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GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

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SES 
Secretaria 
Estadual de Saúde 
 
 
 
GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 
EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
VIII REGIÃO DE SAÚDE 
PERNAMBUCO - BRASIL 
MARÇO/2017 
 
 
 
Governador do Estado de Pernambuco 
Paulo Henrique Saraiva Câmara 
Secretário Estadual de Saúde 
José Iran Costa Júnior 
Secretária Executiva de Coordenação Geral 
Ana Cláudia Callou 
Gerente da VIII Gerência Regional de Saúde 
Aline Silva Jerônimo 
Coordenadora de Atenção à Saúde/ VIII GERES 
Jackeline Alves de Lucena Tabosa 
Apoiadora Técnica de Saúde Mental/ VIII GERES 
Gabriella dos Santos Wrublewski 
Coordenadora da Residência Multiprofissional em Saúde Mental 
Barbara Eleonora Bezerra Cabral 
Autora do Guia 
Anne Crystie da Silva Miranda 
Colaboradoras 
Claudia Cavalcanti Galindo 
Jackeline Alves de Lucena Tabosa 
Maria Grasiela Alves de Figueiredo Lima 
Revisão técnica 
Aline Silva Jerônimo 
Barbara Eleonora Bezerra Cabral 
Claudia Cavalcanti Galindo 
Jackeline Alves de Lucena Tabosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica 
BRASIL. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. VIII Gerência Regional de 
Saúde. Coordenação de Atenção à Saúde – 2017. 
 
Guia de Monitoramento e Avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial – 1. ed. 
– Petrolina: VIII Gerência Regional de Saúde, 2017. 
64 p. 
 
ISBN 978-85-94033-00-0 
 
1. Monitoramento e avaliação, 2. Saúde Mental e Atenção Psicossocial, 3. 
Orientações técnicas. 
_____________________________________________________________ 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AB Atenção Básica 
AD Atenção Domiciliar 
AIH Autorização de Internação Hospitalar 
APAC Autorização de Procedimento de Alta Complexidade 
APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
APS Atenção Primária em Saúde 
BPA-C Boletim de Produção Ambulatorial Consolidado 
BPA-I Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado 
CAPS Centro de Atenção Psicossocial 
CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas 
CAPS ADi Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas Infantojuvenil 
CAPS i Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil 
CC Casa Civil 
CCC Centro de Convivência e Cultura 
CDS Coleta de Dados Simplificado 
Centro POP Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua 
CER Centro Especializado em Reabilitação 
CIAP2 Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição 
CID10 Classificação Internacional de Doenças – Décima Edição 
CRAS Centro de Referência da Assistência Social 
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
CRU Central de Regulação de Urgências 
CT Comunidade Terapêutica 
CTA Centro de Testagem e Aconselhamento 
DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde 
DH Direitos Humanos 
DSS Determinantes Sociais da Saúde 
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente 
eCR Equipe de Consultório na Rua 
EPS Educação Permanente em Saúde 
eSB Equipe de Saúde Bucal 
eSF Equipe de Saúde da Família 
ESF Estratégia Saúde da Família 
e-SUS AB e-SUS Atenção Básica 
FPO Ficha da Programação Físico Orçamentária 
GM Gabinete do Ministro 
HG Hospital Geral 
MS Ministério da Saúde 
NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família 
OMS Organização Mundial da Saúde 
 
 
ONG Organização Não Governamental 
OS Organização Social 
OSC Organização da Sociedade Civil 
OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público 
PEC Prontuário Eletrônico do Cidadão 
PNAB Política Nacional de Atenção Básica 
PNSB Política Nacional de Saúde Bucal 
PR Presidência da República 
PSE Programa Saúde na Escola 
PTS Projeto Terapêutico Singular 
PVC Programa de Volta pra Casa 
RAAS Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde 
RAAS-PSI Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial 
RAPS Rede de Atenção Psicossocial 
RAS Rede de Atenção à Saúde 
RD Redução de Danos 
RUE Rede de Atenção às Urgências e Emergências 
SAE Serviço de Atendimento Especializado 
SAMU 192 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 
SAS Secretaria de Atenção à Saúde 
SCNES Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde 
SE Sala de Estabilização 
SIA Sistema de Informação Ambulatorial 
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica 
SIGTAP Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, 
Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde 
SIH Sistema de Informação Hospitalar 
SIS Sistema de Informação em Saúde 
SISAB Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica 
SRT Serviço Residencial Terapêutico 
SUS Sistema Único de Saúde 
TMC Transtornos Mentais Comuns 
UA Unidade de Acolhimento 
UAA Unidade de Acolhimento Adulto 
UAi Unidade de Acolhimento Infantojuvenil 
UBS Unidade Básica de Saúde 
UPA 24 h Unidade de Pronto Atendimento 24 horas 
USF Unidade de Saúde da Família 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO .....................7 
1 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E 
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
.....................8 
2 A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ...................10 
2.1 Principais pontos de atenção ...................11 
3 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE 
MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
...................21 
4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ...................24 
4.1 Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde 
(SCNES) 
...................24 
4.2 Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, 
Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do 
Sistema Único de Saúde (SIGTAP) 
...................25 
4.3 Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica 
(SISAB) 
...................26 
4.3.1 e-SUS Atenção Básica ...................27 
4.3.2 Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda 
Edição 
...................28 
4.4 Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) ...................29 
4.4.1 Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial ...................30 
4.5 Sistema de Informação Hospitalar (SIH) ...................31 
5 INDICADORES EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL 
...................32 
5.1 Exemplos de indicadores de referência para o Componente I 
– Atenção Básica em Saúde da RAPS 
...................33 
 
 
 
5.2 Exemplos de indicadores de referência para o Componente 
II – Atenção Psicossocial Especializada da RAPS 
...................35 
5.3 Exemplos de indicadores de referência para o Componente 
III – Atenção de Urgência e Emergência da RAPS 
...................37 
5.4 Exemplos de indicadores de referência para o Componente 
IV – Atenção Residencial de Caráter Transitório da RAPS 
...................38 
5.5 Exemplos de indicadores de referência para o Componente 
V – Atenção Hospitalar da RAPS 
...................39 
5.6 Exemplos de indicadores de referência para o Componente 
VI – Estratégias de Desinstitucionalização da RAPS 
...................40 
5.7 Exemplos de indicadores de referência para o Componente 
VII – Reabilitação Psicossocial da RAPS 
...................41 
REFERÊNCIAS ...................42 
APÊNDICE A – Tabela de códigos de procedimentos conforme o 
SIGTAP para preenchimento dos instrumentos de registro 
RAAS, BPA-I, BPA-C e AIH de alimentação dos sistemas SIA e 
SIH. 
...................47 
ANEXO A – ClAP2 (Capítulo P: Psicológico). ...................58 
ANEXO B – Formulário do RAAS-PSI. ...................59 
ANEXO C – Formulário do BPA-I. ...................61 
ANEXO D – Formulário do BPA-C. ...................62 
 
 
 
 
 
7 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 Este guia foi cuidadosamente construído para os trabalhadores envolvidos com 
ações de Saúde Mentale Atenção Psicossocial. Sua elaboração foi motivada, 
sobretudo, pela necessidade de qualificar os registros dos municípios pertencentes à 
VIII Regional de Saúde de Pernambuco. São eles: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, 
Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. 
O objetivo principal é reunir informações de fácil entendimento e consulta sobre 
monitoramento e avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, com base nas 
orientações do Ministério da Saúde (MS), atualizadas até março/2017, 
disponibilizando referências técnicas e instrumentos de apoio para serem utilizados 
no cotidiano dos serviços. 
Interpretar a complexidade e vencer o desafio de produzir indicadores no 
campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial requer um compromisso com 
processos de monitoramento e avaliação, considerando-os parte essencial da 
dinâmica da instituição, compreendendo e valorizando a função dos instrumentos de 
registro (quer particulares ou padrão) das atividades. 
Por fim, esta proposta reflete a intenção de contribuir com a consolidação das 
redes de atenção às necessidades de Saúde Mental, investida da convicção de que o 
planejamento em saúde auxilia na melhoria da oferta e é possível apenas por meio de 
processos de monitoramento e avaliação continuados e consistentes. A perspectiva é 
de que as orientações sejam utilizadas e multiplicadas, alcançando cada vez mais 
trabalhadores, inclusive de outros setores e redes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL 
 
Monitorar e avaliar políticas, programas e serviços são condutas essenciais 
ao processo de implementação e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), 
contribuindo diretamente com o planejamento das ações e as tomadas de decisão. 
Institucionalizar essas práticas, contudo, tem sido um desafio a ser enfrentado pelas 
equipes de trabalhadores, quer na gestão, quer na assistência. 
Monitorar consiste em um acompanhamento sistemático a fim de diagnosticar 
continuadamente uma situação em relação a seus objetivos e metas, por meio de 
indicadores produzidos com base em diferentes fontes de dados. O monitoramento 
permite que, em tempo, sejam adotadas medidas que qualifiquem a operacionalização 
de algo, bem como que se verifique se os recursos estão sendo utilizados com 
eficiência. 
As informações produzidas ao monitorar devem ser oportunas, apresentadas 
em formato de fácil entendimento e de apreensão rápida. Para isso, é necessário que 
os indicadores sejam coletados e calculados com periodicidade. No âmbito das 
políticas públicas, tradicionalmente, acompanhar o desenvolvimento das propostas 
implementadas é identificado como monitoramento. 
Avaliar, por conseguinte, implica em acessar os dados monitorados e 
compará-los com as referências pertinentes, a fim de emitir juízo de valor, 
considerando os pontos de vista de todos os envolvidos com o processo. Na prática, 
a avaliação de qualquer atividade de saúde significa confrontar o que vem sendo feito 
cotidianamente com o que deveria ser feito como melhor intervenção possível. 
Um esquema de avaliação das ações de saúde tem como sentido mais nobre 
fortalecer o movimento de transformação da sociedade em prol da cidadania e da 
9 
 
garantia dos direitos fundamentais. Portanto, avaliar não deve ser visto como ameaça, 
mas sim como um incentivo para que os serviços cumpram padrões mínimos de 
qualidade, subsidiando o aprimoramento da condução dos mesmos. 
Apesar da necessidade e do movimento internacional de valorização e 
incorporação de processos de monitoramento e avaliação, destaca-se que estes ainda 
não são bem estabelecidos na Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Comparando 
o campo com outras áreas da atenção à saúde, mesmo as análises clássicas 
(baseadas em eficácia, efetividade e eficiência, por exemplo) são pouco utilizadas [1]. 
Por isso, é imperioso pensar desenhos de monitoramento e avaliação no 
cotidiano das ações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, privilegiando 
interpretações que transmitam a complexidade do campo. Mapear relações e 
acontecimentos constitutivos, seja por métodos quantitativos, qualitativos ou ambos, 
contribuirá expressivamente para que os parâmetros de qualidades da área sejam 
alcançados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
2 A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
Em 2001, é promulgada uma lei nacional para a Reforma Psiquiátrica, que 
redireciona o modelo de assistência psiquiátrica no Brasil, no contexto de um 
movimento iniciado na segunda metade da década de 1970. Também conhecida 
como Paulo Delgado, a lei Casa Civil (CC)/Presidência da República (PR) nº 
10.216/2001 dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com diagnóstico de 
transtorno mental [2]. 
Nesse cenário, a fim de transvalorar a noção de doença e ocupar novos 
espaços políticos, o paradigma emergente que trata do cuidado em Saúde Mental tem 
sido nomeado Atenção Psicossocial. Falar de Atenção Psicossocial é dizer mais do 
que da presença ou ausência de transtornos psíquicos, referindo-se à “ousadia de 
inventar um novo modo de cuidar do sofrimento humano” [3]. 
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), então, instituída pela portaria 
Gabinete do Ministro (GM)/MS nº 3.088/2011 [4] e republicada em 2013, afirma 
elementos cruciais da Reforma Psiquiátrica, refutando práticas que reduzem a 
experiência da loucura e do uso problemático de drogas à noção de doença. Ela 
integra o SUS, sendo sua proposição, em significativa proporção, fruto da Luta 
Antimanicomial e da transformação ainda em curso da atenção em Saúde Mental. 
Afirmando a responsabilidade do SUS de criar, ampliar e articular pontos de 
atenção em prol da garantia do cuidado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, a 
RAPS tem se consolidado com a finalidade de acolher pessoas que atravessam 
11 
 
experiências de sofrimento e/ou adoecimento psíquico, incluindo as que têm 
necessidades decorrentes do uso problemático de drogas. 
Como uma rede integrada de serviços, a RAPS é orientada pelos Direitos 
Humanos (DH), devendo estimular a autonomia, a liberdade e a cidadania, 
combatendo estigmas e atitudes discriminatórias. Considerando os Determinantes 
Sociais da Saúde (DSS), assume o compromisso ético-técnico de promover a 
equidade e garantir o acesso e a qualidade da assistência, ofertando cuidado integral 
e interdisciplinar. 
Em consonância com outras políticas, a atenção na RAPS deve ser 
humanizada [5], valorizando estratégias de Educação Permanente em Saúde (EPS) 
nos processos formativos das equipes e tendo o Projeto Terapêutico Singular (PTS) 
como marcador do cuidado centrado na pessoa. No que se refere ao uso problemático 
de drogas, a Redução de Danos (RD) é o paradigma âncora para o planejamento da 
oferta e desenvolvimento das ações. 
É fundamental, ainda, organizar os pontos dessa rede com base na 
regionalização e no trabalho intersetorial, a fim de garantir o princípio da integralidade. 
No tecer dos fluxos, os dispositivos de base territorial e comunitária devem ser 
destacados, valorizando a participação/controle social das pessoas assistidas e seus 
familiares, favorecendo a (re)inserção social de quem historicamente foi silenciado e 
excluído – e, por vezes, segue sendo. 
 
2.1 Principais pontos de atenção 
 
DISPOSITIVOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
COMPONENTE I - Atenção Básica em Saúde 
A Atenção Básica (AB) ou Atenção Primária em Saúde (APS), conhecida como "porta de entrada" 
do sistema de saúde e ordenadora do cuidado, objetiva desenvolver ações de promoção da saúdee prevenção de doenças, solucionando os casos possíveis (incluindo urgências) e direcionando os 
demais, de modo corresponsável, aos outros níveis de assistência. No Brasil, consonante com os 
preceitos do SUS (universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, humanização, 
equidade, participação social etc.), a Estratégia Saúde da Família (ESF) organiza a AB. 
12 
 
 
Unidade Básica de Saúde (UBS) 
A UBS ou Unidade de Saúde da Família (USF) é composta por 
equipe multiprofissional responsável por um conjunto de ações de 
âmbito individual e coletivo. É o dispositivo central da AB, dando 
vida à ESF. Como ponto de atenção da RAPS, compromete-se 
com a promoção e manutenção da saúde mental; prevenção do 
adoecimento psíquico; diagnóstico e cuidado a pessoas com 
transtornos, principalmente os Transtornos Mentais Comuns¹ 
(TMC); reabilitação; ações de RD e cuidado para pessoas com 
necessidades decorrentes do uso de drogas, dentre outras. Deve 
se articular com os demais serviços da rede, impactando na 
situação de saúde e autonomia das pessoas em particular e nos 
determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. 
Conforme a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) [7], uma 
equipe de Saúde Família (eSF) atende no máximo 4 mil pessoas 
e em média 3 mil e, com a Política Nacional de Saúde Bucal 
(PNSB) – Programa Brasil Sorridente [8], a UBS pode contar com 
uma equipe de Saúde Bucal (eSB). Para a Organização Mundial 
da Saúde (OMS), o manejo e o cuidado de transtornos mentais 
no contexto da AB são essenciais para possibilitar que um número 
maior de pessoas tenha acesso ao cuidado em Saúde Mental, 
proporcionando atenção mais qualificada e reduzindo tratamentos 
impróprios ou não específicos [9]. 
¹TMC referem-se a casos de sofrimento e/ou adoecimento psíquico que 
apresentam sinais não psicóticos (por exemplo: insônia, fadiga, sintomas 
depressivos, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas 
somáticas), mas que limitam as pessoas em suas capacidades funcionais [6]. 
 
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) 
O NASF, vinculado à AB, é constituído por profissionais de saúde 
de diferentes núcleos formativos que, atuando de modo integrado, 
apoiam as eSF, as equipes de AB para populações específicas e 
as equipes da Academia da Saúde, matriciando, compartilhando 
o cuidado e manejando situações relacionadas ao sofrimento ou 
adoecimento psíquico e aos problemas decorrentes do uso de 
drogas. De acordo com a portaria GM/MS nº 3.124/2012 [10], o 
NASF tipo 1 tem de 5 a 9 equipes de referência, o NASF tipo 2, 
de 3 a 4, e o NASF tipo 3, de 1 a 2. A Saúde Mental está entre as 
9 áreas estratégicas de atuação do NASF, indicando-se, por 
exemplo, que em um município pequeno, que não conta com 
Atenção Psicossocial Especializada, é vantagem ter um 
profissional de Saúde Mental no NASF, a fim de melhor responder 
às necessidades da população. A equipe NASF deve trabalhar 
conjuntamente com outras equipes especializadas de Saúde 
Mental (como as que compõem os pontos de Atenção 
Especializada da RAPS), corresponsabilizando-se pelos casos e 
facilitando a integração com as eSF. Esse arranjo institucional 
visa à articulação entre as unidades locais de saúde e os serviços 
de Saúde Mental, organizando o fluxo e o processo de trabalho. 
13 
 
 
Equipe de Consultório na Rua (eCR) 
A eCR é formada por profissionais atuando de modo itinerante, 
que ofertam cuidados de saúde à população em situação de rua, 
assumindo a responsabilidade, no âmbito da RAPS, de promover 
cuidados em Saúde Mental e Atenção Psicossocial para pessoas 
em situação de rua em geral; pessoas com diagnóstico de 
transtornos mentais e pessoas que fazem uso de crack, álcool e 
outras drogas, sempre em parceria com outros pontos de atenção 
da rede. O cálculo do número máximo de eCR por município é 
baseado nos dados dos censos populacionais relacionados à 
população em situação de rua, os quais devem ser levantados por 
órgãos oficiais e reconhecidos pelo MS. Segundo a portaria 
GM/MS nº 123/2012 [11], o município precisa ter mais de 100 mil 
habitantes e uma população mínima de 80 pessoas em situação 
de rua para implantar uma eCR, podendo uma equipe atender de 
80 a 1000 pessoas. Municípios com população inferior a 100 mil 
habitantes têm chances de serem contemplados com eCR, desde 
que comprovada a existência do público-alvo do dispositivo pelos 
censos oficiais mencionados. Ressalta-se, ainda, que a eCR pode 
utilizar as instalações das UBS do território, sempre que 
necessário. 
Observação: Em municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua, o 
cuidado integral à população em situação de rua deve seguir sendo de 
responsabilidade da AB, destacando as eSF e incluindo os profissionais de Saúde 
Bucal e os NASF do território onde essas pessoas estão concentradas. 
 
Equipe de apoio aos serviços de Atenção Residencial de 
Caráter Transitório 
As equipes de apoio aos serviços do componente da RAPS de 
Atenção Residencial de Caráter Transitório oferecem suporte 
clínico, coordenando o cuidado e prestando serviços de atenção 
à saúde de forma longitudinal e articulada com os outros pontos 
de atenção. Os gestores deverão ser sensíveis à avaliação dos 
dispositivos do componente em questão, considerando a 
implantação da equipe de apoio a fim de garantir o cuidado 
integral. 
 
Centro de Convivência e Cultura (CCC) 
O CCC é uma unidade pública, articulada à Rede de Atenção à 
Saúde (RAS) e, em especial, à RAPS, onde são oferecidos, à 
população em geral, espaços de sociabilidade, produção e 
intervenção na cultura e na cidade. É estratégico para a inclusão 
social das pessoas com diagnóstico de transtorno mental e/ou 
que fazem uso problemático de drogas, visto que se caracteriza 
como dispositivo que deve promover convívio e sustentação das 
diferenças na comunidade e em variados espaços da cidade. 
COMPONENTE II – Atenção Psicossocial Especializada 
Por muito tempo, a atenção especializada em Saúde Mental se restringiu ao cuidado hospitalar. 
Contudo, com a reorientação sofrida pelas políticas de Saúde Mental, em decorrência dos 
movimentos reformistas, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), em seu caráter substitutivo e 
estratégico, passa a ser a referência axial do componente de Atenção Psicossocial Especializada da 
RAPS. 
14 
 
 
Centro de Atenção Psicossocial 
Estabelecido pela portaria GM/MS nº 336/2002 [12], o CAPS é 
constituído por equipe multiprofissional que atua 
interdisciplinarmente, atendendo a pessoas com diagnóstico de 
transtorno mental grave e persistente, decorrente do uso 
problemático de drogas ou não. Suas atividades são 
desenvolvidas, prioritariamente, em espaços coletivos, a exemplo 
de grupos, assembleias, reunião de equipe, dentro outros. Em sua 
função de articulador de rede, o CAPS deve trabalhar em parceria 
com outros pontos de atenção da RAPS e das demais redes. 
Quanto às modalidades, tem-se: 
- CAPS I: Indicado para municípios com população acima de 20 
mil habitantes, atende a pessoas com diagnóstico de transtorno 
mental grave e persistente, decorrente do uso problemático de 
drogas ou não, de todas as faixas etárias¹; 
- CAPS II: Indicado para municípios com população acima de 70 
mil habitantes, atende a pessoas com diagnóstico de transtorno 
mental grave e persistente, acima de 18 anos ou, caso não haja 
CAPS i de referência, de todas as faixas etárias. Pode, também, 
atender a pessoas com necessidades decorrentes do uso 
problemático de drogas – conforme a organização da rede de 
saúde local; 
- CAPS III: Indicado para municípios ou regiões com população 
acima de 200 mil habitantes, atende a pessoas com diagnóstico 
de transtorno mental grave e persistente, proporcionando 
serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas(incluindo finais de semana e feriados), ofertando retaguarda 
clínica e acolhimento noturno a outros serviços de Saúde Mental, 
inclusive CAPS AD. 
¹Em qualquer situação, independentemente da missão e modalidade dos serviços, 
o atendimento a crianças e adolescentes deve considerar as normativas do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
 
Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas 
(CAPS AD) 
Serviço de Saúde Mental aberto e de caráter comunitário, 
ancorado no paradigma de RD, o CAPS AD é constituído de modo 
semelhante ao CAPS geral, contudo é voltado especificamente à 
população que faz uso problemático de drogas. Sobre suas 
modalidades, tem-se 
- CAPS AD: Indicado para municípios ou regiões com população 
acima de 70 mil habitantes, atende a crianças e adolescentes ou 
adultos com necessidades decorrentes do uso problemático de 
drogas; 
- CAPS AD III: Indicado para municípios ou regiões com 
população acima de 200 mil habitantes, atende a crianças e 
adolescentes ou adultos com necessidade de cuidados clínicos 
contínuos, funcionando 24 horas (incluindo finais de semana e 
feriados) e podendo ofertar, no máximo, 12 acomodações para 
observação e monitoramento das condições de saúde das 
pessoas assistidas. 
15 
 
 
Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPS i) 
Em consonância com os direitos da criança e do adolescente, o 
CAPS i é um serviço aberto e de caráter comunitário, indicado 
para municípios ou regiões com população acima de 150 mil 
habitantes, voltado à assistência de crianças e adolescentes com 
diagnóstico de transtorno mental grave e persistente e/ou que 
fazem uso problemático de drogas¹. As atividades ofertadas 
devem levar em consideração a particularidade da faixa etária, 
valorizando o lúdico na produção de tecnologias de cuidado. 
¹No cenário nacional, experiências inovadoras e preliminares de atendimento em 
CAPS a crianças e adolescentes que fazem uso problemático de drogas têm 
suscitado a necessidade de um diagnóstico situacional que subsidie o 
reconhecimento pela portaria da RAPS da modalidade Centro de Atenção 
Psicossocial Álcool e outras Drogas Infantojuvenil (CAPS ADi) [13]. 
COMPONENTE III – Atenção de Urgência e Emergência 
Os pontos de Atenção de Urgência e Emergência são responsáveis pelo acolhimento, classificação 
de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com sofrimento ou 
adoecimento psíquico, incluindo aquelas que têm necessidades decorrentes do uso problemático de 
drogas. Na RAPS, eles deverão se articular com os CAPS, corresponsabilizando-se pelo cuidado 
nas situações que necessitem de internação em Hospital Geral (HG) ou de Serviços Residenciais de 
Caráter Transitório. 
 
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) 
O SAMU 192 tem como objetivo chegar precocemente às 
pessoas após a ocorrência de alguma situação de urgência ou 
emergência de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, 
pediátrica, psiquiátrica, entre outras, que possa desencadear 
sofrimento, sequelas ou mesmo morte. Trata-se de um serviço 
pré-hospitalar que, com a maior brevidade possível, conecta as 
pessoas em situação de urgência ou emergência aos recursos de 
que necessitam. Acessado pelo número telefônico “192” e 
acionado por uma Central de Regulação de Urgências (CRU), 
funciona 24 horas, orientando e enviando veículos tripulados por 
equipe capacitada. O SAMU 192 realiza atendimentos em 
qualquer lugar (residências, locais de trabalho, vias públicas etc.) 
e, como ponto de atenção da RAPS, enfatiza-se a 
responsabilidade que tem pela assistência em situações de 
urgência e emergência em Saúde Mental (atenção à pessoa em 
crise), como supracitado. 
 
Sala de Estabilização (SE) 
A SE é um equipamento estratégico para a Rede de Atenção às 
Urgências e Emergências (RUE), tratando-se de um ambiente 
com condições de garantir assistência 24 horas para 
estabilização de pessoas em estados críticos e/ou graves. 
Vinculada a um equipamento de saúde (UBS, Unidade Mista, 
Unidade de Pronto Atendimento, Hospital etc.), conecta-se aos 
outros níveis de atenção, articulando, via CRU, o 
encaminhamento a outros pontos das RAS. Como componente 
da RAPS, qualifica a oferta de atenção à crise psiquiátrica. 
Observação: No cenário atual, a União restringiu o repasse de recursos 
financeiros tanto para implantação quanto para manutenção de SE. Com isso, 
projetando melhoras futuras, o dispositivo não foi excluído como possível 
componente da RUE, em específico, e das RAS, no geral, porém o seu 
funcionamento está suspenso por tempo indeterminado. 
16 
 
 
Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA 24 h) 
A UPA 24 h funciona todos os dias da semana (incluindo finais de 
semana e feriados), sendo um dispositivo de complexidade 
intermediária entre as UBS e as portas de urgência hospitalares. 
Tem como objetivo diminuir as filas dos hospitais, evitando o 
encaminhamento de casos que podem ser solucionados na AB 
ou pela própria UPA 24 h. Como componente da RAPS, deve 
prestar assistência em situações de urgência e emergência em 
Saúde Mental (atenção à pessoa em crise). 
COMPONENTE IV – Atenção Residencial de Caráter Transitório 
O componente de Atenção Residencial de Caráter Transitório tem a missão de garantir o suporte 
necessário em casos de vulnerabilidade social e/ou familiar, acolhendo pessoas que demandem 
acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitório. Os dispositivos que o integram 
funcionam 24 horas e em ambiente residencial. 
 
Unidade de Acolhimento (UA) 
Instituída pela portaria GM/MS nº 121/2012 [14], a UA é um 
dispositivo da RAPS que oferece cuidados contínuos de saúde a 
pessoas de ambos os sexos, com necessidades decorrentes do 
uso problemático de drogas e que apresentem acentuada 
vulnerabilidade social e/ou familiar, demandando 
acompanhamento terapêutico. O tempo máximo de permanência 
é de 6 meses, sendo papel da AB apoiar e reforçar o cuidado 
clínico geral das pessoas acolhidas e, de responsabilidade do 
CAPS, a indicação do acolhimento, o acompanhamento 
especializado durante este período, o planejamento da saída e do 
seguimento do cuidado e a participação de forma ativa na 
articulação intersetorial, a fim de promover a reinserção das 
pessoas assistidas na comunidade. As modalidades de UA levam 
em consideração a faixa etária atendida: 
- Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): Destinada a pessoas 
maiores de 18 anos; 
- Unidade de Acolhimento Infantojuvenil (UAi): Destinada a 
pessoas entre doze anos e dezoito anos incompletos. 
 
Comunidade Terapêutica (CT) 
A CT é um serviço de caráter residencial transitório voltado a 
acolher, por até 9 meses, adultos com necessidades clínicas 
estáveis decorrentes do uso de drogas. Segundo a portaria 
GM/MS nº 131/2012 [15], o incentivo financeiro de custeio da CT 
é de R$ 15.000,00 mensais para cada módulo de 15 vagas (até 
um limite de financiamento de 2 módulos por entidade 
beneficiária), diferenciando-a de Centro de Recuperação e 
instituições afins, para as quais não se prevê financiamento 
público e nem inserção na RAPS. No que se refere à equipe de 
apoio aos serviços de Atenção Residencial de Caráter Transitório 
(mencionada no Componente I – Atenção Básica em Saúde): 
municípios com 3 ou mais CT podem implantar 1 equipe para 
cada 3 CT e municípios com menos de 3 CT (menos de 80 
pessoas assistidas) seguirão com a atenção integral por conta 
das equipes de AB. 
Observação: Cabe ressaltar que a CT vai de encontro à lei CC/PR nº 10.216/2001 
[2] e ao movimento de Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, tendo a 
inclusão deste dispositivo na RAPS sido um ponto conflituoso. Isso em função de 
17 
 
a CT, em geral, utilizar tecnologias como o isolamento social e a internação, além 
de se fundamentarem ideologia religiosa. Sua prática tem se inspirado em um 
modelo de internação compulsória e violação dos direitos das pessoas em 
tratamento, tendo a abstinência como condição e, assim, negando a potência 
terapêutica e política da perspectiva da RD. Dessa maneira, o financiamento 
público desses dispositivos representa não só uma afronta à lei nacional de 
Reforma Psiquiátrica, às resoluções da 14ª Conferência Nacional de Saúde e da 
IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial mas também, ao 
movimento reformista em curso no país, que se respalda no caráter laico do 
Estado brasileiro [16]. 
COMPONENTE V – Atenção Hospitalar 
Como mencionado na descrição do Componente II – Atenção Psicossocial Especializada, 
historicamente, as instituições hospitalares, com ênfase nos Hospitais Especializados em Psiquiatria, 
assumiram quase que exclusivamente a função da “assistência” a pessoas com necessidades de 
Saúde Mental, violando direitos e silenciando subjetividades. Todavia, ancorado no processo de 
Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, o presente componente redireciona a assistência 
hospitalar em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, enfatizando o caráter de transformação social 
nas relações com a loucura proposto pela RAPS. 
 
Hospital Geral 
Sempre respeitando a lei CC/PR nº 10.216/2001 [2], o HG de 
referência para atenção a pessoas com sofrimento e/ou 
transtorno mental, decorrentes do uso problemático de drogas ou 
não, oferece suporte hospitalar por meio de internações de curta 
ou curtíssima duração (até a estabilidade clínica) em situações 
assistenciais que indicam a ocorrência de comorbidades de 
ordem clínica e/ou psíquica. Funciona integralmente, durante 24 
horas diárias, nos 7 dias da semana, sem interrupção da 
continuidade entre os turnos. É possível habilitar leitos integrais 
especializados em Saúde Mental no HG, qualificando, deste 
modo, a assistência no âmbito da atenção à crise, incluídos os 
casos de abstinências e intoxicações severas. O acesso a esses 
leitos deve ser regulado com base em critérios clínicos e de 
gestão, considerando o CAPS¹ como interlocutor. A equipe que 
atua nessa enfermaria especializada deve ser de composição 
multidisciplinar, trabalhando de modo interdisciplinar e articulado 
com o PTS desenvolvido pelo serviço de média complexidade ou 
de AB de referência para a pessoa. Especialmente no que é 
alusivo à retaguarda a pessoas com complicações decorrentes do 
uso problemático de drogas, a oferta do HG, observando o 
território, deve respeitar a lógica da RD e outras premissas e 
princípios do SUS. O parâmetro adotado pela portaria GM/MS nº 
3.088/2011 [4] é de 1 leito em enfermaria especializada para cada 
23 mil habitantes. 
¹No caso de a pessoa acessar a RAPS por meio do próprio HG e não apresentar 
vínculo anterior com um CAPS, deve ser providenciada sua referência a um 
dispositivo deste tipo, o qual assumirá a retaguarda assistencial após a alta. 
Observação: Dada a história de exclusão, aprisionamento, silenciamento e 
negação de direitos escrita pelas instituições totais no campo da Saúde Mental, 
cabe ressaltar que o Hospital Psiquiátrico (geralmente conhecido como Sanatório, 
Hospício ou Manicômio) não compõe a RAPS, de modo que não deve participar 
dos fluxos de encaminhamento desta rede, exceto em caráter transicional de 
modelos. É imprescindível o fortalecimento da Luta Antimanicomial, que propõe a 
desconfirmação da função social e o fechamento de todos os Hospitais 
Psiquiátricos, pari passu com o fortalecimento da rede de serviços territoriais 
substitutivos. 
COMPONENTE VI – Estratégias de Desinstitucionalização 
Este componente reúne pontos de atenção que cumprem função estratégica no processo de 
desospitalização e reinserção social de pessoas que atravessam/atravessaram a experiência de 
internamento de longa duração em Hospital Psiquiátrico ou Hospital de Custódia. Considerando a 
18 
 
necessidade de acelerar a estruturação e a consolidação da rede extra-hospitalar de atenção à 
Saúde Mental em todas as unidades da Federação, implementando diretrizes de melhoria de 
qualidade da oferta, os seus pontos de atenção ratificam a imprescindibilidade da 
desinstitucionalização ante a história manicomial escrita ao longo de décadas. 
 
Serviço Residencial Terapêutico (SRT) 
Mais conhecido como Residência Terapêutica, o SRT, criado pela 
portaria GM/MS nº 106/2000 [17], é uma moradia inserida na 
comunidade, localizada fora dos limites de unidades hospitalares 
gerais ou especializadas e vinculada à rede pública de serviços 
de saúde, que acolhe pessoas egressas de internações de longa 
permanência (2 anos ou mais ininterruptos) em Hospitais 
Psiquiátricos ou Hospitais de Custódia. Configurando-se como 
uma estratégia de desinstitucionalização, deve garantir convívio 
social, reabilitação psicossocial, resgate da cidadania, promoção 
de laços afetivos, reinserção no espaço da cidade e reconstrução 
das referências familiares. Segundo a portaria GM/MS nº 
3.090/2011 [18], que altera a portaria GM/MS nº 106/2000 [17], 
cada SRT deverá estar vinculado a um serviço/equipe de Saúde 
Mental de referência, que dará o suporte técnico-profissional 
necessário. O número de unidades que um município pode 
instalar depende do número de munícipes longamente 
internados. Quanto às modalidades, tem-se: 
- SRT Tipo I: Destinado a pessoas com diagnóstico de transtorno 
mental em processo de desinstitucionalização, devendo acolher, 
no máximo, 8 moradores, sendo o recurso financeiro de custeio 
mensal condicionado à composição mínima de 4 moradores. 
Nesta modalidade, o SRT pode contar com um cuidador de 
referência. 
- SRT Tipo II: Destinado a pessoas com diagnóstico de transtorno 
mental e acentuado nível de dependência (especialmente em 
função de comprometimento físico), que necessitem de cuidados 
permanentes específicos, devendo acolher no máximo 10 
moradores, sendo o recurso financeiro de custeio mensal 
condicionado à composição mínima de 4 moradores. Nesta 
modalidade, o SRT deve contar com equipe mínima composta por 
cuidadores de referência e técnico de Enfermagem. 
 
Programa de Volta pra Casa (PVC) 
Instituído pela lei CC/PR nº 10.708/2003 [19] e regulamentado pela 
portaria GM/MS nº 2.077/2003 [20], o PVC é uma política pública 
de inclusão social que visa fortalecer o processo de 
desinstitucionalização, provendo auxílio-reabilitação no valor de 
R$ 240,00 a pessoas com diagnóstico de transtorno mental 
egressas de internação psiquiátrica de longa permanência (2 
anos ou mais ininterruptos). O número de benefícios com os quais 
o município pode ser contemplado depende da quantidade de 
munícipes que se encaixam no critério de internação de longa 
permanência. Mais informações podem ser consultadas no 
Manual do Programa “De Volta pra Casa” [21]. 
Observação: Moradores do SRT também têm direito a receber o auxílio do PVC. 
COMPONENTE VII – Reabilitação Psicossocial 
O componente Reabilitação Psicossocial, destinado a ações de caráter intersetorial que promovam 
a inclusão produtiva, a formação e a qualificação para o trabalho de pessoas com diagnóstico de 
transtorno mental ou com necessidades decorrentes do uso problemático de drogas, agrega 
iniciativas de geração de trabalho e renda, envolvendo empreendimentos solidários e cooperativas 
sociais. Essas iniciativas devem articular sistematicamente as redes de saúde e de economia 
19 
 
solidária com os recursos disponíveis no território, a fim de garantir a melhoria das condições 
concretas de vida, a ampliação da autonomia, a contratualidade e a inclusão social. 
 
Cooperativa 
Regulada pela lei CC/PR nº 5.764/1971 [22], que define a Política 
Nacional de Cooperativismo, a Cooperativa é uma associação de 
pessoas com interesses comuns, economicamente organizada de 
forma democrática,sem fins lucrativos. Constitui-se por membros 
de determinado grupo econômico ou social que, juntos, têm o 
objetivo de desempenhar determinada atividade. Identidade de 
propósitos e interesses; ação conjunta, voluntária e objetiva para 
coordenação de contribuição e serviços; obtenção de resultado 
útil e comum a todos são algumas das premissas do 
cooperativismo. Por diversos fatores, ao longo da história, 
pessoas com diagnóstico de transtorno mental, decorrentes do 
uso problemático de drogas ou não, foram equivocadamente 
classificadas como incapazes. Sendo a garantia de trabalho e a 
geração de renda, provavelmente, dos maiores desafios do 
movimento de Reforma Psiquiátrica, dadas as exigências do 
sistema capitalista, aposta-se na lógica da Cooperativa como uma 
porta para a (re)inserção social por meio do mundo do trabalho. 
Nas últimas décadas, experiências exitosas nesse sentido têm 
sido narradas no campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial, 
com destaque às organizações que envolvem pessoas assistidas 
pelos CAPS e seus familiares. 
Dispositivos intrasetoriais 
 
A fim de garantir a integralidade do cuidado, correspondendo às 
reais necessidades da população, a RAPS não deve restringir sua 
articulação aos dispositivos previstos na portaria que a 
regulamenta. Nesse sentido, os demais serviços do SUS devem 
ser convidados e articulados a esse funcionamento integrado e 
integral, na perspectiva intrasetorial, cabendo aos trabalhadores 
da RAPS conhecer a realidade do território onde estão inseridos 
e identificar com quais dispositivos do setor saúde podem contar. 
Policlínica (em especial, o Ambulatório de Saúde Mental, que 
costuma disponibilizar assistência psiquiátrica e psicológica), 
Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)/Serviço de 
Atendimento Especializado (SAE), Centro Especializado em 
Reabilitação (CER) são exemplos de serviços que compõem a 
rede SUS e podem atuar em parceria com os dispositivos da 
RAPS. 
Dispositivos intersetoriais 
 
Além da intrasetorialidade, a RAPS depende de articulações 
intersetoriais para que seus objetivos sejam alcançados. Assim, a 
organização de ações intersetoriais em Saúde Mental e Atenção 
Psicossocial envolve políticas públicas além das de saúde, tais 
como: assistência social, educação, habitação, esporte, cultura, 
trabalho e renda, segurança pública, judiciário e, ainda, os 
diversos recursos da vida comunitária, as associações de 
familiares e pessoas assistidas pelos serviços, os movimentos 
sociais, dentre outros. Com frequência, parcerias com serviços 
como Centro de Referência Especializado para a População em 
Situação de Rua (Centro POP), Centro de Referência da 
Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado 
de Assistência Social (CREAS), Escola, Universidade, Vara de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Vara da Infância 
20 
 
e Juventude, dentre outros, são solicitadas. Cabe aos 
trabalhadores da RAPS, portanto, diagnosticarem os serviços de 
que o território dispõe, a fim de potencializar as articulações para 
uma atenção integral. 
Dispositivos do Terceiro Setor 
 
Em um sistema capitalista didaticamente dividido em três setores, 
sendo o primeiro o Estado/Governo e o segundo as empresas 
privadas, Terceiro Setor diz respeito a todas as iniciativas 
privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil 
organizada. Dentre elas, destacam-se: a Organização Não 
Governamental (ONG) ou Organização da Sociedade Civil (OSC); 
a Organização Social (OS) e a Organização da Sociedade Civil 
de Interesse Público (OSCIP). Como possibilidades constitutivas 
dos territórios, os dispositivos do Terceiro Setor ofertam serviços 
à comunidade e, por isto, os trabalhadores da RAPS, sem perder 
de vista os princípios e diretrizes do SUS, bem como os ideais de 
Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, devem valorizar tais 
parcerias sempre que se revelarem como vias para potencializar 
o cuidado. Historicamente, instituições como a Associação de 
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e as Casas de 
Acolhimento para idosos, por exemplo, têm contribuído com a 
integralidade da atenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E 
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
Todo processo avaliativo inicia com a escolha de um método capaz de pôr em 
análise informações e questões de interesse. Centrado no cotidiano dos serviços e 
garantindo a participação da equipe, das pessoas assistidas e seus familiares, deve 
enfocar objetivos, decisões, reivindicações, preocupações, entre outros, como 
variáveis que auxiliam a classificar o avanço das ações. 
Dessa maneira, as pessoas diretamente envolvidas com aquilo que se avalia 
são as mais indicadas para identificar o direcionamento da avaliação. Torna-se 
essencial, ainda, no que se refere aos trabalhadores, que o processo avaliativo dê 
conta não só de conhecer o que eles pensam que deve ser avaliado, como também a 
opinião que têm acerca dos instrumentos mais adequados para isto. 
Considerando a complexidade que permeia a definição de parâmetros para a 
avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, não é fácil precisar qual(is) 
instrumento(s) é(são) mais adequado(s) para cada foco. Todavia, experiências no 
cotidiano dos serviços e estudos, como o de Pôrto [23], ajudam a identificar métodos e 
instrumentos exitosos que podem ser utilizados e aprimorados. 
São exemplos de instrumentos para monitoramento e avaliação em Saúde 
Mental e Atenção Psicossocial: 
 Supervisão clínico-institucional – que garante a reflexão em torno da 
organização do processo de trabalho, destacando o acompanhamento de 
casos, com apoio de profissional externo à equipe (o supervisor); 
22 
 
 Reunião de equipe – espaço que deve ser garantido, de preferência 
semanalmente, não apenas para discussões de caráter burocrático, mas 
sobretudo para reflexões sobre o trabalho realizado, na perspectiva de 
construção conjunta de estratégias; 
 Discussão de caso – fundamental para promover uma ampliação das 
possibilidades de cuidado às pessoas atendidas e aos seus familiares; 
 PTS – utilizado especialmente para os casos mais desafiantes, devendo 
necessariamente incluir a avaliação do que se faz, com participação direta 
da própria pessoa acompanhada; 
 Assembleia – que garante encontros sistemáticos de todos que integram o 
cotidiano do serviço, na perspectiva de aprimorar sua dinâmica de 
funcionamento, promover relações horizontalizadas e instituir participação 
social; 
 Questionário – voltado a pessoas assistidas diretamente pelo serviço, seus 
familiares e/ou trabalhadores, reunindo perguntas que ajudem a 
circunscrever os fenômenos de interesse; 
 Caixa de sugestões – sempre disponível para eventuais críticas e 
propostas; 
 Prontuário – instrumento fundamental para o registro do processo 
terapêutico de cada pessoa acompanhada; 
 Livro de registro de grupos – em que as atividades ficam anotadas, 
permitindo análise de suas execuções; 
 Relatórios gerados pelos sistemas de informação – dados consolidados por 
competência sobre procedimentos realizados pelo dispositivo. 
Historicamente, os primeiros instrumentos usados nos serviços de Saúde 
Mental eram apenas de mensuração, centrados nas (in)capacidades das pessoas 
atendidas. Quando surge a necessidade de avaliar os programas de saúde, avançam 
para instrumentos de caráter descritivo. Somente na década de 1990 é experimentada 
uma proposta participativa, abrindo caminhos para os métodos considerados mais 
efetivos na contemporaneidade. 
Com o intuito de ir além dos indicadores epidemiológicos, as avaliações têm 
desenvolvido um instrumental que discuteboas práticas, incluindo medidas que 
classificam os reflexos delas sobre, por exemplo, a qualidade de vida, a autonomia e 
23 
 
a satisfação das pessoas. Destarte, a maioria dos trabalhadores desse campo 
concorda que roteiros de avaliação qualitativa são mais adequados [23]. 
Em suma, a inventividade necessária ao trabalho em Saúde Mental e Atenção 
Psicossocial é indispensável também para o planejamento de métodos e criação de 
instrumentos avaliativos, compondo a tarefa de monitorar e avaliar as ações. 
Baseando-se em experiências exitosas e sem perder de vista os fundamentos ético-
técnicos, os trabalhadores em Saúde Mental devem exercitar a invenção também 
nesse âmbito, atentos à necessidade de pôr em análise suas práticas e efeitos delas 
decorrentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 
 
Sistema de Informação em Saúde (SIS) é um mecanismo de coleta, 
processamento, análise e transmissão da informação necessária para planejar, 
organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Os diversos SIS permitem acesso a 
um panorama das condições de vida e de saúde da população, transformando dados 
em recomendações para a qualificação das ações. 
Conhecer os passos de cada etapa de um SIS é fundamental a sua 
alimentação, garantindo a fidedignidade dos dados. Ressalta-se, todavia, que 
centralizar a avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial no dado limita a 
potencialidade do seu uso, visto ser indispensável a valorização do compartilhamento 
e da discussão das interpretações com os profissionais dos serviços. 
A seguir, são descritos os principais SIS utilizados para o trabalho efetivo de 
monitoramento e avaliação dos serviços da RAPS, mencionando os instrumentos de 
registro das ações necessários à operacionalização adequada. Nessa descrição, o 
preenchimento dos dados que se relacionam diretamente com a produção de 
indicadores em Saúde Mental e Atenção Psicossocial é enfatizado. 
 
4.1 Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) 
 
Regulamentado pelas portarias da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS)/MS 
nº 511/2000 [24] e nº 134/2011 [25], o SNCES cadastra todos os estabelecimentos de 
25 
 
saúde existentes no país, quer sejam componentes da rede pública ou da privada, 
visando subsidiar gestores na implantação/implementação das políticas de saúde, 
facilitando o planejamento, a regulação, a avaliação, o controle, a auditoria, o ensino 
e a pesquisa. 
Trata-se do sistema âncora para operacionalizar os demais SIS, 
proporcionando o reconhecimento da rede assistencial existente, suas 
potencialidades e lacunas, por meio de um banco de dados que reúne informações 
sobre condições de infraestrutura, recursos humanos, equipamentos e serviços 
ofertados pelos estabelecimentos de todas as esferas administrativas. 
Geralmente, o município designa um profissional digitador para lançar as 
informações no SCNES. Sob supervisão do gestor municipal da pasta, coordenadores 
de serviços de saúde devem preencher os formulários especificados pelo Manual 
Técnico do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – Versão 2 [26] e 
encaminhá-los ao digitador, atualizando sempre que necessário. 
Dotar o SUS com uma base cadastral atualizada, única e fidedigna em todo o 
país decorre de uma ação conjunta dos municípios, estados e governo federal. 
Destaca-se, portanto, o papel essencial dos gestores estaduais, do Distrito Federal e 
municipais, que têm a responsabilidade do registro e o desafio de mantê-lo atualizado, 
efetuando sistematicamente a disseminação das informações cadastradas. 
 
4.2 Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, 
Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SIGTAP) 
 
 Desenvolvido pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o 
SIGTAP é um sistema de gerenciamento que permite a consulta de procedimentos da 
amplamente conhecida “Tabela SUS”. Disponibilizado no segundo semestre de 2007 
para consulta por gestores e prestadores, a fim de que estes se familiarizassem com 
a ferramenta, está em vigor desde janeiro de 2008. 
 Além de fornecer dados relativos a cada procedimento, demostrando quais 
dispositivos e quais profissionais estão habilitados para a execução, o SIGTAP 
permite que sejam gerados relatórios variados, de acordo com a necessidade de 
quem procura. É um recurso fundamental para a manutenção da saúde financeira dos 
serviços do SUS, potencializando o processo de tomada de decisões. 
26 
 
 Em sua disposição, o SIGTAP compartimenta-se em 4 níveis de agregação: 
grupo (de procedimentos com características semelhantes ou de acordo com a 
finalidade do atendimento); subgrupo (de procedimentos por tipo e/ou área de 
atuação); forma de organização (por sistemas do corpo humano; especialidades; tipo 
de exame etc.) e procedimento (detalhamento da intervenção). 
 No que se refere especificamente ao campo da Saúde Mental e Atenção 
Psicossocial, além de procedimentos de AB, no grupo “Procedimentos clínicos” e 
subgrupo “Consultas/Atendimentos/Acompanhamentos”, há a forma de organização 
“Atendimento/Atenção Psicossocial”. Nessa categoria, é possível acessar diversos 
procedimentos executados por dispositivos especializados da RAPS. 
 Considerando, ainda, o mesmo grupo e o mesmo subgrupo supracitados, na 
forma de organização “Outros atendimentos realizados por profissionais de nível 
superior”, são encontrados procedimentos de média complexidade de caráter 
ambulatorial, geralmente utilizados por ambulatórios de Saúde Mental/Psiquiatria em 
Policlínicas. 
 Por fim, no grupo “Procedimentos clínicos” e subgrupo “Tratamentos clínicos 
(outras especialidades)”, na forma de organização “Tratamento dos transtornos 
mentais e comportamentais”, e no grupo “Ações complementares de atenção à saúde” 
e subgrupo “Ações relacionadas ao atendimento”, na forma de organização “Diárias”, 
estão os procedimentos relativos à Atenção Hospitalar na RAPS. 
 Os profissionais da rede podem e devem acompanhar as atualizações da 
“Tabela SUS” via SIGTAP, identificando os procedimentos vigentes e os revogados, 
bem como as modificações, evitando registros incompatíveis com os sistemas e 
garantindo a fidedignidade dos dados. É mais um instrumento de fácil entendimento, 
que permite a qualificação do monitoramento e da avaliação. 
 
4.3 Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) 
 
O SISAB, orientado pela portaria GM/MS nº 1.976/2014 [27] a substituir 
gradativamente, até maio de 2015, o Sistema de Informação da Atenção Básica 
(SIAB) e outros sistemas utilizados pela AB, foi instituído pela portaria GM/MS nº 
1.412/2013 [28]. Com ele, entre outras coisas, é possível obter informações da situação 
sanitária e de saúde da população. 
27 
 
Uma das principais características do SISAB é o registro de informações 
individualizadas, oferecendo ao gestor uma visão mais fidedigna das ações das 
equipes em relação a cada cidadão do território. Capaz de gerar relatórios de 
indicadores de saúde por estado, município, região e equipe, pode, a partir de uma 
utilização sistemática e consistente, qualificar, gradativamente, o monitoramento, 
potencializando, consequentemente, o planejamento. 
É um sistema que se relaciona diretamente com o financiamento e a adesão 
aos programas e estratégias da PNAB, alimentado, em essência, pela ferramenta e-
SUS Atenção Básica (e-SUS AB), a qual propõe incremento da gestão da 
informação, automação dos processos, melhoria da infraestrutura e do cotidiano de 
trabalho. 
 
4.3.1 e-SUSAtenção Básica 
 
Alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos SIS do MS e 
entendendo que a qualificação da gestão da informação é fundamental para melhorar 
o atendimento à população, a estratégia e-SUS AB faz referência à busca por um 
SUS eletrônico, reestruturando, em nível nacional, informações sobre as ações 
realizadas na AB e permitindo coletar dados individualizados. 
Destarte, o e-SUS AB foi desenvolvido para atender a missão do trabalho da 
AB de gerir o cuidado em saúde, podendo ser utilizado por profissionais de todas as 
equipes de AB, pelas equipes NASF, pela eCR, pela equipe de Atenção à Saúde 
Prisional e a da Atenção Domiciliar (AD), além dos profissionais que realizam ações 
no Programa Saúde na Escola (PSE) e na Academia da Saúde. 
 Como um sistema de captação, ele é compatível com 2 modos de registro, que 
instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos no SISAB: a Coleta de 
Dados Simplificado (CDS), composta por 7 fichas físicas, e o Prontuário Eletrônico 
do Cidadão (PEC), sistema informatizado usado para enviar os registros clínicos dos 
atendimentos e também das fichas de CDS. 
Cabe ressaltar que tanto o CDS quanto o PEC fornecerão as mesmas 
informações ao SISAB, sendo que, com o PEC, o próprio sistema se encarrega de 
organizar as informações a serem transmitidas e, no caso do CDS, formulado para 
atender equipes que ainda não possuem as condições tecnológicas de informática 
necessárias, as fichas terão de ser digitadas no próprio programa do PEC. 
28 
 
 Mais orientações a respeito do e-SUS AB podem ser encontradas no Manual 
de Exportação – API Thrift do Sistema e-SUS Atenção Básica [29]. É necessário 
destacar, contudo, que esse sistema produz 7 tipos de relatórios consolidados 
(Atendimento; Acompanhamento; Procedimentos; Exames; Conduta; Monitoramento 
e Consolidado de Cadastro) que impactam positivamente na tarefa de produção de 
indicadores. 
 Cada relatório consolidado do e-SUS AB agrega informações coletadas tanto 
por meio do CDS quanto a partir do PEC, disponibilizando dados específicos que 
auxiliam no monitoramento e avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na 
AB. Nesse quesito, a Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda 
Edição (CIAP2) merece atenção. 
 
4.3.2 Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição 
 
 A CIAP2 é uma ferramenta adequada à AB que permite classificar questões 
relacionadas a pessoas e não a doenças, indicando o que motivou a procura pela 
consulta, os problemas diagnosticados pelos profissionais de saúde, bem como as 
respostas interventivas propostas pela equipe, podendo ser utilizada por 
trabalhadores de núcleos formativos distintos. 
Qualificando a prática profissional e potencializando o planejamento das ações 
e a programação das atividades de EPS, a CIAP2 favorece que o cuidado às pessoas 
seja assumido de forma multiprofissional, superando, dentre outros, limites da 
Classificação Internacional de Doenças – Décima Edição (CID10), que é de uso 
restrito do médico. 
Destaca-se, contudo, que a CIAP2 não é uma alternativa à CID10 (que segue 
sendo referência para ser usada em morbimortalidade, por exemplo). As duas 
classificações apresentam, na verdade, uma relação complexa, tendo, cada uma, 
conceitos para os quais não existe correspondente exato na outra, porém 
apresentando correspondência em grande parte das rubricas. 
Em termos de estrutura, a CIAP2 está organizada em 7 componentes e 17 
capítulos. Diferenciados por cores, os componentes são: procedimentos; 
sinais/sintomas; infecções; neoplasias; traumatismos; anomalias congênitas e outros 
diagnósticos. Os capítulos, por sua vez, têm referência com sistemas orgânicos 
(olhos; circulatório; pele etc.), incluindo um geral e outro de problemas sociais. 
29 
 
Considerando sinais/sintomas e diagnósticos que indicam questões ligadas 
diretamente à Saúde Mental, destaca-se o capítulo P (Psicológico) (Anexo A), que 
reúne queixas como “sensação de ansiedade/nervosismo/tensão”, “reação aguda ao 
estresse”, “tristeza/sensação de depressão”, dentre outras, além de diagnósticos 
como “demência”, “esquizofrenia” e “suicídio/tentativa de suicídio”. 
O uso da CIAP2 no PEC se dará nos itens: motivo de consulta (subjetivo) na 
escuta inicial; motivo de consulta (subjetivo) no atendimento; problema de saúde 
detectado (avaliação) e intervenção (plano). Já na CDS, será restrito à “Ficha de 
Atendimento Individual”, em ”problema/condição avaliada” (corresponde ao “A” – 
avaliação do profissional), sendo possível incluir até 2 códigos. 
Outras orientações acerca do manuseio da CIAP2 no e-SUS AB, junto ao PEC 
e à CDS, podem ser consultadas no resumo ilustrado Classificação Internacional de 
Atenção Primária – Segunda Edição (CIAP2) [30] produzido pelo MS, o qual, de modo 
didático, justifica o valor da ferramenta para os processos de monitoramento e 
avaliação em saúde. 
 
4.4 Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) 
 
Criado em 1992 e implantado nacionalmente na década de 90, o SIA objetiva 
o registro das ações realizadas no âmbito ambulatorial do SUS. Ao longo dos anos, 
vem sendo aprimorado para que seja um sistema que, efetivamente, gere informações 
sobre o atendimento ambulatorial, subsidiando gestores no monitoramento, na 
avaliação e no planejamento. 
Integrado ao SCNES, ao SIGTAP e à Ficha da Programação Físico 
Orçamentária (FPO), a alimentação do SIA depende dos registros dos instrumentos: 
Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado (BPA-I); Boletim de Produção 
Ambulatorial Consolidado (BPA-C); Autorização de Procedimento de Alta 
Complexidade (APAC) e Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde (RAAS). 
Por meio da transcrição de produção que recebe, o SIA faz consolidação e, 
antes de aprová-la, valida o pagamento com base em parâmetros orçamentários 
estipulados pelo próprio gestor de saúde. Gera, ainda, 3 tipos de relatórios: relatório 
de acompanhamento da produção físico orçamentária; relatório da produção e 
relatório financeiro e para pagamento. 
30 
 
No Manual Técnico Operacional SIA/SUS – Sistema de Informação 
Ambulatorial – Aplicativos de captação da produção ambulatorial APAC Magnético – 
BPA Magnético – VERSIA – DE-PARA – FPO Magnético [31] são encontrados todos 
os esclarecimentos necessários para o manuseio eficiente deste sistema, anexando, 
inclusive, os formulários requeridos. 
No que se refere aos CAPS, com base na portaria SAS/MS nº 854/2012 [32], que 
cria novos procedimentos, é necessária a utilização de 3 formulários: o Registro das 
Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial (RAAS-PSI) (Anexo B); o BPA-I 
(Anexo C) e o BPA-C (Anexo D). Para os ambulatórios de Saúde Mental/Atenção 
Psicossocial, apenas BPA-I e BPA-C devem ser preenchidos. 
 
4.4.1 Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial 
 
O RAAS-PSI institui uma nova maneira de registro da atenção realizada pelo 
CAPS, propondo procedimentos potencialmente mais sensíveis às diretrizes de 
funcionamento deste dispositivo. A lógica de registro outrora prevista pela APAC, bem 
como a dos procedimentos classificados em intensivo, não intensivo e semi-intensivo 
que vinham sendo utilizadas, foram superadas. 
Nesse sentido, o RAAS-PSI não se configura somente para controle interno 
e/ou para facilitar a digitação. Seu uso pretende ampliar o modo de atuar e de validar 
as ações e informações dos serviços. A implantação do RAAS-PSI nos CAPS é uma 
oportunidade de pôr em análise os processos de trabalho, buscando efetivamente 
orientar o modelo de atenção para o cuidado territorial e centrado na pessoa. 
Em relação aos BPA-I e BPA-C, tem-se que os novos procedimentosdo RAAS-
PSI qualificam alguns procedimentos dos BPA-I e BPA-C, superando-os. Isto é, nem 
todos os procedimentos passíveis de serem registrados nos BPA-I e BPA-C devem 
ser utilizados pelo CAPS. A Tabela de códigos de procedimentos de Saúde Mental e 
Atenção Psicossocial (Apêndice A) disponível neste guia pode ser consultada. 
Mais informações podem ser acessadas em RAAS – Registro das Ações 
Ambulatoriais de Saúde: Manual de Operação do Sistema [33], em BPA – Boletim de 
Produção Ambulatorial: Manual de Operação do Sistema [34] e em Sobre os novos 
procedimentos de CAPS [35]. Nesse último, há uma seção de perguntas e respostas 
sobre dúvidas que comumente surgem. 
 
31 
 
4.5 Sistema de Informação Hospitalar (SIH) 
 
 Com o objetivo de qualificar a informação em saúde a partir do registro das 
internações no âmbito do SUS, o SIH foi implantado por meio da portaria GM/MS nº 
896/1990 [36]. Por conseguinte, a portaria GM/MS nº 396/2000 [37] atribuiu a 
responsabilidade da gestão do SIH à SAS e a portaria GM/MS nº 821/2004 [38] 
descentralizou seu processamento para estados, Distrito Federal e municípios plenos. 
 A Autorização de Internação Hospitalar (AIH) é um instrumento que registra 
todos os atendimentos provenientes das internações financiadas pelo SUS, utilizado 
pelos gestores e prestadores de serviços para o pagamento por valores fixos dos 
gastos hospitalares (materiais, procedimentos, profissionais e estrutura de hotelaria) 
aos estabelecimentos de saúde. 
O Laudo para Solicitação da AIH, por sua vez, é o formulário que deve ser 
preenchido e encaminhado para que a AIH seja autorizada. Conforme a portaria 
SAS/MS nº 1.011/2014 [39], o Laudo pode ser físico (no formato de formulário impresso 
e armazenado em papel) ou em suporte digital (a partir de SIS que emitam e 
armazenem as respectivas autorizações, transitando os dados entre os gestores). 
No quesito “procedimentos relacionados aos pacientes em tratamento em 
regime de internação”, estão classificados como instrumentos de registro a AIH 
principal (referindo o motivo de internação), a AIH especial (que não gera AIH, mas 
pode agregar valor ao procedimento principal) e a AIH secundário (que também não 
gera AIH, mas qualifica o registro da informação). 
Assim sendo, os procedimentos hospitalares conectados especificamente com 
a produção de indicadores em Saúde Mental e Atenção Psicossocial auxiliam na 
programação das intervenções neste nível (principalmente a atenção à pessoa em 
crise) e são registrados na AIH principal e na AIH especial, conforme Tabela de 
códigos de procedimentos de Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Apêndice A). 
Como todo sistema de informação, o SIH disponibiliza relatórios gerenciais para 
gestores e prestadores, os quais podem ser estudados para monitorar e avaliar os 
serviços, aprimorando o planejamento. No SIH – Sistema de Informação Hospitalar 
do SUS: Manual Técnico Operacional do Sistema [40] há outras informações de uso, 
dirimindo possíveis dúvidas. 
 
 
32 
 
5 INDICADORES EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
 
A tarefa de definir boas práticas em Saúde Mental é tão ou mais complexa 
quanto descrever o que é ter saúde mental. Mais do que em outras áreas, elencar 
aspectos objetivos nesse campo é um desafio, visto que as ações estão atravessadas 
pela intersubjetividade das relações entre pessoas atendidas, trabalhadores e 
instituições, aumentando, sem dúvidas, a dificuldade do processo avaliativo. 
Diversos teóricos advertem sobre problemas comumente encontrados para 
monitorar e avaliar com fidedignidade em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. A 
qualidade dos serviços, por exemplo, parece obedecer a características peculiares. A 
mera extensão da cobertura, número de consultas, internações, dentre outros, não 
satisfazem critérios de qualidade em Saúde Mental [23]. 
Com isso, o estabelecimento de indicadores e parâmetros avaliativos exige 
sutileza, advertindo que situações nem sempre precisas escaparão a uma excessiva 
rigidez. Destarte, boa estrutura, diversidade de procedimentos e bons dados 
estatísticos podem trazer elementos que respondam ao problema da construção de 
modos de avaliar, mas não necessariamente garantirão a qualidade do serviço. 
De ordem quantitativa ou qualitativa, indicador é um recurso metodológico 
utilizado para organizar os dados relevantes dos elementos que compõem um 
fenômeno observado, certificando empiricamente a evolução do mesmo. Nas práticas 
em saúde, são medidas-síntese, geralmente atreladas a metas e parâmetros, que 
informam sobre o estado de saúde e o desempenho do sistema de saúde. 
33 
 
É fundamental destacar que o indicador e qualquer outra forma de avaliação 
refletem o conjunto de valores do profissional que os constroem, priorizando algumas 
dimensões em detrimento de outras. Na área da saúde, além de apontar dimensões 
como satisfação das pessoas assistidas e movimentos institucionais, os indicadores 
podem revelar o crescimento profissional e pessoal dos trabalhadores. 
No campo específico da Saúde Mental e Atenção Psicossocial, estudos 
apontam a singularidade da construção de indicadores [23]. Alguns pesquisadores 
defendem que a carência de indicadores de Saúde Mental é íntima da pouca utilização 
da Epidemiologia, já que se torna difícil transpor instrumentos epidemiológicos para a 
área. 
Portanto, aliar indicadores a processos avaliativos formativos e participativos, 
tomando-os como indutores de boas práticas, permitirá o avanço na construção de 
uma proposta avaliativa mais potente e conectada com o compromisso de melhoria 
da oferta, de qualificação dos dispositivos e, no geral, de produção de novos modos 
de cuidar do sofrimento humano e de transformação social. 
Na cotidiano do trabalho, os relatórios padrão gerados pelos SIS permitem a 
fácil e rápida conversão de dados consolidados em indicadores. De ordem 
quantitativa, reúnem informações e propiciam análises essenciais aos processos de 
monitoramento e avaliação, caracterizando-se como uma ferramenta indispensável à 
gestão do cuidado e aos gestores. 
Ademais, outros indicadores podem ser produzidos tomando como fonte de 
dados os registros particulares de cada instituição. Destacam-se os registros (em 
geral, em forma de tabela) que compilam, principalmente, os dados 
sociodemográficos e de saúde das pessoas assistidas, os livros de presença e as 
agendas de ações desenvolvidas não especificadas no SIGTAP. 
Por último, é importante defender que a responsabilidade de todos os 
dispositivos da RAPS com a produção de indicadores em Saúde Mental e Atenção 
Psicossocial, garantindo a avaliação dos processos, colabora com a consolidação da 
mesma, afirmando a Reforma Psiquiátrica, a Luta Antimanicomial e a criação de novos 
espaços e modos de cuidado definitivamente substitutivos à lógica manicomial, cujo 
centro é o Hospital Psiquiátrico. 
 
5.1 Exemplos de indicadores de referência para o Componente I – Atenção 
Básica em Saúde da RAPS 
34 
 
 
DISPOSITIVO¹ AÇÃO/PROCEDIMENTO INDICADOR 
UBS 
NASF 
eCR 
Com base nos relatórios padrão do PEC 
Motivo de visita – ACS (Tipos de 
acompanhamento): Saúde Mental 
- Número de visitas realizadas a 
pessoas com necessidades de Saúde 
Mental 
Motivo de visita – ACS (Tipos de 
acompanhamento): Tabagismo 
- Número de visitas realizadas a 
pessoas com tabagismo 
Motivo de visita – ACS (Tipos de 
acompanhamento): Usuário de álcool 
- Número de visitas realizadas a 
pessoas com necessidades 
decorrentes do uso de álcool 
Motivo de visita – ACS (Tipos de 
acompanhamento): Usuário de outras 
drogas 
- Número de visitas realizadas a 
pessoas com necessidadesdecorrentes do uso de outras drogas 
Problemas/Condições avaliadas 
(Condições avaliadas): Saúde Mental 
- Número de pessoas avaliadas com 
necessidades de Saúde Mental 
Problemas/Condições avaliadas 
(Condições avaliadas): Tabagismo 
- Número de pessoas avaliadas com 
diagnóstico de tabagismo 
Problemas/Condições avaliadas 
(Condições avaliadas): Usuário de 
álcool 
- Número de pessoas avaliadas com 
necessidades decorrentes do uso de 
álcool 
Problemas/Condições avaliadas 
(Condições avaliadas): Usuário de 
outras drogas 
- Número de pessoas avaliadas com 
necessidades decorrentes do uso de 
outras drogas 
Agravos e ou sintomas mais 
frequentes baseados na CID10: 
[Exemplo] F329 – Episódio 
depressivo não especificado 
- Número de pessoas baseado na 
CID10 com episódio depressivo não 
especificado 
Problemas mais frequentes baseados 
na CIAP2: [Exemplo] 
Tristeza/Sensação de depressão 
- Número de pessoas baseado na 
CIAP2 com queixa de 
tristeza/sensação de depressão 
Encaminhamentos: Encaminhamento 
para CAPS 
- Número de encaminhamentos para 
CAPS realizados 
Temas e práticas de saúde (Temas 
para saúde): Dependência química 
(tabaco, álcool e outras drogas) 
- Número de atividades que 
trabalharam a temática “dependência 
química (tabaco, álcool e outras 
drogas)” 
Temas e práticas de saúde (Temas 
para saúde): Prevenção da violência 
e promoção da cultura de paz 
- Número de atividades que 
trabalharam a temática “prevenção 
da violência e promoção da cultura de 
paz” 
Temas e práticas de saúde (Temas 
para saúde): Saúde Mental 
- Número de atividades que 
trabalharam a temática “saúde 
mental” 
Temas e práticas de saúde (Práticas 
em saúde): Programa Nacional de 
Controle do Tabagismo Sessão 1 
- Número de Sessão 1 do Programa 
Nacional de Controle do Tabagismo 
realizadas 
Temas e práticas de saúde (Práticas 
em saúde): Programa Nacional de 
Controle do Tabagismo Sessão 2 
- Número de Sessão 2 do Programa 
Nacional de Controle do Tabagismo 
realizadas 
35 
 
¹São mencionadas as instituições que constituem o Componente I – Atenção Básica em Saúde. Contudo, nem todos os 
procedimentos se referem ao tipo de oferta possível de cada serviço citado, cabendo à equipe observar qual ação é de fato 
desenvolvida pelo dispositivo. 
 
5.2 Exemplos de indicadores de referência para o Componente II – Atenção 
Psicossocial Especializada da RAPS 
 
Temas e práticas de saúde (Práticas 
em saúde): Programa Nacional de 
Controle do Tabagismo Sessão 3 
- Número de Sessão 3 do Programa 
Nacional de Controle do Tabagismo 
realizadas 
Temas e práticas de saúde (Práticas 
em saúde): Programa Nacional de 
Controle do Tabagismo Sessão 4 
- Número de Sessão 4 do Programa 
Nacional de Controle do Tabagismo 
realizadas 
 Com base nos registros particulares do serviço 
Acompanhamento pela eSF a pessoa 
com histórico de internamento em 
Hospital Psiquiátrico 
- Número de pessoas com histórico 
de internamento em Hospital 
Psiquiátrico acompanhadas pela eSF 
Renovação de receitas de controle 
especial de pessoas com 
necessidades de Saúde Mental 
- Número de pessoas com 
necessidades de Saúde Mental que 
renovam receitas de controle especial 
Acompanhamento sistemático pela 
eSF de pessoas também assistidas 
por CAPS 
- Número de pessoas acompanhadas 
pela eSF que são assistidas por 
CAPS 
Identificação de uso problemático de 
drogas no território adscrito 
- Percentual de pessoas identificadas 
no território adscrito que fazem uso 
problemático de drogas 
Criança atendidas com necessidades 
relacionadas à Saúde Mental 
encaminhadas pela rede de 
educação 
- Número de crianças encaminhadas 
pela rede de educação com 
necessidades relacionadas à Saúde 
Mental 
Ações de matriciamento em Saúde 
Mental e Atenção Psicossocial 
desenvolvidas na UBS em parceria 
com a equipe NASF 
- Número de ações de matriciamento 
em Saúde Mental e Atenção 
Psicossocial desenvolvidas na UBS 
em parceria com a equipe NASF 
Prevenção ao uso inadequado de 
benzodiazepínicos 
- Número de pessoas que utilizam 
benzodiazepínicos acompanhadas 
pela eSF 
DISPOSITIVO¹ AÇÃO/PROCEDIMENTO INDICADOR 
CAPS I 
CAPS II 
CAPS III 
CAPS i 
CAPS AD 
CAPS AD III 
Com base nos relatórios padrão do SAI 
Acolhimento noturno de paciente em 
Centro de Atenção Psicossocial 
- Número de vezes em que pessoas 
foram acolhidas em turno noturno no 
CAPS 
Acolhimento em terceiro turno de 
paciente em Centro de Atenção 
Psicossocial 
- Número de vezes em que pessoas 
foram acolhidas em terceiro turno no 
CAPS 
Acolhimento diurno de paciente em 
Centro de Atenção Psicossocial 
- Número de vezes em que pessoas 
foram acolhidas em turno diurno no 
CAPS 
Atendimento individual de paciente 
em Centro de Atenção Psicossocial 
- Número de atendimentos individuais 
realizados no CAPS 
36 
 
Atendimento em grupo de paciente 
em Centro de Atenção Psicossocial 
- Número de atendimentos em grupo 
realizados no CAPS 
Atendimento familiar em Centro de 
Atenção Psicossocial 
- Número de atendimentos familiares 
realizados pelo CAPS 
Atendimento domiciliar para 
pacientes de Centro de Atenção 
Psicossocial e/ou familiares 
- Número de atendimentos 
domiciliares realizados pelo CAPS 
Práticas corporais em Centro de 
Atenção Psicossocial 
- Número de vezes que pessoas 
assistidas pelo CAPS foram 
beneficiadas por atividades que 
envolvem práticas corporais 
individuais ou em grupo 
Práticas expressivas e comunicativas 
em Centro de Atenção Psicossocial 
- Número de vezes que pessoas 
assistidas pelo CAPS foram 
beneficiadas por atividades que 
envolvem práticas expressivas e 
comunicativas individuais ou em 
grupo 
Atenção às situações de crise - Número de ações desenvolvidas 
para o manejo de situações de crise 
pela equipe do CAPS 
Ações de Reabilitação Psicossocial - Número de ações de reabilitação 
psicossocial desenvolvidas pela 
equipe do CAPS articuladas ou não 
com outros dispositivos 
Promoção de contratualidade no 
território 
- Número de acompanhamentos 
realizados a pessoas em seus 
contextos reais de vida (casa; 
trabalho; iniciativas de geração de 
renda/empreendimentos solidários; 
contextos familiares, sociais e 
comunitários-territoriais etc.) a fim de 
ampliar redes sociais e autonomia 
Acolhimento inicial por Centro de 
Atenção Psicossocial 
- Número de novas pessoas 
acompanhadas pelo CAPS 
Ações de articulação de redes intra e 
intersetoriais 
- Número de atividades realizadas em 
articulação com outros pontos de 
atenção, quer da RAPS ou de outras 
redes 
Fortalecimento do protagonismo de 
usuários de Centro de Atenção 
Psicossocial e seus familiares 
- Número de atividades realizadas 
que fomentam a participação de 
pessoas assistidas pelo CAPS e seus 
familiares nos processos de gestão 
dos serviços e da rede 
Matriciamento de equipes da Atenção 
Básica 
- Número de atividades de 
matriciamento realizadas a equipes 
da AB 
Matriciamento de equipes dos pontos 
de atenção da urgência e emergência 
e dos serviços hospitalares de 
referência para atenção a pessoas 
com sofrimento ou transtorno mental 
e com necessidades de saúde 
decorrente do uso de álcool, crack e 
outras drogas 
- Número de atividades de 
matriciamento realizadas a equipes 
de atenção de urgência e emergência 
e de serviços hospitalares 
37 
 
¹São mencionadas as instituições que constituem o Componente II – Atenção Psicossocial Especializada. Contudo, nem todos 
os procedimentos se referem ao tipo de oferta possível de cada serviço citado, cabendo à equipe observar qual ação é de fato 
desenvolvida pelo dispositivo. 
 
5.3 Exemplos de

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