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04 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

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IV
ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO
1 ASPECTOS GERAIS
A Justiça Nacional divide-se em Especial e Comum.
A República Federativa do Brasil possui três Justiças Especiais ou Especializadas: Justiça do
Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar.
A Justiça Comum apresenta a seguinte divisão: Justiça Federal e Justiça Estadual.
O art. 111 da CF/88 aduz que são órgãos da Justiça do Trabalho:
I) Tribunal Superior do Trabalho;
II) Tribunais Regionais do Trabalho; e
III) Juízes do Trabalho.
A Justiça do Trabalho possui três graus de jurisdição, a saber:
1º) terceiro grau de jurisdição trabalhista – representado pelo Tribunal Superior do Trabalho,
composto pelos Ministros do TST;
2º) segundo grau de jurisdição trabalhista – representado pelos Tribunais Regionais do
Trabalho, composto pelos Juízes dos TRTs;
Observação: Alguns Tribunais Regionais do Trabalho, em seu Regimento Interno, estabeleceram a denominação
desembargador do trabalho aos seus juízes. Todavia, vale ressaltar que a própria Constituição Federal de 1988, em seu art.
115, aduz a expressão juízes, e o projeto de lei que altera a denominação dos juízes dos TRTs para desembargadores dos
TRTs ainda está tramitando no Congresso Nacional.
3º) primeiro grau de jurisdição trabalhista: representado pelos Juízes do Trabalho, que atuam
nas Varas do Trabalho.
Pegadinha clássica de concursos públicos e Exame de Ordem: embora a terminologia Varas do Trabalho também esteja
correta para representar o 1º grau de jurisdição trabalhista, a CF, em seu art. 111, III, aduz como órgãos da Justiça do
Trabalho os próprios Juízes do Trabalho e não as Varas do Trabalho.
2 GARANTIAS E VEDAÇÕES DA MAGISTRATURA DO TRABALHO
A Constituição Federal de 1988 assegura algumas garantias aos juízes integrantes da Magistratura do
Trabalho. Vale ressaltar que essas garantias são intrínsecas ao próprio cargo, e não à pessoa que dele
toma posse. Os fundamentos que corroboram essas garantias são:
imparcialidade;
independência.
Na verdade, as garantias conferidas aos magistrados acabam por beneficiar o cidadão, uma vez que
os juízes poderão julgar sem pressões, assegurando-se, assim, a prestação jurisdicional de forma
independente e imparcial.
Com efeito, vejamos a previsão do art. 95 da CF:
“Os juízes gozam das seguintes garantias:
I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo
a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos
demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I”.
Portanto, são garantias da Magistratura como um todo:
1ª) vitaliciedade: é obtida após dois anos de exercício, de forma que o juiz somente poderá perder
o cargo mediante sentença judicial transitada em julgado. De outra sorte, nos dois primeiros anos, o
juiz ainda não é estável, e poderá perder o cargo por deliberação do tribunal a que ele estiver vinculado;
2ª) inamovibilidade: em regra, o juiz não pode ser removido da comarca em que é titular.
Excepcionalmente, poderá ser removido em duas hipóteses:
a) a requerimento;
b) por interesse público, mediante decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou
do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
O art. 93, VIII, da CF traz a seguinte regra sobre o assunto:
“O ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-
se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de
Justiça, assegurada ampla defesa”.
3ª) irredutibilidade de subsídio: uma das grandes garantias conferidas aos magistrados é a
irredutibilidade de subsídio. Mas vale apontar que essa garantia não afasta a incidência dos respectivos
descontos fiscais e previdenciários.
Desenvolvendo o raciocínio, para que os magistrados possam entregar a prestação jurisdicional de
forma efetiva, célere, imparcial e independente, a Constituição Cidadã de 1988, no parágrafo único
do art. 95, traz as seguintes vedações:
“Aos juízes é vedado:
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – dedicar-se à atividade político-partidária;
IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração”.
Assim, são vedações impostas aos magistrados:
1ª) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
2ª) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração;
3ª) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
4ª) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
5ª) dedicar-se à atividade político-partidária.
3 INGRESSO NA MAGISTRATURA DO TRABALHO
S obre o ingresso na Magistratura do Trabalho, convém iniciarmos o estudo com a leitura do art. 93,
I, da CF, abaixo consignado:
“Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação”.
Assim, o ingresso na Magistratura do Trabalho, no primeiro grau de jurisdição trabalhista,
depende do preenchimento pelo candidato dos seguintes requisitos cumulativos:
1º) aprovação em concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as fases;
2º) ser bacharel em Direito;
3º) ter, no mínimo, três anos de atividade jurídica.
As nomeações deverão obedecer rigorosamente à ordem de classificação.
Atualmente, o mencionado concurso público está cada vez mais concorrido e difícil, exigindo do
candidato o conhecimento aprofundado, atualizado e multidisciplinar de uma série de disciplinas.
Nesse sentido, a Resolução n. 75, de 12 de maio de 2009, do Conselho Nacional de Justiça, dispõe
sobre os concursos públicos para ingresso na carreira da Magistratura em todos os ramos do Poder
Judiciário nacional.
Ademais, insta consignar a Resolução Administrativa n. 1.825, de 23 de maio de 2016, do
Tribunal Superior do Trabalho, que regulamenta o Concurso Nacional para ingresso na carreira da
Magistratura do Trabalho.
Com efeito, o ingresso na Magistratura do Trabalho far-se-á no cargo de Juiz do Trabalho Substituto,
mediante aprovação em concurso público nacional de provas e títulos e nomeação por ato do
Presidente do Tribunal Regional do Trabalho respectivo, sendo exigidos do bacharel em Direito três
anos, no mínimo, de atividade jurídica, nos termos do inciso I do art. 93 da Constituição Federal e da
disciplina prevista na presente Resolução.
O concurso nacional será realizado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados do Trabalho – ENAMAT, com o apoio dos Tribunais Regionais do Trabalho, de acordo
com os termos dessa Resolução e das normas legais aplicáveis.
O concurso destinar-se-á
ao preenchimento das vagas existentes à época da publicação do edital de
convocação, do qual constará a relação dos cargos vagos, com a respectiva lotação.
Os Tribunais Regionais do Trabalho, mediante adesão, celebrarão convênio padrão com a ENAMAT
e disponibilizarão as vagas ofertadas no concurso.
O concurso constará de 6 (seis) etapas realizadas sucessivamente na seguinte ordem:
I – primeira etapa – uma prova objetiva seletiva, de caráter eliminatório e classificatório;
II – segunda etapa – uma prova escrita discursiva, de caráter eliminatório e classificatório;
III – terceira etapa – uma prova prática, de caráter eliminatório e classificatório, consistente na
elaboração de uma sentença trabalhista;
IV – quarta etapa – de caráter eliminatório, com as seguintes fases:
a) sindicância da vida pregressa e investigação social; e
b) exame de sanidade física e mental;
V – quinta etapa – uma prova oral, de caráter eliminatório e classificatório; e
VI – sexta etapa – avaliação de títulos, de caráter classificatório.
Observação: A participação do candidato em cada etapa ocorrera ́necessariamente após habilitação na etapa anterior.
A prova escrita da primeira etapa versará sobre as seguintes disciplinas: Direito Individual do
Trabalho; Direito Coletivo do Trabalho; Direito Administrativo; Direito Penal; Direito Processual do
Trabalho; Direito Constitucional; Direito Civil; Direito Processual Civil; Direito Internacional e
Comunitário; Direito Previdenciário; Direito Empresarial; Direitos Humanos; e Direito da Criança, do
Adolescente e do Jovem.
A prova escrita discursiva da segunda etapa abordará as seguintes disciplinas: Direito Individual do
Trabalho, Direito Coletivo do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito Constitucional, Direito
Processual Civil, Direito Administrativo, Direito Civil, S ociologia do Direito, Psicologia Judiciaria, Ética
e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional, Filosofia do Direito, Direitos Humanos e Teoria Geral do
Direito e da Política.
A prova oral da quinta etapa explorará as disciplinas de Direito Individual do Trabalho, Direito
Coletivo do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito Constitucional, Direito Processual Civil,
S ociologia do Direito, Psicologia Judiciária, Ética e Estatuto Jurídico da Magistratura Nacional, Filosofia
do Direito, Direitos Humanos e Teoria Geral do Direito e da Política.
A ENAMAT elaborará o programa das disciplinas de que tratam os parágrafos anteriores, que
constará do edital de abertura do concurso.
Ainda, na temática da inscrição definitiva, será requerida ao presidente da Comissão Executiva
Nacional de Concurso, mediante preenchimento de formulário próprio, entregue na secretaria do
concurso ou acessível por meio da internet, nos termos do edital.
O pedido de inscric ̧ão, assinado pelo candidato ou por procurador habilitado, será instruído com:
a) cópia autenticada de diploma de bacharel em Direito, devidamente registrado pelo Ministério da
Educac ̧ão;
b) certidão ou declaração idônea que comprove haver completado, à data da inscrição definitiva, 3
(três) anos de atividade jurídica, efetivo exercício da advocacia ou de cargo, emprego ou função,
exercida após a obtenção do grau de bacharel em Direito;
c) cópia autenticada de documento que comprove a quitação de obrigações concernentes ao serviço
militar, se do sexo masculino;
d) cópia autenticada de título de eleitor e de documento que comprove estar o candidato em dia
com as obrigações eleitorais ou certidão negativa da Justiça Eleitoral;
e) certidão dos distribuidores criminais das Justiças Federal, Estadual ou do Distrito Federal e Militar
dos lugares em que haja residido nos últimos 5 (cinco) anos;
f) folha de antecedentes da Polícia Federal e da Polícia Civil Estadual ou do Distrito Federal, onde
haja residido nos últimos 5 (cinco) anos;
g) os títulos definidos no art. 75 da Resolução em estudo;
h) declaração firmada pelo candidato, com firma reconhecida, da qual conste nunca haver sido
indiciado em inquérito policial ou processado criminalmente ou, em caso contrário, notícia específica
da ocorrência, acompanhada dos esclarecimentos pertinentes;
i) formulário fornecido pela Comissão de Concurso, em que o candidato especificará as atividades
jurídicas desempenhadas, com exata indicação dos períodos e locais de sua prestação, bem como as
principais autoridades com quem haja atuado em cada um dos períodos de prática profissional,
discriminados em ordem cronológica;
j) certidão da Ordem dos Advogados do Brasil com informação sobre a situação do candidato
advogado.
Os Tribunais Regionais participantes manterão postos designados para o recebimento dos pedidos e
conferência dos documentos necessários à inscrição definitiva, para posterior encaminhamento ao
presidente da Comissão Executiva Nacional de Concurso.
Nesse diapasão, considera-se atividade jurídica:
I – aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito;
II – o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima em
5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei n. 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou questões
distintas;
III – o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização preponderante de conhecimento jurídico;
IV – o exercício da função de conciliador junto a órgãos jurisdicionais, no mínimo por 16 (dezesseis)
horas mensais e durante 1 (um) ano;
V – o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios.
É vedada, para efeito de comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico ou
qualquer outra atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito.
A comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções não
privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão circunstanciada, expedida pelo órgão
competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização
preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em decisão
fundamentada, a análise da validade do documento.
Um requisito que sempre gerou muita controvérsia doutrinária e jurisprudencial, desde o advento
da EC n. 45/2004, que trouxe a Reforma do Judiciário e que representa uma grande preocupação dos
concurseiros, é a exigência de três anos de atividade jurídica, no mínimo, para ingresso na Magistratura
do Trabalho.
Sobre o tema, destacaremos comentários de nomeados juristas:
Mauro Schiavi
“Quanto ao requisito da prática jurídica, há controvérsia na doutrina sobre ser, ou não, o referido
inciso I do art. 93 autoaplicável ou se somente o será após a edição de Lei Complementar.
Ao contrário do que pensam alguns doutrinadores, acreditamos que o inciso I do art. 93 da CF ao
exigir os três anos de atividade jurídica, é autoaplicável, vale dizer: não depende de lei complementar
para ter eficácia, sendo norma de eficácia contida, uma vez que sua redação é clara ao exigir três
anos de prática jurídica, podendo este requisito, enquanto não houver a edição de lei complementar
específica a respeito, ser regulamentado nos Editais dos concursos pelos Tribunais ou,
preferencialmente, como foi realizado, pelo Conselho Nacional de Justiça, desde que a interpretação
seja justa e razoável e não impeça o acesso do bacharel aos quadros da magistratura.
Acreditamos que a finalidade social da norma ao exigir três anos de prática jurídica tem por
escopo buscar maior amadurecimento do bacharel que pretende ingressar nos quadros da
magistratura, diante da responsabilidade do cargo que exige não só o conhecimento jurídico, mas
também o conhecimento do ser humano, pois o Direito existe em razão dele. De outro lado,
pensamos correta
a interpretação de que os três anos se computam a partir da formatura do
bacharel e devem ser preenchidos na data da posse do candidato.
(...) não pensamos ser a Resolução n. 75/09 do CNJ inconstitucional, pois o art. 93, I, da CF, tem
vigência imediata, uma vez que é norma de eficácia contida, vale dizer: a lei infraconstitucional pode
dilatar ou restringir seu alcance. Além disso, pensamos que o CNJ disciplinou de forma justa e
razoável o requisito dos três anos de prática jurídica, não inibindo o acesso do bacharel à
Magistratura. De outro lado, acreditamos que a exigência dos três anos de prática jurídica é um
requisito que decorre do devido processo legal (art. 5º da CF), sendo um direito fundamental do
cidadão ser julgado por um magistrado que, além do conhecimento jurídico, apresenta
amadurecimento por possuir maior experiência em razão dos três anos de prática jurídica.
Acreditamos que, enquanto não houver a edição de Lei Complementar para regulamentar os três
anos de atividade jurídica, possa o Conselho Nacional de Justiça regulamentar os requisitos para
ingresso na carreira da Magistratura, pois, além de uniformizar os procedimentos dos Editais dos
Tribunais, torna mais transparente o processo seletivo”
34
.
Carlos Henrique Bezerra Leite
“Com o advento da EC n. 45/2004, que deu nova redação ao inciso I do art. 93 da CF, haverá
necessidade de uma Lei Complementar, de iniciativa do STF, que disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, o qual deverá estabelecer, dentre outros, o seguinte princípio:
‘I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas
nomeações, à ordem de classificação’.
Da leitura da norma prevista no preceptivo em causa, indaga-se: o que se deve entender por
atividade jurídica?
Atividade jurídica abrange, a nosso ver, qualquer atividade que exija o título de bacharel em direito,
como o exercício de funções, empregos ou cargos públicos ou privados, permanentes, efetivos,
temporários ou de confiança. O exercício da advocacia consultiva ou contenciosa, bem como o
exercício do magistério jurídico, também se enquadram, por óbvio, no conceito de atividade jurídica.
De outra parte, pensamos que o exercício do cargo de auditor fiscal do trabalho, embora não seja
privativo de bacharel em direito, caracteriza atividade desenganadamente jurídica, uma vez que a
atuação básica de tal agente público é a de fiscalizar o cumprimento efetivo da legislação trabalhista,
o que implica fazer rotineiramente a subsunção do caso concreto à norma jurídica que prevê
determinado regramento de conduta para os atores das relações trabalhistas.
Igualmente, os cargos de analista e técnico judiciário ou processual exercidos por servidores
públicos do Judiciário e Ministério Público, a nosso ver, atendem satisfatoriamente ao espírito da
nova exigência constitucional.
Atualmente, o ingresso na magistratura do trabalho (e em todas as esferas da jurisdição nacional)
está regulado pelas Resoluções ns. 75/2009, 118/2010 e 126/2011 do Conselho Nacional de Justiça
– CNJ; Resolução n. 907/2002 e Resoluções Administrativas ns. 1.140/2006 e 1.362/2009 do
Tribunal Superior do Trabalho ̶ TST; Resolução n. 21/2006 do Conselho Superior da Justiça do
Trabalho ̶ CSJT.
No ato de requerimento para inscrição no concurso público para o cargo de juiz do trabalho
substituto, sob as penas da lei, o candidato declarará: a) que é brasileiro (art. 12 da Constituição
Federal); b) que é bacharel em Direito e que atenderá, até a data da inscrição definitiva (a Súmula
266 do STJ prevê até a data da posse), a exigência de 3 (três) anos de atividade jurídica exercida
após a obtenção do grau de bacharel em Direito; c) estar ciente de que a não apresentação do
respectivo diploma, devidamente registrado pelo Ministério da Educação, e da comprovação da
atividade jurídica, no ato da inscrição definitiva, acarretará a sua exclusão do processo seletivo; d)
que aceita as demais regras pertinentes consignadas no Edital do concurso”
35
.
Nossa posição: Resolução n. 75/2009 do CNJ
Respeitando-se opiniões em sentido contrário, entendemos que a
Resolução n. 75/2009 do CNJ é salutar, por trazer a grande
vantagem da uniformização dos editais dos concursos públicos dos
24 Tribunais Regionais do Trabalho existentes na República
Federativa do Brasil, trazendo aos candidatos segurança jurídica,
acabando com acirradas discussões sobre os requisitos exigidos.
Ademais, entendemos que a aludida Resolução não é
inconstitucional, pois a norma do art. 93, I, da CF, embora dependa
de lei complementar infraconstitucional para a produção de todos os
seus efeitos jurídicos, já produz o indubitável efeito de vincular o
legislador infraconstitucional aos seus vetores.
A exigência dos três anos mínimos de atividade jurídica para
ingresso no cargo de juiz substituto é correta, exigindo do candidato
amadurecimento, experiência profissional e de vida. Embora seja
certo que o amadurecimento de uma pessoa não pode ser aferido
simplesmente pela idade, pois depende das próprias experiências de
vida, a ideia do legislador foi somá-las com as experiências no
Mundo do Direito, fundamentais para o bom exercício da judicatura.
Para a prestação jurisdicional efetiva, célere e justa, não basta o
magistrado ter bom conhecimento jurídico, mas deverá possuir,
preponderantemente, valores sociais e éticos, que somente são
aprimorados com os obstáculos oferecidos pela vida.
Por derradeiro, insta consignar a recente Resolução Administrativa
n. 1.825, de 23 de maio de 2016, que regulamenta o Concurso
Nacional para ingresso na carreira da Magistratura do Trabalho.
4 JUÍZES DO TRABALHO (VARAS DO TRABALHO)
Em primeiro lugar, convém destacar que a EC n. 24/99 extinguiu a representação classista da
Justiça do Trabalho em todos os graus de jurisdição trabalhista.
S obre a extinta representação classista da Justiça do Trabalho, ensina o Professor Amauri Mascaro
Nascimento36:
“Denominava-se representação paritária a presença, nos órgãos judiciais trabalhistas, de juízes
leigos, ao lado dos juízes togados, e que eram indicados em listas pelas organizações sindicais,
passando a compor os quadros de juízes da Justiça do Trabalho. Não será demais ver as suas
formas e a sua significação.
A representação paritária existiu nas Juntas e nos Tribunais. O nome dos representantes perante
as Juntas, pela CLT, era vogal. A Constituição de 1988 os denominou juízes classistas (art. 116).
Nos Tribunais Regionais eram também denominados juízes classistas. No Tribunal Superior do
Trabalho eram ministros classistas.
Havia representantes classistas de empregados e empregadores.
A representação classista era temporária; a investidura era limitada no tempo. O mandato dos
representantes classistas, em todas as instâncias, era de três anos (CF, art. 117). Havia suplentes
de classistas.
Permitia-se uma recondução dos classistas das Juntas (CF, art. 116, parágrafo único), mas a
Constituição não previa recondução dos classistas dos tribunais”.
Em decorrência, as antigas Juntas de Conciliação e Julgamento, que apresentavam composição
colegiada (um juiz togado e dois juízes classistas, representando a classe dos empregados e dos
empregadores), foram extintas, dando lugar às Varas do Trabalho, cada uma delas representada por
um juiz monocrático ou singular .
Assim, atualmente, temos a figura do Juiz do Trabalho, titular ou substituto, atuando nas Varas do
Trabalho.
Nesse sentido, é o teor do art. 116 da CF:
“Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular”.
Os Juízes do Trabalho representam o primeiro grau de jurisdição trabalhista.
Ainda, o art. 112 da CF traz a seguinte
disposição:
“A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua
jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do
Trabalho”.
Dessa forma, segundo o Texto Constitucional, a criação das Varas do Trabalho depende de lei
infraconstitucional ordinária.
Ademais, nas comarcas não abrangidas pela competência trabalhista das Varas do Trabalho
existentes, a lei poderá atribuí-la aos juízes de direito. Dito de outro modo, nas localidades em que não
foram criadas Varas do Trabalho, o Juiz de Direito poderá acumular a competência trabalhista.
Portanto, excepcionalmente, um juiz de direito pode ter competência trabalhista – é o chamado juiz
de direito investido de “jurisdição” trabalhista. Tecnicamente, ele é investido em competência
trabalhista, até porque a jurisdição é una e indivisível.
Nessa linha de raciocínio, indaga-se: na hipótese de um juiz de direito, investido de competência
para julgar matéria trabalhista, prolatar uma sentença, é cabível apelação ou recurso ordinário?
A resposta é encontrada na própria parte final do art. 112 da CF, sendo cabível o recurso ordinário,
a ser julgado pelo respectivo Tribunal Regional do Trabalho. O mesmo raciocínio é encontrado no
art. 895, I, da CLT, alterado pela Lei n. 11.925, de 17 de abril de 2009. Vejamos a redação:
“Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior:
I – das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias”
(destaque nosso).
Continuando, criada a Vara do Trabalho, cessa automaticamente a competência do Juiz de Direito
em matéria trabalhista, ainda que o processo esteja em fase de execução. É o que estabelece a Súmula
10 do STJ:
“Instalada a Junta de Conciliação e Julgamento, cessa a competência do Juiz de Direito em
matéria trabalhista, inclusive para a execução das sentenças por ele proferidas”.
O entendimento da S úmula 10 do S TJ está correto, pois estamos tratando de competência em razão
da matéria e, portanto, absoluta, representando uma exceção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis,
que se encontra previsto no art. 43 do CPC/2015, abaixo apontado:
“Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o
órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia”.
Assim, a competência é determinada no momento em que a ação é proposta. Considera-se proposta
a ação no momento em que a petição inicial é despachada, em localidade que possui apenas uma Vara,
ou no momento em que a petição inicial é distribuída, na localidade em que houver mais de uma Vara.
Determinada a competência, são irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, privilegiando-se a perpetuação da competência no trâmite processual em
prol da segurança e estabilidade das relações jurídicas e sociais (princípio da segurança jurídica).
Todavia, a regra processual da perpetuação da competência apresenta duas exceções:
1ª) quando as modificações suprimirem o órgão judiciário. Foi o que aconteceu com a extinção dos
Tribunais de Alçada com o advento da Reforma do Judiciário (EC n. 45/2004); como consequência,
tivemos a remessa automática dos autos que lá tramitavam para os respectivos Tribunais de Justiça;
2ª) quando as modificações alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia
(competência absoluta).
Logo, na hipótese de modificação das regras processuais envolvendo competência em razão da
matéria, como na hipótese da S úmula 10 do S TJ, a consequência será a remessa automática dos autos
ao respectivo juízo competente, pouco importando a fase em que o processo se encontra.
S alientamos que o juiz do trabalho titular tem sede fixa na Vara do Trabalho. Já o juiz do
trabalho substituto auxilia ou substitui o juiz titular da Vara do Trabalho. Nessa atuação, tem as
mesmas prerrogativas e os mesmos deveres do titular.
Por fim, vamos comentar o princípio da identidade física do juiz e o seu possível cabimento no
Processo do Trabalho.
O CPC/1973, em seu art. 132, trazia a seguinte disposição sobre o princípio da identidade física:
“O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado,
licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos
ao seu sucessor”.
Assim, no Processo Civil, diante desse princípio, o juiz que concluía a audiência ficaria vinculado
ao processo, e teria a incumbência de julgar a lide. Trata-se de uma regra processual extremamente
salutar, pois o juiz que conduziu o desenrolar do processo e colheu provas em audiência é o que
naturalmente apresenta melhores condições de julgar, até porque o comportamento das partes, dos
advogados e das testemunhas em audiência, sem dúvida nenhuma, influenciará o julgamento.
Não obstante, o TST entendia por meio da Súmula 136 que o princípio da identidade física do
juiz não era aplicável ao Processo do Trabalho, como visto a seguir:
“JUIZ. IDENTIDADE FÍSICA.
Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz”.
Vale ressaltar que essa Súmula foi cancelada pela Resolução n. 185, de 14 de setembro de 2012,
do TST. Com o aludido cancelamento, vem prevalecendo o entendimento na doutrina e na
jurisprudência da aplicabilidade do princípio da identidade física do juiz na Justiça do Trabalho.
Nossa posição: princípio da identidade física do juiz
Com o devido respeito ao entendimento consolidado do Colendo
Tribunal Superior do Trabalho, não concordamos com a referida
Súmula cancelada, pelos seguintes motivos:
é extremamente salutar para a entrega da prestação
jurisdicional, de forma célere, efetiva e justa, o julgamento
proferido pelo próprio juiz que conduziu o processo e colheu
provas em audiência. Não podemos comparar a análise
somente dos autos com a análise conjunta dos autos e do
comportamento das partes, dos advogados e das
testemunhas em audiência. A audiência trabalhista é
extremamente complexa, e a respectiva ata não consegue
traduzir todos os detalhes ocorridos;
a interpretação histórica da Súmula 136 do TST revela a
época da representação classista nas Juntas de Conciliação e
Julgamento, momento em que não fazia sentido a aplicação
do princípio dada a alta rotatividade dos juízes classistas.
Com o advento da EC n. 24/99 e a respectiva extinção da
representação classista, defendemos a aplicação do princípio
da identidade física às Varas do Trabalho, fundamental para a
tão mencionada efetividade do processo e ao acesso à ordem
jurídica justa.
5 TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO (TRTS)
Sobre os Tribunais Regionais do Trabalho, aduz o art. 115 da CF:
“Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto
no art. 94;
II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de
audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo
Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo”.
São
características dos Tribunais Regionais do Trabalho:
representam o segundo grau de jurisdição trabalhista;
composição:
– no mínimo, 7 (sete) Juízes;
– recrutados, quando possível, na respectiva região;
– dentre brasileiros com mais de 30 (trinta) anos e menos de 65 (sessenta e cinco) anos;
– nomeados pelo Presidente da República.
Pegadinhas clássicas nas provas de Exame de Ordem e Concursos Públicos:
– a própria Constituição Federal traz a expressão juízes nos TRTs. Na praxe forense, alguns Tribunais Regionais do
Trabalho, em seus respectivos Regimentos Internos, estabelecem o título de desembargadores aos seus juízes;
– a composição do TRT apresenta, no mínimo, 7 juízes;
– a idade mínima é 30 (trinta) anos e não 35 (trinta e cinco) anos;
– não são cargos privativos de brasileiros natos, de modo que os Juízes dos TRTs poderão ser brasileiros natos ou
naturalizados;
– não há a sabatina do Senado Federal, ou seja, a aprovação da maioria absoluta dos senadores.
Sobre a origem dos juízes dos TRTs, temos o seguinte:
I) regra do quinto constitucional (art. 94 da CF) – um quinto dos lugares é ocupado por:
advogados – com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; notório saber
jurídico e reputação ilibada;
membros do Ministério Público do Trabalho – com mais de dez anos de efetivo
exercício.
Trâmite – os advogados ou membros do MPT são indicados em lista sêxtupla pelos
órgãos de representação das respectivas classes. Recebidas as indicações, o tribunal
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias
subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação;
I I ) os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento,
alternadamente (juízes de carreira).
Os Tribunais Regionais do Trabalho têm competência para julgar recursos ordinários interpostos em
face das decisões terminativas ou definitivas proferidas pelos Juízes do Trabalho ou Juízes de Direito
investidos em matéria trabalhista. Além disso, julgam os processos de sua competência originária
definida em lei ou no seu Regimento Interno, como:
dissídios coletivos;
ações rescisória;
mandados de segurança impetrados contra atos dos Juízes do Trabalho etc.
Na República Federativa do Brasil existem 24 (vinte e quatro) Tribunais Regionais do Trabalho,
na medida em que os Estados do Tocantins, Roraima, Acre e Amapá não possuem Tribunal Regional
do Trabalho isoladamente, sendo agregados a outros Tribunais. De outra sorte, o Estado de São Paulo
é o único Estado da Federação que possui dois TRTs (2ª Região e 15ª Região).
Estes são os 24 Tribunais Regionais do Trabalho da Justiça do Trabalho:
TRT da 1ª Região: Estado do Rio de Janeiro, com sede no Rio de Janeiro;
TRT da 2ª Região: Estado de S ão Paulo (Capital; Região Metropolitana; Baixada S antista),
com sede em São Paulo;
TRT da 3ª Região: Estado de Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte;
TRT da 4ª Região: Estado do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre;
TRT da 5ª Região: Estado da Bahia, com sede em Salvador;
TRT da 6ª Região: Estado de Pernambuco, com sede em Recife;
TRT da 7ª Região: Estado do Ceará, com sede em Fortaleza;
TRT da 8ª Região: compreende os Estados do Pará e Amapá, com sede em Belém do Pará;
TRT da 9ª Região: Estado do Paraná, com sede em Curitiba;
TRT da 10ª Região: compreende Distrito Federal e o Estado do Tocantins, com sede em
Brasília;
TRT da 11ª Região: compreende os Estados do Amazonas e Roraima, com sede em Manaus;
TRT da 12ª Região: Estado de Santa Catarina, com sede em Florianópolis;
TRT da 13ª Região: Estado da Paraíba, com sede em João Pessoa;
TRT da 14ª Região: compreende os Estados de Rondônia e Acre, com sede em Porto Velho;
TRT da 15ª Região: Estado de São Paulo (cidades do interior), com sede em Campinas;
TRT da 16ª Região: Estado do Maranhão, com sede em São Luiz;
TRT da 17ª Região: Estado do Espírito Santo, com sede em Vitória;
TRT da 18ª Região: Estado de Goiás, com sede em Goiânia;
TRT da 19ª Região: Estado de Alagoas, com sede em Maceió;
TRT da 20ª Região: Estado de Sergipe, com sede em Aracaju;
TRT da 21ª Região: Estado do Rio Grande do Norte, com sede em Natal;
TRT da 22ª Região: Estado do Piauí, com sede em Teresina;
TRT da 23ª Região: Estado do Mato Grosso, com sede em Cuiabá;
TRT da 24ª Região: Estado do Mato Grosso do Sul, com Sede em Campo Grande.
Por fim, com o advento da EC n. 45/2004 (Reforma do Judiciário), foram trazidas duas novidades
aos TRTs:
1ª) Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a Justiça Itinerante, com a realização de
audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
2ª) Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo
Câmaras Regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do
processo.
6 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
S obre o Tribunal S uperior do Trabalho, destacaremos o art. 111-A da CF, alterado pela EC n.
92/2016:
“Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos
dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável
saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela
maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros
do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto
no art. 94;
I I – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da
carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
§ 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.
§ 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe,
dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
I I – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro
e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a reclamação
para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões”.
São características do Tribunal Superior do Trabalho:
representa o terceiro grau de jurisdição trabalhista;
é o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho, com sede em Brasília e jurisdição em todo o
território nacional;
tem as seguintes funções: uniformizar a interpretação da legislação trabalhista dos órgãos
que compõem a Justiça do Trabalho; decidir em última instância as questões de ordem
administrativa da Justiça do Trabalho.
Composição:
27 (vinte e sete) Ministros;
escolhidos entre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) anos e menos de 65 (sessenta e
cinco) anos;
de notável saber jurídico e reputação ilibada;
nomeados pelo Presidente da República;
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal (sabatina).
Detalhes das regras:
– a denominação é Ministros e não juízes;
– são 27 (vinte e sete) Ministros e não, no mínimo, 27 – MACETE: TST = Trinta Sem Três = 27;
– a idade mínima dos Ministros é 35 (trinta e cinco) anos e não 30 (trinta) anos, como era nos TRTs;
– os Ministros poderão ser brasileiros natos ou naturalizados, não sendo cargos privativos de brasileiros natos;
– no TST, além da nomeação pelo Presidente da República, há a sabatina do Senado Federal, ou seja, a aprovação do
Ministro pela maioria absoluta dos senadores.
Sobre
a origem dos ministros do TST:
I) regra do quinto constitucional (art. 94 da CF): um quinto dos lugares é ocupado por:
advogados – com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; notório saber
jurídico e reputação ilibada;
membros do Ministério Público do Trabalho – com mais de 10 anos de efetivo exercício;
Observação: Trâmite – os advogados ou membros do MPT são indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte
dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
I I ) os demais, dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da
carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
A CLT e o Regimento Interno do TS T disciplinam a composição, as seções e o funcionamento do
Tribunal Superior do Trabalho. Este é o teor do art. 113 da CF:
“A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de
exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho”.
São órgãos que compõem o TST:
1) Tribunal Pleno;
2) Órgão Especial;
3) Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC);
4) Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI), dividida em Subseção I e Subseção II;
5) 8 (oito) Turmas;
6) Comissões Permanentes: de Regimento Interno; de Jurisprudência e Precedentes Normativos; e
de Documentação.
Por fim, a Reforma do Judiciário (EC n. 45/2004) trouxe duas novidades perante o TS T. Assim,
nos termos do § 2º do art. 111-A da CF, funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:
1ª) a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT),
cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na
carreira;
2ª) o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a
supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e
segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
Memorize as características do Conselho Superior da Justiça do Trabalho:
– responsável pela supervisão em 4 (quatro) âmbitos: administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho;
– essa supervisão abrangerá tanto o primeiro quanto o segundo graus;
– trata-se de um órgão central do sistema;
– as suas decisões terão efeito vinculante.
Nesse diapasão, ensina o eminente jurista Amauri Mascaro Nascimento37:
“O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, como órgão central do sistema, cujas decisões têm
efeito vinculante, criado em 24 de agosto de 2000 pelo Pleno do Tribunal, e instalado em 26 de
dezembro de 2000, reafirmado pela EC n. 45 (2004), tendo por incumbência a supervisão
administrativa, financeira, orçamentária e patrimonial dos órgãos da Justiça do Trabalho, integrado
por nove membros, dos quais, o presidente, o vice-presidente e o corregedor-geral da Justiça do
Trabalho, mais três Ministros do Tribunal e três Juízes-presidentes dos Tribunais Regionais do
Trabalho; reúne-se ordinariamente uma vez a cada trimestre e extraordinariamente quando
necessário; para operacionalizar sua atividade foram criadas, em seu âmbito, a Unidade de Controle
Interno para apoio técnico, a Comissão de Ética para apreciar questões de ética dos magistrados de
qualquer grau, tanto no exercício da atividade administrativa como judicante, composto por seis
membros, competindo-lhe receber e apurar denúncias”.
Ressalte-se que o Tribunal Pleno edita as Súmulas, que representam o entendimento sedimentado
de todo o TS T, e as Seções editam as Orientações Jurisprudenciais, representando o entendimento
cristalizado de cada uma delas. Assim, as Orientações Jurisprudenciais significam um entendimento
consolidado de menor amplitude – “é o embrião de uma Súmula, é a Súmula filhote”.
Por derradeiro, destacamos a recente Emenda Constitucional n. 92, de 12 de julho de 2016, que
alterou os arts. 92 e 111-A da Constituição Federal de 1988, para explicitar o Tribunal S uperior do
Trabalho como órgão do Poder Judiciário, alterar os requisitos para o provimento dos cargos de
Ministros daquele Tribunal e modificar-lhe a competência.
Veja como ficou o aludido art. 92 da Constituição Cidadã de 1988:
“Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
I – o Supremo Tribunal Federal;
I-A – o Conselho Nacional de Justiça;
II – o Superior Tribunal de Justiça;
II-A – o Tribunal Superior do Trabalho;
III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI – os Tribunais e Juízes Militares;
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm
sede na Capital Federal.
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território
nacional”.
7 SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Em primeiro lugar, é oportuno consignar que a Consolidação das Leis do Trabalho dedica um
capítulo aos Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho – Capítulo VI, composto dos arts. 710 a
717:
“Art. 710. Cada Junta terá 1 (uma) secretaria, sob a direção de funcionário que o Presidente
designar, para exercer a função de chefe de secretaria, e que receberá, além dos vencimentos
correspondentes ao seu padrão, a gratificação de função fixada em lei.
Art. 711. Compete à secretaria das Juntas:
a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos processos e outros
papéis que lhe forem encaminhados;
b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais papéis;
c) o registro das decisões;
d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento dos respectivos
processos, cuja consulta lhes facilitará;
e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria;
f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos;
g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do arquivamento da secretaria;
h) a realização das penhoras e demais diligências processuais;
i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo Presidente da Junta, para
melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.
Art. 712. Compete especialmente aos secretários das Juntas de Conciliação e Julgamento:
a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço;
b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do Presidente e das autoridades superiores;
c) submeter a despacho e assinatura do Presidente o expediente e os papéis que devam ser por
ele despachados e assinados;
d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu Presidente, a cuja deliberação será
submetida;
e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais;
f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de execução, e a pronta
realização dos atos e diligências deprecadas pelas autoridades superiores;
g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respectivas atas;
h) subscrever as certidões e os termos processuais;
i) dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que devam ter
conhecimento, assinando as respectivas notificações;
j) executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos pelo Presidente da Junta.
Parágrafo único. Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os atos, dentro dos
prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos os do excesso.
Art. 713. Nas localidades em que existir mais de uma Junta de Conciliação e Julgamento haverá
um distribuidor.
Art. 714. Compete ao distribuidor:
a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada Vara, dos feitos
que,
para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;
b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito distribuído;
c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes
dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem alfabética;
d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de informações
sobre os feitos distribuídos;
e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos Presidentes das Varas,
formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser consultados
pelos interessados, mas não serão mencionados em certidões.
Art. 715. Os distribuidores são designados pelo Presidente do Tribunal Regional dentre os
funcionários das Juntas e do Tribunal Regional, existentes na mesma localidade, e ao mesmo
Presidente diretamente subordinados.
Art. 716. Os cartórios dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do Trabalho,
têm, para esse fim, as mesmas atribuições e obrigações conferidas na Seção I às secretarias das
Juntas de Conciliação e Julgamento.
Parágrafo único. Nos Juízos em que houver mais de um cartório, far-se-á entre eles a distribuição
alternada e sucessiva das reclamações.
Art. 717. Aos escrivães dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do Trabalho,
competem especialmente as atribuições e obrigações dos secretários das Juntas; e aos demais
funcionários dos cartórios, as que couberem nas respectivas funções, dentre as que competem às
secretarias das Juntas, enumeradas no art. 711”.
As Varas do Trabalho e os Tribunais Trabalhistas contam com a presença dos servidores e Órgãos
Auxiliares da Justiça do Trabalho, além dos Juízes e Ministros. São responsáveis:
pela realização dos atos processuais da Justiça do Trabalho;
pelos serviços burocráticos da Justiça do Trabalho.
Nos Tribunais Trabalhistas, além das Secretarias, temos os servidores dos Gabinetes dos juízes
dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Ministros do Tribunal S uperior do Trabalho, que
desempenham as seguintes funções:
serviços burocráticos;
documentação dos processos;
assessoramento.
Conforme o mencionado art. 710 da CLT, cada Vara do Trabalho terá uma Secretaria, dirigida por
um funcionário designado pelo juiz do trabalho, antigamente chamado de chefe de secretaria,
atualmente designado diretor de Secretaria, que receberá, além dos vencimentos correspondentes ao
seu padrão, a gratificação de função fixada em lei. Os diretores de secretaria têm as seguintes funções:
dirigir os demais servidores, sob a supervisão do juiz;
praticar todos os atos processuais determinados pelo juiz do trabalho;
realizar os atos processuais de sua competência;
desempenhar os atos burocráticos próprios das S ecretarias das Varas, como autuação,
notificação, atendimento aos advogados etc.
Com efeito, segundo o art. 712 da CLT, compete aos secretários das Varas do Trabalho:
superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço;
cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do juiz do trabalho e das autoridades
superiores;
submeter a despacho e assinatura do juiz do trabalho o expediente e os papéis que devam
ser por ele despachados e assinados;
abrir a correspondência oficial dirigida à Vara e ao seu juiz, a cuja deliberação será
submetida;
tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais;
promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de execução, e a pronta
realização dos atos e diligências deprecadas pelas autoridades superiores;
secretariar as audiências da Vara, lavrando as respectivas atas;
subscrever as certidões e os termos processuais;
dar aos litigantes ciência das reclamações e demais atos processuais de que devam ter
conhecimento, assinando as respectivas notificações;
executar os demais trabalhos que lhe forem atribuídos pelo juiz da Vara.
Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os atos, dentro dos prazos fixados,
serão descontados em seus vencimentos, em tantos dias quantos forem os do excesso.
As Secretarias das Varas apresentam a seguinte composição:
1) diretor de secretaria: tem a incumbência de gerenciar a S ecretaria, dirigindo os funcionários, sob
a supervisão do juiz do trabalho;
2) assistente de diretor : nas ausências do diretor de secretaria, é substituto deste;
3) assistente de juiz: tem a incumbência de auxiliar o magistrado trabalhista diretamente;
4) secretário de audiências (também chamado de datilógrafo de audiências): tem a incumbência
de secretariar as audiências e digitar as respectivas atas;
5 ) assistente de cálculos: tem a incumbência de auxiliar o juiz do trabalho na elaboração e
conferência dos cálculos de liquidação;
6) oficial de justiça avaliador : tem a incumbência do cumprimento dos mandados e diligências
determinadas pelo magistrado trabalhista e pelos servidores auxiliares da Justiça do Trabalho. S ão os
analistas judiciários, com a especialidade de execução de mandados;
7 ) analistas e técnicos judiciários: ambos ingressam na Justiça do Trabalho mediante concurso
público de provas. Exige-se dos técnicos judiciários segundo grau completo. De outra sorte, exige-se
dos analistas judiciários curso superior completo.
Ademais, os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de
despacho do juiz do trabalho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor da S ecretaria da Vara, sob
a responsabilidade do Diretor, e revistos pelo juiz quando necessários. Este é o teor do art. 203, § 4º, do
CPC/2015:
“Art. 203. (...)
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de
despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário”.
S obre os servidores da Justiça do Trabalho, destacaremos os comentários oportunos do Juiz do
Trabalho e Professor Mauro Schiavi38:
“Atualmente, não só a doutrina como a jurisprudência vêm defendendo maior aperfeiçoamento e
prestígio dos servidores da Justiça do Trabalho, como medida para melhorar a tramitação
processual e até mesmo a efetividade do processo.
A experiência nos tem mostrado que um grupo de funcionários valorizados e motivados contribui,
em muito, para o aperfeiçoamento dos serviços, bem como para a melhoria da tramitação
processual e dos serviços judiciários como um todo.
A hipertrofia dos serviços judiciais nas mão do magistrado, diante do aumento significativo do
número de processos, não tem trazido bons resultados. Por isso, paulatinamente, de lege ferenda,
os servidores da Justiça do Trabalho, muitos de grande competência e produtividade, após um
período de treinamento, poderiam assumir uma parcela dos serviços que envolvem pequenas
decisões no processo (despachos com algum conteúdo decisório), sob supervisão do magistrado,
bem como ser mais aproveitados no assessoramento dos Juízes das Varas”.
Sobre os Cartórios dos Juízos de Direito, investidos na administração da Justiça do Trabalho, o art.
716 da CLT aduz que eles têm, para esse fim, as mesmas atribuições e obrigações conferidas às
Secretarias das Varas do Trabalho.
Outrossim, o art. 717 da CLT estabelece que aos escrivães dos Juízos de Direito, investidos na
administração da Justiça do Trabalho, competem especialmente as atribuições e obrigações dos
secretários das Varas; e aos demais funcionários dos cartórios, as que couberem nas respectivas funções,
dentre as que competem às Secretarias das Varas, enumeradas no referido art. 711 da CLT.
7.1 Distribuidores da Justiça do Trabalho
A incumbência dos distribuidores da Justiça do Trabalho é a de realizar a distribuição das ações
trabalhistas e dos processos que ingressam nos tribunais trabalhistas nas localidades
em que existir
mais de uma Vara ou mais de uma Turma no Tribunal. Nesse sentido, preconizam os dispositivos da
CLT abaixo mencionados:
“Art. 713. Nas localidades em que existir mais de uma Junta de Conciliação e Julgamento haverá
um distribuidor”.
“Art. 716. (...)
Parágrafo único. Nos Juízos em que houver mais de um cartório, far-se-á entre eles a distribuição
alternada e sucessiva das reclamações”.
Conforme o art. 714 da CLT, são funções do distribuidor :
a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada Vara, dos feitos que,
para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;
o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito distribuído;
a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes
dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem alfabética;
o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de
informações sobre os feitos distribuídos; e
a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos Presidentes das
Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser
consultados pelos interessados, mas não serão mencionados em certidões.
Por fim, o art. 715 da CLT traz a regra de que os distribuidores são designados pelo Presidente do
Tribunal Regional do Trabalho dentre os funcionários das Varas e do Tribunal Regional, existentes na
mesma localidade, e ao mesmo Presidente diretamente subordinados.
8 CORREGEDORIA-GERAL E REGIONAL DO TRABALHO E
RESPECTIVAS ATRIBUIÇÕES
S obre a Corregedoria-Geral e Regional do Trabalho, apontaremos os ensinamentos do Professor
Carlos Henrique Bezerra Leite39:
“A Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho – CGJT é órgão de direção do TST. E dirigida por
um Corregedor-Geral, eleito dentre os Ministros do TST (CLT, art. 709; RITST, art. 29) para um
mandato de dois anos, mediante escrutínio secreto e pelo voto da maioria absoluta, em sessão
extraordinária do Tribunal Pleno (RITST, art. 30).
As atribuições do Corregedor-Geral estão previstas na CLT (art. 709), a saber:
‘I – exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos Tribunais Regionais e
seus presidentes;
II – decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual praticados pelos
Tribunais Regionais e seus presidentes, quando inexistir recurso específico’.
O Regimento Interno do TST (art. 39), por sua vez, disciplina que a competência do Corregedor-
Geral ‘será definida no Regimento Interno da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho’.
O § 1º do art. 709 da CLT prescreve que ‘das decisões proferidas pelo Corregedor (...) caberá o
agravo regimental, para o Tribunal Pleno’. Todavia, a Constituição Federal reconhece a autonomia
dos Tribunais para editar o seu regimento interno, razão pela qual, nos termos do art. 40 do RITST,
‘das decisões proferidas pelo Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho caberá agravo regimental
para o Órgão Especial, incumbindo-lhe determinar sua inclusão em pauta’.
O Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho apresentará ao Órgão Especial, na última sessão do
mês seguinte ao do término de cada ano de sua gestão, relatório circunstanciado das atividades da
Corregedoria-Geral durante o ano findo (RITST, art. 41).
De acordo com o § 2º do art. 709 da CLT, o Corregedor-Geral não integrará as Turmas do
Tribunal, mas participará, com voto, das sessões do Tribunal Pleno, quando não se encontrar em
correição ou em férias, embora não relate nem revise processos, cabendo-lhe, outrossim, votar em
incidente de inconstitucionalidade, nos processos administrativos e nos feitos em que estiver
vinculado por visto anterior à sua posse na Corregedoria. O RITST (art. 38) dispõe que o
Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho não concorre à distribuição de processos, participando,
quando não estiver ausente em função corregedora, das sessões dos órgãos judicantes da Corte,
exceto de Turmas, com direito a voto.
(...)
Não há previsão na CLT a respeito da existência de uma Corregedoria Regional como órgão
autônomo. Aliás, o art. 682, XI, da CLT dispõe que ‘competem privativamente aos Presidentes dos
Tribunais Regionais (...) exercer correição, pelo menos uma vez por ano, sobre as Varas do
Trabalho, ou parcialmente sempre que se fizer necessário, e solicitá-la, quando julgar conveniente,
ao Presidente do Tribunal de Apelação relativamente aos Juízes de Direito investidos na
administração da Justiça do Trabalho’.
É dizer, de lege lata, a função de correição nos TRTs é exercida, cumulativa e simultaneamente,
pelo Presidente do TRT. Não obstante, por força do art. 96, I, a e b, da CF, os tribunais têm
competência privativa para ‘eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a
competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos’, bem como
‘organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando
pelo exercício da atividade correicional respectiva’.
Assim, em alguns Tribunais Regionais do Trabalho, há previsão do cargo de Corregedor Regional
exercido por Desembargador do Trabalho eleito pelo Tribunal Pleno ou Órgão Especial de forma
autônoma em relação ao Presidente do Tribunal, com atribuições delineadas no respectivo
regimento interno”.
QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS
1. (Magistratura do Trabalho – 23 R – 2015) Considere:
I – O Procurador-Geral do Trabalho designará, dentre os Subprocuradores-Gerais do Trabalho, o Vice-Procurador-Geral do
Trabalho, que o substituirá em seus impedimentos. Em caso de vacância, exercerá o cargo o Vice-Presidente do Conselho
Superior, até o seu provimento definitivo.
II – São atribuições do Procurador-Geral do Trabalho, dentre outras, nomear o Corregedor-Geral do Ministério Público do
Trabalho, segundo lista tríplice formada pelo Conselho Superior; determinar a abertura de correição, sindicância ou inquérito
administrativo; decidir, atendendo a necessidade do serviço, sobre: a) remoção a pedido ou por permuta; b) alteração parcial
da lista bienal de designações; e propor ao Procurador-Geral da República, ouvido o Conselho Superior, a criação e extinção
de cargos da carreira e dos ofícios em que devam ser exercidas suas funções.
III – O Procurador-Geral do Trabalho poderá delegar aos Chefes das Procuradorias Regionais do Trabalho nos Estados e no
Distrito Federal, a atribuição de representar o Ministério Público do Trabalho; designar membro do Ministério Público do
Trabalho; assegurar a continuidade dos serviços, em caso de vacância, afastamento temporário, ausência, impedimento ou
suspeição do titular, na inexistência ou falta do substituto designado; praticar atos de gestão administrativa, financeira e de
pessoal e coordenar as atividades do Ministério Público do Trabalho.
Está correto o que consta em
a) II e III, apenas.
b) I e III, apenas.
c) I, II e III.
d) I e II, apenas.
e) III, apenas.
2. (Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador Federal – TRT 3 R – 2015) Quanto à organização da Justiça do Trabalho, o
Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de
a) 27 (vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e
cinco) anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo um
quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do
Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, sendo os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho
oriundos da magistratura de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
b) 25 (vinte e cinco) Ministros, escolhidos dentre brasileiros natos ou naturalizados com mais de 30 (trinta)
e menos de 60
(sessenta) anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria simples do Senado Federal, sendo
um terço dentre advogados com mais de quinze anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, sendo os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do
Trabalho oriundos da magistratura de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
c) 27 (vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre brasileiros natos ou naturalizados com mais de 35 (trinta e cinco) e
menos de 75 (setenta e cinco) anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal e da Câmara dos Deputados, sendo um terço dentre advogados com mais de cinco anos de efetiva
atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de cinco anos de efetivo exercício, sendo os
demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos da magistratura de carreira, indicados pelos Tribunais
Regionais.
d) 25 (vinte e cinco) Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e
cinco) anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal e da
Câmara dos Deputados, sendo um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, sendo os demais dentre juízes
dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos da magistratura de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
e) 20 (vinte) Ministros, escolhidos dentre brasileiros natos com mais de 30 (trinta) e menos de 60 (sessenta) anos,

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