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AULA 4 NEUROCIENCIA DA LINGAGEM

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AULA 4 
NEUROCIÊNCIA DA 
LINGUAGEM 
Profª Tammy Ribeiro 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A posse da linguagem distingue os humanos de outros animais. É verdade 
que outros animais também se envolvem em comunicação vocal, como acontece 
com alguns tipos de macacos que têm a capacidade de transmitir algumas 
informações simples usando chamadas de alerta. No entanto, a comunicação 
vocal de tais animais carece da gramática complexa e da alta expressividade que 
caracterizam a linguagem humana. Por que apenas os humanos têm uma 
linguagem sofisticada? Essa é uma das questões centrais para entender a 
identidade humana. Nesta aula, exploramos a evolução da linguagem no contexto 
da evolução biológica dos traços fundamentais subjacentes à interação 
comunicativa. 
Desde os primeiros hominídeos que realizavam uma comunicação por meio 
de uma protolinguagem, que estava longe de ser considerada como linguagem, 
até o momento em que, juntamente com a explosão tecnológica, constatada pelos 
paleontólogos, surgem evidências de produções humanas que somente poderiam 
ter se realizado mediante a capacidade da linguagem. 
Juntam-se a isso as teorias que compreendem o desenvolvimento 
linguístico da criança pequena, com a evolução linguística da espécie, trazendo o 
entendimento de que tal quais os ancestrais humanos, as crianças precisam 
passar por etapas para conseguir alcançar a capacidade linguística. 
Diante disso, começamos nosso estudo, nesta aula, buscando 
compreender como evoluiu a linguagem humana, desde os ancestrais comuns 
dos humanos até os dias de hoje, e ao mesmo tempo fazendo comparações entre 
a comunicação humana e de outros animais. 
Em seguida, partimos para uma discussão sobre a filogênese da linguagem 
humana, buscando um paralelo com sua ontogênese. Logo após, buscamos 
compreender como funcionam os mecanismos da linguagem no homem, para 
posteriormente fazermos um paralelo, objetivando entender como os mecanismos 
motores estão atrelados à aquisição da linguagem pela criança pequena. 
Por fim, fazemos um estudo sobre os mecanismos da função ideacionária 
da linguagem, procurando compreender como essa função influencia na vida das 
pessoas. 
 
 
 
3 
CONTEXTUALIZANDO 
A linguagem é uma das propriedades humanas que são extensamente 
estudadas ultimamente e, com o avanço da tecnologia, têm aumentado os estudos 
e resultados sobre como essa propriedade humana tem surgido nos homens e 
como ela se processa. 
Uma das vertentes científicas que busca compreender como a linguagem 
surge no ser humano está ligada a estudos sobre como viveram seus ancestrais. 
Ciências como a paleontologia, arqueologia, estudos pré-históricos buscam 
entender em que ponto da história o homem se torna homem utilizando-se da 
linguagem. Comumente, esses estudos são chamados de filogenéticos. 
Outro estudo importante que tem crescido nos últimos anos é o estudo da 
ontogenia, que busca fazer um paralelo entre o desenvolvimento da criança 
pequena e da evolução da espécie. Tudo isso na busca de compreender como a 
propriedade humana da linguagem tem se desenvolvido no ser humano. 
TEMA 1 – COMPREENDENDO A EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM HUMANA 
Por vários séculos tem se especulado sobre a evolução da linguagem no ser 
humano. Como estudamos em aulas anteriores, essa área de estudo não é tão fácil 
de ser estudada, tendo em vista que muito raramente existem evidências diretas. 
Normalmente, os estudiosos dessa área do saber realizam suas pesquisas 
buscando deduções em outras formas de evidências, como é o caso das evidências 
arqueológicas, da busca de informações nos fósseis, nos estudos das lesões 
cerebrais e suas causas nos processos comunicativos humanos e também pelos 
estudos da comunicação realizada pelos homens em comparação com os sistemas 
comunicacionais de outros animais como o dos primatas, primos próximos do ser 
humano na escala evolutiva. 
Segundo Seyfarth e Cheney (2017), alguns grupos de animais têm algo que 
à primeira vista parece se assemelhar a um vocabulário primitivo, como é o caso 
de algumas espécies de macacos que possuem um pequeno conjunto de 
chamadas de alarme distintas, cada uma produzida em resposta a um predador 
diferente. Nesse caso, podemos apresentar como exemplo o Chlorocebus 
pygerythrus, espécie de macaco que tem sons bem conhecidos para predadores 
como águia, leopardo e cobra. 
 
 
4 
Podemos utilizar como exemplo, também, as galinhas, que, além de ter sons 
de alarme distintos para diferentes predadores, um sistema tão sofisticado quanto 
o dos macacos, têm, ainda, alguns sons específicos para informar sobre alguns 
tipos de alimentos. Outro animalzinho que utiliza sistema de comunicação parecido 
com os aqui apresentados é o cão da pradaria, animal roedor que emprega, talvez, 
o sistema mais sofisticado de sons de alarme de animais (Gibson, 2012). 
Mamíferos empregam um extensivo processo comunicativo entre os de sua 
espécie, normalmente utilizando sons, mas também se valendo de outros artifícios 
como a exibição visual, mensagens químicas e até comunicação tátil. Para Burling 
(2011), nós, humanos, não somos exceção: nosso antigo sistema de comunicação 
primata engloba muitos sinais não verbais, incluindo risos, choro, sorrisos, gritos de 
dor e posturas de agressão ou apaziguamento. 
Buscando uma comparação entre a linguagem humana e os sistemas de 
comunicação de alguns primatas, Gibson (2012) e Knight e Power (2012), afirmam 
que, embora todas as espécies de grandes símios tenham capacidades mentais e 
comunicativas suficientes para usar protolinguagens rudimentares, nenhum o faz 
na natureza. Assim, segundos essas autoras, a protolinguagem quase com certeza 
data de um período subsequente à separação filogenética hominina de chimpanzés 
e bonobos, por volta de 5 a 8 milhões de anos atrás, no período geológico chamado 
Mioceno. 
Segundo Wood e Bauernfeind (2012), a linguagem é uma inovação nos 
homininis, tribo de primatas hominídeos, antepassado comum dos homens e 
chimpanzés. Embora um número de hominídeos e possíveis fósseis de hominídeos 
datem do longo período que dura de 2 a 7 milhões de anos, não sabemos com 
certeza se algum desses primeiros hominídeos, como o Paranthropus, o 
Ardipithecus, o Australopithecus ou o Homo habilis eram nossos ancestrais diretos 
e, muito menos, podemos dizer se algum desses homininis tinha alguma forma de 
protolinguagem ou qualquer coisa que reconheceríamos como fala. Se o fizeram, 
não há como saber com base na anatomia dos fósseis, mas se sabe que a maioria 
das espécies tinha tamanhos de cérebro um pouco maiores que os macacos e 
possuíam o osso hioide. 
Diante disso, é perceptível que quase todos os australopitecinos e formas 
primitivas do gênero Homo fizeram avanços definidos na direção de adaptações 
semelhantes às humanas. Há claras evidências de que, por volta de 2.6 milhões de 
anos atrás, esses ancestrais já fabricavam ferramentas de pedras afiadas que eram 
 
 
5 
usadas para cortar carne e tendões. Achados paleontológicos de ossos longos e 
crânios indicam que alguns artefatos ancestrais em formato de martelo foram 
usados ainda mais cedo e que possíveis marcas de corte nos ossos sugerem que 
ferramentas de pedra fabricadas ou com bordas afiadas também podem ter sido 
usadas antes de 3 milhões de anos atrás (McPherron et al. 2010). 
Embora a maioria mantivesse algumas adaptações para um estilo de vida 
arbóreo, como é o caso dos macacos, todas também eram bípedes em algum grau. 
O bipedismo é uma característica frequentemente formulada para servir como uma 
pré-adaptação à laringe descendente que caracteriza os humanos modernos 
(MacLarnon, 2012). A maioriadesses hominídeos também apresentava dentes 
molares aumentados com camadas de esmalte mais espessas do que geralmente 
está presente nos macacos, sugerindo adaptações na dieta (Wood; Bauernfeind, 
2012). 
Segundo Whangham (2009), entre 2 e 4 milhões de anos atrás os 
hominídeos primitivos iniciaram sua longa jornada evolucionária em busca da 
adaptação alimentar, que acabou sendo caracterizada pela culinária e pela 
exploração de alimentos com alta densidade de nutrientes, que eram difíceis de 
adquirir pelas vias da caça ou da extração. 
Essas estratégias alimentares alteradas permitiram e foram acompanhadas 
por grandes mudanças na história de vida e na estrutura social. Por exemplo, os 
seres humanos são menos maduros no nascimento do que os macacos, têm um 
período mais longo de crescimento e maturação e vivem mais. Além disso, os 
adultos humanos, ao contrário dos adultos macacos, formam laços de 
compartilhamento de comida entre homens e mulheres. Possivelmente, essas 
dietas, história de vida e mudanças sociais desempenharam um papel na seleção 
de vários aspectos de protolinguagem, balbuciação ou fala (Falk, 2012; Locke, 
2012; Parker; Gibson 1979; Deacon, 1997; Hrdy, 2009). 
Segundo Ferreira et al. (2000, p. 189): 
O desenvolvimento de múltiplos processos gestuais, faciais e sonoro-
verbais, acompanhados de especializações hemisféricas elaboradas, já 
claramente presentes nos primatas inferiores, proporcionaram, ao longo 
da evolução, o surgimento da linguagem humana nos padrões que 
conhecemos e utilizamos atualmente. 
Todavia, é importante destacar que, mesmo diante de toda essa evolução 
compartilhada entre os hominídeos, nenhum desses sistemas de comunicação, 
incluindo a própria sinalização não verbal utilizada por estes, pode ser considerado 
 
 
6 
como linguagem. Esses sistemas, aqui citados, não podem combinar sinais para 
produzir novos significados, e, para a linguagem, essa propriedade é fundamental 
(Tallerman; Gibson, 2011). O princípio combinatório, explorado em diferentes níveis 
de organização, é um atributo crucial e distintivo da linguagem: 
A propriedade abrangente, compartilhada por nenhum outro sistema 
animal, é a produtividade aberta da linguagem: os seres humanos 
combinam sinais para produzir um conjunto infinito de significados 
distintos e incomparáveis, além de poder transmitir qualquer tópico que 
possa ser pensado, inclusive ausente, hipotético, e eventos e entidades 
fictícios, (Tallerman; Gibson, 2011, p. 2, tradução livre) 
Vários autores, entre estes Chomsky, acreditam que a linguagem somente 
tenha surgido no homem muito recentemente, por volta de 35 a 40 mil anos atrás, 
num período conhecido como o Paleolítico Superior. Como evidência dessa crença 
está o aumento massivo de sofisticação tecnológica constatado no registro 
arqueológico europeu. Essa tecnologia levou a ferramentas compostas, como 
arpões, lanças, lâminas de pedra, além de uma variedade maior de materiais 
utilizados, incluindo marfim, osso e chifre, bem como uma explosão em formas de 
arte, incluindo ornamentos pessoais, um aumento no uso de pigmentos, esculturas 
em vários materiais, pinturas rupestres, instrumentos musicais e outros, todos 
associados à cognição simbólica (Tattersall, 2010), necessidade básica para a 
existência da linguagem. 
TEMA 2 – DA FILOGÊNESE À ONTOGÊNESE DA LINGUAGEM 
A filogenia é uma área do saber que busca conhecer os conceitos de 
ancestralidade e descendência dentro de um processo evolutivo, baseado nas 
teorias de Darwin. Valendo-se de estudos morfológicos, moleculares, 
comportamentais, genéticos e outros, essa área de estudo considera hipóteses 
sobre as relações de ancestralidade entre as espécies, tendo em vista que todos 
os seres humanos tiveram um ancestral monocelular em comum. 
Quando se fala em seres humanos, a filogenia busca compreender as 
diferenças e semelhanças que estes têm com seus parentes genéticos próximos, 
os símios. 
Já a ontogenia, que tem por finalidade estudar os processos biológicos de 
desenvolvimento dos seres vivos, desde a fecundação até a vida adulta, busca 
compreender as transformações que ocorrem no organismo durante as etapas do 
seu desenvolvimento. Segundo Haeckel (1866), a ontologia seria determinada pela 
 
 
7 
filogenia, pois cada fase do desenvolvimento de uma pessoa representa uma das 
formas adultas que aparecem em sua história evolutiva, ou seja, do 
desenvolvimento embrionário à vida adulta, o homem repete as etapas do seu 
processo evolutivo. Diante disso, o autor ficou muito conhecido pela frase icônica: 
“A ontogenia recapitula a filogenia”. 
Diante disso, para compreender como os seres humanos adquiriram a 
linguagem, os estudiosos da filogenia buscam nos ancestrais próximos do Homo 
sapiens, com base em estudos anatômicos, comportamentais e outros, em que 
ponto da evolução esses indivíduos começaram a esboçar características próximas 
daqueles que são dotados de linguagem. 
Cruzando dados anatômicos e sociais adquiridos por pesquisas 
arqueológicas, pode-se notar que um processo lento e gradual de aumento do 
crânio a partir dos arcantropos proporcionou o desenvolvimento cerebral das 
regiões frontais inferiores e ampliou o crescimento em leque das regiões fronto-
têmporo-parietal, fundamentais aos mecanismos da linguagem em seus aspectos 
verbais, gestuais e motores (Ferreira et al., 2000). 
Ainda segundo Ferreira et al. (2000), nessa evolução, o crescimento das 
regiões frontais médias, particularmente o das regiões pré-centrais e dos giros 
frontal médio e inferior, possui grande importância nos mecanismos de expressão 
da linguagem. É importante destacar que o desenvolvimento dessas regiões ocorre 
num processo concomitante e associado, promovendo o crescimento neural 
simultâneo das áreas de linguagem, dos centros de planejamento motor complexo, 
área pré-motora e motora suplementar, e das áreas motoras da mão e da face 
localizadas no giro pré-central, em íntimo contato anatômico com as anteriores. Na 
análise do crânio do Australopithecus anamensis, nota-se, apesar de seu pequeno 
volume, uma base craniana e um forame magno já bastante próximos do padrão 
humano, demonstrando uma conexão entre tronco e medula e uma estrutura 
crânio-cervical, sede do aparelho fonador, bem próxima aos padrões morfológicos 
atuais. Tudo isso propiciando a organização da linguagem no homem (Ferreira et 
al., 2000). 
Para explicar como o homem conseguiu alcançar a capacidade da 
linguagem, atentar somente aos limites da biologia é insuficiente. Há que se buscar 
as origens da linguagem humana nas condições externas que os descendentes 
diretos dos humanos viveram. Um fator a ser observado é que as modificações 
cranianas, acompanhadas do crescimento da massa encefálica, principalmente 
 
 
8 
fronto-têmporo-parietal, possibilitaram o fabrico de ferramentas e outros produtos 
da indústria paleolítica, de grande interesse ao estudo neurofisiológico dos 
ancestrais do homem (Ferreira et al., 2000). 
Segundo Clarindo, Borela e Castro (2014), é na atividade do trabalho que as 
ações são designadas, e nesse processo nasce a linguagem. De início, toda 
relação da ação com a linguagem está intimamente ligada com o caráter prático 
dessa ação. O sentido dos sons e gestos dependia das situações práticas 
realizadas. Já Ferreira et. al. (2000) enfatizavam que o aumento significativo do 
número de instrumentos fabricados e sua padronização, pelo Homo erectus, por 
exemplo, é um fato de suma importância ao estudo da linguagem, pois indica a 
hipótese de transmissão dos conhecimentos e das técnicas de fabricação de 
instrumento, fato que somente é possível com a presença de uma linguagemeficiente. 
Do exposto, tem-se que, é na atividade humana fundamental, ou seja, o 
trabalho social, que se cria no homem a necessidade de se comunicar, 
assim a linguagem é um dos fatores decisivos para passagem da conduta 
instintiva animal do homem para a conduta consciente. (Clarindo; Borela; 
Castro, 2014) 
É consenso entre os estudiosos que o surgimento da linguagem no homem 
é concomitante ao avanço das técnicas de fabricação de instrumentos. Segundo 
Leroi-Gourhan (1990), é proposto por cientistas e estudiosos dos processos 
filogenéticos da linguagem humana que existe uma sintonia evolutiva entre as 
atividades de fabricação de objetos e a linguagem, o que permite inferir, pela 
análise dos utensílios fabricados pelos pré-hominídeos, que a linguagem, 
provavelmente, já se mostrava presente, de forma rudimentar, nos arcantropos 
mais primitivos. 
O nascimento da linguagem levou a que, progressivamente, fosse 
aparecendo todo um sistema de códigos que designava objetos e ações 
e suas relações. Finalmente, formaram-se códigos sintáticos complexos 
de frases inteiras, as quais podiam formular as formas complexas de 
alocução verbal. (Luria, 1986, p. 22). 
Em parte, compreendida essa evolução da linguagem humana, e 
comparando-a com o desenvolvimento da criança em relação à sua linguagem, 
estudiosos perceberam que há, em alguns pontos, uma equiparação entre estes. 
Segundo o linguista contemporâneo Derek Bickerton (1990), existe uma 
protolinguagem identificável que é compartilhada por macacos treinados e 
crianças. Essa protolinguagem equivale a uma concepção tradicional, porém 
 
 
9 
imprecisa, da sub-linguagem dos dois, um código telegráfico sem morfemas 
gramaticais, com base na ordem das palavras como dispositivo gramatical básico 
e expressando uma coleção de conceitos básicos pré-linguísticos. 
Para Montes (1971), essa primeira manifestação da linguagem na criança é 
o balbuciar, expressão não linguística que somente tem em comum com a língua 
os órgãos e as funções fisiológicas que são empregados para a produção do 
idioma. Para o autor, a criança, ao balbuciar, se torna consciente de suas 
possibilidades fonéticas e tem o prazer de usá-las sem função aparente que não 
seja puramente expressiva ou lúdica: 
Parece muito provável que o balbucio se constitua na imitação da forma 
linguística ouvida dos adultos, ou que pelo menos a linguagem destas, 
condicione, molde ou transforme, à sua imagem, o balbucio da criança. Se 
é assim, então fica claro que a “forma” é o primeiro parâmetro no 
aprendizado da língua. Mas se trata de uma forma elementar e rudimentar, 
bastante diferente do que é a “forma" de qualquer linguagem 
desenvolvida. Para que esta “forma” elementar se transforme na “forma” 
elaborada e estruturada da língua, é necessário que a criança penetre o 
conteúdo, em detrimento de distinguir um número cada vez maior de 
realidades. (Montes, 1971, p. 22, tradução livre) 
Balbuciar, com base nessa interpretação, é imitar, e imitação não pode ser 
considerada como linguagem, mas se apresenta como um primeiro passo para a 
aquisição processual da linguagem na criança. É nesse processo que a criança 
distingue as realidades que lhe são impostas e desenvolve progressivamente o 
núcleo de seu balbucio primitivo, adequando-o ao sistema fonológico de sua língua, 
à norma fonética de seu ambiente, mas para que isso possa acontecer, a mera 
imitação é insuficiente; é necessário que a criança se aproprie do conteúdo, ou 
seja, dos significados de cada palavra e é nesse ponto que surge a linguagem na 
criança. 
Ontogeneticamente falando, não há diferenças formais substantivas entre os 
enunciados de macacos treinados e a fala realizada por crianças pequenas. A 
evidência do balbucio poderia, portanto, ser tratada como consistente com a 
hipótese de que o desenvolvimento ontogenético da linguagem reproduz 
parcialmente seu desenvolvimento filogenético. Segundo Bickerton (1990, p. 115, 
tradução nossa), “A fala dos menores de dois anos assemelhava-se a um estágio 
no desenvolvimento da linha hominídea entre ancestrais remotos, sem palavras e 
ancestrais com línguas muito parecidas com as de hoje”. 
 
Saiba mais 
 
 
10 
Continuaremos a discutir nesta aula sobre como se processa a linguagem 
nas crianças pequenas, mas para que você compreenda melhor as discussões 
que aqui estão sendo feitas, sugerimos a leitura do texto a seguir: 
FERREIRA, R. G. F. et al. A filogênese da linguagem: novas abordagens e antigas 
questões. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 58, n. 1, p. 188-194, 2000. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-
282X2000000100030&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 14 jun. 2018. 
TEMA 3 – OS MECANISMOS DA LINGUAGEM NA CRIANÇA PEQUENA 
Embora demorado, é possível descrever os comportamentos que as 
crianças produzem quando adquirem a linguagem, isto é, o que as crianças fazem 
quando aprendem a língua. A tarefa mais difícil é descobrir como eles fazem isso. 
Muitas teorias foram oferecidas para explicar como as crianças aprendem a língua. 
Embora haja discordância nos detalhes, todos os relatos modernos aceitam o fato 
de que elas chegam ao aprendizado de idiomas preparadas para aprender. A 
discordância central está no que cada teoria leva a criança a ser preparada. 
A maioria delas adquire a linguagem com relativa facilidade e, em linhas 
gerais, adquire a linguagem de acordo com uma trajetória comum. No entanto, 
dentro das semelhanças notáveis que caracterizam o aprendizado de línguas em 
crianças, existem igualmente diferenças individuais na taxa e no tempo do 
crescimento léxico e sintático (Goldin-Meadow, 2015). 
Segundo Kuhl (2010), para entender melhor estas questões, a última década 
produziu avanços rápidos em técnicas não invasivas que examinam o 
processamento de linguagem em crianças pequenas, entre estas se incluem a 
eletroencefalografia; os potenciais relacionados a eventos; o 
magnetoencefalograma; a ressonância magnética funcional; e a espectroscopia de 
infravermelho, entre outras. 
Esses estudos cerebrais e comportamentais indicam um conjunto muito 
complexo de sistemas cerebrais em interação na aquisição inicial da linguagem, 
muitos dos quais parecem refletir o processamento da linguagem adulta, mesmo 
no início da infância. Na idade adulta, a linguagem é altamente modularizada, o que 
explica os padrões muito específicos de déficits de linguagem e danos cerebrais 
em pacientes adultos após acidente vascular cerebral (Dehaene-Lambertz et al., 
2006; Kuhl, 2010). 
 
 
11 
Diferentemente dos adultos, as crianças pequenas devem começar a vida 
com sistemas cerebrais que lhes permitam adquirir qualquer língua a que estejam 
expostos. Segundo Petitto e Marentette (1991), estes podem adquirir linguagem na 
condição de vocal-auditivo ou de código visual-manual, aproximadamente na 
mesma época da vida. 
As pesquisas ainda estão em estágio inicial de compreensão dos 
mecanismos cerebrais subjacentes à flexibilidade inicial dos bebês em relação à 
aquisição de linguagem, sua capacidade de adquirir linguagem por olho ou ouvido 
e adquirir uma ou mais línguas, além da redução dessa flexibilidade inicial, que 
ocorre com o avançar da idade, o que diminui drasticamente nossa capacidade de 
adquirir uma nova linguagem quando adultos (Newport, 1990). 
O cérebro infantil está primorosamente preparado para “decifrar o código da 
fala” de uma forma que o cérebro adulto não pode. Descobrir como isso acontece 
é um quebra-cabeça muito interessante. Uma verdade compartilhada pelos 
principais estudiosos da linguagem na infância é que a língua apresenta um período 
“crítico” para o aprendizado (Kuhl, 2010). Este período equivale aum espaço de 
tempo no desenvolvimento da criança, no qual ela está mais propensa ao 
aprendizado de qualquer língua, conseguido aprender até mais de uma língua 
simultaneamente, sem prejuízos. 
No domínio da linguagem, crianças pequenas são aprendizes superiores 
quando comparados aos adultos, apesar da superioridade cognitiva destes. Ainda 
assim, nem todos os aspectos da linguagem exibem as mesmas “janelas” críticas 
temporalmente definidas. Para Kuhl (2010, em tradução livre), 
O tempo de desenvolvimento dos períodos críticos para aprendizagem de 
níveis fonéticos, lexicais e sintáticos da linguagem variam, embora os 
estudos ainda não possam documentar o momento preciso em cada nível 
individual. Estudos indicam, por exemplo, que o período crítico para a 
aprendizagem fonética ocorre antes do final do primeiro ano, enquanto o 
aprendizado sintático floresce entre 18 e 36 meses de idade. O 
desenvolvimento de vocabulário “explode” aos 18 meses de idade, mas 
não parece ser tão restrito pela idade quanto outros aspectos da 
aprendizagem de línguas – é possível aprender novos itens de vocabulário 
em qualquer idade. 
Compreendendo o momento em que, normalmente, a aprendizagem da 
linguagem é mais forte, pais, educadores, cientistas podem agir de forma mais 
incisiva na busca de melhorar a vida futura das crianças. Hoje já se sabe que, nos 
primeiros anos de vida, crianças estão mais propensas a aprender mais de uma 
língua simultaneamente. Para Kuhl (2010), um dos objetivos das pesquisas futuras 
 
 
12 
será documentar a “abertura” e o “fechamento” de períodos críticos para todos os 
níveis de linguagem e entender como eles se sobrepõem e por que diferem. 
Toda criança desprovida de alguma deficiência tem em si a capacidade de 
aprender a expressar sua linguagem, seja com base em uma língua falada, gestual, 
seja por expressões faciais ou gesticulares, seja pela ausência de gestos ou até 
pelo silêncio, independentemente de ter ou não recebido grandes quantidades de 
estímulos externos, ou estímulos escassos. Porém, quanto mais experiências 
educativas essa criança tiver, melhor expressão essa terá em sua linguagem. 
TEMA 4 – RELAÇÃO ENTRE MECANISMOS MOTORES E A LINGUAGEM 
HUMANA 
Se o surgimento da linguagem nas crianças é um dos grandes 
acontecimentos da infância, sua condição para movimentar-se é bem anterior. Na 
atualidade existe um renovado interesse pela análise de como o movimento na 
criança se relaciona com outras dimensões do desenvolvimento, incluindo a 
linguagem. Nessa busca, vários autores chegaram ao ponto de defender uma 
origem motora para o desenvolvimento cognitivo, concedendo ao corpo um papel 
ativo no desenvolvimento da cognição humana e assumindo que nossas ações e 
movimentos são chave para este desenvolvimento (Gallagher, 2011; Iverson; 
Braddock, 2010; Borghi; Cimatti, 2010). 
Segundo Rocha (1999), a linguagem é, antes de mais nada, uma mímica 
motora que as vezes necessita da produção do som para ser vinculada a outros 
indivíduos. Azcoaga (et al., 1981) preconizava que os elementos comunicativos 
da linguagem resultam de uma atividade biológica. Muitas dessas atividades 
podem ser ditas inatas, como a mímica facial, por exemplo, sendo a maioria 
aprendida muito cedo e outras mais tardiamente com o contato social intenso. 
 A cada nova conquista motora, supõe-se uma intensa mudança na forma 
como a criança se relaciona e se comunica com seu entorno social e material. A 
capacidade motora exploratória das crianças pequenas é fundamental para seu 
futuro desenvolvimento, já que, segundo Bornstein, Hahn e Suwalsky (2013) 
permite prenunciar o rendimento acadêmico na adolescência, sendo que as 
informações e experiências que os pais oferecem aos seus filhos cada vez mais 
cedo aumentam as chances do rendimento cognitivo e motor futuro das crianças. 
Outra questão importante está na condição de que, antes de expressar a 
fala, a criança possui um pensamento pré-linguístico, que é caracterizado pela 
 
 
13 
seleção dos signos linguísticos, ou seja, palavras, que são capazes de exprimir o 
pensamento. O próprio cérebro seleciona também os padrões sensório-motores 
correspondentes à articulação verbal, mas, antes de falar, organiza o pensamento 
para que as ideias se juntem às ações motoras e as palavras sejam expressas 
com perfeição (Jakubovicz; Cupello, 2005). 
Outra linha de trabalho que analisa as relações entre motricidade e 
linguagem diz respeito aos estudos sobre a gesticulação infantil no 
desenvolvimento da linguagem e comunicação. Como resultado desses estudos, 
se constatou empiricamente que desde muito cedo as primeiras expressões 
verbais vêm acompanhadas de gestos com as mãos, braços e movimentos do 
corpo (Capone; McGregor, 2004). 
Vários estudos têm constatado que, de maneira muito natural, nas crianças 
pequenas, os movimentos rítmicos dos braços aumentavam com a aparição dos 
primeiros balbucios, o que levou os estudiosos a considerar que ambas as 
atividades compartilhavam propriedades similares e que os movimentos das mãos 
e dos braços se convertiam em uma forma de consolidar o efeito de seus 
balbucios para obter retroalimentações sociais que buscavam balbucios (Iverson 
et al., 2007). 
Inclusive, para alguns pesquisadores, essas habilidades motoras que 
ocorrem nos primeiros anos podem predizer melhor capacidade comunicativa 
posterior que as próprias habilidades comunicativas prematuras, assumindo a 
teoria de que conhecer a variedade de habilidades motores cada vez mais cedo é 
muito útil para compreender o desenvolvimento posterior da linguagem e da 
comunicação (Leonard; Hill, 2014). 
TEMA 5 – MECANISMOS IDEACIONAIS DA LINGUAGEM 
A metafunção ideacional está sobre o mundo natural no sentido mais 
amplo, incluindo nossa própria consciência, e se preocupa com cláusulas como 
as representações. 
Entende-se que a linguagem se desenvolveu com o propósito fundamental 
de satisfazer as necessidades de comunicação humana, isto é, de possibilitar ao 
homem a produção e troca de significados, isso porque não interagimos somente 
com o intuito de trocar sons, palavras ou sentenças (Santos, 2014). 
Para Halliday (1978), todo e qualquer uso que fazemos do sistema 
linguístico é funcional relativamente às nossas necessidades de convivência em 
 
 
14 
sociedade. Ao usarmos a linguagem, fazemos uma série de escolhas dentre as 
possibilidades que o sistema linguístico disponibiliza. Assim, precisamos 
desenvolver nossa consciência sobre os significados que as palavras e suas 
combinações em textos geram para alcançarmos efetivamente nossos propósitos 
em contextos específicos. 
Halliday (1978) ainda propõe que há uma multifuncionalidade no completo 
uso da língua. Para o autor, nas práticas comunicativas humanas a linguagem 
desempenha simultaneamente três metafunções básicas, que são: a produção de 
significados ideacionais, interpessoais e textuais, ou seja, os componentes 
linguísticos de uma mesma oração podem ser interpretados sobre diferentes 
enfoques. Para esse autor, essas metafunções não funcionam isoladamente, mas 
se integram e interagem entre si, na construção do texto, conferindo-lhes um 
caráter multifuncional (Halliday, 1978). 
Além disso, essas metafunções se refletem na estrutura da oração e se 
relacionam diretamente com a léxico-gramática de uma língua. Nesse ponto, os 
significados ideacionais são construídos com base na ideia de como 
representamos nossa experiência na linguagem, visto que estamos sempre 
falando sobre alguma coisa ou sobre alguém fazendo alguma coisa (Santos, 
2014). 
Em uma perspectiva sistêmico-funcional da linguagem, a realização do 
significado ocorre dentro da oração.Consequentemente, tal perspectiva oferece 
uma gramática da oração que, dentro da dimensão ideacional do significado, 
compreende a “oração como representação”, a linguagem sendo usada para 
descrever a experiência humana, uma corrente de eventos ou acontecimentos. A 
metafunção ideacional é distinguida em dois componentes: o experiencial – 
relacionado com as opções dentro de um sistema de transitividade – e o lógico– 
relacionado com as inter-relações das orações que estão amparadas pelos 
processos (Halliday; Mathiessen, 2004). 
Na perspectiva experiencial, manifestamos nosso conhecimento de mundo 
no texto, o conhecimento das ideias. Assim, a metafunção ideacional da léxico-
gramática organiza as ideias do indivíduo e as representam. As representações 
dos significados ideacionais estão sempre envolvidas com os construtos sociais e 
culturais e são realizadas por um sistema gramatical. Nesse viés, a linguagem 
reflete nossa visão de mundo como um construto de acontecimentos (processos) 
que envolvem entidades (participantes) com um pano de fundo de detalhes de 
 
 
15 
tempo, lugar, modo etc. (circunstâncias). Assim, os grupos verbais, nominais e 
preposicionais são os constituintes das orações respectivamente aos processos, 
participantes e circunstâncias (Santos, 2014). 
Halliday e Matthiessen (2004) propõem um sistema de transitividade da 
língua para ordenar e representar nossas experiências, o qual apresenta uma 
condição de entrada, chamada de experiencial, permitindo, para a representação 
de um fragmento da experiência, a escolha de um dos seis processos disponíveis 
(verbal, mental, comportamental, material, existencial ou relacional). Para os 
linguistas, a dimensão ideacional do significado permite ao leitor levantar questões 
sobre quem está agindo, que tipos de ações estão sendo empreendidas e quem 
ou o que está de acordo (Santos, 2014). 
FINALIZANDO 
Muitas são as vertentes que devem ser consideradas quando se estudam os 
complexos mecanismos inerentes à aquisição da linguagem nos seres humanos, 
quando ainda são pequenos. Estudá-las não é fácil, porém não é impossível. 
É importante compreender como o desenvolvimento da linguagem na 
criança está atrelado à evolução da linguagem na espécie humana. Cada 
mecanismo cerebral e motor realizado pelos pequeninos tem uma história no 
processo evolutivo da humanidade, e isso deve ser considerado nos estudos de 
como a criança adquire sua linguagem. 
Estudar sobre esses assuntos é imprescindível para aqueles que buscam 
compreender como a criança apreende sua linguagem e se relaciona com o mundo 
à sua volta. 
 
 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
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