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Os Maias (1)

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Os Maias 
Os Maias uma das obras prima de Eça de Queirós, publicada em 1888, que não vale 
apenas pela crítica de costumes, mas também pela construção das personagens, pela 
linguagem cheia de fina ironia e pelas descrições dos ambientes. 
Aborda, aparentemente, a história de uma família (Maia) lisboeta em decadência, mas, 
sobretudo, constrói uma cronica social, cultural e politica que permite o conhecimento 
do espaço social da época em que foi produzida. Faz análise dessa sociedade 
portuguesa, de forma cómico-trágica, sem perder de vista o propósito ético da 
literatura. 
 
 
 
O trajeto da família Maia entrelaça-se com a história do seculo XIX, servindo o 
conjunto das 3 gerações sucessivas – Afonso Pedro e Carlos – para retratar a evolução 
de uma sociedade que continua a não encontrar um rumo certo de modernidade. 
 
 
FAMÍLIA MAIA 
 
 
 1 ª Geração 2ª Geração 3ª Geração 
 
 Decadência do 
Absolutismo 
 Lutas liberais 
(Liberalismo/ Absolutismo) 
 Crises do Liberalismo 
 Decadência do 
Liberalismo 
Caetano da Maia AFONSO DA MAIA PEDRO DA MAIA CARLOS DA MAIA 
Maria Eduarda 
Runa 
Maria Monforte MARIA EDUARDA 
MAIA 
Visão Global 
O último capítulo constitui o epílogo, onde o Carlos e o seu amigo Ega, regressados a 
Lisboa, admitem o fracasso de uma vida e verificam o atraso do País. Embora o 
regresso pareça traduzir a desilusão pessoal e sobre o futuro de Portugal, é possível 
vislumbrar alguma catarse na reflexão: importante é viver mesmo falhando. 
 
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I-
II
I 
  Localização no tempo “no outono de 1875” 
 Localização no espaço: O Ramalhete – “ a casa que os Maias vieram 
habitar em Lisboa” 
 A personagem central: Os Maias “uma antiga família da Beira”, 
“reduzida a dois varões, o senhor da casa, Afonso da Maia, um 
velho já, quase um antepassado, mais idoso que o seculo, e seu 
neto Carlos que estudava medicina em Coimbra”. 
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  Juventude, exilio e casamento de Afonso 
 Infância e educação de Pedro 
 Paixão de Pedro por Maria Monforte 
 Namoro “à antiga, plantado a uma esquina” 
 Casamento 
 Traição e fuga de Maria Monforte 
 Suicídio de Pedro 
II
I-
IV
 
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 Infância e educação de Carlos em Santa Olávia 
 Estudos em Coimbra 
 Viagem de Carlos pela Europa 
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IV
-V
  Carlos da Maia em Lisboa: o consultório; o laboratório 
 O diletantismo de Carlos e Ega 
V
I 
 Apresentação de Carlos à sociedade lisboeta: jantar no Hotel 
Central 
 Carlos vê Maria Eduarda 
V
II
  Carlos e as suas paixões: 
- O romance com a Gouvarinho 
- A obsessão pela “brasileira” (Maria Eduarda) 
V
II
I 
 Viagem a Sintra 
IX
  Carlos, como médico, visita, no Hotel Central, Rosa, a filha de seis 
anos de Maria Eduarda 
X
 
 As corridas 
X
I 
 Carlos conhece Maria Eduarda 
X
II
  Jantar em casa dos Gouvarinhos 
 Declaração de Carlos a Maria Eduarda 
X
II
I 
 A Toca- lugar de encontros amorosos de Carlos e Maria Eduarda 
 A consumação da relação 
 Rutura de Carlos com a Gouvarinho 
X
IV
  Paixão de Carlos e Maria Eduarda 
 Semelhança de Carlos com a mãe de Maria Eduarda 
 As revelações de Castro Gomes sobre a relação com Maria Eduarda 
X
V
 
 A vida e educação de Maria Eduarda 
 Encontro de Maria Eduarda com Guimarães 
 Episódio da Corneta do Diabo 
 Episódio no jornal A Tarde 
X
V
I  O Sarau no Teatro da Trindade 
 Revelações de Guimarães a Ega, entregando-lhe um cofre para 
Carlos ou para a “irmã” 
X
V
II
 
 Revelações de Ega a Carlos, entregando-lhe o cofre 
 Revelações de Carlos a Afonso 
 Incesto consciente de Carlos 
 Encontro de Carlos com o Afonso 
 Morte de Afonso 
 Revelações a Maria Eduarda 
 Partida de Maria Eduarda 
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X
V
II
I 
  Viagem de Carlos 
 Regresso a Lisboa dez anos depois: 
- Carlos e Ega desiludidos 
- Estagnação de Portugal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Educação 
Pedro da Maia e Eusebiozinho protagonizam a educação tradicionalista e 
conservadora, enquanto Carlos recebe educação à inglesa. 
Este modelo tradicional português, marcado por uma educação beata, livresca, 
baseada na memorização, na desvalorização da vontade e do espirito crítico, na 
excessiva proteção feminina, desvalorizava a criatividade e o juízo crítico, deformado a 
vontade própria e arrastando os indivíduos, para a decadência física e moral. 
Educação à inglesa preconiza a vida ao lar livre, o contacto com a natureza, o exercício 
físico, a aprendizagem de línguas vivas, a rejeição da catequese e do conhecimento 
exclusivamente teórico, a disciplina no horário das refeições e do sono. Todos estes 
vetores foram fundamentais na educação de Carlos da Maia, uma educação moderna e 
tipicamente inglesa. 
 
 
 
A História dos Maias até 1875 
Afonso Pedro Carlos 
 Juventude 
 Exílio 
 Casamento com Maria 
Eduarda Pina 
 Juventude, educação 
amores 
 Rutura com Afonso 
 Fuga de Maria 
Monforte 
 Suicídio 
 Educação e Santa 
Olávia 
 Estudos em Coimbra 
 Viagens pela Europa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Personagens da Família 
Afonso da Maia 
O Avó, Afonso da Maia, apresenta-se como um homem íntegro, 
culto, de gostos requintados e generoso. 
Revela princípios morais, apesar de, na usa juventude, ter 
participado em algumas manifestações, liberais, que o levaram a 
ser expulso da casa paterna e a instalar-se em Inglaterra. Após a 
morte do pai, volta a Lisboa onde casa com Maria Eduarda Runa. 
O trágico que marca a vida desta personagem manifesta-se na 
fatalidade que se abate sobre a família da qual ele é o patriarca: 
primeiro, o suicídio de Pedro, que ele supera, dedicando-se à 
educação do neto; morre de uma apoplexia, ao descobrir os 
amores incestuosos dos netos. 
Pedro da Maia 
Apresenta um temperamento nervoso e instável, revelando 
muitas semelhanças com a mãe. Vitima do meio e da educação, 
é um fraco, um frustrado, sem capacidade para enfrentar as 
situações, a ponto de se suicidar quando a mulher foge com o 
napolitano. 
 Educação: típica portuguesa, conservadora e que não o 
preparou para a vida e para a resolução dos problemas; 
 Ambiente: corrupção e superficialidade; com excesso de 
proteção; 
 Hereditariedade: herdando da mãe o nervosismo, as crises 
de melancolia; marcado pelos traços patológicos familiares. 
Maria Monforte 
É extremamente bela e sensual. Apaixonada por Pedro da Maia, 
com quem vem a casar, acaba por fugir com o napolitano 
Tancredo. 
Devido ao seu caracter romântico, excêntrico e excessivo, torna-
se leviana, acabando por levar uma vida dissipada. 
Carlos da Maia 
Culto, cosmopolita, de gosto requintados, Carlos da Maia, filho 
de Pedro da Maia e de Maria Monforte, é o protagonista da 
obra. Criado com o avô, apos o suicídio do pai, recebe uma 
educação à inglesa, forma-se em Medicina, na Universidade de 
Coimbra. 
Por influência de uma sociedade ociosa e fútil e devido a alguns 
aspectos hereditários, Carlos acaba por falhar, apesar da sua 
educação. 
Maria Eduarda 
Bela mulher, Maria Eduarda era alta, loira, elegante, sensual e 
delicada. 
Maria Eduarda é a única personagem feminina que nunca é 
censurada, surgindo como uma vítima das circunstâncias. 
Perante Carlos, Maria Eduarda era bela, serena e perfeita. 
 
Personagens da sociedade Lisboeta 
João da Ega 
Defensor das ideiasdo Realismo, pensador e literato, 
excêntrico, cínico, inteligente, audacioso, demagogo, ateu, 
João da Ega desempenha, ao longo da ação, o papel do 
confidente e amigo mais próximo de Carlos, 
acompanhando-o nas aventuras amorosas, nas tertúlias, na 
vida social. 
Alencar 
 Representante do Ultrarromantismo e da oposição ao 
Realismo; 
 Identificado claramente com o Ultrarromantismo, na 
aparência, no modo de vestir….; 
 Considerava que as senhoras podiam ler a literatura 
romântica sem terem necessidade de corar de 
vergonha. 
Sousa Neto 
Representante da administração pública. 
Eusebiozinho Símbolo da educação tradicional portuguesa. 
Conde de Gouvarinho 
Politico incompetente mas poderoso. 
Condessa de Gouvarinho Provocante, leviana e adúltera. 
Raquel Cohen Provocante, leviana e adúltera. 
Jacob Cohen 
Judeu banqueiro, director do Banco Nacional, homem 
influente. 
Steinbroken Conde, ministro da Finlândia, diplomata. 
Cruges Artista talentoso 
Dâmaso Salcede 
Grosseiro, ignorante, snobe, servil, pouco inteligente e 
cobarde. Manifesta falta de gosto e ausência total de 
sentido do ridículo. 
Ao procurar de forma obsessiva a companhia de Carlos da 
Maia e ao escolher o jovem médico como modelo a seguir. 
Dâmaso pretende partilhar do estatuto de Carlos, enquanto 
personificação da elegância cosmopolita. 
Símbolo coletivo da burguesia lisboeta. 
Craft Inglês rico, culto e boémio 
Taveira O Taveirote, empregado no Tribunal de Contas 
Rufino Bacharel, com mentalidade provinciana e retrograda: 
Guimarães 
Amigo de Maria Monforte, é o mensageiro da verdade, 
contida no cofre, que destruirá tragicamente a felicidade de 
Carlos e de Maria Eduarda. 
 
 
A ligação entre a intriga principal 
 
1. Jantar no Hotel Central – primeiro encontro de Carlos com Maria Eduarda; 
 
2. As corridas – Carlos espera que Dâmaso lhe apresente Maria Eduarda; 
 
 
3. Ida a Sintra – Carlos procura um encontro com Maria Eduarda; 
 
4. Sarau – o encontro de Guimarães e Ega leva ao reconhecimento da verdadeira 
identidade de Maria Eduarda e, consequentemente, ao desenlace trágico da 
ação. 
 
 
 
 
O Espaço Físico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Olávia 
 A aldeia 
 O sossego 
 A educação sadia de Carlos 
Coimbra 
 A cultura/ a medicina 
 A boémia 
 Os amores românticos 
Lisboa 
(Espaço social privilegiado) 
 O dandismo 
 O diletantismo 
 Carlos 
Ega

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