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DIREITO PROCESSUAL PENAL I - CASO CONCRETO 6

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I - CASO CONCRETO 6 
 
1- ​João, diretor de uma empresa de marketing, agride sua mulher, Maria, modelo fotográfica, 
causando-lhe lesão de natureza leve. Instaurado inquérito policial, este é concluído após 30 dias, 
contendo a prova da materialidade e da autoria, e remetido ao Ministério Público. Maria, então, procura 
o Promotor de Justiça e pede a este que não denuncie João, pois o casal já se reconciliou, a lesão já 
desapareceu e, principalmente, a condenação de João (que é reincidente) faria com que este perdesse 
o emprego, o que deixaria a própria vítima e seus três filhos menores em situação dificílima. Diante de 
tais razões, pode o MP deixar de oferecer denúncia? ​R.: No caso em questão, é vedado ao Ministério 
Público, com vistas ao Princípio da Obrigatoriedade, o não oferecimento da denúncia, pois 
trata-se de ação penal pública incondicionada, e há indícios de autoria e materialidade do delito. 
Com o advento da Lei nº 9099/95 - a Lei dos Juizados -, em observância ao disposto no art. 88 do 
referido diploma legal, as lesões corporais leves e as lesões corporais culposas passaram a ser 
ações penais públicas condicionadas à representação. 
No entanto, Maria foi vítima de violência doméstica. Sendo assim, com a entrada em vigor da Lei 
nº 11.340/06, a Lei Maria da Penha, conforme disposto no art. 41 desta, não se aplica a Lei 
9099/95 aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista. 
Portanto, o Parquet deve oferecer a devida denúncia, atento a regra prevista no art. 100 do 
Código Penal, uma vez que, excetuando-se a previsão contida no art. 88 da Lei 9099/95, não há 
condicionamento à representação do ofendido para o tipo previsto no art. 129, §9º, também do 
Código Penal. 
 
2- ​Paulo Ricardo, funcionário público federal, foi ofendido, em razão do exercício de suas funções, por 
Ana Maria. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta no que concerne à legitimidade 
para a propositura da respectiva ação penal. 
a) Será concorrente a legitimidade de Paulo Ricardo, mediante queixa, e do MP, condicionada à 
representação do ofendido. ​Súmula 714 do STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante 
queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime 
contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 
b) ​Somente o MP terá legitimidade para a propositura da ação penal, mas, para tanto, será necessária a 
representação do ofendido ou a requisição do chefe imediato de Paulo Ricardo. 
c) ​A ação penal será pública incondicionada, considerando-se que a ofensa foi praticada propter 
officium e que há manifesto interesse público na persecução criminal. 
d) ​A ação penal será privada, do tipo personalíssima. 
 
3- ​Maria, que tem 18 anos de idade, é universitária e reside com os pais, que a sustentam 
financeiramente, foi vítima de crime que é processado mediante ação penal pública condicionada à 
representação. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta. 
A- ​Caso Maria venha a falecer, prescreverá o direito de representação se seus pais não requererem a 
nomeação de curador especial pelo juiz, no prazo legal. 
B- ​O representante legal de Maria também poderá mover a ação penal, visto que o direito de ação é 
concorrente em face da dependência financeira e inicia-se a partir da data em que o crime tenha sido 
consumado. 
C- Caso Maria deixe de exercer o direito de representação, a condição de procedibilidade da ação penal 
poderá ser satisfeita por meio de requisição do ministro da justiça. 
D- Caso Maria exerça seu direito à representação e o membro do MP não promova a ação penal 
no prazo legal, Maria poderá mover ação penal privada subsidiária da pública. ​CPP, Art. 29. Será 
admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao 
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os 
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de 
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.

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