Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Projeto de Produto – QFD – Parte 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia da Produção Disciplina Projeto de Produto, QFD, FMEA e DoE Tema Projeto de Produto – QFD – parte 1 Professor Dr. Egon Walter Wildauer Introdução Os processos de Gestão de Produtos envolvem uma série de elementos que compõe a produção de bens (sejam eles produtos ou serviços). Com esse foco iremos estudar o que é um produto, o que é um serviço, bem como apresentar e estudar o ciclo de vida do produto. Com essas bases, você estudará o projeto de um bem, diferenciando, por meio de suas características, um produto de um serviço de modo que, ao decorrer da disciplina, serão apresentadas e estudadas também as características da qualidade. Para isso, serão apresentados os elementos que formam a qualidade dos produtos/serviços e as ferramentas que ajudam a incrementar o grau de qualidade, sendo eles o QFD, o FMEA e o DoE. Nesta primeira parte focaremos o estudo no QFD, abordando também a pesquisa e desenvolvimento de bens, o projeto de processos, o ciclo de vida de um produto, as dimensões da qualidade e os processos para captar e converter a voz do cliente, com a ajuda do desdobramento de cena, do diagrama de afinidades e das tabelas da qualidade. Boa aula! Problematização Você foi colocado como líder de uma equipe que necessita estudar e apresentar um novo produto para o mercado de eletrodomésticos portáteis. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Determinaram que você deveria trabalhar com uma equipe interdisciplinar, composta por Gerentes de RH, de Produção, de Engenharia e de Processos, e logo percebeu que se tratava do desenvolvimento de um novo tipo de Ferro Elétrico de Passar Roupas. Esse é um dos equipamentos que faz parte do segmento de mercado em que a empresa é forte e ela está expandindo sua produção para a América Latina. O desafio, apresentado a você e à equipe, é o de desenvolver esse produto, bem como seu potencial de qualidade, de forma que não haja reclamações ou recall’s por parte dos futuros clientes. Além disso, exigiu-se que a produção desse Ferro Elétrico Portátil fosse a mais barata possível e que agregasse o máximo de funcionalidades que os produtos dos concorrentes oferecem. Assim, em uma reunião com todos os envolvidos no processo e futuros clientes, você percebeu que deverá contemplar todos os requisitos e solicitações necessárias dos clientes e, também, todos os requisitos funcionais que os concorrentes apresentam em seus produtos. Nessa situação é conveniente se perguntar: O que você faria para gerenciar esse processo de produção de um 1. novo produto? Como iria mapear as funcionalidades e os requisitos técnicos do novo 2. produto? Qual seria a sua conduta frente às ferramentas de qualidade 3. disponíveis no mercado, uma vez que a concorrência também estuda um produto similar para competir com o seu? Você não precisa responder agora! Realize seus estudos dos temas 1, 2 e 3 e nesse último você poderá escolher a melhor alternativa para a situação apresentada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Desenvolvimento de produtos Para definir o processo de desenvolvimento de um novo produto, é preciso ter conhecimentos da gestão dos processos que envolvem essa atividade. Da mesma forma, para atender ao que o Comitê Gestor da sua empresa deseja, o produto chamado Ferro Elétrico Portátil, você precisará estudar sobre a gestão de processos e pesquisar as ferramentas que lhe ajudariam a desenvolvê-lo em termos de especificações econômicas, funcionais, técnicas e ergonômicas. É por isso que você estudará aqui o QFD - Quality Funciton Deployment. Essa ferramenta lhe ajudará a definir as especificações técnicas e funcionais do seu equipamento para que ele tenha características que façam frente ao dos concorrentes. Sobre o assunto gestão de processos, acesse o site da CRYO Technologies ou assista à sequência de vídeos disponíveis no YouTube, e busque mais informações: https://www.youtube.com/watch?v=C-O0CkxFjV4 No site da SmartDraw, veja o que a empresa apresenta como novo produto para auxiliar gestores a desenvolver produtos: http://blog.smartdraw.com/lean-startup-right-strategy-fools-gold Engenharia de produtos e o QFD A engenharia de qualquer produto inicia-se pela ideia teórica sobre o produto que se deseja desenvolver. Nesse sentido define-se o produto que, para Michaelis (2000), é aquilo que é produzido, sendo o resultado ou rendimento útil do trabalho físico ou intelectual. Para Kolter (2000), “um produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo”. Kotler (2000) ainda afirma que “os produtos comercializados incluem Pesquisar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias.” Ao passo que Martins e Laugeni (2005) afirmam que “produto é o resultado dos sistemas produtivos, podendo ser um bem manufaturado, um serviço ou uma informação”. Caso tenha interesse em estudar Philip Kotler, procure ler os livros: KOTLER, P. Marketing de A a Z: 80 Conceitos que Todo Profissional Deve Saber. Rio de Janeiro: Campus, 2003. KOTLER, P.; REIN, I.; HAIDER, D. H.; GERTNER, D. Marketing de Lugares. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2005. KOTLER, P.; SHIELDS, B.; REIN, I. Marketing Esportivo. Porto Alegre: Bookman Companhia, 2007. KOTLER, P. Marketing Essencial: Conceitos Estratégias e Casos. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2004. KOTLER, P.; BES, F. T. de. Marketing Lateral. Rio de Janeiro: Campus, 2004. KOTLER, P. O Marketing sem Segredos. Porto Alegre: Bookman Companhia, 2005. KOTLER, P.; SIMON, F. Construção de Biomarcas Globais: Levando a Biotecnologia ao Mercado. São Paulo: Bookman Companhia, 2004. KOTLER, P.; REIN, I. J.; STOLLER, M. Marketing de Alta Visibilidade. São Paulo: Makron, 1999. KOTLER, P. Marketing em Ação. Rio de Janeiro: Campus, 2002. KOTLER, P.; BLOOM, P. N.; HAYES, T. Marketing de Serviços Profissionais. São Paulo: Manole, 2002. KOTLER, P.; FOX, K. F. A. Marketing Estratégico para Instituições Educacionais. São Paulo: Atlas, 1998. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 KOTLER, P. Marketing para o século XXI. São Paulo: Ediouro, 2008). Seguindo o ciclo de vida de um produto, há um gasto de tempo e recursos (financeiros, pessoas, processos, materiais, entre outros) na fase inicial de pesquisa e desenvolvimento. Sendo definidas as diretrizes para a concepção do produto (e/ou serviço), dá-se o início da primeira fase do ciclo, conhecida como introdução. É na fase da introdução que o produto (ou serviço) é disponibilizado no mercado, havendo euforia pela novidade e uma grande procura, de forma que se segue para a próxima fase que é o crescimento. As vendas aumentam, culminando com uma estabilidade, ou maturidade, e, ao longo do tempo, com a perda do poder de vendas, há a fase final do ciclo que é o declínio. Nesse ponto o produto (ou serviço) entra em desuso e acaba por sucumbir no mercado (a Figura a seguir resume esse parágrafo): Figura 1 – Ciclo de vida do produto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Nesse sentido, a engenharia de produto faz com que todos os gerentes de produção sejam projetistas. Suas decisões afetam e formam o processo, influenciando o projeto dos produtos e serviços.Figura 2 – Projeto de produtos e serviços e projeto de processos No projeto de produtos e serviços há uma sequência de processos a serem observados: Um gerente deve absorver o conceito que vai gerar a necessidade, de forma a identificar as características que importam para conceber um projeto preliminar que será avaliado e melhorado (é onde o QFD e o FMEA contribuem para aprimorar a qualidade do produto e/ou serviço) de modo que é possível apresentar um protótipo para culminar em um produto final. Assim, o projeto dos processos engloba uma rede de processos que definem o projeto do trabalho, em um arranjo físico e de fluxo dos elementos que o envolvem, agregando a tecnologia dos processos em rede. Resumindo: o projeto do produto é o estabelecimento das características distintivas de um bem ou serviço oferecido ao mercado que traduz para o cliente um conceito e para a organização um diferencial competitivo (SELEME, 2008). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Para saber mais sobre as características dos produtos e dos serviços leia o livro do Prof. Robson Seleme (2008), que explica a forma de se entender quais são as características de um produto, as características de um serviço e no que diferem: a. Um produto possui as características de ser: tangível; pode ser estocado; a produção precede o consumo; baixo nível de contato com o consumidor; pode ser transportado; a qualidade é evidente. b. Um serviço possui as características de ser: intangível; não pode ser estocado; a produção e o consumo são simultâneos; alto nível de contato com o consumidor; não pode ser transportado; a avaliação da qualidade é subjetiva, seja pela atmosfera ou pelo atendimento (gentileza ou segurança). Tanto para os produtos e para serviços, as dimensões da qualidade devem ser observadas, sendo as principais as evidenciadas por Garvin: desempenho; 1. características; 2. confiabilidade; 3. conformidade; 4. durabilidade; 5. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 manutenção; 6. estética; 7. qualidade percebida. 8. Ou pelas características que evidenciam a qualidade para os consumidores, sendo mais facilmente verificados nos serviços: preço; 1. prazo; 2. confiabilidade; 3. responsividade; 4. segurança; 5. empatia; 6. apresentar resultados tangíveis. 7. (Vídeo disponível no material on-line) Captar a voz do cliente A melhor forma de capturar essa “voz do cliente” é através da realização de Pesquisas de mercado, obtendo dados primários através de: questionários com o cliente; entrevistas com o cliente: o individuais; o em grupo. observação do comportamento do cliente; obtenção de dados governamentais, publicações, informações internas, conhecidos por serem dados secundários; bom planejamento estratégico baseado nos fatores estratégicos: o necessidades do cliente; o demanda de mercado; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 o concepção do produto; o serviço para satisfazer o cliente. Figura 3 – Fluxo da captura da voz do cliente. Convertendo a voz do cliente Uma forma de se converter a voz do cliente em fatores estratégicos para conceber produtos é utilizar o método do desdobramento de cenas, que se baseia em ouvir e capturar a voz do cliente por meio de um processo que pode ser descrito nos seguintes passos: Criar um grupo de Desenvolvimento do Produto que possa visualizar 1. cenas possíveis de uso do produto fazendo as perguntas: o Quem? o Onde? o Quando? o Como? o Por quê? o No caso de uma mudança de cena: e se? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Obter os dados dos clientes em potencial em diversas situações de 2. uso dos produtos (as perguntas no contexto certo). Os itens exigidos para o desenvolvimento do produto a serem 3. observados são: a. qualidade exigida por parte dos clientes; b. prazos (cronograma); c. preço; d. falhas; e. funções; f. e outros elementos que compõe as características do produto, do serviço e que contemplem as dimensões da qualidade (apresentadas por Galvin). A Figura 4 sintetiza esse pensamento: Figura 4 – Convertendo dados em situações de uso ao questionário/observação (Vídeo disponível no material on-line) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Produto para análise Para exemplificar a aplicação do QFD, vamos voltar ao caso inicial, em que a Companhia em que trabalhamos está solicitando o desenvolvimento de um novo produto: um novo Ferro Elétrico de passar roupas portátil, que seja leve e fácil de carregar em viagens. Imagine que a Figura 5 seja o produto idealizado. Figura 5 – Ferro Elétrico portátil a ser desenvolvido, em comparação a um produto considerado fora de uso Desdobramento de cena da qualidade exigida Para que seja possível ouvir a voz do cliente e capturar as características desejáveis ao desenvolvimento do novo produto, obtenha os dados originais, ou seja, o que os clientes apresentaram inicialmente como sendo os elementos essenciais e necessários para que o produto tenha aceitação no mercado. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Diante desse primeiro cenário, aplique, juntamente com a equipe de Desenvolvimento do Produto, as perguntas essenciais para decompor as “exigências” dos clientes de forma a traduzi-las em itens exigidos, ou seja, necessidades exigidas que se tornarão qualidade exigida. A Figura 6 exemplifica esse modelo: Figura 6 – Desdobramento de Cena para o Ferro de passar portátil Diagrama de afinidades O uso do diagrama de afinidades pode ajudar a equipe de Desenvolvimento do Produto a agregar as características essenciais de forma a traduzir os elementos mais frequentemente apresentados pelos clientes. Os passos a serem seguidos para construir um diagrama de afinidades são: 1º. Passo - Escrever os itens de qualidade exigida em cartões; 2º. Passo - Formar grupos com conteúdo similar; 3º. Passo - Criar títulos que representem os grupos e manter os itens de qualidade iniciais agrupados; 4º. Passo - Repetir os passos 2º e 3º para os grupos criados (formar novos grupos); CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 5º. Passo - Repetir os passos 2º e 3º para os novos grupos criados (formar novos grupos) até que não existam mais ideias ao fim. A Figura 7 mostra graficamente os passos descritos: Figura 7 – Passos para definir o Diagrama de Afinidades de características do Produto Ao estabelecer os níveis de afinidades até a definição das reais necessidades, a equipe de DP procura similaridades entre os desejos (necessidades) capturados até chegar ao nível em que não se tenha mais conteúdos similares. Os níveis de decomposição das necessidades (requisitos e exigências) dependem do produto e/ou serviço, como exemplificado na Figura 8. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Figura 8 – Exemplo de níveis para visualizar o Desdobramento das Necessidades. Tabelas de qualidade O resultado, apresentado nas Tabelas da Qualidade Exigida para o produto, pode ser definido: para um cliente final; 1. por meio de especificações prévias: 2. o em que o cliente especifica detalhadamente as características (deve-se estabelecer o porquê de cada uma delas – sua função ou finalidade). ou para clientes intermediários:3. o em que sugere-se criar uma tabela para cada nível de intermediário. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Material de apoio Como material de apoio e site para consulta, com mais informações sobre o QFD, há um tutorial que é disponibilizado sobre QFD na internet e que pode ser acessado no endereço: http://www.webducate.net/QFD/QFD.html Algumas outras referências sobre o QFD podem ser as seguintes: a. QFD Institute - Instituto formado em 1993 para divulgar o QFD e que tem no seu corpo diretor nomes de peso na área como Don Clausing: www.QFDi.org b. QFD from the perspective of competitive advantage - Informações sobre QFD e técnicas correlatas, disponível em: http://mijuno.larc.nasa.org/dfc/QFD.html c. QFD na bibliografia sobre engenharia de software - Referências bibliográficas sobre aplicação de QFD na área de Engenharia de Software. Alguns sites na internet também lhe ajudarão a ter um direcionamento ao QFD, sendo eles: In-house QFD Green Belt® training In-house QFD Black Belt® training Executive Overview In-house QFD Gold Belt® In-house QFD Master Black Belt® training Também existem alguns eventos que você pode participar: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 a. International Symposium on Quality Function Deployment; b. Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto. Como software de apoio para construção do QFD, podemos citar o NIMBA (www.nimba.com) e o ASIQS (http://www.asiqs.co.uk/QFDdes.htm). Você também pode procurar orientações especializadas no Instituto QFD, que pode lhe ajudar em seus projetos e de sua organização, o contato é nos Estados Unidos pelo telefone +1 734-995-0847 (M-F 9am–5pm US Eastern), ou pelo site: http://www.QFDi.org/inquery1form.html. Experimente, também, acessar o site do Portal do Conhecimento, que apresenta um conteúdo indexado sobre cada elemento do QFD, ajudando-lhe a entender e compreender essa ferramenta: http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/10294 Síntese Nesse tema, estudamos o conceito inicial de QFD, sua origem, seus elementos e os processos necessários para sua elaboração. Verificamos que esses são processos simples, mas que exigem atenção à voz do cliente, aos parâmetros do produto, ou do serviço, em termos técnicos e em termos de análise dos concorrentes, de forma a satisfazer os requisitos de qualidade solicitada pelos seus futuros usuários. Referências CHENG, L. C. (1995). QFD: planejamento da qualidade. Belo Horizonte: UFMG/Fundação Christiano Ottoni, 1995. (Disponível na biblioteca da FEA). CLAUSING, D. (1994). Total quality development: a step by step guide to world class concurrent engineering. New York: ASME press, 1994. OHFUJI, T.; MICHITERU, O; AKAO, Y. Método de desdobramento da qualidade (1): elaboração e exercício da matriz da qualidade. Belo Horizonte: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Escola de Engenharia da UFMG, 1997. (Manual de aplicação do desdobramento da função da qualidade, v. 1, disponível na biblioteca da EESC - USP). OHFUJI, T.; MICHITERU, O; AKAO, Y. (). Método de desdobramento da qualidade (1): elaboração e exercício da matriz da qualidade. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1997. (Manual de aplicação do desdobramento da função da qualidade, v. 2, disponível na biblioteca da EESC - USP). WHEELWRIGHT, S. C.; CLARK, K. B. Revolutionizing Product Development. New York: The Free Press, 1992. Atividades Um produto ou um serviço possuem determinadas características que os 1. diferem. Em se tratando de um produto, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa que corresponde às características de um produto: I. Ser tangível e poder ser estocado. II. A produção precede o consumo. III. Possui baixo nível de contato com o consumidor. IV. Pode ser transportado e a qualidade do produto é muito evidente. Assinale a alternativa que melhor corresponde às características de um produto: a. As afirmativas I e II estão corretas. b. As afirmativas I, II e III estão corretas. c. As afirmativas II, III e IV estão corretas. d. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Em se tratando de um Serviço, analise as afirmativas abaixo e assinale a 2. alternativa que corresponde às características de um serviço: I. Ser intangível e não poder ser estocado. II. A produção e o consumo são simultâneos. III. Exige um baixo nível de contato com o consumidor e possuir possibilidade de ser transportado. IV. A avaliação da qualidade é subjetiva, seja pela atmosfera, pelo atendimento, gentileza ou segurança. Assinale a alternativa que melhor corresponde às características de um Serviço: a. As afirmativas I e II estão corretas. b. As afirmativas II e III estão corretas c. As afirmativas I, II e IV estão corretas. d. As afirmativas II, III e IV estão corretas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Projeto de Produto – QFD – Parte 2 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia da Produção Disciplina Projeto de Produto, QFD, FMEA e DoE Tema Projeto de Produto – QFD – PARTE 2 Professor Dr. Egon Walter Wildauer Introdução Você já conheceu, na primeira parte, os conceitos e a função do QFD, agora aprofundaremos esse conhecimento e mostraremos como transformar os requisitos de qualidade que foram captados, a partir da captação da voz do cliente e do desdobramento da qualidade exigida, em qualidade planejada. QFD e a qualidade planejada (Vídeo disponível no material on-line) Para continuar o estudo do QFD - Quality Funciton Deployment, que traduzido significa Desdobramento da Função Qualidade -, vamos procurar entender o conceito de QFD que, de acordo com seu precursor Sr. Yoji Akao, é: “A metodologia é uma conversão das demandas dos consumidores em características de qualidade, desenvolvendo uma qualidade de projeto para o produto acabado pelos relacionamentos desdobrados sistematicamente entre as demandas e as características, começando com a qualidade de cada componente funcional e estendendo o desdobramento para a qualidade de cada parte e processo. Assim, a qualidade do produto como um todo será gerada através de uma rede de relacionamentos...” (AKAO, 1990). Para saber mais, leia o artigo Aplicação de QFD Integrando o Modelo de Akao, que explica a aplicação do QFD sob a ótica de Akao: http://www.scielo.br/pdf/gp/v5n3/a05v5n3 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 A técnica de Yoji Akao sofreu algumas adaptações ao longo do tempo, havendo, portanto, algumas variações da matriz QFD, a saber: “QFD das Quatro Fases”, foi criada por Macabe, Don Clausing e pela American Supplier Institute (EUA); “QFD – Estendido”, criado por Don Clausing a partir da versão anterior; “QFD das Quatro Ênfases”, criado por Akao e Mizuno a partir da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers); “A Matriz das Matrizes”, criada por Bob King, é uma extensão da versão anterior. Nesse sentido, o QFD é então uma ferramenta de o PLANEJAMENTO o COMUNICAÇÃO o DOCUMENTAÇÃO ...do desenvolvimento de novos produtos e de melhorias aos produtos existentes! O QFD permite à equipe da empresa: Visualizar dados e informações sobre o produto e/ou serviço e determinar os seus relacionamentos (entre as informações do produto e/ou do serviço), podendo ser utilizado, por exemplo, na especificação do projetoPDP, fruto das necessidades dos interessados. Um dos resultados possíveis ao utilizar QFD é a obtenção de vantagens, principalmente no que diz respeito a: agregar valor ao produto, por satisfazer às necessidades do cliente, durante o desenvolvimento; permitir um Deliver Quality antes/durante o projeto do produto (Delivery Quality diz respeito à entrega da qualidade); CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 permitir identificar modificações necessárias frente aos custos; reduzir modificações no projeto do produto/serviço; reduzir custos de garantia do produto/serviço; proporcionar a criação da “Base de Conhecimento” sobre produtos/serviços; captar a voz do cliente, que é adicionada no processo de desenvolvimento da qualidade do produto e/ou serviço. Outra pergunta que você pode estar se fazendo é: por que usar QFD? A resposta é muito simples, porque ela proporciona: melhoria no desenvolvimento de produtos; 1. aumento da satisfação do cliente; 2. aumento do faturamento e lucratividade; 3. redução do tempo de desenvolvimento; 4. melhor capacitação dos funcionários; 5. aumento da participação no mercado; 6. aumento do diferencial competitivo; 7. aumento da capacidade tecnológica; 8. melhoria no controle de produtos. 9. Ao utilizar o QFD e captar a voz do cliente, você estará agregando ao seu produto e/ou serviço uma vantagem competitiva. Isso acontece porque a voz de seus clientes apresenta as diferentes necessidades e expectativas que devem ser satisfeitas pelo produto e/ou serviço, de forma que ele(a) tenha sucesso ($$). Lembre-se que a vantagem competitiva é dada ao competidor que melhor atender às necessidades e expectativas do cliente! Por quê? Porque a vantagem competitiva: incorpora a qualidade no produto/serviço; 1. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 incorpora a qualidade no processo de desenvolvimento do 2. produto/serviço. Para saber mais sobre vantagem competitiva, leia o artigo Fontes de Obtenção de Vantagem Competitiva no Ceará, que trata da vantagem competitiva em empresas da indústria Têxtil e de Calçados do Ceará. Esse texto lhe ajudará a entender o que é e como funcionam os elementos da vantagem competitiva: http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1330 Para aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre vantagem competitiva, leia o artigo Vantagem competitiva: uma releitura teórica de Porter, que apresenta uma releitura teórica de Porter para o entendimento das estratégias empresariais utilizadas pelas organizações: http://www.convibra.com.br/upload/paper/adm/adm_2472.pdf] A seguir apresentamos alguns dos resultados de quando se aplica o QFD: melhoria contínua da qualidade; 1. aumento da funcionalidade e do valor agregado aos produtos e 2. serviços; redução dos custos de projeto e fabricação em até 50%; 3. redução do tempo de desenvolvimento em média de 30%. 4. O QFD é desenvolvido e aplicado por meio de quatro matrizes, sendo elas: 1ª. Matriz a dos requisitos do produto/serviço fornecido pelo consumidor x técnicos da nossa empresa; 2ª. Matriz a dos requisitos técnicos apresentados por parte da nossa empresa x partes envolvidas no processo; 3ª. Matriz a dos requisitos das partes envolvidas x os processos da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 empresa; 4ª. Matriz a dos requisitos dos processos da nossa empresa x métodos de controle que poderemos desenvolver para que o produto/serviço seja desenvolvido e entregue com a qualidade desejada. Nesse ponto surge então a pergunta: Como aplicar e desenvolver o QFD? A resposta é simples: Inicie o processo ouvindo o cliente, captando a voz do cliente, e, após isso, você terá em mãos os requisitos do cliente, fruto das suas anotações. Desdobre a cena que se apresentou nesses requisitos e realize uma pesquisa de mercado (pode ser mediante a aplicação de um questionário ou a utilização da técnica de observação, entre outras existentes). A seguir, mapeie as necessidades e as exigências dos clientes em uma planilha de dados que permita desenvolver um conjunto de informações para corretamente identificar as características, necessidades e exigências (dos clientes), que você vai interpretar e tratar como sendo os elementos de qualidade exigidos. Dessa forma, você terá condições de apresentar um resultado final que comprove: as funções exigidas; o preço exigido; a qualidade exigida; o uso exigido. Um exemplo que podemos utilizar é apresentado na Figura 1 que mostra a aplicação do QFD para um novo produto chamado Projetor de Imagem. Você deverá obter os dados originais obtidos do cliente (mediante questionário ou que você obteve mediante técnicas de observação), que foram traduzidos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 em cenas e interpretados por você e por sua equipe de TD (tabela de desdobramento) em itens exigidos, e, a partir de então, traduzi-los (essas informações) em qualidade exigida. Figura 1 – Tabela de desdobramento da qualidade a partir da cena para o QFD. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 No mesmo sentido, podemos então “montar” um template padrão, ou seja, um formulário padrão para aplicação da tabela de desdobramento, conforme ilustrado e apresentado na Figura 2, a seguir: Mas e depois? O que acontece depois? É necessário que se construa a TD para que se tenha uma matriz de qualidade, é o que sugere a Figura 3 a seguir: Figura 2 – Níveis do desdobramento de cena para compor a tabela de desdobramento da qualidade, passo inicial ao QFD. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Então, por exemplo, para iniciar o processo de QFD de produto/serviço, pense em: desenvolver o questionário para ser aplicado ao público alvo: cliente 1. e consumidor; aplicar o questionário; 2. coletar resultados para desenvolver a tabela de desdobramento da 3. qualidade exigida (uso do desdobramento de cena); classificar os elementos de qualidade: linear, compulsória ou atrativa; 4. apresentar a proposta de requisitos do produto/serviço; 5. apresentar a escala da matriz de relacionamento (-5... +5); 6. apresentar a escala de importância nos requisitos; 7. tabelar (quantificar) os resultados; 8. analisar e apresentar os resultados. 9. Então, para obter, a partir da qualidade exigida (aquilo que o cliente quer, deseja e necessita), a qualidade planejada (aquilo que nossa empresa deverá desenvolver, apresentar) devemos focar nossos esforços em apresentar a matriz da qualidade (como descrito na Figura 1). Tabela de desdobramento da qualidade exigida Casa da qualidade (matriz) Figura 3 – Saindo da TD em direção à matriz (casa) da qualidade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Síntese Nesta segunda parte de nossos estudos sobre o QFD avançamos nos conceitos envolvidos, conhecendo as matrizes, resultados e motivações para utilização dessa ferramenta, e mostramos como derivar a qualidade planejada a partir da tabela de desdobramentos da qualidade exigida. Atividades Segundo Akao (1990), o QFD - Quality Function Deployment - pode ser 1. definido como sendo uma metodologia de conversão das demandas dos consumidores em características de qualidade. Ele desenvolve uma qualidade de projeto para o produto acabado através dos relacionamentos desdobrados sistematicamente entre as demandas eas características, começando com a qualidade de cada componente funcional e estendendo o desdobramento para a qualidade de cada parte e processo. Assim, a qualidade do produto como um todo será gerada através de uma rede de relacionamentos. Analise as características abaixo e responda assinalando a alternativa correta, que agrega a função da ferramenta QFD para o desenvolvimento de novos produtos e de melhorias aos produtos existentes: I. PLANEJAMENTO II. COMUNICAÇÃO III. DOCUMENTAÇÃO IV. RISCOS. Assinale a alternativa correta: a. As afirmativas I e II estão corretas. b. As afirmativas II e III estão corretas c. As afirmativas I, II e III estão corretas. d. As afirmativas II, III e IV estão corretas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Analise as afirmativas abaixo e responda assinalando a alternativa que 2. apresenta alguns dos resultados quando se aplica o QFD: I. melhoria contínua da qualidade; II. aumento da funcionalidade e do valor agregado aos produtos e serviços; III. redução dos custos de projeto e fabricação em até 50%; IV. redução do tempo de desenvolvimento em média de 30%. Assinale a alternativa correta: a. As afirmativas I e II estão corretas. b. As afirmativas II e III estão corretas c. As afirmativas I, II e III estão corretas. d. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. O QFD é desenvolvido e aplicado por meio de 4 matrizes, sendo elas: 3. 1ª. Matriz é a dos requisitos do produto/serviço fornecido pelo consumidor x técnicos da nossa empresa; 2ª. Matriz é a dos requisitos dos processos da nossa empresa x métodos de controle que poderemos desenvolver para que o produto/serviço seja desenvolvido e entregue com a qualidade desejada; 3ª. Matriz é a dos requisitos das partes envolvidas x aos processos da empresa; 4ª. Matriz é a dos requisitos técnicos apresentados por parte da nossa empresa x partes envolvidas no processo. Assinale a alternativa correta: a. As afirmativas I e III estão corretas. b. As afirmativas II e III estão corretas c. As afirmativas I, II e III estão corretas. d. As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Referências AKAO, Y. Quality Function Deployment - QFD: lntegrating Customer Requirements into Product Design. USA: 1990. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Projeto de Produto – QFD – Parte 3 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia da Produção Disciplina Projeto de Produto, QFD, FMEA e DoE Professor Dr. Egon Walter Wildauer Introdução Chegamos à terceira parte de nosso estudo do QFD, dando novamente a devida importância à captação da voz do cliente e ao estabelecimento da qualidade planejada. Você verá aqui diferentes matrizes que fazem uma análise minuciosa da qualidade planejada (como a Matriz de Qualidade do QFD, a Matriz de Relações) e você entenderá como levantar as informações com os valores de argumentos, o cálculo de pesos e o processo de correlações. Tudo isso com o intuito de chegar ao resultado da qualidade planejada. Ao final, ainda, descrevemos duas ferramentas de análise, o bottleneck e o diagrama de árvore. O desenvolvimento da qualidade planejada (Vídeo disponível no material on-line) Uma vez compreendido que a partir da qualidade exigida teremos a qualidade planejada, sugere-se então trabalhar sob a ótica de dois processos gerais: Captar a voz do cliente. 1. Estabelecer a qualidade planejada, envolvendo a Gerência Sênior 2. (Diretoria) e os Gerentes (setores) de Planejamento, Concepção, Desenvolvimento, Mercado e Manutenção do Produto, para traduzir a qualidade exigida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Os processos gerais que compõem a Matriz de Qualidade do QFD podem ser vistos como ilustrado na Figura 1, a seguir: Ao visualizar a Figura 1, há que se compreender a importância dos quatro elementos que compõem o conceito dos processos da Qualidade: Atentar aos requisitos do cliente, perguntando “o que?”. 1. Os requisitos do cliente devem ser ordenados em classes de 2. semelhanças e de importância. Realizar, face aos requisitos apresentados (e identificados junto ao 3. cliente e ao corpo técnico), o que a concorrência possui em termos semelhantes (nesse ponto, um benchmarking pode ser útil!). Solicitar à equipe da nossa empresa que seja efetuada uma 4. “avaliação técnica” do produto, de forma a analisar pontos semelhantes e discrepantes frente aos produtos concorrentes e apresentá-los detalhadamente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Esses quatro processos procuram determinar se as exigências do cliente foram atendidas e determinar quais são as exigências mais importantes que o produto deve contemplar e que nossa empresa deve desenvolver e entregar. Como mostra simplificadamente a Figura 2, determinar as entradas da matriz por parte do cliente (o que), as respostas dos competidores (como) e a importância dos requisitos (técnicas internas) é necessário. Figura 2 – Matriz da Qualidade – visão dos elementos que o constituem. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Em outras palavras, de uma forma diferente, o QFD também pode ser apresentado conforme ilustra a Figura 3, a seguir: Figura 3 – Matriz da Qualidade – visão alternativa dos elementos constituintes. Na Figura 3 podemos identificar os elementos que são necessários para a construção da Matriz da Qualidade no QFD, ou seja: a. Inicialmente identifique os diferentes requisitos do cliente, isso lhe permitirá descobrir o que os consumidores querem (que são as linhas da matriz da qualidade). b. Em outro lado, procure informações sobre as características dos produtos que os seus concorrentes apresentam/desenvolvem. c. Em seguida, determine as informações técnicas – dos concorrentes e suas, do seu departamento técnico – de forma que se possa especificar quantitativamente os parâmetros técnicos de cada componente do produto, que lhe direcionará as importâncias de todos os parâmetros técnicos do produto/serviço. d. Os três elementos já identificados lhe permitirão elaborar a Matriz de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Conversão – ou Matriz de Relações -, apresentada na figura 5, que apresenta as relações existentes entre as necessidades do consumidor e aquelas dos concorrentes, dos parâmetros técnicos da nossa empresa (e frente a dos concorrentes) que serão avaliados em, por exemplo, forte, regular e fraco. A Figura 4 a seguir apresenta, em seu ponto “2” as correlações e seus respectivos pesos (nenhum, 1-Fraca, 3-Média ou 9-Forte) que são os parâmetros para que se apresentem as relações entre os requisitos técnicos do projeto (que aparecem no destaque “1” “B” da Figura 4), de forma que se possa determinar a Matriz de Relações (entre os requisitos e os parâmetros técnicos). Figura 4 – Matriz de Correlações e Relações dos Requisitos e Parâmetros Técnicos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Novamente, para fixar a constituição da Matriz da Qualidade, algumas perguntas devem ser elaboradas de forma a permitir que a organização possa responder, por exemplo: a. Como os clientes veem os produtos atuais no mercado (próprios e concorrentes)? b. Quais os itens em que o produto da empresa está melhor, igual ou pior frente ao dos concorrentes? Esses devem ser identificados e aprimorados no novo produto. c. Os dados relativos aograu de importância dos elementos analisados devem ser obtidos por meio de questionários aplicados aos clientes. Quais os questionamentos e qual o grau de importância de cada um? Nesse ponto do processo, será necessário agregar e utilizar ferramentas estatísticas básicas para a análise: a. Média, moda, desvio-padrão, histograma, gráficos, mapa de percepção, mapa de preferência e outras. Por exemplo, a Figura 5 mostra os elementos necessários para contemplar os elementos da qualidade planejada: Figura 5 – Elementos para a Qualidade Planejada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 A qualidade planejada pode ser obtida quando se determinar os seguintes elementos: Grau de Importância – pode ser apresentado mediante uma pesquisa 1. junto ao cliente, procurando respostas com grau de importância – pode ser realizado por meio de um questionário, com perguntas diretas. Determinar o grau da Avaliação do Desempenho do produto –2. também por meio de questionário ou perguntas diretas, com diferentes graus de “peso” às respostas – em três ambientes distintos: A nossa empresa, ou seja, em relação à nossa organização. À empresa x concorrente. Em relação à empresa e ao concorrente. De modo a verificar o grau de desempenho do produto. Definir o Planejamento do Plano de Qualidade, isso significa que3. poderemos estabelecer um Plano de Qualidade que avalie o nível de desempenho (por exemplo) do produto, utilizando (por exemplo) uma escala que varia em 1 (ruim), 2 (bom), 3 (muito bom), 4 (ótimo) até 5 (excelente). Quando aplicado um questionário na empresa para medir esse plano de qualidade, teremos respostas que podem ser utilizadas no item 4, a seguir. Estabelecer um Índice de Melhoria, ou seja, procurar estabelecer4. uma relação entre o Plano de Qualidade sugerido no item três comparado com o que a empresa atualmente possui, comparando mediante uma razão o plano de qualidade/plano da nossa empresa. Esse índice representará o quanto a nossa empresa poderá (ou deverá) melhorar. O próximo passo é apresentar um Argumento de Venda. Argumento5. de Venda do produto em questão diz respeito ao que está na figura, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 ou seja, é um valor numérico que é acrescentado a itens de qualidade exigida com o objetivo de aumentar o valor de seus pesos. Somente deve ser atribuído um argumento de venda se for garantida a qualidade do item e esse aumentar a possibilidade de vendas do produto. O seu valor pode ser expresso por uma escala predefinida pela equipe de DP, como apresentado na Figura 6, cujo valor varia de peso 1,5 para argumento de valor tido como ESPECIAL. O valor com peso 1,0 para argumento de valor entendido como sendo COMUM (normal) e valor de peso 1 para argumento de valor sem sentido, sem atributo, sem percepção de argumentos (diferentemente dos valores indiferentes, 1, 3, e 9 que foram determinados no exemplo da Figura 3, anteriormente). O próximo passo é determinar o peso absoluto (ou seja, sem sinal) 6. do produto, que é obtido pela multiplicação dos fatores já obtidos, sendo eles: o grau de importância dado ao produto x o índice de melhoria x o argumento de vendas. Determinado o peso absoluto, pode-se partir para a determinação do7. peso relativo de cada elemento da qualidade, realizando a divisão de cada peso absoluto encontrado na lista pelo total (soma total) de todos os valores de peso absoluto (de onde o nome, peso relativo: o quanto, em termos de valores, aquele argumento contribui em relação ao total). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Figura 6 – Valores de Argumentos e Cálculo dos Pesos Para complementar seus conhecimentos, acesse o artigo a seguir que apresenta as etapas de uso do QFD na IMBEL: http://www.iem.unifei.edu.br/turrioni/congressos/ENEGEP/2001/ O_QFD_AUXILIANDO_NO_DESENVOLVIMENTO_DE_NOVOS.pdf Dessa forma, mediante os cálculos realizados nos passos anteriores, 8. temos como exemplificar um caso (apresentado na Figura 7) em que a qualidade exigida para cada elemento (item 1.1, 1.2, 1.3, 2.1 etc.) de um produto chamado Ferro Elétrico de Passar Roupas Portátil deve ser observada por parte da equipe de DP da empresa, no qual devem destacar sua preocupação em: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Figura 7 – Resultado da Qualidade Planejada. a. Qualidade planejada: os pesos que foram determinados, escolhidos e calculados para cada uma das variáveis do QFD (relembrando: grau de importância, avaliação de desempenho do produto na nossa empresa + na empresa concorrente X e na empresa concorrente Y), o planejamento de qualidade, de melhoria e os argumentos de venda e, por fim, a determinação dos pesos absolutos e relativos que, juntos, irão compor o quadro de prioridades da nossa empresa quanto ao processo que mais deverá ter atenção com a QUALIDADE EXIGIDA. b. No caso da Figura 7, os elementos da qualidade exigida foram destacados nos itens 1.1, 1.2, 1.3, 2.1, 3.1, 3.2, e assim por diante, de forma que cada elemento de qualidade exigida possuirá seu peso de QUALIDADE PLANEJADA, resultando em um plano de aplicação de prioridades... CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Elementos a serem considerados nesse processo: As qualidades básicas devem ser atendidas independentemente do 1. grau de importância atribuído pelo cliente. As qualidades de performance devem estar, no mínimo, no nível do 2. concorrente. As qualidades de excitação devem ser tratadas como argumentos de 3. vendas especiais. Os critérios de priorização devem ser estabelecidos pela organização 4. em função de sua realidade. O que se deve considerar no desenvolvimento da matriz da qualidade planejada? Para conhecer ainda mais sobre o desenvolvimento da matriz da qualidade planejada leia o artigo “A Casa da Qualidade e as Diferentes Versões de QFD”, a seguir, que comenta sobre a qualidade, a casa da qualidade e as versões do QFD: http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/doc_conhec /A%20Casa%20da%20Qualidade.doc A matriz da qualidade planejada deve levar em consideração todos os elementos já citados e observar, principalmente, dois aspectos: T.D. Características da qualidade. 1. Qualidade projetada. 2. Consoante a esse sentido, a Figura 8 apresenta um esquema que mostra a apresentação da matriz da qualidade planejada, que deve seguir o que se determinou em termos de Qualidade Exigida (pelo cliente), Qualidade Projetada (determinada pelo departamento técnico e pessoal da nossa empresa) e Características da Qualidade (frente ao pesquisado). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Assim se pode passar a visualizar o mundo do cliente e o mundo da tecnologia que o novo produto irá necessitar (conforme esquema da Figura 8): Figura 8 – a Matriz da qualidade planejada e seus elementos constitutivos. Os passos a serem seguidos para a apresentação da qualidade planejada podem ser vistos na Figura 9: Procure extrair e organizar as 1. características da qualidade. Faça a correlação entre as 2. características técnicas do produto com as exigências do cliente. Priorize as características de qualidade 3. do produto. Mensure e compare com os produtos 4. da concorrência. Defina os valores-meta para as 5. características da qualidade do produto. Figura 9 – Esquema dos passos para determinar a Qualidade Planejada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico13 Tabela de Desdobramento – Características da Qualidade Escolhe-se o último nível da Tabela de Desdobramento - TD - para a qualidade exigida, de forma que se possa trabalhar com a extração dos elementos que formarão a qualidade. O início dá-se pela pergunta: Quais são as características do produto que medem tecnicamente o item de qualidade exigida (características químicas, físicas...)? A resposta pode ser encontrada ao utilizar-se de ferramentas como o diagrama de afinidades e/ou o diagrama de árvore, para auxiliar no procedimento de extrair a tabela de funções e outras que permitam identificar as melhorias e os padrões para a qualidade. A Figura 10 apresenta a Tabela de Desdobramento - TD - para as características da qualidade de um produto chamado Ferro de Passar Portátil (nosso exemplo): Figura 10 – TD para as características de Qualidade. Para saber mais sobre as características da qualidade, em se tratando de QFD, leia o artigo titulado “QFD no desenvolvimento de um projeto de treinamento”, a baixo. Esse artigo está disponível na Revista Científica CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Eletrônica de Engenharia de Produção e trata do desenvolvimento de um projeto de treinamento com o QFD: http://www.producaoonline.org.br/rpo/article/download/744/872 Como realizar o Processo de Correlação? Para se realizar e identificar o processo de correlação entre as características da qualidade, encontre as relações de causa-efeito entre os itens desdobrados de duas tabelas diferentes que formam a matriz, isso irá possibilitar a priorização dos itens de uma tabela em função dos pesos dos itens de outra tabela, por exemplo, a Figura 11 (abaixo) apresenta um exemplo de correlação dos itens e dos pesos aplicados a cada representação (elemento de qualidade) identificada: Figura 11 - Tabela para estabelecimento de correlações. BOTTLENECK A palavra Bottleneck deriva do original em inglês “gargalo”, significa que irá existir (ou ocorrer) um gargalo quando identificamos um processo, atividade ou tarefa que impede o fluxo normal de produção de um determinado produto, essa interrupção na sequencia temporal (e material) de produção “trava” a produção, causando atrasos e/ou gastos (recursos humanos, materiais etc.). Os gargalos de origem tecnológica apresentam um aspecto difuso, indicando que esses problemas são específicos à atividade de cada empresa, variando desde oportunidades para o desenvolvimento de produtos e processos, passando por necessidades de oferta de serviços tecnológicos no CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 campo da qualidade e até de carências no apoio técnico-tecnológico ao processo produtivo. Para fins de construção de um QFD, identifique os “gargalos”, ou seja, os Bottleneck de forma que não ocorram, pois prejudicarão a construção e a manutenção dos escores (fatores) a serem determinados na Matriz da Qualidade. Diagrama de árvore Como indicado anteriormente, um diagrama de árvore é uma ferramenta gráfica que permite identificar todos os passos necessários para a obtenção de um objetivo, e seu uso é útil para identificar, via processos, as necessidades tanto do cliente como as de origem técnica ao QFD. Para construir o Diagrama de Árvore, siga os seguintes passos, conforme esquema gráfico apresentado na Figura 12, logo abaixo: Defina o objetivo a ser atingido ou o problema a ser resolvido. 1. Liste as atividades (escopo menor de um processo). 2. Liste as tarefas para executar as atividades. 3. Figura 12 – Esquema geral de um Diagrama de Árvore. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Revendo a problematização Agora que você estudou três temas sobre o QFD, é o momento de voltarmos à problematização da primeira parte! Releia a problematização e escolha entre as alternativas, a seguir, aquela que melhor soluciona o problema apresentado: a. Você poderia procurar os produtos similares que outras empresas fabricam e adaptar algumas melhorias para que ele se adeque ao pedido do comitê gestor da companhia. b. A opção anterior não lhe proporcionará uma visão ampla e endógena do que vem a ser um produto de qualidade para a sua companhia, com especificações técnicas muito semelhantes ao produto dos concorrentes, o que poderá prejudicar as vendas do seu produto. Então, outra opção seria pesquisar e desenvolver um produto inovador, com as especificações técnicas, ergonômicas, econômicas e funcionais que sua companhia possa produzir e entregá-lo ao mercado consumidor, garantindo sua funcionalidade, sua qualidade e seu desempenho ao longo do tempo de vida do produto. c. Você poderia terceirizar esse processo todo, mas isso custaria muito caro em termos financeiros ($) e em termos de tempo. Feedbacks: a. Procurar outras empresas que fabricam produtos similares e procurar adaptar ou modificar, peças ou funções pode ser uma alternativa para atender às necessidades do seu cliente. No entanto, isso poderá causar alguns incômodos e inconvenientes, como por exemplo, o de haver a necessidade de formalizar uma parceria, uma sociedade ou um contrato de aprimoramento de produtos com empresas que fabricam o produto similar, onde a sua empresa não estaria desenvolvendo um produto, não estaria à frente do processo de inovação (visto que outras opiniões, sugestões e até ordens deveriam ser respeitadas). Não haveria um comitê de desenvolvimento de produtos da sua empresa que estaria à CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 frente da adequação e entrega do novo produto. Isso emanaria tempo e recursos (financeiros, materiais e humanos), restringindo sua estratégia de ação nas melhorias futuras e comprometendo possíveis novas adaptações ou alterações em novas versões do produto. Esse caso não lhe proporcionaria uma visão ampla e endógena do que vem a ser um produto de qualidade para a sua Companhia, com especificações técnicas muito semelhantes ao produto dos concorrentes, o que poderá prejudicar as vendas do seu produto. b. Essa opção parece ser a melhor opção em se tratando de desenvolvimento in house, ou seja, desenvolvimento interno do produto, com equipe própria que aprenderá, desenvolverá, implementará e apoiará as fases de concepção do produto, cujo conhecimento acerca do novo produto poderá ser acompanhado e, em qualquer momento, modificado, ampliado ou restringido, de acordo com as necessidades percebidas e captadas pela voz do cliente, dos técnicos e dos envolvidos no processo. c. Na opção de terceirizar, poderá surgir o inconveniente de o processo de análise, desenvolvimento e entrega do novo produto custar mais caro se comparado com a opção anterior. O cronograma de entrega do produto poderá ser alterado devido a uma má interpretação dos requisitos e necessidades do cliente e da voz dos técnicos (que podem ser mal interpretados), além do inconveniente de não ter a possibilidade de agregar todos os conhecimentos que envolvem o projeto pelos colaboradores da empresa, o que pode prejudicar em futuras necessidades de aprimoramento ou manutenção do produto por parte dos técnicos da nossa empresa. Os conhecimentos de desenvolvimento podem ficar retidos com a empresa terceirizada e não estarem disponíveis, tampouco passíveis de serem entregues na sua integra para a sua empresa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Síntese Neste tema focamos nosso estudo no estabelecimento da qualidade planejada, com diversas ferramentas que poderão lhe ajudar nesse processo.Você conheceu as matrizes de Qualidade do QFD, de Relações e estudou métodos para levantar informações, valores de argumentos e calcular pesos, incluindo o processo de correlações. Ao fim, mostramos como chegar ao resultado da qualidade planejada e como utilizar duas ferramentas, o bottleneck e o diagrama de árvore. Referências CHENG, L. C. QFD: planejamento da qualidade. Belo Horizonte: UFMG/Fundaçào Christiano Ottoni, 1995. (Disponível na biblioteca da FEA). CLAUSING, D. Total quality development: a step by step guide to world class concorrent engineering. New York: ASME press, 1994. OHFUJI, T.; MICHITERU, O; AKAO, Y. (1997). Método de desdobramento da qualidade (1): elaboração e exercício da matriz da qualidade. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1997. WHEELWRIGHT. S. C.; CLARK. K. B. Revolutionizing Product Development. New York: The Free Press, 1992. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Tema – Projeto de Produto – FMEA – Parte 1 Projeto Pós-graduação Curso Engenharia da Produção Disciplina Projeto de Produto, QFD, FMEA e DoE Tema Projeto de Produto - FMEA - Parte 1 Professor Dr. Egon Walter Wildauer Introdução O estudo de Projeto de Produto envolve os processos de Gestão de Produtos, que, por sua vez, envolve uma série de elementos que compõe a produção de bens (sejam eles produtos ou serviços). Com esse foco, é necessário ter em mente os conceitos do que é um produto e um serviço, bem como sobre quais os processos e funções que envolvem o Ciclo de Vida do Produto. Conhecendo essas bases teóricas, pode- se estudar o Projeto de um Bem. Isso leva à aplicação e ao uso de determinadas ferramentas que ajudam a incrementar o grau de qualidade do bem: uma delas é o FMEA - Failure Mode and Effect Analysis – traduzida para o português como “Análise dos Efeitos e Modos das Falhas”. É sobre o FMEA que este tema e sua parte 2 se debruçarão, buscando mostrar tanto os aspectos teóricos quanto os práticos de seu uso. Problematização Você foi colocado como líder de uma equipe que necessita estudar e apresentar uma melhoria no processo de atendimento aos clientes em um cartório. O atendimento é realizado por um cartório que tem acesso controlado por senha, cuja demanda de atendimento é de 500 pessoas/dia e tem três atendentes. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Ao realizar a análise do fluxo até o atendimento, constataram-se as ações descritas e apresentadas no fluxograma (Figura 1): o primeiro “momento da verdade” é o acesso ao hall do prédio do cartório (chamado momento da verdade 1 - M1); o cliente se dirige até o balcão de atendimento (M2), onde é realizada a identificação do cliente e o serviço que ele deseja no estabelecimento (M3). Do M3 o cliente é direcionado até a sala do cartório (M4), onde irá retirar sua senha (M5) e, com a senha em mãos, dirige-se até a sala de espera (M6). Sendo chamada sua senha, ele deverá ir até o guichê para verificar o tipo de serviço para atendimento (M7) e depois de atendido volta à sala de espera (M8). Agora ele espera para ir até o guichê pagar pelo serviço (M9) e, finalmente, pega a documentação referente ao serviço (M10) e finaliza o processo (M11). A análise do fluxo de solicitação e recebimento de uma certidão no Cartório por parte do cliente pode ser mapeada conforme a Figura 1, a seguir: O que você faria para gerenciar o processo de melhoria da prestação desse serviço? Qual seria a sua conduta frente às ferramentas de qualidade disponíveis no mercado, uma vez que a concorrência também estuda um produto similar para competir com esse cartório? Você não precisa responder Figura 1 – Fluxograma de atendimento a um cliente em um Cartório. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 agora! Realize seus estudos sobre este tema e escolha a melhor alternativa para a situação mais adiante. A ferramenta FMEA (Vídeo disponível no material on-line) Nessa situação, de buscar uma melhoria no processo de um cartório a fim de diminuir o tempo de atendimento, aumentar a qualidade, a satisfação do cliente, entre outros pontos, podemos utilizar a ferramenta chamada FMEA – Failure Mode and Effects Analysis. Ao optar pelo FMEA para apresentar ao gestor do cartório as melhorias no processo de atendimento (ao serviço) é necessário entender e compreender seus conceitos. FMEA é uma metodologia que procura evitar que ocorram falhas no projeto do produto ou do processo por meio da análise das falhas potenciais e de propostas de ações de melhoria. Depois de utilizá-la, diminuem as chances do produto ou processo falhar, aumentando a confiabilidade. O objetivo básico dessa técnica é detectar as falhas antes que se produza uma peça ou produto. Ela também comporta, segundo Bailão (2013), “Um grupo de pessoas que identificam para o produto/processo em questão suas funções; os tipos de falhas que podem ocorrer; os efeitos e as possíveis causas destas falhas...”. Depois: “são avaliados os riscos de cada causa de falha por meio de índices e, com base nesta avaliação, são tomadas as ações necessárias para diminuir estes riscos, aumentando a confiabilidade do produto/processo” (BAILÃO, 2013) Ou seja, para cada tipo de falha o FMEA pode identificar possíveis causas e efeitos e relacionar as medidas de detecção e prevenção de falhas que estão sendo, ou já foram, tomadas. Já para cada causa, ele pode atribuir índices para avaliar os riscos e, assim, discutir medidas de melhoria. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Para entender melhor o conceito inicial do FMEA e conhecer os elementos que compõe essa ferramenta, assista ao vídeo disponibilizado no link: https://www.youtube.com/watch?v=KhpLNTN0OT4 Nesse ponto surge a pergunta: “por que usar FMEA?” A resposta é simples: desde seu propósito original em novembro de 1949 (09.11.1949, USArmy) o Exército Norte-Americano já o justificava por seu poder de: Ser utilizado como técnica para avaliação de confiabilidade sobre sistemas e falhas em equipamentos. o Procedimento Militar MIL-P-1629, datado de 9 de novembro de 1949, intitulado “Procedimento para analisar um modo de falha, seus efeitos e sua criticidade”. o Usado como técnica de avaliação da confiabilidade para determinar o efeito das falhas em um sistema ou em um equipamento Ao utilizar o FMEA diminuem: as chances do produto ou processo falhar, aumentando sua confiabilidade; objetivo básico dessa técnica é detectar falhas antes que se produza uma peça ou produto. Também serve para antever algumas falhas sistêmicas de nível crítico (e também as mais leves), assim como seu efeito sobre o conjunto. Além disso, a ferramenta cria a possibilidade de: minimizar as falhas potenciais; evitar seus efeitos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 No que se refere à melhoria de processos ou produtos, o FMEA é uma ferramenta que faz com que seus usuários se obriguem a fracionar a análise: deve-se olhar para cada parte, para se melhorar o todo. No que se refere ao desenvolvimento de novos produtos ou processos, o FMEA faz com que seus usuários apliquem seus conceitos de forma adequada, para garantir que não existirão falhas no futuro a serem corrigidas. Curiosidade: Na década 1950, a NASA utilizou variações dessa ferramenta desenvolvida pelos militares e a Ford Motors Company utilizou FMEA para cumprir as normatizações de segurança para veículos. Hoje existem inúmeras indústrias nacionais e estrangeiras, dos maisdiversificados setores, utilizando essa ferramenta para incrementar seu nível de qualidade. Assista ao vídeo disponibilizado a seguir, que apresenta um exemplo de falha de software que levou um foguete francês a ser destruído logo após seu lançamento. A falha em questão foi no software controlador e foi detectada por meio da aplicação do FMEA: https://www.youtube.com/watch?v=3qE3bNNf-cM Outro motivo para a utilização do FMEA é a possibilidade de reduzir custos caso modificações sejam necessárias no futuro, ou seja, ele facilita a correta identificação de necessidades sem a obrigatoriedade de mudança, o que reduz os custos de novas versões. A Figura 2 mostra o gráfico do quanto aumenta o custo de uma modificação em um processo ou produto caso a nova facilidade não tenha sido identificada antes nas diversas fases em função do ciclo do projeto (do produto ou processo): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Figura 3 – Gráfico do aumento de custo de uma modificação sobre um produto/processo. De acordo com a ISO 9000, o uso do FMEA não é obrigatório, mas, se utilizado, pode atender aos seguintes itens: a. Controle de Projeto, com relação ao subitem Análise Crítica de Projeto (FMEA de projeto); b. Nas ações Corretivas e Preventivas, com relação do subitem Ação Preventiva (FMEA projeto e/ou processo). Já para o QS 9000, é obrigatório o uso da ferramenta FMEA, ou seja, se a empresa executa o projeto do produto deve utilizar FMEA de projeto e processo, caso contrário apenas o FMEA de processo. Essa exigência está no item “4.2 Sistema da Qualidade” e é solicitada também no APQP CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 (Planejamento Avançado da Qualidade do Produto) e no PPAP (Processo de Aprovação de Peças de Produtos). Outra excelente justificativa para a utilização do FMEA é que essa ferramenta é utilizada para diminuir: a probabilidade da ocorrência de falhas em projetos de novos produtos ou processos; a probabilidade de falhas potenciais (ou seja, que ainda não tenham ocorrido) em produtos/processos já em operação; os riscos de erros. E para aumentar: a confiabilidade de produtos ou processos já em operação por meio da análise das falhas que já ocorreram; a qualidade de procedimentos administrativos. Tipos de FMEA Se você está se questionando, agora, “quais são os tipos de FMEA”? São quatro, segundo Bailão (2013): FMEA de produto: analisa as falhas que poderão ocorrer com o 1. produto dentro das especificações do projeto. O objetivo dessa análise é evitar falhas no produto ou no processo decorrente do projeto do produto. É comumente denominada também de FMEA de projeto. FMEA de processo: são analisadas as falhas no planejamento e 1. execução do processo, ou seja, o objetivo dessa análise é evitar falhas do processo, tendo como base as não conformidades com as especificações do projeto. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 FMEA de serviço: visa prevenir a ocorrência de falhas durante 2. a produção dos serviços, de modo que sempre atendam às expectativas dos clientes, portanto é desenvolvida como uma ferramenta de prevenção. FMEA de sistema: empregado para analisar o design de um produto 3. durante a sua fase de concepção, sendo parte do critério de seleção do conceito. Esse FMEA foca-se nos modos de falha potencial das funções de produtos ou equipamentos causados por um design deficiente. Abordagens do FMEA Há duas abordagens para o uso do FMEA: BOTTOM-UP - A abordagem de baixo para cima é utilizada com o conceito de sistema, cada componente no nível mais baixo é estudado e a análise estará concluída quando todos os componentes forem considerados. Essa abordagem também é chamada de abordagem de hardware. TOP-DOWN - A abordagem top-down é utilizada principalmente em uma fase de concepção, antes que toda a estrutura do sistema esteja decidida. A análise começa com as principais funções do sistema e como podem falhar. Falhas funcionais com efeitos significativos são normalmente prioridade na análise. A abordagem de cima para baixo pode também ser utilizada em um sistema existente e se concentrar em áreas com problemas. Como usar o FMEA? O passo inicial para utilizar o FMEA é conscientizar a organização de que ele deve ser elaborado em equipe, de preferência interdisciplinar, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 agregando vários conhecimentos (especialidades) para que a troca de ideias e percepções seja concretizada. Para isso, sugere-se que alguns pressupostos iniciais sejam contemplados: Determinar se o FMEA será de produto ou processo; 1. Compor a equipe por membros com diferentes especialidades, para que 2. os resultados obtidos alcancem os maiores níveis de excelência possíveis. Todos os integrantes do grupo devem interagir durante todas as 3. decisões. A partir desses pressupostos iniciais, defina o Tema da Análise FMEA com identificação do ambiente e do pessoal ou dos produtos e dos elementos com os quais eles interagem. Logo em seguida crie o Grupo de Trabalho, com pessoas de diferentes especialidades que ajudarão a descrever o processo graficamente em termos de momentos verdade. Os momentos verdade dos processos ajudam a descrever na análise o risco em potencial e as ações e medidas preventivas que envolvem o produto e/ou serviço. Etapas para desenvolver o FMEA O desenvolvimento do FMEA é realizado em 5 etapas: Planejamento 1. Análise de Falhas em Potencial 2. Avaliação dos Riscos 3. Melhoria 4. Continuidade 5. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Para ampliar seu conhecimento acerca do FMEA, de como pode ser utilizado para corrigir falhas, seus tipos e sua aplicação, leia o artigo “Implantação de FMEA em uma Empresa de Máquinas-Ferramenta”, a seguir. http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1999_A0165.pdf Na primeira etapa – planejamento – é realizada a descrição dos objetivos e da abrangência da análise. Para a definição do objetivo, a equipe deve observar: Definição do sistema a ser analisado, procurando: 1. a. Estabelecer a fronteira de análise (peças que devem ser incluídas e as que não devem); b. Definir as principais funções, inclusive requisitos funcionais; c. Considerar as condições operacionais e ambientais; d. Definir as interfaces que cruzam a fronteira do projeto, que deverão ser incluídas na análise. Recolher informação disponível que descreva o sistema a ser analisado, 2. incluindo desenhos, especificações, esquemas, lista de componentes, informações funcionais e descrições. Coletar informações sobre projetos anteriores, semelhantes, e de fontes 3. internas e externas, entrevistas com o pessoal do projeto pessoal, operações, manutenção e fornecedores de componentes. Lembre que o FMEA pode ser usado para analisar qualquer sistema, 4. subsistema, componente ou processo. Durante as fases iniciais de concepção, a análise de falhas potenciais estará a um nível elevado, cobrindo todo o sistema. Para a constituição da equipe, deve-se considerar uma equipe que participe do processo de análise e que possa se dividir em permanente e de apoio. Lembrando que a equipe deverá ser multidisciplinar. Por exemplo, pode- se contar com uma Equipe Permanente, composta por: Engenheiro de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Processo; Engenheiro de Produto; Engenheiro de Sistema e Engenheiro de Qualidade. Ao passo queuma Equipe de Apoio pode contar com: representante de produção; fornecedor de componentes; responsável de vendas e responsável pela logística. Tornando a equipe interdisciplinar. Além disso, a primeira etapa – PLANEJAMENTO - é ainda a etapa em que identifica-se: qual produto/processo será analisado; 1. como será efetuada a formação dos grupos de trabalho; 2. o planejamento das reuniões; 3. a preparação da documentação. 4. Na segunda etapa - ANÁLISE DE FALHAS EM POTENCIAL – define-se: função(ções) e característica(s) do produto/processo; 1. tipo(s) de falha(s) potencial(is) para cada função; 2. efeito(s) do tipo de falha; 3. causa(s) possível(eis) da falha; 4. controles atuais. 5. A terceira etapa - AVALIAÇÃO DOS RISCOS – compreende a fase em que a equipe irá: Definir os índices de severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) 1. para cada causa de falha, seguindo os critérios previamente definidos (tabelas de pesos); Calcular os coeficientes de prioridade de risco (R), por meio da 2. multiplicação dos outros três índices. A quarta etapa – MELHORIA - determina que sejam utilizados os conhecimentos, criatividade, brainstorming, lista de ações etc. para diminuir os riscos, principalmente em termos de: a. medidas de prevenção total ao tipo de falha; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 b. medidas de prevenção total de uma causa de falha; c. medidas que dificultam a ocorrência de falhas; d. medidas que limitem o efeito do tipo de falha; e. medidas que aumentam a probabilidade de detecção do tipo ou da causa de falha. A última etapa – CONTINUIDADE – refere-se à permanência da metodologia sobre o produto e/ou serviço, garantindo que a melhoria contínua seja aplicada sobre o mesmo. Para que se garanta a continuidade, o formulário FMEA deve ser tratado como um documento “vivo”, ou seja, devem ser aplicadas e realizadas revisões sempre que ocorrerem alterações no produto/processo específico. Nisso, realizar análises de confronto das falhas, falhas não previstas, reavaliação, entre outras, com base em dados objetivos, das falhas já previstas pelo grupo, de forma a garantir a qualidade. Conclusões FMEA é um método muito bem estruturado é confiável para avaliação de produtos e processos. O conceito e a aplicação são de fácil assimilação, mesmo por principiantes e sua abordagem torna fácil a avaliação de sistemas complexos. O processo do FMEA pode ser cansativo e consumir muito tempo (tornando-se caro), ainda mais para quantidades muito grandes de falhas, onde sua abordagem não é adequada. Pela facilidade de esquecer os erros humanos na análise, o FMEA torna- se uma ferramenta ideal para registrá-los e aplicar soluções (sugestões) de melhoria. Para saber mais sobre o FMEA, procure na internet as referências: Associações e órgãos: a. Quality Associates International http://www.quality-one.com/ Empresa de consultoria e treinamento em qualidade (apresenta conteúdo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 básico sobre FMEA, além de outras ferramentas como QFD e QS 9000). b. A empresa KSR (http://www.ksr.com.br) possui um sistema de confecção de FMEA integrado com um sistema CAPP, que já garantiu a várias empresas a cerificação da QS 90000. c. Na página da KSR, há um FAQ sobre o FMEA: (http://www.ksr.com.br/oquFMEA.htm). d. www.qfdi.org/ e. www.asq.org/ Como software de apoio para construção do FMEA, podemos citar o Softexpert, disponível em http://www.softexpert.com.br/FMEA.php, e o ExFMEA, disponível em http://www.reliasoft.com/xFMEA/features1.htm. Algumas referências bibliográficas sobre o FMEA também pode ser consultadas, entre elas: AKAO, Y. Quality Function Deployment: QFD Integrating Customer Requiriments into Product Design. Cambridge: Productivity Press, 1990. AKAO, Y. Introdução ao desdobramento da qualidade. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1996. (Série Manual de Aplicação do Desdobramento da Função Qualidade). CHENG, L. C.; MELO FILHO, L. D. R. QFD: desdobramento da função qualidade na gestão de desenvolvimento de produtos. São Paulo: Blücher, 2007. DEPARTAMENT OF DEFENSE – USA. Procedures for performing a failure mode. Effects and Criticality Analysis. MIL-STD-1629A, 1977. KOTLER, P. Administração de Marketing. São Paulo: Prentice Hall, 2000. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2005. MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. 2000, v. 2, p. 1.703. MONTGOMERY, D. C. Introdução ao controle estatístico da qualidade. Rio de Janeiro: LTC, 2004. ROTONDARO, R. G. S. FMEA: estudo do efeito e modo da falha em serviços – Aplicando técnicas de prevenção na melhoria de serviços. Revista Produção, v. 12, n. 2, 2002. SELEME, R.; PAULA, A. de. Projeto de produto: desenvolvimento e gestão de bens, serviços e marcas. Curitiba: Ibpex, 2006. Outras referências ao FMEA são: Manuais da QS 9000. Análise de Modo e Efeitos de Falha Potencial (FMEA). Manual de Referência, 1997. CLAUSING, D. Better decisions. In: Total quality development: a step-by-step guide to worldclass concurrent engineering. 2.ed., Nova York, The American Society of Mechanical Engineers, cap. 3, p. 60- 73, 1994. (t: 322). CLAUSING, D. The design. In: Total quality development: a setp-by- step guide to worldclass concurrent engineering. 2. ed., Nova York, The American Society of Mechanical Engineerss, cap. 5, p. 175-273, 1994. (t: 322). OLIVEIRA, C. B. M.; ROZENFELD, H. (1997). Desenvolvimento de um módulo de FMEA num sistema comercial de CAPP. (CD ROM). In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 17., Gramado, 1997.Anais. Porto Alegre: UFRGS. (t :662). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Conteúdo complementar sobre o FMEA pode ser encontrado em: http://www.trabalhosfeitos.com/topicos/exemplos-de-FMEA/0. Nesse site há links (ligações) para vários trabalhos e postulados que podem ser lidos para melhor compreensão dessa ferramenta. Para aprimorar seus conhecimentos em FMEA, experimente assistir à: http://www.youtube.com/watch?v=cp1veS6nrm8 Assista, também, ao vídeo em que Carl Carlson, um expert em FMEA e programador, dá as instruções detalhadas das ferramentas que você necessita para efetivamente utilizar o FMEA. Você também pode acessar o vídeo seguinte, que mostra o Dr. T. P. Bagchi, do Departamento de Gestão do IIT Kharagpurv, explicando a aplicação dos elementos do FMEA, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ffKaRuNx84M, Síntese Nesse tema, estudamos o conceito de FMEA, seus elementos e os processos necessários para sua elaboração. Verificamos em um estudo de caso que é necessário haver uma equipe interdisciplinar para desenvolver e aplicar o FMEA em uma organização. Apresentamos e estudamos as tabelas de pesos de Severidade, Ocorrência e Tendência que, quando multiplicados, ajudarão a determinar o grau do erro (NPR) que deve ser minimizado de forma que a qualidade do produto e/ou serviço seja incrementada. Referências BAILÃO, F. G. Identificação das falhas utilizando FMEA no sistema de freios de carros de competição on-road – Fórmula®-SAE. Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) – Escola de Engenharia de São Carlos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 da Universidade de São Paulo, 2013. DEPARTAMENT OF DEFENSE – USA. Procedures for performing a failure mode.
Compartilhar