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A Medula da Alquimia - Ireneu Filaleto

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Por Ireneu Filaleto, Londres 1654. Tradução de Paulo Cruz. 
Contendo Três Livros, Elucidando a Prática 
O Primeiro Livro 
A Alquimia - que alguns chamam de Arte Dourada - trata-se não de uma fábula, como muitos 
quereriam, mas de uma verdadeira Ciência, como ficou por nós provado e por exemplos 
demonstrado na parte anterior deste tratado, Ciência esta cuja prática passaremos a elucidar nesta 
Segunda Parte, através da qual será possível obter grande provisão de prata e ouro. E para uma 
boa compreensão das nossas intenções considera correctamente, e com justeza pesa bem a 
razão da nossa Obra, caso contrário é mais certo que percas o teu tempo e dinheiro em vão, 
encontrando apenas esforço e despesa, tal como muitos já o fizeram. 
De maneira que a Pedra que procuras, como já o dissemos e voltamos a afirmar é apenas ouro 
levado à máxima perfeição possível; pois embora se trate de um corpo firme e compacto é no 
entanto, através do engenho da Arte e operação da Natureza transformado num Espírito tingente 
que nunca se esgota que a Natureza, por si nunca teria conseguido produzir pois o ouro em si não 
possui o poder de se elevar a tal grau de perfeição antes se mantendo eternamente na sua 
constância. 
Aquele que se presta a encontrar tal Essência deverá então, através da Arte, transformar o seu 
ouro em pó e fazer com que se converta numa água mineral, que então circulará com um bom fogo 
até que quando toda a humidade se seque esta seja fixada; a qual será com frequência embebida 
e fixada de modo a que o infante quede selado no ventre da sua mãe, e sendo alimentado até que 
se fortaleça e se torne suficientemente capaz de resistir aos seus robustos oponentes: então 
fermentando, deve por longo tempo residir em repetida negrura até que a Natureza apodreça e 
morra, que deves logo revificar, sublimar e exaltar, e de novo retornar à terra onde o deves deixar 
no calor o tempo necessário para que a negritude se transforme na mais pura brancura; o Rei, 
sendo então colocado sobre o seu Selo Real, brilhará como a chama faíscante e a pedra 
escondida a que chamamos enxofre. Isto tu deves multiplicar até que se transforme no elixir 
espiritual; que será então como juiz no Dia do Juízo Final, condenando ao fogo toda a escória que 
aderir à mais pura substância nos metais imperfeitos. 
Donde que, sendo o nosso Sujeito o ouro, teremos que procurar o agente adequado para o abrir, o 
qual, se souberes procurar a variedade mais adequada, pouco trabalho terás a preparar; este será 
vil à vista e grandemente desprezado pelo seu aspecto exterior. Deste assunto poucos autores 
tratam e os que o fazem obscurecem esta chave o mais que podem, mas eu, querido leitor, serei 
de uma sinceridade como nunca viste; garanto-te no entanto que este não é trabalho para mentes 
opacas nem para aquele que desdenha trabalhar, pois a ociosidade é um verdadeiro obstáculo 
para esta Arte; mas se possuis uma mente tranquila e és trabalhador presta bem atenção ao que 
irei declarar, e que trata primeiramente daquilo que jaz escondido no nosso Agente ígneo. 
A substância que tomamos primeiro em mãos é um mineral semelhante ao Mercúrio que coze na 
Terra um enxofre cru. Este é chamado de Filho de Saturno, parece de facto vil à vista mas o seu 
interior é glorioso. É cor de sable, com veios prateados misturados com o corpo cuja linha cintilante 
mancha o enxofre inato; é todo volátil e não fixo, no entanto, quando tomado na sua crueza nativa 
purgou o Sol de toda a sua superfluidade. A sua natureza é venenosa e muitos abusaram dele 
medicinalmente. Se pela Arte soltamos os seus elementos o seu interior aparece resplandecente, o 
qual então flui no fogo como um metal, embora nada exista de natureza metálica assim tão frágil. 
Este é o nosso Dragão, que o Deus da guerra assaltou com uma armadura do aço mais robusto, 
mas em vão, pois logo uma Estrela nunca vista apareceu, de modo que quando Cadmus 
primeiramente sentiu esta força não conseguiu aguentar um tal poder, mas do seu corpo a sua 
Alma se separou. Oh força poderosa! Pois quando os Sábios a avistaram grandemente se 
surpreenderam e assim a chamaram o seu Leão Verde, cuja fúria com encantos esperaram com o 
tempo domar. Pelo que, deixando-o presa dos sócios de Cadmus, verificaram que pelo seu poder 
os derrotou e tendo a luta terminado, olhai, uma Estrela matutina foi vista a sair da Terra e após as 
carcaças terem sido removidas logo apareceu uma fonte corrente, onde se disse que a Besta 
saciou a sede até que o seu ventre estoirou. Mas pareceu-lhes deveras estranho que logo que este 
Dragão se tivesse aproximado da Fonte, as Águas se retirassem como que assustadas, pese 
embora o esforço de Vulcano em reconciliá-las. Então apareceram as Pombas de Diana com 
adornos ofuscantes, com cujas asas prateadas o ar se acalmou, no qual o Dragão dobrado para 
dentro perdeu a sua picadura. Então as Águas como uma inundação logo voltaram e engoliram a 
Besta, cuja cor se tornou negra como o carvão, e nisto o nosso Dragão fez com que a fonte 
exalasse um cheiro fétido onde ele morreu e que lhe serviu de sepultura. Mas com a ajuda de 
Vulcano este Dragão voltou à vida e recebeu dos Céus uma Alma, pelo que ambos se 
reconciliaram, aqueles que antes eram inimigos, sendo as suas almas agora unidas, deixaram os 
seus corpos e transformaram-se no verdadeiro banho das ninfas, e no nosso Leão Verde, pelo que 
nunca nada assim tinha sido visto antes. 
Mas para não te manter mais em suspenso, iremos agora explicar claramente o significado destas 
alegorias, desatando estes nós cujo sentido obscuro poderá deixar perplexo o leitor. 
Pelo que agora observa que o nosso Filho de Saturno deve ser unido a uma forma metálica e 
mercurial, pois é apenas azougue o agente que a nossa obra requer, mas o azougue comum não 
serve para a nossa Pedra; estando morto, presta-se no entanto a ser animado pelo sal da 
Natureza e verdadeiro enxofre que é o seu único cônjugue. Este sal, que se encontra no rebento 
de Saturno e é puro interiormente, tem o poder de penetrar o centro dos metais, e tem em 
abundância as qualidades necessárias para entrar no corpo do Sol, o qual divide em elementos e 
no qual reside após a dissolução. O Enxofre deves procurá-lo na casa de Aries, é este o fogo 
mágico dos sábios para aquecer o banho do Rei (que deves preparar numa semana). Este fogo 
está estreitamente escondido, mas podes revelá-lo numa hora e depois lavá-lo em chuva prateada. 
Parecia deveras estranho que um metal suficientemente robusto e fixo para suportar o golpe 
atordoante de Vulcano e que não se abrandará em nenhum calor nem se misturará em fluxo com 
nenhum metal seja no entanto pela nossa Arte retrogradado neste penetrante licor mineral. Este 
trabalho real foi selado pelo Todo-Poderoso para ensinar os prudentes que o Infante Real é aqui 
nascido, a quem eles diligentemente procuram sendo pela Estrela guiados, mas os tolos procuram 
os nossos segredos em coisas sórdidas e sem sentido e o que encontram é apenas a própria 
ruína. 
Esta substância tem uma natureza estrelada e completamente espiritual, sendo totalmente 
inclinada a fugir do fogo; a razão é que a alma de cada um é como um íman para o outro, e a isto 
nós chamamos a urina do velho Saturno. Este é o nosso aço, o nosso verdadeiro hermafrodita, a 
nossa Lua, assim chamada pelo seu brilho: este é o nosso ouro imaturo, que à vista é um corpo 
frágil e quebradiço, mas é domado por Vulcano e cuja alma se sabes misturar com Mercúrio 
nenhum segredo te será ocultado. 
Não tenho necessidade de citar qualquer autor, pois eu vi e com as minhas mãos trabalhei este 
mistério, e por constantemente seguir a sabedoria da Natureza fui levado a tornar brando o corpo 
mais sólido e do corpo mais grosseiro fazer uma Terra tingente e fixa, que nunca se desvanecerá. 
E não sou o único que o diz, pois muitos outros o fizeram, cujos segredos aqui vos revelo. 
Artephiusnomeou-o, mas o outro segredo não o revelou, antes disse que este deveria ser pedido a 
Deus, a não ser que o ensinasse um sábio Mestre. 
Este é o enigma que tanto tem deixado perplexos os estudantes desta Arte. Assim Zeumon na 
Turba p.18, Ars Aurif: Vol.2, disse: A nossa Pedra é vil e no entanto é combinada com o mais 
precioso. É aquilo que é deitado à rua, nos caminhos, nas estrumeiras e nos lugares impuros que é 
a matéria que deveremos tomar como verdadeiro fundamento da nossa Arte. Ninguém pode viver 
sem ela, e há quem a aplique em usos sórdidos, o que demonstra que apenas com Marte ela pode 
ser associada. Em barcos ela flutua sobre os oceanos, e sem ela não há barco ou casa que possa 
ser construído, ou mercadoria que possa ser transportada; com ela aramos a nossa terra, ceifamos 
o nosso milho, vestimos, fervemos e cortamos a nossa carne, e com ela são ferrados os cavalos. 
Muitos mais usos ela tem os quais seria fastidioso enumerar e no entanto encontra-mo-la 
frequentemente num estado contemplativo sobre a terra, em velhos pregos sem cabeça, que 
pouco valem o achado, e que por isso como vil é estimado. 
Para mais, Aries é conhecido da casa do robusto Marte, pelo qual todos os artistas dizem que 
deves começar a tua obra, o que pode ser mais claro? Dificilmente pode existir alguém tão 
ignorante que julgue que estas palavras ocultam ainda um outro significado, pois nunca até agora 
isto tinha sido tão claramente explicado. Belus na Turba, p.27, Ars Aurif: Vol.2, insta-nos a 
combinar o lutador com aquele que não deseja lutar; pelo qual a Marte o Deus da Guerra ele 
atribui Saturno em união, que se deliciava na paz e cujo reino não é necessário revelar uma vez 
que é de todos tão conhecido. 
Repara na segunda figura do Rosarium Philosophorum Irne, p.212, Ars Aurif, Vol.2, na qual o Rei e 
a Rainha em vestes reais seguram entre ambos a nossa verdadeira Lunária que contém oito flores 
e no entanto não tem raiz. Entre ambos há um pássaro. Sob os seus pés o Sol e a Lua. O Rei tem 
na mão uma flor e a Rainha outra e o pássaro segura com o bico numa terceira, tendo também na 
cauda uma estrela que representa o nosso grande segredo, pois o pássaro alado representa 
Mercúrio combinado com a Terra Estrelada até que ambos se tornem voláteis e alados. 
Assim parece que os antigos Sábios escolheram antes instruir o olho por imagens do que o ouvido 
por palavras. No entanto alguns dos seus discursos são tão simples que qualquer palerma poderá 
perceber o sentido que eles contêm, e para o mesmo propósito, sendo eu um filho da Arte, tenho 
na Cabala Sapientum a mesma explicação, para a qual remeto o leitor aplicado. Prosseguirei 
agora com o objectivo deste curso mostrando como obter esta Água, que tão poucos encontram, 
de onde retiramos a mais secreta semente do Sol, pelo que aplica-te diligentemente em aprender a 
obter esta Água, pois ela é o fundamento da nossa Quintessência. 
Sabe então que todos os metais têm apenas uma matéria, que não é senão o Mercúrio; que como 
fundamento possibilitou primeiro a transmutação e por isto nós concluímos que a nossa muito 
secreta Água tem a mesma matéria que o vulgar Mercúrio. E se o Mercúrio bruto e todos os cinco 
metais imperfeitos se podem transformar em ouro, (sendo neste processo, e devido à sua crueza 
consumidos pelo fogo), a razão é então como todos os Sábios ensinam que todos os metais 
contêm em si o Mercúrio e todos são por conseguinte igualmente transmutáveis. Se o nosso 
Mercúrio, ao qual chamamos a nossa Água viva, for outro que não o ouro imaturo, então qualquer 
metal que seja pela Arte convertível em ouro deverá conter em si essa natureza, da mesma forma 
que pela Arte é feita o nosso Azougue. 
Assim, se chumbo, estanho ou cobre fossem convertidos num verdadeiro Mercúrio, então poderia 
a Arte causar essas Águas, pois seriam já tão diferentes na forma que qualquer um deles se 
poderia enquadrar no nosso Mercúrio Filosófico. Mas para que precisaríamos disso se a natureza 
produz já uma Água ao alcance do artista, na qual através da Arte uma forma pode ser induzida de 
modo a comandar os nossos segredos? Atenta então bem para o que deverá ser o nosso Mercúrio 
que deseja ser o nosso mais secreto Menstruum, pois nós garantimos que ambos são Metálicos de 
peso e cor semelhante, e que ambos são fluídicos e voláteis sob o fogo mas, no nosso, deverá 
existir um Enxofre que não encontras no das minas, e este Enxofre purifica a matéria, torna-a 
ígnea e no entanto não deixa de ser uma Água. Pois a Água, que é o ventre, não tendo calor é 
totalmente inútil para a verdadeira geração, nem o nosso corpo será reduzido a um humor, nem 
produzirá a sua semente, enquanto não estiver sob a circulação do fogo, combinado pela Arte com 
um mercúrio que tenha em si Enxofre. 
Este Enxofre deverá ter uma força, ou virtude, magnética, pelo que deverá ser ouro verdadeiro, 
embora imaturo, como também da mesma origem tanto a matéria como a forma, apenas com esta 
diferença, que é que enquanto o outro é fixo este deve ser volátil e alado, tendo o poder de abrir e 
soltar o primeiro. E só há um corpo na Terra suficientemente próximo do Mercúrio para o poder 
preparar para a nossa pedra secreta e para poder esconder o corpo sólido no seu ventre e este, 
como disse anteriormente, é o rebento de Saturno sobejamente conhecido por todos os magos, e 
que eu aqui te mostrei. 
E embora alguns metais possam ser fixados com Azougue não penetram uns nos outros mais que 
à vista, e pelo calor podem facilmente ser separados, pois verás que eles nunca penetram o 
centro, nem são por isso melhorados. A razão é que o Enxofre que se encontra nos metais 
perfeitos encontra-se selado, ou nos outros partilha das fezes terrestres e impurezas que o 
Mercúrio abomina e com as quais nunca se unirá embora pareça à vista com eles se misturar. Se 
separares estas fezes encontrarás Mercúrio fluídico e um Enxofre cru que endureceram a 
humidade pela congelação bem como um Sal aluminoso mas todos eles são de natureza 
demasiado distante do ouro. 
Mas o mineral que tanto estimamos, excepto as suas escórias (que são totalmente separáveis) 
contém um Mercúrio mais puro, que fará reviver os Corpos mortos de forma a que estes possam 
como todas as outras coisas gerar a sua espécie. Mas em si não contém nenhum Enxofre, embora, 
sendo quebradiço e negro com veios brilhantes esteja congelado num Enxofre ardente. Este 
Enxofre não tem nada de metálico, mas se correctamente separado segundo a Arte, as escórias 
sendo removidas, aparece uma noz de aspecto metálico (que poderás moer em pó) na qual se 
encontra fechada uma alma terna que se mostra como fumo sob um fogo suave, semelhante ao 
Azougue, levemente congelado, e que o fogo de facto evapora. 
É isto que dá penetração à nossa Água e lhe permite penetrar até ao centro dos corpos, 
invertendo-os completamente e reduzindo-os à sua verdadeira matéria primeira e isto deseja ser 
reunido com um verdadeiro Enxofre, que deverá ser procurado na casa de Aries. Através deste 
mineral apenas e com a habilidade do artista, é Marte retrogradado num mineral; como por muitos 
foi já ensaiado. Esta é a nossa verdadeira Vénus, a esposa do coxo Vulcano, e que é amada por 
Marte. 
Primeiramente então faz com que Marte abrace este mineral, de forma que ambos se libertem das 
suas características terrenas, e em pouco tempo a substância metálica deverá brilhar como os 
céus, e como prova do teu sucesso deverás seguramente nela encontrar a impressão do selo de 
um rei estrelado. Este é o selo real, a marca que o Todo-Poderoso afixa neste estranho corpo. 
Este é o fogo celestial, no qual ao fazer despertar uma centelha, grandes mudanças ocorrerão nos 
corpos, de tal modo que a negritude é feita brilhar como uma gema cintilante, com a qual como um 
diadema o nosso jovem rei é coroado. A isto adiciona Vénus na proporção adequada, cuja beleza 
é admirada porMarte e que é conhecida por lhe ter grande amor e desejo de com ele se unir, 
assim que logo é inclinada ao movimento, sendo ela afim do ouro, Marte e da brilhante Diana, com 
quem ele concilia o amor e a verdadeira união. 
Mas Vulcano ficará cada vez mais ciumento e é com desgosto que o coxo cornudo sente os cornos 
adornarem-lhe a cabeça, e na esperança de os destruir atira a sua rede sobre os amantes 
apanhando a esposa e Marte durante o acto, exibindo-os desta forma aprisionados. 
No entanto, que isto não seja tomado como mera Fábula. Primeiro observa como Cadmus é 
devorado pela nossa besta feroz a quem Cadmus depois de a ter intrepidamente perfurado fez 
merecer nome de campeão, pois esta Serpente (de poder inquestionável) ele com a sua lança 
mortal trespassou contra um carvalho, perante o qual todos sentiram temor. Observa também a 
Estrela, que na realidade é Solar, como se pode provar, pois o ouro unido intimamente com o filho 
de Saturno cujas fezes foram purgadas quando tudo o que era perfeito se abateu no fundo, depois 
de fundido e vertido, ao arrefecer nos mostra uma Estrela, assim como faz Marte. Mas Vénus 
fornece uma substância metálica que só por si é desprezível, mas que ao ser unida com Marte, 
como que dobrados numa rede, aparece como agradável à vista, como descreveram os poetas 
misteriosos de vista apurada, de forma velada mas no entanto suficientemente clara para o Sábio. 
De forma que a alma de Saturno, e Marte, são através da nossa Arte e com a ajuda de Vulcano 
intimamente misturados, mas ambos são semelhantes e voláteis, não sendo divisíveis até que a 
alma de Marte seja fixada e então deixe Saturno, e então um ensaio revelará o mais puro ouro, e 
uma tintura da mais pura e verdadeira. Mas esta mediação deve ser feita através de Vénus, caso 
contrário nenhum artifício humano seria capaz de os separar, nem os poderia reduzir a pó. No 
entanto após a sua união serão reduzidos apenas pela associação de Vénus, da qual Diana 
produz neles a separação. 
Alguns para preparar esta Água usam as Pombas de Diana, o que é um trabalho tedioso em que 
por cada vez que o artista acerta há sempre duas em que falha: mas a outra forma (que é a mais 
secreta) nós recomendámos a todos os que desejam ser verdadeiros artistas. 
Pelo que deverás assegurar que o vapor mais subtil da Água seja longa e repetidamente circulado, 
até que as almas de cada (deixando a matéria grosseira) se unam e voem juntas para o alto; onde 
não as deves deixar residir durante muito tempo, para que não congelem, pois de contrário laboras 
em erro. 
Assim tira do Filho do velho Saturno duas partes, de Cadmus uma parte e estas purifica com a 
ajuda de Vulcano até que (sendo liberta das suas fezes) a parte Metálica seja a mais pura; o que 
deves fazer em quatro reiterações, cujas operações perfeitas te serão ensinadas pela Estrela. 
Faz com que AEneis seja igual ao seu amado, purgando-os com arte até que a rede de Vulcano os 
envolva a ambos, pelo que deves então molhá-los bem com a água e mantê-los em calor e 
humidade até se tornem perfurados e a suas Almas sejam ambas glorificadas. Este é o Orvalho 
celeste, que deve ser alimentado durante tanto tempo quanto seja requerido pela natureza, pelo 
menos três vezes, ou até sete, assim os guiando através das ondas e chamas como a razão 
ordenará, mas atenta para que a terna natureza não fuja pela força de um fogo demasiado forte. 
Sabe também com certeza que o Mercúrio, com o qual a obra deve ser iniciada, deve ser líquido e 
branco, mas toma cuidado para que não seques a humidade em pó devido a um fogo muito forte, 
de modo que se mostre vermelho, pois nesse caso o teu esperma feminino estaria corrompido e 
falharias o teu desejado objectivo. Nem faças com que o Azougue se torne numa clara e 
transparente goma, óleo ou unguento, pois caso tenhas perdido a proporção certa nunca chegarás 
a uma verdadeira dissolução mas serás obrigado a suspender o teu trabalho já sem esperança, e a 
adiá-lo para outra altura, pois procedeste de forma contrária às regras da Arte. 
Preocupa-te apenas então em aumentar um espírito que falta ao Azougue comum, sublimar o 
grosseiro no firmamento e separar as escórias segundo a Arte; o que reiterado sete vezes deves 
então desposar com o ouro até que quedem ambos perfeitamente combinados. 
Assim através da Arte e com a ajuda da Natureza é a verdadeira Donzela preparada, a qual sendo 
separada das fezes se faz um rebento celeste que tornou macio o corpo sólido do Sol e ao ser 
separado em átomos se tornou negro e putrefacto, que depois no entanto revive e se torna volátil. 
Mas se eu aqui revelasse todos os segredos do fabrico desta nossa Água seria desprezado por 
todos os verdadeiros artistas, pois apenas àqueles a quem Deus deseja ensinar estes devem ser 
comunicados, enquanto que outros devem permanecer perdidos num labirinto de erros. Mas 
aquele que com sofrimentos e orações dedicadamente procurar este segredo, sem nessa busca 
ser excitado por desejos de cobiça, mas procurar apenas o conhecimento com candura, resolverá 
certamente este mistério, sobre o qual ninguém em nenhuma altura falou tão claramente. 
Há alguns que através da Arte sabem preparar um maravilhoso Licor, que os Adeptos chamaram 
Fogo do Inferno, e cujas virtudes são tão estranhas e poderosas que (pela sua força) são capazes 
de resolver qualquer composto na sua Matéria primeira, ou Água; isto numa suave dissolução de 
Azougue tão uniforme que como gotas de cristal possa ser dela separado sem que nada seja 
depositado no fundo do vaso nem a sua virtude de qualquer maneira enfraquecida. Pois sendo 
repetidamente destilada deixa para trás o Azougue que como verás se assemelha a um sal fixo, de 
odor lembrando o almíscar, ou aroma, e de sabor semelhante ao mel tal é a sua doçura, que podes 
pulverizar como ferrugem e que nenhum fogo pode consumir, isto no ensaio com Saturno aparece 
tão fixo como a mais pura Luna. 
Esta substância ao ser coobada cinco ou seis vezes com a dita Água (com digestão prévia) 
aparecerá como que um Óleo, e pouco tempo depois destila como um Espírito, que pela adição de 
um pequeno sujeito pouco a pouco se separa em duas substâncias distintas, que estando prontas 
serão guardadas separadamente, sendo a primeira um Óleo ou Tintura solúvel em Licor; a outra 
(se a fazes ferver) é através da Arte redutível em Mercúrio, cujo Azougue é uma substância tão 
maravilhosa que não se encontra igual debaixo dos céus. 
Esta nem com sais ou água forte poderá ser corroída em precipitado, ou por circulação frequente 
pelo fogo ser combinada, ou sublimada, ou seca em pó, nem tão pouco ser fixada mas para 
sempre se manterá volátil. O grande Elixir não conseguirá transmutar mas de facto dissolve e 
destrói; é de tal forma estranha que todos os artistas surpreende, pois nenhum tem poder ou 
mestria para a alterar: e através da forma mencionada, poderá ser produzida de todos os corpos 
Metálicos. 
No entanto na nossa Arte isto não serve de nada, pois nós procuramos multiplicar o Enxofre que é 
uma Hematina Solar e cuja cauda é lunar; são estes os únicos planetas que consideramos no 
nosso céu terrestre, rejeitando todos os outros e todas as outras artes. Pois se Ouro, que pela 
natureza é feito puro e perfeito puder através deste nosso fogo secreto ou Água ser retrogradado 
em Mercúrio e Enxofre, sendo completo em substância, e que antes não podia ser separado pela 
força do fogo mas firmemente nele residia. Quem não vê que tal Mercúrio está distante da nossa 
obra? Pois nós procuramos aumentar uma Tintura e apenas o Enxofre, que como uma capa 
envolve o Mercúrio e é agradável à natureza Metálica e sem o qual a Água não poderá reclamar o 
nome de um metal. 
Este Enxofre encontra-se mais ou menos em toda a coisa Metálica, mas em algumas uma certa 
escória inquina a substância pura, pelo que deve ser destruída pelo fogo, pois tudo o queé 
grosseiro e inútil neste é consumido. Mas dos metais o Sol e a Lua são revestidos tão intimamente 
por um puro Enxofre que suportam grandemente a maior força de Vulcano, e nenhum Artifício 
humano poderá alguma vez dividir este Enxofre da sua Água exceptuando o mencionado licor, cuja 
virtude é tão poderosa que reduzirá até o Sol e a Lua do seu estado fixo e os tornará voláteis. Não 
apenas ele, mas também o nosso admirável Fogo podem fazer o mesmo ao ouro, e de uma forma 
directa e gentil forçar a sua retrogradação, e no entanto sem dividir o Enxofre do seu centro, antes 
o vestindo com uma veste Mercurial para que ambos habitem combinadas numa Água Dourada. 
Mas o mencionado Licor estranho ao dissolver destrói a homogeneidade Metálica, pois ao separá-
los causa um desentendimento e desunião, de modo que nenhum pode desfrutar do outro e 
portanto o Mercúrio Central ao ser separado do Licor tingido mantém-se em baixo de forma que a 
Hematina que antes no ouro tinha o Pondus de um Metal se encontra agora tão alterada que se 
torna num Azougue mais leve, à vista como que um Óleo ou mesmo um Sal untuoso, que é uma 
nobre medicina para os enfermos. 
E assim parece que tanto mais uma substância Metálica seja dissolvida nesta humidade tanto mais 
é transformada de uma natureza Metálica cujo Enxofre, pela força deste Licor poderá (embora 
contra-vontade) ser pelo menos trazido até uma Água elementar; tal é o poder que este Licor tem 
sobre qualquer matéria. 
Com isto todos os Filósofos concordam, e todos concluem que o nosso Mercúrio é apenas um, que 
humidifica apenas aquilo que é homogéneo nos metais, e que é a mãe da nossa Pedra e cujo 
segredo, se já não ignoras, deves calar; pois ninguém alguma vez sobre isto escreveu mais 
claramente. 
Fim do Primeiro Livro

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