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1 Universidade Federal de Viçosa (UFV) Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Química e Engenharia Química (DEQ) ENQ 273 – Laboratório de Engenharia Química III NOMES: Isabella Cristina de Castro Júlia Gabriela Alves Nogueira Gonçalves Roni Júnior Simplício Marques Matrículas: 78147 83023 83034 TURMA: P03 PRÁTICA: Prática 05 – Determinação da Velocidade Específica e Energia de Ativação em Reatores CSTR. 1 INTRODUÇÃO A cinética das reações estuda a taxa na qual as reações químicas ocorrem e os fatores que a influenciam. A velocidade da reação é definida por um produto de uma constante dependente da temperatura pela concentração dos reagentes. Não existe uma velocidade padrão para todas as reações químicas, cada uma acontece com suas características e velocidades únicas. A ordem global de uma reação é a soma dos expoentes dos termos de concentração da equação de velocidade. É de suma importância a obtenção desses valores através de experimentos, uma vez que as reações presentes na natureza apresentam ordens globais que podem ser inteiras, fracionadas ou nulas (FOGLER, 2009). Os equipamentos projetados que fornecem condições adequadas para ocorrer reações químicas, transferência de massa e calor, são chamados de reatores químicos (FABREGA, F. M. 2012). A necessidade de se projetar um reator para um determinado processo químico segue uma série de fatores que dependem basicamente: da cinética da reação, do tipo de reator que melhor se encaixe nas condições de operação, que consiga a máxima conversão dos reagentes em produtos finais, que possua alto rendimento e menor custo de montagem, instalação e operação. Em indústrias químicas, um dos tipos de reatores com o qual um engenheiro pode-se deparar é o chamado reator CSTR (Continuous Stirred-Tank Reactor), por isso faz-se importante o estudo e operação destes. Neste tipo de reator, o conteúdo é agitado de maneira que fique uniforme seu interior, no qual todos os pontos da mistura reacional contida no interior do reator possuem a mesma composição e temperatura, e a corrente de 2 saída deste reator também possui a mesma composição e temperatura. Além disso, a taxa da reação no interior do reator também é uniforme (LEVENSPIEL, 1999). Segundo FOGLER, 2009 o CSTR é um reator comumente usado em processamentos industriais. Também chamado de reator contínuo de tanque agitado ou reator de retromistura, é normalmente operado em regime estacionário e é considerado estar perfeitamente misturado, consequentemente a temperatura, a concentração ou a velocidade de reação dentro do CSTR não dependem do tempo ou da posição. Geralmente, utilizam-se os reatores CSTR quando se tem reações em fase líquida e que requerem grande mecanismo de agitação. Estes tipos de reatores são preferíveis em relação a reatores que operam em sistemas de bateladas pelo fato de poderem ser utilizados quando se necessita de processos com grandes volumes. Porém requerem um volume maior se comparados aos outros tipos de reatores industriais como o PFR (Pug Flow Reactor). Isso decorre do fato de sempre trabalharem com taxa de conversão uniforme e igual a da corrente de saída. Figura 1.1 – Padrões de Mistura em um CSTR. Fonte: FOGLER, 2009. O verde malaquita em água forma uma solução aquosa de coloração azul intensa. Os produtos da reação juntamente com o hidróxido de sódio são incolores. Esta reação pode ser avaliada através da taxa reacional de cinética homogênea para pseudo-primeira ordem. Objetivou-se encontrar a velocidade específica da reação entre o verde malaquita e o hidróxido de sódio através de dados recolhidos de um reator CSTR ideal pelo método das pseudo-ordens e a energia de ativação desta reação através da equação de Arrhenius. 3 2 MATERIAIS E METODOLOGIA 2.1 MATERIAIS Os materiais utilizados nessa prática foram: módulo experimental de reator de mistura completa (CSTR), reservatórios das soluções, balança, medidor de vazão, espectrofotômetro com leitura em 615 nm, béqueres de 100 mL, bastão de vidro, termômetro, solução de verde malaquita a 7,0.10-5 mol L-1 e solução de hidróxido de sódio a 0,03 mol L-1. 2.2 METODOLOGIA Inicialmente procedeu-se ao preparo das duas soluções. Adicionou-se a massa pesada de aproximadamente 0,5108 g de verde malaquita em 500 mL de água. Como cada um dos reservatórios de reagentes do módulo experimental tem um volume de 20 L, ambos estavam cheios até o nível de 19,5 L de capacidade no momento em que verteu-se as duas soluções preparadas. Dessa forma, ao adicionar o volume de 500 mL da solução de verde malaquita no seu respectivo reservatório, o volume de 20 L do mesmo foi completo e a concentração final obtida foi de aproximadamente 7,0.10-5 mol L-1. O procedimento realizado foi análogo para o preparo da solução de NaOH. Adicionou-se a massa pesada de aproximadamente 23,9952 g de hidróxido de sódio em 500 mL de água, que ao verter-se a solução preparada em seu respectivo reservatório e completo o volume de 20 L, obteve-se a concentração final de aproximadamente 0,03 mol L-1. Após a adição das soluções nos reservatórios, as mesmas foram homogeneizadas com o auxílio de um bastão de vidro. Deu-se partida, então, no reator CSTR, regulando a vazão de entrada de cada reagente no reator. Como o experimento foi realizado utilizando-se as mesmas vazões de entrada no CSTR tanto de verde malaquita, quando de NaOH, as concentrações de entrada dos dois reagentes diluíram pela metade de suas concentrações preparadas. Após o início da reação, esperou-se um tempo para que o reator atingisse a condição de regime estacionário. Daí alíquotas de solução foram retiradas da corrente de saída do reator por meio de uma válvula própria para tal fim, acoplada ao CSTR. Levou-se a alíquota recolhida através de uma cubeta, para o espectrofotômetro para a devida leitura das absorbâncias. Essas leituras foram repetidas até que seus valores se tornassem coerentes entre si. Depois, esse procedimento foi repetido variando as 4 vazões individuais de cada solução igualmente atingindo as vazões totais de 120 L.h-1, 100 L.h-1 80 L.h-1, 60 L.h-1, 40 L.h-1 e 20 L.h-1. Salienta-se que as medições de absorbância são necessárias, porque as concentrações de verde malaquita podem ser obtidas a partir das mesmas, utilizando-se a correlação linear entre as duas variáveis. 2.2.1 Determinação da Velocidade Específica A reação entre o verde malaquita (A) e o hidróxido de sódio (B) pode ser escrita de acordo com a equação química abaixo: 𝐶23𝐻25ClN2 (𝐴) (𝑎𝑞) + 𝑁a𝑂𝐻 (𝐵) (𝑎𝑞) → 𝐶23𝐻25𝑂𝐻𝑁2 (𝐶) (𝑎𝑞) + 𝑁𝑎𝐶𝑙 (𝐷) (𝑎𝑞) Desse modo, a expressão da taxa para a reação química mostrada acima pode ser dada pela Equação 01: 𝑟𝐴 = −𝑘. 𝐶𝐴 𝛼 . 𝐶𝐵 𝛽 (Equação 01) onde 𝑟𝐴 é a taxa da reação de verde malaquita (A), 𝑘 é a velocidade específica da reação, 𝛼 e 𝛽 são as ordens reacionais para as espécies A e B respectivamente. Como nesse experimento a concentração de B (NaOH) 𝐶𝐵 é muito maior que a concentração de A (verde malaquita) 𝐶𝐴, pode-se assumir que a variação do consumo de B é quase nulo e, portanto, sua concentração no meio reacional constante. Logo pode-se imbricar esta concentração na expressão da taxa, utilizando-se um novo parâmetro: a velocidade específica aparente 𝑘𝐴𝑃. Sendo assim, a expressão dataxa se apresenta da forma especificada na Equação 02: 𝑟𝐴 = −𝑘𝐴𝑃. 𝐶𝐴 𝛼 em que 𝑘𝐴𝑃 = 𝑘. 𝐶𝐵 𝛽 (Equação 02) Como a reação ocorre em fase líquida, pode-se considerar que a mesma ocorre sem expansão ou contração de volume. Dessa forma, para o reator CSTR, a Equação 03 é válida: 𝜏 = 𝐶𝐴0. 𝑋𝐴 (−𝑟𝐴) (Equação 03) 5 onde τ define-se como o tempo espacial do reator CSTR, dado pela vazão entre o volume V do reator e a vazão de alimentação 𝑣0 do mesmo. Para determinar a velocidade específica da reação e a ordem da mesma utiliza-se um método de tentativa e erro. Inicialmente, supõe-se que a reação é de primeira ordem. Sabendo disso e que a mesma ocorre sem variação de volume, observa-se que a taxa pode ser reescrita segundo a Equação 04. (−𝑟𝐴) = 𝑘𝐴𝑃. 𝐶𝐴0. (1 − 𝑋𝐴) (Equação 04) Portanto, a Equação 03 pode ser reescrita como representado na Equação 05: 𝜏 = 𝑋𝐴 𝑘𝐴𝑃. (1 − 𝑋𝐴) (Equação 05) A Equação 06 é obtida de forma a linearizar a Equação 05, possibilitando, dessa forma, a utilização de regressão linear dos dados coletados experimentalmente. 𝑋𝐴 (1 − 𝑋𝐴) = 𝑘𝐴𝑃. 𝜏 (Equação 06) Na Equação 06, o termo 𝑋𝐴 (1−𝑋𝐴) representa os “Y” da regressão, enquanto cada “τ” representa os “X”, sendo que esse tempo espacial varia com cada vazão de alimentação dos reagentes. Caso essa regressão apresente um valor adequado para a correlação e para o quadrado dela, será concluído que a reação é de primeira ordem, e o valor de 𝑘𝐴𝑃 será obtido. Caso contrário, supõe-se a seguir que a reação é de segunda ordem. Logo, reescreve-se a Equação 03 de acordo com a Equação 07 e assim por diante. 𝜏 = 𝑋𝐴 𝑘𝐴𝑃. 𝐶𝐴0.(1 − 𝑋𝐴)2 (Equação 07) 6 2.2.2 Determinação da Energia de Ativação A expressão que relaciona a energia de ativação com a velocidade específica para reações homogêneas é dada pela Equação 07, também conhecida como expressão de Arrhenius: 𝑘 = 𝑘0 . 𝑒𝑥𝑝 (− 𝐸 𝑅𝑇 ) (Equação 08) onde 𝑘 é a velocidade específica da reação em uma dada temperatura T (K), 𝑘0 é uma constante com a mesma unidade de 𝑘 e 𝐸 é a energia de ativação da reação, dada em (J/mol). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 3.1 estão relacionados os valores de absorbância do aparelho de espectrofotômetro em relação às porcentagens de concentração inicial do reagente limitante (verde malaquita). Tais dados são teóricos e serão considerados para o cálculo das concentrações de verde malaquita, em mol.L-1 em intervalos de tempo, durante o procedimento experimental. Tabela 3.1 – Relação teórica entre absorbância da amostra e concentração absorbância Porcentagem (%) Absorbância 50 0,531 40 0,421 30 0,263 20 0,204 10 0,085 5 0,048 Na Tabela 3.2 está apresentado os valores de absorbância observados no espectrofotômetro após alterações na vazão volumétrica do reator e também os valores já calculados de concentração de verde malaquita correspondente à cada alíquota retirada. 7 Os valores obtidos para a vazão de 20 L.h-1 foram desconsiderados devido à leitura de absorbância ter sido discrepante em relação às demais. Tabela 3.2 – Relação entre alteração vazão volumétrica, absorbância, tempo de residência e concentrações de verde malaquita. Vazão (L.h-1) Absorbância 𝛕 (h-1) CA (mol.L-1) 40 0,05850 4E-2 4,51E-6 60 0,08100 2,67E-2 5,86E-6 80 0,10250 2E-2 7,15E-6 100 0,11400 1,6E-2 7,84E-6 120 0,14025 1,33E-2 9,42E-6 A concentração de verde malaquita foi determinada de acordo com a equação Y = 6,0.10-5.X + 1,0.10-6, obtida por regressão linear no relatório referente à determinação da velocidade específica. Adotando a suposição inicial de ordem global 1 para a reação e sendo CA0= 3,5.10 - 5 mol.L-1. A Equação 06 será utilizada para a realização da regressão linear. Os pontos da regressão linear estão apresentados na Tabela 3.3. Tabela 3.3 – Pontos usados para a regressão linear τ (h-1) Y 0,04 6,752 0,0267 4,988 0,02 3,902 0,016 3,464 0,0133 2,717 Assim, realizando a regressão linear com os pontos dispostos obtém-se uma correlação satisfatória, ilustrada pelo gráfico da Figura 3.1 e com isso a equação da correlação. 8 Figura 3.1 – Y da regressão versus Tempo Espacial. Y(X)= 146,43.X + 0,9673 com R2 = 0,996 Assim, pela regressão, podemos concluir que a reação que se procede é de primeira ordem global e possui um 𝑘𝐴𝑃 = 146,43 h -1 ou 𝑘𝐴𝑃 = 2,4405 min -1. Dessa forma, pela Equação 02 tem-se que o valor da velocidade específica que se encontra na expressão de taxa para a consideração de pseudo-ordem é 𝑘 = 162,7 min-1 L-1. A energia de ativação pode ser calculada utilizando o valor da velocidade específica 𝑘 = 50 min-1 L-1 obtida em experimento anterior para uma T = 277,15 K, relacionando com a velocidade específica 𝑘 = 162,7 min-1 L-1 para uma T = 297,15 K. Logo a energia de ativação calculada por meio da expressão de Arrhenius da Equação 08 é: E = 40393,4 J.mol-1. 4 CONCLUSÃO Com a realização do procedimento experimental foi possível mensurar parâmetros cinéticos como a velocidade específica da reação entre o verde malaquita e o NaOH através da utilização de um reator CSTR. Todavia, no dia em que a experimentação foi realizada, o espectrofotômetro estava apresentando oscilações nos valores de leitura das absorbâncias, culminando então, em coleta de dados errôneos de seus valores. Este fator pode ser associado e atrelado a erros possíveis na execução do experimento. y = 146.43x + 0.9673 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 Y Tempo Espacial (h-1) 9 Os erros relacionados às medições estão intimamente ligados ao analista. Embora as alíquotas sejam retiradas da corrente de saída do reator CSTR no momento exato, até que são depositadas no espectrofotômetro – apesar de o analista trabalhar da maneira mais otimizada possível – ainda assim há reação entre o verde malaquita e o hidróxido de sódio dentro da cubeta. Logo o valor de leitura da absorbância naquele momento não condiz com o valor real de absorbância da amostra coletada diretamente da corrente de saída. Outros fatores de erro nos resultados obtidos estão atrelados aos arredondamentos numéricos no decorrer dos cálculos efetuados e também nas considerações de ordens reacionais e pseudo-ordens que podem não condizer com a realidade. A prática foi, apesar dos erros e limitações apresentados, satisfatória em seu objetivo, de modo que, para o engenheiro químico, o conhecimento de mensuração da cinética de uma determinada reação, bem como o reator no qual a reação vai se processar é de suma importância para obtenção do melhor projeto. Os engenheiros químicos são justamente os profissionais aptos a este tipo deotimização em uma indústria química. 5 REFERÊNCIAS FÁBREGA, F. M. Cálculo de Reatores I. (Apostila) Curso de Engenharia Química. 1. Ed. 2012. Jundiaí – SP. FOGLER, H. Scott. Elementos de Engenharia das Reações Químicas. 4. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. LEVESNPIEL, OCTAVE. Chemical Reaction Engineering. John Wiley & Sons – New York – 3rd edition, 1999.