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Prof. Milton D. Xavier - Página 1 de 16 Qualidade de Energia Elétrica Prof. Milton D. Xavier Introdução Hoje em dia a preocupação com a Qualidade da Energia tem aumentado muito. Entende-se por Qualidade de Energia o grau no qual tanto a utilização quanto a distribuição de energia elétrica afetam o desempenho dos equipamentos elétricos. Qualquer variação na amplitude, forma de onda ou frequência, em relação aos valores ideais da tensão senoidal, podem ser considerados como distúrbios na Qualidade da Energia. Em países como Estados Unidos e também na Europa já existem normas que visam melhorar a Qualidade da Energia estabelecendo limites para que a Energia seja fornecida e aproveitada com certo grau de qualidade. A disponibilidade da energia elétrica representa um incremento na qualidade de vida das populações. Num primeiro momento em que se implanta um sistema de distribuição de energia elétrica, a população local imediatamente passa a constar com inúmeros benefícios, tanto do ponto de vista de maior conforto doméstico como de melhores possibilidades de emprego e produção. À medida que os benefícios da energia elétrica passam a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, é natural que inicie-se um processo de discussão quanto à qualidade daquele produto. Numa análise inicial preocupa-se com a continuidade do serviço, já que fica evidente que qualquer interrupção do fornecimento implicará em transtornos de toda ordem. Não tão evidente, no entanto, é a questão da qualidade da energia elétrica como um produto comercial, mesmo que não ocorram interrupções. Isso normalmente só é percebido de forma um pouco difusa, através de falhas de funcionamento em alguns equipamentos. A questão da qualidade da energia elétrica aparece portanto a partir do momento em que os consumidores constatam interrupções nos fornecimentos, mas à medida que tais consumidores tornam-se mais sofisticados sob o ponto de vista tecnológico, outros fatores começam a ser considerados. Esse trabalho descreve, com o título de apresentação, os principais aspectos da Qualidade da Energia Elétrica, à luz da legislação atual. Evolução das Cargas Elétricas Até final da década de 70, vivíamos uma situação bastante diferente da atual no Brasil, no que diz respeito ao consumo de energia elétrica. Podíamos claramente generalizar três tipos de consumidores: o consumidor residencial (urbano e rural), o de comércio e/ou serviços e o consumidor industrial. Naquela época o consumidor residencial, por exemplo, possuía uma carga plenamente resistiva, salvo raras exceções. Numa residência típica daquela época, encontrava-se como cargas grandes os chuveiros elétricos a resistência, e os ferros de passar roupas à resistência elétrica. O número de equipamentos eletrônicos resumia-se, na maioria das residências, a um aparelho de TV. Apesar da existência nas residências de uma carga indutiva-resistiva (o motor do refrigerador), a demanda por energia elétrica era consumida por uma carga considerada resistiva. Atualmente, vivemos uma realidade bastante diferente, onde podemos encontrar comumente consumidores de diversas classes, também residenciais, com cargas comandadas eletronicamente, tais como fornos de microondas, computadores e periféricos, diversos aparelhos de TV e de áudio, em uma gama bastante vasta de eletrodomésticos. Tornou-se comum a existência de cargas eletrônicas, que está cada dia mais presente em nossas vidas, lado-a-lado com as cargas elétricas, outrora comandadas sem o recurso da eletrônica. Um claro exemplo do emprego da eletrônica em uma área anteriormente dominada por cargas resistivas, são as lâmpadas fluorescentes econômicas, que hoje em dia estão substituindo gradualmente as lâmpadas incandescentes tradicionais, inclusive com apoio do governo, motivado pela recente crise energética. As cargas elétricas comandadas eletronicamente possuem uma característica intrínseca que é a não-linearidade das mesmas. Assim, as cargas eletrônicas acabam por distorcer a forma de onda (tensão e corrente) que lhe é entregue e como consequência gerando uma "poluição" na rede de energia elétrica. Esta poluição é traduzida por alguns tipos de problemas ou distúrbios. É importante ressaltar que estas mesmas cargas eletro/eletrônicas, além de poluírem a rede elétrica, sofrem diretamente com a má qualidade desta energia. Não é difícil observarmos em instalações com um grande número de computadores ligados nos mesmos circuitos, alguns desses computadores com problemas de funcionamento, aparentemente sem maiores explicações. Nas indústrias, o processo manual foi substituído por robôs, e as linhas de produção foram quase que totalmente automatizadas, aumentando assustadoramente a parcela indutiva nas cargas. Prof. Milton D. Xavier - Página 2 de 16 Distúrbios da rede elétrica Diversos aspectos permitem a avaliação da qualidade do fornecimento de energia elétrica, entre eles podemos citar a continuidade do fornecimento, nível de tensão, oscilações de tensão, desequilíbrios, distorções harmônicas de tensão e interferência em sistemas de comunicações. Dentro dos distúrbios referentes às oscilações de tensão, tem-se os distúrbios tipo impulso, oscilações transitórias, variações no valor eficaz (de curta ou longa duração), desequilíbrio de tensão e distorções na forma de onda. Estes distúrbios representam desvios em regime da forma de onda, em relação a onda teórica puramente senoidal. Na sequência são apresentadas algumas definições clássicas dos distúrbios mais frequentes. 1. Cintilação ou Flicker Flicker são interferências de alta freqüência que se propagam pela rede e cujo efeito mais conhecido é a cintilação em lâmpadas fluorescentes ou de descarga. A variação de emissão luminosa é percebida visualmente em decorrência de flutuações da magnitude da tensão. O fenômeno está associado à operação de cargas variáveis. A percepção visual do fenômeno ocorre na faixa entre 0 e 30 Hz, sendo máxima em torno de 8,8 Hz. Vários fatores afetam o nível do incômodo provocado, tais como a forma da modulação (quadrada ou senoidal), o tipo de iluminação (incandescente ou fluorescente), a inércia térmica das lâmpadas, etc. Seus efeitos são subjetivos e acumulativos, podendo afetar o sistema nervoso central, provocando estresse e até crises epilépticas em pessoas propensas. 2. Cunha de Tensão ou Notching: Cunha de Tensão ou Notching representa o afundamento abrupto da tensão que ocorre em cada alternância, podendo ou não cair a zero ou mudar de sinal. É causada basicamente por conversores de energia trifásicos que proporcionam curto-circuito momentâneo entre fases, por exemplo, na comutação entre braços de um retificador de onda completa a diodos (operação normal de equipamentos de eletrônica de potência quando a corrente é comutada de uma fase para outra). A máxima sensibilidade do olho é em torno de 10 Hz. Prof. Milton D. Xavier - Página 3 de 16 3. Desequilíbrio de Tensão (ou Voltage Imbalance) Desequilíbrio de tensão é por definição, a diferença entre a magnitude das tensões de fase de circuitos polifásicos. Na rede de distribuição podem ocorrer desequilíbrios de naturezas distintas. A assimetria da rede, pode ser gerada pelos tipos de transformadores de distribuição utilizados. Assim, mesmo que a carga seja perfeitamente equilibrada (com o mesmo consumo de corrente), podem ser detectados níveis de desequilíbrio de tensão. Dependendo da natureza da carga, diferentesníveis de corrente absorvem em cada instante de tempo da curva de carga diária, que podem reduzir o nível da tensão máxima de uma ou mais fases em que esteja conectada. 4. Elevação de Tensão: Swell, Spikes e Sobretensão Este tipo de distúrbio é caracterizado pelo aumento da tensão de alimentação acima do limite normal (conforme normas técnicas pertinentes). Se a duração não ultrapassa 2 (dois) segundos, este fenômeno é conhecido como Voltage Swell ou Swel. Para os casos em que a duração do tempo ultrapassa 2 (dois) segundos, o distúrbio é definido como sobretensão ou overvoltage. Existem também os casos em que a elevação do valor da tensão acima do limite ocorre em um período extremamente curto, da ordem de micro ou milisegundos. Este fenômeno é conhecido como Surto ou Spike. Pico de tensão Cargas distribuídas de forma desigual entre as fases podem provocar desequilíbrio de tensão em uma ou mais fases. Prof. Milton D. Xavier - Página 4 de 16 5. Afundamento de Tensão: Sag e Subtensão Este tipo de distúrbio é caracterizado pela diminuição da tensão de alimentação abaixo do limite mínimo normal (conforme normas técnicas pertinentes). Se a duração não ultrapassa 2 (dois) segundos, então este fenômeno é conhecido como Voltage Sag ou simplesmente Sag. Para os casos em que a duração do tempo ultrapassa 2 (dois) segundos, o distúrbio é definido como subtensão ou undervoltage. Afundamento de tensão 6. Baixo Fator de Potência O Fator de Potência é um número adimensional utilizado para determinar se uma carga está com excesso de potência reativa (utilizada para manter o campo eletromagnético de motores). O Fator de Potência (FP) é a relação entre a potência ativa e a potência aparente. Ele indica a eficiência com a qual a energia está sendo utilizada. Um alto fator de potência indica uma eficiência alta, e um fator de potência baixo indica baixa eficiência energética. a) Cargas lineares (provocam defasagem entre tensão e corrente: corrente e tensão não sofrem deformação) O cosseno do ângulo de defasagem entre a tensão total e a corrente total do circuito, corresponde ao Fator de Potência. b) Cargas não-lineares (a corrente absorvida não tem a mesma forma de onda da tensão de alimentação: existência de deformação ou distorção) FP = cos φ FP =. Pativa . Paparente Instantes seguintes ao ligamento de grande quantidade de máquinas operatrizes e/ou motores provocam o surgimento da Sag: isso ocorrerá durante o período transitório, em que as correntes ainda estão em crescimento até atingir o regime permanente. Enquanto isso não ocorre, a tensão sofre pequeno decréscimo em seu valor máximo. Em seguida, as correntes praticamente se estabilizam, e a tensão da rede retorna ao seu nível inicial. Um baixo FP (maior φ) requer MAIOR corrente na entrada do sistema elétrico. Um alto FP (menor φ) exigirá MENOR corrente. Prof. Milton D. Xavier - Página 5 de 16 Quando a carga é não-linear, o FP é calculado da seguinte forma: Cargas Não–Lineares: THD = Taxa de distorção harmônica V1 = Tensão rms da fundamental V2 = Tensão rms da harmônica de 2º ordem Vn = Tensão rms da harmônica de ordem n Consequências do baixo FP - Aumento da conta de energia elétrica; - Flutuações e quedas de tensão devido sobrecarga nos circuitos; - Para manter o nível de consumo de corrente é preciso aumentar a bitola dos cabos de distribuição; - As perdas nas linhas de distribuição aumentam pela dissipação de energia em forma de calor; - Os dispositivos de proteção precisarão ter a sua capacidade aumentada, assim como os equipamentos de manobra. Corrigir o fator de potência é fundamental em qualquer instalação industrial. Quedas de tensão, perdas, sobrecargas são algumas das consequências de um baixo fator de potência numa instalação. Para se ter uma idéia de como o baixo FP afeta o dimensionamento de cabos, veja o exemplo da tabela abaixo: Fator de Potênc Fator de PotêncFator de Potênc Fator de Potência ia ia ia Seção Relativa do Cabo Seção Relativa do Cabo Seção Relativa do Cabo Seção Relativa do Cabo 1,0 1,0 0,90 1,23 0,80 1,56 0,70 2,04 0,60 2,78 0,50 4,0 Observe que se o Fator de Potência cair para 0,5 será preciso quadruplicar a área útil dos cabos para dar conta da corrente exigida na instalação elétrica. Uma análise simples evidencia que esse procedimento (aumento de bitola de cabos), soluciona o efeito e não a causa do problema. Portanto, é recomendável proceder à correção do Fator de Potência. Prof. Milton D. Xavier - Página 6 de 16 7. Distorções Harmônicas e Interharmônicas Harmônicos: tensões ou correntes senoidais de frequências múltiplas inteiras da frequência fundamental (50 ou 60 Hz) na qual opera o sistema de energia elétrica. Estes harmônicos distorcem as formas de onda da tensão e corrente e são oriundos de equipamentos e cargas com características não- lineares instalados no sistema de energia. Uma carga é dita não linear quando a corrente absorvida não segue a mesma forma da tensão que a alimenta. Os interharmônicos (harmônicos não múltiplos de 60Hz) costumam originar-se em cargas com formas de corrente não periódicas em 60 Hz (por exemplo, cicloconversores e fornos a arco). Os harmônicos são originados por cargas eletrônicas que consomem correntes periódicas de 60Hz não senoidais (por exemplo, um retificador trifásico de onda completa a diodos). As distorções harmônicas são um tipo específico de energia “suja” (poluída ou contaminada) que, diferentemente dos transientes de corrente e tensão, estão presentes de forma contínua, associadas ao crescente número de acionamentos estáticos (inversores de frequência, variadores de velocidade, etc.), fontes chaveadas, e outros dispositivos eletrônicos). As distorções harmônicas causam muitos prejuízos às plantas industriais. De maior importância, são a perda de produtividade, e de vendas devido a paradas de produção causadas por inesperadas falhas em motores, acionamentos, fontes ou simplesmente "repicar" de disjuntores. Segue relação mais detalhada destes prejuízos: • Capacitores: queima de fusíveis, e redução da vida útil. • Motores: redução da vida útil, e impossibilidade de atingir potência máxima. • Fusíveis/Disjuntores: operação falsa/errônea, e componentes danificados. • Transformadores: aumento de perdas, causando redução de capacidade e diminuição da vida útil. • Medidores: possibilidade de medições errôneas e de contas maiores a pagar. • Telefones: interferências. • Acionamentos/Fontes: operações errôneas devido a múltiplas passagens por zero, e falha na comutação de circuitos. • Carregamento exagerado (em corrente) do condutor Neutro, principalmenteem instalações que agregam muitos aparelhos eletrônicos e possuem malhas de terra mal projetadas. Algumas cargas elétricas com características não lineares, têm sido implantadas em grande quantidade no sistema elétrico brasileiro: • circuitos de iluminação com lâmpadas de descarga; • fornos a arco; • No-Breaks; • motores de corrente contínua controlados por retificadores; • motores de indução controlados por inversores com comutação forçada; • controladores tiristorizados; • fontes chaveadas; • lâmpadas fluorescentes com reatores eletrônicos; • máquinas de solda elétrica; • Retificadores Industriais; • Microcomputadores (Centro de Processamento de Dados), etc. Prof. Milton D. Xavier - Página 7 de 16 Os principais problemas causados por harmônicos, no entanto, se dão junto a bancos de capacitores, que podem originar condições de ressonância, caracterizando uma sobretensão nos terminais das unidades capacitivas. Em decorrência desta sobretensão, tem-se uma degradação do isolamento das unidades capacitivas, e em casos extremos, uma completa danificação dos capacitores. Além disso, consumidores conectados no mesmo ponto ficam submetidos a tensões perigosas, mesmo não sendo portadores de cargas poluidoras em sua instalação. Mesmo sem uma condição de ressonância, um capacitor é sempre um caminho de baixa impedância para as correntes harmônicas, e sempre estará sempre sujeito a sobrecarga e sobreaquecimento excessivo. 8. Ruído ou Noise O ruído é a distorção da tensão senoidal, através da superposição de um sinal de alta frequência (menor que 200KHz), com a tensão ou com a corrente. Podemos classificar em dois tipos de ruídos, o de modo comum e o de modo normal: Ruído de Modo Comum – Common Mode Noise : Diferença da tensão que ocorre entre o condutor neutro e a terra. Ruído de Modo Normal – Normal Mode Noise : Diferença da tensão que ocorre entre o condutor fase e neutro. 9. Transitórios Os transitórios são fenômenos eletromagnéticos oriundos de alterações súbitas nas condições operacionais de um sistema de energia elétrica. Geralmente, a duração de um transitório é muito pequena, mas de grande importância, uma vez que submetem equipamentos a grandes solicitações de tensão e/ou corrente. Existem dois tipos de transitórios: os impulsivos, causados por descargas atmosféricas, e os oscilatórios, causados por chaveamentos. Um transitório oscilatório é caracterizado por uma alteração repentina nas condições de regime permanente da tensão e/ou corrente possuindo valores de polaridade positiva e negativa. Estes transitórios normalmente são decorrentes de energização de linhas, corte de corrente indutiva, chaveamento de bancos de capacitores e transformadores, etc. Prof. Milton D. Xavier - Página 8 de 16 10. Interrupções Chama-se interrupção de curta duração quando a tensão de suprimento é interrompida por um período de tempo não superior a 1 minuto, o que geralmente ocorre por faltas no sistema de energia, falhas de equipamentos e mal funcionamento de sistemas de controle. Vamos analisar, por exemplo, o caso de um curto-circuito no sistema supridor da concessionária. Logo que o dispositivo de proteção detecta a corrente de curto-circuito, ele comanda a desenergização da linha com vistas a eliminar a corrente de falta. Somente após um curto intervalo de tempo, o religamento automático do disjuntor ou religador é efetuado. Entretanto, pode ocorrer que, após o religamento, o curto persista e uma sequência de religamentos pode ser efetuada com o intuito de eliminar a falta. A figura abaixo ilustra uma sequência de religamentos com valores típicos de ajustes do atraso. Sendo a falta de caráter temporário, o equipamento de proteção não completará a sequência de operações programadas e o fornecimento de energia não é interrompido. CUSTO ESTIMADO PARA INTERRUPÇÃO ATÉ 1 MINUTO Fonte: ABRACOPEL - 2012 Alguns dados estatísticos revelam que 75% das faltas em redes aéreas são de natureza temporária. No passado, este percentual não era considerado preocupante. Entretanto, com o crescente emprego de cargas eletrônicas, como inversores, computadores, etc, este número passou a ser relevante nos estudos de otimização do sistema, pois é, agora, tido como responsável pela saída de operação de diversos equipamentos, interrompendo o processo produtivo, e causando enormes prejuízos às indústrias. Prof. Milton D. Xavier - Página 9 de 16 11. Interferência Eletromagnética (EMI e EMC) São ruídos impostos por indução ou por condução. A interferência eletromagnética é um fenômeno presente no ambiente (ar) e nos cabos existentes em uma instalação. Trata-se de um sinal (ruído) de alta frequência que quando é irradiado através do meio (ar) é chamado de EMI (Electromagnetic Interference) e que quando propagado através dos cabos elétricos e de RF é chamado de EMC (Electromagnetic Compatibility). Estes ruídos (EMI e EMC) são devidos também à circulação dos componentes harmônicos, gerados pelos conversores de potência chaveados que operam em alta frequência, e que interferem na operação adequada de outros equipamentos conectados a mesma rede. Em centrais de telecomunicações este tipo de distúrbio é bastante preocupante, pois a alimentação da central de comutação e alguns equipamentos de transmissão (rádios, multiplex, modens, etc) é feita em corrente contínua (-48Vdc). Esta alimentação é proveniente de retificadores com bateria(s) operando em paralelo. Atualmente estes retificadores têm como topologia o chaveamento dos transistores de potência (MOSFETs, IGBTs, etc) em alta frequência (alguns kHz), que geram também EMI e EMC. Estes equipamentos devem possuir uma blindagem eficaz contra estes fenômenos, pois caso os mesmos se propaguem, seja pelo meio ar, seja pelo meio dos cabos elétricos, interferirá em outros equipamentos da central telefônica, gerando consequências indesejadas. Para homologação destes produtos no Brasil e habilitação dos mesmos para comercialização, se faz necessário diversos testes e ensaios em laboratórios capacitados, inclusive com câmara semi-anecóica e equipamentos e antenas capazes de varrer toda gama de frequências. Para estes testes existem Normas Técnicas da antiga TELEBRÁS, sendo inclusive baseada na Norma Européia CISPRR 22a. A EMC traduz se um equipamento é compatível com seu ambiente eletromagnético ou não. Esses dois termos EMI/EMC estão intimamente ligados e um equipamento é dito compatível eletromagneticamente quando: � Não causa interferência em outros equipamentos; � É imune às emissões de outros equipamentos; � Não causa interferência em si próprio. Fontes geradoras e receptores de interferência eletromagnética O ambiente de uma rede de computadores que tenha uma diversidade de equipamentos instalados está sujeito a EMI gerada em seu próprio ambiente pelos próprios equipamentos ou originadas em salas e prédios vizinhos ou até mesmo em cabines primárias e subestações de energia próximas. Os efeitos podem ser desprezíveis como um simples ruído (chuvisco) apresentado em um monitor de vídeo ou podem trazer danos irreparáveis como a perda de informações, queima de unidades de disco, etc. Um ambiente eletromagnético não estáapenas restrito a campos eletromagnéticos, mas também a sinais ruidosos na linha de transmissão ou de distribuição de energia elétrica. Por exemplo, um equipamento eletrônico pode não estar sujeito a campos eletromagnéticos gerados por um outro equipamento próximo, mas pode sofrer uma interferência devido aos ruídos produzidos por esse equipamento e propagados através da rede de alimentação elétrica. Portanto, fontes e receptores de EMI sempre existirão. Para entender melhor as fontes e os receptores de interferências EMI (irradiada pelo ar) e EMC (conduzida pelos cabos), vemos abaixo as possíveis situações em que elas podem estar presentes: Prof. Milton D. Xavier - Página 10 de 16 Resumo de alguns dos principais distúrbios da rede elétrica: Normas aplicáveis • EN50160: é uma nova norma que cobre flicker, interharmônicas, desvios/variações de tensão, e muito mais. • IEC 61000-4-15: é uma norma de medição de flicker que inclui especificações para medidores. • IEC 61000-4-7: descreve uma técnica de medição padrão para harmônicas. • IEEE 519 (1992): é uma prática recomendada pela IEEE, utilizada principalmente por concessionárias de energia nos EUA. Descreve níveis aceitáveis de harmônicas para o ponto de entrega de energia pela concessionária. • IEEE 1159 (1995): é uma prática recomendada pela IEEE para monitoração e interpretação apropriada dos fenômenos que causam problemas de qualidade de energia. • CBEMA: Computer and Business Equipment Manufacturers Association. A CBEMA virou ITI em 1994. A curva CBEMA define os níveis de suportabilidade de equipamentos, em função da magnitude da tensão e da duração do distúrbio. Distúrbios que caiam fora da curva podem causar danos aos equipamentos. • ITI: Information Technology Industry Council. Grupo trabalha para defender os interesses da indústria de informática. Prof. Milton D. Xavier - Página 11 de 16 Indicadores de Qualidade Para medir o desempenho das concessionárias quanto à continuidade do serviço prestado de energia elétrica, a ANEEL criou indicadores específicos. Após a privatização da maioria das concessionárias de energia elétrica, a ANEEL criou o conceito de consumidor livre, com direito de comprar energia de qualquer concessionária, e não apenas daquela cuja concessão cobre a área onde o consumidor está instalado. Entretanto, num primeiro momento os consumidores livres eram aqueles cujas demandas eram superiores a 10MW. Desde 8 de julho de 2000, são livres todos aqueles consumidores de energia elétrica com demandas acima de 3MW, e alimentados com tensão igual ou superior a 69KV. Ainda são poucos os que exercem este direito. Existem apenas 2 casos no Brasil de consumidores que trocaram de concessionária: Volkswagen (Taubaté/SP) e Carbocloro (Cubatão/SP). Este número promete continuar pequeno devido ao imenso esforço que as concessionárias estão dispendendo para manter seus clientes. Ainda que por outras circunstâncias (oferta quase igual a demanda) não se possa esperar expressivas reduções de preços da energia por conta desta liberalização, é certo que o novo ambiente deve estimular inovações tecnológicas redutoras de custo, com grande destaque para a qualidade da energia. Muitas empresas já desejam acompanhar as curvas de tensão, de transientes e de correntes harmônicas no ponto de entrega de suas concessionárias. No ambiente de livre mercado, cresceu muito em importância a qualidade da energia entregue, e este acompanhamento. As quedas de tensão são de tipicamente 0,5 à 30 ciclos e as interrupções de normalmente 2 segundos à 5 segundos. As interrupções são normalmente causadas por manutenção na linha. As quedas de tensão são normalmente causadas por falhas na alimentação ou pela partida de cargas muito grandes como motores. As falhas na alimentação são causadas tipicamente por alguma sobrecarga momentânea (por exemplo, algum curto-circuito na linha causado por um galho ou dois fios que se tocaram devido ao vento). As concessionárias utilizam dispositivos que tentam reconectar o circuito rapidamente. Durante este período, ocorre uma queda de tensão ou uma interrupção na alimentação. Alguns sistemas rearmam muito rapidamente (de 2 a 3 ciclos), enquanto outros levam muito mais tempo (de 20 ciclos até 5 segundos). Não é incomum que o sistema rearme e desarme várias vezes até a causa do curto-circuito ser sanada. Estas falhas na alimentação podem abranger uma área muito grande atingindo diversos circuitos de distribuição. Partida de motores ou cargas grandes faz com que aumente muito o esforço sobre o sistema. Impedâncias dimensionadas para o funcionamento em modo contínuo, são normalmente muito altas para estes casos, causando quedas de tensão. Infelizmente, devido a queda de tensão, o fator de potência dos motores diminui muito diminuindo o torque de partida fazendo com que o período do arranque fique bem maior e, portanto, aumentando a gravidade da queda de tensão. O desempenho das concessionárias quanto à continuidade do serviço prestado de energia elétrica é medido pela ANEEL com base em indicadores específicos, denominados de DEC e FEC. O DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) indica o número de horas em média que um consumidor fica sem energia elétrica durante um período, geralmente mensal. Já o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) indica quantas vezes, em média, houve interrupção na unidade consumidora (residência, comércio, indústria etc). Prof. Milton D. Xavier - Página 12 de 16 O DEC pode ser calculado por: Onde: i = número de interrupções, de 1 a n T(i) = tempo de duração de cada interrupção do conjunto de consumidores considerados, em horas Ca(i) = número de consumidores do conjunto considerado, atingido nas interrupções Cs = número total de consumidores do conjunto considerado. O FEC pode ser calculado por: Os componentes da equação são os mesmos do cálculo da DEC. As metas de DEC e FEC a serem observadas pelas concessionárias estão definidas em Resolução específica da ANEEL. Essas metas também estão sendo publicadas mensalmente na conta de energia elétrica do consumidor. A ANEEL implantou no ano 2000 mais três indicadores destinados a aferir a qualidade prestada diretamente ao consumidor, quais sejam: DIC, FIC e DMIC. Os indicadores DIC (Duração de Interrupção por Unidade Consumidora) e FIC (Frequência de Interrupção por Unidade Consumidora) indicam por quanto tempo e o número de vezes respectivamente que uma unidade consumidora ficou sem energia elétrica durante um período considerado. O DMIC (Duração Máxima de Interrupção por Unidade Consumidora) é um indicador que limita o tempo máximo de cada interrupção, impedindo que a concessionária deixe o consumidor sem energia elétrica durante um período muito longo. Esse indicador passa a ser controlado a partir de 2003. As metas para os indicadores DIC, FIC e DMIC estão publicadas na Resolução ANEEL número 024, de 27 de janeiro de 2000 e já estão sendo informadas na conta de energia elétrica do consumidor as metas do DIC e FIC. Prof. Milton D.Xavier - Página 13 de 16 Fonte: ANEEL – Acessado em Junho 2013 Prof. Milton D. Xavier - Página 14 de 16 Fonte: ANEEL – Acessado em Junho 2013 Prof. Milton D. Xavier - Página 15 de 16 Distúrbios: Causas – Efeitos - Soluções Distúrbio Descrição Causas Efeitos Soluções Interrupções Interrupção total da alimentação elétrica Curto-circuito, descargas atmosféricas, e outros acidentes que exijam manobras precisas de fusíveis, disjuntores, etc. Queda do sistema Danificação de componentes Perda de produção UPS Geradores de emergência (interrupções de longa duração) Transientes Distúrbio na curva senoidal, resultando em rápido e agudo aumento de tensão Descargas atmosféricas Manobras da concessionária Manobras de grandes cargas e bancos de capacitores Travamento, perda de memória e erros de processamento Queima de placas eletrônicas, danificação de materiais de isolação e de equipamentos Supressores de transientes UPS com supressores de transientes Transformadores de isolação Sag / Swell Subtensões (sags) ou sobretensões (swells) curtas (meio ciclo até 3 segundos) Sags respondem por cerca de 87% de todos os distúrbios elétricos Queda/Partida de grandes equipamentos Curto-circuito Falha em equipamentos ou manobras da concessionária Perda de dados e erros de processamento Desligamento de equipamentos Oscilações em motores com redução de vida útil UPS Reguladores de tensão Ruídos Sinal indesejado de alta frequência que altera o padrão normal de tensão (onda senoidal) Interferência de estações de rádio e TV Operação de equipamentos eletrônicos Travamentos, perda de dados e erros de processamento Recepções distorcidas (áudio e vídeo) UPS Transformadores de isolação Filtros de linha Harmônicos Alteração do padrão normal de tensão (onda senoidal), causada por frequências múltiplas da fundamental (50-60Hz) UPS, Reatores eletrônicos, inversores de frequência, retificadores e outras cargas não-lineares. Sobreaquecimento de cabos e equipamentos Diminuição da performance de motores Operação errônea de disjuntores, relés e fusíveis Filtros de harmônicas Reatores de linha Melhorias na fiação e no aterramento Transformadores de isolação Variações de Tensão de Longa Duração Variações de tensão com duração acima de 1 minuto Equipamentos e fiação sobrecarregados Utilização imprópria de transformadores Fiação subdimensionada ou conexões mal feitas Desligamento de equipamentos Sobreaquecimento de motores e lâmpadas Redução de vida útil ou de eficiência dos equipamentos UPS Verificar conexões e fiações elétricas Transferência de equipamentos para outros circuitos Distúrbio Descrição Causas Efeitos Soluções Interrupções Interrupção total da alimentação elétrica Curto-circuito, descargas atmosféricas, e outros acidentes que exijam manobras precisas de fusíveis, disjuntores, etc. Queda do sistema Danificação de componentes Perda de produção UPS Geradores de emergência (interrupções de longa duração) Transientes Distúrbio na curva senoidal, resultando em rápido e agudo aumento de tensão Descargas atmosféricas Manobras da concessionária Manobras de grandes cargas e bancos de capacitores Travamento, perda de memória e erros de processamento Queima de placas eletrônicas, danificação de materiais de isolação e de equipamentos Supressores de transientes UPS com supressores de transientes Transformadores de isolação Sag / Swell Subtensões (sags) ou sobretensões (swells) curtas (meio ciclo até 3 segundos) Sags respondem por cerca de 87% de todos os distúrbios elétricos Queda/Partida de grandes equipamentos Curto-circuito Falha em equipamentos ou manobras da concessionária Perda de dados e erros de processamento Desligamento de equipamentos Oscilações em motores com redução de vida útil UPS Reguladores de tensão Ruídos Sinal indesejado de alta frequência que altera o padrão normal de tensão (onda senoidal) Interferência de estações de rádio e TV Operação de equipamentos eletrônicos Travamentos, perda de dados e erros de processamento Recepções distorcidas (áudio e vídeo) UPS Transformadores de isolação Filtros de linha Harmônicos Alteração do padrão normal de tensão (onda senoidal), causada por frequências múltiplas da fundamental (50-60Hz) UPS, Reatores eletrônicos, inversores de frequência, retificadores e outras cargas não-lineares. Sobreaquecimento de cabos e equipamentos Diminuição da performance de motores Operação errônea de disjuntores, relés e fusíveis Filtros de harmônicas Reatores de linha Melhorias na fiação e no aterramento Transformadores de isolação Variações de Tensão de Longa Duração Variações de tensão com duração acima de 1 minuto Equipamentos e fiação sobrecarregados Utilização imprópria de transformadores Fiação subdimensionada ou conexões mal feitas Desligamento de equipamentos Sobreaquecimento de motores e lâmpadas Redução de vida útil ou de eficiência dos equipamentos UPS Verificar conexões e fiações elétricas Transferência de equipamentos para outros circuitos Prof. Milton D. Xavier - Página 16 de 16 Tipos de Distúrbios: Descrição, Causas, Efeitos e Soluções Distúrbio Descrição Causas Efeitos Soluções Interrupções Interrupção total da alimentação elétrica Curto-circuito, descargas atmosféricas, e outros acidentes que exijam manobras precisas de fusíveis, disjuntores, etc. Queda do sistema Danificação de componentes Perda de produção UPS Geradores de emergência (interrupções de longa duração) Transientes Distúrbio na curva senoidal, resultando em rápido e agudo aumento de tensão Descargas atmosféricas Manobras da concessionária Manobras de grandes cargas e bancos de capacitores Travamento, perda de memória e erros de processamento Queima de placas eletrônicas, danificação de materiais de isolação e de equipamentos Supressores de transientes UPS com supressores de transientes Transformadores de isolação Sag / Swell Subtensões (sags) ou sobretensões (swells) curtas (meio ciclo até 3 segundos) Sags respondem por cerca de 87% de todos os distúrbios elétricos Queda/Partida de grandes equipamentos Curto-circuito Falha em equipamentos ou manobras da concessionária Perda de dados e erros de processamento Desligamento de equipamentos Oscilações em motores com redução de vida útil UPS Reguladores de tensão Ruídos Sinal indesejado de alta frequência que altera o padrão normal de tensão (onda senoidal) Interferência de estações de rádio e TV Operação de equipamentos eletrônicosTravamentos, perda de dados e erros de processamento Recepções distorcidas (áudio e vídeo) UPS Transformadores de isolação Filtros de linha Harmônicos Alteração do padrão normal de tensão (onda senoidal), causada por frequências múltiplas da fundamental (50- 60Hz) UPS, Reatores eletrônicos, inversores de frequência, retificadores e outras cargas não- lineares. Sobreaquecimento de cabos e equipamentos Diminuição da performance de motores Operação errônea de disjuntores, relés e fusíveis Filtros de harmônicas Reatores de linha Melhorias na fiação e no aterramento Transformadores de isolação Variações de Tensão de Longa Duração Variações de tensão com duração acima de 1 minuto Equipamentos e fiação sobrecarregados Utilização imprópria de transformadores Fiação subdimensionada ou conexões mal feitas Desligamento de equipamentos Sobreaquecimento de motores e lâmpadas Redução de vida útil ou de eficiência dos equipamentos UPS Verificar conexões e fiações elétricas Transferência de equipamentos para outros circuitos
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