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Processo Trabalho B1 - DP

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MÓDULO 1.
 
Da Evolução Histórica do Direito Processual do Trabalho.
Da origem do direito processual do trabalho.
A revolução industrial trouxe importantes modificações nas condições de trabalho, porque máquinas passaram a substituir o trabalho humano, ocasionando o desemprego em massa.
Houve ainda a diminuição de salários, porque era maior a oferta de mão-de-obra que a procura por trabalhadores. Assim, empregadores pagavam muito pouco, tendo sempre o empregado à sua disposição, diante da enorme dificuldade em se conseguir emprego.
A população se empobrecia. Neste cenário os empregados passam a se reunir em pequenas áreas industrializadas, para reagir de forma violenta contra a situação. O termo greve surge nesse momento – significa graveto em francês, porque os empregados se reúnem em um local na França em que os gravetos se amontoavam.
As reivindicações eram por melhores salários, redução da jornada, ambiente de trabalho menos insalubre.
A greve era defesa direta dos direitos sem regulamentação – era paralisada a produção até que uma das partes cedesse para a volta ao trabalho. Ou cediam os empregados, para obter sustento, ou o empresário, para evitar prejuízo.
Com a Revolução Francesa, de 1789, e no período que a esta se seguiu, o que se exigiu do Estado foi a sua abstenção, para que não se envolvesse nas relações privadas, nelas incluídas a relação de trabalho.
Com tal abstenção, o chamado Estado Liberal acabou por dar ensejo à injustiça do domínio dos mais fracos pelos mais fortes, mais poderosos economicamente. Nas relações privadas, contratuais, não estabelecia limites o Estado.
Com as manifestações, greves, o Estado se deu conta da necessidade de através de leis e do Judiciário conter os abusos praticados contra os mais vulneráveis, os empregados. O Estado passa a ditar as normas para os conflitos trabalhistas, até para conter o prejuízo econômico pela falta de produção que a greve acarreta.
O processo é a sequência ordenada e predeterminada de atos com a finalidade de compor litígios – por isso podemos afirmar que as medidas tomadas pelo Estado para regular as relações entre empregados e empregadores dão início ao Direito Processual do Trabalho. Como observam Wagner Giglio e Claudia Giglio Veltri Correa, o Direito Processual do Trabalho surge antes das leis materiais do trabalho[1][1].
 
Das primeiras regras.
Historicamente, as primeiras entidades criadas para compor conflitos trabalhistas eram órgãos não estatais, como os Conselhos de Homens Probos da França (Conseils des Prud’hommes), que existem até hoje. Órgãos não estatais continuam a solucionar questões trabalhistas, como as Juntas de Conciliação e Arbitragem do México, as comissões internas (EEUU) e as comissões de trabalhadores, do leste europeu[2][2].
Posteriormente, o Estado determinou que as partes se reunissem por meio de seus representantes para acordo e retorno ao trabalho – era a medida de conciliação obrigatória. Tal medida não surtiu o efeito desejado e por isso o Estado designou um mediador para apresentar solução aceitável pelas partes. A tentativa de conciliação deixa de ser espontânea e passa a ser obrigatória, contando em seguida com o mencionado mediador, que representava os interesses do Estado na rápida composição do conflito.
Evolução internacional.
Alguns Estados regularam com mais detalhes o modo de solução dos conflitos trabalhistas. Como os procedimentos conciliatórios nem sempre alcançavam bom êxito, a demora na solução acarretava prejuízo ao Estado.
Daí a imposição de medidas como a volta ao trabalho durante as negociações, a designação de árbitro escolhido pelas partes ou indicado pelo Estado, e até a criação de órgãos permanentes de conciliação e arbitragem (caso do Brasil, México, Argentina e Alemanha).
Da evolução no Brasil.
Do período pré-jurisdicional:
Em 1907 surge previsão legal para os nunca implantados Conselhos Permanentes de Conciliação e Arbitragem (Lei nº. 1.637, de 5 de novembro de 1907). A finalidade seria dirimir divergências entre capital e trabalho, podendo ser consultados em todos os assuntos da profissão. A composição seria mista e paritária, para o equilíbrio nas decisões.
Os tribunais rurais, com o escopo de dirimir conflitos surgiram em São Paulo, pela Lei nº. 1.869, de 10 de outubro de 1922, compostos pelo Juiz de Direito da comarca, um representante dos trabalhadores e outro dos fazendeiros. A imigração italiana e espanhola e o trabalho nas fazendas de café levaram à organização política dos trabalhadores. O único órgão que possuía (desde 1911) a atribuição de dirimir conflitos na época era o chamado patronato agrícola, do Ministério da Agricultura.
Eram, os tribunais rurais, órgãos colegiados administrativos (chamados posteriormente de Juntas de Conciliação e Arbitragem). Proferiam decisões administrativas que valiam como títulos executivos. E para a execução, era competente o juiz de direito.
A importância de tais tribunais rurais é apenas histórica, porque os resultados não foram satisfatórios.
Com a revolução de 1930, Getúlio Vargas promulga muitas leis trabalhistas.
São criadas em 1932 as Juntas de Conciliação e Julgamento e as Comissões Mistas de Conciliação, como órgãos administrativos.
Em 1934, a Constituição tratava da composição de tais órgãos, no art. 122 parágrafo único, mas não os incluía entre os órgãos do Poder Judiciário. Os membros deveriam ser eleitos - metade pelas associações representativas dos empregados, metade pelas dos empregadores, enquanto o presidente era nomeado pelo Governo, escolhido entre pessoas de experiência e notória capacidade intelectual.
As juntas tinham competência pra conhecer e dirimir dissídios individuais relacionados com o trabalho, mas não podiam executar as decisões – isto era feito na Justiça Comum.
Como os juízes eram demissíveis “ad nutum”, unilateralmente, sem justificativa, a liberdade para julgar não era absoluta – o Ministério do Trabalho poderia a qualquer tempo tomar para si a decisão, através de cartas chamadas “avocatórias”.
Ao lado das Juntas funcionava a Justiça Ordinária, com processo especial quando se tratava de litígio sobre acidente de trabalho – ainda hoje há varas especializadas para os casos de acidente do trabalho.
As Comissões Mistas de Conciliação tentavam acordo, mas não julgavam dissídios coletivos. O Conselho Nacional do Trabalho era o tribunal arbitral, com decisões irrecorríveis em caso de conflito coletivo, e de último grau de jurisdição, nos dissídios individuais, quando estes envolviam empregado estável ou questão de previdência social.
Com a Constituição de 1937, a Justiça do trabalho passa a ter natureza judiciária e não mais administrativa. Ocorre que apenas uma minoria, os sindicalizados, tinham acesso a tais órgãos. Daí a má organização e o mau funcionamento.
Importantes reformas:
Ocorreram em 1939 e 1940, ano em que o Dec. nº 6.596 aperfeiçoou a estrutura da Justiça do Trabalho: foi mantido o Conselho Nacional do Trabalho, com novas atribuições e outra estrutura, criaram-se 8 Conselhos Regionais com sede nas grandes capitais (Rio de janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém) e 36 Juntas, em todas as capitais, com liberdade para executar decisões sem a “avocatória” supramencionada. Em São Paulo, as Juntas passaram a funcionar em 1º de maio de 1941, quando é organizada a “Justiça do Trabalho”.
Em 1941, havia no âmbito administrativo (e não no Judiciário) três graus de jurisdição: Conselho Nacional, Conselho Regional do Trabalho e Juntas de Conciliação e Arbitragem.
Cada Junta era composta por um juiz Presidente, nomeado pelo Governo, e dois representantes classistas, “vogais” – um indicado pelo órgão sindical de empregados e outro pelo de empregadores, ambos nomeados pelo Governo, por dois anos.
Havia discussão acerca das garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos ao juiz presidente.
A Consolidação das Leis do trabalho entra em vigor em 1º de maio de 1943, ano em que as primeiras juntas em cidades do interior são criadas.Integração da Justiça do Trabalho no Poder Judiciário:
Ocorreu com o Decreto-Lei n. 9.777, de 9.9.1946, dias antes de entrar em vigor a Constituição de 1946, que também integra a Justiça do Trabalho aos órgãos do Judiciário – surge a organização da carreira de juiz do trabalho, com ingresso mediante concurso público de títulos e provas, promoções pelos critérios alternados de antiguidade e merecimento, e com as garantias inerentes à magistratura.
Os Conselhos Regionais passam a ser chamados Tribunais Regionais do Trabalho. O Conselho Nacional, Tribunal Superior do Trabalho.
Novas Juntas e novos Tribunais Regionais do Trabalho são criados, inclusive em cidade do interior (o da 15ª Região, em Campinas, Estado de São Paulo).
Os tribunais regionais e o TST são ampliados, passando a se dividir internamente em Turmas e, mais recentemente, em Grupos de Turmas, Órgão Especial e Seções Especializadas.
Constituição Federal de 1988:
O art. 112 da CF/88 determina a instalação de pelo menos um TRT em cada Estado, órgãos que vinham sendo criados por leis ordinárias. Ocorre que nem todos os Estados têm TRT.
A EC n. 24, de 9.12.1999 elimina os juízes classistas, alterando a composição dos tribunais – as Juntas passam a ser “varas do trabalho”. Mesmo após a extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento, dois anos foram necessários para afastar os classistas, já que era preciso aguardar a extinção de seus mandatos.
A Lei nº. 10.770, de 21.11.2003, cria mais 269 varas do trabalho, para instalação a partir de 2004.
A EC n. 45/2004 autoriza a instalação de órgãos itinerantes e o funcionamento descentralizado, com Câmaras regionais, além de ampliar a competência da Justiça do Trabalho: passa a julgar processos sobre multas aplicadas pela fiscalização trabalhista; processos nos quais sindicatos disputam a sua representatividade e em que representados e entidades sindicais litiguem; além de processos sobre relações de trabalho, e não apenas sobre relações de emprego.
 
 MÓDULO 2.
Dos princípios do Direito Processual do Trabalho.
DOS PRINCÍPIOS.
Antes de tratarmos especificamente dos princípios do Direito Processual do Trabalho, vale estabelecer o conceito de princípio. O princípio é o fundamento, a base, o alicerce. Trata-se de preceito cujo conteúdo valorativo é tão grande, que pode ser observado em todos os casos concretos.
Os princípios, ideias básicas da disciplina, perdem em concretude, não definem por exemplo o prazo para um recurso, os pressupostos para a propositura de uma ação, mas ganham em abstração, como a igualdade, a dignidade, e por isso podem e devem ser observados e respeitados em todos os casos concretos. São gerais, e não específicos como peculiaridades de momentos processuais.
Os princípios gerais de direito orientam a interpretação constitucional e suprem lacuna no ordenamento jurídico brasileiro (inclusive no campo infraconstitucional, nos termos do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil), norteando o julgados que não encontram uma norma específica para aplicar ao caso sub judice. São normas abstratas, extraídas do ordenamento jurídico e com base em observações sociológicas. Possuem, portanto, em vista de sua abstração, uma amplitude tal que permite adequá-lo à solução de um caso concreto[1].
Como afirmam Wagner Giglio e Claudia Giglio Veltri Correa, “cada autor arrola os seus princípios, e poucos são os que coincidem”[2].
Conforme os autores, a inversão do ônus da prova é técnica, e não princípio; a desigualdade das partes é particularidade do conflito e não do processo; o juízo especial nem sempre existe e diz respeito à organização judiciária, e não ao processo[3].
Outros princípios são de todo processo, e não peculiares do processo trabalhista, como o do acesso à justiça (direito à ação, previsto no art. 5º, XXXV, CF), inafastabilidade da prestação jurisdicional (direito de cada um de obter uma decisão judicial); da igualdade, ampla defesa e contraditório (art. 5º, LV, CF), do juízo e do promotor natural (art. 5º, LIII, CF), do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF), da liberdade, da economia processual, da preclusão, da boa-fé e da lealdade processual, da fundamentação das sentenças, do duplo grau de jurisdição, da humanização da justiça, da oralidade e seus corolários (concentração, irrecorribilidade das decisões interlocutórias, predomínio da palavra falada, imediatidade e identidade física do juiz), da celeridade, da gratuidade, da imparcialidade rigorosa dos funcionários judiciais, da coisa julgada, da publicidade do processo etc.[4] Os princípios gerais do direito processual aplicam-se, via de regra, ao direito trabalhista[5].
Antes de analisarmos cada um dos princípios, faz-se importante consignar que a existência de princípios[6], institutos e fins próprios, contribui para a autonomia do Direito Processual do Trabalho, no plano científico, embora no plano legislativo haja controvérsias sobre a sua autonomia, já que não existe um Código Processual do Trabalho – “são poucas e lacunosas as normas específicas do processo trabalhista, que têm como subsidiárias as do Código de Processo Civil”[7].
Dos princípios específicos do Direito Processual do Trabalho.
1. Celeridade.
Ainda maior que em qualquer outro tipo de processo, já que os créditos trabalhistas têm natureza alimentar, e que as greves são importante fator de atraso no desenvolvimento econômico e empecilho para a circulação dos bens, o que é essencial para a vida em sociedade.
Reformas legislativas e o crescimento da Justiça do Trabalho são importantes para dar cumprimento ao princípio ideal da celeridade.
1. Instrumentalidade das formas.
O ato deve ser aproveitado, independentemente da forma. É como a fungibilidade dos recursos, nos dizeres de Pedro Paulo Teixeira Manus. Cuida-se do entendimento de que o conteúdo é mais importante que a forma, por isso não se pode privilegiá-la. Tal princípio encontra limites na lei – o juiz por exemplo não pode suprir requisitos como custas ou guia.
1. Maior concentração dos atos processuais.
Por força deste princípio que a audiência trabalhista assume importância especial.
1. Proteção e gratuidade.
O princípio protecionista é um princípio internacional, decorrente do caráter tutelar do Direito Material do Trabalho, que se aplica também ao Direito Processual do Trabalho. O processo se adapta à natureza da lide, e como o Direito do Trabalho entende que o trabalhador é a parte vulnerável, a ser protegida, assim é o processo trabalhista, cuja finalidade é restabelecer uma igualdade prejudicada pela inferioridade econômica do empregado diante do empregador ou beneficiário dos serviços.
Assim, a presunção é que no processo do trabalho também se destaca a posição privilegiada do beneficiário dos serviços, já que têm melhor assessoria jurídica, melhores condições de produzir provas (especialmente testemunhal, entre subordinados), melhores condições econômicas para suportar um processo demorado e as despesas processuais.
Por isso, como corolário do princípio protecionista, proporciona-se ao trabalhador a gratuidade do processo, a isenção do pagamento de custas e despesas; a assistência judiciária gratuita sindical, a inversão do ônus da prova, com presunções em favor do empregado.
Ressalte-se que a imparcialidade do juiz só nos permite afirmar que a proteção é conferida pela lei, e não pelo juiz. O juiz não pode favorecer nenhuma das partes; já a lei, protecionista, trata com desigualdade os desiguais, restabelecendo assim o equilíbrio entre as partes.
Conforme Amauri Mascaro Nascimento, “se a fonte da favorabilidade não for a lei e sim o critério pessoal do juiz, pode-se consumar, em um caso concreto, uma desproporcionalidade excessiva a título de promoção da igualdade que não se coaduna com os fins do processo”[8].
Decorrem do princípio protecionista as regras: in dubio pro operario (na dúvida decide-se em favor do operário); prevalência da norma mais favorável ao trabalhador; preservação da condição mais benéfica para o trabalhador; fixação da competência no local da prestação de serviços,para favorecer o trabalhador.
1. Imediação ou imediatidade.
O juiz colhe a prova, inquire a testemunha. O juiz dirige o processo. O juiz ou tribunal deve conhecer e decidir o conflito trabalhista, por isso precisa estar em contato direto, ao redor das partes, presidindo todas as audiências, para que possa conhecer o negócio jurídico pessoalmente, para proferir sentença justa.
1. Dispositivo.
O juiz é inerte; o processo depende de provocação das partes para se iniciar. Tal princípio se contrapõe ao princípio do impulso processual.
1. Jurisdição normativa.
Só ocorre no direito brasileiro – o judiciário pode modificar uma norma jurídica – a sentença normativa é lei e só pode ser aplicada após ação de conhecimento, e não mera execução.
Além disso, a sentença normativa vigora até que outra a revogue – assim, prestações pagas em cumprimento da primeira sentença normativa não podem ser recuperadas. A nova sentença normativa revoga a anterior mas não tem efeitos retroativos.
1. Despersonalização do empregador.
Diante da sucessão de empresas, é possível estender os efeitos da coisa julgada a quem não foi parte no processo de conhecimento, tudo para garantir o trabalhador. O conceito de parte no processo trabalhista é relativo, diferente daquele dos demais tipos processuais.
9. Simplificação procedimental.
Princípio internacional que concede capacidade postulatória às partes, comunicação postal dos atos processuais (a citação é feita por carta com aviso de recebimento, por exemplo), nomeação de perito único, eliminação da fase de avaliação dos bens penhorados etc. Tudo no intuito de tornar mais simples o processo.
DOS PRINCÍPIOS IDEAIS.
1. Extrapetição.
Para que o juiz possa decidir ultrapetita, por exemplo atribuindo responsabilidade solidária à reclamada e seus sócios, em caso de fraude, quando na realidade o empregado só requereu responsabilidade subsidiária dos sócios.
A Súmula 211 do TST determina que o magistrado condene ao pagamento de juros e correção monetária, ainda que não haja pleito do reclamante neste sentido.
O art. 496 da CLT faculta ao juízo trabalhista converter pedido de reintegração do empregado estável em pagamento de indenização dobrada – o empregado só pode pleitear a reintegração. O julgador concede indenização não pleiteada (a obrigação de fazer se transforma em obrigação de dar).
1. Iniciativa extraparte.
Trata-se da iniciativa ex officio, nas causas de acidente de trabalho e de conflitos coletivos. É princípio que se aproxima do princípio da extrapetição[9].
Exemplo: quando a Justiça do Trabalho determina de ofício a citação do empregador para, na falta de anotação em carteira de trabalho e previdência social, transformar o procedimento administrativo em ação penal.
No exemplo supra, o Poder Judiciário foi provocado pela Delegacia Regional do Trabalho – mas o empregado não tomou iniciativa, se não de apenas apresentar queixa na esfera administrativa. A ação trabalhista é de iniciativa do órgão judicial.
Outro exemplo: nos dissídios coletivos em que ocorra greve a ação pode ser proposta pela Procuradoria do Trabalho (art. 856 da CLT e 114, §3º, CF, com a nova redação dada pela EC n. 45/2004)[10].
1. Coletivização das ações individuais.
Tendência atual no processo do trabalho, revela a ampliação dos casos de aplicação da substituição processual.
Trabalhadores que se encontram na mesma situação de fato do autor são abrangidos pela ação, por economia processual – ocorre uma chamada ao processo de litisconsortes ativos necessários, determinada de ofício.
O sindicato pode requerer (art. 195, §2º, CLT) em juízo, como substituto processual, o reconhecimento de insalubridade ou periculosidade, em benefício de grupo de associados, para não haver desnecessariamente várias ações individuais idênticas, com o desperdício de tempo, despesas, perícias, esforços.
No âmbito do processo civil, a sentença é inter partes e só por exceção erga omnes.
Se a ação é proposta por um trabalhador, ou grupo de trabalhadores, também é possível que o juiz determine a integração na lide por todos os trabalhadores que exerçam suas atividades no mesmo ambiente.
1. Fins próprios.
Trata-se de fazer valer os direitos materiais trabalhistas, igualando com superioridade jurídica o trabalhador e o beneficiário da prestação de serviço, já que há inferioridade econômica do trabalhador.
O objetivo é a melhoria do padrão de vida através de melhor distribuição da riqueza nacional.
A desigualdade é maior durante o período de duração do vínculo, ou prestação de serviços do trabalhador, quando este, com receio de perder a fonte de seu sustento, não tem liberdade plena de manifestação. Daí a análise cautelosa de quitação, transação, renúncia. Provas documentais e testemunhais são mais fáceis para o empregador ou tomador de serviço, daí a inversão do ônus da prova em favor do trabalhador, para restabelecer o equilíbrio entre as partes.
DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
Órgãos da Justiça Laboral: Varas do Trabalho, Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho. Procuradoria do Trabalho.
Abreviaturas utilizadas:
CF – Constituição Federal.
E.C. – Emenda Constitucional.
LC – Lei Complementar.
MP – Ministério Público.
MPT – Ministério Público do Trabalho.
SDC – Seção de Dissídios Coletivos.
SDI – Seção de Dissídios Individuais.
TRT – Tribunal Regional do Trabalho
TST – Tribunal Superior do Trabalho.
Dos princípios de organização:
· Ingresso na carreira por concurso público de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as fases, sendo que as nomeações ocorrem conforme a ordem de classificação e o cargo inicial é de juiz substituto.
· Promoção alternadamente por antiguidade e por merecimento[1] . Por voto de 2/3 de seus membros, os tribunais podem recusar o mais antigo.
· Cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento de magistrados como requisitos para ingresso e promoção na carreira.
· Vencimentos fixados com diferença não superior a 10% de uma para outra das categorias da carreira, sem exceder os vencimentos dos ministros do STF.
· Residência do titular na localidade da Vara ou Tribunal.
· Ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria por interesse público, fundada em decisão por voto de 2/3 do respectivo tribunal, assegurada a ampla defesa.
· Publicidade de todos os julgamentos; fundamentação das decisões (sob pena de nulidade) – a lei pode em certos atos limitar a presença às partes e seus advogados, ou somente aos advogados, se o interesse público o exigir.
· Decisões administrativas dos tribunais motivadas; decisões disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros.
· Possibilidade de criação, nos tribunais com mais de 25 julgadores, de órgão especial composto por 11 a 25 membros, para exercer atribuições administrativas e jurisdicionais de competência do Tribunal Pleno do Órgão Especial.
· Garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos; proibição do exercício de outro cargo ou função, salvo uma de magistério, do recebimento de custas ou participação em processo e do exercício de atividade político-partidária. Tudo para que haja independência no julgamento.
· Órgãos jurisdicionais com organização interna fundada em lei e também em disposições regulamentares internas elaboradas por seus próprios membros, destinadas a preservar melhor sua boa atuação.
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
É o órgão máximo da Justiça do Trabalho, com sede em Brasília, por determinação constitucional (art. 92, §1º).
Composição (art. 111-A, CF): 27 ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado.
Todos os ministros são brasileiros, com mais de 35 e menos de 65 anos.
21 são escolhidos entre desembargadores federais do Trabalho dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira; 3 entre advogados com mais de 10 anos de atividade profissional e 3 entre membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício (art. 111-A, I e II, CF).
Desde a Constituição de 1967 que deve ocorrer a inclusão de ministrosprovenientes da Advocacia e do Ministério Público.
A determinação de escolha dos demais ministros entre Juízes do Trabalho também foi novidade instituída pela Constituição de 1967, mas que não significa extensão da carreira de magistrado, pois não há direito a promoções por critérios alternados de antiguidade e merecimento.
O Tribunal Superior indica livremente três desembargadores federais do Trabalho ao Presidente da República, que livremente escolhe um deles para ser submetido ao escrutínio do Senado, e, após aprovação deste, nomeado.
OAB e Ministério Público do Trabalho indicam 6 nomes; o TST indica 3 dos nomes ao Presidente da República, que livremente escolhe um nome para aprovação do Senado Federal (art. 115, I, c/c art. 94, CF).
Os membros do TST elegem o presidente e o vice-presidente do Tribunal, o corregedor e os presidentes das Turmas.
FUNCIONAMENTO: ocorre em composição plena ou dividido em Seções e Turmas.
As turmas, compostas por 3 ministros, só podem funcionar com a presença de todos os seus membros.
Seções: há 3 seções especializadas – Administrativa; de Dissídios Coletivos; e de Dissídios Individuais – esta subdividida em Subseção I e Subseção II (SDI I e SDI II).
A seção administrativa é composta por 7 ministros, podendo funcionar com 5.
· A SDC é composta por 9 ministros, podendo funcionar com 5.
· A SDI I é composta por 9 ministros e funciona com 5.
· A SDI II é composta por 11 ministros e funciona com pelo menos 6 de seus membros.
O Órgão Especial foi extinto e substituído pelo Tribunal Pleno, que funciona com 12 de seus membros.
Junto ao TST funcionarão, ainda, o Conselho Superior da Justiça do Trabalho e a Escola Nacional de Formação e de Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (art. 111-A, §2º, CF). Até que haja lei ordinária, o próprio TST regulará o funcionamento do Conselho por meio de resolução (EC n. 45/2004, art. 6º).
A Resolução Administrativa nº 1.140/2006 instituiu a ENAMAT como órgão autônomo, para promover a seleção, a formação e o aperfeiçoamento dos magistrados do trabalho (art. 1º).
COMPETÊNCIA.
Tribunal Pleno –
Decide arguição de inconstitucionalidade, aprova, modifica e revoga disposições integrantes da Súmula de Jurisprudência e Precedentes Normativos; julga os incidentes de uniformização da jurisprudência, os processos em que ocorra divergência entre as Subseções I e II de Dissídios Individuais, as reclamações sobre matéria de sua competência, os mandados de segurança contra atos do presidente ou de ministro do tribunal, os recursos em mandado de segurança e interesse de juízes e servidores da Justiça do Trabalho, os recursos em matéria de concurso para o ingresso na Magistratura do trabalho, os agravos regimentais contra decisões do corregedor-geral; delibera sobre todas as matérias jurisdicionais não incluídas na competência de outros órgãos do Tribunal.
Ainda, em matéria administrativa, elege o presidente, o vice-presidente e o corregedor-geral, aprova e emenda o Regimento Interno, opina sobre propostas de alteração legislativa em matéria trabalhista, decide sobre composição, competência, criação e extinção de órgãos do Tribunal, propõe criação, modificação e extinção de TRT e Varas do trabalho, bem como de cargos e fixação de vencimentos; escolhe membros de TRT para substituir ministros, escolhe entre nomes de listas para nomear ministros, aprova tabelas de custas e emolumentos, nomeia, promove, demite e aposenta servidores, aprova tabelas de gratificações; concede licenças, férias e outros afastamentos aos membros do Tribunal, fixa e revê diárias e ajudas de custo, designa comissões, baixa instruções de concurso pra provimento dos cargos de Juiz do Trabalho Substituto.
Seção Administrativa: julga recursos das decisões e atos do presidente do tribunal, recursos contra decisões dos TRT’s, em matéria administrativa; e delibera sobre matérias administrativas não incluídas na competência de outros órgãos do Tribunal.
SDC – julga originariamente os dissídios coletivos jurídicos e econômicos, as Ações Civis Públicas e as decorrentes de laudo arbitral que excedam a jurisdição dos TRT’s; estende e revê suas próprias sentenças normativas; homologa conciliações em dissídios coletivos; julga ações rescisórias de seus julgados, os mandados de segurança contra atos do presidente do TST ou de qualquer dos Ministros integrantes da SDC, e os conflitos de competência entre TRT’s, em processos coletivos; processa e julga as medidas cautelares incidentes nos processos de dissídio coletivo e as ações em matéria de greve excedente da jurisdição do TRT;
Julga em última instância: recursos ordinários interpostos em dissídios coletivos, em ações civis públicas e de laudo arbitral, em ações rescisórias e mandados de segurança pertinentes a dissídios coletivos e a direito sindical, bem como embargos infringentes de suas decisões originárias não unânimes, agravos regimentais e de instrumento relativos a processos de sua competência.
SDI I – julga embargos de divergência ou infringentes das decisões das Turmas e agravos regimentais contra decisões dos relatores em Embargos.
SDI II – julga originariamente as ações rescisórias contra suas próprias decisões e aquelas das turmas; mandado de segurança contra atos do presidente do TST e dos ministros da SDI.
Em única Instância, julga agravos regimentais e conflitos de competência entre TRT’s, entre Varas do Trabalho e Juízos de Direito, interpostos e dissídios individuais.
Em última instância, julga os recursos ordinários nos dissídios individuais de competência originária dos TRT’s e os agravos de instrumento.
Cada Turma, presidida pelo ministro mais antigo, julga os recursos de revista, de agravo de instrumento e de agravo regimental contra despachos dos relatores.
Tribunais Regionais do Trabalho.
A CF (art. 112) estabelecia que cada Estado-membro e Distrito Federal deveria ter pelo menos um TRT. A EC 45/2004 estabelece em lugar disso a atuação descentralizada dos Tribunais, por meio de Câmaras regionais, e a função jurisdicional itinerante (art. 115, §§1º e 2º).
Composição (conforme EC nº 45/2004) –
Compostos por 7 desembargadores federais do trabalho, antes chamados “juízes do tribunal”, com idade entre 30 e 65 anos.
Há preferência para que os membros sejam recrutados na mesma região (art. 115, CF). Advogados e membros do MP do trabalho devem compor 1/5 do total de desembargadores.
Ainda há TRT’s com 8, 27 ou 64 membros (o da 2ª Região).
Juízes das varas são promovidos a desembargadores pelos critérios alternados de antiguidade e merecimento. Só maioria de 2/3 dos membros do TRT pode recusar o mais antigo, passando-se assim á votação do segundo mais antigo.
Na promoção por merecimento o Tribunal indica 3 juízes de varas. A nomeação é feita pelo Presidente da República, que escolhe livremente um dos componentes da lista – e não será promovido o juiz que injustificadamente retiver autos em seu poder além do prazo legal.
Para a nomeação dos juízes entre advogados e membros do Ministério Público é feita lista sêxtupla – o TRT escolhe 3 nomes. O Presidente escolhe um livremente e o nomeia.
Os integrantes do TRT elegem presidente, vice-presidente, corregedor e vice-corregedor (se existir previsão desses cargos), presidentes de Turmas e das Seções.
FUNCIONAMENTO
Se compostos com até 8 desembargadores, só funcionam com todos os membros. A composição plena só delibera com a presença da maioria absoluta dos desembargadores.
Se há mais desembargadores, há divisão em Turmas, cada uma com 3 membros. Para o funcionamento das Turmas, deve haver pelo menos 2 desembargadores.
Tribunais divididos em turmas dividem-se também em seções, uma para julgar dissídios coletivos (seção normativa). As seções só funcionam com maioria absoluta de seus membros.
O presidente do TRT só tem voto de desempate. Nas questões administrativas, vota normalmente, como qualquer outro desembargador, e ainda tem voto de desempate.
COMPETÊNCIA.
Pleno – competência originária: julgar dissídios coletivos, rever e estender suas decisões normativas, julgar mandados de segurançacontra autoridades da própria Justiça do Trabalho, ações rescisórias e de habeas corpus.
Em último grau de jurisdição: julga recursos contra multas impostas pelas Turmas; julga conflitos de competência entre Turmas, entre Varas do Trabalho e entre Juízes de Direito investidos de jurisdição trabalhista.
Em único ou último grau de jurisdição: julga os processos administrativos referentes aos serviços auxiliares e seus servidores e as reclamações contra atos administrativos do presidente ou de qualquer outro membro do TRT, dos juízes das varas do trabalho, dos juízes substitutos e dos funcionários.
Nos TRT’s divididos em Seções, as seções ficam com a supra referida competência do pleno, conforme seu Regimento Interno, exceto para julgamento das questões administrativas, que continuam sendo do Tribunal Pleno.
Turmas: julgam recursos ordinários, agravos de petição e agravos de instrumento; recursos contra multas e outras penalidades impostas por juízes de primeiro grau. Não cabe da decisão da Turma recurso ao Tribunal Pleno ou às Seções, salvo se a Turma impôs multa.
· O Tribunal Pleno, Turmas e Seções julgam ainda exceções de suspeição opostas contra seus respectivos membros.
PRESIDENTE DO TRT: entre outras atribuições, dá férias, posse, licença aos juízes, remove os juízes, preside sessões do Tribunal, audiências de conciliação dos dissídios coletivos; convoca, quando for o caso, substitutos para os desembargadores do TRT e juízes das Varas do trabalho; despacha recursos, designa relatores, assina folhas de pagamento, exerce correição pelo menos uma vez por ano sobre as varas do trabalho (ou parcialmente, quando necessário); solicita correição ao Tribunal de Justiça em relação aos Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho – exceto nos TRT’s que contem com cargo específico de juiz corregedor, a quem cabe, então, exercer tais funções.
VARAS DO TRABALHO E JUÍZES DE DIREITO.
São órgãos de 1ª instância – 1º grau da Justiça do trabalho, que conhecem inicialmente dos litígios trabalhistas.
A EC n. 45/2004 ampliou a competência de tais órgãos.
Só os grandes centros têm varas do trabalho, já que os critérios para a sua criação consistem em número de empregados – 24 mil - ou quantidade de processos trabalhistas – média de 240 por ano nos últimos três anos. Se já há vara do trabalho na Comarca, para a criação de outra é preciso que a(s) já existente(s) tenham recebido mais de 1.500 reclamações por ano. É o que dispõe a Lei nº 6.947/81, nem sempre respeitada na prática.
Certas Comarcas são carentes de varas do trabalho, sobrecarregando as já existentes; e outras Comarcas têm muitas sem necessidade, por pressão política.
A EC n. 45/2004 estabelece que o número de juízes deve ser proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população.
Onde não há vara do trabalho os Juízes de Direito cuidam de dirimir os litígios trabalhistas – ficam assim investidos nas funções de Juiz do Trabalho.
Do ingresso na carreira:
O juiz do trabalho deve ser nomeado pelo TRT após aprovado em concurso de provas e títulos, ou compõe a vara do trabalho por remoção de outra Vara, ou por ser promovido de Juiz Substituto, por critérios alternados de antiguidade e merecimento, com as garantias constitucionais de inamovibilidade, vitaliciedade (após 2 anos de período probatório) e irredutibilidade de vencimentos.
O concurso vale por 2 anos, prorrogáveis por mais 2 anos. A Resolução Administrativa nº 1.140/2006, do TST, prevê unificação nacional do concurso, que é realizado conforme instruções do TST.
Para se inscrever, o bacharel deve comprovar atividade jurídica por no mínimo 3 anos, estar quite com as obrigações civis e militares, demonstrar bom conceito e idoneidade para o exercício das funções judicantes e juntar os títulos.
Se classificado, o magistrado ingressa na carreira como juiz substituto, auxiliando os juízes titulares dentro da Região designada pelo presidente do TRT. As promoções de juiz substituto para juiz titular, bem como deste a desembargador, são feitas por critérios alternados de antiguidade e merecimento.
ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS DO JUIZ DO TRABALHO.
Presidir audiências, executar decisões, despachar petições e recursos, proceder a jurisdição voluntária – homologar pedido de demissão, de recibo de quitação e de acordo para rescisão do contrato de trabalho de trabalhador estável.
O juiz deve manter perfeita conduta pública e privada, sem dar opinião sobre feitos que vai apreciar; despachar dentro do prazo legal e residir dentro dos limites do território sob sua jurisdição, não podendo dele se ausentar sem licença do TRT.
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FUNÇÕES ESSSENCIAIS À JUSTIÇA.
São exercidas por órgãos previstos pela Constituição Federal, não integrantes do Poder Judiciário, mas que atuam perante este:
- Ministério Público do Trabalho.
- Advocacia-Geral da União.
- Advocacia e Defensoria Pública.
1. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO.
O art. 127, da CF/88 eleva o Ministério Público à condição de instituição permanente, essencial à função jurisdicional, incumbida de defender a ordem pública, o regime democrático e os interesses indisponíveis da sociedade e dos indivíduos, sendo que seus membros têm as garantias dos magistrados: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos (art. 128, §5º, I). As vedações são também semelhantes às da magistratura (art. 128, §5º, II).
O chefe é o Procurador-Geral da Justiça do Trabalho, nomeado pelo Procurador-Geral da República entre os integrantes da Procuradoria com mais de 35 anos de vida e mais de 5 (cinco) anos de carreira. Entre suas atribuições está a de designar, entre os procuradores regionais, o chefe da Procuradoria Regional, conforme Estatuto do Ministério Público da União (LC n. 75/93, art. 91, VI).
Trata-se de sub-ramo do Ministério Público da União, ao lado do MP Federal, do MP Militar e do MP do Distrito Federal e Territórios.
Das Atribuições da Procuradoria-Geral do Trabalho.
O MPT atua, apura, denuncia. Há discussões sobre as funções do MP. Para Pedro Paulo Teixeira Manus, é preferível fazer mais a fazer menos. É melhor ser atuante, até nas investigações.
Atua perante o TST, através do Procurador-Geral e dos Subprocuradores-Gerais.
Junto aos TRT’s funcionam as Procuradorias Regionais do Trabalho, compostas por procuradores regionais, nomeados por concurso público de provas e títulos.
O MPT zela pelos interesses da sociedade, promovendo as medidas necessárias ao desempenho de sua missão constitucional (art. 129, CF). Por exemplo investiga o trabalho escravo, inclusive no interior de São Paulo.
Propõe as ações previstas na CF e na lei trabalhista, zela por direitos de menores, incapazes e índios, atua nas sessões dos Tribunais, instaura processos coletivos em caso de greve, requer diligências, promove a cobrança de custas e multas, suscita conflitos de competência e recorre das decisões nos casos previstos em lei, entre outras funções.
A LC nº. 75/93 prevê a manifestação acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando houver interesse público[2] – não há mais obrigatoriedade de manifestação por escrito em todos os casos, como previam os art. 746 e 747 da CLT.
O MPT atua extrajudicialmente quando por exemplo inicia inquérito civil. Neste caso, em decorrência do inquérito civil, ou promove acordo entre empresa e empregado por Termo de Ajuste de Conduta (se não cumprido, é título executivo extrajudicial na Justiça do Trabalho); ou entende que não há irregularidade; ou a procuradoria se convence que a questão é judicial, movendo ação civil pública.
Todas as Procuradorias são auxiliadas por uma Secretaria.
1. Defensoria Pública:
Trata-se de instituição essencial à função jurisdicional do Estado, procedendo a orientação jurídica e defesa, em todos os graus, dos necessitados. Presta assistência jurídica integral e gratuita (art. 5º, LXXIV, CF).
O fato de os sindicatos (art. 514, b, CLT) prestarem assistência aos seus associados não exclui o dever constitucionalmente previsto da Defensoria Pública.
3.Advocacia da União.
Com previsão no art. 131 da CF, representa a União diretamente ou por órgão vinculado, judicial ou extrajudicialmente, cabendo-lhes as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Tais atribuições incluem matéria trabalhista apresentada em face da União perante o Judiciário.
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DAS SECRETARIAS (art. 710 a 712, CLT).
As Secretarias (órgãos auxiliares), com quadro de funcionários organizados segundo complexa estrutura, nos casos dos Tribunais, servem TST, TRT, Varas do Trabalho.
São distribuidores, protocolo, contador, serviço de dados. Devem guardar e executar medidas que deem andamento aos processos; fornecem informações e certidões, procedem a contagem das custas processuais, realizam penhora e as diligências e providências determinadas pelos juízes.
 
[1] O merecimento é apurado conforme critérios de presteza e segurança no exercício da jurisdição, frequência e aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiçoamento. Consoante Amauri Mascaro Nascimento. “Curso de Direito Processual do Trabalho”. P. 146.
[2] Quando for parte pessoa jurídica de direito público, estado estrangeiro ou órgão internacional; é facultativa a manifestação quando solicitada pelo relator ou por iniciativa do próprio MPT (Resolução Administrativa nº. 31/93 do TST). O prazo para a emissão de parecer é sempre de 8 (oito) dias (Lei nº 5.584/1970).
MÓDULO 4.
 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA.
Jurisdição e competência.
Jurisdição significa dizer o direito, papel do Estado exercido pelo juiz – o Estado deve dizer o direito em cada caso concreto submetido a juízo.
Antes a justiça era feita com a própria força, a justiça direta prevalecia. Com a evolução do direito, são raros os casos de justiça com esforço próprio – a civilização moderna atribui ao Estado a legitimação para distribuir a justiça. Assim, a pena perde o caráter exclusivo de vingança.
Ainda há casos de defesa direta dos direitos, como a legítima defesa no direito penal; a legítima defesa da posse no Direito Civil; o direito de retenção exercido pelo possuidor de boa-fé não indenizado das benfeitorias; a retenção de bens para o exercício do penhor legal (pouco utilizado na prática), entre outros casos.
A jurisdição exercida pelo Estado através do Judiciário é um poder repartido, conforme a matéria a ser decidida, o território etc. Assim, cada juiz tem uma parcela do poder jurisdicional – parcela esta denominada competência, para que haja possibilidade de dirimir conflitos.
A divisão da jurisdição levou ao surgimento de varas especializadas – varas do trabalho, Justiça Eleitoral, Militar etc. “A competência é uma parcela da jurisdição, dada a cada juiz. É a parte da jurisdição atribuída a cada juiz, ou seja, a área geográfica e o setor do Direito em que vai atuar, podendo emitir suas decisões”[1]. Trata-se do limite, da quantidade, da medida da jurisdição[2].
A competência da Justiça do trabalho, poder de dirimir questões laborais, aumentou com a EC nº 45/2004 - agora engloba as relações de trabalho, não apenas relações de emprego.
Inclui pessoas jurídicas de direito público.
Quanto à competência para julgar causas envolvendo servidores, agentes públicos, ainda está em discussão no STF, sem solução até o presente momento.
Questões entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, greves, sindicatos e empregadores, mandado de segurança, habeas corpus, habeas data, dano moral ou patrimonial, conflito de competência, penalidades administrativas são da competência da Justiça do Trabalho.
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Da competência internacional.
Seria possível que a Justiça do Trabalho processasse dissídio individual contra ente de direito público externo, como prevê a CF/88, art. 114?
No direito internacional, os Estados têm soberania e, portanto, imunidade de jurisdição, ou seja: um Estado não pode subordinar outro ao seu poder, à sua jurisdição.
Como representantes do Estado, os agentes diplomáticos também têm, pela via indireta, imunidade por necessidade de exercício funcional, em decorrência de tratados internacionais[3].
Com exceção dos cônsules, que exercem função notarial e de caráter administrativo, daí se submeterem à jurisdição do país em que atuam.
Organizações Internacionais equiparam-se aos Estados soberanos, como pessoas jurídicas de direito público externo, gozando também de imunidade de jurisdição. Ex.: ONU – Organização das Nações Unidas, OIT – Organização Internacional do Trabalho, OMS – Organização Mundial da Saúde, FMI – Fundo Monetário Internacional, OEA – Organização dos Estados Americanos. Trata-se de organização de Estados soberanos com personalidade jurídica própria.
A renúncia à imunidade de jurisdição é possível e também decorre de tratados internacionais. Em regra é expressa, mas pode ser tácita quando, por exemplo, a pessoa jurídica de direito público externo propõe ação no Tribunal estrangeiro, ou apresenta reconvenção na ação proposta pelo Estado estrangeiro, por exemplo.
Organismos internacionais sem personalidade jurídica, como é o caso da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, não têm imunidade de jurisdição.
Com a EC n. 45/2004, o art. 114 da CF passa a tratar da competência da Justiça do Trabalho para dirimir conflitos que envolvam entes de direito público externo. NÃO HÁ IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO PARA O ESTADO ESTRANGEIRO, EM CAUSAS DE NATUREZA TRABALHISTA, APÓS A CF/88.
Cabe à Justiça do trabalho a declaração de competência ou não para dirimir o conflito em tela.
Para que haja execução das decisões também é necessária a renúncia expressa da imunidade pela entidade estrangeira (a renúncia não se presume e não pode ser imposta por lei). Assim, não basta o reconhecimento do direito – é necessária a possibilidade de execução. Hoje é mais fácil, com a CF/88, art. 114, proceder a penhora de bens e desenvolver a execução em matéria trabalhista que envolva pessoa jurídica de direito público externo[4].
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DA COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
A lei n. 8.212, de 24.7.1991 determina o pagamento imediato das contribuições previdenciárias nos processos trabalhistas, o que poupa aumento do quadro de funcionários autárquicos do INSS para atuar junto à Justiça do Trabalho.
Na prática, os juízes comunicam ao INSS acerca da obrigação de pagar, por parte da reclamada, em decorrência de acordos ou decisões.
Com a EC n. 20/98 a Justiça do Trabalho passa a ter a atribuição de executar os títulos judiciais trabalhistas de dívida ativa (créditos) do INSS.
A EC n. 45/2004 estabelece no art. 114, VIII, da CF a autorização da execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, decorrentes das sentenças que proferir.
Obs.: ações de natureza previdenciária entre segurados (ou dependentes) e o INSS são decididas pela Justiça Federal, pois é ação contra autarquia federal (art. 109, I, §3?, CF). Se na comarca não houver Justiça Federal, cabe à Justiça Comum dirimir o conflito. Uma reclamação de complementação de aposentadoria, no entanto, uma vez que diz respeito às condições estabelecidas pelo contrato de trabalho, é de competência da Justiça do Trabalho[5].
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Competência em razão da matéria – ex ratione materiae.
A EC n. 45/2004 modificou e aumentou a competência da Justiça do Trabalho, como dito. Na competência em razão da matéria, examinamos quais os tipos de questões que podem ser suscitadas na Justiça Laboral.
Cabe à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho (art. 114, I da CF).
Enquanto alguns comemoraram a aplicação da competência, que valoriza a atuação da Justiça do Trabalho, outros criticaram o que será mais um fator de sobrepeso para tal Justiça, tornando os processos ainda mais demorados e praticamente inviabilizando o seu funcionamento[6].
RELAÇÃO DE TRABALHO.
A relação de trabalho é gênero do qual relação de emprego é apenas uma espécie.
É relação de trabalhoo vínculo em que ocorre prestação pessoal de serviços em proveito de outrem, pessoa física ou jurídica, que os remunera.
São características o vínculo intuitu personae (personalíssimo) e a onerosidade.
As partes são capazes, o objeto lícito e não há forma solene. A vontade deve se manifestar de forma livre e consciente, sem vício. O trabalho do presidiário, por ser imposição, não caracteriza a relação de trabalho.
O trabalho de militares é assunto de competência da Justiça Militar. E o trabalho dos servidores públicos com vínculo estatutário ainda está sob julgamento – o STF dirá se é competência da Justiça do Trabalho.
Não inclui o gênero relação de trabalho o trabalho elaborado em benefício próprio do trabalhador, como o conserto do telhado de sua própria casa. Ou o trabalho gratuito ou voluntário.
Então, a competência da Justiça do Trabalho ora abarca os informais, os autônomos, os eventuais, os temporários, pequenos artesãos como os mecânicos, pintores, encanadores, eletricistas. Ainda inclui cooperados, empreiteiros[7] e estagiários.
Na petição inicial, é possível pleitear os direitos decorrentes da relação de emprego e, caso não comprovada esta, os direitos do trabalhador não subordinado.
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DA COMPETÊNCIA NORMATIVA NA JUSTIÇA DO TRABALHO.
Através da composição dos conflitos coletivos, os Tribunais Trabalhistas legislam.
A composição dos conflitos coletivos ocorre com a negociação coletiva, a arbitragem e o dissídio coletivo.
Conforme jurisprudência, para ter acesso ao Tribunal Trabalhista é preciso provar que houve tentativa de solução amigável. Mas a tentativa de arbitragem é apenas opção das partes.
A decisão judicial dos conflitos coletivos sofre crítica porque inibe a greve e desestimula a autocomposição, o entendimento entre patrões e empregados.
Ocorre que por outro lado possibilita, a decisão judicial em conflitos coletivos, a solução não violenta, civilizada, encerrando a greve que prejudica o desenvolvimento econômico. Além disso, evita críticas nas entidades de classe por um mau acordo.
A EC 45/2004 permite a solução jurisdicional (art. 114, CF) para o dissídio coletivo de natureza econômica proposto por ambas as partes em litígio ou pelo MPT em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão ao interesse público. Devem ser respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho e as convencionadas anteriormente. Assim, a nova decisão não poderá reduzir benefícios obtidos anteriormente pelos trabalhadores.
Nos dissídios coletivos de natureza jurídica, ou declaratórios, nada mudou com a EC n. 45/2004: os Tribunais Trabalhistas devem interpretar as normas coletivas, com esclarecimentos, eliminando incertezas e discussões (conforme a Lei n. 7.701/88).
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Acidentes do trabalho.
Desde a Constituição de 1946 são de competência da Justiça Comum, embora se trate de conflito com natureza trabalhista. E assim seguirá, mesmo após a EC n. 45/2004 (entendimento do STF de 9/3/2005).
Ações em face do empregador, para responsabilizá-lo por dolo ou culpa, objetivando danos morais e materiais, é matéria da competência da Justiça do Trabalho.
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Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data.
Aqui, a competência da Justiça do Trabalho se fundamenta no art. 3º, I, b, da Lei nº 7.701/88, art. 678 da CLT e na EC n. 45/2004.
O habeas corpus é cabível toda vez que envolver a jurisdição trabalhista, por exemplo, na hipótese de abuso de poder ou ilegalidade de autoridade judiciária, ou pessoa que esteja restringindo a liberdade do trabalhador. Há possibilidade de a Justiça do Trabalho julgar o habeas corpus impetrado em face de empregador, no ambiente do trabalho, quando do movimento grevista em face de atos por este praticados durante o movimento paredista; quando o empregador ou o tomador de serviços restringirem a liberdade de locomoção do empregado ou trabalhador por qualquer motivo, como em razão do não pagamento de dívida; em face de autoridade que restringe a liberdade de locomoção do servidor público.
Quanto à competência funcional, se o habeas corpus foi impetrado contra ato de particular, empregador, a competência hierárquica será das Varas do Trabalho, sendo apreciado pelo juiz monocrático. Será do Tribunal Regional do Trabalho se o habeas corpus foi impetrado em face de ato de Juiz do Trabalho de Vara do Trabalho.
Com relação ao procedimento do habeas corpus, como ação de natureza mandamental e de rito especial, deve seguir o procedimento previsto no Código de Processo Penal (art. 647 e s.).
Habeas data é o instrumento para a obtenção de informações prejudiciais e sigilosas a respeito da pessoa, que crie obstáculos para a obtenção de novo emprego ou cargo público. Ou que crie para a empresa prejuízos à sua reputação e imagem. Ex.: habeas data impetrado por empresa que quer conhecer e retificar ou retirar informação falsa sobre trabalho escravo.
Observa-se que em regime democrático é mais rara ou ausente a necessidade de se impetrar habeas data, vez que as informações acerca das pessoas deve ser colhida de forma clara e motivada, sempre com publicidade e transparência.
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Outras matérias.
1. conflito de competência: entre órgãos de jurisdição trabalhista – é de competência de Tribunal Trabalhista, conforme entendimento ratificado pela EC n. 45/2004.
2. pedido de indenização por dano moral ou patrimonial – sejam danos decorrentes de relação de emprego ou de relação de trabalho, a competência é da Justiça do Trabalho.
3. ações possessórias sobre moradia do trabalhador: se a moradia decorre de contrato de trabalho e integra o pagamento in natura; ou se era necessário morar em certo local para trabalhar (caso do zelador ou caseiro), seja controvérsia decorrente de relação de emprego ou de relação de trabalho, a competência é da Justiça do Trabalho. Ocorre que na prática, por ser mais rápida, a Justiça Comum é usada para dirimir tais conflitos, sem ensejar discussão sobre o cabimento de tais ações.
4. PIS – Plano de Integração Social – a competência para o cadastramento nesse plano é da Justiça do Trabalho.
5. ações referentes ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) – conforme Súmula n. 176 do TST: a Justiça Federal é competente, já que a divergência é entre trabalhador e a Caixa Econômica Federal, entidade gestora do FGTS.
6. processos decorrentes de greve: art. 114, II, conforme EC n. 45/2004 – competência da Justiça do Trabalho.
7. processos sindicais: competem à Justiça do Trabalho os processos sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores – o rol é exemplificativo. Podemos acrescentar por exemplo ações relativas às eleições sindicais. Além disso, sindicato alcança sentido genérico, incluindo ainda as federações e confederações, e até centrais sindicais, já reconhecidas oficialmente (outubro de 2007).
8. multas e outras penalidades administrativas: antes de competência da Justiça Federal, os novos casos (não os já em andamento) serão processados e julgados pela Justiça do trabalho (art. 114, VII, com a redação dada pela EC n. 45/2004).
A ação pode ser movida pelo empregador para invalidar a sanção administrativa; ou pela Fazenda Pública para a execução do título extrajudicial.
1. outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho – art. 114, IX, CF. Desde que conexas com a relação de trabalho, a competência para dirimir as questões será da Justiça do Trabalho. Ex.: outorga de competência penal; execução do imposto de renda (como ocorre com as contribuições previdenciárias).
O inciso IX do art. 114, que atribui à Justiça do Trabalho competência para dirimir outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, significa que a lei pode criar mais competência desde que sobre assunto correlato.
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Procedimento aplicável.
Embora alguns defendam a aplicação do CPC para ações que nãoenvolvam relação de emprego, a melhor interpretação é que a reforma constitucional quis incluir no procedimento trabalhista previsto na CLT também as relações de trabalho que não envolvem subordinação.
Qualquer que seja o tipo de conflito, ações na Justiça do Trabalho seguem o procedimento previsto na CLT, como dispõe o próprio art. 763 da CLT. O sistema processual diferenciado é o que marca a especialização da Justiça do Trabalho. Se fosse o mesmo procedimento, não haveria justificativa para a modificação de competência (vide aula nº 2 acerca dos princípios peculiares do Direito Processual Trabalhista).
Diante da omissão, portanto subsidiariamente, aplica-se o CPC, desde que haja compatibilidade com os preceitos do Título X da CLT (conforme art. 769 da CLT).
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COMPETÊNCIA EX RATIONE PERSONAE.
Antes limitada a empregado e empregador, hoje se refere a trabalhadores, termo mais abrangente, que inclui os não subordinados.
Assim, estão sob competência da Justiça do Trabalho conflitos envolvendo inclusive trabalhadores rurais[8], domésticos[9] (que não gozam de todos os direitos conferidos a empregados típicos, consoante art. 7º, da CLT) e temporários (que prestam serviço a empresa a fim de atender a necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço).
Trabalhadores avulsos[10], eventuais (que exercem trabalhos diferentes das atividades econômicas do empresário, como aquele que conserta a parte elétrica numa fábrica de tecidos) e autônomos (que não têm subordinação) também usufruem a jurisdição trabalhista.
Eventuais e autônomos só estão sob competência da Justiça do Trabalho por força da EC n. 45/2004.
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Do regime único.
Servidores da administração pública, das autarquias e das fundações desde a CF/88 submetem-se a regime único.
Antes havia os estatutários, os que estavam sob o regime da CLT e aqueles em regime especial (porque admitidos em caráter temporário ou contratados para funções de natureza técnica especializada).
O art. 240 da Lei n. 8.112/90 previa o ajuizamento de ação pelo servidor público civil perante a Justiça do Trabalho e o direito de negociação coletiva (alíneas e e d).
Ocorre que o STF (em novembro de 1992) acolheu a Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República para declarar a inconstitucionalidade das alíneas supra. Depois da EC n. 45/2004, a questão da competência da Justiça do Trabalho para as questões envolvendo servidores estatutários voltou a ficar em aberto. Nova ADI foi proposta, e ainda não há decisão.
Por ora, em função de liminar acolhida na ADI supra referida, a Justiça do Trabalho não é competente para julgar processos entre servidores estatutários e o Poder Público.
Apenas os celetistas, que foram contratados pelo regime de direito privado, e que se submetem à CLT, exceções ao regime único, submetem-se à jurisdição da Justiça do Trabalho.
A competência para julgar litígios entre servidores estatutários e a União, suas autarquias e outros órgãos paraestatais federais é da Justiça Federal.
A competência para julgar causas de servidores dos Estados e Municípios contra os correspondentes órgãos estaduais e municipais é da Justiça Ordinária.
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COMPETÊNCIA EX RATIONE LOCI.
O TST tem jurisdição em todo o território nacional.
Os TRT’s têm competência limitada em razão do lugar.
A CF/88 determinava um TRT por Estado (art. 112), mas tal orientação mudou com a EC n. 45/2004.
A competência de cada TRT é conferida pela Lei Federal que a criou, e só pode ser reformulada por outra lei federal – a lei estadual não pode modificá-la, nem criando ou desmembrando Município.
A EC 45/2004 trata da criação da justiça itinerante e das câmaras regionais para facilitar o acesso dos jurisdicionados aos Tribunais.
Nos locais não sujeitos à jurisdição das Varas do Trabalho, os Juízes de Direito devem conhecer e julgar os litígios do trabalho (art. 112, CF) – ficam portanto investidos de jurisdição trabalhista.
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PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA.
É aceita em razão do lugar, já que se trata de competência relativa.
A competência quanto à pessoa e quanto à matéria é absoluta; pode ser declarada ex officio a incompetência de foro (art. 795, §1º, CLT).
Em razão do lugar, sendo relativa a competência, se o empregado move a reclamação em lugar diferente daquele em que prestou serviços e o empregador nada alega, fica prorrogada a competência.
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DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA – art. 651, CLT.
Em razão de ser a parte mais fraca, vulnerável, que necessita de proteção, o trabalhador deve mover ação no local da execução do contrato de trabalho, como regra geral. O legislador presumiu que o trabalhador reside perto de onde presta serviços.
Assim, a competência existe ex ratione loci, em razão do local da prestação dos serviços - ainda que o contrato tenha sido firmado em local diverso; e mesmo que o reclamante seja estrangeiro.
É para facilitar o acesso do trabalhador ao órgão jurisdicional que não se admite em contrato de trabalho o foro de eleição, considerada não escrita a cláusula contratual que o estipula[11].
Se o obreiro trabalhou em vários locais, a competência é da última localidade em que se trabalhou. Se simultaneamente presta serviços em vários locais, todos são competentes para a propositura da ação[12].
As exceções ocorrem como corolário do princípio de facilidade de acesso ao órgão jurisdicional:
1. Nos conflitos coletivos:
Não importa aqui a base territorial do sindicato, que pode se estender por vários Estados. Se a ação for ajuizada contra empregadores sediados sob jurisdição de mais de um TRT, o TST deve dirimir o conflito de competência.
A regra é a propositura da ação em TRT com competência em relação ao local da sede da empresa empregadora. Se for proposto contra empresas com sede em vários Estados, o TST resolve o conflito.
A única exceção ocorre em São Paulo – havendo jurisdição do TRT da 15ª e do TRT da 2ª Região, deve a ação ser proposta perante o TRT da 2ª Região.
1. Nos dissídios individuais.
2.1. se a prestação de serviços ocorreu fora do Brasil, a ação é proposta no foro do domicílio do Réu, sendo este o local em que se encontrar agência ou filial no Brasil.
2.2. ação proposta no local da celebração do contrato quando a prestação de serviços ocorre em local distante (ex.: atividade de reflorestamento).
2.3. agente ou viajante comercial. Como não se presume que resida perto de onde presta serviços, deve propor a ação no local de situação da agência ou filial da empresa empregadora. Se não estiver filiado a agência ou filial, propõe a ação no foro de seu domicílio (foro de domicílio do trabalhador), ou da localidade mais próxima deste.
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Da conexão e da continência:
Havendo coincidência entre as partes, a coisa (objeto do litígio) e a causa do pedido a hipótese é de litispendência.
Causas conexas têm o mesmo objeto ou causa de pedir (art. 55 do CPC/2015; art. 103 do CPC/1973).
Causas continentes têm as mesmas partes e a mesma causa de pedir, mas o objeto de uma é mais amplo e engloba o da outra (art. 56 do CPC/2015; art. 104 do CPC/1973).
Consoante art. 57 do CPC/2015:
“Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas”.
O CPC/1973 não trazia a reunião necessária, e sim facultativa, quando estabelecia que diante da conexão ou continência, as ações poderiam ser reunidas de ofício pelo juiz ou a requerimento das partes, para uma decisão simultânea (art. 105 do CPC/1973).
O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo (art. 59 do CPC/2015).
O CPC/1973, em seu art. 219, estabelecia: fica prevento o juiz que efetuou em primeiro lugar a citação. O CPC de 2015 adotou aposição jurisprudencial: fica competente o juízo em que o processo foi distribuído primeiro.
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Conflitos de competência.
Positivo – quando dois ou mais juízos se consideram competentes para uma ação; Negativo – quando dois ou mais juízos não se arrogam competentes para conhecer da mesma causa.
Podem ser suscitados de ofício pelo juiz, pelas partes ou pelo MP (art. 951, CPC/2015).
Se a parte já arguiu incompetência relativa (cf. art. 952 do CPC/2015) no processo, não pode suscitar conflito de competência.
Suscitado o conflito de competência, as provas extraídas dos autos formam instrumento à parte que segue com as informações do juiz ao Tribunal competente (imediatamente superior).
O conflito de competência entre juiz do trabalho e juiz estadual é dirimido pelo STJ.
O TRT resolve conflito de competência entre juízes de 1º grau da mesma região. O TST resolve conflito de competência entre juízes de 1º grau de regiões diferentes – porque o TRT não pode dizer o que deve fazer juiz de outra região.
Conflito de competência envolvendo o TST é dirimido pelo STF.
Da decisão do relator do Tribunal sobre o conflito de competência, se for decisão de plano, conforme jurisprudência dominante, cabe Agravo de Instrumento – prazo de oito dias.
Se for decisão em sessão não cabe recurso.
 
[7] O empreiteiro não é subordinado ao dono-da-obra e ainda tem obrigação de resultado, assumindo os riscos do negócio. Não tem direitos de empregado como férias, 13º salário, adicional noturno etc. Mas move ação na Justiça do Trabalho para haver o preço da empreitada e a multa contratual, se houver.
[8] Consoante art. 2º, da Lei nº 5.889/73, é trabalhador rural toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviço de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.
[9] Lei nº 5.859/72.
[10] Avulso é o trabalhador da orla marítima, indicado e remunerado pelo sindicato, como estivador, conferente de carga, vigia portuário. É equiparado ao trabalhador com vínculo empregatício, conforme art. 7º, XXXIV, CF.

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