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Aula 02

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INTENSIVO II 
Bárbara Brasil 
Direito Civil 
Aula 02 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Responsabilidade civil (continuação) 
 
2. Pressupostos da responsabilidade civil 
 
2.1. Ato ilícito 
 
Como visto na aula anterior, o Código Civil, à semelhança do Código Penal, adota as excludentes da ilicitude. Portanto, 
existem determinadas condutas que, em razão do seu caráter valoroso, a ilicitude é afastada. Consequentemente, 
impedem que eventuais danos causados venham a ser passíveis de reparação. São elas: a legítima defesa, o exercício 
regular do direito e o estado de necessidade (CC, art. 188). Observação n. 1: excepcionalmente, o estado de necessidade 
que consubstancia ato lícito, poderá vir a gerar responsabilidade civil. 
 
Neste tópico será analisado, especificadamente, o exercício regular do direito de informar e a sua eventual colisão com 
a inviolabilidade dos direitos da personalidade. 
 
A colisão acima envolve dois direitos constitucionalmente protegidos: a inviolabilidade dos direitos da personalidade 
(CF, art. 5º, X) e a liberdade de manifestação do pensamento (CF, arts. 5º, IV e 220). 
 
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O Poder Judiciário, ao deparar-se com ações indenizatórias envolvendo os direitos citados, emprega o critério da 
ponderação. A partir deste critério, o órgão julgador estabelecerá parâmetros objetivos para solucionar a tensão entre 
eles. 
 
Observação n. 2: CPC, art. 489, § 2º: “No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais 
da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas 
que fundamentam a conclusão”. 
 
O Superior Tribunal Justiça, ao lidar com a tensão entre o exercício regular do direito de informar e a inviolabilidade dos 
direitos da personalidade, pauta-se em cinco critérios objetivos: 
 
 Notoriedade do fato. 
 Interesse público da informação. 
 Informação com caráter educativo ou orientador. 
 Informação pautada em indícios de veracidade ou em provas verídicas. 
 Inexistência do intuito de caluniar, difamar ou injuriar. 
 
Caso preenchidos os cinco critérios acima, o STJ entende que a imprensa está no exercício regular do direito de 
informar. Por conseguinte, não haverá violação aos direitos da personalidade hábil a ensejar o direito de indenizar. 
Todavia, o mesmo Tribunal entende que, afastado qualquer um dos cinco requisitos, automaticamente a imprensa 
encontrar-se-á no exercício irregular do direito de informação, o qual consiste em abuso de direito (ato ilícito). 
 
Observação n. 3: a partir do momento em que determinado indivíduo é absolvido ele poderia mover pretensão de 
reparação por danos morais contra o veículo de comunicação que divulgou sua imagem sendo preso? Novamente, o 
Superior Tribunal de Justiça estará diante de tensão entre o exercício regular do direito de informar e a inviolabilidade 
dos direitos da personalidade. A solução adotada para garantir, ou não, a reparação por dano moral, é a mesma citada 
anteriormente. E mais. Para o STJ, a absolvição, ou a condenação, não é levada em consideração (o Tribunal, inclusive, 
citou a desnecessidade dos veículos de comunicação aguardarem o trânsito em julgado). 
 
Precedentes: WWW.PONTODORATEIO.COM.BR
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“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PUBLICAÇÕES EM BLOG DE JORNALISTA. 
CONTEÚDO OFENSIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. LIBERDADE DE IMPRENSA. ABUSOS OU EXCESSOS. ARTIGOS 
ANALISADOS: ARTS. 186, 187 e 927 DO CÓDIGO CIVIL. 1. Ação de compensação por danos morais ajuizada em 
09.10.2007. Recurso especial concluso ao Gabinete em 03.06.2013. 2. Discussão acerca da potencialidade ofensiva de 
publicações em blog de jornalista, que aponta envolvimento de ex-senador da República com atividades ilícitas, além de 
atribuir-lhe as qualificações de mentiroso, patife, corrupto, pervertido, depravado, velhaco, pusilânime, covarde. 3. 
Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem pronuncia-se de forma clara e precisa sobre a questão 
posta nos autos. 4. Em se tratando de questões políticas, e de pessoa pública, como o é um Senador da República, é 
natural que haja exposição à opinião e crítica dos cidadãos, da imprensa. Contudo, não há como se tolerar que essa 
crítica desvie para ofensas pessoais. O exercício da crítica, bem como o direito à liberdade de expressão não pode ser 
usado como pretexto para atos irresponsáveis, como os xingamentos, porque isso pode implicar mácula de difícil 
reparação à imagem de outras pessoas - o que é agravado para aquelas que têm pretensões políticas, que, para terem 
sucesso nas urnas, dependem da boa imagem pública perante seus eleitores. 5. Ao contrário do que entenderam o Juízo 
de primeiro grau e o Tribunal de origem, convém não esquecer que pessoas públicas e notórias não deixam, só por isso, 
de ter o resguardo de direitos da personalidade. 6. Caracterizada a ocorrência do ato ilícito, que se traduz no ato de 
atribuir a alguém qualificações pejorativas e xingamentos, dos danos morais e do nexo de causalidade, é de ser 
reformado o acórdão recorrido para julgar procedente o pedido de compensação por danos morais. 7. Recurso especial 
provido” (REsp 1328914/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 
24/03/2014). 
 
“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. VEICULAÇÃO DE MATÉRIA JORNALÍSTICA. 
CONTEÚDO OFENSIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. LIBERDADE DE IMPRENSA EXERCIDA DE MODO REGULAR, SEM 
ABUSOS OU EXCESSOS. 1. Discussão acerca da potencialidade ofensiva de matéria publicada em jornal de grande 
circulação, que aponta possível envolvimento ilícito de magistrado com ex-deputado ligado ao desabamento do edifício 
Palace II, no Rio de Janeiro. 2. É extemporâneo o recurso especial interposto antes do julgamento dos embargos de 
declaração, salvo se houver reiteração posterior, porquanto o prazo para recorrer só começa a fluir após a publicação 
do acórdão integrativo. 3. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem pronuncia-se de forma clara 
e precisa sobre a questão posta nos autos. 4. A liberdade de informação deve estar atenta ao dever de veracidade, pois 
a falsidade dos dados divulgados manipula em vez de formar a opinião pública, bem como ao interesse público, pois 
nem toda informação verdadeira é relevante para o convívio em sociedade. 5. A honra e imagem dos cidadãos não são 
violados quando se divulgam informações verdadeiras e fidedignas a seu respeito e que, além disso, são do interesse 
público. 6. O veículo de comunicação exime-se de culpa quando busca fontes fidedignas, quando exerce atividade 
investigativa, ouve as diversas partes interessadas e afasta quaisquer dúvidas sérias quanto à veracidade do que WWW.PONTODORATEIO.COM.BR
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divulgará. 7. Ainda que posteriormente o magistrado tenha sido absolvido das acusações, o fato é que, conforme 
apontado na sentença de primeiro grau, quando a reportagem foi veiculada, as investigações mencionadas estavam em 
andamento. 8. A diligência que se deve exigir da imprensa, de verificar a informação antes de divulgá-la, não pode 
chegar ao ponto de que notícias não possam ser veiculadas até que haja certeza plena e absoluta da sua veracidade. O 
processo de divulgação de informações satisfaz verdadeiro interesse público, devendo ser célere e eficaz, razão pela 
qual não se coaduna com rigorismos próprios de um procedimento judicial, no qual se exige cognição plena e exauriente 
acerca dos fatos analisados.9. Não houve, por conseguinte, ilicitude na conduta da recorrente, tendo o acórdão 
recorrido violado os arts. 186 e 927 do CC/02 quando a condenou ao pagamento de compensação por danos morais ao 
magistrado. 10. Recurso especial de YARA DIAS DA CRUZ MACEDO E OUTRAS não conhecido. 11. Recurso especial da 
INFOGLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S/A provido. 12. Recurso especial de ALEXANDER DOS SANTOS MACEDO 
julgado prejudicado” (REsp 1297567/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe 
02/05/2013). 
 
Enunciado n. 279 (CJF): “Art.20. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente 
tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de 
colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, 
as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a 
divulgação de informações”. 
 
2.2. Culpa 
 
2.2.1. Responsabilidade civil objetiva e responsabilidade civil objetiva 
 
A comprovação da culpa é exigida apenas na hipótese de responsabilidade civil subjetiva. 
 
A título de revisão, há duas espécies de responsabilidade civil: contratual (CC, art. 389) e extracontratual (CC, arts. 186 a 
188 e 927 e ss.). Por sua vez, a responsabilidade civil extracontratual subdivide-se em subjetiva e objetiva. 
 
Para qualquer uma das subespécies sempre deverão estar presentes o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade para 
gerar responsabilidade civil. No entanto, diante da responsabilidade civil subjetiva, é necessário agregar mais um 
elemento ou pressuposto, a saber: a culpa; por outro lado, a sua comprovação não é exigível no âmbito da 
responsabilidade civil objetiva. 
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Questão n. 1: como identificar se a situação em concreto caracteriza responsabilidade civil subjetiva ou objetiva? Deve 
ser adotado o critério da exclusão. Assim, a responsabilidade civil subjetiva é identificada após ser excluída eventual 
hipótese de responsabilidade civil objetiva (está expressa no art.927,parágrafo único, CC). Ademais, a responsabilidade 
objetiva é consagrada em uma cláusula geral: 
 
CC, art. 927, parágrafo único: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, 
risco para os direitos de outrem”. 
 
Hipóteses legais de responsabilidade objetiva: 
 
 CC, art. 187: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os 
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes [abuso de direito]”. 
 CC, art. 931: “Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas 
respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação”. 
 CC, art. 932: “São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes 
competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins 
de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia”. 
CC, art. 933: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua 
parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”. 
CC, art. 934: “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por 
quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz”. 
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 CC, art. 936: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima 
ou força maior” 
CC, art. 937: “O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta 
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta”. 
CC, art. 938: “Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele 
caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. 
 
Se o caso concreto não se encaixar em nenhuma das quatro hipóteses de responsabilidade objetiva acima deverá ser 
analisado se o agente desenvolve atividade de risco. Exemplo: atividade econômica, com o intuito de obter um lucro, 
que expõe a coletividade a uma probabilidade de dano. 
 
Caso não se enquadre em nenhuma das hipóteses, a responsabilidade será subjetiva e está prevista em um único 
artigo: CC, art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar 
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
 
Em suma: 
 
 Fundamento da responsabilidade objetiva: CC, art. 927, parágrafo único. 
 Fundamento da responsabilidade subjetiva: CC, art. 186. 
 
2.2.2. Conceito de culpa 
 
Premissas: 
 
 A conduta consiste em um ato, advinda de um comportamento humano. 
 O comportamento humano (comissivo ou omissivo) deve ser antijurídico e imputável para que consubstancie 
ato ilícito. 
 O comportamento exige vontade (elemento anímico que impulsiona o agente a prática ou não de uma 
determinada conduta). WWW.PONTODORATEIO.COM.BR
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 Por fim, a culpa consiste na finalidade da vontade. Caso intencional, consubstanciará o dolo; se tensional, culpa 
em sentido estrito. 
 
A culpa, enquanto elemento finalístico da vontade, é psicológica. Assim, deveria ser analisada a consciência do agente 
verificando se havia ou não a intenção de praticar o ato ilícito. Esta análise, por sua vez, consistia para a vítima em prova 
diabólica. Isto é, além de demonstrar que o agente praticou um ato antijurídico e imputável, ela deveria comprovar a 
sua intenção. Por conseguinte, se o órgão julgador não vislumbrasse tal comprovação seria afastada a pretensão de 
reparar. 
 
Em virtude das dificuldades expostas, e como forma de saneá-las, a doutrina contemporânea afasta da culpa sua 
natureza psicológica. Assim, ela deixa de ser elemento finalístico da vontade adotando-se o conceito de culpa objetiva 
(culpa normativa): a conduta do agente é apreciada a partir de um padrão abstrato de comportamento. Em suma, 
verificar-se-á se a conduta do agente amolda-se ou não neste padrão. Observação n. 1: os Tribunais Superiores, 
normalmente, prendem-se, ainda, à visão psicológica da culpa. 
 
2.2.3. Fixação do valor da indenização 
 
O Código Civil de 2002, a diferença do de 1916, não estabelece que o valor da indenização seja fixado de acordo com o 
grau de culpa, mas conforme a extensão do dano (critério objetivo). Verifica-se, portanto, a desvinculação do atual 
Código quanto à análise psicológica da culpa: 
 
CC, art. 944, “caput”: “A indenização mede-se pela extensão do dano.” 
 
Não obstante a evolução subsiste uma única hipótese em que o grau de culpa influenciará no “quantum” indenizatório: 
 
CC, art. 944, parágrafo único: “Parágrafo único. Se houver excessivadesproporção entre a gravidade da culpa e o dano, 
poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização”. 
 
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Observação n. 1: o CC, art. 944, parágrafo único é a segunda exceção ao princípio do “restitutio in integrum” (a primeira 
é o CC, art. 927). 
 
Questão n. 1: a hipótese do CC, art. 944, parágrafo único, é aplicada tanto às hipóteses de responsabilidade subjetiva 
quanto às hipóteses de responsabilidade objetiva? No citado dispositivo, o grau de culpa não está sendo utilizado como 
critério para a determinação de responsabilidade, mas de fixação de indenização. Portanto, o grau de culpa poderá ser 
analisado em um comportamento humano antijurídico ensejador de responsabilidade objetiva ou subjetiva. 
 
Enunciados (CJF): 
 
 N. 46: “A possibilidade de redução do montante da indenização em face do grau de culpa do agente, 
estabelecida no parágrafo único do art. 944 do novo Código Civil, deve ser interpretada restritivamente, por 
representar uma exceção ao princípio da reparação integral do dano[,] não se aplicando às hipóteses de 
responsabilidade objetiva” (alterado pelo Enunciado 380). 
 N. 380: “Atribui-se nova redação ao Enunciado n. 46 da I Jornada de Direito Civil, com a supressão da parte final: 
não se aplicando às hipóteses de responsabilidade objetiva”. 
 
2.2.4. Responsabilidade subjetiva no CDC 
 
No Código de Defesa do Consumidor as relações entre o consumidor e o fornecedor estão regidas, necessariamente, 
pela responsabilidade objetiva. Portanto, atualmente, vislumbra-se, como maior incidência, a responsabilidade objetiva 
diante da massificação da sociedade. 
 
O CDC trouxe apenas uma hipótese de responsabilidade subjetiva: CDC, art. 14, § 4º: “A responsabilidade pessoal dos 
profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa”. 
 
No entanto, até mesmo a hipótese acima, consagrada no CDC, está deteriorada, pois a doutrina e a jurisprudência 
elaboraram uma distinção entre: 
 
 Culpa provada: a vítima deverá comprovar a culpa do profissional liberal. 
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 Culpa presumida: o profissional liberal deverá comprovar que sua conduta não foi culposa - os efeitos se 
assemelham ao da responsabilidade objetiva. 
 
A distinção entre culpa provada e culpa presumida depende da espécie de obrigação assumida pelo profissional liberal: 
 
 Obrigação de meio (empregar todos os meios necessários para se alcançar determinado resultado): 
responsabilidade civil subjetiva com base na culpa provada. Portanto, a vítima deverá comprovar que a conduta 
do profissional liberal foi culposa. 
 Obrigação de resultado (atingir determinado resultado): responsabilidade civil subjetiva com base na culpa 
presumida. Ou seja, o profissional liberal deverá comprovar que sua conduta não foi culposa. 
 
Exemplo: cirurgião plástico estético (obrigação de resultado); cirurgião plástico reparador (obrigação de meio). 
Precedentes: 
 
“PROCESSO CIVIL E CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MÉDICO. CIRURGIA DE NATUREZA MISTA - ESTÉTICA E 
REPARADORA. LIMITES. PETIÇÃO INICIAL. PEDIDO. INTERPRETAÇÃO. LIMITES. 1. A relação médico-paciente encerra 
obrigação de meio, e não de resultado, salvo na hipótese de cirurgias estéticas. Precedentes. 2. Nas cirurgias de 
natureza mista - estética e reparadora -, a responsabilidade do médico não pode ser generalizada, devendo ser 
analisada de forma fracionada, sendo de resultado em relação à sua parcela estética e de meio em relação à sua parcela 
reparadora. 3. O pedido deve ser extraído da interpretação lógico-sistemática da petição inicial, a partir da análise de 
todo o seu conteúdo. Precedentes. 4. A decisão que interpreta de forma ampla o pedido formulado pelas partes não 
viola os arts. 128 e 460 do CPC, pois o pedido é o que se pretende com a instauração da ação. Precedentes. 5. O valor 
fixado a título de danos morais somente comporta revisão nesta sede nas hipóteses em que se mostrar ínfimo ou 
exagerado. Precedentes. 6. Recurso especial não provido” (REsp 1097955/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe 03/10/2011). 
 
“DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO. 
SUPERVENIÊNCIA DE PROCESSO ALÉRGICO. CASO FORTUITO. ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE. 1. O requisito 
do prequestionamento é indispensável, por isso inviável a apreciação, em sede de recurso especial, de matéria sobre 
a qual não se pronunciou o Tribunal de origem, incidindo, por analogia, o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF. 2. 
Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação seja de resultado, não se vislumbra 
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responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia, mas mera presunção de culpa médica, o que importa a 
inversão do ônus da prova, cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da responsabilidade contratual 
pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico. 3. No caso, o Tribunal a quo concluiu que não houve 
advertência a paciente quanto aos riscos da cirurgia, e também que o médico não provou a ocorrência de caso 
fortuito, tudo a ensejar a aplicação da súmula 7/STJ, porque inviável a análise dos fatos e provas produzidas no 
âmbito do recurso especial. 4. Recurso especial não conhecido” (REsp 985.888/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 
QUARTA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 13/03/2012). 
 
2.3. Dano 
 
2.3.1. Conceito 
 
O dano consiste na lesão a um bem jurídico material ou imaterial. Portanto, o dano pode advir de lesão a direitos da 
personalidade ou a direitos patrimoniais. 
 
A doutrina moderna entende que, atualmente, vivencia-se uma expansão qualitativa e quantitativa dos danos passíveis 
de ressarcimento. Qualitativa porque há outras espécies de danos, além do moral e do material, como os estéticos, 
institucionais e transindividuais e a perda de uma chance; e quantitativa diante da maior procedência das demandas 
reparatórias. 
 
Todavia, não são todos os danos passíveis de reparação. O dano deve ser jurídico. Isto é, o dano suportado pelo agente 
deve ser decorrente de um comportamento que o ordenamento jurídico acautela. Precedentes: 
 
“REPARAÇÃO DE DANOS - RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO LÍCITO - CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA - EMPRESA DE 
EXTRAÇÃO DE AREIA E SEIXO - AUSÊNCIA DE LICENÇA EXPEDIDA PELO DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO 
MINERAL - DANO ILEGÍTIMO. 1 - Para que um dano seja indenizável é fundamental que se materialize em um "dano 
jurídico", ou seja, dirigido a um bem protegido pelo sistema normativo, não bastando que seja um mero prejuízo 
econômico. 2. O licenciamento para exploração de minérios constitui um ato complexo, que depende da expedição de 
licença específica, expedida pela autoridade municipal, aperfeiçoando-se a formação de seu conteúdo somente com a 
efetivação do competente registro no Departamento Nacional da Produção Mineral (D.N.P.M.). 3. A extração de areia e 
seixo, sem a regular obtenção de licença para exploração da atividade, longe de ser um direito legítimo, constitui, em 
verdade, ato clandestino, alheio a qualquer amparo no ordenamento vigente. Destarte, a ausência a efetiva existência 
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de um "dano jurídico" revela ilegítima a pretensãoda parte autora às perdas e danos. 4. Com relação à suposta violação 
ao artigo 533 do CPC, ao argumento de que o Tribunal a quo aplicou equivocadamente o artigo 107, II, do Regimento 
Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, não há como fugir da hipótese de aplicação da Súmula 280/STF. 
5. Recurso especial provido, rejeitando-se as preliminares processuais” (REsp 1021556/TO, Rel. Ministro VASCO DELLA 
GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 21/09/2010, DJe 05/11/2010). 
 
“CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. INDENIZAÇÃO SECURTIÁRIA. SEGURO OBRIGATÓRIO – DPVAT. FILHOS 
MENORES DA VÍTIMA QUE PLEITEAM O RECEBIMENTO DA INDENIZAÇÃO. VÍTIMA QUE SE ENVOLVEU EM ACIDENTE DE 
TRÂNSITO NO MOMENTO DA PRÁTICA DE ILÍCITO PENAL. TENTATIVA DE ROUBO A CARRO-FORTE. 1. Ação ajuizada em 
08/04/2011. Recurso especial concluso ao gabinete em 26/08/2016. Julgamento: CPC/73. 
2. O propósito recursal é determinar se os recorrentes fazem jus ao recebimento da indenização relativa ao seguro 
obrigatório – DPVAT, em virtude de acidente de trânsito – ocorrido no momento de prática de ilícito penal (tentativa de 
roubo a carro-forte) – que teria vitimado seu pai. 3. Não é obstáculo ao conhecimento do recurso o fato de o recorrente 
ter interposto o recurso especial com fundamento na alínea “c”, e fundamentado a insurgência na ofensa à lei federal, 
demonstrando ter apenas se equivocado na indicação da alínea fundamentadora do recurso. Precedentes. 
4. Embora a Lei 6.194/74 preveja que a indenização será devida independentemente da apuração de culpa, é forçoso 
convir que a lei não alcança situações em que o acidente provocado decorre da prática de um ato doloso (como, na 
hipótese, em que o acidente de trânsito ocorreu em meio a tentativa de roubo a carro-forte). 
5. Recurso especial conhecido e não provido” (REsp. 1.661.120/RS – Rel. Min. Nancy Andrigui, 16/05/2017). 
 
2.3.2. Espécies de danos 
 
2.3.2.1. Dano material 
 
Previsão legal: CC, art. 402: “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor 
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. 
 
De acordo com o artigo acima, o dano material subdivide-se em: 
 
 Danos emergentes: todos os valores efetivamente perdidos - patrimônio atual. 
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 Lucros cessantes: todos os valores razoavelmente deixados de lucrar – o valor é fixado por intermédio de um 
juízo de razoabilidade, pois não há exatidão quanto ao “quantum” que seria agregado ao patrimônio (não se 
trata de dano hipotético, portanto). 
 
2.3.2.1.1. Alimentos indenizatórios 
 
O Código Civil disciplina duas espécies de alimentos, os quais decorrem do parentesco (CC, art. 1.694) ou da 
responsabilidade civil (alimentos indenizatórios). Estes últimos, subdividem-se em: 
 
 CC, art. 948, II: em virtude de um evento danoso sobrevém a morte da vítima que deixa dependentes 
econômicos. 
 CC, art. 950: em virtude de um evento danoso a vítima suporta perda ou redução na capacidade laboral. 
 
Observação n. 1: os alimentos decorrentes da responsabilidade civil categorizam-se como lucros cessantes. 
 
a) Legitimidade 
 
I – Hipótese do CC, art. 948, II. 
 
Na hipótese do CC, art. 948, II os legitimados a pleitear os alimentos indenizatórios são os dependentes econômicos da 
vítima falecida. Segundo o STJ, há uma categoria de dependentes econômicos presumidos: os ascendentes, os 
descendentes e o cônjuge – desnecessária a comprovação da dependência econômica. Todavia, qualquer outro 
dependente econômico da vítima falecida, comprovando a dependência, possuíra legitimidade para requerer os 
alimentos indenizatórios (enteado, menor sob tutela, incapaz sob curatela). 
 
Questão n. 1: se a vítima falecida for menor de idade, os pais possuem legitimidade para requerer os alimentos 
indenizatórios? Para o STJ, ainda que a vítima falecida seja menor de idade e não exerça trabalho remunerado, os pais 
possuirão legitimidade para requerer os alimentos indenizatórios caso a vítima integre família de baixa renda. Segundo 
o Tribunal, na família de baixa renda todos os membros trabalham e contribuem para o sustento da família. Além disto, 
foi estipulado o tempo de duração: a partir do momento em que a vítima completasse 14 anos de idade, caso não a 
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tivesse, até o momento em que ela completaria 25 anos de idade: o agente causador do dano arcaria com os alimentos 
indenizatórios na proporção de 2/3 do valor do salário mínimo; a partir do momento em que a vítima completasse 25 
anos de idade até a sua expectativa de vida: o agente causador do dano arcaria com os alimentos indenizatórios na 
proporção de 1/3 do valor do salário mínimo. Fundamento das faixas etárias: a partir dos 14 anos de idade: é autorizado 
o trabalho remunerado pela Constituição; a partir dos 25 anos de idade: a vítima teria família própria. 
 
Precedente: “RECURSOS ESPECIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE FERROVIÁRIO. MORTE. DANO MORAL. 
QUANTUM INDENIZATÓRIO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. PENSÃO POR MORTE DE FILHO COM 17 ANOS. 13º SALÁRIO. 
TAXA DE JUROS LEGAIS MORATÓRIOS APÓS O ADVENTO DO NOVO CÓDIGO CIVIL. TAXA SELIC. JURISPRUDÊNCIA DESTA 
CORTE. 1. Ação de indenização por danos materiais e morais movida pela mãe de adolescente morto em acidente em 
estação de trem, em razão de falha na prestação de serviço da ré, acarretando a morte de seu filho, com apenas 17 
anos (queda da composição ferroviária, em razão de uma porta que se encontrava indevidamente aberta). 2. Majoração 
do valor da indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, considerando as duas etapas que devem 
ser percorridas para esse arbitramento, para o montante correspondente a 400 salários mínimos. Método bifásico. 3. 
Concessão de pensão por morte em favor da mãe da vítima adolescente, fixada inicialmente em dois terços do salário 
mínimo, a partir da data do óbito até o dia em que completaria 65 anos de idade, reduzindo-se para um terço do salário 
mínimo a partir do momento em que faria 25 anos de idade. Aplicação da Súmula 491 do STF na linha da jurisprudência 
do STJ. 4. Fixação da taxa dos juros legais moratórios, a partir da entrada em vigor do artigo 406 do Código Civil de 2002, 
com base na taxa Selic, seguindo os precedentes da Corte Especial do STJ (REsp. 1.102.552/CE e EREsp 267.080/SC, em 
ambos o rel. Min. Teori Zavascki). 5. Exclusão da parcela relativa ao 13ª salário por não ter sido demonstrado que a 
vítima trabalhava na época do fato. 6. Sucumbência redimensionada, sendo reconhecido o decaimento mínimo da 
autora. 7. RECURSOS ESPECIAIS PROVIDOS” (REsp 1279173/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe 09/04/2013). 
 
S. 491 STF: “É indenizável o acidente que cause a morte do filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado”. 
 
II – Hipótese do CC, art. 950. 
 
Na hipótese do CC, art. 950 a própria vítima será a legitimada para requerer os alimentos indenizatórios - os lesados 
indiretos não ostentam legitimidade. 
 
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b) Tempo de duração dos alimentos indenizatórios 
 
I - Hipótese do CC, art. 942, II. 
 
Segundo o STJ, o tempo de duração desses alimentos deve levar em consideração a expectativa de vida da vítima 
falecida. A expectativa é extraída da Tábua de Mortalidade do IBGE, divulgada anualmente. Aplica-se a expectativareferente ao ano de falecimento da vítima (e não da prolação da decisão). De acordo com o Tribunal, enquanto a vítima 
vivesse, ela contribuiria para o sustento dos seus dependentes econômicos. 
 
Questão n. 1: e se a vítima, ao tempo do óbito, já houvesse completado a expectativa de vida referida na Tábua de 
Mortalidade do IBGE? Nesta hipótese, os dependentes econômicos continuam fazendo jus ao recebimento dos 
alimentos indenizatórios. O tempo de duração será pautado na expectativa prolongada de vida (também calculada na 
Tábua do IBGE). 
 
Precedente: “AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE VEÍCULO. RESSARCIMENTO DE DESPESAS MÉDICAS. ALTERAÇÃO DO 
VALOR FIXADO PARA RESSARCIMENTO DO DANO MORAL. REVISÃO DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. PENSÃO MENSAL. 
CABIMENTO. VÍTIMA COM IDADE SUPERIOR À EXPECTATIVA DE VIDA MÉDIA DO BRASILEIRO. UTILIZAÇÃO DA TABELA 
DO IBGE. 1. Incide a Súmula n. 7 do STJ se a tese defendida no recurso especial reclamar a análise dos elementos 
probatórios produzidos ao longo da demanda. 2. O direito a pensão mensal surge exatamente da necessidade de 
reparação de dano material decorrente da perda de ente familiar que contribuía com o sustento de parte que era 
economicamente dependente até o momento do óbito. 3. O fato de a vítima já ter ultrapassado a idade correspondente 
à expectativa de vida média do brasileiro, por si só, não é óbice ao deferimento do benefício, pois muitos são os casos 
em que referida faixa etária é ultrapassada. 4. É cabível a utilização da tabela de sobrevida, de acordo com os cálculos 
elaborados pelo IBGE, para melhor valorar a expectativa de vida da vítima quando do momento do acidente 
automobilístico e, consequentemente, fixar o termo final da pensão. 5. Recurso especial conhecido em parte e provido” 
(REsp 1311402/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/02/2016, DJe 
07/03/2016). 
 
II – Hipótese do CC, art. 950. 
 
 Capacidade laboral reduzida ou perdida permanentemente: os alimentos indenizatórios serão vitalícios. WWW.PONTODORATEIO.COM.BR
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 Capacidade laboral reduzida ou perdida temporariamente: os alimentos indenizatórios serão devidos enquanto 
durar a convalescença, ou seja, enquanto o indivíduo ostentar a condição de perda ou redução da capacidade 
laboral. 
 
Precedente: “RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO LÍCITO. ACIDENTE 
AUTOMOBILÍSTICO. ESTADO DE NECESSIDADE. JULGAMENTO ANTECIPADO. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. 
INOCORRÊNCIA DE NULIDADE DA SENTENÇA. LESÕES GRAVES. INCAPACIDADE PERMANENTE. PENSÃO VITALÍCIA. 
MULTA DO ARTIGO 538 DO CPC. INTUITO PREQUESTIONADOR. SÚMULA 98/STJ. 1. Acidente de trânsito ocorrido em 
estrada federal consistente na colisão de um automóvel com uma motocicleta, que trafegava em sua mão de direção. 2. 
Alegação do motorista do automóvel de ter agido em estado de necessidade, pois teve a sua frente cortada por outro 
veículo, obrigando-o a invadir a outra pista da estrada. 3. Irrelevância da alegação, mostrando-se correto o julgamento 
antecipado da lide por se tratar de hipótese de responsabilidade civil por ato lícito prevista nos artigos 929 e 930 do 
Código Civil. 4. O estado de necessidade não afasta a responsabilidade civil do agente, quando o dono da coisa atingida 
ou a pessoa lesada pelo evento danoso não for culpado pela situação de perigo. 5. A prova pleiteada pelo recorrente 
somente seria relevante para efeito de ação de regresso contra o terceiro causador da situação de perigo (art. 930 do 
CC/02). Ausência de cerceamento de defesa. 6. Condutor e passageiro da motocicleta que restaram com lesões 
gravíssimas, resultando na amputação da pena esquerda de ambos. 7. A pensão por incapacidade permanente 
decorrente de lesão corporal é vitalícia, não havendo o limitador da expectativa de vida. Doutrina e jurisprudência 
acerca da questão. 8. Embargos de declaração opostos com intuito prequestionador, é de ser afastada a multa do artigo 
538 do CPC, nos termos da Súmula 98/STJ. 9. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO APENAS PARA AFASTAR A 
MULTA DO ART. 538 DO CPC” (REsp 1278627/SC, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 18/12/2012, DJe 04/02/2013). 
 
Observação n. 1: os alimentos indenizatórios, devidos àquele que suporta redução ou perda de sua capacidade laboral, 
poderão ser exigidos de uma única vez conforme o CC, art. 950, parágrafo único: “O prejudicado, se preferir, poderá 
exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”. 
 
O pagamento poderá ser realizado de uma única vez apenas para os alimentos do artigo 950 - os alimentos do artigo 
948, II serão pagos na forma de pensionamento mensal. É necessário observar a capacidade econômica do devedor: 
 
 Enunciado n. 381 (CJF): “O lesado pode exigir que a indenização, sob a forma de pensionamento, seja arbitrada 
e paga de uma só vez, salvo impossibilidade econômica do devedor, caso em que o juiz poderá fixar outra forma 
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de pagamento, atendendo à condição financeira do ofensor e aos benefícios resultantes do pagamento 
antecipado”. 
 Precedente: “ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAÇÃO. FALECIMENTO. DANOS 
MATERIAIS. PENSÃO MENSAL. PAGAMENTO DE UMA SÓ VEZ. NÃO CABIMENTO. 1. Cuida-se, originariamente, 
de demanda proposta por sucessores de vítima que faleceu em decorrência de disparos de arma de fogo por 
policiais militares, quando da abordagem ao veículo em que ela se encontrava, no dia 21 de fevereiro de 2000. 
2. O Tribunal a quo reformou parcialmente a sentença de parcial procedência para condenar o Estado do Paraná 
ao pagamento de danos materiais e morais. A controvérsia remanescente neste Recurso Especial diz respeito à 
pensão mensal incluída na indenização, consoante o disposto no art. 950 do CC, tendo prevalecido na origem a 
orientação de que os recorridos têm direito a que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez, nos 
moldes do respectivo parágrafo único. 3. O pagamento de uma só vez da pensão por indenização é faculdade 
estabelecida para a hipótese do caput do art. 950 do CC, que se refere apenas a defeito que diminua a 
capacidade laborativa, não se estendendo aos casos de falecimento (REsp 1.230.007/MG, Rel. Ministro Castro 
Meira, Segunda Turma, DJe 28/2/2011; REsp 1.045.775/ES, Rel. Ministro Massami Uyeda, Terceira Turma, DJe 
4/8/2009; REsp 403.940/TO, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, DJ 12/8/2002, p. 221). 4. 
Recurso Especial provido” (REsp 1393577/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 
04/02/2014, DJe 07/03/2014). 
 
c) Prisão civil do devedor e constituição de capital 
 
I - Prisão civil: 
 
Antes do Código de Processo Civil de 2015, o Superior Tribunal de Justiça emanou entendimento no sentido de que seria 
cabível a prisão civil do devedor de alimentos, desde que decorrentes do parentesco: 
 
“ALIMENTOS. PRISÃO. A POSSIBILIDADE DE DETERMINAR-SE A PRISÃO, PARA FORÇAR AO CUMPRIMENTO DE 
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR, RESTRINGE-SE A FUNDADA NO DIREITO DE FAMILIA. NÃO ABRANGE A PENSÃO DEVIDA EM 
RAZÃO DE ATO ILICITO” (REsp 93.948/SP, Rel. Ministro EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/04/1998, 
DJ 01/06/1998, p. 79). 
 
O CPC, art. 528 não distingue qual a espécie de alimento é passível de prisão. 
 
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II – Constituição de capital: 
 
Não obstante o devedor de alimentos, decorrentes da responsabilidadecivil, não poder, a priori, ter contra si a 
decretação de prisão civil, o Novo CPC estabeleceu um instrumento para garanti-los: a constituição de capital: 
 
CPC, art. 533: “Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao executado, a 
requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. 
§ 1º: O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre imóveis suscetíveis de 
alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto 
durar a obrigação do executado, além de constituir-se em patrimônio de afetação. 
§ 2º: O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de pagamento de pessoa 
jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado, por fiança bancária ou garantia real, em 
valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz. 
§ 3º: Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução 
ou aumento da prestação. 
§ 4º: A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo. 
§ 5º: Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as 
garantias prestadas”. 
 
Observação n. 1 (CPC, art. 533, § 3º): a cláusula “rebus sic standibus” poderá incidir na fixação dos alimentos 
decorrentes da responsabilidade civil: uma vez alterada a situação econômica do devedor será possível modificar o 
conteúdo da prestação. Em outras palavras, a cláusula “rebus sic standibus” reduzirá ou majorará a prestação. 
 
Observação n. 2: S. 313 STJ: “Em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou 
caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação financeira do 
demandado”. Observação n. 3: a redação da súmula é anterior ao Novo CPC (expressão “necessária”). 
 
d) Requerimento de penhora do bem de família do devedor dos alimentos decorrentes da responsabilidade civil 
 
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O bem de família, regulado pela Lei n. 8.009/90, é o imóvel residencial do devedor (ou da sua família), no qual ele 
exerce o direito fundamental à moradia – o STJ interpreta o interpreta extensivamente. 
 
O bem de família não goza de uma impenhorabilidade absoluta, pois existem exceções a ela (Lei n. 8.009/90, art. 3º). 
Dentre elas, encontra-se o devedor de pensão alimentícia - o legislador não especificou a espécie de alimento. Para o 
Superior Tribunal de Justiça a origem dos alimentos é irrelevante. Portanto, o devedor poderá ter seu bem de família 
penhorado como forma de salvaguardar o credor dos alimentos. Precedente: 
 
RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO - AÇÃO REPARATÓRIA POR ATO ILÍCITO - ACIDENTE DE TRÂNSITO - PENSÃO 
ALIMENTÍCIA - BEM IMÓVEL - PENHORABILIDADE - POSSIBILIDADE - INAPLICABILIDADE DA LEI N. 8.009/90 - RECURSO 
ESPECIAL PROVIDO. I - A pensão alimentícia é prevista no artigo 3.º, inciso III, da Lei n. 8.009/90, como hipótese de 
exceção à impenhorabilidade do bem de família. E tal dispositivo não faz qualquer distinção quanto à causa dos 
alimentos, se decorrente de vínculo familiar ou de obrigação de reparar danos. II - Na espécie, foi imposta pensão 
alimentícia em razão da prática de ato ilícito - acidente de trânsito - ensejando-se o reconhecimento de que a 
impenhorabilidade do bem de família não é oponível à credora da pensão alimentícia. Precedente da Segunda Seção. III 
- Recurso especial provido” (REsp 1186225/RS, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
04/09/2012, DJe 13/09/2012). 
 
e) Termo inicial dos juros de mora 
 
I – CC, art. 405: “Contam-se os juros de mora desde a citação inicial”. 
 
O termo inicial indicado aplica-se à hipótese de responsabilidade contratual. 
 
II – CC, art. 398: “Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou”. 
 
O termo inicial indicado aplica-se à hipótese de responsabilidade extracontratual. 
 
S. 54 STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual”. 
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Observação n. 1: o marco inicial dos juros de mora, na hipótese dos alimentos indenizatórios fixados sob a forma de 
pensionamento mensal, de acordo com o STJ, não será a data do evento danoso, mas a partir do momento em que o 
devedor não cumpre com a data ajustada. Precedente: 
 
“RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS REFLEXOS. VERIFICAÇÃO DO QUANTUM 
INDENIZATÓRIO. VALORES MANTIDOS. PENSÃO FIXADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM AO MENOR. JUROS DE MORA. 
TERMO A QUO. JUROS CONTADOS A PARTIR DO VENCIMENTO MENSAL DE CADA PRESTAÇÃO. PARCELAS VINCENDAS. 
EXCLUÍDAS. 1. O princípio da integral reparação deve ser entendido como a exigência de conceder reparação plena 
àqueles legitimados a tanto pelo ordenamento jurídico. A norma prevista no art. 944, parágrafo único, do Código Civil 
de 2002 consubstancia a baliza para um juízo de ponderação pautado na proporcionalidade e na equidade, quando 
houver evidente desproporção entre a culpa e o dano causado. 2. O Tribunal de origem fixou danos morais reflexos 
ao primeiro autor - menor impúbere, filho e irmão das vítimas -, à segunda autora - mãe, sogra e avó dos falecidos - 
e aos dois últimos autores - ambos irmãos, cunhados e tios dos de cujus -, entregando a cada um, respectivamente, o 
valor de R$ 140.000,00, R$ 70.000,00 e R$ 47.000 para os dois últimos, devendo tais valores serem mantidos diante 
das particularidades de cada demandante. 3. Enuncia a Súmula 54 do STJ: "Os juros moratórios fluem a partir do 
evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual." 4. Da ratio decidendi refletida na Súmula 54, infere-
se que a fixação do valor indenizatório - sobre o qual incidirá os juros de mora, a partir do evento danoso - 
corresponde a uma única prestação pecuniária. 5. No tocante ao pensionamento fixado pelo Tribunal de origem, por 
ser uma prestação de trato sucessivo, os juros moratórios não devem iniciar a partir do ato ilícito - por não ser uma 
quantia singular -, tampouco da citação - por não ser ilíquida -, mas devem ser contabilizados a partir do vencimento 
de cada prestação, que ocorre mensalmente. 6. Quanto às parcelas vincendas, não há razões para mantê-las na 
relação estabelecida com os juros de mora. Sem o perfazimento da dívida, não há como imputar ao devedor o 
estigma de inadimplente, tampouco o indébito da mora, notadamente se este for pontual no seu pagamento. 7. 
Recurso especial parcialmente provido para determinar o vencimento mensal da pensão como termo inicial dos 
juros de mora, excluindo, nesse caso, as parcelas vincendas” (REsp 1270983/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 
QUARTA TURMA, julgado em 08/03/2016, DJe 05/04/2016). 
 
2.3.2.2. Dano moral 
 
O dano moral é a lesão a um direito da personalidade do indivíduo. Portanto, trata-se de lesão a direito de conteúdo 
imaterial. 
 
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Para que subsista reparação é insuficiente que o indivíduo seja lesionado. Além disto, é necessário que ele suporte dor, 
sofrimento, constrangimento, angústia ou depressão, por exemplo. Do contrário, o órgão julgador entenderá que o 
indivíduo sofreu um mero dissabor do cotidiano,o qual não é passível de reparação por dano moral. Exemplos de 
precedentes: 
 
“RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CARTÃO DE CRÉDITO. COBRANÇA INDEVIDA. PAGAMENTO NÃO 
EFETUADO. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. MERO TRANSTORNO. 1. Não configura dano moral in re ipsa a simples 
remessa de fatura de cartão de crédito para a residência do consumidor com cobrança indevida. Para configurar a 
existência do dano extrapatrimonial, há de se demonstrar fatos que o caracterizem, como a reiteração da cobrança 
indevida, a despeito da reclamação do consumidor, inscrição em cadastro de inadimplentes, protesto, publicidade 
negativa do nome do suposto devedor ou cobrança que o exponha a ameaça, coação, constrangimento. 2. Recurso 
conhecido e provido” (REsp 1550509/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 
03/03/2016, DJe 14/03/2016). 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO CONDENATÓRIA - DANOS 
PATRIMONIAIS E MORAIS DECORRENTES DE SAQUE INDEVIDO DE NUMERÁRIO DEPOSITADO EM CONTA POUPANÇA - 
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS QUE JULGARAM PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, APENAS NO QUE CONCERNE À 
INDENIZAÇÃO PELOS PREJUÍZOS DE ORDEM PATRIMONIAL - DECISÃO MONOCRÁTICA NÃO ACOLHENDO O RECLAMO. 
INSURGÊNCIA DO AUTOR. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. Pretensão condenatória deduzida por titular de conta 
poupança, tendo em vista a realização de saques indevidos de numerário lá depositado. Instâncias ordinárias que 
julgaram parcialmente procedentes os pedidos, condenando a instituição financeira ré ao ressarcimento somente dos 
danos patrimoniais. 1. Ofensa ao artigo 557 do Código de Processo Civil. O agravo, nos termos do artigo 544 do diploma 
instrumental, é apreciado pelo Relator, que tomará uma das providências elencadas nos incisos e parágrafos do citado 
artigo. Outrossim, conforme sólida jurisprudência desta Corte, a reapreciação do reclamo pelo órgão colegiado, em sede 
de agravo regimental, supre eventual nulidade. 2. Insurgência quanto ao afastamento da tese de negativa de prestação 
jurisdicional e no que toca à aplicação da Súmula 7/STJ. Impositivo o conhecimento do agravo (art. 544 do CPC), a fim de 
que se examine, de plano, o próprio apelo extremo. 2.1 Ausência de violação ao artigo 535 do Código de Processo Civil, 
pois o acórdão recorrido encontra-se devida e suficientemente fundamentado, tendo enfrentado todas as questões 
necessárias à solução da controvérsia. 2.2 O dano extrapatrimonial, mais do que o simples efeito de lesão, é aquele que 
incide sobre objetos próprios, sobre bens da vida autônomos, consistindo em gênero, no qual haverá espécies. Segundo 
desenvolvimento doutrinário, a par das lesões a direitos da personalidade (imagem, honra, privacidade, integridade 
física), o que se pode denominar de dano moral objetivo e, ainda, que ensejam um prejuízo a partir da simples violação 
da proteção a eles conferida, surgem situações outras, que, embora não atinjam diretamente tal complexo de direitos, 
também consubstanciam dano extrapatrimonial passível de compensação, por se relacionarem com um mal sofrido WWW.PONTODORATEIO.COM.BR
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pela pessoa em sua subjetividade, em sua intimidade psíquica, sujeita a dor ou sofrimento intransferíveis, que o ato 
ilícito ou antijurídico veio a subverter. Enquanto a primeira categoria traduz um dano aferível de plano, com a mera 
lesão a um direito de personalidade, a segunda pressupõe uma maior investigação do caso concreto, a fim de que sejam 
examinadas as suas peculiaridades e, ao final, de definir se aquela determinada hipótese fática e suas repercussões e 
desdobramentos, embora não tenham atingido um direito de personalidade, ultrapassaram o que se entende por mero 
aborrecimento e incômodo, alcançando sobremodo a integridade psíquica do sujeito. É sob a ótica desta segunda 
categoria - danos morais subjetivos, os quais reclamam uma análise mais pormenorizada das circunstâncias do caso 
concreto - , que deve ser procedido o exame acerca do reconhecimento ou não de dano extrapatrimonial passível de 
compensação em hipóteses como a dos autos - saque indevido de numerário depositado em conta poupança. 2.3 A 
análise do enquadramento jurídico dos fatos expressamente mencionados no acórdão impugnado não constitui simples 
reexame probatório, mormente quando, em um juízo sumário, for possível visualizar primo icto oculi que a tese 
articulada no apelo nobre não retrata rediscussão de fato e nem interpretação de cláusulas contratuais, senão da 
própria qualificação jurídica dos fatos já apurados e consignados nas decisões proferidas pelas instâncias ordinárias. 2.4 
Na hipótese dos autos, diversamente do que compreendido pelas instâncias ordinárias, as circunstâncias que 
envolveram o caso são suficientes à caracterização do dano moral. O autor somente está vendo restituído o seu 
dinheiro, indevidamente retirado de sua conta poupança, após ter intentado uma ação judicial que obrigou a instituição 
financeira a recompor os depósitos. Evidente que essa circunstância vai muito além de um mero dissabor, transtorno ou 
aborrecimento corriqueiro, não sendo admissível compreender que o intento e longo acompanhamento de uma 
demanda judicial, único instrumento capaz de refazer seu patrimônio e compelir a ré a proceder à reparação, seja 
acontecimento normal, comum no cotidiano de qualquer indivíduo. 3. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO, a fim de 
conhecer do agravo (art. 544 do CPC) para, de plano, uma vez superada a preliminar de negativa de prestação 
jurisdicional, dar provimento ao recurso especial, reconhecendo a configuração da dano moral na hipótese” (AgRg no 
AREsp 395.426/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, 
julgado em 15/10/2015, DJe 17/12/2015). 
 
2.3.2.2.1. Dano moral “in re ipsa” 
 
Como analisado, o dano moral deve ser comprovado (lesão e abalo psicológico). Todavia, o STJ entende que, a depender 
da situação posta no caso concreto, o dano moral não necessitará de comprovação diante da gravidade da violação ao 
direito da personalidade - o abalo psicológico é presumido. 
Súmulas do Superior Tribunal de Justiça: 
 
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 370: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. 
 385: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando 
preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento”. 
 388: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral”. 
 403: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com 
fins econômicos ou comerciais”. 
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