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���� � PAGE \* MERGEFORMAT �6� PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS Acadêmicos¹ Tutor Externo² RESUMO A literatura aponta que o processo de planejamento e de Políticas Públicas em países desenvolvidos e em desenvolvimento apresenta diferenças, demonstrando que os segundos têm maior tendência a adversidades econômicas, técnicas e culturais do que os primeiros. O objetivo é realizar apontamentos sobre essa questão, na tentativa de evidenciar os aspectos que corroboram para essa diferenciação. Utilizando a metodologia da pesquisa bibliográfica, o trabalho apresenta primeiramente uma parte conceitual sobre planejamento e políticas públicas, seguido de algumas considerações sobre suas limitações em países em desenvolvimento, especialmente o caso do Brasil. Palavras-chave: Políticas Públicas; desenvolvimento; planejamento. INTRODUÇÃO As discussões acerca de Políticas Públicas tornam-se cada vez mais importantes para o aperfeiçoamento das ações do Estado e para a melhoria da qualidade de vida da população. Dadas as características peculiares do Brasil, por ser um país com marcantes diferenças geográficas, culturais e econômicas, muitas vezes se torna difícil ou até mesmo impossível realizar planos ou programas nacionais, sem levar em conta a heterogeneidade do país. A herança histórica brasileira aponta que o Estado brasileiro era caracterizado pelo seu caráter conservador, centralizador e autoritário. Segundo Bacelar (2003) “Não era um Estado de Bem Estar Social e sim um Estado disposto a promover o desenvolvimento única e exclusivamente pela industrialização”. O grande objetivo econômico em detrimento do social deu ao Estado um status de fazedor e não de regulador de Políticas Públicas. O modo de fazer políticas públicas em países em desenvolvimento, principalmente no Brasil, se dá de maneira conservadora e centralizadora, pois na grande maioria das vezes o outro fato que deve ser levado em conta nesta análise, é que o Brasil é um país essencialmente burocratizado e a falta de diálogo entre os setores envolvidos dificulta ainda mais o processo de formulação de agendas públicas. A rivalidade entre setores cruciais para a o planejamento acabam engessando as possibilidades, isso porque um pensa em fazer, mas o outro impõe barreiras para que o projeto não avance. Portanto, sendo o Estado, um campo de interesses diversos, por vezes deflagra conflitos entre os atores envolvidos (partidos políticos, representações regionais, setoriais e população em geral). Aos grupos que integram o Sistema Político, apresentando reivindicações ou executando ações, que serão transformadas em Políticas Públicas, denominamos de Atores. No processo de discussão, criação e execução das Políticas Públicas, encontramos basicamente dois tipos de atores: os ‘estatais’ oriundos do Governo ou do Estado e os ‘privados’ oriundos da Sociedade Civil. Os atores estatais são aqueles que exercem funções públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores públicos (que operam a burocracia). Encontra-se importante diferença no modo de agir de cada um desses segmentos. Os políticos são eleitos com base em suas propostas de políticas apresentadas para a população durante o período eleitoral e buscam tentar realizá-las. As Políticas Públicas são definidas no Poder Legislativo, o que insere os Parlamentares que são os vereadores e deputados. As propostas das Políticas Públicas partem do Poder Executivo, e é esse Poder que efetivamente as coloca em prática. Cabe aos servidores públicos oferecer as informações necessárias ao processo de tomada de decisão dos políticos, bem como operacionalizar as Políticas Públicas definidas. Em princípio, a burocracia é politicamente neutra, mas frequentemente age de acordo com interesses pessoais, ajudando ou dificultando as ações governamentais. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Com o aprofundamento e expansão da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram. Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover o bem estar da sociedade. Para tal, ele necessita desenvolver uma série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde, educação, meio ambiente. Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma: Políticas Públicas é um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução, ou não, de problemas da sociedade. Referindo-se de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos nacionais, estaduais ou municipais traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. São certas que as ações que os dirigentes públicos, os governantes ou os tomadores de decisões, selecionam suas prioridades que são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. Ela faz solicitações, pedidos ou demandas, para os seus representantes que são os deputados, senadores e vereadores e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos, tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República para que atendam as demandas da população. Entre os aspectos de diferenciação do processo de planejamento de políticas públicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, pode-se destacar, primeiramente, a questão política e institucional. “O sistema político, Estado e sociedade civil nos países em desenvolvimento não estão articulados e nem funcionando de maneira apropriada” (OLIVEIRA, 2006 p. 280). Não somente as questões de cunho institucional e financeiro influenciam o sucesso ou o fracasso de uma política pública, conforme HÖFLING (2011, p. 39): O processo de definição de políticas públicas para uma sociedade reflete os conflitos de interesses, os arranjos feitos nas esferas de poder que perpassam as instituições do Estado e da sociedade como um todo. Um dos elementos importantes deste processo – hoje insistentemente incorporado na análise das políticas públicas – diz respeito aos fatores culturais, àqueles que historicamente vão construindo processos diferenciados de representações, de aceitação, de rejeição, de incorporação das conquistas sociais por parte de determinada sociedade. Com frequência, localiza-se aí procedente explicação quanto ao sucesso ou fracasso de uma política ou programas elaborados; e também quanto às diferentes soluções e padrão adotados para ações públicas de intervenção. Os instrumentos de políticas públicas dão estrutura e influenciam, determinam parcialmente quais recursos serão usados e por quem, permitem que formas de ação coletiva estabilizem e façam o comportamento dos atores ser mais previsível e provavelmente também mais visível. Deste ponto de vista, a escolha do instrumento é um tema político, pois estrutura o processo e seus resultados. Os instrumentos não são escolhas puramente técnicas e produzem efeitos específicos, independentemente de seus objetivos declarados. Os instrumentos estruturam as políticas públicas segundo suas lógicas inerentes. (Ollaik e Medeiros, 2011:1949). 3 MATERIAIS E MÉTODOS Os procedimentos utilizados na realização da pesquisa foram o método qualitativo, ou seja, dando destaque as vivências. E como técnica uma pesquisa documental onde se realizou uma investigação sobre a temática para adquirir saberes e assim realizar a construção deste paper. Entretanto também se realizou um levantamento bibliográfico com a leitura de livros, revistas, artigos, monografias, teses entre outros para que assim tivesse argumentos e entendimento para dar fundamentação à pesquisa. E após os dados colhidos foi realizada a descrição dos dados de acordo com o que estava sendoprojetados nos objetivos. Teve como objetivo geral conceituar o método de estudo e avaliar as abordagens metodológicas utilizadas na produção científica sobre casos de políticas públicas, a partir de uma análise dos artigos publicados em periódicos científicos brasileiros. Tem como objetivos específicos: levantar a produção científica em estudos de caso de políticas públicas no período de estudo nas revistas acadêmicas brasileiras; descrever os procedimentos metodológicos adotados nos estudos de caso. Inicialmente, realizou-se um levantamento sobre conceitos de estudo de caso, sua tipologia, procedimentos, aplicações e como deve ser feito o estudo de caso em políticas públicas. A partir da análise dos artigos podemos verificar as principais técnicas metodológicas usadas nos estudos de caso que analisam políticas públicas no Brasil. As abordagens de pesquisa são: qualitativa, quantitativa e mista. De maneira geral, conseguiu-se averiguar que a maior parte dos estudos de caso tem a abordagem de pesquisa qualitativa. Com relação às técnicas de coletas de dados foram utilizadas pesquisas documentais, pesquisas bibliográficas, história oral, observação, entrevistas e questionários. A maioria dos artigos analisados mencionou o uso de mais de uma técnica de coleta de dados, e não se observou nenhum caso em que os autores não descrevessem pelo menos uma técnica de coleta adotada para realização da pesquisa. As técnicas mais utilizadas são as pesquisas documentais e entrevistas. E, por fim, foram consideradas as seguintes técnicas de análise dos dados: análise estatística, análise de conteúdo, análise documental, análise de discurso e análise contextual. Em alguns artigos mais de uma técnica de análise de dados foi utilizada pelos autores, mas chama a atenção o fato de que menos da metade dos artigos analisados não descreveu qualquer procedimento de análise de dados. A análise de conteúdo foi a técnica mais utilizada. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em outras palavras, as Políticas Públicas são o resultado da interação entre os diversos grupos ou segmentos da sociedade que buscam defender ou garantir seus interesses. Tais interesses podem ser específicos, como a construção de uma estrada ou um sistema de captação das águas da chuva em determinada região, ou gerais, como demandas por segurança pública e melhores condições de saúde. É importante observar, que a existência de grupos e setores da sociedade apresentando reivindicações e demandas não significa que estas serão atendidas, pois antes disso é necessário que as reivindicações sejam reconhecidas e ganhem força ao ponto de chamar a atenção das autoridades do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. Em todas as vertentes do processo de formulação de políticas públicas, há a necessidade de planejamento das ações, seja por parte dos Governos, dos Estados e/ou dos agentes políticos envolvidos. Política pública pode ser compreendida, de modo geral, como um planejamento estratégico resultante de um processo decisório político voltado para o alcance de diferentes objetivos que envolvem diferentes eixos temáticos e que convergem para o atendimento do interesse coletivo. De acordo com Teixeira (2002), políticas públicas constituem diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público, incluindo regras e procedimentos para as relações entre aquele último e a sociedade. Disso decorre a importância de serem políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. Todo esse processo é estimulado por atos que representam as demandas, reivindicações de bens, serviços, novas normas, procedimentos éticos, direitos, obrigações, dentre outros de cada ator que pode ser público ou privado e geram conflitos. Esse momento diz respeito ao que se convencionou chamar de arena política, ou seja, momento em que os atores fazem alianças entre si e entram em disputa em função das preferências, das expectativas de resultados de cada alternativa para a solução de um problema (Rua, 2009). Os conflitos, por sua vez, vão sendo mediados através da criação e discussão de um plano, com o propósito de satisfazer as múltiplas pretensões colocadas por esses atores até o ponto em que ocorre a composição dessas resistências. Quando esse ponto é atingido, a política pública emerge. Segundo Araújo (2010), “o esforço de estimular a mobilização de agentes locais para construir objetivos comuns e montar projetos que ajudem a viabilizá-los conduzem a uma gestão participativa envolvendo, inclusive, os movimentos sociais. O que por sua vez, faz crescer o protagonismo local em muitos dos territórios.” Por isto, de acordo com essa lógica, a qualidade da relação entre diferentes grupos sociais, agentes de pesquisa e agentes públicos como também a difusão e a apreensão dos conhecimentos próximos da formação e métodos de análise das políticas públicas, conduzem uma maior participação da sociedade, na medida em que geram intervenções mais precisas e eficazes tanto sobre o resultado como sobre o conjunto de procedimentos que envolvem as ações, tornando o espaço das mediações entre Estado e sociedade civil cada vez mais fecundo ao atendimento sustentável da dignidade humana sobre diferentes perspectivas. 5 CONCLUSÃO O planejamento e as políticas públicas fundamentam as inter-relações entre Estado, Economia, Política e Sociedade, como uma ação dos governos por meio de programas que buscam produzir resultados e mudanças. Essas ações objetivam melhorias nas condições de vida da população, a promoção do bem estar social e do desenvolvimento. No entanto, na maioria das vezes, ficam restritas ao campo teórico, dos planos e projetos. Na prática, a realidade mostra que muitos dos objetivos traçados inicialmente, ao percorrerem todas as etapas previstas no processo, acabam por se perder ou mesmo deixam de fazer sentido quando efetivamente se deparam com a situação real. Além disso, os entraves burocráticos também acabam por engessar as atividades que permeiam toda e qualquer iniciativa de melhoria no campo das políticas públicas e planejamento. Somado a isso, os atores políticos, que são os tomadores de decisão, privilegiam interesses individuais em detrimento do bem da coletividade. Dessa forma, conclui-se que o planejamento governamental e as políticas públicas dos países em desenvolvimento esbarram justamente nos fatores que os classificam nessa condição: as questões econômicas (capacidade financeira), questões político-institucionais (inclui-se aqui a formação do Estado), a capacidade técnica de gestão, além de fatores culturais. Reconhecesse este trabalho como considerações preliminares sobre o planejamento e as políticas públicas. No entanto o tema tem potencial para estudos futuros mais aprofundados, como por exemplo, um comparativo com os países desenvolvidos. REFERÊNCIAS Araújo, Tânia Bacelar. Pensando o futuro das políticas de desenvolvimento territorial no Brasil. In: Miranda, C.; Tiburcio, Breno. (Org.). Políticas de desenvolvimento territorial rural no Brasil: avanços e desafios. Brasília: IICA, 2010. 197 – 217p. BACELAR, Tânia. As políticas Públicas no Brasil: heranças, tendências e desafios. Rio deJaneiro. Editora Fase, 2003. HÖFLING, Eloisa de Mattos. Estado e Políticas (públicas) Sociais. Cadernos Cedes, Campinas, p.30-41, nov. 2001. Disponível em: <http://scielo.br/pdf/ccedes/v21n55/5539>. Acesso em: 20 agosto 2019. OLLAIK, Leila G.; MEDEIROS, Janann J. Instrumentos governamentais: reflexões para uma agenda de pesquisas sobre implementação de políticas públicas no Brasil. Rev. Adm. Pública, v. 45, n. 6, p.1943-1967, nov./dez. 2011. OLIVEIRA, José Antônio Puppim de. Desafios do planejamento em políticas públicas: diferentes visões e práticas. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 1, n. 40, p.273-287, mar. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v40n2/v40n2a06.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. Políticas Públicas:conceitos e práticas / supervisão por Brenner Lopes e Jefferson Ney Amaral; coordenação de Ricardo Wahrendorff Caldas – Belo Horizonte : Sebrae/MG, 2008. 48 p. Rua, Maria das Graças. Políticas Públicas. Brasília: CAPES, 2009. 136p. Teixeira, Elenaldo Celso. O papel das políticas públicas no desenvolvimento local e na transformação da realidade, 2001. www.fit.br/home/link/texto/politicas_publicas.pdf. 08 out. 2013. 1 Nome dos acadêmicos 2 Nome do Professor tutor externo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I - dd/mm/aa ����