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SES Secretaria Estadual de Saúde GUIA DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL VIII REGIÃO DE SAÚDE PERNAMBUCO - BRASIL MARÇO/2017 Governador do Estado de Pernambuco Paulo Henrique Saraiva Câmara Secretário Estadual de Saúde José Iran Costa Júnior Secretária Executiva de Coordenação Geral Ana Cláudia Callou Gerente da VIII Gerência Regional de Saúde Aline Silva Jerônimo Coordenadora de Atenção à Saúde/ VIII GERES Jackeline Alves de Lucena Tabosa Apoiadora Técnica de Saúde Mental/ VIII GERES Gabriella dos Santos Wrublewski Coordenadora da Residência Multiprofissional em Saúde Mental Barbara Eleonora Bezerra Cabral Autora do Guia Anne Crystie da Silva Miranda Colaboradoras Claudia Cavalcanti Galindo Jackeline Alves de Lucena Tabosa Maria Grasiela Alves de Figueiredo Lima Revisão técnica Aline Silva Jerônimo Barbara Eleonora Bezerra Cabral Claudia Cavalcanti Galindo Jackeline Alves de Lucena Tabosa Ficha catalográfica BRASIL. Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. VIII Gerência Regional de Saúde. Coordenação de Atenção à Saúde – 2017. Guia de Monitoramento e Avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial – 1. ed. – Petrolina: VIII Gerência Regional de Saúde, 2017. 64 p. ISBN 978-85-94033-00-0 1. Monitoramento e avaliação, 2. Saúde Mental e Atenção Psicossocial, 3. Orientações técnicas. _____________________________________________________________ LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AB Atenção Básica AD Atenção Domiciliar AIH Autorização de Internação Hospitalar APAC Autorização de Procedimento de Alta Complexidade APAE Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APS Atenção Primária em Saúde BPA-C Boletim de Produção Ambulatorial Consolidado BPA-I Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado CAPS Centro de Atenção Psicossocial CAPS AD Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas CAPS ADi Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas Infantojuvenil CAPS i Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil CC Casa Civil CCC Centro de Convivência e Cultura CDS Coleta de Dados Simplificado Centro POP Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua CER Centro Especializado em Reabilitação CIAP2 Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição CID10 Classificação Internacional de Doenças – Décima Edição CRAS Centro de Referência da Assistência Social CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social CRU Central de Regulação de Urgências CT Comunidade Terapêutica CTA Centro de Testagem e Aconselhamento DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DH Direitos Humanos DSS Determinantes Sociais da Saúde ECA Estatuto da Criança e do Adolescente eCR Equipe de Consultório na Rua EPS Educação Permanente em Saúde eSB Equipe de Saúde Bucal eSF Equipe de Saúde da Família ESF Estratégia Saúde da Família e-SUS AB e-SUS Atenção Básica FPO Ficha da Programação Físico Orçamentária GM Gabinete do Ministro HG Hospital Geral MS Ministério da Saúde NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família OMS Organização Mundial da Saúde ONG Organização Não Governamental OS Organização Social OSC Organização da Sociedade Civil OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PEC Prontuário Eletrônico do Cidadão PNAB Política Nacional de Atenção Básica PNSB Política Nacional de Saúde Bucal PR Presidência da República PSE Programa Saúde na Escola PTS Projeto Terapêutico Singular PVC Programa de Volta pra Casa RAAS Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde RAAS-PSI Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial RAPS Rede de Atenção Psicossocial RAS Rede de Atenção à Saúde RD Redução de Danos RUE Rede de Atenção às Urgências e Emergências SAE Serviço de Atendimento Especializado SAMU 192 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SAS Secretaria de Atenção à Saúde SCNES Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde SE Sala de Estabilização SIA Sistema de Informação Ambulatorial SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica SIGTAP Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde SIH Sistema de Informação Hospitalar SIS Sistema de Informação em Saúde SISAB Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SRT Serviço Residencial Terapêutico SUS Sistema Único de Saúde TMC Transtornos Mentais Comuns UA Unidade de Acolhimento UAA Unidade de Acolhimento Adulto UAi Unidade de Acolhimento Infantojuvenil UBS Unidade Básica de Saúde UPA 24 h Unidade de Pronto Atendimento 24 horas USF Unidade de Saúde da Família SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .....................7 1 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL .....................8 2 A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ...................10 2.1 Principais pontos de atenção ...................11 3 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ...................21 4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ...................24 4.1 Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) ...................24 4.2 Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SIGTAP) ...................25 4.3 Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) ...................26 4.3.1 e-SUS Atenção Básica ...................27 4.3.2 Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição ...................28 4.4 Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) ...................29 4.4.1 Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial ...................30 4.5 Sistema de Informação Hospitalar (SIH) ...................31 5 INDICADORES EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ...................32 5.1 Exemplos de indicadores de referência para o Componente I – Atenção Básica em Saúde da RAPS ...................33 5.2 Exemplos de indicadores de referência para o Componente II – Atenção Psicossocial Especializada da RAPS ...................35 5.3 Exemplos de indicadores de referência para o Componente III – Atenção de Urgência e Emergência da RAPS ...................37 5.4 Exemplos de indicadores de referência para o Componente IV – Atenção Residencial de Caráter Transitório da RAPS ...................38 5.5 Exemplos de indicadores de referência para o Componente V – Atenção Hospitalar da RAPS ...................39 5.6 Exemplos de indicadores de referência para o Componente VI – Estratégias de Desinstitucionalização da RAPS ...................40 5.7 Exemplos de indicadores de referência para o Componente VII – Reabilitação Psicossocial da RAPS ...................41 REFERÊNCIAS ...................42 APÊNDICE A – Tabela de códigos de procedimentos conforme o SIGTAP para preenchimento dos instrumentos de registro RAAS, BPA-I, BPA-C e AIH de alimentação dos sistemas SIA e SIH. ...................47 ANEXO A – ClAP2 (Capítulo P: Psicológico). ...................58 ANEXO B – Formulário do RAAS-PSI. ...................59 ANEXO C – Formulário do BPA-I. ...................61 ANEXO D – Formulário do BPA-C. ...................62 7 APRESENTAÇÃO Este guia foi cuidadosamente construído para os trabalhadores envolvidos com ações de Saúde Mentale Atenção Psicossocial. Sua elaboração foi motivada, sobretudo, pela necessidade de qualificar os registros dos municípios pertencentes à VIII Regional de Saúde de Pernambuco. São eles: Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. O objetivo principal é reunir informações de fácil entendimento e consulta sobre monitoramento e avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, com base nas orientações do Ministério da Saúde (MS), atualizadas até março/2017, disponibilizando referências técnicas e instrumentos de apoio para serem utilizados no cotidiano dos serviços. Interpretar a complexidade e vencer o desafio de produzir indicadores no campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial requer um compromisso com processos de monitoramento e avaliação, considerando-os parte essencial da dinâmica da instituição, compreendendo e valorizando a função dos instrumentos de registro (quer particulares ou padrão) das atividades. Por fim, esta proposta reflete a intenção de contribuir com a consolidação das redes de atenção às necessidades de Saúde Mental, investida da convicção de que o planejamento em saúde auxilia na melhoria da oferta e é possível apenas por meio de processos de monitoramento e avaliação continuados e consistentes. A perspectiva é de que as orientações sejam utilizadas e multiplicadas, alcançando cada vez mais trabalhadores, inclusive de outros setores e redes. 8 1 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Monitorar e avaliar políticas, programas e serviços são condutas essenciais ao processo de implementação e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo diretamente com o planejamento das ações e as tomadas de decisão. Institucionalizar essas práticas, contudo, tem sido um desafio a ser enfrentado pelas equipes de trabalhadores, quer na gestão, quer na assistência. Monitorar consiste em um acompanhamento sistemático a fim de diagnosticar continuadamente uma situação em relação a seus objetivos e metas, por meio de indicadores produzidos com base em diferentes fontes de dados. O monitoramento permite que, em tempo, sejam adotadas medidas que qualifiquem a operacionalização de algo, bem como que se verifique se os recursos estão sendo utilizados com eficiência. As informações produzidas ao monitorar devem ser oportunas, apresentadas em formato de fácil entendimento e de apreensão rápida. Para isso, é necessário que os indicadores sejam coletados e calculados com periodicidade. No âmbito das políticas públicas, tradicionalmente, acompanhar o desenvolvimento das propostas implementadas é identificado como monitoramento. Avaliar, por conseguinte, implica em acessar os dados monitorados e compará-los com as referências pertinentes, a fim de emitir juízo de valor, considerando os pontos de vista de todos os envolvidos com o processo. Na prática, a avaliação de qualquer atividade de saúde significa confrontar o que vem sendo feito cotidianamente com o que deveria ser feito como melhor intervenção possível. Um esquema de avaliação das ações de saúde tem como sentido mais nobre fortalecer o movimento de transformação da sociedade em prol da cidadania e da 9 garantia dos direitos fundamentais. Portanto, avaliar não deve ser visto como ameaça, mas sim como um incentivo para que os serviços cumpram padrões mínimos de qualidade, subsidiando o aprimoramento da condução dos mesmos. Apesar da necessidade e do movimento internacional de valorização e incorporação de processos de monitoramento e avaliação, destaca-se que estes ainda não são bem estabelecidos na Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Comparando o campo com outras áreas da atenção à saúde, mesmo as análises clássicas (baseadas em eficácia, efetividade e eficiência, por exemplo) são pouco utilizadas [1]. Por isso, é imperioso pensar desenhos de monitoramento e avaliação no cotidiano das ações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, privilegiando interpretações que transmitam a complexidade do campo. Mapear relações e acontecimentos constitutivos, seja por métodos quantitativos, qualitativos ou ambos, contribuirá expressivamente para que os parâmetros de qualidades da área sejam alcançados. 10 2 A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Em 2001, é promulgada uma lei nacional para a Reforma Psiquiátrica, que redireciona o modelo de assistência psiquiátrica no Brasil, no contexto de um movimento iniciado na segunda metade da década de 1970. Também conhecida como Paulo Delgado, a lei Casa Civil (CC)/Presidência da República (PR) nº 10.216/2001 dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com diagnóstico de transtorno mental [2]. Nesse cenário, a fim de transvalorar a noção de doença e ocupar novos espaços políticos, o paradigma emergente que trata do cuidado em Saúde Mental tem sido nomeado Atenção Psicossocial. Falar de Atenção Psicossocial é dizer mais do que da presença ou ausência de transtornos psíquicos, referindo-se à “ousadia de inventar um novo modo de cuidar do sofrimento humano” [3]. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), então, instituída pela portaria Gabinete do Ministro (GM)/MS nº 3.088/2011 [4] e republicada em 2013, afirma elementos cruciais da Reforma Psiquiátrica, refutando práticas que reduzem a experiência da loucura e do uso problemático de drogas à noção de doença. Ela integra o SUS, sendo sua proposição, em significativa proporção, fruto da Luta Antimanicomial e da transformação ainda em curso da atenção em Saúde Mental. Afirmando a responsabilidade do SUS de criar, ampliar e articular pontos de atenção em prol da garantia do cuidado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, a RAPS tem se consolidado com a finalidade de acolher pessoas que atravessam 11 experiências de sofrimento e/ou adoecimento psíquico, incluindo as que têm necessidades decorrentes do uso problemático de drogas. Como uma rede integrada de serviços, a RAPS é orientada pelos Direitos Humanos (DH), devendo estimular a autonomia, a liberdade e a cidadania, combatendo estigmas e atitudes discriminatórias. Considerando os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), assume o compromisso ético-técnico de promover a equidade e garantir o acesso e a qualidade da assistência, ofertando cuidado integral e interdisciplinar. Em consonância com outras políticas, a atenção na RAPS deve ser humanizada [5], valorizando estratégias de Educação Permanente em Saúde (EPS) nos processos formativos das equipes e tendo o Projeto Terapêutico Singular (PTS) como marcador do cuidado centrado na pessoa. No que se refere ao uso problemático de drogas, a Redução de Danos (RD) é o paradigma âncora para o planejamento da oferta e desenvolvimento das ações. É fundamental, ainda, organizar os pontos dessa rede com base na regionalização e no trabalho intersetorial, a fim de garantir o princípio da integralidade. No tecer dos fluxos, os dispositivos de base territorial e comunitária devem ser destacados, valorizando a participação/controle social das pessoas assistidas e seus familiares, favorecendo a (re)inserção social de quem historicamente foi silenciado e excluído – e, por vezes, segue sendo. 2.1 Principais pontos de atenção DISPOSITIVOS DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COMPONENTE I - Atenção Básica em Saúde A Atenção Básica (AB) ou Atenção Primária em Saúde (APS), conhecida como "porta de entrada" do sistema de saúde e ordenadora do cuidado, objetiva desenvolver ações de promoção da saúdee prevenção de doenças, solucionando os casos possíveis (incluindo urgências) e direcionando os demais, de modo corresponsável, aos outros níveis de assistência. No Brasil, consonante com os preceitos do SUS (universalidade, acessibilidade, vínculo, continuidade do cuidado, humanização, equidade, participação social etc.), a Estratégia Saúde da Família (ESF) organiza a AB. 12 Unidade Básica de Saúde (UBS) A UBS ou Unidade de Saúde da Família (USF) é composta por equipe multiprofissional responsável por um conjunto de ações de âmbito individual e coletivo. É o dispositivo central da AB, dando vida à ESF. Como ponto de atenção da RAPS, compromete-se com a promoção e manutenção da saúde mental; prevenção do adoecimento psíquico; diagnóstico e cuidado a pessoas com transtornos, principalmente os Transtornos Mentais Comuns¹ (TMC); reabilitação; ações de RD e cuidado para pessoas com necessidades decorrentes do uso de drogas, dentre outras. Deve se articular com os demais serviços da rede, impactando na situação de saúde e autonomia das pessoas em particular e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. Conforme a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) [7], uma equipe de Saúde Família (eSF) atende no máximo 4 mil pessoas e em média 3 mil e, com a Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) – Programa Brasil Sorridente [8], a UBS pode contar com uma equipe de Saúde Bucal (eSB). Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o manejo e o cuidado de transtornos mentais no contexto da AB são essenciais para possibilitar que um número maior de pessoas tenha acesso ao cuidado em Saúde Mental, proporcionando atenção mais qualificada e reduzindo tratamentos impróprios ou não específicos [9]. ¹TMC referem-se a casos de sofrimento e/ou adoecimento psíquico que apresentam sinais não psicóticos (por exemplo: insônia, fadiga, sintomas depressivos, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas), mas que limitam as pessoas em suas capacidades funcionais [6]. Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) O NASF, vinculado à AB, é constituído por profissionais de saúde de diferentes núcleos formativos que, atuando de modo integrado, apoiam as eSF, as equipes de AB para populações específicas e as equipes da Academia da Saúde, matriciando, compartilhando o cuidado e manejando situações relacionadas ao sofrimento ou adoecimento psíquico e aos problemas decorrentes do uso de drogas. De acordo com a portaria GM/MS nº 3.124/2012 [10], o NASF tipo 1 tem de 5 a 9 equipes de referência, o NASF tipo 2, de 3 a 4, e o NASF tipo 3, de 1 a 2. A Saúde Mental está entre as 9 áreas estratégicas de atuação do NASF, indicando-se, por exemplo, que em um município pequeno, que não conta com Atenção Psicossocial Especializada, é vantagem ter um profissional de Saúde Mental no NASF, a fim de melhor responder às necessidades da população. A equipe NASF deve trabalhar conjuntamente com outras equipes especializadas de Saúde Mental (como as que compõem os pontos de Atenção Especializada da RAPS), corresponsabilizando-se pelos casos e facilitando a integração com as eSF. Esse arranjo institucional visa à articulação entre as unidades locais de saúde e os serviços de Saúde Mental, organizando o fluxo e o processo de trabalho. 13 Equipe de Consultório na Rua (eCR) A eCR é formada por profissionais atuando de modo itinerante, que ofertam cuidados de saúde à população em situação de rua, assumindo a responsabilidade, no âmbito da RAPS, de promover cuidados em Saúde Mental e Atenção Psicossocial para pessoas em situação de rua em geral; pessoas com diagnóstico de transtornos mentais e pessoas que fazem uso de crack, álcool e outras drogas, sempre em parceria com outros pontos de atenção da rede. O cálculo do número máximo de eCR por município é baseado nos dados dos censos populacionais relacionados à população em situação de rua, os quais devem ser levantados por órgãos oficiais e reconhecidos pelo MS. Segundo a portaria GM/MS nº 123/2012 [11], o município precisa ter mais de 100 mil habitantes e uma população mínima de 80 pessoas em situação de rua para implantar uma eCR, podendo uma equipe atender de 80 a 1000 pessoas. Municípios com população inferior a 100 mil habitantes têm chances de serem contemplados com eCR, desde que comprovada a existência do público-alvo do dispositivo pelos censos oficiais mencionados. Ressalta-se, ainda, que a eCR pode utilizar as instalações das UBS do território, sempre que necessário. Observação: Em municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua, o cuidado integral à população em situação de rua deve seguir sendo de responsabilidade da AB, destacando as eSF e incluindo os profissionais de Saúde Bucal e os NASF do território onde essas pessoas estão concentradas. Equipe de apoio aos serviços de Atenção Residencial de Caráter Transitório As equipes de apoio aos serviços do componente da RAPS de Atenção Residencial de Caráter Transitório oferecem suporte clínico, coordenando o cuidado e prestando serviços de atenção à saúde de forma longitudinal e articulada com os outros pontos de atenção. Os gestores deverão ser sensíveis à avaliação dos dispositivos do componente em questão, considerando a implantação da equipe de apoio a fim de garantir o cuidado integral. Centro de Convivência e Cultura (CCC) O CCC é uma unidade pública, articulada à Rede de Atenção à Saúde (RAS) e, em especial, à RAPS, onde são oferecidos, à população em geral, espaços de sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na cidade. É estratégico para a inclusão social das pessoas com diagnóstico de transtorno mental e/ou que fazem uso problemático de drogas, visto que se caracteriza como dispositivo que deve promover convívio e sustentação das diferenças na comunidade e em variados espaços da cidade. COMPONENTE II – Atenção Psicossocial Especializada Por muito tempo, a atenção especializada em Saúde Mental se restringiu ao cuidado hospitalar. Contudo, com a reorientação sofrida pelas políticas de Saúde Mental, em decorrência dos movimentos reformistas, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), em seu caráter substitutivo e estratégico, passa a ser a referência axial do componente de Atenção Psicossocial Especializada da RAPS. 14 Centro de Atenção Psicossocial Estabelecido pela portaria GM/MS nº 336/2002 [12], o CAPS é constituído por equipe multiprofissional que atua interdisciplinarmente, atendendo a pessoas com diagnóstico de transtorno mental grave e persistente, decorrente do uso problemático de drogas ou não. Suas atividades são desenvolvidas, prioritariamente, em espaços coletivos, a exemplo de grupos, assembleias, reunião de equipe, dentro outros. Em sua função de articulador de rede, o CAPS deve trabalhar em parceria com outros pontos de atenção da RAPS e das demais redes. Quanto às modalidades, tem-se: - CAPS I: Indicado para municípios com população acima de 20 mil habitantes, atende a pessoas com diagnóstico de transtorno mental grave e persistente, decorrente do uso problemático de drogas ou não, de todas as faixas etárias¹; - CAPS II: Indicado para municípios com população acima de 70 mil habitantes, atende a pessoas com diagnóstico de transtorno mental grave e persistente, acima de 18 anos ou, caso não haja CAPS i de referência, de todas as faixas etárias. Pode, também, atender a pessoas com necessidades decorrentes do uso problemático de drogas – conforme a organização da rede de saúde local; - CAPS III: Indicado para municípios ou regiões com população acima de 200 mil habitantes, atende a pessoas com diagnóstico de transtorno mental grave e persistente, proporcionando serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas(incluindo finais de semana e feriados), ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de Saúde Mental, inclusive CAPS AD. ¹Em qualquer situação, independentemente da missão e modalidade dos serviços, o atendimento a crianças e adolescentes deve considerar as normativas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD) Serviço de Saúde Mental aberto e de caráter comunitário, ancorado no paradigma de RD, o CAPS AD é constituído de modo semelhante ao CAPS geral, contudo é voltado especificamente à população que faz uso problemático de drogas. Sobre suas modalidades, tem-se - CAPS AD: Indicado para municípios ou regiões com população acima de 70 mil habitantes, atende a crianças e adolescentes ou adultos com necessidades decorrentes do uso problemático de drogas; - CAPS AD III: Indicado para municípios ou regiões com população acima de 200 mil habitantes, atende a crianças e adolescentes ou adultos com necessidade de cuidados clínicos contínuos, funcionando 24 horas (incluindo finais de semana e feriados) e podendo ofertar, no máximo, 12 acomodações para observação e monitoramento das condições de saúde das pessoas assistidas. 15 Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPS i) Em consonância com os direitos da criança e do adolescente, o CAPS i é um serviço aberto e de caráter comunitário, indicado para municípios ou regiões com população acima de 150 mil habitantes, voltado à assistência de crianças e adolescentes com diagnóstico de transtorno mental grave e persistente e/ou que fazem uso problemático de drogas¹. As atividades ofertadas devem levar em consideração a particularidade da faixa etária, valorizando o lúdico na produção de tecnologias de cuidado. ¹No cenário nacional, experiências inovadoras e preliminares de atendimento em CAPS a crianças e adolescentes que fazem uso problemático de drogas têm suscitado a necessidade de um diagnóstico situacional que subsidie o reconhecimento pela portaria da RAPS da modalidade Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas Infantojuvenil (CAPS ADi) [13]. COMPONENTE III – Atenção de Urgência e Emergência Os pontos de Atenção de Urgência e Emergência são responsáveis pelo acolhimento, classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com sofrimento ou adoecimento psíquico, incluindo aquelas que têm necessidades decorrentes do uso problemático de drogas. Na RAPS, eles deverão se articular com os CAPS, corresponsabilizando-se pelo cuidado nas situações que necessitem de internação em Hospital Geral (HG) ou de Serviços Residenciais de Caráter Transitório. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) O SAMU 192 tem como objetivo chegar precocemente às pessoas após a ocorrência de alguma situação de urgência ou emergência de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras, que possa desencadear sofrimento, sequelas ou mesmo morte. Trata-se de um serviço pré-hospitalar que, com a maior brevidade possível, conecta as pessoas em situação de urgência ou emergência aos recursos de que necessitam. Acessado pelo número telefônico “192” e acionado por uma Central de Regulação de Urgências (CRU), funciona 24 horas, orientando e enviando veículos tripulados por equipe capacitada. O SAMU 192 realiza atendimentos em qualquer lugar (residências, locais de trabalho, vias públicas etc.) e, como ponto de atenção da RAPS, enfatiza-se a responsabilidade que tem pela assistência em situações de urgência e emergência em Saúde Mental (atenção à pessoa em crise), como supracitado. Sala de Estabilização (SE) A SE é um equipamento estratégico para a Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), tratando-se de um ambiente com condições de garantir assistência 24 horas para estabilização de pessoas em estados críticos e/ou graves. Vinculada a um equipamento de saúde (UBS, Unidade Mista, Unidade de Pronto Atendimento, Hospital etc.), conecta-se aos outros níveis de atenção, articulando, via CRU, o encaminhamento a outros pontos das RAS. Como componente da RAPS, qualifica a oferta de atenção à crise psiquiátrica. Observação: No cenário atual, a União restringiu o repasse de recursos financeiros tanto para implantação quanto para manutenção de SE. Com isso, projetando melhoras futuras, o dispositivo não foi excluído como possível componente da RUE, em específico, e das RAS, no geral, porém o seu funcionamento está suspenso por tempo indeterminado. 16 Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA 24 h) A UPA 24 h funciona todos os dias da semana (incluindo finais de semana e feriados), sendo um dispositivo de complexidade intermediária entre as UBS e as portas de urgência hospitalares. Tem como objetivo diminuir as filas dos hospitais, evitando o encaminhamento de casos que podem ser solucionados na AB ou pela própria UPA 24 h. Como componente da RAPS, deve prestar assistência em situações de urgência e emergência em Saúde Mental (atenção à pessoa em crise). COMPONENTE IV – Atenção Residencial de Caráter Transitório O componente de Atenção Residencial de Caráter Transitório tem a missão de garantir o suporte necessário em casos de vulnerabilidade social e/ou familiar, acolhendo pessoas que demandem acompanhamento terapêutico e protetivo de caráter transitório. Os dispositivos que o integram funcionam 24 horas e em ambiente residencial. Unidade de Acolhimento (UA) Instituída pela portaria GM/MS nº 121/2012 [14], a UA é um dispositivo da RAPS que oferece cuidados contínuos de saúde a pessoas de ambos os sexos, com necessidades decorrentes do uso problemático de drogas e que apresentem acentuada vulnerabilidade social e/ou familiar, demandando acompanhamento terapêutico. O tempo máximo de permanência é de 6 meses, sendo papel da AB apoiar e reforçar o cuidado clínico geral das pessoas acolhidas e, de responsabilidade do CAPS, a indicação do acolhimento, o acompanhamento especializado durante este período, o planejamento da saída e do seguimento do cuidado e a participação de forma ativa na articulação intersetorial, a fim de promover a reinserção das pessoas assistidas na comunidade. As modalidades de UA levam em consideração a faixa etária atendida: - Unidade de Acolhimento Adulto (UAA): Destinada a pessoas maiores de 18 anos; - Unidade de Acolhimento Infantojuvenil (UAi): Destinada a pessoas entre doze anos e dezoito anos incompletos. Comunidade Terapêutica (CT) A CT é um serviço de caráter residencial transitório voltado a acolher, por até 9 meses, adultos com necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de drogas. Segundo a portaria GM/MS nº 131/2012 [15], o incentivo financeiro de custeio da CT é de R$ 15.000,00 mensais para cada módulo de 15 vagas (até um limite de financiamento de 2 módulos por entidade beneficiária), diferenciando-a de Centro de Recuperação e instituições afins, para as quais não se prevê financiamento público e nem inserção na RAPS. No que se refere à equipe de apoio aos serviços de Atenção Residencial de Caráter Transitório (mencionada no Componente I – Atenção Básica em Saúde): municípios com 3 ou mais CT podem implantar 1 equipe para cada 3 CT e municípios com menos de 3 CT (menos de 80 pessoas assistidas) seguirão com a atenção integral por conta das equipes de AB. Observação: Cabe ressaltar que a CT vai de encontro à lei CC/PR nº 10.216/2001 [2] e ao movimento de Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, tendo a inclusão deste dispositivo na RAPS sido um ponto conflituoso. Isso em função de 17 a CT, em geral, utilizar tecnologias como o isolamento social e a internação, além de se fundamentarem ideologia religiosa. Sua prática tem se inspirado em um modelo de internação compulsória e violação dos direitos das pessoas em tratamento, tendo a abstinência como condição e, assim, negando a potência terapêutica e política da perspectiva da RD. Dessa maneira, o financiamento público desses dispositivos representa não só uma afronta à lei nacional de Reforma Psiquiátrica, às resoluções da 14ª Conferência Nacional de Saúde e da IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial mas também, ao movimento reformista em curso no país, que se respalda no caráter laico do Estado brasileiro [16]. COMPONENTE V – Atenção Hospitalar Como mencionado na descrição do Componente II – Atenção Psicossocial Especializada, historicamente, as instituições hospitalares, com ênfase nos Hospitais Especializados em Psiquiatria, assumiram quase que exclusivamente a função da “assistência” a pessoas com necessidades de Saúde Mental, violando direitos e silenciando subjetividades. Todavia, ancorado no processo de Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, o presente componente redireciona a assistência hospitalar em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, enfatizando o caráter de transformação social nas relações com a loucura proposto pela RAPS. Hospital Geral Sempre respeitando a lei CC/PR nº 10.216/2001 [2], o HG de referência para atenção a pessoas com sofrimento e/ou transtorno mental, decorrentes do uso problemático de drogas ou não, oferece suporte hospitalar por meio de internações de curta ou curtíssima duração (até a estabilidade clínica) em situações assistenciais que indicam a ocorrência de comorbidades de ordem clínica e/ou psíquica. Funciona integralmente, durante 24 horas diárias, nos 7 dias da semana, sem interrupção da continuidade entre os turnos. É possível habilitar leitos integrais especializados em Saúde Mental no HG, qualificando, deste modo, a assistência no âmbito da atenção à crise, incluídos os casos de abstinências e intoxicações severas. O acesso a esses leitos deve ser regulado com base em critérios clínicos e de gestão, considerando o CAPS¹ como interlocutor. A equipe que atua nessa enfermaria especializada deve ser de composição multidisciplinar, trabalhando de modo interdisciplinar e articulado com o PTS desenvolvido pelo serviço de média complexidade ou de AB de referência para a pessoa. Especialmente no que é alusivo à retaguarda a pessoas com complicações decorrentes do uso problemático de drogas, a oferta do HG, observando o território, deve respeitar a lógica da RD e outras premissas e princípios do SUS. O parâmetro adotado pela portaria GM/MS nº 3.088/2011 [4] é de 1 leito em enfermaria especializada para cada 23 mil habitantes. ¹No caso de a pessoa acessar a RAPS por meio do próprio HG e não apresentar vínculo anterior com um CAPS, deve ser providenciada sua referência a um dispositivo deste tipo, o qual assumirá a retaguarda assistencial após a alta. Observação: Dada a história de exclusão, aprisionamento, silenciamento e negação de direitos escrita pelas instituições totais no campo da Saúde Mental, cabe ressaltar que o Hospital Psiquiátrico (geralmente conhecido como Sanatório, Hospício ou Manicômio) não compõe a RAPS, de modo que não deve participar dos fluxos de encaminhamento desta rede, exceto em caráter transicional de modelos. É imprescindível o fortalecimento da Luta Antimanicomial, que propõe a desconfirmação da função social e o fechamento de todos os Hospitais Psiquiátricos, pari passu com o fortalecimento da rede de serviços territoriais substitutivos. COMPONENTE VI – Estratégias de Desinstitucionalização Este componente reúne pontos de atenção que cumprem função estratégica no processo de desospitalização e reinserção social de pessoas que atravessam/atravessaram a experiência de internamento de longa duração em Hospital Psiquiátrico ou Hospital de Custódia. Considerando a 18 necessidade de acelerar a estruturação e a consolidação da rede extra-hospitalar de atenção à Saúde Mental em todas as unidades da Federação, implementando diretrizes de melhoria de qualidade da oferta, os seus pontos de atenção ratificam a imprescindibilidade da desinstitucionalização ante a história manicomial escrita ao longo de décadas. Serviço Residencial Terapêutico (SRT) Mais conhecido como Residência Terapêutica, o SRT, criado pela portaria GM/MS nº 106/2000 [17], é uma moradia inserida na comunidade, localizada fora dos limites de unidades hospitalares gerais ou especializadas e vinculada à rede pública de serviços de saúde, que acolhe pessoas egressas de internações de longa permanência (2 anos ou mais ininterruptos) em Hospitais Psiquiátricos ou Hospitais de Custódia. Configurando-se como uma estratégia de desinstitucionalização, deve garantir convívio social, reabilitação psicossocial, resgate da cidadania, promoção de laços afetivos, reinserção no espaço da cidade e reconstrução das referências familiares. Segundo a portaria GM/MS nº 3.090/2011 [18], que altera a portaria GM/MS nº 106/2000 [17], cada SRT deverá estar vinculado a um serviço/equipe de Saúde Mental de referência, que dará o suporte técnico-profissional necessário. O número de unidades que um município pode instalar depende do número de munícipes longamente internados. Quanto às modalidades, tem-se: - SRT Tipo I: Destinado a pessoas com diagnóstico de transtorno mental em processo de desinstitucionalização, devendo acolher, no máximo, 8 moradores, sendo o recurso financeiro de custeio mensal condicionado à composição mínima de 4 moradores. Nesta modalidade, o SRT pode contar com um cuidador de referência. - SRT Tipo II: Destinado a pessoas com diagnóstico de transtorno mental e acentuado nível de dependência (especialmente em função de comprometimento físico), que necessitem de cuidados permanentes específicos, devendo acolher no máximo 10 moradores, sendo o recurso financeiro de custeio mensal condicionado à composição mínima de 4 moradores. Nesta modalidade, o SRT deve contar com equipe mínima composta por cuidadores de referência e técnico de Enfermagem. Programa de Volta pra Casa (PVC) Instituído pela lei CC/PR nº 10.708/2003 [19] e regulamentado pela portaria GM/MS nº 2.077/2003 [20], o PVC é uma política pública de inclusão social que visa fortalecer o processo de desinstitucionalização, provendo auxílio-reabilitação no valor de R$ 240,00 a pessoas com diagnóstico de transtorno mental egressas de internação psiquiátrica de longa permanência (2 anos ou mais ininterruptos). O número de benefícios com os quais o município pode ser contemplado depende da quantidade de munícipes que se encaixam no critério de internação de longa permanência. Mais informações podem ser consultadas no Manual do Programa “De Volta pra Casa” [21]. Observação: Moradores do SRT também têm direito a receber o auxílio do PVC. COMPONENTE VII – Reabilitação Psicossocial O componente Reabilitação Psicossocial, destinado a ações de caráter intersetorial que promovam a inclusão produtiva, a formação e a qualificação para o trabalho de pessoas com diagnóstico de transtorno mental ou com necessidades decorrentes do uso problemático de drogas, agrega iniciativas de geração de trabalho e renda, envolvendo empreendimentos solidários e cooperativas sociais. Essas iniciativas devem articular sistematicamente as redes de saúde e de economia 19 solidária com os recursos disponíveis no território, a fim de garantir a melhoria das condições concretas de vida, a ampliação da autonomia, a contratualidade e a inclusão social. Cooperativa Regulada pela lei CC/PR nº 5.764/1971 [22], que define a Política Nacional de Cooperativismo, a Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, economicamente organizada de forma democrática,sem fins lucrativos. Constitui-se por membros de determinado grupo econômico ou social que, juntos, têm o objetivo de desempenhar determinada atividade. Identidade de propósitos e interesses; ação conjunta, voluntária e objetiva para coordenação de contribuição e serviços; obtenção de resultado útil e comum a todos são algumas das premissas do cooperativismo. Por diversos fatores, ao longo da história, pessoas com diagnóstico de transtorno mental, decorrentes do uso problemático de drogas ou não, foram equivocadamente classificadas como incapazes. Sendo a garantia de trabalho e a geração de renda, provavelmente, dos maiores desafios do movimento de Reforma Psiquiátrica, dadas as exigências do sistema capitalista, aposta-se na lógica da Cooperativa como uma porta para a (re)inserção social por meio do mundo do trabalho. Nas últimas décadas, experiências exitosas nesse sentido têm sido narradas no campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial, com destaque às organizações que envolvem pessoas assistidas pelos CAPS e seus familiares. Dispositivos intrasetoriais A fim de garantir a integralidade do cuidado, correspondendo às reais necessidades da população, a RAPS não deve restringir sua articulação aos dispositivos previstos na portaria que a regulamenta. Nesse sentido, os demais serviços do SUS devem ser convidados e articulados a esse funcionamento integrado e integral, na perspectiva intrasetorial, cabendo aos trabalhadores da RAPS conhecer a realidade do território onde estão inseridos e identificar com quais dispositivos do setor saúde podem contar. Policlínica (em especial, o Ambulatório de Saúde Mental, que costuma disponibilizar assistência psiquiátrica e psicológica), Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)/Serviço de Atendimento Especializado (SAE), Centro Especializado em Reabilitação (CER) são exemplos de serviços que compõem a rede SUS e podem atuar em parceria com os dispositivos da RAPS. Dispositivos intersetoriais Além da intrasetorialidade, a RAPS depende de articulações intersetoriais para que seus objetivos sejam alcançados. Assim, a organização de ações intersetoriais em Saúde Mental e Atenção Psicossocial envolve políticas públicas além das de saúde, tais como: assistência social, educação, habitação, esporte, cultura, trabalho e renda, segurança pública, judiciário e, ainda, os diversos recursos da vida comunitária, as associações de familiares e pessoas assistidas pelos serviços, os movimentos sociais, dentre outros. Com frequência, parcerias com serviços como Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Escola, Universidade, Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Vara da Infância 20 e Juventude, dentre outros, são solicitadas. Cabe aos trabalhadores da RAPS, portanto, diagnosticarem os serviços de que o território dispõe, a fim de potencializar as articulações para uma atenção integral. Dispositivos do Terceiro Setor Em um sistema capitalista didaticamente dividido em três setores, sendo o primeiro o Estado/Governo e o segundo as empresas privadas, Terceiro Setor diz respeito a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil organizada. Dentre elas, destacam-se: a Organização Não Governamental (ONG) ou Organização da Sociedade Civil (OSC); a Organização Social (OS) e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Como possibilidades constitutivas dos territórios, os dispositivos do Terceiro Setor ofertam serviços à comunidade e, por isto, os trabalhadores da RAPS, sem perder de vista os princípios e diretrizes do SUS, bem como os ideais de Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, devem valorizar tais parcerias sempre que se revelarem como vias para potencializar o cuidado. Historicamente, instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e as Casas de Acolhimento para idosos, por exemplo, têm contribuído com a integralidade da atenção. 21 3 MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL Todo processo avaliativo inicia com a escolha de um método capaz de pôr em análise informações e questões de interesse. Centrado no cotidiano dos serviços e garantindo a participação da equipe, das pessoas assistidas e seus familiares, deve enfocar objetivos, decisões, reivindicações, preocupações, entre outros, como variáveis que auxiliam a classificar o avanço das ações. Dessa maneira, as pessoas diretamente envolvidas com aquilo que se avalia são as mais indicadas para identificar o direcionamento da avaliação. Torna-se essencial, ainda, no que se refere aos trabalhadores, que o processo avaliativo dê conta não só de conhecer o que eles pensam que deve ser avaliado, como também a opinião que têm acerca dos instrumentos mais adequados para isto. Considerando a complexidade que permeia a definição de parâmetros para a avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, não é fácil precisar qual(is) instrumento(s) é(são) mais adequado(s) para cada foco. Todavia, experiências no cotidiano dos serviços e estudos, como o de Pôrto [23], ajudam a identificar métodos e instrumentos exitosos que podem ser utilizados e aprimorados. São exemplos de instrumentos para monitoramento e avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial: Supervisão clínico-institucional – que garante a reflexão em torno da organização do processo de trabalho, destacando o acompanhamento de casos, com apoio de profissional externo à equipe (o supervisor); 22 Reunião de equipe – espaço que deve ser garantido, de preferência semanalmente, não apenas para discussões de caráter burocrático, mas sobretudo para reflexões sobre o trabalho realizado, na perspectiva de construção conjunta de estratégias; Discussão de caso – fundamental para promover uma ampliação das possibilidades de cuidado às pessoas atendidas e aos seus familiares; PTS – utilizado especialmente para os casos mais desafiantes, devendo necessariamente incluir a avaliação do que se faz, com participação direta da própria pessoa acompanhada; Assembleia – que garante encontros sistemáticos de todos que integram o cotidiano do serviço, na perspectiva de aprimorar sua dinâmica de funcionamento, promover relações horizontalizadas e instituir participação social; Questionário – voltado a pessoas assistidas diretamente pelo serviço, seus familiares e/ou trabalhadores, reunindo perguntas que ajudem a circunscrever os fenômenos de interesse; Caixa de sugestões – sempre disponível para eventuais críticas e propostas; Prontuário – instrumento fundamental para o registro do processo terapêutico de cada pessoa acompanhada; Livro de registro de grupos – em que as atividades ficam anotadas, permitindo análise de suas execuções; Relatórios gerados pelos sistemas de informação – dados consolidados por competência sobre procedimentos realizados pelo dispositivo. Historicamente, os primeiros instrumentos usados nos serviços de Saúde Mental eram apenas de mensuração, centrados nas (in)capacidades das pessoas atendidas. Quando surge a necessidade de avaliar os programas de saúde, avançam para instrumentos de caráter descritivo. Somente na década de 1990 é experimentada uma proposta participativa, abrindo caminhos para os métodos considerados mais efetivos na contemporaneidade. Com o intuito de ir além dos indicadores epidemiológicos, as avaliações têm desenvolvido um instrumental que discuteboas práticas, incluindo medidas que classificam os reflexos delas sobre, por exemplo, a qualidade de vida, a autonomia e 23 a satisfação das pessoas. Destarte, a maioria dos trabalhadores desse campo concorda que roteiros de avaliação qualitativa são mais adequados [23]. Em suma, a inventividade necessária ao trabalho em Saúde Mental e Atenção Psicossocial é indispensável também para o planejamento de métodos e criação de instrumentos avaliativos, compondo a tarefa de monitorar e avaliar as ações. Baseando-se em experiências exitosas e sem perder de vista os fundamentos ético- técnicos, os trabalhadores em Saúde Mental devem exercitar a invenção também nesse âmbito, atentos à necessidade de pôr em análise suas práticas e efeitos delas decorrentes. 24 4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Sistema de Informação em Saúde (SIS) é um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Os diversos SIS permitem acesso a um panorama das condições de vida e de saúde da população, transformando dados em recomendações para a qualificação das ações. Conhecer os passos de cada etapa de um SIS é fundamental a sua alimentação, garantindo a fidedignidade dos dados. Ressalta-se, todavia, que centralizar a avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial no dado limita a potencialidade do seu uso, visto ser indispensável a valorização do compartilhamento e da discussão das interpretações com os profissionais dos serviços. A seguir, são descritos os principais SIS utilizados para o trabalho efetivo de monitoramento e avaliação dos serviços da RAPS, mencionando os instrumentos de registro das ações necessários à operacionalização adequada. Nessa descrição, o preenchimento dos dados que se relacionam diretamente com a produção de indicadores em Saúde Mental e Atenção Psicossocial é enfatizado. 4.1 Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) Regulamentado pelas portarias da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS)/MS nº 511/2000 [24] e nº 134/2011 [25], o SNCES cadastra todos os estabelecimentos de 25 saúde existentes no país, quer sejam componentes da rede pública ou da privada, visando subsidiar gestores na implantação/implementação das políticas de saúde, facilitando o planejamento, a regulação, a avaliação, o controle, a auditoria, o ensino e a pesquisa. Trata-se do sistema âncora para operacionalizar os demais SIS, proporcionando o reconhecimento da rede assistencial existente, suas potencialidades e lacunas, por meio de um banco de dados que reúne informações sobre condições de infraestrutura, recursos humanos, equipamentos e serviços ofertados pelos estabelecimentos de todas as esferas administrativas. Geralmente, o município designa um profissional digitador para lançar as informações no SCNES. Sob supervisão do gestor municipal da pasta, coordenadores de serviços de saúde devem preencher os formulários especificados pelo Manual Técnico do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – Versão 2 [26] e encaminhá-los ao digitador, atualizando sempre que necessário. Dotar o SUS com uma base cadastral atualizada, única e fidedigna em todo o país decorre de uma ação conjunta dos municípios, estados e governo federal. Destaca-se, portanto, o papel essencial dos gestores estaduais, do Distrito Federal e municipais, que têm a responsabilidade do registro e o desafio de mantê-lo atualizado, efetuando sistematicamente a disseminação das informações cadastradas. 4.2 Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SIGTAP) Desenvolvido pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o SIGTAP é um sistema de gerenciamento que permite a consulta de procedimentos da amplamente conhecida “Tabela SUS”. Disponibilizado no segundo semestre de 2007 para consulta por gestores e prestadores, a fim de que estes se familiarizassem com a ferramenta, está em vigor desde janeiro de 2008. Além de fornecer dados relativos a cada procedimento, demostrando quais dispositivos e quais profissionais estão habilitados para a execução, o SIGTAP permite que sejam gerados relatórios variados, de acordo com a necessidade de quem procura. É um recurso fundamental para a manutenção da saúde financeira dos serviços do SUS, potencializando o processo de tomada de decisões. 26 Em sua disposição, o SIGTAP compartimenta-se em 4 níveis de agregação: grupo (de procedimentos com características semelhantes ou de acordo com a finalidade do atendimento); subgrupo (de procedimentos por tipo e/ou área de atuação); forma de organização (por sistemas do corpo humano; especialidades; tipo de exame etc.) e procedimento (detalhamento da intervenção). No que se refere especificamente ao campo da Saúde Mental e Atenção Psicossocial, além de procedimentos de AB, no grupo “Procedimentos clínicos” e subgrupo “Consultas/Atendimentos/Acompanhamentos”, há a forma de organização “Atendimento/Atenção Psicossocial”. Nessa categoria, é possível acessar diversos procedimentos executados por dispositivos especializados da RAPS. Considerando, ainda, o mesmo grupo e o mesmo subgrupo supracitados, na forma de organização “Outros atendimentos realizados por profissionais de nível superior”, são encontrados procedimentos de média complexidade de caráter ambulatorial, geralmente utilizados por ambulatórios de Saúde Mental/Psiquiatria em Policlínicas. Por fim, no grupo “Procedimentos clínicos” e subgrupo “Tratamentos clínicos (outras especialidades)”, na forma de organização “Tratamento dos transtornos mentais e comportamentais”, e no grupo “Ações complementares de atenção à saúde” e subgrupo “Ações relacionadas ao atendimento”, na forma de organização “Diárias”, estão os procedimentos relativos à Atenção Hospitalar na RAPS. Os profissionais da rede podem e devem acompanhar as atualizações da “Tabela SUS” via SIGTAP, identificando os procedimentos vigentes e os revogados, bem como as modificações, evitando registros incompatíveis com os sistemas e garantindo a fidedignidade dos dados. É mais um instrumento de fácil entendimento, que permite a qualificação do monitoramento e da avaliação. 4.3 Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) O SISAB, orientado pela portaria GM/MS nº 1.976/2014 [27] a substituir gradativamente, até maio de 2015, o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e outros sistemas utilizados pela AB, foi instituído pela portaria GM/MS nº 1.412/2013 [28]. Com ele, entre outras coisas, é possível obter informações da situação sanitária e de saúde da população. 27 Uma das principais características do SISAB é o registro de informações individualizadas, oferecendo ao gestor uma visão mais fidedigna das ações das equipes em relação a cada cidadão do território. Capaz de gerar relatórios de indicadores de saúde por estado, município, região e equipe, pode, a partir de uma utilização sistemática e consistente, qualificar, gradativamente, o monitoramento, potencializando, consequentemente, o planejamento. É um sistema que se relaciona diretamente com o financiamento e a adesão aos programas e estratégias da PNAB, alimentado, em essência, pela ferramenta e- SUS Atenção Básica (e-SUS AB), a qual propõe incremento da gestão da informação, automação dos processos, melhoria da infraestrutura e do cotidiano de trabalho. 4.3.1 e-SUSAtenção Básica Alinhada com a proposta mais geral de reestruturação dos SIS do MS e entendendo que a qualificação da gestão da informação é fundamental para melhorar o atendimento à população, a estratégia e-SUS AB faz referência à busca por um SUS eletrônico, reestruturando, em nível nacional, informações sobre as ações realizadas na AB e permitindo coletar dados individualizados. Destarte, o e-SUS AB foi desenvolvido para atender a missão do trabalho da AB de gerir o cuidado em saúde, podendo ser utilizado por profissionais de todas as equipes de AB, pelas equipes NASF, pela eCR, pela equipe de Atenção à Saúde Prisional e a da Atenção Domiciliar (AD), além dos profissionais que realizam ações no Programa Saúde na Escola (PSE) e na Academia da Saúde. Como um sistema de captação, ele é compatível com 2 modos de registro, que instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos no SISAB: a Coleta de Dados Simplificado (CDS), composta por 7 fichas físicas, e o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), sistema informatizado usado para enviar os registros clínicos dos atendimentos e também das fichas de CDS. Cabe ressaltar que tanto o CDS quanto o PEC fornecerão as mesmas informações ao SISAB, sendo que, com o PEC, o próprio sistema se encarrega de organizar as informações a serem transmitidas e, no caso do CDS, formulado para atender equipes que ainda não possuem as condições tecnológicas de informática necessárias, as fichas terão de ser digitadas no próprio programa do PEC. 28 Mais orientações a respeito do e-SUS AB podem ser encontradas no Manual de Exportação – API Thrift do Sistema e-SUS Atenção Básica [29]. É necessário destacar, contudo, que esse sistema produz 7 tipos de relatórios consolidados (Atendimento; Acompanhamento; Procedimentos; Exames; Conduta; Monitoramento e Consolidado de Cadastro) que impactam positivamente na tarefa de produção de indicadores. Cada relatório consolidado do e-SUS AB agrega informações coletadas tanto por meio do CDS quanto a partir do PEC, disponibilizando dados específicos que auxiliam no monitoramento e avaliação em Saúde Mental e Atenção Psicossocial na AB. Nesse quesito, a Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição (CIAP2) merece atenção. 4.3.2 Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição A CIAP2 é uma ferramenta adequada à AB que permite classificar questões relacionadas a pessoas e não a doenças, indicando o que motivou a procura pela consulta, os problemas diagnosticados pelos profissionais de saúde, bem como as respostas interventivas propostas pela equipe, podendo ser utilizada por trabalhadores de núcleos formativos distintos. Qualificando a prática profissional e potencializando o planejamento das ações e a programação das atividades de EPS, a CIAP2 favorece que o cuidado às pessoas seja assumido de forma multiprofissional, superando, dentre outros, limites da Classificação Internacional de Doenças – Décima Edição (CID10), que é de uso restrito do médico. Destaca-se, contudo, que a CIAP2 não é uma alternativa à CID10 (que segue sendo referência para ser usada em morbimortalidade, por exemplo). As duas classificações apresentam, na verdade, uma relação complexa, tendo, cada uma, conceitos para os quais não existe correspondente exato na outra, porém apresentando correspondência em grande parte das rubricas. Em termos de estrutura, a CIAP2 está organizada em 7 componentes e 17 capítulos. Diferenciados por cores, os componentes são: procedimentos; sinais/sintomas; infecções; neoplasias; traumatismos; anomalias congênitas e outros diagnósticos. Os capítulos, por sua vez, têm referência com sistemas orgânicos (olhos; circulatório; pele etc.), incluindo um geral e outro de problemas sociais. 29 Considerando sinais/sintomas e diagnósticos que indicam questões ligadas diretamente à Saúde Mental, destaca-se o capítulo P (Psicológico) (Anexo A), que reúne queixas como “sensação de ansiedade/nervosismo/tensão”, “reação aguda ao estresse”, “tristeza/sensação de depressão”, dentre outras, além de diagnósticos como “demência”, “esquizofrenia” e “suicídio/tentativa de suicídio”. O uso da CIAP2 no PEC se dará nos itens: motivo de consulta (subjetivo) na escuta inicial; motivo de consulta (subjetivo) no atendimento; problema de saúde detectado (avaliação) e intervenção (plano). Já na CDS, será restrito à “Ficha de Atendimento Individual”, em ”problema/condição avaliada” (corresponde ao “A” – avaliação do profissional), sendo possível incluir até 2 códigos. Outras orientações acerca do manuseio da CIAP2 no e-SUS AB, junto ao PEC e à CDS, podem ser consultadas no resumo ilustrado Classificação Internacional de Atenção Primária – Segunda Edição (CIAP2) [30] produzido pelo MS, o qual, de modo didático, justifica o valor da ferramenta para os processos de monitoramento e avaliação em saúde. 4.4 Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) Criado em 1992 e implantado nacionalmente na década de 90, o SIA objetiva o registro das ações realizadas no âmbito ambulatorial do SUS. Ao longo dos anos, vem sendo aprimorado para que seja um sistema que, efetivamente, gere informações sobre o atendimento ambulatorial, subsidiando gestores no monitoramento, na avaliação e no planejamento. Integrado ao SCNES, ao SIGTAP e à Ficha da Programação Físico Orçamentária (FPO), a alimentação do SIA depende dos registros dos instrumentos: Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado (BPA-I); Boletim de Produção Ambulatorial Consolidado (BPA-C); Autorização de Procedimento de Alta Complexidade (APAC) e Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde (RAAS). Por meio da transcrição de produção que recebe, o SIA faz consolidação e, antes de aprová-la, valida o pagamento com base em parâmetros orçamentários estipulados pelo próprio gestor de saúde. Gera, ainda, 3 tipos de relatórios: relatório de acompanhamento da produção físico orçamentária; relatório da produção e relatório financeiro e para pagamento. 30 No Manual Técnico Operacional SIA/SUS – Sistema de Informação Ambulatorial – Aplicativos de captação da produção ambulatorial APAC Magnético – BPA Magnético – VERSIA – DE-PARA – FPO Magnético [31] são encontrados todos os esclarecimentos necessários para o manuseio eficiente deste sistema, anexando, inclusive, os formulários requeridos. No que se refere aos CAPS, com base na portaria SAS/MS nº 854/2012 [32], que cria novos procedimentos, é necessária a utilização de 3 formulários: o Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial (RAAS-PSI) (Anexo B); o BPA-I (Anexo C) e o BPA-C (Anexo D). Para os ambulatórios de Saúde Mental/Atenção Psicossocial, apenas BPA-I e BPA-C devem ser preenchidos. 4.4.1 Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde Psicossocial O RAAS-PSI institui uma nova maneira de registro da atenção realizada pelo CAPS, propondo procedimentos potencialmente mais sensíveis às diretrizes de funcionamento deste dispositivo. A lógica de registro outrora prevista pela APAC, bem como a dos procedimentos classificados em intensivo, não intensivo e semi-intensivo que vinham sendo utilizadas, foram superadas. Nesse sentido, o RAAS-PSI não se configura somente para controle interno e/ou para facilitar a digitação. Seu uso pretende ampliar o modo de atuar e de validar as ações e informações dos serviços. A implantação do RAAS-PSI nos CAPS é uma oportunidade de pôr em análise os processos de trabalho, buscando efetivamente orientar o modelo de atenção para o cuidado territorial e centrado na pessoa. Em relação aos BPA-I e BPA-C, tem-se que os novos procedimentosdo RAAS- PSI qualificam alguns procedimentos dos BPA-I e BPA-C, superando-os. Isto é, nem todos os procedimentos passíveis de serem registrados nos BPA-I e BPA-C devem ser utilizados pelo CAPS. A Tabela de códigos de procedimentos de Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Apêndice A) disponível neste guia pode ser consultada. Mais informações podem ser acessadas em RAAS – Registro das Ações Ambulatoriais de Saúde: Manual de Operação do Sistema [33], em BPA – Boletim de Produção Ambulatorial: Manual de Operação do Sistema [34] e em Sobre os novos procedimentos de CAPS [35]. Nesse último, há uma seção de perguntas e respostas sobre dúvidas que comumente surgem. 31 4.5 Sistema de Informação Hospitalar (SIH) Com o objetivo de qualificar a informação em saúde a partir do registro das internações no âmbito do SUS, o SIH foi implantado por meio da portaria GM/MS nº 896/1990 [36]. Por conseguinte, a portaria GM/MS nº 396/2000 [37] atribuiu a responsabilidade da gestão do SIH à SAS e a portaria GM/MS nº 821/2004 [38] descentralizou seu processamento para estados, Distrito Federal e municípios plenos. A Autorização de Internação Hospitalar (AIH) é um instrumento que registra todos os atendimentos provenientes das internações financiadas pelo SUS, utilizado pelos gestores e prestadores de serviços para o pagamento por valores fixos dos gastos hospitalares (materiais, procedimentos, profissionais e estrutura de hotelaria) aos estabelecimentos de saúde. O Laudo para Solicitação da AIH, por sua vez, é o formulário que deve ser preenchido e encaminhado para que a AIH seja autorizada. Conforme a portaria SAS/MS nº 1.011/2014 [39], o Laudo pode ser físico (no formato de formulário impresso e armazenado em papel) ou em suporte digital (a partir de SIS que emitam e armazenem as respectivas autorizações, transitando os dados entre os gestores). No quesito “procedimentos relacionados aos pacientes em tratamento em regime de internação”, estão classificados como instrumentos de registro a AIH principal (referindo o motivo de internação), a AIH especial (que não gera AIH, mas pode agregar valor ao procedimento principal) e a AIH secundário (que também não gera AIH, mas qualifica o registro da informação). Assim sendo, os procedimentos hospitalares conectados especificamente com a produção de indicadores em Saúde Mental e Atenção Psicossocial auxiliam na programação das intervenções neste nível (principalmente a atenção à pessoa em crise) e são registrados na AIH principal e na AIH especial, conforme Tabela de códigos de procedimentos de Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Apêndice A). Como todo sistema de informação, o SIH disponibiliza relatórios gerenciais para gestores e prestadores, os quais podem ser estudados para monitorar e avaliar os serviços, aprimorando o planejamento. No SIH – Sistema de Informação Hospitalar do SUS: Manual Técnico Operacional do Sistema [40] há outras informações de uso, dirimindo possíveis dúvidas. 32 5 INDICADORES EM SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL A tarefa de definir boas práticas em Saúde Mental é tão ou mais complexa quanto descrever o que é ter saúde mental. Mais do que em outras áreas, elencar aspectos objetivos nesse campo é um desafio, visto que as ações estão atravessadas pela intersubjetividade das relações entre pessoas atendidas, trabalhadores e instituições, aumentando, sem dúvidas, a dificuldade do processo avaliativo. Diversos teóricos advertem sobre problemas comumente encontrados para monitorar e avaliar com fidedignidade em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. A qualidade dos serviços, por exemplo, parece obedecer a características peculiares. A mera extensão da cobertura, número de consultas, internações, dentre outros, não satisfazem critérios de qualidade em Saúde Mental [23]. Com isso, o estabelecimento de indicadores e parâmetros avaliativos exige sutileza, advertindo que situações nem sempre precisas escaparão a uma excessiva rigidez. Destarte, boa estrutura, diversidade de procedimentos e bons dados estatísticos podem trazer elementos que respondam ao problema da construção de modos de avaliar, mas não necessariamente garantirão a qualidade do serviço. De ordem quantitativa ou qualitativa, indicador é um recurso metodológico utilizado para organizar os dados relevantes dos elementos que compõem um fenômeno observado, certificando empiricamente a evolução do mesmo. Nas práticas em saúde, são medidas-síntese, geralmente atreladas a metas e parâmetros, que informam sobre o estado de saúde e o desempenho do sistema de saúde. 33 É fundamental destacar que o indicador e qualquer outra forma de avaliação refletem o conjunto de valores do profissional que os constroem, priorizando algumas dimensões em detrimento de outras. Na área da saúde, além de apontar dimensões como satisfação das pessoas assistidas e movimentos institucionais, os indicadores podem revelar o crescimento profissional e pessoal dos trabalhadores. No campo específico da Saúde Mental e Atenção Psicossocial, estudos apontam a singularidade da construção de indicadores [23]. Alguns pesquisadores defendem que a carência de indicadores de Saúde Mental é íntima da pouca utilização da Epidemiologia, já que se torna difícil transpor instrumentos epidemiológicos para a área. Portanto, aliar indicadores a processos avaliativos formativos e participativos, tomando-os como indutores de boas práticas, permitirá o avanço na construção de uma proposta avaliativa mais potente e conectada com o compromisso de melhoria da oferta, de qualificação dos dispositivos e, no geral, de produção de novos modos de cuidar do sofrimento humano e de transformação social. Na cotidiano do trabalho, os relatórios padrão gerados pelos SIS permitem a fácil e rápida conversão de dados consolidados em indicadores. De ordem quantitativa, reúnem informações e propiciam análises essenciais aos processos de monitoramento e avaliação, caracterizando-se como uma ferramenta indispensável à gestão do cuidado e aos gestores. Ademais, outros indicadores podem ser produzidos tomando como fonte de dados os registros particulares de cada instituição. Destacam-se os registros (em geral, em forma de tabela) que compilam, principalmente, os dados sociodemográficos e de saúde das pessoas assistidas, os livros de presença e as agendas de ações desenvolvidas não especificadas no SIGTAP. Por último, é importante defender que a responsabilidade de todos os dispositivos da RAPS com a produção de indicadores em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, garantindo a avaliação dos processos, colabora com a consolidação da mesma, afirmando a Reforma Psiquiátrica, a Luta Antimanicomial e a criação de novos espaços e modos de cuidado definitivamente substitutivos à lógica manicomial, cujo centro é o Hospital Psiquiátrico. 5.1 Exemplos de indicadores de referência para o Componente I – Atenção Básica em Saúde da RAPS 34 DISPOSITIVO¹ AÇÃO/PROCEDIMENTO INDICADOR UBS NASF eCR Com base nos relatórios padrão do PEC Motivo de visita – ACS (Tipos de acompanhamento): Saúde Mental - Número de visitas realizadas a pessoas com necessidades de Saúde Mental Motivo de visita – ACS (Tipos de acompanhamento): Tabagismo - Número de visitas realizadas a pessoas com tabagismo Motivo de visita – ACS (Tipos de acompanhamento): Usuário de álcool - Número de visitas realizadas a pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool Motivo de visita – ACS (Tipos de acompanhamento): Usuário de outras drogas - Número de visitas realizadas a pessoas com necessidadesdecorrentes do uso de outras drogas Problemas/Condições avaliadas (Condições avaliadas): Saúde Mental - Número de pessoas avaliadas com necessidades de Saúde Mental Problemas/Condições avaliadas (Condições avaliadas): Tabagismo - Número de pessoas avaliadas com diagnóstico de tabagismo Problemas/Condições avaliadas (Condições avaliadas): Usuário de álcool - Número de pessoas avaliadas com necessidades decorrentes do uso de álcool Problemas/Condições avaliadas (Condições avaliadas): Usuário de outras drogas - Número de pessoas avaliadas com necessidades decorrentes do uso de outras drogas Agravos e ou sintomas mais frequentes baseados na CID10: [Exemplo] F329 – Episódio depressivo não especificado - Número de pessoas baseado na CID10 com episódio depressivo não especificado Problemas mais frequentes baseados na CIAP2: [Exemplo] Tristeza/Sensação de depressão - Número de pessoas baseado na CIAP2 com queixa de tristeza/sensação de depressão Encaminhamentos: Encaminhamento para CAPS - Número de encaminhamentos para CAPS realizados Temas e práticas de saúde (Temas para saúde): Dependência química (tabaco, álcool e outras drogas) - Número de atividades que trabalharam a temática “dependência química (tabaco, álcool e outras drogas)” Temas e práticas de saúde (Temas para saúde): Prevenção da violência e promoção da cultura de paz - Número de atividades que trabalharam a temática “prevenção da violência e promoção da cultura de paz” Temas e práticas de saúde (Temas para saúde): Saúde Mental - Número de atividades que trabalharam a temática “saúde mental” Temas e práticas de saúde (Práticas em saúde): Programa Nacional de Controle do Tabagismo Sessão 1 - Número de Sessão 1 do Programa Nacional de Controle do Tabagismo realizadas Temas e práticas de saúde (Práticas em saúde): Programa Nacional de Controle do Tabagismo Sessão 2 - Número de Sessão 2 do Programa Nacional de Controle do Tabagismo realizadas 35 ¹São mencionadas as instituições que constituem o Componente I – Atenção Básica em Saúde. Contudo, nem todos os procedimentos se referem ao tipo de oferta possível de cada serviço citado, cabendo à equipe observar qual ação é de fato desenvolvida pelo dispositivo. 5.2 Exemplos de indicadores de referência para o Componente II – Atenção Psicossocial Especializada da RAPS Temas e práticas de saúde (Práticas em saúde): Programa Nacional de Controle do Tabagismo Sessão 3 - Número de Sessão 3 do Programa Nacional de Controle do Tabagismo realizadas Temas e práticas de saúde (Práticas em saúde): Programa Nacional de Controle do Tabagismo Sessão 4 - Número de Sessão 4 do Programa Nacional de Controle do Tabagismo realizadas Com base nos registros particulares do serviço Acompanhamento pela eSF a pessoa com histórico de internamento em Hospital Psiquiátrico - Número de pessoas com histórico de internamento em Hospital Psiquiátrico acompanhadas pela eSF Renovação de receitas de controle especial de pessoas com necessidades de Saúde Mental - Número de pessoas com necessidades de Saúde Mental que renovam receitas de controle especial Acompanhamento sistemático pela eSF de pessoas também assistidas por CAPS - Número de pessoas acompanhadas pela eSF que são assistidas por CAPS Identificação de uso problemático de drogas no território adscrito - Percentual de pessoas identificadas no território adscrito que fazem uso problemático de drogas Criança atendidas com necessidades relacionadas à Saúde Mental encaminhadas pela rede de educação - Número de crianças encaminhadas pela rede de educação com necessidades relacionadas à Saúde Mental Ações de matriciamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial desenvolvidas na UBS em parceria com a equipe NASF - Número de ações de matriciamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial desenvolvidas na UBS em parceria com a equipe NASF Prevenção ao uso inadequado de benzodiazepínicos - Número de pessoas que utilizam benzodiazepínicos acompanhadas pela eSF DISPOSITIVO¹ AÇÃO/PROCEDIMENTO INDICADOR CAPS I CAPS II CAPS III CAPS i CAPS AD CAPS AD III Com base nos relatórios padrão do SAI Acolhimento noturno de paciente em Centro de Atenção Psicossocial - Número de vezes em que pessoas foram acolhidas em turno noturno no CAPS Acolhimento em terceiro turno de paciente em Centro de Atenção Psicossocial - Número de vezes em que pessoas foram acolhidas em terceiro turno no CAPS Acolhimento diurno de paciente em Centro de Atenção Psicossocial - Número de vezes em que pessoas foram acolhidas em turno diurno no CAPS Atendimento individual de paciente em Centro de Atenção Psicossocial - Número de atendimentos individuais realizados no CAPS 36 Atendimento em grupo de paciente em Centro de Atenção Psicossocial - Número de atendimentos em grupo realizados no CAPS Atendimento familiar em Centro de Atenção Psicossocial - Número de atendimentos familiares realizados pelo CAPS Atendimento domiciliar para pacientes de Centro de Atenção Psicossocial e/ou familiares - Número de atendimentos domiciliares realizados pelo CAPS Práticas corporais em Centro de Atenção Psicossocial - Número de vezes que pessoas assistidas pelo CAPS foram beneficiadas por atividades que envolvem práticas corporais individuais ou em grupo Práticas expressivas e comunicativas em Centro de Atenção Psicossocial - Número de vezes que pessoas assistidas pelo CAPS foram beneficiadas por atividades que envolvem práticas expressivas e comunicativas individuais ou em grupo Atenção às situações de crise - Número de ações desenvolvidas para o manejo de situações de crise pela equipe do CAPS Ações de Reabilitação Psicossocial - Número de ações de reabilitação psicossocial desenvolvidas pela equipe do CAPS articuladas ou não com outros dispositivos Promoção de contratualidade no território - Número de acompanhamentos realizados a pessoas em seus contextos reais de vida (casa; trabalho; iniciativas de geração de renda/empreendimentos solidários; contextos familiares, sociais e comunitários-territoriais etc.) a fim de ampliar redes sociais e autonomia Acolhimento inicial por Centro de Atenção Psicossocial - Número de novas pessoas acompanhadas pelo CAPS Ações de articulação de redes intra e intersetoriais - Número de atividades realizadas em articulação com outros pontos de atenção, quer da RAPS ou de outras redes Fortalecimento do protagonismo de usuários de Centro de Atenção Psicossocial e seus familiares - Número de atividades realizadas que fomentam a participação de pessoas assistidas pelo CAPS e seus familiares nos processos de gestão dos serviços e da rede Matriciamento de equipes da Atenção Básica - Número de atividades de matriciamento realizadas a equipes da AB Matriciamento de equipes dos pontos de atenção da urgência e emergência e dos serviços hospitalares de referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades de saúde decorrente do uso de álcool, crack e outras drogas - Número de atividades de matriciamento realizadas a equipes de atenção de urgência e emergência e de serviços hospitalares 37 ¹São mencionadas as instituições que constituem o Componente II – Atenção Psicossocial Especializada. Contudo, nem todos os procedimentos se referem ao tipo de oferta possível de cada serviço citado, cabendo à equipe observar qual ação é de fato desenvolvida pelo dispositivo. 5.3 Exemplos de
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