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Ciência Política A ORDEM PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 1 Sumário Introdução ...........................................................................................................................................2 Objetivos ..............................................................................................................................................2 1. A Ordem Pós-Segunda Guerra Mundial ...................................................................................2 1.1. Reflexões sobre a origem dos estados-nação .................................................................2 1.2. O papel das organizações internacionais ........................................................................3 1.3. O nacionalismo e o território ............................................................................................3 1.4. As nações, a questão da economia e o caráter nacional ................................................4 2. A natureza e o poder ...................................................................................................................5 2.1. A questão geográfica e os recursos naturais .........................................................................6 2.2. A Nova Ordem Mundial ............................................................................................................7 Exercícios .............................................................................................................................................8 Gabarito ...............................................................................................................................................9 Resumo ............................................................................................................................................. 10 2 Introdução Nessa aula, iremos abordar conceitos importantes para entender a reorganização política, econômica e social do mundo pós Segunda Guerra Mundial. Esse período foi marcado por transformações profundas nas relações entre os países. Diversos acordos militares e de paz foram realizados. Nesse sentido, exploramos o conceito de nação, a partir do advento da modernidade, para demonstrar como no período pós-guerra esse elemento é um fator importante para se compreender os arranjos políticos e ideológicos. Ainda com esse intuito debruçamos sobre o conceito de soberania. Discutimos a questão da natureza do poder e como o mesmo se relaciona com os assuntos da soberania de um estado-nação. Por fim, destacamos o contexto da nova ordem mundial, lançando luz sob as múltiplas transformações ocorridas nesse período. Objetivos • Discutir a reorganização política, econômica e social do mundo pós Segunda Guerra Mundial, tendo como base os conceitos de nação, soberania e poder. • Identificar transformações ocorridas no período conhecido como nova ordem mundial. 1. A Ordem Pós-Segunda Guerra Mundial 1.1. Reflexões sobre a origem dos estados-nação O Estado-nação tornou-se um sistema supremo na modernidade, diferente do que aconteceria a um século e meio atrás, período em que o mundo era constituído por fronteiras e terras sem proprietários, hoje não existe terra que não seja propriedade de algum Estado-nação. O tamanho significa poder para o Estados-nação, mas além disso, ele precisa possuir indivíduos que se relacionam diretamente e se afirmam a partir do reconhecimento oficial do Estado. Essa condição de dominação universal sobre a vida dos indivíduos possui alguns aspectos fundamentais que nos ajudam a compreender seu funcionamento. A soberania é um desses fundamentos, Jean Bodin foi o primeiro pensador a sistematizar esse conceito. Para ele, a soberania poderia ser atribuída a autoridade suprema do Estado sob seus cidadãos ou súditos. 3 O pensamento de Bodin sobre a soberania, em partes, é válido para se compreender a atualidade, pois o cidadão contemporâneo identifica a nação como instância superior e conferem a mesma o status de autoridade suprema. Contudo, nos dias vigentes o conceito de soberania carrega a ambiguidade entre a força e o enfraquecimento. Essa aparente contradição pode ser percebida na Europa Ocidental cuja integração política dos estados permitiu a ascensão de novas formas de organização supranacionais. Assim, se na Europa a ideia de soberania vivencia o enfraquecimento no continente asiático ocorre o movimento oposto. Se por um lado, os governos democráticos limitaram o poder do Estado por outro a soberania continua sendo essencial para o funcionamento do sistema de Estado-nação. 1.2. O papel das organizações internacionais Discutir e refletir sobre o mundo pós Segunda Guerra Mundial, exige problematizar a situação política, social e econômica dos países e os papéis assumidos pelos mesmos na nova dinâmica e organização vivenciada em todo mundo. O intelectual Ricardo Seitenfus aponta que no mundo contemporâneo é importante pensar sobre os impactos das organizações internacionais nas relações entre os países. De acordo com o autor a sociedade é organizada por regras que visam estabelecer e padronizar acontecimentos no âmbito nacional e internacional. Foi a partir de meados do século XIX que regras internacionais passaram a ser criadas como forma institucionalizada, tendo como objetivo facilitar a cooperação entre as potências europeias. As organizações internacionais contribuem para a harmonia e o diálogo entre os diferentes atores internacionais. Entretanto, é importante destacar que as organizações internacionais estão dentro do cenário jurídico internacional como atores secundários, uma vez que dependem da cooperação dos Estados. Para Seitenfus, o modelo de Estado sempre teve relevância na vida das sociedades ao longo da história, aquelas que não possuíam um Estado lutaram para construir seu. 1.3. O nacionalismo e o território Outro fundamento importante para compreensão do Estados-nação é o nacionalismo – percepção de determinados grupos que possuem trajetórias históricas e perspectivas de futuro comuns. 4 A perspectiva de futuro constitui como o elemento essencial do nacionalismo e para compreender esse fenômeno é necessário atentar-se para as relações que os indivíduos estabelecem e projetam no cenário da vida política. Um futuro desalentador abre margem para que os indivíduos busquem compensação emocional antevendo um futuro prospero para toda nação. Estudos sobre psicanálise e psicologia social compreendem essa identificação entre indivíduos e nação. Essa identificação pode ser positiva, contribuindo para formas de organização construtivas, mas também pode levar a nacionalismos exacerbados, tal como na Alemanha nazista. DICA Além da soberania e do nacionalismo, outro fundamento no sistema de Estados-nação é a base geográfica, ou seja, possuir um território próprio. As reflexões do teórico Ricardo Seitenfus apontam que o território é um fator primordial para as relações internacionais, ele proporciona sentido a existência de um Estado. Sendo assim, o território está relacionado diretamente com a construção de uma identidade nacional que, a partir dos elementos constitutivos desse território estabelece suas mais variadas relações com o mundo. 1.4. As nações, a questão da economia e o caráter nacional As características econômicas de uma nação são essenciais para a compreensãoda sua unidade e existência. As transformações ocorridas com o advento da tecnologia moderna e com a ampliação da produção exigiu a abertura de grandes impérios nacionais. O filme alemão “A Onda” (2008), dirigido por Dennis Gansel, aborda em sua trama a história de um professor contratado para dar aulas de autocracia. Devido à resistência de seus alunos, que não acreditavam na possibilidade de o nazismo eclodir outra vez na Alemanha, propõe um experimento para que os estudantes aprendam na prática os mecanismos de propagação do nazismo. 5 A partir dessa lógica econômica, era apenas questão de tempo para que a lógica produtiva extrapolasse os limites impostos pela delimitação territorial. Se por um lado, não podemos dizer que apenas as características econômicas são capazes de consolidar uma nação, por outro, podemos dizer que o desenvolvimento de tecnologia e a ampliação dos mercados colaboram para a construção de laços econômicos que ultrapassam as fronteiras nacionais. Outro ponto importante para a discussão referente ao funcionamento do Estado-nação, diz respeito ao conceito de “caráter nacional”. Esses termos estão ligados a diversidade dos padrões culturais e o fato dos mesmos serem marcados por estereótipos. Exemplo disso, são afirmações como: “brasileiro é apaixonado por futebol”, ou “norte-americano é materialista”. Contudo, é importante ressaltar que os padrões culturais variam até mesmo dentro de um país e que embora seja inegável a existência de padrões culturais nacionais, as bases que sustentam a ideia de uma unidade nacional se divergem de uma nação para outra. De maneira geral, o Estados-nação contemporâneo é definido a partir de uma unidade política soberana que possui uma identidade coletiva construída por meio da imagem de um passado e futuro comuns e uma população que habita o território delimitado e que reconhece um governo comum. 2. A natureza e o poder Definir a natureza do poder que um país exerce sob outro não é uma tarefa fácil. Isso porque o conceito de poder está ligado as potencialidades (que podem ser mensuradas) e aos fatores mais complexos de ordem psicológica. O fator psicológico constitui um aspecto relevante para mensurar o poder de uma nação, uma vez que esse poder está ligado ao que as outras nações pensam e sobre o que cada nação pensa de si mesma. Por isso, podemos dizer que o poder também é relacional, ou seja, as duas nações com potencialidades equivalentes estão em disputa, terão seus poderes praticamente nulos. Quando as potencialidades entre duas nações se encontram equilibradas, pode ocorrer, até mesmo, o desaparecimento do poder. As potencialidades não seguem a mesma lógica, assim em uma disputa entre duas nações que inicialmente apresentam potencialidades equilibradas até que uma das nações amplia as suas potencialidades e passa a exercer uma vantagem bem maior em termos de poder. 6 Importante considerar também a correlação de forças entre o poder e as potencialidades. Isso significa que uma nação com muito poder e potencialidades estaria mais disposta a enfrentar uma nação que apresente poucos recursos militares, do que enfrentar uma grande nação com forte aparato militar e amplas potencialidades. Nesse sentido, torna-se relevante pontuar que uma nação pequena e com baixas potencialidades, provavelmente, fará o possível para não se envolver em conflitos com nações mais poderosas. Mas em caso de conflito, o que define são as potencialidades de cada nação. 2.1. A questão geográfica e os recursos naturais Importante pontuar que a concepção de que a questão geográfica é um fator preponderante de poder está diminuindo, do que está ocorrendo desde o advento da era atômica que demonstrou a fragilidade do conceito de territorialidade. Se na primeira metade do século XX era possível conceber a posição geográfica como fator decisivo do poder de uma nação, tornando o próprio estudo da geopolítica como campo autônomo da ciência, é certo que esse determinismo não possui o mesmo peso após a Segunda Guerra Mundial. Os recursos naturais também servem para medir o poder de uma nação. Mas é importante frisar, que ter amplos recursos naturais a disposição, não é decisivo para se pensar o poder de uma nação, uma vez que isso dependerá do uso dado a esses recursos. Essa relação entre o poder de uma nação e o uso de suas matérias-primas está ligado ao seu desenvolvimento econômico e industrial. Foi assim que os Aliados venceram a Segunda Guerra Mundial, além de possuírem as matérias-primas essenciais ainda contavam com um forte aparato industrial e tecnológico. No período pós - Segunda Guerra, a ideia de uma economia industrial forte ganhou ainda mais espaço para se pensar a determinação do poder das nações. Estados Unidos e União Soviética se valeram do poder industrial e tecnológico para influenciar outras nações do mundo durante a Guerra Fria. Através da ajuda e assistência, esses países conseguiram fazer com que outras nações se alinhassem as suas políticas e interesses. Isso explica, em parte, o poder norte-americano e soviético em relação aos outros países nesse período. A energia atômica foi utilizada pelos EUA e União Soviética, tanto no Ocidente quanto no Oriente como meio de conseguir aliados. Algumas nações tiveram o respaldo da disputa política, econômica e ideológica para desenvolverem armas nucleares. 7 A ideia de desenvolvimento industrial como fator determinante do poder de uma nação tende a diminuir. Uma nação pequena, sem grandes recursos financeiros, pode utilizar de sua força militar (armas nucleares) em algum conflito internacional, equiparando-se ou até mesmo sobrepondo alguma potência. 2.2. A Nova Ordem Mundial Na Conferência de Yalta, os líderes das principais potências do mundo (Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética) se reuniram em 1945 para discutir a redefinição do mapa europeu estabelecendo a nova ordem mundial. Para Ricardo Seitenfus, a Conferência de Yalta é um evento relevante para compreender o estabelecimento de organismos internacionais envolvidos na mediação de conflitos e acordos entre os diversos Estados do mundo. Líderes capitalistas norte-americanos e de outras partes do mundo temiam que a crise europeia conduzisse as sociedades ao socialismo. O Partido Trabalhista da Inglaterra, por exemplo, contava com um grande número de socialistas que haviam vencido as eleições de 1945, razão pela qual Churchill perdeu seu cargo de primeiro ministro da Inglaterra. Nesse contexto, aparece a Doutrina Truman, que preconizava a defesa do capitalismo e da democracia pelos Estados Unidos contra qualquer ameaça comunista essa política foi idealizada e colocada em prática durante o governo estadunidense de Harry Truman. Em 1947 a Doutrina Truman lançou o chamado Plano Marshall, que tinha como objetivo destinar recursos financeiros para acelerar a recuperação econômica dos países capitalistas ocidentais. FIQUE ATENTO! Em 1945, com o objetivo de manter a paz entre as nações, foi criada a Organização das Nações Unidas. Os princípios básicos que rege a carta foram Formulada em 1947, a Doutrina Truman, estabelecia que o comunismo devia ser combatido a qualquer custo em todo mundo. A política externa norte americana buscou mapear os possíveis países “ameaçados” pela União Soviética. O objetivo era expurgar o comunismo nem que fosse por meio de uma intervenção militar. 8 assinados na época por representantes de 51 países eles visam estabelecer a manutenção da paz, da segurança internacionale a cooperação entre os países e as relações amistosas entre as nações. A chamada nova ordem mundial também foi marcada pelo enfrentamento político e ideológico entre Estados Unidos e União Soviética na chamada Guerra Fria na qual as duas nações disputavam áreas de influência. Da rivalidade entre as nações emerge dois grandes blocos antagônico formado por nações inimigas, que tratavam de aumentar suas forças formando alianças militares supranacionais e investindo na corrida nuclear armamentista. Exemplo dessa situação foi a criação de alianças militares, como por exemplo, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que era uma aliança militar entre EUA e países da Europa Ocidental. Em resposta à essa aliança, os governos socialistas da Europa Oriental, também resolveram criar uma aliança militar de ajuda mútua, conhecida como Pacto de Varsóvia. Essa disputa foi responsável pelo desenvolvimento de diversas armas nucleares. A possibilidade de uma terceira guerra mundial deu origem a diversos movimentos pacifistas pelo mundo. Exercícios 1. Com o advento da modernidade o estado-nação tornou um sistema hegemônico e domina de modo universal a vida dos indivíduos. São aspectos fundamentais para se compreender o funcionamento e organização desses estados, tais como: a) Soberania e posse de territórios em outras regiões do mundo. b) Soberania e nacionalismo. c) Território e ideologia. d) Aparato militar e ideologia. 2. O nacionalismo é um elemento fundamental para a compreensão do desenvolvimento e legitimidade dos estados nação. Sobre esse aspecto, assinale a alternativa correta. a) De acordo com estudos da psicanálise e psicologia social, o nacionalismo é um elemento maléfico, pois, geralmente, leva a nacionalismo exacerbados. b) A perspectiva que os indivíduos de determinada nação têm do futuro é um elemento essencial do nacionalismo. 9 c) Possuir trajetórias comuns não pode ser compreendido como elemento definidor do conceito de nacionalismo. d) As percepções de futuro que os indivíduos têm não se relacionam com as expectativas de futuro que projetam para toda nação. 3. Nos anos pós Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética, tornaram-se as nações mais poderosas do mundo. O clima de disputa e hostilidade entre essas duas nações marcaram a segunda metade do século. Considere as seguintes assertivas: I. A disputa por áreas de influência entre Estados Unidos e União Soviética levou esses países a chamada corrida armamentista. II. O Pacto de Varsóvia foi uma aliança militar entre os governos socialistas da Europa Oriental. III. O período conhecido como Guerra Fria (1945 -1989) foi marcado pela hegemonia militar e tecnológica norte-americana em todo mundo. Considere as assertivas, a seguir, e assinale a alternativa que apresenta a resposta correta: a) Apenas a assertiva II está correta. b) Apenas a assertiva III está correta. c) As assertivas I e III estão corretas. d) As assertivas I e II estão corretas. Gabarito 1. A resposta correta é a letra B. Soberania e nacionalismo são elementos fundamentais para compreensão dos estados-nação. 2. A resposta correta é a letra D. Um dos elementos mais importantes do nacionalismo diz respeito as perspectivas que os indivíduos de determinada nação têm do futuro. 3. A resposta correta é a letra D. A corrida armamentista é um aspecto importante para se pensar as disputas entre Estados Unidos e União Soviética. Nesse período, as alianças militares entre países que apoiavam a União Soviética e os que apoiavam os Estados Unidos fizeram parte do enredo de ampliação das áreas de influência das respectivas nações. 10 Resumo Pensar a organização política, econômica, social e cultural do mundo pós- Segunda Guerra Mundial é uma tarefa relevante para compreendermos as transformações e as relações entre os países que formam o mundo. Um ponto importante nessa reflexão está ligado a complexidade do conceito de Estado-Nação. Com o advento da modernidade se tornou um sistema hegemônico de domínio político sob a vida de todos os indivíduos. Entender o funcionamento desse sistema exige levar em conta aspectos que a ele se relacionam ao Estado-Nação tais como o conceito de soberania, o Estado moderno é a instância máxima de poder e todos os indivíduos, em maior ou menor grau, tem suas existências marcadas por uma identidade nacional. Essa situação nos remete a questão do nacionalismo e da territorialidade. O nacionalismo está ligado a trajetórias comuns de determinados grupos sociais. Essa identidade é fomentada a partir das perspectivas individuais de futuro que as pessoas de determinado grupo projetam para o futuro da nação. Em relação a questão territorial, é importante frisar que ter nascido em determinado território, por si só, não explica o sentimento de identidade nacional. Nas últimas décadas o desenvolvimento tecnológico e a ampliação dos mercados vêm colaborando para relações entre as nações que extrapolam os limites territoriais. No contexto da Guerra Fria (1945 -1989), Estados Unidos e União Soviética tornaram-se as nações mais poderosas do mundo. O clima de rivalidade entre esses dois países gera dois grandes blocos de influência política, econômica, social e ideológica. Diversas alianças militares de ajuda mútua foram criadas. Nesse contexto, ambas buscavam parcerias econômicas e políticas para garantirem seus interesses e poderes. 11 Referências bibliográficas STOESSINGER, J. G. O poder das nações: a política internacional de nosso tempo. São Paulo: Cultrix: 1978.
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