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0 1 SUMÁRIO Unidade I............................................................................................... 3 1. Unidades de medidas............................................................................... 3 1.1 Unidades do SI e unidades derivadas.......................................................... 4 1.2 Conversões de unidades.......................................................................... 13 1.3 Referências Bibliográficas........................................................................ 16 Unidade II.............................................................................................. 18 2. Átomos, moléculas e íons......................................................................... 18 2.1 Tabela Periódica.................................................................................... 39 2.2 Isótopos e radioatividade........................................................................ 50 (i) Radiação α..................................................................................... 50 (ii) Radiação β..................................................................................... 51 (i) Radiação γ...................................................................................... 51 2.3 Moléculas e compostos moleculares.......................................................... 52 2.4 Conceito de Mol e Massa molar................................................................ 54 2.5 Referências Bibliográficas........................................................................ 58 Unidade III............................................................................................. 60 3. Soluções................................................................................................ 60 (i) Estado Físico................................................................................... 61 (ii) Proporção soluto/solvente................................................................. 61 (iii) Natureza do soluto........................................................................... 63 3.1 Preparo de soluções: unidades de concentração........................................... 64 (i) Concentração (C), g/L........................................................................ 64 (ii) Título ou porcentagem em massa ().................................................... 66 (iii) Concentração em mol por litro ou molaridade (M).................................. 70 (iv) Fração em mols ou fração molar (X)..................................................... 72 (v) Relações entre C, , d e M.................................................................. 74 3.2 Diluição............................................................................................... 75 3.3 Referências Bibliográficas........................................................................ 77 Unidade IV............................................................................................. 78 4. Estequiometria....................................................................................... 78 (i) Tipos de fórmulas............................................................................. 78 4.1 Cálculos estequiométricos....................................................................... 86 (i) Cálculos envolvendo massa................................................................ 88 (ii) Cálculos envolvendo massa e volume.................................................... 89 (iii) Cálculos envolvendo somente volume................................................... 90 (iv) Cálculos envolvendo massa e número de mols........................................ 90 (v) Cálculos envolvendo massa e número de partículas................................. 91 4.2 Íons e compostos iônicos........................................................................ 94 (i) Ácidos e Bases................................................................................. 105 2 4.3 Nomenclatura de compostos inorgânicos.................................................... 109 (i) Cátions (íons positivos)...................................................................... 109 (ii) Ânions (íons negativos)..................................................................... 111 (iii) Compostos iônicos............................................................................ 112 (iv) Nomes de ácidos.............................................................................. 112 (v) Nomes de bases............................................................................... 113 4.4 Referências Bibliográficas........................................................................ 116 Unidade V.............................................................................................. 116 5. Equações químicas.................................................................................. 116 5.1 Tipos de reações.................................................................................... 121 (i) Reações de síntese ou de adição................................................ 121 (ii) Reações de análise ou de decomposição...................................... 122 (iii) Reações de deslocamento ou de substituição ou de simples troca..... 122 (iv) Reações de dupla-troca ou de dupla substituição.......................... 123 5.1.1. Combustão ao ar..................................................................... 124 5.2 Equilíbrio Químico................................................................................. 126 5.3 Constante de equilíbrio: A Lei da ação da massa........................................... 132 5.4 Princípio de Le Chatelier. ........................................................................ 139 (i) Concentração........................................................................ 139 (ii) Pressão................................................................................ 140 (iii) Temperatura......................................................................... 140 (iv) Efeito dos catalisadores sobre o equilíbrio químico........................ 141 5.5 Referências Bibliográficas........................................................................ 143 Unidade VI............................................................................................. 145 6. Ligações Químicas................................................................................... 145 (i) Ligação iônica....................................................................... 148 (ii) Ligação covalente.................................................................. 153 (iii) Ligação metálica.................................................................... 161 6.1 Polaridade........................................................................................... 163 6.2 Forças Intermoleculares.......................................................................... 169 (i) Forças íon-dipolo................................................................... 169 (ii) Forças dipolo-dipolo............................................................... 170 (iii) Forças de van der Waals (ou de London)..................................... 171 (iv) Ligações de Hidrogênio........................................................... 171 (v) Comparando as forças intermoleculares...................................... 173 6.3 Referências Bibliográficas........................................................................ 177 7. Anexo 1: Análises Laboratoriais................................................................................. 178 8. Anexo 2: Gabarito Questões.....................................................................................285 3 Unidade I 1. Unidades de medidas. O objetivo principal das unidades de medida é padronizar uma medida de grandeza. Para que isso possa ser feito, é necessário utilizar objetos específicos, conhecidos como padrões de medir, que informam a unidade de medida dessa grandeza. Nos tempos antigos, partes do corpo humano foram provavelmente, e convenientemente, os primeiros padrões utilizados para obtenção de unidades de medidas para comprimento ou distância. O sistema anglo-saxão (inglês) é um exemplo de medidas de comprimento padrão usado nessa época: 1 pé seria equivalente a 12 polegadas (0,305 m); 1 jarda (0,914 m) representaria a distância entre a ponta do nariz e o polegar do braço estendido do rei Henrique I (século XII). Já as primeiras unidades de massa e volume provavelmente surgiram do uso casual de certos recipientes ou de estimativas da quantidade de massa ou volume que um homem, ou animal, poderia levantar ou carregar. Um exemplo de medida de volume é a decisão do rei George III, Inglaterra: o volume de um galão seria igual ao volume do seu urinol, originando o “galão imperial”. Além dessa decisão, o rei George III enviou o urinol da rainha, sua esposa, para as colônias da Inglaterra para ser utilizada como padrão, conhecido como “galão americano”. Até meados do século XVIII, existiam vários sistemas de unidades de medidas em todo mundo. Consequentemente, havia inúmeras e diferentes unidades fundamentais em cada região ou país, dificultando assim a comparação entre as grandezas de medida. Assim, no final do século XVIII, para unificar as unidades de medida, um sistema de medidas científicas foi desenvolvido inicialmente na Academia de Ciências de Paris, França, e foi chamado de sistema métrico. Dessa forma, a unidade de medida de comprimento não precisaria ser obtida a partir de medidas humanas. Ao contrário, deveria ser obtida a partir de algum comprimento fixo e invariável da natureza. Segundo recomendações da Academia Francesa de Ciências, a unidade de comprimento seria o metro. Essa unidade foi definida como a décima milionésima parte da distância do Polo Norte ao Equador pelo meridiano que passa por Paris, França. Já a unidade básica de massa, o grama, foi definida como a massa de um centímetro cúbico de água aos 4oC (temperatura em que a densidade da água é máxima). Um cilindro de platina, chamado de Quilograma dos Arquivos, foi então fabricado e considerado como padrão para 1000 gramas. 4 Além disso, o sistema métrico permitiu a adoção de um sistema decimal de grandezas, com uma série de prefixos para os múltiplos e submúltiplos das unidades criadas. Alguns exemplos de prefixos usados do sistema métrico, para a unidade de comprimento m, podem ser observados na tabela 1. Tabela 1: Exemplos de alguns prefixos usados do sistema métrico na unidade de comprimento. Múltiplo Prefixo Símbolo Exemplo 10-3 mili M 1 milímetro (mm) = 0,001 m 10-2 centi C 1 centímetro (cm) = 0,01 m 10-1 deci D 1 decímetro (dm) = 0,1 m 100 metro M 1 metro (m) = 1 m 101 deca Da 1 decâmetro (dam) = 10 m 102 hecto H 1 hectômetro (hm) = 100 m 103 quilo K 1 quilômetro (dm) = 1000 m Em 1960, um acordo internacional especificando uma escolha particular de unidades métricas, para uso em medidas científicas, foi estabelecido na 11º Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM). Essas unidades preferenciais são chamadas de unidades do Sistema Internacional (SI), abreviatura de Système International d´Unitès. O objetivo desse acordo foi criar um sistema de unidades que pudesse ser adotado por todos os países. 1.1 Unidades do SI e unidades derivadas. O Sistema Internacional (SI) de Unidades pode ser classificado como unidades SI de base e unidades SI derivadas. Essas duas classes são um sistema de unidades que estão relacionadas por regras de multiplicação e divisão, sem o envolvimento de quaisquer constantes de proporcionalidade. Além disso, o SI também compreende uma série de prefixos que permitem a formação de múltiplos e submúltiplos de todas as unidades. UNIDADES SI DE BASE O sistema SI foi construído a partir de 7 unidades de base consideradas independentes, do ponto de vista dimensional, sendo elas: massa, comprimento, tempo, temperatura, quantidade de matéria, corrente elétrica e intensidade luminosa. Massa é a medida da quantidade de material que um objeto tem. Destaca-se que massa e peso não são tem a mesma definição. O peso de um objeto é a força que a massa exerce devido à gravidade. Por exemplo, no espaço, onde as forças gravitacionais são muito 5 fracas, um astronauta pode não ter peso, mas ele terá massa. A unidade SI de base da massa é o quilograma (kg). Já a unidade SI de base para o comprimento é o metro (m). A temperatura, por sua vez, é a medida de calor de um objeto, determinando assim a direção do fluxo de calor. A unidade Celsius (oC) é muito empregada no cotidiano, sendo que sua escala foi baseada na atribuição de 0 oC ao ponto de congelamento da água e de 100 oC ao ponto de ebulição da água. Outra unidade bastante utilizada nos Estados Unidos é a escala Fahrenheit (oF). Nessa unidade, o ponto de congelamento da água é 32 oF e o ponto de ebulição da água é 212 oF. No entanto, a unidade SI de base da temperatura é o Kelvin (K). Historicamente, a escala Kelvin foi baseada nas propriedades dos gases: a menor temperatura que se pode atingir (-273,15K) é conhecida como zero absoluto. Destaca-se que as escalas Celsius e Kelvin têm unidades do mesmo tamanho, ou seja, 1 K é do mesmo tamanho que 1 oC. Assim, é possível correlacionar essas duas unidades da seguinte forma: 15,273 CK o Já as escalas Celsius e Fahrenheit não têm unidades do mesmo tamanho, mas se correlacionam da seguinte maneira: 32 9 5 FC oo e 32 5 9 CF oo A figura 1 apresenta um esquema comparando as escalas de temperatura Kelvin, Celsius e Fahrenheit. 6 Figura 1: Comparação entre as escalas de temperatura Celsius, Kelvin e Fahrenheit. COMO FAZER: A temperatura em um dia de verão é 87oF. Qual a temperatura (a) em OC e (b) em K? RESPOSTA: (a) Usando a equação 32 9 5 FC oo , tem-se: CC ooo 6,303287 9 5 . (b) Usando a equação 15,273 CK o , tem-se: KK 75,30315,2736,30 . PRATIQUE: 1. Faça as seguintes conversões: (a) 72 oF para oC; (b) 316,7 oC para oF; (c) 248 oC para K; (d) 329 K para oF; (e) 3514 oF para K. 2. O ponto de fusão do brometo de sódio é 755oC. Qual a temperatura em oF e em K? 3. Muitos dados científicos são relatados à 25 oC. Qual é essa temperatura em oF e K? A tabela 2 relaciona as demais grandezas de base aos nomes, símbolos e definições (aprovadas e extraídas dos Compte-Rendus da CGPM) das unidades SI de base. A primeira 7 definição oficial de todas as unidades SI de base foi aprovada em 1889 pela Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM). Para acompanhar a evolução das técnicas de medição, assim como permitir uma realização mais exata das unidades de base, essas definições são modificadas periodicamente. 8 Tabela 2: Relação das grandezas de base aos nomes, símbolos e definições das sete unidades SI de base. Grandeza de base Nome da unidade Símbolo Definição Massa Quilograma kg “O quilograma é a unidade de massa; ele é igual à massa do protótipo internacional do quilograma”* Comprimento Metro m “O metro é o comprimento do trajeto percorridopela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de segundo” Tempo Segundo s “O segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133.” Temperatura Kelvin K “O kelvin, unidade de temperatura termodinâmica, é a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmica no ponto tríplice da água.” Quantidade de matéria Mol mol “1. O mol é a quantidade de substância de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos átomos existem em 0,012 kilograma de carbono 12; seu símbolo é “mol”.” “2. Quando se utiliza o mol, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos, moléculas, íons, elétrons, assim como outras partículas ou agrupamentos especificados de tais partículas.” Corrente elétrica Ampère A “O ampère é a intensidade de uma corrente elétrica constante que, mantida em dois condutores paralelos, retilíneos, de comprimento infinito, de seção circular desprezível, e situados à distância de 1 metro entre si, no vácuo, produz entre estes condutores uma força igual a 2 x 10-7 newton por metro de comprimento.” Intensidade luminosa Candela cd “A candela é a intensidade luminosa, numa dada direção, de uma fonte que emite uma radiação monocromática de frequência 540 x 1012 hertz e que tem uma intensidade radiante nessa direção de 1/683 watt por esferorradiano.” * Destaca-se que este protótipo internacional em platina iridiada é conservado no Bureau Internacional, nas condições fixadas pela 1ª CGPM em 1889. 9 UNIDADES SI DERIVADAS As unidades SI derivadas são definidas por expressões algébricas simples em que as unidades SI de base são utilizadas. Em outras palavras, pode-se obter uma série de unidades SI derivadas quando se multiplica uma unidade de base por si mesma, ou quando duas ou mais unidades de bases são associadas a partir de simples multiplicação, divisão, potenciação, entre outros. Por exemplo, a grandeza densidade é muito utilizada para caracterizar substâncias e pode ser definida como a quantidade de massa em uma unidade de volume, de acordo com a equação abaixo: volume massa densidade Substituindo as unidades SI de base nas grandezas usadas acima, obtém-se a unidade da densidade kg/m3, uma unidade SI derivada: 3m kg volume massa densidade A combinação de grandezas físicas na ciência é imensa, impossibilitando listar todas as grandezas derivadas e, principalmente, das suas unidades SI derivadas. Assim, a tabela 3 apresenta alguns exemplos de grandezas derivadas expressas diretamente a partir das unidades SI de base, assim como suas respectivas unidades SI derivadas. Tabela 3: Exemplos de unidade SI derivadas expressas a partir das unidades SI de base. Grandeza derivada Unidade SI derivada Nome Símbolo Nome Símbolo Área A Metro quadrado m2 Volume V Metro cúbico m3 Velocidade v Metro por segundo m/s Aceleração a Metro por segundo ao quadrado m/s2 Densidade, massa específica Quilograma por metro cúbico kg/m 3 Volume específico Metro cúbico por quilograma m 3/kg Concentração de quantidade de substância c Mol por metro cúbico mol/m3 Concentração mássica , Quilograma por metro cúbico kg/m3 Algumas outras unidades SI derivadas recebem nome especial. Isso ocorre, normalmente, para homenagear cientistas que desenvolveram pesquisas de grande importância e que estão relacionadas à aplicação de unidades. 10 Por exemplo, se as unidades de base de comprimento (m), massa (kg) e tempo (s) forem combinadas, pode-se produzir a expressão da força (kg.m/s2), recebendo o nome de Newton (N), como observado abaixo: N s kgm tempo massaocompriment força 22 . Se a unidade de força (N) for combinada novamente com a unidade de base de comprimento (m), pode-se obter a expressão N.m. Essa expressão, segundo o SI, é a unidade de energia e recebe o nome de Joule (J). JmNocomprimentforçaenergia . A tabela 4 apresenta alguns exemplos de unidades SI derivadas de nomes especiais mais comumente utilizadas. Tabela 4: Exemplos de unidade SI derivadas expressas a partir das unidades SI de base e seus respectivos nomes especiais. Grandeza Nome Símbolo Unidades SI derivadas Unidades SI derivadas de nomes especiais Força Newton N m kg s-2 Frequência Hertz Hz s-1 Pressão Pascal Pa m-1 kg s-2 N m-2 Energia Joule J m2 kg s-2 N m Potência Watt W m2 kg s-3 J/s Carga elétrica Coulomb C s A Diferença de potencial Volt V m2 kg s-3 A-1 W/A Resistência elétrica Ohm o m2 kg s-3 A-2 V/A Condutância elétrica Siemes S m-2 kg-1 s3 A2 A/V Capacidade elétrica Farad F m-2 kg-1 s4 A2 C/V COMO FAZER: Sabendo- que a equação dimensional da constante dos gases ideais, R, é: nT PV R , onde P é pressão, V é volume, né número de mols e T é temperatura. Encontre sua unidade SI derivada usando as unidades SI encontradas nas tabelas 2, 3 e 4. RESPOSTA: 11 Usando a equação nT PV R , tem-se: Kmol mPa R 3 . PRATIQUE: 4. Encontra as unidades SI derivadas (usando as unidades SI encontradas nas tabelas 2, 3 e 4) das seguintes grandezas físicas: (a) hgmEnergiapotencial ; onde: m = massa; g = gravidade; h = altura. (b) 2 2Vm Energiacinétical ; onde: m = massa; V = velocidade. (c) VFPotência tâneains tan ; onde: F =força; V = velocidade. (d) T q SEntropia ; onde: q = calor (energia); T = temperatura. PREFIXOS DO SI O SI foi criado de tal modo que as magnitudes de quaisquer grandezas físicas possam ser expressas em termos de suas unidades. Consequentemente, para evitar expressar números muito longos, o SI definiu prefixos que permitem a formação de múltiplos e submúltiplos decimais de suas unidades. Assim, os múltiplos e submúltiplos são indicados pela justaposição do respectivo prefixo à unidade SI de base ou derivada, exceto a unidade de massa que é a junção dos prefixos ao termo grama (kg, mg, g, ng entre outros). A tabela 5 mostra os prefixos e símbolos dos múltiplos e submúltiplos das unidades decimais do SI. Tabela 5: Prefixos e símbolos dos múltiplos e submúltiplos das unidades decimais do sistema internacional. Múltiplos Submúltiplos Fator Prefixo Símbolo Fator Prefixo Símbolo 1024 yotta Y 10-24 yocto y 1021 zetta Z 10-21 zepto z 1018 Exa E 10-18 atto a 1015 peta P 10-15 femto f 1012 tera T 10-12 pico p 109 giga G 10-9 nano n 106 mega M 10-6 micro 103 quilo k 10-3 mili m 12 102 hecto h 10-2 centi c 101 deca da 10-1 deci d COMO FAZER: Qual é o nome dado para a unidade que é igual a (a) 109 grama; (b) 10-6 segundo; (c) 10-3 metro. RESPOSTA: Em todos os itens será usada a tabela 5 para encontrar o prefixo relacionado a cada fração decimal. Assim: (a) nanograma: ng (b) microssegundo, s (c) milímetro, mm. PRATIQUE: 5. Qual potência decimal os seguintes símbolos representam: (a) d; (b) f; (c) M; (d) m; (e) p 6. Use os prefixos apropriados do SI para descrever as seguintes grandezas físicas sem o uso de expoentes: (a) 6,5x10-6 m; (b) 6,35x10-4 L; (c) 12,5x10-8 kg; (d) 6,54x109 fs; (e) 4,23x10-9 m3. 13 1.2 Conversões de unidades Define-se fator de conversão como uma fração cujos numerador e denominador possuem as mesmas grandezas físicas expressas em diferentes unidades. Por exemplo, sabendo-se que 1 L e 1000mL significam o mesmo volume, então 1 L = 1000 mL. A partir dessa relação é possível escrever dois fatores de conversão: RDENOMINADO NUMERADOR : L mL 1 1000 e mL L 1000 1 A partir desses fatores de conversão é possível converter mililitros (mL) em litros (L). Assim, a conversão do volume de 35 mL em litros é dada por: Número de Litros L mL L mL 035,0 1000 1 35 A unidade mililitros no denominador do fator de conversão cancela a unidade mililitros do valor fornecido (35 mL). A unidade L no numerador do fator de conversão torna-se a unidade da resposta final. Dessa forma, quando se multiplica uma grandeza física pelo fator de conversão é possível obter a unidade desejada. Assim: desejadaunidade dadaunidade desejadaunidade dadaunidade COMO FAZER: Sabendo-se que 1 milha (mi) é igual a 1,60934 quilômetros (km), determine o comprimento em quilômetros de uma corrida automobilística de 500,0 mi. RESPOSTA: Uma vez que o objetivo é converter milha em quilômetros, procura-se uma relação entre essas duas unidades para se obter a unidade desejada. Assim: desejadaunidade dadaunidade desejadaunidade dadaunidade 14 km mi km mi 7,804 1 60934,1 0,500 PRATIQUE: 7. Faça as seguintes conversões (a) 25,5 mg para g; (b) 4x10-10 m para nm; (c) 0,575 m para m; (d) 0,0023 m para m; (e) 7,25x10-4 s para ms Quando não há uma relação direta entre duas unidades, é necessário usar mais de um fator de conversão para a obtenção da unidade desejada. Por exemplo, para converter 10 nm para m, utiliza-se os prefixos das unidades decimais do SI (tabela 5) para encontrar os dois fatores de conversão necessários. Assim: m mx m nm mx nmsmicrometrodeNúmero 01,0 101 1 1 101 )10( 6 9 O primeiro fator de conversão utilizado acima é utilizado para cancelar a unidade nm e converter o comprimento para metros. Para isso, a unidade metro (unidade desejada) se encontra no numerador e a unidade nanometro se encontra no denominador. Em seguida, para converter a unidade metro em micrometro, utiliza-se um segundo fator de conversão para cancelar a unidade metro. Assim, tem-se a unidade metros o denominador e a unidade micrometro (unidade desejada) no numerador. COMO FAZER: A velocidade média de uma molécula de oxigênio no ar a 25 oC é de 630 m/s. Converta essa velocidade para milhas por hora. RESPOSTA: 15 Uma vez que o objetivo é converter m/s em mi/h, é necessário converter metros para milhas e segundos para horas. Sabe-se que 1 mi = 1,6093 km e 1 km = 103 m (tabela 5). Assim, é possível converter m para km e em seguida converter km para mi. Sabe- se também que 60 s = 1 min e que 60 min = 1 h. Logo, é necessário converter s em min e min em h. Assim: hmixhmihmiemVelocidade h s km mi m km s m hmiemVelocidade /104,1/1409/ 1 min60 min1 60 6093,1 1 10 1 630/ 3 3 PRATIQUE: 8. Faça as seguintes conversões (a) 0,575 nm para m; (b) 0,0023 m para nm; (c) 50 m para mm; (d) 1,15x103 mi/h para m/s; (e) 2,998x108 m/s para km/k. O fator de conversão também pode ser usado para converter uma unidade de uma grandeza para outra diferente, ou seja, é possível utilizar o fator de conversão para converter massa em volume. Nesse sentido, a densidade de uma substância pode ser considerada um fator de conversão entre massa e volume. Por exemplo, para saber a massa em gramas de 2 dm3 de água, é necessário conhecer, inicialmente, o valor de densidade da água (1,00 g/cm3). A partir da densidade, é possível escrever dois fatores de conversão: 31 00,1 cm g e g cm 1 1 3 Como a proposta do exercício é obter a massa em gramas, o primeiro fator de conversão é o mais adequado, visto que a unidade desejada se encontra no numerador (massa em g). Mas, para poder usar esse fator, é necessário converter dm3 em cm3. Como não há uma relação direta entre essas unidades SI derivadas nas tabelas apresentadas, é necessário encontra-las. Assim, considera-se que: 16 cm mx cm dm mx dmscentimetrodeNúmero 10 101 1 1 101 )1( 2 1 A partir da relação acima, sabe-se que 1 dm = 10 cm. Elevando-se ao cubo ambos os lados dessa equação, tem-se que: (1 dm)3 = (10 cm)3 A próxima etapa é obter o fator de conversão desejado entre dm3 e cm3 da seguinte forma: 3 33 33 33 3 3 1 10 1 10 1 10 dm cm dm cm dm cm Utilizando os fatores de conversão, pode-se então conhecer a quantidade de massa (g) de água em um volume de 2 dm3. Assim: gx cm g dm cm dmgramasemMassa 3 33 33 3 1000,2 1 00,1 1 10 )2( Dessa forma, há 2x103 g de água em um volume de 2 dm3. PRATIQUE: 9. A densidade do ar a pressão atmosférica normal e 25 oC é 1,19 g/L. Qual é a massa, em quilogramas, do ar em uma sala que mede 12,5 x 15,5 x 8,0 cm? 10. Sabendo-se que a densidade do ouro é 19,3 g/cm3, qual é a massa em gramas de 1 mm3 de ouro? 1.3. Referências Bibliográficas BROWN, T.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. Química: a ciência central. 9 ed. Prentice-Hall, 2005. INMETRO. Sistema Internacional de Unidades - SI, 1 ed Brasileira da 8 ed do BIPM. Rio de Janeiro, INMETRO/CICMA/SEPIN, 2012. INMETRO. SISTEMA Internacional de Unidades -SI. 8. ed. Rio de Janeiro, 2003. ROCHA-FILHO, R.C. GRANDEZAS E UNIDADES DE MEDIDA: O sistema internacional de Unidades. Ática, 1988. 17 ROZENBERG, I. M. O Sistema Internacional de Unidades – SI. 3 ed. Instituto Mauá de Tecnologia, 2006. 18 Unidade II 2. Átomos, moléculas e íons. No século V a.C., o filósofo grego Empédocles propôs que a matéria seria formada por quatro elementos primários: o fogo, o ar, a água e a terra. O conceito de que cada elemento poderia ser diferenciado por suas propriedades foi proposto mais tarde por Aristóteles. Consequentemente, uma substância poderia ser transformada em outra substância desde que uma de suas propriedades fosse alterada. O conceito de Aristóteles foi abandonado quando Robert Boyle, em 1661, mostrou não ser possível extrair os quatro elementos a partir de uma substância. Boyle propôs então que um elemento químico era toda substância que não pudesse ser decomposta em substâncias mais simples. O primeiro conceito sobre a natureza da matéria foi formulada pelos filósofos gregos Leucipo e Demócrito em torno de 400 a. C.. Segundo esse conceito, a matéria seria constituída por pequenas partículas indivisíveis chamadas átomos (que significava indivisíveis). Mas foi somente em 1807 que uma teoria atômica, baseada em dados experimentais, foi proposta pelo cientista britânico John Dalton. Segundo Dalton, existia uma tendência nas razões entre as massas dos elementos que se combinavam para formar as substâncias. Ele verificou que substâncias diferentes formadas pelos mesmos elementos apresentavam tendências diferentes nas razões entre as massas desses elementos. Amostras de água, por exemplo, apresentavam 8 g de oxigênio para cada 1 g de hidrogênio, enquanto que amostras deperóxido de hidrogênio apresentavam 16 g de oxigênio para cada 1 g de oxigênio. Essa tendência é conhecida como a lei das proporções múltiplas. Dalton então estabeleceu os seguintes postulados: 1. Cada elemento é composto de partes extremamente pequenas denominadas átomos; 2. Todos os átomos de um dado elemento são idênticos; 3. Os átomos de diferentes elementos são diferentes e têm massas e propriedades diferentes; 4. Uma substância tem uma combinação especifica de átomos de mais de um elemento, e determinada substância tem sempre o mesmo número relativo dos mesmos tipos de átomos; 5. Em uma reação química, os átomos não são criados e nem destruídos, porém trocam de “parceiros” para produzir novas substâncias. 19 Em 1987, Joseph John Thomson demonstrou que o átomo não é indivisível, como proposto anteriormente por Dalton, após realizar uma série de experimentos com ar rarefeito, e outros tipos de gases, em uma ampola de Crookes. Dentro dessa ampola, feita de vidro ou quartzo, além de uma pequena quantidade de gás (sob pressão menor do que a pressão atmosférica), haviam dois eletrodos ligados em uma fonte de tensão elétrica externa, como pode ser observado na figura 1. Figura 1: Ampola de Crookes: tubo de raios catódicos com campo elétricos e magnéticos perpendiculares. Alta Voltagem Anteparo Fluorescemte Ânodo Cátodo Quando uma elevada tensão era aplicada, um feixe de raios provenientes do cátodo (eletrodo negativo) se dirigia ao ânodo (eletrodo positivo). Na presença de um campo magnético ou elétrico, esse feixe luminoso, chamado de raios catódicos, era desviado na direção do polo positivo do campo aplicado. Esse comportamento sugeria que os raios catódicos possuíam carga. Thomson observou também que a natureza desses raios era a mesma, independentemente da composição do cátodo. Além disso, a razão carga/massa das partículas dos raios catódicos era maior do que a razão carga/massa do íon H+ (menor átomo conhecido). A partir desses resultados, Thomson concluiu que: 1. Os raios catódicos eram partículas menores que os átomos; 2. Essas partículas apresentavam carga elétrica negativa e foram denominadas de elétrons (e). Thomson propôs então um novo modelo atômico chamado de “pudim de passas”. Nesse modelo o átomo era considerado maciço e constituído por um fluido com carga elétrica positiva em que estavam dispersos os elétrons, de carga negativa, como pode ser observado na figura 2. Como um todo, o átomo seria eletricamente neutro. 20 Figura 2: Esquema representativo do modelo atômico de Thomson.: elétrons imersos em um fluido de carga positiva Em 1904, Ernest Rutherford detectou a presença de partículas carregadas positivamente ao executar o mesmo experimento, realizado por Thomson, com o gás hidrogênio. Ele denominou essas cargas positivas de prótons (p). Em outro experimento, Rutherford bombardeou uma finíssima lâmina de ouro (de aproximadamente 0,0001 cm) com pequenas partículas de cargas elétricas positivas, denominadas partículas alfa (), emitidas por um material radioativo (figura 3). O objetivo desse experimento era determinar se os átomos eram maciços. Rutherford observou então que a maior parte das partículas atravessava a lâmina de ouro sem sofrer desvios. No entanto, algumas das partículas não atravessavam a lâmina, sofrendo desvios de trajetória ou sendo refletidas para trás. A partir desses resultados, Rutherford concluiu que: 1. A maior parte da estrutura do átomo seria um espaço vazio, denominado eletrosfera, onde deveriam estar localizados os elétrons; 2. Deveria existir uma pequena região, denominada núcleo, no átomo em estaria concentrada sua massa, 3. O núcleo do átomo teria carga positiva, denominada de prótons, devido às repulsões das partículas observadas. Figura 3: Experimento de Rutherford: comportamento das partículas após serem bombardeadas um uma lâmina de ouro. 21 Entretanto, Rutherford observou que somente cerca da metade da massa do núcleo poderia ser atribuída à massa dos prótons. Ele então sugeriu que o núcleo do átomo pudesse conter partículas neutras com massa aproximadamente igual à massa dos prótons. Essa partícula subatômica foi encontrada experimentalmente, em 1932, pelo físico inglês James Chadwick ao bombardear berílio com partículas . Essas partículas foram denominadas de nêutrons (n). A tabela 1 apresenta então algumas propriedades das três partículas subatômicas fundamentais presentes em um átomo. Tabela 1: Algumas propriedades de três subpartículas de um átomo Subpartícula atômica Massa Carga gramas Unidades unificadas de massa atômica (u) Coulombs Unidade de carga elétrica próton 1,67x10-24 1,007276 +1,602x10-19 +1 nêutron 1,67x10-24 1,008665 0 0 elétron 9,11x10-27 0,0005486 -1,602x10-19 -1 Rutherford propôs então um novo modelo atômico semelhante ao sistema solar. Nesse modelo, o átomo poderia ser comparado a um sistema solar em que o sol, o núcleo, concentrava toda a carga positiva do sistema, assim como quase toda a massa do átomo. Ao redor desse núcleo, os elétrons se encontrariam em órbitas elípticas, como pode ser observado na figura 4. A soma das cargas negativas seria igual à soma das cargas positivas, gerando um equilíbrio elétrico e, consequentemente, a estabilidade do átomo. Figura 4: Esquema representativo do modelo atômico de Rutherford, onde são elétrons, são prótons e são nêutrons. 22 -PRINCIPAIS CARCTERÍSTICAS DO ÁTOMO Em 1913, o físico inglês Henry Gwyn Jeffreys Moseley realizou alguns experimentos envolvendo o bombardeamento de elementos químicos com raios catódicos. Moseley observou que o comportamento dos elementos químicos estava relacionado com a quantidade de cargas positivas existentes nos seus núcleos. Por consequência, a carga do núcleo, que representa a quantidade de prótons presentes no átomo, seria uma grandeza característica de cada elemento, sendo então denominado de número atômico (Z). Assim, o número atômico (Z) seria o número que indicaria a quantidade de prótons existentes no núcleo de um átomo. Assim: prótonsdenZ o Como o átomo é eletricamente neutro, o número de prótons seria igual ao número de elétrons presentes no elemento. Por exemplo: (i) cloro (Cl): Z = 17 prótons = 17, elétrons = 17; (ii) sódio (Na): Z = 11 prótons = 11, elétrons = 11. A massa de um elemento seria representada pelas massas dos prótons e nêutrons presentes no núcleo atômico, visto que os elétrons possuem massa desprezível (tabela 1). Dessa forma, a massa de um elemento atômico é representada pelo seu número de massa (A) que seria a soma do número de prótons (p) e número de nêutrons presentes (n) no núcleo de um átomo. Assim: npA Como o número de prótons (p) e o número de nêutrons (n) são inteiros, consequentemente o número de massa (A) sempre será um número inteiro. Por exemplo: (i) cloro (Cl): Z = 17; p = 17 e A = 35 18 1735 n n npA ; (ii) sódio (Na): Z = 11; p = 11 e A = 23 12 1123 n n npA Cada elemento químico (X) pode ser identificado pelo seu número atômico (Z) e seria representado da seguinte maneira: XAZ ou A Z X Por exemplo: 23 Z = 20 p = 20 A = 40 Se A = p + n n = 20 CaCaAZ 40 20 40 20 Os átomos podem facilmente ganhar ou receber elétrons. Assim, quando elétrons são adicionados ou retirados de um átomo neutro, são formadas partículas carregadas denominadasde íons. Um íon carregado positivamente é chamado de cátion, enquanto que um íon carregado negativamente é chamado de ânion. Assim, íons podem ser definidos como uma espécie química que apresenta o número de prótons diferente do número de elétrons. De maneira geral, átomos metálicos tendem a perder elétrons para formar cátions, enquanto que átomos não-metálicos tendem a receber elétrons para formar ânions. Por exemplo, quando um átomo de sódio (Z = 11) perde um elétron, a carga líquida dessa partícula será +1. 11p+ 11e- 11p+ 10e- perda de 1e- Átomo de Na Íon Na+ 1 11 1 11 NaNa edeperda 0arg 11arg1111 11arg1111 totalac negativasasce positivasascp 1arg 10arg1010 11arg1111 totalac negativasasce positivasascp Já o átomo de cloro (Z = 17) normalmente recebe um elétron, formando o íon Cl-1. 17p+ 17e- 17p+ 18e- ganho de 1e- Átomo de Cl Íon Cl- 1 17 1 17 ClCl edeganho 0arg 17arg1717 17arg1717 totalac negativasasce positivasascp 1arg 18arg1818 17arg1717 totalac negativasasce positivasascp 24 O índice superior da fórmula química do íon representa a carga líquida resultante da perda ou ganho de elétrons do átomo neutro. Destaca-se que o número de elétrons que um átomo perde está relacionado com a sua posição na tabela periódica. A tendência de um átomo neutro ganhar ou receber elétrons será explicado detalhadamente na Unidade IV. COMO FAZER: Determine o número de prótons, nêutrons e elétrons do átomo neutro de C126 e do íon 1131 53 I . RESPOSTA: Considerando-se que: • Em um átomo neutro, o número de prótons (p) é igual ao de elétrons (e). • A soma do número de prótons (p) com o de neutros (n) é o número de massa ( npA ) de um átomo. Então: - para o átomo neutro C126 : p= 6; e = 6; A = 12; n = A – p = 6 - para o íon carregado negativamente (ânion) 1131 53 I : p= 53; e = 54; A = 131; n = A – p = 131 – 53 = 78 PRATIQUE: 11. Complete as informações que faltam dos números atômicos, de massa, de prótons, nêutrons e elétrons dos átomos e íons listados abaixo na tabela. Elemento Z A n p e Na+ 12 11 Co 60 27 F 9 10 U 92 238 C 8 6 Ca+2 20 40 8 6 25 Robert Bunsen verificou que após submeter diferentes elementos químicos a uma chama, era possível observar a emissão de radiação (luz) de cores características para cada elemento químico. A emissão da radiação emitida por corpos aquecidos foi explicada por Max Planck em 1900. Planck postulou o conceito de quantização de energia para descrever esse fenômeno: a energia emitida ou absorvida por um corpo deve ser um múltiplo inteiro de uma quantidade fundamental. Em 1913, Niels Henrick David Böhr utilizou o conceito de quantização dos níveis de energia descrito por Planck para descrever o comportamento do elétron no átomo de hidrogênio. Nesse modelo, Böhr considerou os seguintes postulados: 1. Os elétrons se movimentam em órbitas circulares ao redor do núcleo; 2. Cada órbita tem energia permitida e constante (órbita estacionária de energia): quanto mais afastada a órbita estiver do núcleo, maior seria sua energia; 3. Um elétron poderia mudar seu estado estacionário para outro mediante a absorção (ou emissão) de energia igual à diferença de energia entre os estados. Considerando o modelo atômico de Böhr, o elétron não poderia estar a qualquer distância do núcleo. Porém, o elétron estaria limitado a poucas orbitas possíveis que seriam definidas por um parâmetro denominado número quântico principal n (n = 1, 2, 3, 4, 5, 6, ..., ). O modelo atômico de Böhr permitiu então relacionar as órbitas (níveis de energia) com os espectros descontínuos dos elementos descritos por Planck, como observado na figura 5. Destaca-se ainda que esses níveis de energia, ou camadas, podem ainda ser denominados por K, L, M, N, O, P, Q, e assim por diante. 26 Figura 5: O modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio: (a) movimento do elétron em órbitas circulares, com valores de energias permitidos, ao redor do núcleo; (b) mudança de estado estacionário do elétron para outro mediante a absorção (ou emissão) de energia igual à diferença de energia entre os estados. + e- n = 1 n = 2 n = 3 n = 5 n = 4 n = 3 n = 2 n = 1 Absorção de energia Emissão de energia En er gia a) b) No entanto, o modelo atômico de Böhr foi capaz de explicar somente o espectro do átomo de hidrogênio ou de átomos que tivessem apenas um elétron. Consequentemente, o modelo atômico proposto por Böhr sofreu algumas modificações após verificarem que um elétron, em uma mesma órbita, apresentava energias diferentes. O físico Arnold Johannes Wilhelm Sommerfeld sugeriu então que o elétron se moveria em orbitais elípticas ao redor do núcleo: o movimento elíptico seria capaz de gerar diferentes energias na mesma órbita. Além disso, Sommerfeld introduziu os conceitos de momentos magnéticos associados ao movimento do elétron em sua órbita e ao redor do seu próprio eixo. Em 1905, o físico alemão Albert Einstein usou a teoria quântica de Planck para explicar a emissão de elétrons de uma superfície metálica após ter recebido radiação eletromagnética (conhecido como efeito fotoelétrico). Segundo Einstein, a radiação eletromagnética (luz) seria quantizada, composta por um número inteiro de quanta de luz denominado fóton. A partir do efeito fotoelétrico, Einstein conseguiu então demonstrar que a luz, geralmente imaginada ter propriedades de onda, poderia também ter propriedades de partículas. Essa descrição é conhecida como natureza corpuscular da luz. 27 Em 1925, assumindo por analogia que partículas deveriam também ter comportamento de onda associado, Lowis de Broglie propôs que o elétron poderia apresentar, assim como a luz, uma natureza dualística de onda e partícula. Em 1927, Clinton Davisson e Lester Germer, a partir dos resultados de experimentos utilizando feixes de elétrons com energia conhecida, provaram que a hipótese da dualidade onda-partícula dos fótons, proposta por De Broglie, estava correta. Werner Heisenberg, em 1927, demonstrou matematicamente que seria impossível determinar simultaneamente a posição e a velocidade de um elétron em um átomo. Esse princípio, conhecido por Princípio da Incerteza de Heisenberg, estabelecia que não seria possível considerar orbitas definidas para o elétron. O mais adequado seria considerar regiões em torno do núcleo, denominadas de orbitais, em que a probabilidade de se encontrar o elétron é máxima. O físico teórico austríaco Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger propôs, em 1933, uma equação matemática que relacionava os termos onda e partícula, energia, carga e massa do elétron. A resolução dessa equação fornecia funções de ondas que descreviam o contorno dos orbitais eletrônicos. Além disso, os quadrados dessas funções de onda forneciam a probabilidade de se encontrar o elétron em uma determinada região do espaço, ou seja, forneciam a densidade eletrônica para o átomo. Consequentemente, o modelo planetário do átomo de Rutherford-Böhr foi definitivamente abandonado, surgindo um novo modeloatômico proposto por Schrödinger: o mecânico-quântico do átomo. Segundo esse modelo, o átomo de hidrogênio poderia ser descrito da seguinte maneira: 1. Somente determinadas funções de onda seriam permitidas para o elétron no átomo, sendo o comportamento melhor descrito como uma onda estacionária; 2. Cada função de onda estaria associada a um valor permitido de energia para o elétron; 3. A energia do elétron no átomo seria quantizada, 4. O quadrado da função de onda seria a probabilidade de se encontrar o elétron em uma determinada região do espaço denominada de orbital; 5. As resoluções da equação permitiram encontrar um conjunto de funções de onda (funções matemáticas) que forneceriam: (i) números quânticos; (ii) formas e energias dos orbitais. A resolução da equação matemática proposta por Schrödinger permitiu então a determinação dos números quânticos necessários para descrever o átomo de hidrogênio, 28 sendo três números quânticos relacionados aos orbitais e um número quântico relacionado ao elétron. O número quântico principal n poderia assumir valores inteiros positivos diferentes de zero, ou seja, os valores de n assumiriam valores entre 1 e o infinito (n = 1, 2, 3, 4, ...., ). O número quântico n define o nível de energia do elétron (ou camada eletrônica) e, consequentemente, o tamanho de um orbital. Quanto maior for o valor de n, maior será o orbital e maior será a distância média entre o elétron e o núcleo. Destaca-se que elétrons com o mesmo valor de n ocupam o mesmo nível eletrônico. O número quântico do momento angular orbital l poderia assumir quaisquer valores inteiros entre zero e n-1 (l =0, 1, 2, ... , n -1). Cada valor de l caracteriza um subnível de energia (subcamada) em que há a probabilidade de se encontrar o elétron, ou seja, o número quântico l corresponderia a um determinado orbital. Já o número quântico magnético orbital ml poderia assumir quaisquer valores inteiros entre –l e +l (ml = -l, -l + 1, ..., 0, ..., l – 1, l), totalizando 2l + 1 possíveis valores. O número quântico ml define o momento magnético quantizado gerado pelo movimento do elétron em torno do núcleo. Consequentemente, ml definiria a orientação espacial do orbital em uma determinada subcamada. O próprio movimento de rotação do elétron em torno do seu eixo também geraria um momento magnético de spin. O número quântico magnético do spin do elétron ms especificaria o spin do elétron e pode ter apenas dois valores: +½ () e -½ (). Isso ocorre porque o elétron poderia girar em apenas dois sentidos em torno do próprio eixo. Destaca-se que a representação gráfica dos elétrons em um mesmo orbital pode ser feita de duas maneiras: ou ou A tabela 2 apresenta então exemplos de valores permitidos dos números quânticos, os nomes e números de orbitais presentes em cada nível de energia. 29 Tabela 2: Exemplos de valores permitidos dos números quânticos (principal n, momento angular orbital l e magnético orbital ml), nomes e números dos orbitais. números quânticos Número de orbitais ml = 2l + 1 principal n n = 1, 2, 3, 4, ...., Camada momento angular orbital l l =0, 1, 2, ... , n -1 Subcamada Nome do Orbital magnético orbital ml ml = -l, -l + 1, ..., 0, ..., l – 1, l Orientação do orbital n = 1 (K) s (l = 0) 1s 0 1 n = 2 (L) s (l = 0) p (l = 1) 2s 2p 0 -1, 0, +1 1 3 n = 3 (M) s (l = 0) p (l = 1) d (l = 2) 3s 3p 3d 0 -1, 0, +1 -2, -1, 0, +1, +2 1 3 5 n = 4 (N) s (l = 0) p (l = 1) d(l = 2) f (l = 3) 4s 4p 4d 4f 0 -1, 0, +1 -2, -1, 0, +1, +2 -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3 1 3 5 7 COMO FAZER: Quais são os subníveis que formam a camada eletrônica L? RESPOSTA: Observando-se a tabela 3, conclui-se que a camada L (número quântico principal n = 2) pode apresentar os subníveis s e p. COMO FAZER: Um átomo possui em uma camada os subníveis s, p e d com o máximo de elétrons. Quantos elétrons possui essa camada, supondo que apenas os subníveis s, p e d estejam presentes? RESPOSTA: Sabendo que o subnível s contém no máximo 2 elétrons; o subnível p contém no máximo 6 elétrons e o subnível d contém no máximo 10 elétrons: 30 TOTAL de elétrons = 2 + 6 + 10 = 18 elétrons PRATIQUE: 12. Qual o número máximo de orbitais que podem existir no nível energético M? 13. Quais são os subníveis que podem existir no nível energético de número quântico principal n igual a 4? 14. Quantos elétrons tem um átomo que apresenta os subníveis 1s, 2s, 2p completos? 15. Quantos elétrons são permitidos nos subníveis s, p, d e f? Já a figura 6 apresenta as energias relativas dos orbitais do átomo de hidrogênio até número quântico principal n = 3. Destaca-se que cada quadrícula representa um orbital; assim orbitais presentes no mesmo subnível, como os orbitais 3p, estão agrupados juntos. Quando o elétron está em um orbital de energia menor (orbital 1s), diz-se que o átomo de hidrogênio está no estado fundamental. No entanto, quando o elétron está em qualquer outro orbital de energia maior, diz-se que o átomo está no estado excitado. O elétron pode ser excitado para um orbital de maior energia pela absorção de um fóton de energia apropriado. Ressalta-se ainda que a representação dos níveis de energia dos orbitais apresentados na figura 4 explica apenas sistemas contendo 1 elétron. 31 Figura 6: Representação dos níveis de energia dos orbitais para o átomo de hidrogênio. Cada quadrícula representa um orbital. Considerando-se que o Princípio da Incerteza de Heisenberg limitava a capacidade de determinar simultaneamente a posição e velocidade de um elétron, utiliza-se o termo probabilidade para encontrar um elétron em um pequeno volume em torno do núcleo de um átomo. Destaca-se que probabilidade por unidade de volume é denominado de densidade de probabilidade ou densidade eletrônica, gerando a chamada nuvem eletrônica. A forma dessa nuvem eletrônica definia então a forma geométrica do orbital. Ressalta-se ainda que cada orbital corresponde à uma combinação particular de números quânticos, como mostrado na tabela 2. O orbital s é esfericamente simétrico, significando que a probabilidade de se encontrar um elétron nesse orbital é a mesma em qualquer ponto sobre uma superfície esférica de raio r em relação ao núcleo. Por outro lado, a densidade eletrônica dos demais orbitais (p, de f) não é esfericamente simétrica, mas se concentra em uma determinada direção do espaço, com forma geométrica de lóbulos esferoidais. Por exemplo, o orbital 2px (n = 2, l = 1 e ml = -1) apresenta maior densidade eletrônica na direção do eixo x. Já o orbital 2py apresenta maior densidade eletrônica na direção do eixo y, e assim por diante. Da mesma forma que observado nos orbitais p, os orbitais d (dxy, dxz, dyz, dx2-y2 e dz2) apresentam densidade eletrônica ao longo 32 de determinadas direções no espaço. Já os orbitais f (fxyz, fx(x2-3y2), fz(x2-y2), fz(5z2-3r2), fx(5z2-r2), fy(5z2-r2) e fy(x2-3y2)) apresentam formas geométricas mais complexas do que os orbitais d. A figura 7 apresenta de maneira geral as formas geométricas dos orbitais s, p, d e f. As equações propostas por Schrödinger possibilitaram realizar um tratamento matemático completo do átomo de hidrogênio. De forma geral, observou-se que o elétron 2s permanecia a maior parte do tempo a uma distânciamaior do núcleo do que o elétron 1s. Admitiu-se então que elétron 1s possuía menor energia do que o elétron 2s. Consequentemente, a probabilidade dos elétrons estarem mais próximos do núcleo seguia a seguinte ordem: s > p > d > f. Essa ordem implicaria que as energias dos orbitais de um mesmo nível energético, ou seja, mesmo número quântico principal n, seguia a seguinte ordem: s < p < d < f. As informações obtidas para um sistema atômico mais simples (um elétron) serviriam para discutir e prever o comportamento dos elétrons em sistemas mais complicados (átomos polieletrônicos). No entanto, apesar das formas geométricas dos orbitais dos átomos polieletrônicos serem as mesmas daquelas observadas para o átomo de hidrogênio, a presença de mais um elétron muda significativamente as energias dos orbitais. 33 Figura 7: Representação das formas geométricas dos orbitais s, p, d e f. Cada orbital pode ser descrito pelo valor do número quântico magnético orbital ml ou pelo eixo que define sua orientação. No átomo de hidrogênio, a energia de um orbital depende apenas do seu número quântico principal n, como pode ser observado com os orbitais 3s, 3p e 3d (figura 6) que têm a mesma energia. Em um átomo polieletrônico, no entanto, a repulsão entre os elétrons faz com que os diferentes subníveis estejam em diferentes níveis de energia, como pode ser observado na figura 8. 34 Figura 8: Representação dos níveis de energia dos orbitais para um átomo polieletrônico. Cada quadrícula representa um orbital. De um modo geral, a energia de um elétron em um orbital atômico depende dos valores dos números quânticos n e l do orbital em que o elétron se encontra, mas não depende do número quântico ml. Dessa forma, para átomos com mais de um elétron (polieletrônicos), a ordem de energia das subcamadas eletrônicas poderia ser prevista utilizando as seguintes regras: (i) os elétrons seriam atribuídos às subcamadas em ordem crescente da soma dos valores de n +l; (ii) para duas subcamadas com o mesmo valor de n + l, os elétrons seriam então atribuídos primeiro à subcamada com menor valor de n. Dessa forma, para a determinação das configurações eletrônicas dos níveis fundamentais de energia de átomos polieletrônicos, foi então construída uma escala de energia do orbital atômico baseada na relação n + l. Essa ordem de distribuição de elétrons é denominada de Diagrama de Linus Pauling e é um dispositivo mnemônico que permite obter o ordenamento de preenchimento das subcamadas eletrônicas sem ter que memorizar essa ordem. O Diagrama de Linus Pauling está representado na figura 9 e obedece a seguinte ordem de preenchimento: 1s < 2s< 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p < 6s < 4f < 5d < 6p <7s <5f <6d 35 Figura 9: Representação esquemática do Diagrama de Linus Pauling. Em 1925, o físico austríaco Wolfgang Ernst Pauli propôs que dois elétrons em um átomo não podem ter todos os números quânticos iguais. Consequentemente, nenhum orbital poderia ter mais do que dois elétrons. Esse princípio é conhecido como princípio de exclusão de Pauli. Dessa forma, considerando-se que um orbital não poderia acomodar mais do que dois elétrons, o número máximo de elétrons em cada subnível de energia eletrônico (ou subcamada eletrônica) poderia ser previsto. Assim, somente dois elétrons poderiam ser atribuídos ao orbital s. Já os três orbitais do subnível p poderiam acomodar seis elétrons (dois elétrons em cada orbital), e assim por diante. A tabela 3 apresenta exemplos do número máximo de elétrons que poderia ser atribuído nos níveis (camadas) e subcamadas eletrônicas (subniveis de energia). Em 1927, o físico alemão Friedrich Hermann Hund postulou, a partir de evidências experimentais, que os orbitais de um mesmo subnível seriam preenchidos eletronicamente de modo que se obtivesse o maior número possível de elétrons com spins na mesma direção (desemparelhados com spins paralelos). Segundo esse postulado, e considerando-se o Diagrama de Linus Pauling, pode-se então escrever a distribuição eletrônica dos 7 elétrons do átomo de nitrogênio N (Z = 7) da seguinte forma: N: 1s2 2s2 2p3 36 Já na distribuição eletrônica dos 8 elétrons do átomo de oxigênio O (z = 8), após cada orbital 2p receber seu primeiro elétron, o oitavo elétron completaria um orbital 2p semipreenchido, conforme pode ser observado abaixo. O: 1s2 2s2 2p4 Para os átomos flúor P (Z = 9) e neônio Ne (Z = 10), a distribuição eletrônica seria realizada nos últimos orbitais 2p semipreenchido, conforme pode ser observado. P: 1s2 2s2 2p5 Ne: 1s2 2s2 2p6 Tabela 3: Exemplos do número máximo de elétrons atribuído às camadas e subcamadas eletrônicas. Camadas eletrônicas (n) Subcamadas eletrônicas (l) Orbitais disponíveis (2l+1) Número possíveis de elétrons na subcamada eletrônica [2(2l+1)] Número possível de elétrons para a enésima camada (2n2) n = 1 (K) s 1 2 2 n = 2 (L) s p 1 3 2 6 8 n = 3 (M) s p d 1 3 5 2 6 10 18 n = 4 (N) s p d f 1 3 5 7 2 6 10 14 32 COMO FAZER: Preencha nas quadrículas que representam o subnível d abaixo um total de 7 elétrons. Indique os quatro números quânticos do último elétron adicionado, 37 sabendo-se que esse subnível é da camada M. RESPOSTA: Sabendo-se que: - no nível ou camada M: n = 3 - no subnível d: l = 2 Segundo a regra de Hund, é possível preencher os orbitais d da seguinte forma: Os quatro números quânticos que indicam o sétimo e último elétron adicionado são: n = 3; l = 2; ml = - 1; ms = +½ COMO FAZER: Utilizando o diagrama de Pauling e considerando o elemento químico tungstênio (W), de número atômico igual a 74, responda às seguintes questões: a) Qual a distribuição eletrônica do átomo de tungstênio por camadas ou níveis energéticos? b) Qual a distribuição por subníveis energéticos? c) Quais os elétrons mais externos? d) Quais os elétrons com maior energia? RESPOSTA: a) Distribuição eletrônica por camadas: K = 2; L = 8; M = 18; N = 32; O = 12; P = 2. b) Distribuição eletrônica por subníveis: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d4 c) Elétrons mais externos, ou mais afastados, são os dois elétrons situados no subnível 6s, pois eles pertencem à última camada que recebeu elétrons, no caso, a camada P. A última camada recebe também o nome de camada ou nível de valência. d) Elétrons de maior energia são os quatro elétrons do subnível 5d, que foi o último subnível a ser preenchido. O subnível 5d está energeticamente acima do subnível 6s. 38 PRATIQUE: 16. Indique os quatro números quânticos do primeiro elétron colocado no subnível 5s. 17. Um elétron da camada N está no subnível s. Quais são os valores de n e l para esse elétron? 18. Quais são os subníveis que podem existir no nível energético de número quântico principal n igual a 4? 19. Quantos elétrons tem um átomo que apresenta os subníveis 1s, 2s, 2p completos? 20. Escreva a estrutura eletrônica do átomo de fósforo (número atômico 15), em seu estado fundamental, indicando a distribuição dos elétrons nos diferentes subníveis. 21. Analiseo elemento que apresenta número de massa 31 e 16 nêutrons e responda as questões a seguir: a. Qual o seu número atômico? b. Qual a sua distribuição eletrônica por subnível? c. Quantas camadas esse elemento tem? d. Qual é a sua última camada? 22. O subnível 4s1 é o mais energético de um átomo. Determine a. O número total de elétrons desse átomo. b. O número de camadas. c. O número atômico. 39 2.1 Tabela Periódica. Em 1869, o químico russo Dimitri Ivanovich Mendeleev observou que elementos organizados em ordem crescente da massa de seus átomos apresentavam um padrão regular de repetição das propriedades, denominando esse comportamento de periodicidade. Mendeleev propôs então uma tabela com mais de 50 elementos representados pelos seus símbolos, como pode ser observado na figura 10. É interessante destacar que nessa tabela havia elementos, indicados com sinais de interrogação, que ainda não haviam sido descobertos. Mendeleev conseguiu prever propriedades tanto físicas quanto químicas de elementos que ainda seriam descobertos e que ocupariam os vazios deixados na tabela. Figura 10: Representação esquemática da tabela de diferentes elementos químicos proposta por Mendeleev. Em 1913, sabendo que o comportamento dos elementos químicos estava relacionado com a quantidade de cargas positivas existentes nos seus núcleos, Moseley rearranjou a tabela, proposta inicialmente por Mendeleev, de acordo com o aumento do número atômico. Por consequência, os problemas existentes na tabela proposta por Mendeleev desapareceram. Por isso, a tabela periódica moderna esta baseada no numero atômico dos elementos 40 químicos e tem sido melhorada com as descobertas de novos elementos químicos e do uso de grandezas mais precisas. A figura 11 apresenta a tabela periódica moderna dos elementos químicos. 41 Figura 11: Tabela Periódica dos elementos químicos 42 Sabendo-se então que elementos químicos com distribuições eletrônicas semelhantes apresentam um padrão regular de repetição das propriedades físicas e químicas, o critério de organização poderia ser estabelecido segundo a distribuição eletrônica de cada elemento químico da seguinte forma: (i) disposição em ordem crescente de número atômico (Z); (ii) grupos (ou famílias) presentes na vertical (colunas); (iii) períodos presentes na horizontal (linhas). Assim, elementos químicos de um mesmo grupo (ou família) possuiriam o mesmo número de elétrons na última camada eletrônica (conhecida como camada de valência). Por exemplo, o elemento lítio (Li) pertenceria ao grupo 1, pois tem apenas 1 elétron na camada de valência. Já o elemento berílio (Be) pertenceria ao grupo 2 devido aos seus 2 elétrons de valência. Os elementos na mesma orientação horizontal (linhas) possuiriam elétrons de valência no mesmo nível de energia, ou seja, na mesma camada (n = 1, 2, 3, ...). Por consequência, elementos de um mesmo período possuiriam o mesmo número de camadas. Por exemplo, os elementos sódio (Na), magnésio (Mg) e argônio (Ar) pertenceriam ao terceiro período, pois todos eles possuem três níveis de energia (ou camada). 3Li: 1s 2 2s1 4Be: 1s 2 2s2 10Ne: 1s 2 2s2 2p6 1Na: 1s 2 2s2 2p6 3s1 12Mg: 1s 2 2s2 2p6 3s2 18Ar: 1s 2 2s2 2p6 3s2 3p6 mesmo número de camadas (n = 2): mesmo período mesmo número de camadas (n = 3): mesmo período Destaca-se que a tabela periódica também pode ser divida em grupos, entre eles: (i) Elementos representativos (grupo A): o último elétron está no subnível s ou p. Por exemplo, o magnésio (Mg) é um elemento do segundo grupo pois possui 2 elétrons na última camada; (ii) Elementos de transição (grupo B): o último elétron está no subnível d e na penúltima camada. Esses elementos estão localizados no centro da tabela periódica; (iii) Elementos de transição interna (série dos lantanídeos e actinídeos): o último elétron está no subnível f e na antepenúltima camada. 43 A tabela periódica então pode ser dividida em função do subnível em que se encontra o último elétron do átomo. Assim, os átomos que têm configuração eletrônica ns1 ou ns2 são denominados de bloco s. Já os elementos que têm configuração eletrônica ns2np1-6 constituem o bloco p. O bloco d é formado pelos átomos com configuração eletrônica (n-1)d1-10. O bloco f é representado pelos lantanídeos e actinídeos e formado pelos elementos com configuração (n-2)f1-14. Dessa maneira, é possível predizer a configuração eletrônica de um elemento atômico a partir da sua posição na tabela periódica. A figura 12 apresenta um esquema da tabela periódica dividida em função da configuração eletrônica dos elementos atômicos. Figura 12: Esquema da tabela periódica dividida em função da configuração eletrônica dos elementos atômicos Várias propriedades permitem classificar os elementos atômicos em metais, não- metais, semimetais (ou metaloides), gases nobres e hidrogênio. Os elementos metálicos apresentam brilho metálico, são maleáveis, possuem alta densidade e alto ponto de fusão, e são excelentes condutores elétricos e térmicos. Eles estão localizados à esquerda e no centro da tabela periódica. Já os elementos não-metálicos possuem baixa densidade e baixo ponto de fusão, são opacos, não conduzem eletricidade e fragmentam-se. Os átomos não-metálicos estão localizados à direita da tabela e pertencem aos grupos 5A, 6A e 7A. Os metalóides, ou semicondutores, por sua vez, exibem tanto propriedades características dos elementos metálicos quanto dos não-metálicos. A condutividade elétrica é uma propriedade muito importante dos semicondutores: não é tão alta quanto observada nos 44 metais e nem tão baixa quanto observada nos não-metais. Os semicondutores também apresentam brilho metálico e fragmentam-se. O átomo de hidrogênio é um elemento atípico, pois possui a propriedade de se combinar tanto com os elementos metálicos, não-metálicos e semimetálicos. Já a principal característica química dos gases nobres é sua grande estabilidade, ou seja, possuem pequena capacidade de se combinar com outros elementos. Os gases nobres pertencem ao grupo 8A da tabela periódica. Por outro lado, algumas das propriedades dos elementos atômicos apresentam periodicidade em função de seu número atômico. Essas propriedades tendem a crescer ou a decrescer com o aumento dos seus números atômicos ao longo do período da tabela periódica. A seguir serão apresentadas algumas propriedades periódicas importantes dos elementos atômicos. - Raio atômico O tamanho exato do átomo é uma característica difícil de ser determinada, pois sua nuvem eletrônica (ou eletrosfera) não tem uma fronteira definida. Dessa forma, para comparar o tamanho dos átomos é necessário considerar os seguintes fatores: (i) quanto maior o nível de energia, maior será o tamanho do átomo; (ii) quanto maior o número de prótons, maior será a atração sobre os elétrons do átomo, reduzindo o tamanho atômico. Dessa forma, à medida que o numero atômico dos elementos de um mesmo grupo aumenta, maior será o raio atômico. Isso ocorre devido ao aumento do número de camadas no elemento atômico. Por outro lado, à medida que o número atômico diminui, ocorre uma diminuição na força de atração sobre os elétrons e, consequentemente, é observado um aumento no tamanho atômico. A figura 13 apresenta a variação do raio atômico dos elementos químicos em função do número atômico. 45 Figura 13: Variação do raio atômicodos elementos químicos em função do número atômico. - Energia de ionização Quando um átomo isolado, em seu estado fundamental, absorve energia, o elétron pode ser transferido de um nível energético quantizado menor para outro maior. Mas e a energia absorvida for suficiente, o elétron pode ser completamente removido do átomo, originando um íon positivo. Assim, a energia de ionização pode ser definida como a mínima energia necessária para remover um elétron de um átomo isolado no seu estado fundamental. Ressalta-se que esse é um processo endotérmico e pode ser representado da seguinte forma: eXenergiaX gg 0 Dessa forma, quanto maior o raio atômico do elemento, menor será a atração exercida pelo núcleo sobre o elétron mais distante e menor será a energia necessária para remover esse elétron do átomo. A figura 14 apresenta a variação da energia de ionização dos elementos químicos em função do número atômico. 46 Figura 14: Variação da energia de ionização dos elementos químicos em função do número atômico - Afinidade ao elétron A energia liberada quando um elétron é adicionado a um átomo neutro em fase gasosa é definida como afinidade ao elétron de um elemento químico. Esse processo pode ser representado da seguinte forma: gg XeX A afinidade por elétrons dos elementos metálicos é baixa, enquanto que a afinidade por elétrons dos elementos não-metálicos é alta. Isto indica que os elementos metálicos têm maior facilidade em perder elétrons, enquanto os elementos não-metálicos tem maior facilidade em receber elétrons. Por outro lado, alguns elementos químicos, como os gases nobres, não tem afinidade nenhuma por elétrons. A periocidade dos elementos químicos na afinidade eletrônica pode ser observada na figura 15. Embora o comportamento não seja uniforme, pode-se observar que os elementos Be e Mg tem valores positivos, Isso indica que para que esses elementos químicos possam receber elétrons terão que absorver uma grande quantidade de energia. 47 Figura 15: Variação da afinidade eletrônica em função do número atômico para os primeiros 20 elementos químicos da tabela periódica. - Eletronegatividade A eletronegatividade pode ser definida como sendo a tendência de um átomo em atrair elétrons em uma ligação química. A eletronegatividade dos elementos químicos é, portanto, uma grandeza relativa. Isso ocorre pois a força de atração exercida pelos átomos sobre os elétrons de uma ligação química sempre é comparada para se mensurar essa propriedade. Além disso, quanto menor a distância entre o núcleo atômico e o elétron, maior será a força de atração sobre os elétrons. Destaca-se que a eletronegatividade não é definida para os gases nobres. As variações de eletronegatividade em função do número atômico estão representadas na figura 16. 48 Figura 16: Variação da eletronegatividade em função do número atômico para os elementos químicos da tabela periódica. COMO FAZER: Um átomo apresenta normalmente 2 elétrons na primeira camada, 8 elétrons na segunda, 18 elétrons na terceira camada e 7 elétrons na quarta camada. Qual é família e o período em que se encontra esse elemento? RESPOSTA: Sabendo-se que há quatro camadas eletrônicas, o elemento será do 4o período. Com 7 elétrons na quarta camada, o elemento estará na coluna 7A. Trata-se, pois, do halogênio situado no quarto período. COMO FAZER: Qual é a estrutura eletrônica do enxofre (Z = 16), por níveis e subníveis eletrônicos? Qual a posição desse elemento na Classificação Periódica? RESPOSTA: Segundo a distribuição eletrônica por subníveis: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 Segundo níveis eletrônicos (camadas): K = 2; L = 8; M = 4 Com 3 camadas eletrônicas, conclui-se que o enxofre pertence ao 3o período da Classificação Periódica; sendo o último subnível do tipo p e incompleto, conclui-se 49 que o enxofre está localizado na região p da tabela; havendo 6 elétrons na última camada, o enxofre está na coluna 6A da Classificação Periódica. PRATIQUE: 23. Como é a distribuição eletrônica genérica para a última camada dos elementos dos Grupos 1A, 2A, 3A, 4A, 5A, 6A, 7A e 8A? 24. Escolha o elemento com maior energia de ionização. Explique sua escolha. a) Li b) Be c) C d) N e) Ne 25. Qual a espécie de maior Raio Iônico? Explique. a) Na1+ b) Mg2+ c) Al3+ d) S2- e) Cl1- 26. Qual o elemento de maior afinidade eletrônica? Explique. a) oxigênio; b) nitrogênio; c) flúor; d) cloro e) neônio 27. Um elemento químico está na coluna 2A e seu átomo perde dois elétrons. A qual das colunas corresponderá a configuração eletrônica do íon formado? 28. Considere os seguintes átomos neutros: A (18 elétrons), B (17 elétrons), C (11 elétrons) e D (2 elétrons). a) A que famílias pertencem? b) Coloque-os em ordem crescente dos potenciais de ionização. 50 2.2 Isótopos e radioatividade Em 1896, o físico francês Antoine-Henri Becquerel observou que sais de urânio emitiam radiações com propriedades semelhantes à dos raios X (Wilheim Konrad Roentgen) e as denominou de radioatividade. Em 1897, Marie Sklodowska Curie conclui que a radioatividade é um fenômeno atômico ao observar que a intensidade da radiação é proporcional à quantidade de urânio em uma amostra. Nesse mesmo ano, Rutherford estudou a ação de um campo eletromagnético sobre essas radiações emitidas, como pode ser observado na figura 17. Figura 17: Esquema sobre a ação de um campo eletromagnético sobre o comportamento das radiações α, β e γ. Foi observado que as radiações raios alfa (α) e beta (β) sofriam desvio após a aplicação de um campo magnético. Os raios β sofreram atração pelo eletrodo positivo (ânodo) enquanto que os raios α sofreram atração pelo eletrodo negativo (ânodo). Por essa razão, foi atribuída carga negativa aos raios β e carga positiva aos raios α. Não foram observados desvios na radiação emitida pelos raios gama (γ) e, por analogia, assumiu-se que essas partículas não tinham carga elétrica. Após inúmeros estudos, foi possível caracterizar esses três tipos de radiação. (i) Radiação α Quando um elemento radioativo emite partículas α, um novo elemento é originado com um novo número de massa A (4 unidades menores) e um novo número atômico Z (2 unidades menores). Destaca-se que as partículas α são emitidas diretamente do núcleo atômico do elemento radioativo. Essas partículas apresentam uma carga positiva +2 e são compostas por dois prótons e por dois nêutrons, como pode ser observado a seguir. 51 UPu emissão 23592 4 2 239 94 Apesar dos raios α apresentarem um poder de penetração pequeno, essas partículas são danosos aos tecidos vivos. (ii) Radiação β A emissão de uma partícula β ocorre para que o núcleo instável do átomo radioativo adquira estabilidade. Para isso, um nêutron se decompõe e três novas partículas são formadas: um próton ( p11 ), um elétron ( 01 ) e um neutrino ( e ). As subpartículas emitidas são o elétron e o antineutrino, já o próton permanece no núcleo, como pode ser observado abaixo. e emissão pn 011110 Assim, quando um átomo de um elemento radioativo emite uma partícula β (um elétron), ocorre a formação de um novo elemento com o mesmo número de massa A e
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