pode ser transformado em com- bustível. Bastos (2016) complementa que existem ti- pos diferentes de linóleo para cada aplicação. JEANS DE SEDA E PET Seu uso pode ser aplicável tanto na moda quanto no Design de Interiores. De acordo com Refosco (2012), a tecelagem artesanal O Casulo Feliz procura traba- lhar com casulos que não passam nos maquinários das grandes indústrias, e que seriam, assim, material descartado. De acordo com as informações comer- ciais, o jeans de seda constitui-se de 50% de fios de seda, 25% de fios de garrafa PET descartadas e 25% de fios de algodão, matéria-prima do jeans. O projeto participou de um edital de inovação nacional ofere- cido pelo Senai e, no ano de 2012, recebeu o prêmio Idea, a maior premiação de Design do Brasil. Na apli- cação em interiores, o material se transformou em uma cortina para a Casa Cor Paraná de 2012. Figura 9 - Fios de seda e PET reciclado Fonte: O Casulo Feliz ([2019], on-line)6. Caro(a) aluno(a), para saber mais sobre este projeto, veja o Material Complementar. Figura 10 - Jeans de seda e PET para ambientação Fonte: O Casulo Feliz ([2019], on-line)6. O linóleo se encontra presente em vários edifícios históricos por todo o mundo, tais como: o Kremlin, em Moscovo; Casa Branca, em Washington DC; o parlamento alemão; o palácio de Buckingham, na Inglaterra; a casa de Anne Frank, em Amesterdã; a Universidade de Sorbonne, em Paris, e ainda, no Instituto Madame Curie, em Paris. Fonte: Bastos (2016, p. 7-8).. SAIBA MAIS 184 Sustentabilidade Tintas, vernizes, lascas, bem como algumas resinas, são constituídos de materiais que geram impactos ambien- tais e emitem, durante sua fabricação e vida, muitas con- centrações de compostos orgânicos voláteis – COVs – contribuindo para maior toxicidade do ar. Ainda em sua fabricação, são “responsáveis por altas quantidades de resíduos nocivos [...] e utilizam petróleo não renovável” (MOXON, 2012, p. 104). Mas quais são os problemas que esses COVs causam? Dores de cabeça, irritação nos olhos e no sistema respiratório, além de fadiga e, acredi- ta-se também que são materiais cancerígenos. Portan- to, de acordo com Moxon (2012), os pesquisadores da área da sustentabilidade e os designers de interiores que atuam neste campo indicam evitar as tintas sintéticas e substituí-las pelas tintas naturais, prezando por ambien- tes com maior qualidade do ar. Isso, porém, não é tudo. As tintas, como são materiais de acabamento de superfícies, podem aca- bar por contaminar o material da superfície que foi pintada, ou seja, transformar um material bom, do ponto de vista da sustentabilidade e da saúde huma- na, em um material composto por produtos noci- vos, como algumas tintas e vernizes. Em relação a esta afirmação, Moxon (2012) aponta, ainda, que os designers devem se afastar daquilo que denomina “verde de mentira”, sendo rigorosos em suas avalia- ções acerca dos materiais, considerando os materiais isoladamente mas, também, os seus acabamentos e o que eles podem promover. Para tanto, o indicado, talvez, seja valorizar os materiais que possuem aca- bamento próprio e que não precisem, principalmen- te no que tange à estética, destas adições. Moxon 185 DESIGN (2012) apresenta como exemploos compensados, ou ainda, os tijolos aparentes. É possível utilizar tintas naturais, pois possuem menor índice de toxicidade, além de contribuírem para um ambiente com uma qualidade maior do ar. Rodrigues (2011) aponta que, ao utilizar esses materiais, os(as) profissionais também valorizam a cultura e as matérias-primas da região na qual se está desenvolvendo o projeto de reforma ou construção. Não se pode esquecer que essas tin- tas, utilizadas por nossos antepassados da Pré-His- tória, ficaram conservadas até os dias atuais, por estarem, provavelmente, protegidas em ambientes internos (as cavernas). Em relação aos produtos naturais animais, vimos anteriormente que o problema, em alguns casos, é a sua extração, como marfim, peles e couros; em algu- mas situações, há sofrimento, a grande maioria dos animais são mortos e, com isso, houve até casos de extinção. Portanto, de acordo com Farrelly e Brown (2014), a recomendação é trabalhar com materiais sintéticos, que também podem não ser completa- mente sustentáveis, mas que, neste sentido, evitam a matança e a extinção de algumas espécies. Moxon (2012) enfatiza que existem materiais no caminho inverso. Podemos encontrar, por exemplo, a lã de carneiro e de alpaca, que são materiais autos- sustentáveis e não necessitam da morte do animal, além de que essa lã, caso retirada do animal mor- to, possui menor qualidade. A retirada, no entanto, deve ser consciente para não agredir o animal. 186 A autora Gutterres (2005) afirma que, no curtimen- to do couro, são utilizadas substâncias tóxicas aos seres humanos e ao meio ambiente: No Memorando “Melhores Técnicas Disponí- veis para Curtimento de peles” da União Eu- ropéia (Hauber e Schröer, 2002) são apresen- tados os procedimentos corretos necessários para manejo e armazenamento de produtos químicos, de tal forma a não ocorrerem riscos, mesmo em caso de derramamentos e acidentes. O documento apresenta uma lista de substân- cias prejudiciais ao meio ambiente, as quais são usadas como agentes e auxiliares em processos em curtumes, e que devem ser substituídas por outras substâncias menos prejudiciais (GUT- TERRES, 2005, p. 6). Felizmente, existem pesquisas de tecnologias limpas, ligadas ao princípio da sustentabilidade, que objeti- vam encontrar melhores formas de processar as peles e os couros. Tentando diminuir e/ou retirar a maior quantidade de substâncias tóxicas, mas também bus- cando a diminuição no uso de água durante o proce- dimento, já que há um gasto muito alto e que está pre- sente na maioria das etapas. De acordo com Gutterres (2005), além do consumo da água, também existem os altos consumos energético e térmico, somados como pontos negativos para a questão do ecodesign. Enfim, caro(a) aluno(a), finalizamos este último tópico sobre sustentabilidade. Diante de todas as in- formações apresentadas, é possível compreender a complexidade dos processos que abrangem os ma- teriais e como esses alteram e impactam não só o meio ambiente, mas a saúde humana. De fato, a res- ponsabilidade do(a) designer de interiores é gran- de: compreender todas as questões que envolvem os materiais para, então, dar a devida especificação satisfatória, não somente ao usuário/cliente do pro- jeto, mas também a todos os que estão envolvidos direta e indiretamente com suas as escolhas. Qualquer projeto realmente bom é sustentá- vel, pois o enfrentamento das questões am- bientais é uma parte integral de uma solução de projeto bem-sucedido. (Siân Moxon) REFLITA Figura 12 - Couro em curtimento no Marrocos 187 considerações finais Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade! Vimos a diversidade de tintas, vernizes, lacas, esmaltes e resinas que possuímos à nossa dis-posição, desde tintas originárias de materiais naturais às de materiais artificiais. Estudamos as suas características e o seu desenvolvimento. Foi possível compre- ender que o profissional especificador deste material se engana quando se preocupa apenas com as qualidades estéticas das tintas e materiais afins, sendo que sua função, além de decorativa, também tem a função técnica de proteção das superfícies. Vimos, também, alguns produtos animais, seus usos e aplicações. Aqui é impor- tante destacar as questões relacionadas às possibilidades de extinção de alguns destes seres vivos devido à extração de suas peles, chifres ou até dentes. Ainda nos mate- riais animais, que são, de fato, materiais orgânicos, devemos compreender que, em seu processamento, recebem substâncias tóxicas. Tais materiais, portanto, levantam muitas discussões entre os profissionais conscientes. Além dos citados anteriormente, vimos outros materiais: as ecoresinas, materiais com misturas de garrafas pet e resinas naturais que somam materiais naturais (en- capsulados), produtos que apresentam muita beleza e são voltados às necessidades atuais de uma sociedade preocupada com o futuro. Preocupados com o desmata- mento, a extinção e a deterioração do meio ambiente que nos oferece a vida, discu- timos, portanto, as questões de sustentabilidade destes materiais e, por fim, verifica- mos as suas aplicações em Design de Interiores. Lembre-se, o(a) designer de interiores deve projetar consciente de suas escolhas e apresentar soluções que se adequem não somente ao seu cliente/usuário, mas a toda sociedade humana e ao meio ambiente. Este é o objetivo de seu trabalho: oferecer qualidade de vida no presente e no futuro. 188 atividades de estudo 1. Escolha um material estudado na unidade e responda, com suas próprias palavras: “Por que o uso deste material é positivo a partir do con- ceito de sustentabilidade?”. Argumente e apre- sente o seu ponto de vista. 2. Em relação às tintas, aos esmaltes, lacas e verni- zes, assinale a afirmativa correta: a. Os vernizes são materiais compostos somente com água e pigmento e, portanto, são dissolvi- dos também em água. b. A diferença entre esmalte e laca é que a laca constitui-se de verniz, com adição de pigmento. c. A laca recebe, em sua constituição, diversos materiais, como resinas, plastificantes, coran- tes e cargas. São as cargas que melhoram a viscosidade do material d. As tintas possuem, como função, apenas em- belezar as superfícies, são os esmaltes que oferecem proteção. e. Nenhuma das afirmativas anteriores está correta. 3. De acordo com os estudos sobre as tintas, leia as afirmativas a seguir: I. As tintas são materiais constituídos de dois ele- mentos, o que se chama veículo e o pigmento. II. As tintas podem ser naturais ou artificiais. Al- gumas delas, em sua composição, apresentam outros elementos além das resinas e corantes. III. As resinas fazem parte das tintas, mas são ma- teriais que também podem ser utilizados para outros fins, misturados a outras resinas. IV. As tintas também podem ser tóxicas, principal- mente as que contêm chumbo, além de outros minerais. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas II, III e IV estão corretas. d. Nenhuma das alternativas está correta. e. Todas as alternativas estão corretas. 4. De acordo com as questões de sustentabilidade apresentadas na unidade, analise as afirmativas a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O único problema do uso do couro é a extin- ção dos animais, neste caso, os bovinos. ( ) O problema do uso de produtos que advêm dos animais é que a retirada dos materiais im- plica na morte desses animais. ( ) O problema do uso de algumas peles e de al- guns couros é que algumas substâncias utili- zadas em seus processos podem ser tóxicas. Assinale a alternativa correta: a) V, F, F. b) V, V, F. c) V, F, V. d) V, V, V. e) F, F, V. 5. Escolha um dos materiais da unidadee desen- volva um croqui conceitual e um croqui técnico, explicando seu conceito para o projeto de uma ambientação comercial (uma loja de joias, por exemplo). É importante que o design criado des- taque as principais características do material. 189 LEITURA COMPLEMENTAR Pintura em drywall: o que é preciso saber Drywall - breve descrição Os sistemas construtivos de paredes, forros e revestimentos em chapas de gesso para drywall são utilizados sempre na parte interna das construções e são constituídos basi- camente de chapas de gesso fixadas sobre estruturas de aço galvanizado com parafusos próprios para drywall. As chapas de gesso para drywall são constituídas de um miolo de gesso revestido nos dois lados por cartão duplex próprio para drywall. Portanto, a superfície dos elementos cons- trutivos – paredes, forros e revestimentos – que receberão o esquema de pintura não é constituída de gesso, e sim de cartão. Nesses sistemas, as juntas entre as chapas recebem um tratamento com massa e fita pró- prias para drywall, tornando a superfície plana, lisa e monolítica. As cabeças dos parafusos que fixam as chapas nos perfis são recobertas com a mesma massa. Após a secagem da massa, a superfície está pronta para receber o esquema de pintura. Verificação da superfície a ser pintada Inicialmente, deve ser feita uma avaliação da superfície, verificando a presença de falhas no tratamento das juntas e saliências ou rebaixamento nos pontos das cabeças dos parafu- sos, seguindo as recomendações das normas ABNT NBR 15.758-1:2009, ABNT NBR 15.758- 2:2009 e ABNT NBR 15.758-3:2009 - Seção recebimento dos serviços. Caso seja observada alguma dessas falhas, deve-se corrigi-las antes de qualquer intervenção. Preparação da superfície a ser pintada A correta preparação da superfície é de fundamental importância para se obter uma pintura durável e de qualidade. A superfície dos sistemas de drywall é nivelada e lisa, porém apre- senta diferenciação de cor, textura e absorção entre as superfícies do cartão e da massa nas regiões das juntas entre as chapas e das cabeças dos parafusos. Uma forma prática de verificação da secagem total da massa é pressionar a superfície desta com a ponta da unha. Se isso provocar um vinco ou uma ranhura, a massa não está totalmente seca. Imperfeições rasas podem ser corrigidas com massa corrida látex para interiores. Após a secagem, as áre- as tratadas nas juntas entre as chapas e nas cabeças dos parafusos devem ser lixadas para eliminação de eventuais rebarbas de massa e pequenas irregularidades, zerando-as em re- 190 LEITURA COMPLEMENTAR lação à superfície do cartão. Recomenda-se utilizar lixa grana 150 ou 180 aplicada com uma base (um taco de piso, por exemplo), de forma a manter plana a superfície tratada. A superfície geral do cartão não deve ser lixada. Para acabamentos mais sofisticados, pode ser aplicada mais de uma demão de fundo ou massa sobre toda a superfície do sistema. Após a secagem total de cada demão, de acordo com a recomendação do fabricante, toda a super- fície deve ser lixada com lixa grana 220/280, também aplicada com uma base, para manter a lixa plana. Ao final de cada procedimento, é necessário eliminar o pó de toda a superfície. Preparação das tintas e complementos As tintas e seus complementos devem ser submetidos aos seguintes passos fundamentais para facilitar sua aplicação e garantir que o resultado final seja o esperado: Homogenei- zação - Agitar todos os produtos antes de serem utilizados. Esta homogeneização precisa ser feita de forma a garantir que todo o conteúdo da embalagem esteja perfeitamente uniforme. Diluição - Observar as especificações dos produtos nas embalagens e seguir as informações indicadas para diluição. Qualidade de Acabamento São definidos três níveis de qualidade para pintura (mínimo, intermediário e superior) e um nível para textura, todos explicados com detalhes a seguir. Nível M - Mínimo Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz normal, natural ou artifi- cial, deve apresentar bom acabamento, porém são aceitáveis pequenas imperfeições loca- lizadas. Exemplos de utilização: ambientes residenciais populares, comerciais, depósitos e locais onde se deseje um bom acabamento com baixo custo. • Aplicar tinta econômica diluída a 50% como fundo e deixar secar, conforme recomenda- ção do fabricante. • Aplicar duas ou três demãos de tinta econômica diluída, conforme recomendação do fa- bricante. • A cada demão aplicada deixar secar, conforme recomendação do fabricante, antes da aplicação da demão seguinte. 191 LEITURA COMPLEMENTAR Nível I - Intermediário Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz normal, natural ou artifi- cial, deve apresentar bom acabamento sem imperfeições. Quando submetida à incidência de luz intensa e rasante, é aceitável que apresente eventuais pontos de imperfeição. Exem- plos de utilização: Ambientes residenciais e comerciais de médio padrão. • Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante. • Aplicar duas ou três demãos de tinta Standard diluída, conforme recomendação do fabricante. • A cada demão aplicada deixar secar, conforme recomendação do fabricante, antes da aplicação da demão seguinte. Nível S - Superior Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz natural e/ou artificial, nor- mal ou intensa rasante, deve apresentar excelente acabamento, não sendo aceita nenhuma imperfeição. Exemplos de utilização: ambientes residenciais e comerciais de alto padrão. • Aplicar fundo pigmentado diluído, conforme recomendação do fabricante. • Aplicar uma ou duas demãos de massa niveladora para alvenaria (massa corrida) em toda a superfície a ser pintada e deixar secar, conforme recomendação do fabricante. • Lixar toda a superfície com lixa grana 220/280 aplicada numa base (como a mostrada na foto acima), para manter a lixa plana. Eliminar o pó em toda a superfície. • Aplicar duas ou três demãos de tinta Premium diluída e deixar cada demão secar, confor- me recomendação do fabricante. • Textura - Nível Único • Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante. • Aplicar uma ou duas demãos de textura. No caso de duas demãos, deixar secar, de acordo com a recomendação do fabricante, antes de aplicar a segunda. Fonte: Luca (2013, p. 5-13). 192 material complementar 192 A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão Eva Heller Editora: Gustavo Gilli Sinopse: este livro aborda a relação entre as cores e nossos sentimentos e de- monstra que não se combinam por acaso, já que as associações entre ambas não são apenas questões de gosto, mas sim, experiências universais que estão profundamente enraizadas em nossa linguagem e em nosso pensamento. Orga- nizada em 13 capítulos, correspondentes a 13 cores diferentes, a obra propor- ciona grande quantidade e variedade de informações sobre as cores: de ditados e saberes populares até sua utilização no design de produtos, os diversos testes baseados em cores, o processo de cura por meio delas, a manipulação de pesso- as, os nomes e sobrenomes relacionados às cores etc. Comentário: o conhecimento em relação aos materiais é de extrema importância ao designer de interiores. Entretanto, aliado a este conhecimento, é necessário ao profissional compreender os efeitos dos elementos, que também são parte de toda a experiência humana, relacionados aos seus sentidos. Neste caso, como as tintas são os revestimentos mais práticos e, por isto, podem sofrer transforma- ções em breves períodos, compreender as aplicação das cores torna-se essencial. Indicação para Ler 193 material complementar 193 A História das Coisas já foi visto por mais de 7 milhões de pessoas, em 200 países. O projetoé resultado de mais de 10 anos de pesquisa sobre sistemas de produção de bens de consumo feita pela ativista ambiental Annie Leonard. Ela viajou por cerca de 40 países para entender a nossa lógica de consumo, que vai desde a extração de matérias-primas até o descarte. Annie se disse motivada a entender “um sistema baseado na destruição dos recursos naturais e na geração de lixo” e, no vídeo, passa as informações de forma bastante didática. Web: https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k. Indicação para Acessar A Revista Abrafati é uma publicação trimestral, que se propõe a ser uma voz em defesa da cadeia de tintas, mostrando a sua importância e divulgando suas realizações, propostas, políticas e estratégias. Circula sob o formato revista desde 2003, mas tem sua origem no boletim Abrafati Informa, iniciado em 1988. A Revista on line da Abrafati, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, é um ótimo endereço para o designer de interiores se manter informado das novidades sobre o mercado das tintas no Brasil. Web: http://www.abrafati.com.br/category/publicacoes/revista-abrafati/. Indicação para Acessar Profissionais da Paradox arquitetura e design também desenvolveram uma ambientação que exprime o co- nhecimento do uso das tintas e das cores. Web: http://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/. Profissionais da Jump Studios desenvolveram uma ambientação para a grande empresa de internet Google. Web: http://www.dezeen.com/2012/05/01/google-campus-by-jump-studios/. Jeans de Seda com PET é um material desenvolvido para uso em moda, mas também pode ser aplicado na ambientação. Veja mais sobre este material na Casa Cor Paraná de 2012. Web: http://textileindustry.ning.com/m/discussion?id=2370240%3ATopic%3A373712. Indicação para Acessar 194 referências ABNT. NBR 14050: Sistemas de revestimentos de alto desempenho, a base de resinas epoxidicas e agregados minerais - projeto, execução e avaliação do desempenho - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató- rio. São Paulo: Pini, 2012. AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000. BASTOS, R. F. Linóleo como revestimento de piso: processos construtivos, execução e patologia. 2016. 143 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Área Departamental de Engenharia Civil, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Lisboa, 2016. BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994. BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. BROWNELL, B. Transmaterial 3: a catalog of materials that redefine our physical environment. New York: Princeton Architectural Press, 2010. CALLADO, A. O retrato de Portinari. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra. Barce- lona: Gustavo Gilli, 2014. FRANÇA, C. L. de; BARBOZA, K. de M.; QUITES, M. R. E. Estudo da tecnologia construtiva das esculturas em marfim. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTI- CAS “ENTRE TERRITÓRIOS”, 19., 2010, Cachoeira. Anais [...]. 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Estudo do ciclo de vida dos produtos têxteis: um contributo para a sustentabilidade na moda. 2012. 136 f. Tese (Doutorado em Design de Marketing) – Escola de Engenharia, Universidade do Minho, Braga, Portugal, 2012. RODRIGUES, V. M. S. Utilização de tintas naturais em sala de aula a partir de pigmentos e aglutinantes re- gionais. 2011. 37 f. Monografia (Curso de Artes Visuais) - Departamento de Artes Visuais, Universidade de Brasília, Brasília, 2011. ZAPPA, R. O Brasil na ponta do lápis. Programa de Fomento à Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Sérgio Rodrigues, 2015. REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: http://www.sabercultural.com/template/ArteBrasilEspeciais/Portinari-Candido-Guerra-e-Paz-1.html. Acesso em: 3 jun. 2019. 2 Em: https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/cartilha-cores-da-terra-150dpi-modificada.pdf. Acesso em: 3 jun. 2019. 3 Em: http://camarinastudio.blogspot.com/2013/11/conhece-os-paineis-3form.html. Acesso em: 4 jul. 2019. 4 Em: http://www.decorwindow.com.br/news/placas-3form. Acesso em: 4 jul. 2019. 5 Em: https://www.forbo.com/flooring/pt-br/produtos/linoleo/linoleo-acustico/bq4wps. Acesso em: 4 jul. 2019. 6 Em: http://www.ocasulofeliz.com.br/siteModa/jeansdeseda. Acesso em: 4 jul. 2019. 196 gabarito 1. O(a) aluno(a) deverá conseguir apontar os pontos positivos e negati- vos do material que escolheu e concluir, sob o seu próprio ponto de vis- ta, por que o material é positivo dentro dos conceitos da sustentabilidade. Foi escolhido o material courino por apresentar duas características benéficas ao projeto, por exemplo, o couro sintético possui durabilidade para diversos usos. E não é um produto advindo da morte de um animal. Este último argu- mento já valida a escolha do produto. 2. C. 3. E (I; II; III; IV). 4. E (F; F; V). 5. Foi escolhido o material por apresentar três características benéficas ao proje- to, por exemplo, uma Tinta Látex Fosco, a Clássica Maxx Premium Palha Suvi- nil, com fórmula base água e acabamento fosco de alto desempenho. Indicada para uso externos e internos, apresenta alta resistência e rendimento, além de possuir ultracobertura, possibilitando que a pintura seja concluída em me- nos tempo. A sua fórmula proporciona menos respingos e mais praticidade. Por estes motivos, compreendo ser indicada para o uso em uma loja comer- cial de ambiente interno. 6. Em contraponto, não é lavável, entretanto, como pensamos em uma loja de joias, onde normalmente paredes não são expostas a muita sujeira, esse não seria um problema. UNIDADEVI Professora Esp. Carla Prado Vieira Verdan • PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS • VIDRO E CERÂMICA • MADEIRAS E FIBRAS • METAIS E POLÍMEROS • RESINAS E OUTROS MATERIAIS • REFERÊNCIAS ESTUDOS DE CASO unidade VI INTRODUÇÃO O lá, futuro(a) designer de interiores. Preparamos, aqui, para você um material complementar sobre o conteúdo de materiais de revestimento e acabamento, com o obje- tivo de prepará-lo(a) melhor para o mercado de trabalho. Nesta unidade extra, você encontrará um apanhado de estudos de caso sobre cada uma das unidades do livro, ou seja, exemplos de aplicações e situações relacionadas aos materiais apresentados no conteúdo da disciplina. Desejamos, assim, que você assimile, ainda mais, as informações sobre pedras naturais e artificiais, vidros e ce- râmicas, madeiras e fibras, metais e polímeros e, por fim, resinas e outros materiais. Dessa maneira, esse é um conteúdo adicional, que acrescentará conhecimentosà sua aprendizagem. Boa leitura e muito sucesso! 192 Pedras Naturais e Artifi ciais 193 DESIGN A beleza das pedras naturais inspira diversos designers de interiores, o seu uso, como recurso estético para causar impacto nos ambientes, é muito frequente. Mas, de fato, esses materiais são adequados a todos projetos de interiores? Pois bem: sabemos que cada projeto é único e um dos fatores que alteram a decisão do uso desses materiais é o perfil dos usuários que utilizarão o espaço. Portanto, o profissional precisa compreender como aquele ambiente será utilizado pela(s) pessoa(s) que ali estarão. Na Figura 1, podemos observar que as pedras fo- ram utilizadas como material de acabamento de pa- rede, com assentamento regularizado ou irregular. Neste tópico da unidade, vamos refletir sobre alguns usos de pedras naturais, em projetos de design de in- teriores, pensando na melhor forma de utilizar suas características, sempre, aliadas às necessidades dos destinatários desses ambientes. – o que importa observar que as pedras estão aplica- das em paredes de fundo, isto é, paredes que ficam atrás de mobiliários e que não atuam, por exemplo, na circulação do ambiente. Nesse sentido, acredita- -se que a pedra tem poucas chances de causar algum tipo de dano ao indivíduo ali presente, mesmo se es- tivessem assentadas irregularmente. Que tipo de dano uma parede de petit pavês pode causar no usuário do espaço? Bom, o elemen- to decorativo com assentamento irregular, ou seja, que apresenta pontas que podem ser cortantes, está aplicado em um espaço direto de circulação, uma escadaria, se houver uma queda, ou mesmo a per- da do equilíbrio pelo indivíduo que, ali, circula, esse usuário poderá atingir com força o elemento e sofra escoriações, cortes ou outro tipos de danos físicos. Figura 1 – Pedras decorativas, as Petit Paves ou pedras portuguesas como elemento de acabamento de parede interna residencial. Fonte: Giacomelli (2011, on-line)1. Figura 2 – Pedras decorativas, as Petit Paves ou pedras portuguesas (as- sentamento irregular) como elemento de acabamento de parede interna. Fonte: Acervo pessoal. Projeto: Carla Prado e Patricia Suzuki. Foto de Vinicius Manià (Imagens autorizadas com devidos créditos). 194 são compreensíveis, e banheiros com bancadas e pi- sos de granito são comuns. Entretanto, não é uma regra, o importante é compreender o cuidado da es- pecificação desses materiais. Atualmente, outras pedras começaram a ser destaque em banheiros e lavabos. Com o apelo às questões sensoriais, os seixos (Figura 3) en- tram no radar dos profissionais de interiores e com criatividade revelam ambientes lindos. O fator estético atua novamente nessa “febre” dos seixos, mas devemos, como profissionais, pen- sar em seu funcionamento no ambiente e nas necessidades do espaço para seu uso. Os seixos também possuem superfície lisa, mesmo que assentados com cimento e possam produzir a sensação de reentrância, o material, ainda, é considerado liso para uso, por exemplo, no piso interno ao box do banheiro. Em ambientes, como mostras de decoração e/ou vi- trinas, cenografias etc., é possível ousar com esses materiais? Tudo dependerá do objetivo do projeto, aliado às necessidades do ambiente que se desenvol- ve – o importante é, sempre, atentar-se a essas ques- tões. A “Casa Cor” é um exemplo de mostra de de- coração, design de interiores, arquitetura e paisagismo, que se iniciou em território na- cional, mas, atualmente, oferece serviço a em outros países da América Latina. Para o(a) profissional de design de interiores, é importante que visite esses eventos, pois será o lugar para se inspirar e conhecer as possibilidades de uso dos materiais. Fonte: adaptado de Casa Cor (2016, on-line)2. SAIBA MAIS No que tange aos usos dos mármores, granitos e tra- vertinos em ambientes molháveis e molhados, re- forçamos, novamente, a importância da atenção e reflexão. Inicialmente, deve-se pensar no perfil dos usuários do espaço, considerando, sempre, que es- ses ambientes são mais propícios para as quedas pela existência da água em materiais lisos, pois a super- fície fica escorregadia. Com materiais porosos, pode existir a proliferação de fungos e bactérias e as pe- quenas “poças” de água também causam escorregões. Os mármores não são indicados para ambientes de muita circulação de pessoas, como vimos anterior- mente, é mais poroso e pode manchar se não limpos constantemente; o travertino também é mais rochoso e possui menor resistência, tanto à abrasão quanto ao impacto. O granito é forte, porém duro e liso. Neste sentido, lavabos revestidos de mármore e travertino Figura 3 – Pedras decorativas, os seixos como elemento de acabamento de parede interna em ambiente. Fonte: 4 Style Interiores (2018, on-line)3. 195 DESIGN 196 Olá, aluno(a)! Neste tópico da unidade, vamos apresentar alguns casos de projetos desenvolvidos por profi ssionais atuantes, com o objetivo de expe- rimentar de forma mais prática como o(a) designer de interiores poderá aplicar esses materiais. O VIDRO E OS MOBILIÁRIOS Muitos designers de interiores se limitam ao uso do vidro em interiores, pensam nos seus usos mais comuns e menos complicados. Quando vis- Vidro e Cerâmica lumbram usá-los em mobiliários, a normalidade vem à tona e tampos de mesas e uma ou outra mesa de centro são especificadas em projetos 100% feitos em vidro. No entanto vários profis- sionais de design vão na contramão do uso bási- co do vidro e inovam, conseguindo vislumbrar possibilidades diferenciais em peças simples, tor- nando-as únicas. Para, exemplifi car é possível olhar com en- cantamento a mesa shimmer de Patricia Ur- quiola e a sua explosão de cores. 197 DESIGN O VIDRO, A ÁGUA E O DESIGNER Ainda, considerando a capacidade do(a) designer de ser inovador(a), devemos pensar que a criatividade tem que ser exercitada pelo(a) profissional, indepen- dentemente, de qual área do design ele(a) se encontre. Os produtos ou ambientes desenvolvidos devem expor ao máximo a riqueza da mente criativa do(a) profissio- nal. Este, por sua vez, para chegar ao seu objetivo, deve compreender os materiais, as suas qualidades e carac- terísticas a ponto de extrair deles a mais bela estética, o conceito e a funcionalidade. Uma das mentes de design mais brilhantes da atualidade pertence ao designer de produto Philippe Starck, formado na escola Nissim de Camondo de Paris, França. De acordo com o seu site oficial, o de- signer vê sua profissão como uma forma de servir a sociedade, buscando melhorar a sua vida e as condi- ções do meio ambiente. Os seus trabalhos apresen- tam um olhar diferenciado, mostram a relevância de conhecer os materiais, suas propriedades diversas, suas funcionalidades e também a importância de exercitar a mente criativa. Um exemplo de sua ousadia é a linha de mobiliá- rios de vidro chamada de Boxinbox. Nessa, observa-se que o designer se vale das cores e que suas linhas man- têm-se retas e simples, caixas dentro de caixas, leves, coloridas, contemporâneas e versáteis. Na continuidade dos profissionais que se desta- caram com o uso do vidro, temos também os Irmãos Campana e sua linha Aquário, os profissionais mis- turam materiais e criam mobiliários divertidos. O REVESTIMENTO CERÂMICO E A ARTE Muitas vezes, o profissional de interiores precisa do seu conhecimento sobre Artes, desse modo, interio- res e artistas plásticos, músicos, dançarinos estão interligados e os ambientes só podem enriquecer a vida dos seus usuários. Muitas empresas se orgu- lham por apresentar, em seus produtos, referências reais e leais aos diversos artistas do mundo. Figura 4 - Mesa Shimmer Fonte: Grupo Cinex (2014, on-line)4.198 Um exemplo de produto que se relaciona com as pessoas é a linha Bailarinas da empresa de revesti- mentos Portinari, que valoriza obras do artista bra- sileiro Cândido Portinari , cujo sobrenome é o pró- prio nome da empresa de pisos e revestimentos. Além disso, é relevante observar que a valori- Figura 5 - Mobiliários em vidro pelo Designer Philippe Starck Fonte: Habitus Brasil (2014, on-line)5. “Une façon pour mériter d’exister est de servir.” Isto é: “Uma maneira de merecer existir é servir”. (Philippe Starck) REFLITA zação da arte vai na mesma direção da valorização das culturas regionais, específicas de cada sociedade. Nesse sentido, cabe ao designer de interiores valori- zar seus ambientes com produtos que “dialoguem”, que “toquem” seus usuários, por aquilo que acredi- tam ser parte de si mesmos. 199 DESIGN Figura 6 - Bailarinas da Empresa Portinari Fonte: Homedecore (2018, on-line)6. 200 Aluno(a), agora, que sabemos informações sobre as madeiras e as fi bras, torna-se necessário a aproximação prática do conte- údo com o design de ambientes. Para tanto, alguns estudos de caso que demonstram a criatividade nos usos dos materiais serão apresentados neste item. Madeiras e Fibras 201 DESIGN Veja mais sobre essa mostra e suas exposi- ções, acessando o link a seguir: https://www.revistacircuito.com/arquivos/36611 SAIBA MAIS Figura 7 - Loja Oca Criativa, de Gabriela Brasil e Míriam Gatti Fonte: Gustavo Xavier (2017, on-line)7. CASA COR: CASA VIVA E A MADEIRA RE- CICLADA A Casa Cor de 2018 se mantém no caminho das ten- dências contemporâneas, relacionadas à sustentabi- lidade, e apresenta como tema de seu evento “a Casa Viva”. É nessa diretriz que os diversos profissionais expositores projetaram os seus ambientes, a relevân- cia de pensar as questões do reuso e da adequação dos espaços e materiais estão presentes no uso das madeiras de demolição, na casa sustentável da Le- roy Merlin, e, no Lounge Sensações, do profissional Gustavo Paschoalim, o material de demolição foi o bambu. COLEÇÃO DE MOBILIÁRIOS UTILIZAN- DO MATERIAL RECICLÁVEL RECOLHIDO DO “LIXO” Alvaro Guillhermo, designer, arquiteto, mestre em artes, especialista e pesquisador em consumo do De- sign, é, também, o idealizador e gestor do projeto “Encontros Criativos da EcoFábrica criativa de San- tos” que venceu o prêmio iF Social Impact Prize. O projeto busca capacitar jovens por meio da ideia da marcenaria ecológica, desenvolve diversos produtos de materiais provenientes do serviço de limpeza, isto é, reutiliza - materiais do lixo para desenvolver no- vos produtos. MOBILIÁRIOS DE PAPELÃO NA MORAR MAIS POR MENOS. Na mostra “Morar mais por Menos”, podemos encon- trar diversos ambientes que se utilizam de diversos materiais cuja proximidade com a ideia da sustenta- bilidade é relevante. Em 2017, na cidade de Belo Ho- rizonte, podemos encontrar o papelão em destaque no ambiente da marca Oca Criativa como mesa e pol- trona. Em espaços de ambientes com finalidades es- pecíficas e cuja a personalidade varia de acordo com as novas tendências do mercado de consumo e as pre- ocupações ambientais, saber adequar estes materiais é uma forma de conquistar usuários diversos. 202 Aluno(a), vimos como é possível trabalhar diferen- tes e alternativos materiais para os projetos de inte- riores, por isso devemos nos atentar para a grande quantidade de produtos. Precisamos, como profi s- sionais, buscar as inovações e negar trabalhar, ape- nas, com um grupo mais convencional de produtos. Morar mais por menos é uma exposição que apresenta soluções inovadoras, sustentáveis e com uma preocupação social. Essas solu- ções são apresentadas e desenvolvidas por profi ssionais capacitados, designers de inte- riores e profi ssionais da área. Saiba mais em: http://www.morarmais.com. br/morarmais/ Fonte: a autora. SAIBA MAIS 203 DESIGN 204 Olá, aluno(a)! Vamos, agora, dar vida aos conhecimentos absorvidos nesta unidade, apre- sentando dois destes produtos desenvolvidos e aplicados com conceito e identidade que resume a capacidade de inovar diante de antigos e novos materiais. KARIM RASHID Considerado um dos grandes designers da atualidade, seus produtos e ambientes são orgâ- nicos, apaixonantes e impactantes. Gosta muito do trabalho com os novos materiais, como os polímeros e acrílicos, mas também se aventura com os materiais, como os metais. Para tanto, convidado por uma empresa de produtoss de acabamento e objetos para construção civil denominada Alloy, Rashid desenvolveu revestimentos parecidos com pastilhas de vi- dro, mas de metal. São oito peças que possuem qualidade para longa duração, oferecidas em diversos metais, como aço inoxidável, cobre, latão, titânio e aço cru. Metais e Polímeros 205 DESIGN Seguem as palavras de Karim Rashid acerca de sua criação: Eu sempre fui obcecado com padrões. A Alloy me deu uma grande oportunidade de trabalhar com a ideia do padrão, da grade e da repetição. Os padrões oferecem riqueza e profundidade à nossa paisagem. Quanto mais diversidade de linha, formas e composição, mais interessante é uma única peça. As formas ondulantes, curvi- líneas dão para a superfície bidimensional uma sensação tridimensional. Estes elementos repe- tidos de forma previsível são projetados para contradizer o azulejo quadrado. Esta coleção para a Alloy é orgânica em sua forma, porque eu acredito que o mundo precisa de uma de- saceleração e de um espírito humano mais leve (ALLOY, on-line, tradução nossa)8. Na hora de especifi car os metais de acabamen- tos para os banheiros e cozinhas, acima de tudo, o profi ssional deve ter em mente qualidade e utilida- de. Existem muitas opções de produtos no mercado, mas elas têm suas aplicações hidráulicas – vale con- ferir se estão de acordo com a instalação hidráulica da obra. Além disso, é necessário, sempre, reforçar ao usuário as formas de limpeza e manutenção das peças, visto que podem ser frágeis dependendo do uso de produtos fortes. Figura 8 – Coleção para Alloy Fonte: Contemporist (2010, on-line)9. Figura 9 - Cozinha Fonte: Casinha Bonita ([2019], on-line)10. OS METAIS NA AMBIENTAÇÃO O uso mais convencional dos metais em um espa- ço é como acabamentos de móveis diversos e aca- bamentos hidráulicos na cozinha e banheiro. As empresas desta área desenvolvem, a cada dia mais, produtos com senso estético apurado, as cores em alta, nos lavabos e banheiros, são as pretas, douradas e acobreadas. 206 206 Em relação aos metais inseridos nos móveis, as fer- ragens dos mobiliários, o que se tem é uma imensa diversidade de formas, cores e aplicações. O profi s- sional deve se atentar para a qualidade, mas também buscar o conhecimento do que o mercado tem para lhe oferecer, já que esta área na atualidade está muito bem amparada tecnologicamente. Em uma grande empresa da área, é possível sentir quantos produtos temos ao dispor de nossos clientes: sistemas de portas de elevação; sistemas de dobradiças; sistemas box; sistemas de corrediças; sistemas de divisões internas. Na relação com o mo- vimento (abrir e fechar portas e gavetas sem puxa- dores): blumotion (amortecimento do fechamento); servo-drive (sistema elétrico de toque); tip-on (siste- ma de abertura mecânico). PASTILHAS DE GARRAFA PET Muitos profi ssionais e empresários questionam os preceitos da sustentabilidade por acreditarem mais em suas difi culdades, tanto de aceitação pela so- ciedade consumista que existe dentro do sistema capitalista quanto em seus obstáculos de processos diferenciados e incomuns. Entretanto alguns pro- fi ssionais agarram a sustentabilidade como uma oportunidade de negóciose efazem diferença nessa discussão. A ideia de transformar garrafas PET usadas em ma- teriais diversos para uso, em vez de levá-las ao descarte, é comum e até popular, mas se torna especial quando o projeto investe em pesquisas e experimentos. A seguir, um exemplo brasileiro de como é possível. De acordo com os dados comerciais da empresa desenvolvedora, Rivesti, com 85% de PET reciclado, um metro quadrado (1m2) de pastilhas evita a emis- são de 3 três quilogramas (3 kg) de gás carbônico na atmosfera, bem como a reciclagem de sessenta e seis pets. O produto de revestimento possui certifi cação LEED e Green Building Council. Figura 10 - pastilhas de garrafa PET Fonte: Rifi niture ([2019], on-line)11. 207 DESIGN 207 DESIGN 208 Resinas e Outros Materiais Caro(a) aluno(a), adentramos aos Estudos de Caso, etapa impor- tante durante os estudos para a devida compreensão dos conteú- dos teóricos e técnicos, pois somente com o entendimento da prá- tica destas informações é possível analisar como estes materiais se comportam e o que podem oferecer nas ambientações. Para tanto, foram selecionados algumas aplicações importantes. 209 DESIGN TINTAS O uso das tintas, por ser um material prático, pode ser facilmente removível se comparado a azulejos. As tintas estabelecem um clima de desafios aos designers de interiores que se deixam levar pela imaginação, baseada nos conceitos que cercam o uso das cores na ambientação. A designer de interiores Jessica Helger- son, de Portland/Oregon, desenvolveu um projeto residencial e demonstra ótima desenvoltura nestes conhecimentos, anteriormente, descritos. Em seu site oficial, a designer aponta: Nossos clientes foram um jovem casal com uma propensão para a arte pop, cores brilhantes e de- sign atual e fresco. Foi solicitado ousadia nas co- res e um projeto divertido, e nós nos divertimos fazendo exatamente isso. Na sala de jantar proje- tamos uma mesa onde os dois longos pedaços de madeira são unidos por uma série de articulações borboleta, lacadas em vários tons de turquesa. As cadeiras em torno da mesa são vintage Paul McCobb, lacadas, também na coloração azul-tur- quesa. A parede da estante é pintada em padrão geométrico com quatro tons de vermelho. A cor brilhante é equilibrada por uma coleção de obje- tos de madeira da terra, cerâmica e vidro (HEL- GERSON, on-line, tradução nossa)12. É possível observar a destreza da designer de interio- res em aplicar cores contrastantes e complementares em diversas tonalidades, o que, provavelmente, mo- vimenta o olhar, evitando assim a irritação causada pela tensão entre as próprias cores. O fato do uso ser pontual, e o restante do ambiente estar equilibrado pelas colorações neutras como o branco e os tons amadeirados somam e evitam que o estímulo visual torne a experiência na ambientação desconfortável. Figura 11 - Projeto Residencial, designer de interiores Jessica Helgerson, de Portland/Oregon Fonte: Helgerson ([2019], on-line)12. 210 Profissionais da Paradox Arquitetura e De- sign também desenvolveram uma ambientação que exprime o conhecimento do uso das tintas e das cores para destacar as sensações deseja- das em um espaço. De acordo com o site Dez- zen Magazine (2011, on-line)13, os profissionais afirmam que as “formas amarelas pintadas nas paredes laterais são destinadas a criar uma ilu- são de profundidade”. Caro(a) aluno(a), para visualizar as imagens do ambiente e saber mais sobre este projeto, vá aos Materiais Complementares e encontrará o link para leitura. PRODUTOS ANIMAIS - COURO E SÉRGIO RODRIGUES A cadeira Chifruda nasceu da vontade de de- monstrar a qualidade da costura dos elementos de couro. “Imaginei que a cadeira teria certos detalhes lúdicos ou então detalhes que tinham uma relação longínqua com móveis de estilo e certa brincadeira que já era a minha paixão pe- los vikings. Daí aquele chifre daquele jeito – um encosto de cabeça com aquele formato acentua- do. Fiz essa minha cadeira que o pessoal achou muito estranho. Eu estava achando muito go- zado. Mas, na época, os puros acharam aquela coisa um pouco estranha. Uma falta de gosto. Eu não tenho nada que ver com isso, né?! Se eles gostassem ou não, não era problema meu” (ZAPPA, 2015, p. 43). O interessante em observar a cadeira chifruda de Sérgio Rodrigues é que, culturalmente, remonta ao passado histórico do país, ao se tratar de estruturas de madeira, à atividade pecuária e ao mercado de agronegócios, os quais, sempre, participaram do desenvolvimento econômico nacional. É possível visualizar, então, elementos fortes de nossa história, economia e cultura diretamente, ao olhar este mobi- liário conceito. Figura 12 - Poltrona Chifruda - Criada pelo Mestre Sérgio Rodrigues, em 1962, é considerada uma das obras primas do design brasileiro Fonte: Anual Design (2011, on-line)14. conclusão geral Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, chegamos ao final deste livro, entretan- to, não será aqui o final das suas pesquisas e estudos acerca dos materiais. Tendo em vista que a evolução tecnológica avança cada dia mais e que, com ela, surgem diversos materiais, será necessária uma postura profissional de busca contínua sobre os novos materiais e os novos procedimentos. Você adquiriu conhecimento sobre alguns dos materiais mais populares e conhecidos da sociedade, materiais que possuem uma intimidade com a história humana, que fizeram parte de seu desenvolvimento intelectual e até nomearam momentos históricos da sociedade. A relação dos indivíduos e sociedade com os materiais possui causas de ordem física e sensorial, mas também, de ordem social e cultural, e todas estas propriedades devem ser levadas em consideração pelo(a) profissional de design de interiores durante a aplicação no conceito do projeto da ambientação. A partir dos estudos sobre as pedras naturais, as pedras artificiais, os vidros e as cerâmicas, as madeiras e as fibras, os polímeros e metais e, por fim, as tintas e os produtos animais, você poderá refletir conscientemente sobre as melhores alternativas possíveis no uso dos materiais. Lembre-se, também, de considerar todo o impacto ambiental que cada material pode ofe- recer. Seja consciente e um(a) incentivador(a), em busca da melhoria das condições am- bientais e animais. Os conceitos de sustentabilidade são a base e o apoio que a sociedade precisa para construir um futuro melhor. Desejamos a você, aluno(a), que se torne um(a) profissional cheio(a) de projetos, com re- sultados satisfatórios e eficientes aos seus objetivos. Que a sua carreira seja de muito suces- so e que este livro seja um guia para a descoberta de mais e mais conteúdos relacionados aos materiais, seus usos, aplicações e impactos. Parabéns por mais esta conquista! 211 referências 1 Em: http://blog.giacomelli.com.br/2011/01/20/de-cara-nova-as-paredes/. Acesso em: 5 jun. 2019. 2 Em: https://casacor.abril.com.br/historia/. Acesso em: 5 jun. 2019. 3 Em: https://4styleinteriores.wordpress.com/2018/08/29/seixos-design-e-sofisticacao-na-medi- da-exata/. Acesso em: 18 fev. 2019. 4 Em: http://www.grupocinex.com.br/blog/mesa-shimmer/. Acesso em: 5 jun. 2019. 5 Em: https://habitusbrasil.com/wp-content/uploads/2016/04/Vidro-Philippe-Starck-Boxinbox.jpg. Acesso em: 6 jun. 2019. 6 Em: http://www.homedecore.com.br/ceramica-portinari-apresenta-porcelanato-inspira- do-nas-obras-de-candido-portinari/. Acesso em: 6 jun. 2019. 7 Em: http://gustavoxavier.com.br/morar_mais_por_menos_bh_2017/. Acesso em: 6 jun. 2019. 8 Em: https://alloydesign.com.au/shop/category/5079. Acesso em: 6 jun. 2019. 9 Em: http://www.contemporist.com/metal-tiles-by-karim-rashid-for-alloy-2/. Acesso em: 6 jun. 2019. 10 Em: https://blog.sincenet.com.br/wp-content/uploads/2018/02/IMG_1695-1.jpg.Acesso em: 6 jun. 2019. 11 Em: https://hggirlonfire.com/pastilhas-de-garrafa-pet.html. Acesso em: 6 jun. 2019. 12 Em: http://www.jhinteriordesign.com/brooklyn-brownstone. Acesso em: 6 jun. 2019. 13 Em: https://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/. Acesso em: 6 jun. 2019. 14 Em: https://www.anualdesign.com.br/blog/1003/poltrona-chifruda/?param=blog/1003/poltro- na-chifruda/. Acesso em: 6 jun. 2019. UNIDADE I PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS Conhecer os Principais Ambientes Residenciais e Suas Definições Pedras Naturais Pedras Artificiais Sustentabilidade UNIDADE II VIDRO E CERÂMICA Vidro Cerâmica Sustentabilidade Considerações Finais Referências Referências Gabarito UNIDADE III MADEIRAS E FIBRAS MADEIRA Bambu Fibras (Têxteis e Papéis) Sustentabilidade Considerações Finais Referências Referências Gabarito UNIDADE IV Metais e Polímeros Metais Polímeros Acrílico (Pmma) Sustentabilidade Referências Referências Gabarito UNIDADE V RESINAS E OUTROS MATERIAIS As Tintas Produtos Animais Outros Materiais Sustentabilidade Considerações Finais Referências Referências Gabarito conclusão geral