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Classificação das Despesas Públicas Introdução ............................................................................................................................................... 1 Classificação Institucional ....................................................................................................................... 3 Estrutura Programática (Programa de Trabalho) .................................................................................... 8 Classificação Funcional .......................................................................................................................... 11 Classificação por Natureza de Despesa ................................................................................................. 13 Referências ............................................................................................................................................ 16 Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 1 Secretaria do Tesouro Nacional Classificação das Despesas Públicas Sérgio Ricardo de Brito Gadelha Introdução Existem outras classificações de despesa. Conforme argumenta Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 290), o governo classifica suas despesas segundo determinados critérios, os quais são definidos com o objetivo de atender às necessidades de informação demandadas pelos agentes públicos ou por qualquer cidadão que participe do processo orçamentário em qualquer de suas etapas, bem como pela sociedade organizada. A classificação da despesa no governo tem por finalidade permitir respostas a perguntas tais como: • Quanto o governo gasta com Benefícios Previdenciários? • Quanto custa anualmente programas governamentais como o Programa Bolsa Família e o Programa Saúde em Família? • Qual a despesa anual da Universidade Federal do Ceará? • Quanto das receitas do Orçamento Federal é transferido para Estados e Municípios, por determinação constitucional? • Quanto do total do Orçamento é gasto na Função Saúde? • Quanto o governo gasta, anualmente, com juros da dívida pública interna e externa? • Quanto o governo gasta, anualmente, com pessoal e encargos sociais? Resumidamente, com as classificações de despesa descritas a seguir, você entenderá e terá condições de fazer as seguintes associações (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 290-291): • Classificação Institucional: responde à indagação “quem” é o responsável pela programação? • Estrutura Programática: responde às indagações “o que fazer” e “para que” os recursos são alocados? (Finalidade). A partir da descrição do Programa e de seus Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 2 Secretaria do Tesouro Nacional elementos, temos ainda: “por que é feito?” (problema a resolver); “para quem é feito?” (público-alvo); “quais os resultados esperados?” (indicadores). A ação orçamentária e seus elementos vão indicar por sua vez: “como fazer?”; “o que é feito?” (descrição); “para que é feito?” (finalidade); “como é feito?” (forma de implementação); “quais as fases?” (etapas); “qual o resultado?” (produto); e “qual sua localização espacial ou abrangência geográfica?” (localizador de gastos). • Classificação por Natureza de Despesa: a despesa por natureza responde às seguintes indagações: “qual o efeito econômico da realização da despesa?” (categoria econômica); “em qual classe de gasto será realizada a despesa?” (grupo de natureza de despesa); “qual a estratégia para realização da despesa?” (modalidade de aplicação); “quais insumos se pretende utilizar ou adquirir?” (elemento de despesa); • Classificação Funcional: responde à indagação “em que área” de ação governamental a despesa será realizada? A figura a seguir mostra a inter-relação que existe entre essas diferentes classificações de despesa: Figura: Classificações de despesa no governo Fonte: Conteudista •"Em que" área a despesa será realizada? •"Qual" o efeito econômico da realização da despesa? •"Para que" os recursos são alocados? •"Quem" é o responsável pela programação? Institucional Estrutura Programática Funcional Natureza de Despesa Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 3 Secretaria do Tesouro Nacional Classificação Institucional Segundo Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 291), a classificação institucional agrupa as despesas conforme as instituições autorizadas a realizá-las, relacionando os órgãos da administração pública direta ou indireta responsáveis pela dotação aprovada. Sua finalidade principal é evidenciar as unidades governamentais responsáveis pela execução da despesa, ou seja, os órgãos que gastam os recursos em conformidade com a programação orçamentária, a fim de fixar as responsabilidades e os consequentes controles e avaliações. Figura: Classificação institucional das despesas Esta classificação considera, inicialmente, a divisão dos Três Poderes da União. Cada um dos Poderes é dividido em três tipos de instituições: os órgãos, subdivididos em unidades orçamentárias, que, por sua vez, são subdivididas em unidades administrativas. Ressalta-se que as unidades administrativas não constam da codificação dessa classificação. Fonte: Conteudista Assim, pode-se dizer que: • Órgão: é o nível institucional que, a título de subordinação ou supervisão, agrega determinadas unidades orçamentárias e unidades administrativas. Por exemplo: Presidência da República, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério da Poderes da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) Órgãos Unidades Orçamentárias Unidades Administrativas Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 4 Secretaria do Tesouro Nacional Defesa Nacional, Ministério da Fazenda, ou Secretaria de Saúde (no caso de Estados ou de Municípios); • Unidade Orçamentária: agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que são consignadas dotações próprias (art. 14 da Lei nº. 4.320/1964). Por exemplo: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE); Hospital das Clínicas do Estado ou do Município; • Unidades Administrativas: é o nível institucional que, por não possuir autonomia orçamentária, necessita de uma unidade orçamentária para a obtenção de recursos. Por exemplo: setor de pediatria do hospital; coordenação de tecnologia e logística. Conforme definido em glossário no sítio eletrônico da Secretaria do Tesouro Nacional, trata-se de segmento da administração direta ao qual a lei orçamentária anual não consigna recursos e que depende de destaques ou provisões para executar seus programas de trabalho. A figura a seguir mostra um exemplo, bastante didático, dessa classificação institucional, tomando como referência o Ministério da Educação (MEC). Figura: Exemplo de classificação institucional no Poder Executivo Fonte: Conteudista Unidade Administrativa Unidade Orçamentária Órgão Ministério da Educação (26000) Fundação Universidade de Brasília (26271) Hospital Universitário de Brasília (154106) Editora da Universidade de Brasília (154078) FNDE* (26298) Colégio Militar do Rio de Janeiro (160292) Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 5 Secretaria do Tesouro Nacional Segundo Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 292), as principais vantagens da classificação institucional são: • Permite comparaçãoentre os diversos órgãos, quanto ao volume de despesa autorizada/executada; • Permite identificar a unidade responsável pela execução das despesas de determinado programa; • É o ponto de partida para a contabilização de custos dos vários serviços; e, • Combinada com a classificação funcional e com a estrutura programática, focaliza em detalhes a responsabilidade pela execução de um Programa. Os mesmos autores afirmam que as principais desvantagens da classificação funcional são: • Se for usada predominantemente, impede uma visão global das finalidades dos gastos do governo em termos de funções a cumprir; • Tende a gerar rivalidades entre as diferentes instituições na obtenção de recursos, quando da preparação do Orçamento e da sua aprovação pelo Poder Legislativo; e, • Pouco ou nada contribui para a melhoria das decisões de alocação orçamentária (lembre-se da função alocativa do governo, estudada no módulo anterior), que não dependem de avaliação quanto ao valor que cada instituição está autorizada a gastar. No governo federal, o código de classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão, e os demais à unidade orçamentária: Tabela: Codificação da classificação Código Descrição AB Indicam o órgão CDE Indicam a unidade orçamentária Nota: elaboração do(s) autor(es) Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 6 Secretaria do Tesouro Nacional Unidade gestora é a unidade orçamentária ou administrativa investida do poder de gerir recursos orçamentários e financeiros, próprios ou sob descentralização. Ou seja, as unidades gestoras podem receber recursos diretamente da lei orçamentária, quando serão denominadas unidades orçamentárias, ou podem receber os recursos orçamentários de outras unidades orçamentárias, quando serão denominadas unidades administrativas. Conforme definido em glossário do sítio eletrônico da Secretaria do Tesouro Nacional, unidade gestora é a nomenclatura usada para definir as unidades cadastradas no SIAFI, investidas do poder de gerir recursos orçamentários e financeiros, próprios ou sob descentralização, e cujo titular, em consequência, está sujeito à tomada de contas anual em conformidade com o disposto nos artigos 81 e 82 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Não se deve confundir o conceito de unidade gestora com o conceito de órgão. Um órgão, como um ministério, pode possuir várias unidades gestoras, a depender de sua estrutura administrativa. Essas unidades gestoras, por sua vez, podem ser compostas de várias unidades orçamentárias ou administrativas. Como podemos fazer uma associação entre classificação institucional de despesa e o ciclo orçamentário? Na fase de elaboração do projeto de lei orçamentária, cada unidade gestora (que atua como unidade orçamentária) deve elaborar sua proposta orçamentária para o ano vindouro e encaminhá-la a sua setorial orçamentária. A setorial orçamentária é a unidade responsável por receber e consolidar as propostas parciais de todas as unidades gestoras que compõem o órgão. Cabe à setorial orçamentária consolidar as propostas parciais das unidades gestoras em uma única proposta do órgão. Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 7 Secretaria do Tesouro Nacional Depois, cada setorial orçamentária de cada órgão, de cada um dos Poderes, encaminha as propostas setoriais para o órgão central do sistema de orçamento e gestão, para nova consolidação. No âmbito do governo federal, todas as propostas orçamentárias, antes de serem encaminhadas ao Congresso Nacional, serão consolidadas pela Secretaria de Orçamento Federal/Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SOF/MPOG), e o Poder Legislativo receberá uma Mensagem do Presidente da República com o Projeto de Lei do Orçamento Anual, que reúne a proposta de orçamento de todos os Poderes da União e do Ministério Público. A Secretaria de Orçamento Federal (SOF/MPOG) é o Órgão Central que: • Define as diretrizes gerais para o sistema orçamentário federal; • Coordena o processo de elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA); • Fixa normas gerais de elaboração dos orçamentos federais; • Consolida e formaliza a proposta orçamentária da União, e coordena as atividades relacionadas ao SIOP (Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento). Os Órgãos Setoriais são responsáveis: • Pelo estabelecimento de diretrizes setoriais para a elaboração da proposta orçamentária; • Pela fixação de referências monetárias para apresentação das propostas orçamentárias das suas unidades orçamentárias; • Pela consolidação e formalização da proposta orçamentária do órgão. Por exemplo: Ministério da Fazenda. PARA SABER MAIS: Uma vez feita a consolidação, com os devidos ajustes e cortes orçamentários, surge o projeto de lei orçamentária. Esse projeto deverá ser submetido ao presidente da República, que fará o encaminhamento do projeto ao Congresso Nacional, por meio de mensagem. Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 8 Secretaria do Tesouro Nacional Estrutura Programática (Programa de Trabalho) Essa abordagem é bastante influenciada pelos conceitos inerentes ao “orçamento programa”. O programa de trabalho é classificado de acordo com a unidade orçamentária (secretaria, superintendência, fundo, empresa, fundação, administração regional, autarquia) responsável por sua implementação. Nas unidades, as despesas são classificadas de acordo com as atividades e projetos que vão ser desenvolvidos durante o ano. A estrutura programática busca o fornecimento de informações das realizações do governo. Nesse sentido, define-se conjunto de programas como sendo o instrumento de organização da ação governamental, visando à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual (PPA). • Programa: conjunto articulado de ações orçamentárias (projetos, atividades e operações especiais) e não orçamentárias, de estruturas e pessoas motivadas ao alcance de um objetivo comum. Esse objetivo é concretizado em um resultado (solução de um problema ou atendimento de demanda da sociedade), expresso pela evolução de indicadores no período de execução do programa, possibilitando-se, assim, a avaliação objetiva da atuação do governo (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 153). • Ações (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 299): o Projeto: instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam em um período limitado de tempo, das quais resultam um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo; o Atividade: instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realiza de modo contínuo e permanente, das quais resultam um produto necessário à manutenção da ação de governo; o Operações especiais: são ações que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resultam um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 9 Secretaria do Tesouro Nacional A estrutura programática se relaciona com a classificação funcional. Por exemplo, as ações que compõem um programa são típicas de uma função, pois a classificação mantém o conceito de tipicidade que consiste na divisão lógica da função, em subfunções consideradas típicas daquela função.No entanto, essa correlação não é rígida, ou seja, os programas não são exclusivamente constituídos de ações vinculadas a uma mesma função. Ao contrário, sobretudo no caso dos programas multissetoriais (nos quais mais de um órgão administrativo é responsável pela execução de ações do programa), é comum encontrar ações classificadas em funções distintas. Nesses casos, considera-se a vinculação atípica de uma subfunção em relação à sua função agrupadora relacionada na tabela de funções e subfunções. Ou seja, a subfunção relaciona-se com a finalidade do gasto independente da natureza da instituição responsável pela ação classificada. A possibilidade da classificação atípica permite grande flexibilidade classificatória. Logo, não se deve confundir tipicidade com exclusividade (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 293-294). Tabela: Codificação da estrutura programática Código Descrição KLMN Programa OPQR Ação (projeto, atividade ou operação especial) STUV Subtítulo ou localizador de gastos Fonte: Conteudista As ações previstas no orçamento público, por exemplo, gastos com pagamento de pessoal, obras, serviços e programas sociais (como Bolsa Família), devem ser programadas na forma de projetos e atividades para os diversos órgãos da Administração Municipal. Sob a perspectiva legal, projeto é um conjunto de operações relativas a obras, serviços públicos ou programas sociais. A realização dessas operações obedece a um limite de tempo e resulta em um produto final, como "Abertura e Pavimentação de Vias Públicas". Já atividade pode ser definida como um conjunto de operações que também se refere a obras e serviços públicos, mas com um caráter de continuidade. Essas operações específicas se realizam de modo contínuo e são necessárias à manutenção e operacionalização das ações governamentais. Tem-se como exemplo os "Serviços Administrativos e Financeiros" ou a "Manutenção de Prédios Públicos". Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 10 Secretaria do Tesouro Nacional Note que toda a ação corresponde a uma única subfunção, que poderá ser combinada com qualquer função em razão da competência do órgão responsável pela ação (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 295). Como podemos fazer uma associação entre classificação de estrutura programática de despesa e o ciclo orçamentário? Ao estabelecer as prioridades e metas da Administração Pública federal, a LDO elege, entre centenas de programas (que são conjuntos articulados de ações) aprovados no PPA, aqueles que terão prioridade de execução sobre os demais, além de estabelecer a meta física para o exercício financeiro, conforme ilustrado na figura a seguir. Por exemplo, se o PPA estabelece a meta de construção de 100 mil unidades habitacionais (casas) em quatro anos, a LDO priorizará o projeto, estabelecendo, por exemplo, a meta de construção de 25 mil casas. Figura: Relação entre Estrutura Programática de Despesa, PPA e LDO Fonte: Conteudista O governo não pode gastar o valor arrecadado sem pensar no que precisa fazer no futuro e nos compromissos já assumidos, pois podem faltar recursos para programas e ações importantes. É por meio dos programas que o governo atua para alcançar seus objetivos. Por exemplo, tudo o que se faz em educação pode ser agrupado em um programa. Dentro do programa, o dinheiro é distribuído para ações, que, como o nome indica, significa o que será feito. Por exemplo, o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa governamental A LDO seleciona alguns programas e ações que terão prioridade na execução orçamentária do ano subsequente. Programa 3 (ações 1 a n) Programa 2 (ações 1 a n) Programa 1 (ações 1 a n) LDO PPA (Plano de Governo de 4 anos) Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 11 Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores não gratuitos na forma da Lei nº 10.260/2001, tendo duas principais ações orçamentárias: “concessão de financiamento estudantil” e “administração do financiamento estudantil”. Esse processo de distribuição também é chamado de alocação de recursos. Classificação Funcional A classificação funcional visa ao fornecimento de informações das realizações do governo, apresentando uma relação de funções que representam um maior nível de agregação das despesas das diversas áreas do governo. Por ser de aplicação comum e obrigatória no âmbito dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União, a classificação funcional da despesa permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. A metodologia agrega os gastos públicos por área de ação governamental, nas três esferas de governo, sendo composta por uma lista de funções e subfunções, estabelecidas na Portaria MOG nº 42/1999, que trata das classificações orçamentárias. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº 42/1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas de governo. Trata-se de classificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público (BRASIL, 2013, p. 48). Caso você queira ter acesso à integra do texto da Portaria MOG nº 42/1999, acesse: <http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/portaria42.pdf>. Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 12 Secretaria do Tesouro Nacional A função representa o maior nível de agregação das despesas das diversas áreas do setor público. Por exemplo: Agricultura, Educação, Saúde, Segurança Pública, etc. A subfunção, por sua vez, representa uma partição da função, agregando determinado subconjunto de despesas do setor público. A subfunção identifica a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções, e pode ser combinada com funções diferentes daquelas a que está relacionada. Por exemplo, Defesa Sanitária Vegetal, Colonização, Ensino Fundamental, Assistência Hospitalar e Ambulatorial. A classificação funcional é composta por 5 dígitos, divididos em dois campos: Tabela: Codificação da classificação funcional Código Descrição FG Função HIJ Subfunção Fonte: Conteudista No Órgão: 22 (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Ação: 4641 (Publicidade de utilidade pública) Subfunção: 131 (Comunicação Social) Função: 20 (Agricultura) Não se deve confundir os gastos realizados por uma instituição com os gastos realizados em uma função. Por exemplo, os gastos realizados pelo Ministério da Educação não são os mesmos gastos da função Educação, pois o Ministério da Educação possui gastos classificados em outras funções, que não apenas na função “Educação”, como “Previdência Social”, “Encargos Especiais”, “Administração”, etc. Outro engano comum é imaginar que, pelo total de uma função, pode-se identificar quanto um governo gasta naquela área de atuação. O cálculo mais adequado para observar quanto um governo aplica em prol de determinada função é tomado a partir Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 13 Secretaria do Tesouro Nacional do somatório dos totais das subfunções típicas daquela função. Como existe a possibilidade da classificação atípica, agindo assim, estaremos agregando todas as despesas cuja finalidade é atenderaos objetivos daquelas subfunções típicas (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 2 O total das despesas classificadas em uma função é igual ao total das despesas sob responsabilidade do(s) órgão(s) cuja competência é típica daquela função. Por exemplo, total da despesa do Ministério da Educação na função Educação. Já o total das despesas em prol de uma função é igual ao total das despesas, sob responsabilidade de qualquer órgão da administração, classificadas em uma das subfunções típicas daquela função. Por exemplo: total das despesas classificadas nas seguintes subfunções: 361 – Ensino Fundamental; 362 – Ensino Médio; 363 – Ensino Profissional; 364 – Ensino Superior; 365 – Educação Infantil; 366 – Educação de Jovens e Adultos; 367 – Educação Especial. Em particular, a função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais não se pode associar um bem ou um serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras despesas afins, representando, portanto, uma agregação neutra (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 294). Classificação por Natureza de Despesa Adotada nos orçamentos da União, a partir do exercício de 1990, por determinação das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e estendida aos demais entes governamentais pela Portaria Interministerial nº 163/2001, essa classificação não chega a constituir-se em novo critério classificatório, mas uma adaptação das categorias e contas das classificações econômica e por elementos. Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 14 Secretaria do Tesouro Nacional Tabela: Codificação da classificação por natureza de despesa (A.B.CD.EF.GH) Código Descrição A = Categoria Econômica 3 – Despesas Correntes 4 – Despesas de Capital B = Grupo de Despesa 1 – Pessoal e Encargos Sociais 2 – Juros e Encargos da Dívida 3 – Outras Despesas Correntes 4 – Investimentos 5 – Inversões Financeiras 6 – Amortizações da Dívida 9 – Reserva de Contingência CD = Modalidade de Aplicação Exemplos: 30 – Transferências aos Estados e ao DF 40 – Transferências aos Municípios 90 – Aplicações Diretas 91 – Aplicação direta decorrente de operação entre órgãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social EF = Elementos de Despesa Exemplos: 01 – Aposentadorias e Reformas 02 – Pensões 47 – Obrigações tributárias e contributivas 23 – Juros, deságios e descontos da dívida mobiliária 30 – Material de consumo GH = Desdobramento, facultativo, do elemento de despesa Fonte: Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 299-300) De acordo com a Lei nº 4.320/1964 (Lei de finanças públicas), em seu artigo 12, a despesa será classificada nas seguintes duas categorias econômicas: • Despesas Correntes: as despesas correntes são destinadas à manutenção e funcionamento dos serviços públicos gerais anteriormente criados na administração pública direta ou indireta. Classificam-se nesta categoria todas as despesas que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 301); • Despesas de Capital: as despesas de capital são efetuadas pela Administração Pública com a intenção de adquirir ou constituir bens de capital (máquinas, veículos, equipamentos, imóveis, entre outros) que enriquecerão o patrimônio público ou serão capazes de gerar novos bens e serviços. Também são despesas de capital aquelas Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 15 Secretaria do Tesouro Nacional referentes a amortizações de dívidas, salientando que pagamento dos juros da dívida é despesa corrente (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 301). O critério por categoria econômica tem o objetivo de oferecer informações sobre os efeitos que o gasto público tem na atividade econômica de um país. Pode indicar qual a contribuição do governo para a renda nacional e se essa contribuição está aumentando ou diminuindo. Pode indicar ainda a parcela propiciada pelo setor governamental para a formação de capital de um país. O Grupo de Natureza de Despesa é um agregador de elementos de despesas com as mesmas características quanto ao objeto de gasto (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 301-302): • Despesas Correntes: o Pessoal e Encargos Sociais: despesas de natureza salarial decorrentes do efetivo exercício de cargo, emprego ou função de confiança no setor público, do pagamento dos proventos de aposentadorias, reformas e pensões, das obrigações trabalhistas de responsabilidade do empregador, incidentes sobre a folha de salários, bem como soldo, gratificações, indenizações regulares e eventuais, exceto diárias, e adicionais, previstos na estrutura remuneratória dos militares das Forças Armadas; o Juros e Encargos da Dívida: despesas com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária federal; o Outras Despesas Correntes: despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício ou pessoa jurídica, independentemente da forma contratual, e outras da categoria econômica “despesas correntes” não classificáveis nos grupos anteriores. • Despesas de Capital: o Investimentos: são despesas relativas ao planejamento e à execução de obras públicas, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente, e a constituição ou aumento de capital social de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Vale salientar que o pagamento de pessoal contratado para a execução de obras, desde que não faça parte do quadro de funcionários do governo, também é classificado como investimentos; o Inversões Financeiras: são dotações destinadas a aquisições de imóveis ou de bens de capital já em utilização na economia; aquisição de títulos representativos do capital de Leitura Complementar 2 – Módulo 2 Curso 16 Secretaria do Tesouro Nacional empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital social; e constituição ou aumento do capital de empresas ou entidades que buscam objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros; o Amortização da Dívida: despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. Ao realizar um investimento, por exemplo, a construção de uma estrada, o governo realiza despesas de capital. Posteriormente, para realizar a manutenção dessa estrada, realiza despesas correntes. Vamos pensar em outro exemplo! O governo planeja e insere no PPA a duplicação de determinado trecho de uma rodovia federal, por exemplo, a rodovia Belém-Brasília, com prazo para conclusão de 5 anos e valor de R$ 10 bilhões. Esse gasto é um investimento (despesa de capital). Para a manutenção da rodovia duplicada, o governo estima gastar mais R$ 50 mil por ano na sua manutenção, sendo que se trata de uma despesa corrente. Referências ALBUQUERQUE, C.; MEDEIROS, M.; FEIJÓ, P. H. Gestão das finanças públicas – fundamentos e práticas de planejamento, orçamento e administração financeira com responsabilidade fiscal. 2ª edição. Brasília: 2008. BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público: aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios – 5ª edição. Brasília: Secretariado Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de Contabilidade Aplicadas à Federação, 2013.
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