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Classificação das Despesas Públicas

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Classificação das Despesas Públicas 
 
Introdução ............................................................................................................................................... 1 
Classificação Institucional ....................................................................................................................... 3 
Estrutura Programática (Programa de Trabalho) .................................................................................... 8 
Classificação Funcional .......................................................................................................................... 11 
Classificação por Natureza de Despesa ................................................................................................. 13 
Referências ............................................................................................................................................ 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leitura Complementar 2 – Módulo 2 
Curso 
 
 
 
 
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Secretaria do Tesouro Nacional 
 
Classificação das Despesas Públicas 
Sérgio Ricardo de Brito Gadelha 
Introdução 
Existem outras classificações de despesa. Conforme argumenta Albuquerque, 
Medeiros e Feijó (2008, p. 290), o governo classifica suas despesas segundo determinados 
critérios, os quais são definidos com o objetivo de atender às necessidades de informação 
demandadas pelos agentes públicos ou por qualquer cidadão que participe do processo 
orçamentário em qualquer de suas etapas, bem como pela sociedade organizada. A 
classificação da despesa no governo tem por finalidade permitir respostas a perguntas tais 
como: 
• Quanto o governo gasta com Benefícios Previdenciários? 
• Quanto custa anualmente programas governamentais como o Programa Bolsa Família 
e o Programa Saúde em Família? 
• Qual a despesa anual da Universidade Federal do Ceará? 
• Quanto das receitas do Orçamento Federal é transferido para Estados e Municípios, 
por determinação constitucional? 
• Quanto do total do Orçamento é gasto na Função Saúde? 
• Quanto o governo gasta, anualmente, com juros da dívida pública interna e externa? 
• Quanto o governo gasta, anualmente, com pessoal e encargos sociais? 
 
Resumidamente, com as classificações de despesa descritas a seguir, você entenderá 
e terá condições de fazer as seguintes associações (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, 
p. 290-291): 
• Classificação Institucional: responde à indagação “quem” é o responsável pela 
programação? 
• Estrutura Programática: responde às indagações “o que fazer” e “para que” os 
recursos são alocados? (Finalidade). A partir da descrição do Programa e de seus 
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elementos, temos ainda: “por que é feito?” (problema a resolver); “para quem é 
feito?” (público-alvo); “quais os resultados esperados?” (indicadores). A ação 
orçamentária e seus elementos vão indicar por sua vez: “como fazer?”; “o que é feito?” 
(descrição); “para que é feito?” (finalidade); “como é feito?” (forma de 
implementação); “quais as fases?” (etapas); “qual o resultado?” (produto); e “qual sua 
localização espacial ou abrangência geográfica?” (localizador de gastos). 
• Classificação por Natureza de Despesa: a despesa por natureza responde às seguintes 
indagações: “qual o efeito econômico da realização da despesa?” (categoria 
econômica); “em qual classe de gasto será realizada a despesa?” (grupo de natureza 
de despesa); “qual a estratégia para realização da despesa?” (modalidade de 
aplicação); “quais insumos se pretende utilizar ou adquirir?” (elemento de despesa); 
• Classificação Funcional: responde à indagação “em que área” de ação governamental 
a despesa será realizada? 
A figura a seguir mostra a inter-relação que existe entre essas diferentes classificações 
de despesa: 
 
Figura: Classificações de despesa no governo 
 
Fonte: Conteudista 
 
•"Em que" área 
a despesa será 
realizada?
•"Qual" o efeito 
econômico da 
realização da 
despesa?
•"Para que" os 
recursos são 
alocados?
•"Quem" é o 
responsável 
pela 
programação?
Institucional
Estrutura 
Programática
Funcional
Natureza de 
Despesa
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Classificação Institucional 
Segundo Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 291), a classificação institucional 
agrupa as despesas conforme as instituições autorizadas a realizá-las, relacionando os órgãos 
da administração pública direta ou indireta responsáveis pela dotação aprovada. 
Sua finalidade principal é evidenciar as unidades governamentais responsáveis pela 
execução da despesa, ou seja, os órgãos que gastam os recursos em conformidade com a 
programação orçamentária, a fim de fixar as responsabilidades e os consequentes controles e 
avaliações. 
Figura: Classificação institucional das despesas 
 
 
Esta classificação considera, inicialmente, a 
divisão dos Três Poderes da União. Cada um dos 
Poderes é dividido em três tipos de instituições: 
os órgãos, subdivididos em unidades 
orçamentárias, que, por sua vez, são 
subdivididas em unidades administrativas. 
Ressalta-se que as unidades administrativas não 
constam da codificação dessa classificação. 
 
 
Fonte: Conteudista 
 
 Assim, pode-se dizer que: 
• Órgão: é o nível institucional que, a título de subordinação ou supervisão, agrega 
determinadas unidades orçamentárias e unidades administrativas. Por exemplo: 
Presidência da República, Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério da 
Poderes da União 
(Executivo, Legislativo e 
Judiciário)
Órgãos
Unidades Orçamentárias
Unidades Administrativas
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Defesa Nacional, Ministério da Fazenda, ou Secretaria de Saúde (no caso de Estados 
ou de Municípios); 
• Unidade Orçamentária: agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou 
repartição a que são consignadas dotações próprias (art. 14 da Lei nº. 4.320/1964). Por 
exemplo: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação (FNDE); Hospital das Clínicas do Estado ou do 
Município; 
• Unidades Administrativas: é o nível institucional que, por não possuir autonomia 
orçamentária, necessita de uma unidade orçamentária para a obtenção de recursos. 
Por exemplo: setor de pediatria do hospital; coordenação de tecnologia e logística. 
Conforme definido em glossário no sítio eletrônico da Secretaria do Tesouro Nacional, 
trata-se de segmento da administração direta ao qual a lei orçamentária anual não 
consigna recursos e que depende de destaques ou provisões para executar seus 
programas de trabalho. 
A figura a seguir mostra um exemplo, bastante didático, dessa classificação 
institucional, tomando como referência o Ministério da Educação (MEC). 
 
Figura: Exemplo de classificação institucional no Poder Executivo 
 
Fonte: Conteudista 
Unidade 
Administrativa
Unidade 
Orçamentária
Órgão
Ministério da 
Educação 
(26000)
Fundação 
Universidade de 
Brasília (26271)
Hospital 
Universitário de 
Brasília (154106)
Editora da 
Universidade de 
Brasília (154078)
FNDE* (26298)
Colégio Militar 
do Rio de Janeiro 
(160292)
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 Segundo Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 292), as principais vantagens da 
classificação institucional são: 
• Permite comparaçãoentre os diversos órgãos, quanto ao volume de despesa 
autorizada/executada; 
• Permite identificar a unidade responsável pela execução das despesas de determinado 
programa; 
• É o ponto de partida para a contabilização de custos dos vários serviços; e, 
• Combinada com a classificação funcional e com a estrutura programática, focaliza em 
detalhes a responsabilidade pela execução de um Programa. 
Os mesmos autores afirmam que as principais desvantagens da classificação funcional 
são: 
• Se for usada predominantemente, impede uma visão global das finalidades dos gastos 
do governo em termos de funções a cumprir; 
• Tende a gerar rivalidades entre as diferentes instituições na obtenção de recursos, 
quando da preparação do Orçamento e da sua aprovação pelo Poder Legislativo; e, 
• Pouco ou nada contribui para a melhoria das decisões de alocação orçamentária 
(lembre-se da função alocativa do governo, estudada no módulo anterior), que não 
dependem de avaliação quanto ao valor que cada instituição está autorizada a gastar. 
No governo federal, o código de classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, 
sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão, e os demais à unidade 
orçamentária: 
Tabela: Codificação da classificação 
Código Descrição 
AB Indicam o órgão 
CDE Indicam a unidade orçamentária 
Nota: elaboração do(s) autor(es) 
 
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Unidade gestora é a unidade orçamentária ou administrativa 
investida do poder de gerir recursos orçamentários e financeiros, 
próprios ou sob descentralização. Ou seja, as unidades gestoras 
podem receber recursos diretamente da lei orçamentária, quando 
serão denominadas unidades orçamentárias, ou podem receber os 
recursos orçamentários de outras unidades orçamentárias, quando 
serão denominadas unidades administrativas. 
Conforme definido em glossário do sítio eletrônico da Secretaria do 
Tesouro Nacional, unidade gestora é a nomenclatura usada para 
definir as unidades cadastradas no SIAFI, investidas do poder de gerir 
recursos orçamentários e financeiros, próprios ou sob 
descentralização, e cujo titular, em consequência, está sujeito à 
tomada de contas anual em conformidade com o disposto nos artigos 
81 e 82 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. 
Não se deve confundir o conceito de unidade gestora com o conceito 
de órgão. Um órgão, como um ministério, pode possuir várias 
unidades gestoras, a depender de sua estrutura administrativa. Essas 
unidades gestoras, por sua vez, podem ser compostas de várias 
unidades orçamentárias ou administrativas. 
Como podemos fazer uma associação entre classificação institucional de despesa e o 
ciclo orçamentário? Na fase de elaboração do projeto de lei orçamentária, cada unidade 
gestora (que atua como unidade orçamentária) deve elaborar sua proposta orçamentária para 
o ano vindouro e encaminhá-la a sua setorial orçamentária. A setorial orçamentária é a 
unidade responsável por receber e consolidar as propostas parciais de todas as unidades 
gestoras que compõem o órgão. Cabe à setorial orçamentária consolidar as propostas parciais 
das unidades gestoras em uma única proposta do órgão. 
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Depois, cada setorial orçamentária de cada órgão, de cada 
um dos Poderes, encaminha as propostas setoriais para o órgão 
central do sistema de orçamento e gestão, para nova 
consolidação. No âmbito do governo federal, todas as propostas 
orçamentárias, antes de serem encaminhadas ao Congresso 
Nacional, serão consolidadas pela Secretaria de Orçamento 
Federal/Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão 
(SOF/MPOG), e o Poder Legislativo receberá uma Mensagem do Presidente da República com 
o Projeto de Lei do Orçamento Anual, que reúne a proposta de orçamento de todos os Poderes 
da União e do Ministério Público. 
A Secretaria de Orçamento Federal (SOF/MPOG) é o Órgão Central que: 
• Define as diretrizes gerais para o sistema orçamentário federal; 
• Coordena o processo de elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei 
Orçamentária Anual (LOA); 
• Fixa normas gerais de elaboração dos orçamentos federais; 
• Consolida e formaliza a proposta orçamentária da União, e coordena as atividades 
relacionadas ao SIOP (Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento). 
 
Os Órgãos Setoriais são responsáveis: 
 
• Pelo estabelecimento de diretrizes setoriais para a elaboração da proposta 
orçamentária; 
• Pela fixação de referências monetárias para apresentação das propostas 
orçamentárias das suas unidades orçamentárias; 
• Pela consolidação e formalização da proposta orçamentária do órgão. Por exemplo: 
Ministério da Fazenda. 
PARA SABER MAIS: 
Uma vez feita a consolidação, 
com os devidos ajustes e 
cortes orçamentários, surge o 
projeto de lei orçamentária. 
Esse projeto deverá ser 
submetido ao presidente da 
República, que fará o 
encaminhamento do projeto 
ao Congresso Nacional, por 
meio de mensagem. 
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Estrutura Programática (Programa de Trabalho) 
 Essa abordagem é bastante influenciada pelos conceitos inerentes ao “orçamento 
programa”. O programa de trabalho é classificado de acordo com a unidade orçamentária 
(secretaria, superintendência, fundo, empresa, fundação, administração regional, autarquia) 
responsável por sua implementação. Nas unidades, as despesas são classificadas de acordo 
com as atividades e projetos que vão ser desenvolvidos durante o ano. 
A estrutura programática busca o fornecimento de informações das realizações do 
governo. Nesse sentido, define-se conjunto de programas como sendo o instrumento de 
organização da ação governamental, visando à concretização dos objetivos pretendidos, 
sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual (PPA). 
• Programa: conjunto articulado de ações orçamentárias (projetos, atividades e operações 
especiais) e não orçamentárias, de estruturas e pessoas motivadas ao alcance de um 
objetivo comum. Esse objetivo é concretizado em um resultado (solução de um problema 
ou atendimento de demanda da sociedade), expresso pela evolução de indicadores no 
período de execução do programa, possibilitando-se, assim, a avaliação objetiva da 
atuação do governo (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 153). 
• Ações (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 299): 
o Projeto: instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, 
envolvendo um conjunto de operações que se realizam em um período limitado de 
tempo, das quais resultam um produto que concorre para a expansão ou o 
aperfeiçoamento da ação de governo; 
o Atividade: instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, 
envolvendo um conjunto de operações que se realiza de modo contínuo e 
permanente, das quais resultam um produto necessário à manutenção da ação de 
governo; 
o Operações especiais: são ações que não contribuem para a manutenção das ações 
de governo, das quais não resultam um produto e não geram contraprestação 
direta sob a forma de bens ou serviços. 
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A estrutura programática se relaciona com a classificação funcional. Por exemplo, as 
ações que compõem um programa são típicas de uma função, pois a classificação mantém o 
conceito de tipicidade que consiste na divisão lógica da função, em subfunções consideradas 
típicas daquela função.No entanto, essa correlação não é rígida, ou seja, os programas não 
são exclusivamente constituídos de ações vinculadas a uma mesma função. Ao contrário, 
sobretudo no caso dos programas multissetoriais (nos quais mais de um órgão administrativo 
é responsável pela execução de ações do programa), é comum encontrar ações classificadas 
em funções distintas. Nesses casos, considera-se a vinculação atípica de uma subfunção em 
relação à sua função agrupadora relacionada na tabela de funções e subfunções. Ou seja, a 
subfunção relaciona-se com a finalidade do gasto independente da natureza da instituição 
responsável pela ação classificada. A possibilidade da classificação atípica permite grande 
flexibilidade classificatória. Logo, não se deve confundir tipicidade com exclusividade 
(ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 293-294). 
Tabela: Codificação da estrutura programática 
Código Descrição 
KLMN Programa 
OPQR Ação (projeto, atividade ou operação especial) 
STUV Subtítulo ou localizador de gastos 
Fonte: Conteudista 
 
As ações previstas no orçamento público, por exemplo, gastos com 
pagamento de pessoal, obras, serviços e programas sociais (como Bolsa 
Família), devem ser programadas na forma de projetos e atividades para 
os diversos órgãos da Administração Municipal. Sob a perspectiva legal, 
projeto é um conjunto de operações relativas a obras, serviços públicos 
ou programas sociais. A realização dessas operações obedece a um limite 
de tempo e resulta em um produto final, como "Abertura e Pavimentação 
de Vias Públicas". Já atividade pode ser definida como um conjunto de 
operações que também se refere a obras e serviços públicos, mas com um 
caráter de continuidade. Essas operações específicas se realizam de modo 
contínuo e são necessárias à manutenção e operacionalização das ações 
governamentais. Tem-se como exemplo os "Serviços Administrativos e 
Financeiros" ou a "Manutenção de Prédios Públicos". 
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 Note que toda a ação corresponde a uma única subfunção, que poderá ser combinada 
com qualquer função em razão da competência do órgão responsável pela ação 
(ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 295). 
Como podemos fazer uma associação entre classificação de estrutura programática de 
despesa e o ciclo orçamentário? Ao estabelecer as prioridades e metas da Administração 
Pública federal, a LDO elege, entre centenas de programas (que são conjuntos articulados de 
ações) aprovados no PPA, aqueles que terão prioridade de execução sobre os demais, além 
de estabelecer a meta física para o exercício financeiro, conforme ilustrado na figura a seguir. 
Por exemplo, se o PPA estabelece a meta de construção de 100 mil unidades habitacionais 
(casas) em quatro anos, a LDO priorizará o projeto, estabelecendo, por exemplo, a meta de 
construção de 25 mil casas. 
Figura: Relação entre Estrutura Programática de Despesa, PPA e LDO 
 
Fonte: Conteudista 
 
O governo não pode gastar o valor arrecadado sem pensar no que precisa fazer no 
futuro e nos compromissos já assumidos, pois podem faltar recursos para programas e ações 
importantes. É por meio dos programas que o governo atua para alcançar seus objetivos. Por 
exemplo, tudo o que se faz em educação pode ser agrupado em um programa. Dentro do 
programa, o dinheiro é distribuído para ações, que, como o nome indica, significa o que será 
feito. Por exemplo, o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa governamental 
A LDO seleciona alguns
programas e ações que
terão prioridade na
execução orçamentária
do ano subsequente.
Programa 3 
(ações 1 a 
n)
Programa 2 
(ações 1 a 
n)
Programa 1 
(ações 1 a 
n)
LDO 
PPA (Plano de 
Governo de 4 
anos) 
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do Ministério da Educação destinado a financiar a graduação na educação superior de 
estudantes matriculados em cursos superiores não gratuitos na forma da Lei nº 10.260/2001, 
tendo duas principais ações orçamentárias: “concessão de financiamento estudantil” e 
“administração do financiamento estudantil”. Esse processo de distribuição também é 
chamado de alocação de recursos. 
 
Classificação Funcional 
 
A classificação funcional visa ao fornecimento de informações das realizações do 
governo, apresentando uma relação de funções que representam um maior nível de 
agregação das despesas das diversas áreas do governo. 
Por ser de aplicação comum e obrigatória no âmbito dos Municípios, dos Estados, do 
Distrito Federal e da União, a classificação funcional da despesa permite a consolidação 
nacional dos gastos do setor público. A metodologia agrega os gastos públicos por área de 
ação governamental, nas três esferas de governo, sendo composta por uma lista de funções e 
subfunções, estabelecidas na Portaria MOG nº 42/1999, que trata das classificações 
orçamentárias. 
 
A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº 42/1999, do então 
Ministério do Orçamento e Gestão, e é composta de um rol de funções e 
subfunções prefixadas, que servem como agregador dos gastos públicos por 
área de ação governamental nas três esferas de governo. Trata-se de 
classificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite a consolidação 
nacional dos gastos do setor público (BRASIL, 2013, p. 48). 
 
 
 
Caso você queira ter acesso à integra do texto da Portaria MOG nº 42/1999, acesse: 
<http://www3.tesouro.gov.br/legislacao/download/contabilidade/portaria42.pdf>. 
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A função representa o maior nível de agregação das despesas das diversas áreas do 
setor público. Por exemplo: Agricultura, Educação, Saúde, Segurança Pública, etc. A 
subfunção, por sua vez, representa uma partição da função, agregando determinado 
subconjunto de despesas do setor público. A subfunção identifica a natureza básica das ações 
que se aglutinam em torno das funções, e pode ser combinada com funções diferentes 
daquelas a que está relacionada. Por exemplo, Defesa Sanitária Vegetal, Colonização, Ensino 
Fundamental, Assistência Hospitalar e Ambulatorial. 
 A classificação funcional é composta por 5 dígitos, divididos em dois campos: 
Tabela: Codificação da classificação funcional 
Código Descrição 
FG Função 
HIJ Subfunção 
Fonte: Conteudista 
 
No Órgão: 22 (Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento) 
Ação: 4641 (Publicidade de utilidade pública) 
Subfunção: 131 (Comunicação Social) 
Função: 20 (Agricultura) 
 
 
Não se deve confundir os gastos realizados por uma instituição 
com os gastos realizados em uma função. Por exemplo, os gastos 
realizados pelo Ministério da Educação não são os mesmos gastos 
da função Educação, pois o Ministério da Educação possui gastos 
classificados em outras funções, que não apenas na função 
“Educação”, como “Previdência Social”, “Encargos Especiais”, 
“Administração”, etc. 
Outro engano comum é imaginar que, pelo total de uma função, 
pode-se identificar quanto um governo gasta naquela área de 
atuação. O cálculo mais adequado para observar quanto um 
governo aplica em prol de determinada função é tomado a partir 
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do somatório dos totais das subfunções típicas daquela função. 
Como existe a possibilidade da classificação atípica, agindo assim, 
estaremos agregando todas as despesas cuja finalidade é atenderaos objetivos daquelas subfunções típicas (ALBUQUERQUE, 
MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 2 
O total das despesas classificadas em uma função é igual ao total das despesas sob 
responsabilidade do(s) órgão(s) cuja competência é típica daquela função. Por exemplo, total 
da despesa do Ministério da Educação na função Educação. 
Já o total das despesas em prol de uma função é igual ao total das despesas, sob 
responsabilidade de qualquer órgão da administração, classificadas em uma das subfunções 
típicas daquela função. Por exemplo: total das despesas classificadas nas seguintes 
subfunções: 361 – Ensino Fundamental; 362 – Ensino Médio; 363 – Ensino Profissional; 364 – 
Ensino Superior; 365 – Educação Infantil; 366 – Educação de Jovens e Adultos; 367 – Educação 
Especial. 
Em particular, a função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais 
não se pode associar um bem ou um serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais 
como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras despesas afins, representando, 
portanto, uma agregação neutra (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 294). 
Classificação por Natureza de Despesa 
 Adotada nos orçamentos da União, a partir do exercício de 1990, por determinação 
das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e estendida aos demais entes governamentais pela 
Portaria Interministerial nº 163/2001, essa classificação não chega a constituir-se em novo 
critério classificatório, mas uma adaptação das categorias e contas das classificações 
econômica e por elementos. 
 
 
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Tabela: Codificação da classificação por natureza de despesa (A.B.CD.EF.GH) 
Código Descrição 
A = Categoria Econômica 3 – Despesas Correntes 
4 – Despesas de Capital 
B = Grupo de Despesa 1 – Pessoal e Encargos Sociais 
2 – Juros e Encargos da Dívida 
3 – Outras Despesas Correntes 
4 – Investimentos 
5 – Inversões Financeiras 
6 – Amortizações da Dívida 
9 – Reserva de Contingência 
CD = Modalidade de Aplicação Exemplos: 
30 – Transferências aos Estados e ao DF 
40 – Transferências aos Municípios 
90 – Aplicações Diretas 
91 – Aplicação direta decorrente de operação entre 
órgãos, fundos e entidades integrantes dos 
orçamentos fiscal e da seguridade social 
EF = Elementos de Despesa Exemplos: 
01 – Aposentadorias e Reformas 
02 – Pensões 
47 – Obrigações tributárias e contributivas 
23 – Juros, deságios e descontos da dívida mobiliária 
30 – Material de consumo 
GH = Desdobramento, facultativo, 
do elemento de despesa 
 
Fonte: Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008, p. 299-300) 
 De acordo com a Lei nº 4.320/1964 (Lei de finanças públicas), em seu artigo 12, a 
despesa será classificada nas seguintes duas categorias econômicas: 
• Despesas Correntes: as despesas correntes são destinadas à manutenção e 
funcionamento dos serviços públicos gerais anteriormente criados na administração 
pública direta ou indireta. Classificam-se nesta categoria todas as despesas que não 
contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital 
(ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 301); 
• Despesas de Capital: as despesas de capital são efetuadas pela Administração Pública 
com a intenção de adquirir ou constituir bens de capital (máquinas, veículos, 
equipamentos, imóveis, entre outros) que enriquecerão o patrimônio público ou serão 
capazes de gerar novos bens e serviços. Também são despesas de capital aquelas 
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referentes a amortizações de dívidas, salientando que pagamento dos juros da dívida 
é despesa corrente (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, p. 301). 
 
O critério por categoria econômica tem o objetivo de oferecer 
informações sobre os efeitos que o gasto público tem na 
atividade econômica de um país. Pode indicar qual a 
contribuição do governo para a renda nacional e se essa 
contribuição está aumentando ou diminuindo. Pode indicar 
ainda a parcela propiciada pelo setor governamental para a 
formação de capital de um país. 
O Grupo de Natureza de Despesa é um agregador de elementos de despesas com as 
mesmas características quanto ao objeto de gasto (ALBUQUERQUE, MEDEIROS e FEIJÓ, 2008, 
p. 301-302): 
• Despesas Correntes: 
o Pessoal e Encargos Sociais: despesas de natureza salarial decorrentes do efetivo 
exercício de cargo, emprego ou função de confiança no setor público, do pagamento 
dos proventos de aposentadorias, reformas e pensões, das obrigações trabalhistas de 
responsabilidade do empregador, incidentes sobre a folha de salários, bem como 
soldo, gratificações, indenizações regulares e eventuais, exceto diárias, e adicionais, 
previstos na estrutura remuneratória dos militares das Forças Armadas; 
o Juros e Encargos da Dívida: despesas com o pagamento de juros, comissões e outros 
encargos de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida 
pública mobiliária federal; 
o Outras Despesas Correntes: despesas com aquisição de material de consumo, 
pagamento de serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício ou pessoa 
jurídica, independentemente da forma contratual, e outras da categoria econômica 
“despesas correntes” não classificáveis nos grupos anteriores. 
 
• Despesas de Capital: 
o Investimentos: são despesas relativas ao planejamento e à execução de obras 
públicas, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis necessários à realização destas 
últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, 
equipamentos e material permanente, e a constituição ou aumento de capital social 
de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Vale salientar que o 
pagamento de pessoal contratado para a execução de obras, desde que não faça parte 
do quadro de funcionários do governo, também é classificado como investimentos; 
o Inversões Financeiras: são dotações destinadas a aquisições de imóveis ou de bens de 
capital já em utilização na economia; aquisição de títulos representativos do capital de 
Leitura Complementar 2 – Módulo 2 
Curso 
 
 
 
 
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Secretaria do Tesouro Nacional 
empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não 
importe aumento do capital social; e constituição ou aumento do capital de empresas 
ou entidades que buscam objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações 
bancárias ou de seguros; 
o Amortização da Dívida: despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal 
e da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual 
ou mobiliária. 
 
Ao realizar um investimento, por exemplo, a construção 
de uma estrada, o governo realiza despesas de capital. 
Posteriormente, para realizar a manutenção dessa 
estrada, realiza despesas correntes. 
 
 Vamos pensar em outro exemplo! O governo planeja e insere no PPA a duplicação de 
determinado trecho de uma rodovia federal, por exemplo, a rodovia Belém-Brasília, com 
prazo para conclusão de 5 anos e valor de R$ 10 bilhões. Esse gasto é um investimento 
(despesa de capital). Para a manutenção da rodovia duplicada, o governo estima gastar mais 
R$ 50 mil por ano na sua manutenção, sendo que se trata de uma despesa corrente. 
 
Referências 
ALBUQUERQUE, C.; MEDEIROS, M.; FEIJÓ, P. H. Gestão das finanças públicas – fundamentos e 
práticas de planejamento, orçamento e administração financeira com responsabilidade fiscal. 2ª 
edição. Brasília: 2008. 
BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público: 
aplicado à União e aos Estados, Distrito Federal e Municípios – 5ª edição. Brasília: Secretariado 
Tesouro Nacional, Subsecretaria de Contabilidade Pública, Coordenação-Geral de Normas de 
Contabilidade Aplicadas à Federação, 2013.

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