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aula 02 Profª Leandro Matsumota_

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IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA
Art. 37, §4º, CF e Lei 8429/92
Prof. Leandro Matsumota
Roteiro
1. Conceito
2. Base legal
3. Sujeitos (ativo e passivo)
4. Atos de improbidade administrativa
5. Penas
6. Prescrição
1. Conceito
probitate = aquilo que é bom
Conduta ética do administrador público ou particular quando se tratar
com a res publica
Ministra do STF Carmem Lúcia: “fundamento não apenas moral
genérico, mas com a base de moral jurídica”
“Não obstante a dificuldade na conceituação de improbidade
administrativa, o termo pode ser compreendido como o ato
ilícito praticado por agente público ou terceiro, geralmente de
forma dolosa, contra as entidades públicas e privadas,
gestores de recursos públicos, capaz de acarretar
enriquecimento ilícito, lesão ao erário ou violação aos
princípios que regem a Administração Pública”. (Neves, Daniel
Amorim Assumpção; Oliveira, Rafael Carvalho Rezende.
Manual de Improbidade Administrativa)
2. Base legal
Constituição Federal de 1946 - art. 141, § 31, in fine, que dispunha do
sequestro de bens quando da pratica de atos contrários aos interesses da
administração.
“§ 31 - Não haverá pena de morte, de banimento, de confisco nem de caráter
perpétuo. São ressalvadas, quanto à pena de morte, as disposições da
legislação militar em tempo de guerra com país estrangeiro. A lei disporá
sobre o sequestro e o perdimento de bens, no caso de enriquecimento ilícito,
por influência ou com abuso de cargo ou função pública, ou de emprego em
entidade autárquica,”.
Lei nº 3.164/57 
Lei nº 3.502/58 
Art. 37, § 4º da CF/88
Lei nº 8.429/92
3. Sujeito passivo (art. 1º) x Sujeito ativo (art. 2º)
Administração Pública Direta e Indireta
Consórcios Públicos – Lei nº 11.107/05.
Empresa incorporada ao patrimônio público ou de
entidade cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de 50% do
patrimônio ou receita anual.
Entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.
Entidade cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinquenta
por cento do patrimônio ou da receita anual,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos
cofres públicos.
• Qualquer agente público (servidor ou 
não)
• Aquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a
prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta
ou indireta.
ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
IMPOSSIBILIDADE DE FIGURAR APENAS PARTICULARES NO
POLO PASSIVO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE AGENTE PÚBLICO.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. (REsp 1.171.017/PA, Rel.
Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 25/2/2014,
DJe 6/3/2014)
Erro técnico é passível de responder por improbidade?
Atuação de parlamentar? Imunidade material x LIA
Advogado Público?
Exigência de dolo
Independência de a tese ser majoritária ou minoritária, desde que 
fundamentada.
MS 24631/DF – Pareceres facultativos, obrigatórios e vinculativos. Não 
se tratava sobre licitações.
Pessoa jurídica pratica ato de improbidade administrativa?
No tocante a pessoa jurídica praticar ato de improbidade administrativa
pode mencionar que existe uma divergência com relação à extensão do
disposto no art. 3º da Lei nº 8.429/92.
Na corrente minoritária esta o Professor José dos Santos Carvalho Filho,
onde menciona não ser possível a condenação de pessoas jurídicas em
ato de improbidade pois dependeriam do elemento subjetivo (dolo)
para sua efetivação.
Em sentido contrário, a doutrina majoritária, Wallace Paiva Martins
Júnior, Juarez Freitas, entre outros defendem a possibilidade da
configuração do ato de improbidade por pessoa jurídica.
Prerrogativa de foro?
RECLAMAÇÃO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
COMPETÊNCIA. FORO PRIVILEGIADO. 1.- Na linha dos precedentes mais recentes desta
Corte, não existe foro privilegiado por prerrogativa de função para o processamento
e julgamento da ação civil pública de improbidade administrativa. 2.- Agravo
Regimental improvido. (STJ - AgRg na Rcl: 10330 RR 2012/0216867-7, Relator: Ministro
SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 06/08/2014, CE - CORTE ESPECIAL, Data de
Publicação: DJe 20/08/2014)
PROCESSO CIVIL. COMPETÊNCIA. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. A ação de
improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias ordinárias,
ainda que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado no âmbito
penal e nos crimes de responsabilidade. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg na
Rcl: 12514 MT 2013/0134663-0, Relator: Ministro ARI PARGENDLER, Data de
Julgamento: 16/09/2013, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 26/09/2013)
4. Atos de improbidade
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO (ART. 9º)
PREUJÍZO AO ERÁRIO PÚBLICO (ARTIGO 10)
Os atos que causam prejuízo ao erário público são os únicos puníveis mediante conduta culposa.
CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO (ART.
10-A)
Nova modalidade prevista pela LC nº 157/2016. Serão necessários dois requisitos: fixação da alíquota
do ISS inferior a 2% e concessão de benefício tributário e financeiro decorrente do desconto ilegal.
ATOS CONTRÁRIOS AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 11)
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ATO ÍMPROBO. ELEMENTO SUBJETIVO. DOLO
NÃO CARACTERIZADO. PRECEDENTES. [...] O Tribunal a quo decidiu de acordo com a jurisprudência desta Corte no
sentido de que "a caracterização do ato de improbidade por ofensa a princípios da administração pública exige a
demonstração do dolo lato sensu ou genérico. (STJ - AgRg no AREsp: 671207 DF 2015/0034206-9, Relator: Ministro
HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 05/11/2015, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
18/12/2015)
5. Penas 
Constituição Federal de 1988 – art. 37, § 4º:
perda da função pública;
suspensão dos direitos políticos;
ressarcimento ao erário público;
indisponibilidade dos bens.
“Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos
bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o
valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda
da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos,
pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida
pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qualseja sócio majoritário, pelo
prazo de três anos.
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes
o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016)
“Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos
só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente
poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à instrução processual”.
6. Prescrição – art. 23, Lei 8429/92
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do 
serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades 
referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei”.
Questão 1: Quando o servidor público efetivo ocupa cargo em comissão teria o prazo prescricional iniciado a partir de
qual data?
O STJ definiu (Resp 1.060.529/MG) que deverá ser aplicada a hipótese do inciso II, ou seja, aplicação do prazo
prescricional do cargo público efetivo, pois mesmo que tenha ocupado cargo em comissão não deixou de ser um
servidor efetivo.
Prescrição – art. 23, Lei 8429/92
Questão 2: O início da contagem no caso da reeleição, para o mesmo cargo, previsto art. 14, § 5º da CF, deverá ser
contado o prazo prescricional a partir do término do último mandato.
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO. ART. 23, I, DA
LEI 8.429/1992. REELEIÇÃO. TERMO INICIAL ENCERRAMENTO DO SEGUNDO MANDATO. 1. É firme a
jurisprudência do STJ, no sentido de se contar o prazo prescricional previsto no art. 23, I, da Lei 8.429/1992, nos
casos de reeleição, a partir do encerramento do segundo mandato, considerando a cessação do vínculo do agente
ímprobo com a Administração Pública. 2. Recursos especiais providos. (STJ - REsp: 1290824 MG 2011/0264860-8,
Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 19/11/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação:
DJe 29/11/2013)
IMPRESCRITIBILIDADE
RE 852.475 : “São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado
na Lei de Improbidade Administrativa”.
“Súmula 282: As ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são 
imprescritíveis”.
Impenhorabilidade da LIA
STJ: as regras de impenhorabilidade do CPC/15 aplicam-se a
indisponibilidade decretada nos termos do art. 7º da LIA
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a
autoridade administrativa responsável pelo inquérito
representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos
bens do indiciado.
STJ: são indisponíveis e, portanto, impenhoráveis, os saldos inferiores a
40 salários-mínimos depositados em caderneta de poupança e em
outras aplicações financeiras, desde que os valores não sejam produto
da conduta improba.

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