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Recuperação Judicial - Elisabete Vido

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL 
 
MÓDULO INADIMPLEMENTO 
 
Professora: Elisabete Vido 
 
1. Material pré-aula 
 
 
a. Tema 
 
 Recuperação de Empresas 
 
 
b. Noções Gerais 
 
A recuperação judicial de empresas tem o objetivo de permitir a 
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, de 
modo que a fonte produtora de empregos e de interesses dos 
credores seja preservada. Em outras palavras, busca-se a 
preservação da empresa tendo em vista o reconhecimento da sua 
função social e do seu papel de estímulo à atividade econômica. 
 
No entanto, como adverte Fábio Ulhôa Coelho, nem toda empresa 
merece ou deve ser recuperada, pois essa reorganização é custosa e 
este custo, claro, não é suportado só pela empresa em recuperação, 
e sim pelos credores e por toda sociedade. Ulhôa Coelho explica1: 
 
Em outros termos, somente as empresas viáveis devem ser objeto 
de recuperação judicial (ou mesmo a extrajudicial). Para que se 
justifique o sacrifício da sociedade brasileira presente, em maior ou 
menor extensão, em qualquer recuperação de empresa não 
derivada de solução de mercado, o empresário que a postula deve 
se mostrar digno do benefício. Deve mostrar, em outras palavras, 
que tem condições de devolver à sociedade brasileira, se e quando 
recuperado, pelo menos em parte o sacrifício geral feito para salvá-
la. 
 
																																																								
1 COELHO, Fábio Ulhôa. Manual de Direito Comercial – Direito de Empresa. 28 Ed. São Paulo: Ed. 
Revista dos Tribunais, 2016. P. 202. 
	
 
A Recuperação Judicial está prevista na Lei de Falências (Lei nº 
11.101/2005), e seu art. 47 positiva dois de seus princípios 
fundamentais: o princípio da função social da empresa e o princípio 
da preservação da empresa. Elenca como finalidades da recuperação 
da empresa a preservação i) da fonte produtora, ii) do emprego dos 
trabalhos e iii) dos interesses dos credores. 
 
Gladston Mamede, amparado na percepção de Tiago Fantini, destaca 
a importância da ordem de grandeza e prioridade dessas referências2. 
Segundo o autor, essa observação é adequada. O primeiro fim visado 
pela recuperação é a preservação da fonte produtora ao passo que a 
preservação dos empregos e dos interesses dos credores, estão 
compreendidos como grandezas de segunda e terceira ordem, 
respectivamente. Mamede destaca3: 
 
Embora a recuperação da empresa possa atender aos interesses e 
direitos patrimoniais do devedor ou da sociedade empresária, não é 
essa a finalidade da recuperação judicial da empresa: não se defere 
a recuperação para proteger o empresário ou a sociedade 
empresária (nem os sócios e administradores desta).” 
 
O procedimento da Recuperação Judicial é dividido em três fases 
distintas4: i) fase postulatória; ii) fase deliberativa; e iii) fase de 
execução. Abordaremos cada uma delas. 
 
• Fase postulatória. 
 
Nela é apresentado o requerimento de Recuperação Judicial. Tem 
início com a petição inicial de recuperação e se encerra com o 
despacho do juiz mandando processar o pedido. 
 
Os requisitos da petição inicial da Recuperação estão elencados no 
art. 51 da Lei 11.101/2005 e, dentre eles, podemos citar: exposição 
da situação patrimonial da empresa, explicando a crise econômico-
financeira com as demonstrações contábeis dos últimos três anos 
(incisos I e II), a relação nominal dos credores com os vencimentos 
das respectivas obrigações (III), relação de empregados com suas 
																																																								
2 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro – Falência e Recuperação de Empresas. 8. ed. rev. e 
atual. São Paulo: Atlas, 2016, v. 4. P. 123. 
3 Idem, ibidem. P. 123. 
4 COELHO, Fábio Ulhôa. Op. Cit., P. 206. 
	
 
respectivas funções e salários (IV), relação das ações judiciais em 
andamento, que figure como parte (IX), certidões de protestos (VIII), 
relação de bens dos sócios controladores e dos administradores (VI), 
e outros documentos. 
 
A recuperação judicial somente pode ser requerida por empresários 
ou sociedades empresárias. Justifica-se essa restrição devido à 
distinção entre sociedades empresárias e sociedades simples. Vale 
lembrar que as cooperativas são sempre sociedades simples e as 
sociedades por ações são sempre sociedades empresárias. 
 
Por razões ligadas à regulação econômica de suas atividades, os 
seguintes tipos empresariais não têm acesso à Recuperação judicial5: 
as instituições financeiras, integrantes do sistema de distribuição de 
títulos ou valores mobiliários no mercado de capitais, corretoras de 
câmbio (Lei 6.024/74, art. 53), seguradoras (Decreto-Lei 73/66, art. 
26) e as operadoras de planos privados de assistência à saúde (Lei 
9.656/98, art. 23) e concessionárias de energia elétrica (Lei 
12.767/12). 
 
Ainda, diferentemente da falência, na recuperação judicial, credores, 
trabalhadores, sindicatos ou órgão governamental que vier a ter um 
plano para reorganizar as finanças da empresa em estado crítico, 
pré-falencial, não poderá dar início ao processo contra a vontade da 
empresa. Ou seja, na Recuperação Judicial parte da empresa a 
iniciativa. 
 
Ainda, existem requisitos objetivos e subjetivos para que o devedor 
possa pleitear a recuperação judicial. Elisabete Vido os lista6: 
 
a) Exercer atividade empresarial de forma regular há mais de dois 
anos; 
 
A empresa só pode requerer o pedido de recuperação judicial se a 
sociedade estiver devidamente constituída e se a atividade 
empresária for exercida regularmente por mais de dois anos7. A Lei 
																																																								
5 COELHO, Fábio Ulhôa. Op. Cit., P. 206. 
6 VIDO, Elisabete. Curso de Direito Empresarial. 4. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2015. P. 155-156. 
7 O prazo de dois anos exigido pelo legislador tem a finalidade de coibir o pedido de recuperação judicial 
por empresas recém constituídas que, logo no início de suas atividades, revelam-se inviáveis ou pouco 
viáveis. 
	
 
12.873/2013 inseriu o § 2°, no art. 48, da LF, permitindo que a 
comprovação deste prazo no exercício de atividade rural fosse 
realizada por meio de Declaração de Informações Econômico-fiscais 
da Pessoa Jurídica – DIPJ. 
 
Os legitimados para pedir recuperação judicial são8: 
 
• empresário (firma individual); 
• sociedade empresária, representada por seu administrador; 
• gerente, no caso de outorga de poderes especiais e expressos 
para tanto, por meio de procuração escrita; 
• sociedades empresárias contratuais, se o contrato social 
expressamente outorgar o poder para requerer a 
recuperação judicial da empresa; caso contrário deverá 
obter a aprovação dos quotistas; 
• sociedade limitada, em caso de urgência, o administrador 
poderá requerer a recuperação judicial da empresa 
mediante autorização de mais da metade do capital social; 
• sociedades por ações, compete privativamente à assembleia 
geral conceder a autorização para os administradores; em 
caso de urgência, o pedido poderá ser realizado pelos 
administradores mediante a concordância do acionista 
controlador e a convocação de assembleia geral para 
deliberação sobre a matéria. 
 
No que diz respeito às hipóteses de legitimação ativa extraordinária, 
relacionadas ao evento morte, podem requerer recuperação 
judicial: 
 
• cônjuge sobrevivente, herdeiros ou inventariante do 
empresário; e 
• sócio remanescente, na hipótese de falecimento do sócio 
majoritário. 
 
b) Não ter sofrido falência, mas se tiver ocorrido, que possua 
declaraçãoda extinção das obrigações (art. 158 da Lei 
11.101/2005). O mais importante desse requisito é saber que, 
uma vez que a falência seja decretada, não é possível sua 
																																																								
8 Leia-se: legitimidade ativa ordinária. 
	
 
conversão em recuperação judicial, como acontecia na 
concordada suspensiva; 
c) Não ter obtido a concessão da recuperação judicial nos últimos 
cinco anos; 
d) Não ter obtido a concessão da recuperação judicial com 
fundamento no plano especial nos últimos oito anos (arts. 70 e 72 
da Lei 11.101/2005); 
e) Não ter sido condenado em crime falimentar (art. 48 da Lei 
11.101/2005). 
 
O polo passivo da recuperação judicial é ocupado pela universalidade 
de credores. 
 
A Lei 11.101/2005 também traz uma lista exemplificativa dos meios 
de recuperação da atividade econômica da empresa. Da lista do art. 
50, Elisabete Vido destaca os seguintes meios9: 
 
a) concessão de prazos e condições especiais para pagamento das 
obrigações; 
b) cisão, fusão, incorporação, transformação, cessão de cotas ou 
ações; 
c) alteração do controle societário; 
d) substituição total ou parcial dos administradores ou modificação 
dos 
seus órgãos administrativos; 
e) aumento de capital social; 
f) trespasse ou arrendamento do estabelecimento; 
g) redução salarial, compensação de horários e redução de jornada, 
mediante acordo ou convenção coletiva; 
h) dação em pagamento ou novação das dívidas; 
i) venda parcial de bens; 
j) emissão de valores mobiliários; 
k) usufruto da empresa. 
 
Cabe frisar que a lista do art. 50 é exemplificativa e que existem 
algumas limitações que devem ser respeitadas pelo plano de 
recuperação e dizem respeito às obrigações trabalhistas10: 
 
																																																								
9 VIDO, Elisabete. Op. Cit., P. 156-157. 
10 VIDO, Elisabete. Op. Cit., P. 157. 
	
 
a) não é possível a previsão de pagamento no prazo superior a um 
ano para os créditos trabalhistas e os provenientes de acidentes de 
trabalho; 
b) não é possível a previsão de pagamento no prazo superior a 30 
dias para os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial, 
com valor de até cinco salários mínimos, vencidos nos três meses 
anteriores ao pedido de recuperação judicial (art. 54 da Lei 
11.101/2005). 
 
Todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não 
vencidos, se submetem à recuperação judicial, conforme art. 49 da 
Lei de Falências e de Recuperação de Empresas: 
 
Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos 
existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. 
 
Porém, existem exceções. Os seguintes credores/créditos não estão 
sujeitos à recuperação judicial11: 
 
a) o credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens 
móveis ou imóveis; 
b) o credor de contrato de arrendamento mercantil; 
c) o proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos 
respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou 
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias; 
d) o proprietário em contrato de venda com reserva de domínio; 
e) o crédito decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para 
exportação (arts. 49, § 3.° e 86, II, da Lei 11.101/2005); 
f) o credor tributário (art. 187 do CTN). 
 
Como exposto, por força do art. 187 do CTN, a cobrança de créditos 
tributários não se sujeita ao concurso de credores12: 
 
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a 
concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação 
judicial, concordata, inventário ou arrolamento. 
 
																																																								
11 Idem, ibidem. P. 156. 
12 Assim como os créditos de natureza fiscal, há outros créditos de natureza cível que não se submetem 
aos efeitos da recuperação judicial. Exemplos: Art. 75, §§ 3° e 4°; Art. 49, § 3°. 
	
 
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica 
entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: 
I - União; 
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró 
rata; 
III - Municípios, conjuntamente e pró rata. 
 
A Recuperação, grosso modo, é uma renegociação das dívidas da 
empresa, mas em função do princípio da indisponibilidade do 
interesse público, a lei tributária não admite qualquer tipo de 
negociação do crédito fiscal, e por isso este não integra a 
recuperação judicial e não está sujeito ao concurso de credores. Ou 
seja, deve ser regularizado (pago ou parcelado) independentemente 
do plano de recuperação. 
 
Inclusive, para que seja concedida a Recuperação Judicial, conforme 
previsão dos artigos 57, Lei 11.101/2005, e 191-A, CTN, a empresa 
deverá apresentar certidões negativas de débitos tributários (arts. 
151, 205 e 206 CTN). 
 
 
• Fase deliberativa. 
 
Após a verificação da documentação apresentada com a inicial da 
Recuperação Judicial, há a discussão e aprovação de um plano de 
reorganização. Esta fase tem início com o despacho que manda 
processar a Recuperação e é concluída com a decisão que homologa 
o plano aprovado pela Assembléia Geral de Credores. 
 
“A assembleia dos credores é o órgão colegiado e deliberativo 
responsável pela manifestação do interesse da vontade predominante 
entre os credores sujeitos aos efeitos da RJ.”13 Pode ser convocada 
pelo juiz ou pelos credores, respeitados os critérios legais (art. 36, 
Lei 11.101/2005). E, em princípio, todos os credores admitidos na 
Recuperação Judicial têm direito a voz e voto na Assembleia. 
 
Outro órgão deliberativo na Recuperação Judicial é o Comitê, mas 
tem caráter facultativo e dependem do tamanho da atividade 
																																																								
13 COELHO, Fábio Ulhôa. Op. Cit., P. 203. 
	
 
econômica em crise. Se não houver um comitê, suas atribuições 
serão assumidas pelo administrador ou pelo juiz (art. 28, Lei 
11.101/2005). 
 
No mesmo despacho em que determina o processamento da 
Recuperação Judicial, o juiz nomeia o Administrador Judicial, 
determina a suspensão de todas as ações e execuções contra o 
devedor (ressalvadas as exceções legais) e a intimação do MP e 
comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos 
Estados e Municípios em que a requerente estiver estabelecida14. 
 
É temporária a suspensão das ações e execuções em virtude do 
despacho que manda processar o pedido de recuperação judicial. 
Cessa esse efeito quando verificado o primeiro dos seguintes fatos: 
aprovação do plano de recuperação ou decurso do prazo de 180 
dias15. 
 
O Administrador deverá ser um profissional idôneo e terá seus 
honorários fixados pelo juiz (arts. 21 e 24 da Lei 11.101/2005). 
Conforme ensinamento de Elisabete Vido 16 , são atribuições do 
administrador na Recuperação Judicial: 
 
a) enviar correspondências aos credores, prestar informações, 
elaborar a relação dos credores e consolidar a respectiva 
classificação, convocar a assembleia geral de credores e contratar 
profissionais especializados, mediante autorização judicial, para 
auxiliá-lo na continuação da atividade empresarial, dar extrato dos 
livros do devedor e exigir informações dos credores; e 
b) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de 
recuperação, requerer a falência no caso de descumprimento da 
recuperação, apresentar relatório sobre a execução do pedido de 
recuperação e das atividades do devedor. 
 
Voltando aos efeitos da Recuperação Judicial, é importante frisar o 
listado no art. 49 da lei 11.101. Todos os créditos existentes à datado pedido estão sujeitos à recuperação, mesmo os que não estejam 
vencidos. 
																																																								
14 Idem, ibidem. P. 207. 
15 Idem, ibidem. P. 208. 
16 VIDO, Elisabete. Op. Cit., P. 151. 
	
 
 
Outros efeitos da Recuperação Judicial17: 
 
• Mesmo com a homologação do plano de recuperação judicial, 
o devedor permanecerá na administração dos bens da 
empresa; contudo, após a distribuição do referido pedido, o 
devedor não poderá alienar ou onerar bens ou direitos, a 
não ser que o juiz reconheça a utilidade da negociação e 
depois da manifestação do comité de credores, contando 
com a presença e a fiscalização constante do administrador 
judicial (art. 66 da Lei 11.101/2005). 
 
• Outra consequência importante é que os créditos decorrentes 
de obrigações contraídas pelo devedor durante a 
recuperação judicial serão considerados extraconcursais no 
caso de falência, ou seja, serão pagos antes dos créditos 
concursais (créditos que deram origem à falência, por 
exemplo: créditos trabalhistas, quirografários etc.). 
 
• os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial 
pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que 
continuarem a provê-los normalmente após o pedido de 
recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento 
em caso de decretação de falência, no limite do valor dos 
bens ou serviços fornecidos durante o período de 
recuperação (art. 67 da Lei 11.101/2005). 
 
• O plano de recuperação judicial constitui novação dos créditos 
anteriores ao pedido, mas não libera as garantias admitidas 
anteriormente (art. 59 da Lei 11.101/2005). 
 
 
• Fase de Execução. 
 
Trata-se aqui da fase em que se fiscaliza o cumprimento do plano 
que foi aprovado. Tem início com a decisão que homologa o plano de 
recuperação judicial e termina com o encerramento do processo. 
 
																																																								
17 VIDO, Elisabete. Op. Cit., P. 157-158. 
	
 
Durante toda a fase de execução a empresa acrescentará à sua razão 
social os termos “em Recuperação Judicial”, para que todos que com 
ela se relacionam tenham conhecimento. Tal condição também deve 
ser levada à inscrição na Junta Comercial. Fábio Ulhôa Coelho 
ressalta a importância dessas providências 18 : “A omissão dessas 
expressões implica responsabilidade civil direta e pessoal do 
administrador que tiver representado a sociedade em recuperação no 
ato em que ela se verificou”. 
 
O Processo de Recuperação Judicial pode se encerrar em razão do 
efetivo saneamento das finanças da empresa (foco principal da 
Recuperação Judicial) ou com a convolação da recuperação em 
falência. O juiz poderá convolar a recuperação judicial em falência 
pelas seguintes razões19: 
 
a) por deliberação da assembleia geral de credores; 
b) pela não apresentação do plano de recuperação no prazo de 60 
dias, contados da publicação da decisão que deferiu o 
processamento da recuperação judicial; 
c) quando houver sido rejeitado o plano de recuperação judicial pela 
assembleia dos credores; 
d) por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano 
de recuperação (art. 73 da Lei 11.101/2005). 
 
Ainda, com a convolação, de acordo com o art. 74 da Lei 
11.101/2005, todos os atos de administração, endividamento, 
oneração ou alienação realizados no curso da recuperação judicial são 
considerados válidos para a falência. Da mesma forma ocorre com os 
créditos que foram habilitados na Recuperação Judicial: serão 
considerados como habilitados no juízo universal falimentar (art. 80, 
Lei 11.101/2005). 
 
Por fim, para concluir o tema Recuperação Judicial, cumpre abordar 
de forma breve mais dois temas: 
 
Plano Especial de Recuperação Judicial: o procedimento de 
Recuperação é simplificado para microempresas (ME) ou empresas de 
pequeno porte (EPP). Ao optar por este plano, a empresa devedora 
																																																								
18 COELHO, Fábio Ulhôa. Op. Cit., P. 209. 
19 VIDO, Elisabete. Op. Cit., P. 161. 
	
 
terá direito a parcelar em até 36 vezes suas dívidas existentes na 
data da distribuição do pedido (com vencimento da primeira parcela 
180 dias a contar desta data). Está previsto nos artigos 70 a 72 da 
Lei 11.101/2005. 
 
Recuperação Extrajudicial: neste caso a nomenclatura extrajudicial se 
deve apenas ao procedimento de parte da estruturação da 
recuperação, já que a homologação judicial é obrigatória. Os 
requisitos são os mesmos da Recuperação Judicial, mas, se por 
algum motivo algum credor resiste a qualquer proposta de 
renegociação de seu crédito, colocando em risco a recuperação da 
empresa (e os créditos dos demais), os outros credores podem se 
reunir e estruturar a recuperação extrajudicial (com a posterior 
homologação judicial obrigatória). Está prevista nos artigos 48 e 161 
da Lei 11.101/2005. 
 
 
A Nova Lei de Falências – PL 10.220/2018 
 
Após treze anos da promulgação da atual lei falimentar, houve a 
propositura do Projeto de Lei nº 10.220/2018 ou Nova Lei de 
Falências – visando alterar a Lei nº 11.101/2005, objetivando, 
principalmente, sua modernização. De acordo com a proposta de 
alteração da Lei de Falências (LRJEF), cinco foram seus princípios 
norteadores20: 
 
1. preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, dos 
ativos e dos recursos produtivos da empresa, incluídos 
aqueles considerados intangíveis; 
2. viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira de devedor viável, a fim de permitir a preservação 
da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos 
direitos dos credores; 
3. fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da 
viabilização do retorno célere do empreendedor falido à 
atividade econômica; 
																																																								
20 BASTOS, Athena. Lei de Falências e Recuperação Judicial: confira todas as mudanças. In: SAJ ADV. 
Publicado em: 18.03.2019. Disponível em: < https://blog.sajadv.com.br/lei-de-falencia-e-recuperacao-
judicial/>. Acesso em: 24.08.2019. 
	
 
4. permitir a liquidação célere das empresas inviáveis com vistas 
à realocação eficiente de recursos na economia; e 
5. preservar e estimular o mercado de crédito atual e futuro. 
 
 
De acordo com o PL, a mudança já começa no art. 1º: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Evidencia-se, neste primeiro artigo, a adoção do Regime de 
Cooperação Internacional e Insolvência Transnacional de que trata a 
Lei modelo da Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial 
Internacional. 
 
Quanto à Recuperação Judicial de Empresas, tema desta aula, em 
que pese o art. 47 não tenha alterações no PL, e o objetivo principal 
da Recuperação permaneça o mesmo, o inciso II do art. 48 do 
projeto traz alteração significante: na lei atual, a condição para 
requerimento de Recuperação é a não concessão de pedido de 
Recuperação Judicial há pelo menos 05 (cinco) anos. Pelo projeto de 
Lei nº 10.220/2018, este prazo cai para 02 (dois) anos. 
 
De acordo com os autores do Projeto, esta proposta trará maior 
dinamismo ao sistema econômico, permitindo aos empresários 
tentarem, mais de uma vez, obter sucesso em seus 
empreendimentos. 
 
Outras alterações propostas têm relação com a suspensão das ações 
e execuções movidas contra o devedor em recuperação judicial21: 
																																																								
21 COSTA, Daniel Carnio. Nova Lei de Falências e Recuperação de Empresas – Análise Crítica da 
Suspensão das Ações e Execuções movidas contra o Devedor em Recuperação Judicial. Publicado em: 
19.03.2019.Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/InsolvenciaemFoco/121,MI298341,51045-
Nova+Lei+de+Falencias+e+Recuperacao+de+Empresas+Analise+critica+da>. Acesso em: 25.08.2019. 
	
 
 
a) o termo inicial da suspensão: se daria já a partir da distribuição 
do pedido de recuperação judicial e não mais somente a partir do 
deferimento judicial do processamento do pedido; 
b) a amplitude da suspensão - quaisquer atos de constrição ou 
retenção judiciais e extrajudiciais – ações judiciais e arbitragens: 
o projeto deixa claro que o credor também está impedido de 
exercer qualquer tipo de retenção, arresto, penhora ou constrição 
judicial ou extrajudicial contra o devedor, incluídas aquelas dos 
credores particulares do sócio solidário; 
c) suspensão do despejo: a suspensão das ações também passaria a 
suspender a realização de despejo do devedor em recuperação, 
conforme o projeto; 
d) suspensão das execuções trabalhistas contra responsável 
subsidiário: 
e) o prazo da suspensão: até o encerramento do processo de 
recuperação judicial – antes o stay period era de 180 (cento e 
oitenta) dias contados do deferimento do pedido; 
f) créditos fiscais, FGTS, penalidades administrativas impostas aos 
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de 
trabalho e contribuições sociais e seus acréscimos legais: também 
estes créditos ficariam imunes aos efeitos da recuperação; 
 
Por fim, talvez a maior alteração trazida pelo projeto22: a extinção 
das quatro classes de credores existentes no sistema atual, 
transferindo à recuperanda o poder de classificar seus credores, de 
acordo com critérios estabelecidos no próprio plano de recuperação. 
 
Legislativamente, ainda há um longo caminho a percorrer, mas os 
debates estão fervilhando há muito, em razão das críticas da 
doutrina. Apesar de acreditarem que o projeto realmente corrige 
algumas distorções, alguns doutrinadores também vêm alguns 
equívocos. Alberto Camiña Moreira aponta um deles23: 
 
																																																								
22 CONCEIÇÃO, Vitor D. Projeto da Nova Lei de Falências e Recuperação Judicial extingue as quatro 
classes de credores. In: Migalhas. Publicado em: 28.03.2019. Disponível em: 
<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI298947,91041-
Projeto+da+nova+lei+de+falencias+e+recuperacao+judicial+extingue+as>. Acesso em: 25.08.2019. 
23 MOREIRA, Alberto C. Nova Lei de Recuperação e Falências objetiva salvar empresas. In: OAB/SP. 
Publicado em: 04.12.2017. Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/noticias/2017/12/nova-lei-de-
recuperacao-e-falencias-objetiva-salvar-empresas.12124>. Acesso em: 26.08.2019. 
	
 
Caso o projeto do governo seja aprovado, as instituições financeiras 
e demais credores de empresas em processo de restabelecimento 
terão a possibilidade de apresentar suas propostas para os planos 
de recuperação, saindo da posição de meros espectadores. “Manter 
o devedor como único capaz de apresentar um plano de 
recuperação gera desequilíbrio no processo. O credor deve ter o 
direito de apresentar um plano que considere melhor”, defende 
Moreira. 
 
Atualmente, o projeto de Lei tramita em regime de prioridade na 
Câmara dos Deputados24. 
 
 
c. Legislação 
 
• Lei de Falências e Recuperação de Empresas (Lei n° 
11.101/2005) – Regula a recuperação judicial, a extrajudicial 
e a falência do empresário e da sociedade empresária; 
 
a. Projeto da Nova Lei de Falências (PL nº 10.220/2018) – 
visa alterar a atual lei falimentar e de recuperação de 
empresas. 
 
• Código Civil (Lei n° 10.406/2002) – Art. 966; Art. 966, 
parágrafo único; Art. 971; 
 
• Súmulas do Superior Tribunal de Justiça: 
 
Súmula 264: É irrecorrível o ato judicial que apenas manda 
processar a concordata preventiva. Conforme frisa Elisabete 
Vido, o disposto deve ser aplicado para a recuperação 
judicial. 
 
Súmula 480: O juízo da recuperação judicial não é 
competente para decidir sobre a constrição de bens não 
abrangidos pelo plano de recuperação da empresa. 
 
																																																								
24 Projeto de Lei nº 10.220/2018: 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2174927. 
	
 
Súmula 581: A recuperação judicial do devedor principal não 
impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas 
contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em 
geral, por garantia cambial, real ou fidejussória. 
 
• Enunciados das Jornadas do Conselho de Justiça Federal: 
 
 I Jornada de Direito Comercial: 
Enunciado 44: A homologação de plano de 
recuperação judicial aprovado pelos credores está 
sujeita ao controle judicial de legalidade. 
 
 II Jornada de Direito Comercial: 
Enunciado 73: Para que seja preservada a eficácia do 
disposto na parte final do § 2º do artigo 6º da Lei n. 
11.101/05, é necessário que, no juízo do trabalho, o 
crédito trabalhista para fins de habilitação seja 
calculado até a data do pedido da recuperação judicial 
ou da decretação da falência, para não se ferir a par 
condicio creditorum25 e observarem-se os arts. 49, 
caput, e 124 da Lei n. 11.101/2005. 
 
Enunciado 74: Embora a execução fiscal não se 
suspenda em virtude do deferimento do 
processamento da recuperação judicial, os atos que 
importem em constrição do patrimônio do devedor 
devem ser analisados pelo Juízo recuperacional, a fim 
de garantir o princípio da preservação da empresa. 
 
Enunciado 77: As alterações do plano de recuperação 
judicial devem ser submetidas à assembleia geral de 
credores, e a aprovação obedecerá ao quorum 
previsto no art. 45 da Lei n. 11.101/05, tendo caráter 
vinculante a todos os credores submetidos à 
recuperação judicial, observada a ressalva do art. 50, 
§ 1º, da Lei n. 11.101/05, ainda que propostas as 
alterações após dois anos da concessão da 
																																																								
25 Princípio da par conditio creditorum ou Princípio da Paridade: tratamento igual a todos os credores de 
uma mesma categoria. Em que pese o CJF tenha grafado “condicio”, também é admitida a grafia 
“conditio”, que corresponde à forma clássica do latim. 
	
 
recuperação judicial e desde que ainda não encerrada 
por sentença. 
 
Enunciado 81: Aplica-se à recuperação judicial, no 
que couber, o princípio da par condicio creditorum. 
 
 
d. Julgados/Informativos 
 
INFORMATIVO Nº 548. ADI e Nova Lei de Falências – 1, Processo: 
ADI 3934. O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido 
formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo 
Partido Democrático Trabalhista - PDT contra os artigos 60, parágrafo 
único, 83, I e IV, c, e 141, II, da Lei 11.101/2005, que regula 
a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da 
sociedade empresária. Sustentava o requerente ofensa aos artigos 
1º, III e IV, 6º, 7º, I, e 170, VIII, da CF. Afastou-se, inicialmente, a 
alegada inconstitucionalidade formal dos dispositivos legais 
impugnados, por afronta à reserva constitucional de lei 
complementar. Asseverou-se que, nos termos do art. 22, I, da CF, 
compete privativamente à União legislar sobre direito do trabalho, a 
qual não está obrigada a utilizar-se de lei complementar para 
disciplinar a matéria, o que somente é exigido, de acordo com o art. 
7º, I, da CF, para regrar a dispensa imotivada, assunto, entretanto, 
que não constituiria objeto da Lei 11.101/2005. No ponto, salientou-
se que, não obstante a eventual recuperação ou falência de certa 
empresa ou a venda de seus ativos implique indiretamente a extinção 
de contratos de trabalho, esse efeito subsidiárionada teria a ver com 
a despedida arbitrária ou sem justa causa, que decorre sempre de 
ato volitivo e unilateral do empregador. ADI 3934/DF, rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, 27.5.2009. (ADI-3934) 
 
INFORMATIVO Nº 548. ADI e Nova Lei de Falências – 2, PROCESSO: 
ADI - 3934. Rejeitou-se, em seguida, a alegação de que os artigos 
60, parágrafo único, e 141, II, da lei em questão seriam 
inconstitucionais por estabelecerem que o arrematante das empresas 
em recuperação judicialnão responderia pelas obrigações do devedor, 
em especial as derivadas da legislação do trabalho. Considerou-se 
que a Constituição Federal não abrigaria nenhuma regra expressa 
sobre o eventual direito de cobrança de créditos trabalhistas em face 
	
 
daquele que adquire ativos de empresa em processo de recuperação 
judicial ou cuja falência tenha sido decretada. Além disso, não 
haveria ofensa direta a quaisquer valores implícita ou explicitamente 
protegidos pela Constituição Federal, podendo ocorrer, no máximo, 
uma colisão entre diferentes princípios constitucionais, sendo que, 
ainda assim, não se poderia falar em declaração de invalidade de um 
deles ou de instituição de uma cláusula de exceção, já que o 
legislador ordinário teria apenas estabelecido relações de precedência 
condicionada. Registrou-se que, no caso, o papel do legislador 
infraconstitucional teria se restringido a escolher dentre os distintos 
valores e princípios constitucionais, igualmente aplicáveis à espécie, 
aqueles que reputara mais idôneos para disciplinar a recuperação 
judicial e a falência das empresas, de forma a garantir-lhes a maior 
expansão possível, tendo em conta o contexto fático e jurídico com o 
que se defrontara. No ponto, observou-se que a Lei 11.101/2005 
resultou de amplo debate com os setores socais diretamente afetados 
por ela, tendo surgido, também, da necessidade de se preservar o 
sistema produtivo nacional inserido em uma ordem econômica 
mundial caracterizada pela concorrência predatória entre seus 
principais agentes e pela eclosão de crises globais cíclicas altamente 
desagregadoras. Destarte, nesse contexto, o legislador teria optado 
por estabelecer que adquirentes de empresas alienadas judicialmente 
não assumiriam os débitos trabalhistas, por sucessão, porquanto isso 
não ensejaria prejuízo aos trabalhadores, já que a exclusão da 
sucessão tornaria mais interessante a compra da empresa e tenderia 
a estimular maiores ofertas pelos interessados na aquisição, o que 
aumentaria a garantia dos trabalhadores, em razão de o valor pago 
ficar à disposição do juízo da falência e ser utilizado para pagar 
prioritariamente os créditos trabalhistas. Além do mais, a venda em 
bloco da empresa possibilitaria a continuação da atividade 
empresarial, preservando empregos. ADI 3934/DF, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 27.5.2009. (ADI-3934) 
	
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONFLITO DE 
COMPETÊNCIA ENTRE OS JUÍZOS TRABALHISTA E FALIMENTAR. 
EXECUÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA PROFERIDA CONTRA 
PESSOA JURÍDICA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LEGITIMIDADE DA 
CONSTRIÇÃO DE BENS DE PESSOA JURÍDICA QUE NÃO INTEGRAM O 
ACERVO DA MASSA FALIDA. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. 
AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. É de natureza 
	
 
infraconstitucional a controvérsia, fundada na interpretação da Lei 
11.101/03, acerca da legitimidade da constrição, pelo Juízo 
Trabalhista, de bens pertencentes a pessoa jurídica do mesmo grupo 
econômico que empresa sob recuperação judicial, porém não 
integrantes da massa falida. 2. É cabível a atribuição dos efeitos da 
declaração de ausência de repercussão geral quando não há matéria 
constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à Carta 
Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608-RG, Rel. Min. 
ELLEN GRACIE, DJe de 13/3/2009). 3. Ausência de repercussão geral 
da questão suscitada, nos termos do art. 543-A do CPC. Decisão: O 
Tribunal, por unanimidade, reconheceu a inexistência de repercussão 
geral da questão. Ministro TEORI ZAVASCKI Relator. (Tema 878 - 
Legitimidade da execução na Justiça do Trabalho de bens que, a 
despeito de não integrarem a massa falida, pertencem a pessoa 
jurídica do mesmo grupo econômico de sociedade submetida a 
procedimento falimentar. RE 864264 RG/DF. Julgamento 
17.03.2016). 
	
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO DE 
PLANO PELA ASSEMBLEIA DE CREDORES. INGERÊNCIA JUDICIAL. 
IMPOSSIBILIDADE. CONTROLE DE LEGALIDADE DAS DISPOSIÇÕES 
DO PLANO. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. A assembleia 
de credores é soberana em suas decisões quanto aos planos de 
recuperação judicial. Contudo, as deliberações desse plano estão 
sujeitas aos requisitos de validade dos atos jurídicos em geral, 
requisitos esses que estão sujeitos a controle judicial. 2. Recurso 
especial conhecido e não provido. (...) A apresentação, pelo devedor, 
de plano de recuperação, bem como sua aprovação, pelos credores, 
seja pela falta de oposição, seja pelos votos em assembleia de 
credores (arts. 56 e 57 da LFRJ) consubstanciam atos de 
manifestação de vontade. Ao regular a recuperação judicial, com 
efeito, a Lei submete à vontade da coletividade diretamente 
interessada na realização do crédito a faculdade de opinar e autorizar 
os procedimentos de reerguimento econômico da sociedade 
empresária em dificuldades, chegando-se a uma solução de 
consenso. Disso decorre que, de fato, não compete ao juízo interferir 
na vontade soberana dos credores, alterando o conteúdo do plano de 
recuperação judicial, salvo em hipóteses expressamente autorizadas 
por lei (v.g. art. 58, §1º,da LFRJ). (...) A vontade dos credores, ao 
aprovarem o plano, deve ser respeitada nos limites da Lei. A 
	
 
soberania da assembleia para avaliar as condições em que se dará a 
recuperação econômica da sociedade em dificuldades não pode se 
sobrepujar às condições legais da manifestação de vontade 
representada pelo Plano. Do mesmo modo que é vedado a dois 
particulares incluírem, em um contrato, uma cláusula que deixe ao 
arbítrio de uma delas privar de efeitos o negócio jurídico, o mesmo 
poder não pode ser conferido à devedora em recuperação judicial. A 
lei é o limite tanto em uma, como em outra hipótese”. (Rec. Especial 
1.314.209-SP – Rel. Min. Nancy Andrighi – 3ª Turma – Julgado em: 
22/05.2012) 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PREJUDICIAL 
DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA E OFENSA AO DUPLO GRAU DE 
JURISDIÇÃO. NÃO ACOLHIMENTO. PLANO DE RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL APROVADO PELA ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES. 
INFRINGÊNCIA A DISPOSITIVOS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS. 
INGERÊNCIA JUDICIAL. POSSIBILIDADE. CONTROLE DE 
LEGALIDADE. RECURSO PROVIDO. - Prejudicial de supressão de 
instância e ofensa ao duplo grau de jurisdição arguida em sessão de 
julgamento ao argumento de que a matéria não teria sido submetida 
ao juízo a quo. Não acolhimento, em face do efeito regressivo 
presente no recurso de agravo de instrumento, que enseja o 
conhecimento do pleito recursal pelo prolator da decisão, abrindo 
possibilidade, inclusive, do mesmo se retratar; - Agravo de 
Instrumento manejado em face de decisão que homologou plano de 
recuperação judicial aprovado em assembleia geral de credores; - 
Plano de recuperação que representa verdadeiro perdão da dívida, já 
que aplicado deságio de 90% sobre o valor nominal dos créditos, com 
pagamento do saldo remanescente (10%) em 120 parcelas mensais, 
iguais e consecutivas, após carência de 36 meses, sem incidência de 
qualquer encargos, a partir do mês subsequente ao da homologação 
do plano, com previsão inicial de pagamento para o mês de 
março/2015, contemplando ainda tratamentodesigual para credores 
da mesma classe pelo percentual de deságio adotado; - Violação a 
princípios constitucionais, a exemplo do princípio da razoabilidade, 
proporcionalidade e isonomia, além afronta ao art. 61 da Lei 
11.101/05 e ao princípio da igualdade dos credores; - Necessidade de 
revisão dos posicionamentos do Poder Judiciário no sentido da 
soberania absoluta das Assembleias Gerais de Credores, devendo 
para tanto assumir seu papel precípuo de guardião dos princípios 
	
 
consagrados na Carta Política de 1988, atuando de maneira mais 
rigorosa e diligente, para que não continuem a ser homologados 
planos de recuperação judicial em flagrante descompasso com o 
ordenamento jurídico vigente; - Recurso provido, a unanimidade de 
votos. Primeiramente, há de se rechaçar por completo qualquer 
argumento no sentido da impossibilidade do Poder Judiciário proceder 
com tal revisão já que, provocado pela parte, não pode deixar de 
atuar, sob pena de malferir o princípio da inafastabilidade da função 
jurisdicional (art. 5º, XXXV da CF). Nesse diapasão, não se pode, sob 
o fundamento da soberania absoluta da Assembleia Geral de 
Credores retirar do Judiciário a possibilidade de aferir no caso em 
questão a compatibilidade das disposições contidas no plano, 
notadamente quando o mesmo se encontra de encontro a valores 
legais e constitucionalmente tutelados pelo ordenamento jurídico 
brasileiro. Portanto, só há de prevalecer a referida soberania quando 
em consonância com todo o ordenamento constitucional vigente. 
(Agravo de Instrumento 270857-4 - 3ª Câmara Cível do TJPE – J. 
27.07.2012 – Des. Bartolomeu Bueno) 
 
Repercussão Geral em Direito Civil: Tema 885. Controvérsia alusiva à 
possibilidade do prosseguimento de ações de cobrança ou execuções 
ajuizadas em face de devedores solidários ou coobrigados em geral, 
depois de deferida a recuperação judicial ou mesmo depois de 
aprovado o plano de recuperação do devedor principal. A recuperação 
judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das 
execuções nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas 
contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por 
garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a 
suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação 
a que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 
1º, todos da Lei n. 11.101/2005. (REsp 1333349/SP, 2ª Seção, 
Relator LUIS FELIPE SALOMÃO. Julgado em: 26/11/2014. Publicado 
em: 02/02/2015). 
 
 
e. Leitura sugerida 
 
ABRÃO, Carlos Henrique; TOLEDO, Paulo F. Campos Salles. 
Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e Falência. 6. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2016. 
	
 
 
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de Falência e Recuperação de 
Empresa. 27. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
ANDRIGHI, Fátima Nancy; BENETI, Sidnei; ABRÃO, Carlos Henrique. 
10 anos de vigência da lei de recuperação e falência (Lei 
11.101/2005): retrospectiva geral contemplando a Lei 13.043/2014 e 
a Lei Complementar n. 147/2014. São Paulo: Saraiva, 2015. 
 
BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de Recuperação de Empresas e 
Falências Comentada - Lei 11.101/2005. 11. ed. rev. atual. e ampl. 
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. 
 
__________________________. Recuperação de microempresas e 
empresas de pequeno porte: modificações introduzidas pela Lei 
Complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014. Disponível em: 
<http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/101590/recuperacao_m
icroempresas_empresas_bezerra.pdf>. Acesso em: 25.08.2019. 
 
CAMPINHO, Sérgio. Falência e Recuperação de Empresa – O novo 
regime da insolvência empresarial. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: 
Renovar, 2015. 
 
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de 
empresa. 17. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, v.3. 
 
_____________. Manual Direito Comercial: direito de empresa. 28. 
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. 
 
_____________. Comentários à Lei de falências e de recuperação de 
empresas. 11. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2016. 
 
_____________ (Coord.). Tratado de Direito Comercial – Falência e 
Recuperação de Empresa e Direito Marítimo. São Paulo: Saraiva, 
2015, v. 7. 
 
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comercial. 17. ed. São 
Paulo: Forense, 2016. (Parte IX) 
 
	
 
_____________. Lei de Falência e Recuperação de Empresas. 7. ed. 
rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015. 
 
MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro – Falência e 
Recuperação de Empresas. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 
2016, v. 4. (Capítulo 3; Capítulos 12 ao 20) 
 
MARTINS, Fran (atualizado por Carlos Henrique Abrão). Curso de 
Direito Comercial. 39. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Forense, 
2016. (Capítulo 10) 
 
NEGRÃO, Ricardo. Aspectos Objetivos da Lei de Recuperação de 
Empresas e de Falências. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
PACHECO, José da Silva. Processo de Recuperação Judicial, 
Extrajudicial e Falência. 4. ed. São Paulo: Forense, 2013. 
 
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 30. ed. rev. atual. por 
Rubens Edmundo Requião. São Paulo: Saraiva, 2013, v.2. 
 
SAAD DINIZ, Gustavo. Grupos Societários – Da formação à falência. 
São Paulo: Forense, 2016. 
 
SANTA CRUZ RAMOS, André Luiz. Direito Empresarial Esquematizado. 
6. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Método, 2016. (Capítulo 7) 
 
SARHAN JÚNIOR, Suhel. Direito Empresarial – Manual Teórico e 
Prático. 2. ed. São Paulo: Del Rey, 2014. 
 
TEIXEIRA, Tarcísio. A recuperação judicial de empresas. Disponível 
em:<http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/a_recuperaca
o_judicial_de_empresas.pdf>. Acesso em: 25.08.2019. 
 
TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial – Falência e 
Recuperação de Empresas. 4. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: 
Atlas, 2016, v. 3 (Capítulo 2; Capítulos 3 ao 13) 
 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil – Direito Empresarial. 6. ed. 
São Paulo: Atlas, 2016, v. VIII. (Parte IV) 
 
	
 
VIDO, Elisabete. Curso de Direito Empresarial. 4. ed. rev. atual. e 
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. 
 
 
g. Leitura complementar 
 
CRASTELO, Danilo Vicari. As empresas em recuperação judicial e 
falência e o procedimento arbitral. Revista dos Tribunais: RT, v. 103, 
n. 942, p. 55-67, abr. 2014. 
 
FRANCO, Vera Helena de Mello. Os meios para a recuperação judicial 
de empresas e problemas detectados. Revista dos Tribunais: RT, v. 
104, n. 954, p. 217-235, abr. 2015. 
 
GONTIJO, Vinícius José Marques. Falência e recuperação de 
empresas: acordo de credores na Assembleia Geral. Revista de 
Direito Privado: RDPriv, v. 13, n. 49, p. 333-343, jan./mar. 2012. 
 
MENDES, Frederico Ribeiro de Freitas. Aspectos pontuais sobre a 
atuação do Ministério Público na Lei de Falências e Recuperação de 
Empresas. Revista de Processo: RePro, v. 37, n. 206, p. 397-412, 
abr. 2012. 
 
MENDONÇA, Saulo Bichara. Do comedimento à ineficácia do plano 
especial de recuperação judicial de microempresas e empresas de 
pequeno porte. Revista de Direito Empresarial: RDEmp, Belo 
Horizonte, v. 11, n. 2, p. 225-236, maio/ago. 2014. 
 
PIMENTA, Eduardo Goulart. Recuperação judicial de empresas, Cram 
Down e voto abusivo em Assembleia Geral de credores: estudo de 
casos. Revista de Direito Empresarial: RDEmp, Belo Horizonte, v. 10, 
n. 1, p. 129-144, jan./abr. 2013. 
 
SANTOS, Jonábio Barbosa dos; SOUSA, Nathália Guerra de. Falência 
e recuperação de empresas: contribuição para a materialização da 
funçãosocial = Bankruptcy and business recovery: contribution to 
the social function materialization. In: Revista Direito e Liberdade. 
Disponível em: 
<https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/94123/falencia_recupe
racao_empresas_santos.pdf>. Acesso em: 25.08.2019.

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