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v0.00% Associação de Moradores do Conjunto dos Professores da UFRN Conselho Comunitário de Cooperação da Defesa Social – CCCDS - Capim Macio I Vizinhança Solidária Projeto de Polícia de Proximidade (interativa). Implementação do Projeto de Polícia Comunitária com Videomonitoramento Colaborativo em Capim Macio I (esse trabalho foi anexado ao PLANESP1) Natal/RN 2019 1PLANESP. PLANO ESTRATÉGICO DO SISTEMA ESTADUAL DA SEGURANÇA PÚBLICA CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 1 Autor: 2º Sargento Policial Militar Janildo da Silva Arante 2 Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo Trabalho elaborado a partir do estudo de caso análise feito através de observações cotidianas no que tange à Polícia de Proximidade nos bairros da Zona Sul de Natal, área de atuação do 5º BPM, ator público responsável pelo policiamento ostensivo da Zona Sul de Natal. A aplicabilidade em Capim Macio vai depender da aprovação popular. Natal – RN 2019 2Janildo da Silva Arante, 2º Sargento QPMP-0 - PMRN, é formado em Matemática Licenciatura Plena pela UFRN e pós-graduando em Polícia Comunitária (UNYLEYA) e em Criminologia (Faculdade Futura). Possui diversos cursos na área de Segurança Pública. Já ministrou, junto ao CFAPM (CFS e CAS), além dessa Polícia de Proximidade (CAS 2019.2), as disciplinas de Estatística Aplicada à segurança Pública (CFS - CFAPM), Sistema e Gestão em Segurança Pública (CAS), Polícia Comunitária (CAS), Polícia Interativa (CAS – Nova Cruz), Fundamentos da Gestão Pública Aplicados à Segurança Pública (CFS – Nova Cruz), Sistemas de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária (CFS – CFAPM e Nova Cruz) e Didática Aplicada à segurança Pública (CFS - CFAPM). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 2 v0.00% Associação de Moradores do Conjunto dos Professores da UFRN Conselho Comunitário de Cooperação da Defesa Social – CCCDS - Capim Macio I PROJETO PARA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍCIA DE PROXIMIDADE NA ÁREA DE CAPIM MACIO I (CONJUNTOS: CIDADE JARDIM, VILLAGE DOS MARES E DOS PROFESSORES DAS UFRN) Comissão responsável pela elaboração do Projeto: Professor Janildo da Silva Arante - 1º SECRETÁRIO DO CCCDS (Autor) Membro da Comissão Fátima Rafael Maciel - PRESIDENTE DO CCCDS Membro da Comissão Marco Antônio Fonseca Jorge – VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO FISCAL Membro da Comissão Gustavo Ribeiro Júnior (Guga)- VICE-PRESIDENTE DO CCCDS Membro da Comissão Tuca - PRESIDENTE DO CONSELHO FISCAL Membro da Comissão Jorian Matias da Silva - 2º SECRETÁRIO DO CCCDS Membro da Comissão CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 3 1. APRESENTAÇÃO Esta obra foi idealizada por um grupo formado em reuniões realizadas nas Comunidades de Capim Macio I (Conjunto dos Professores da UFRN – Village dos Mares e Cidade Jardim). A partir dessas reuniões foram traçadas as metas de implantação estadual de polícia de proximidade. Nesses encontros lançamos mãos de metodologias e técnicas de ensino como o brainstorming/brainwriting (utilizados para gerar novas ideias, buscar soluções para um determinado problema. Todas as ideias surgidas devem ser registradas, a seguir categorizadas e analisadas com o auxílio de um coordenador. Ao final, o grupo toma as decisões para a resolução do problema) , Estudo de casos [técnica que compreende a discussão em pequenos grupos de casos verídicos ou baseados em fatos relacionados a situações que farão parte do cotidiano da área de segurança pública. Os casos deverão vir acompanhados do máximo de informações pertinentes para que o estudante possa analisá- los (caso análise – no nosso caso específico escolhemos por unanimidade o projeto Comunidade Segura: Batalhão participativo da comunidade de Morro Branco e, por que não, o Policiamento de Proximidade utilizado pelo 5º BPM) ou apresentar possíveis soluções (caso problema). Esta técnica permite que os estudantes analisem a situação apresentada e apliquem os conhecimentos aprendidos], a Abordagem estrutural, policiamento orientado por problemas (a resolução de problemas deve se basear na análise de causas estruturais, na consideração de todos os fatores subjacentes e nos meios disponíveis de criação de segurança), Painel de discussão (caracteriza-se pela apresentação de especialistas que expõem a sua visão sobre determinado tema a ser debatido. Pode ser coordenado por um moderador que controlará o tempo de exposição e de debate e organizará a síntese dos pontos abordados no painel) e Discussões em grupos (apresentação de um tema a ser discutido a cada grupo). Ao final do tempo estipulado, os grupos apresentam a síntese da discussão, a partir desses artifícios pedagógicos ficamos de elaborar esse relatório que abrange as atividades de Polícia Interativa na Zona Sul de Natal. INTERAÇÃO Para uma boa interação com a comunidade o policial militar tem de participar de cursos de extensão para que possa atender melhor a população. Segundo o Portal do Governo do Estado do Ceará: O tenente-coronel Castelo Branco, que atualmente é comandante do 5° Batalhão da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, foi a Fortaleza para participar do Seminário Internacional promovido pela AESP3. O oficial, que já desenvolve ações de polícia comunitária em sua unidade, conta que esta é uma oportunidade única de trocar experiências e ampliar seus conhecimentos. “O objetivo principal é adquirir conhecimento, conhecer as experiências do Japão e do Ceará, que já são referências. Eu creio que a polícia comunitária é o futuro, eu tenho dito ao meu efetivo que a gente não trabalha por produtividade e sim pelo grau de satisfação que a comunidade recebe dos nossos serviços. Claro que a pronta resposta tem que ser dada, a força reativa tem que ser utilizada, mas, o contato principal com a comunidade, saber o que a comunidade está passando, interagir é fundamental e eu desejo que não seja uma tendência não só no Ceará ou no Rio Grande do Norte, mas em todo Brasil”, declarou o policial potiguar. FÓRUM PERMANENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA: Policiamento Comunitário e Estratégias de Segurança Pública do Ceará são temas de Seminário Internacional. Disponível em:<https://www.aesp.ce.gov.br/2019/08/12/policiamento- comunitario-e-estrategias-de-seguranca-publica-do-ceara-sao-temas-de- seminario-internacional/ >. Acesso em 01 out 2019. Filosofia de Polícia Comunitária (Interativa ou de Proximidade) A filosofia de polícia comunitária vem ganhando força ao redor do mundo, a ideia de aproximação do policial com a comunidade vem produzindo resultados positivos nas regiões onde é aplicada e se mostra uma importante ferramenta dos órgãos de segurança na estratégia contra o crime. Dessa forma, considerando-se um assunto de relevante importância para a preservação da ordem pública, o tema deve ser constantemente desenvolvido nos debates sobre estratégias de segurança pública. O problema é consequência do aumento exagerado nos níveis de violência e criminalidade no país, que, por certo, reflete em toda comunidade. O Estado, através de seus órgãos, não pode ficar inerte a tal situação. No entanto, deve compreender que o controle da criminalidade não pode mais ficar 3Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 4 restrito as ações repressivas da polícia. Mais que realizar o policiamento ostensivo, deve-se buscar entender as circunstâncias diretasdo problema, para então poder efetivar ações sobre as causas. O Modelo Interativo de Polícia (A Polícia Interativa ou de proximidade) ostenta-se como um serviço completo de policiamento (proativo/preventivo e repressivo/reativo), através da parceria com as comunidades; na identificação, priorização e resolução de problemas de segurança pública e outros. O policiamento interativo baseia-se numa filosofia inovadora no campo da Segurança Pública, onde as comunidades participam da elaboração das políticas voltadas para as ações policiais, através da visão preventiva, junto aos órgãos oficiais da Polícia, de maneira permanente e organizada. (Adaptado de TROJANOWICZ, BUCQUEROUX;1994) Deve ser implementado de forma descentralizada e personalizada, buscando a participação comunitária por meio de discussões, informações, sugestões e críticas. Seu objetivo principal pauta-se na melhoria da qualidade de vida de todo o grupo social, através da diminuição dos índices de criminalidade. Devem ser abolidos os sectarismos sociais e econômicos. OS DEZ PRINCÍPIOS DA POLÍCIA COMUNITÁRIA Para uma implantação do sistema de Policiamento Comunitário é necessário que todos na instituição conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente e com total honestidade de propósitos. Conforme Moreira (2005), estes princípios são universais e estão correlacionados aos mesmos fundamentos da atividade policial moderna; são eles: 1. Filosofia e Estratégia Organizacional - A base desta filosofia é a comunidade. Para direcionar seus esforços, a Polícia, em vez de buscar ideias preconcebidas, deve buscar, junto às comunidades, os anseios e as preocupações das mesmas, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurança; 2. Comprometimento da Organização com a concessão de poder à Comunidade - Dentro da comunidade, os cidadãos devem participar, como plenos parceiros da polícia, dos direitos e das responsabilidades envolvidas na identificação, priorização e solução dos problemas; 3. Policiamento Descentralizado e Personalizado - É necessário um policial plenamente envolvido com a comunidade, conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades; 4. Resolução Preventiva de Problemas a curto e a longo prazo - A ideia é que o policial não seja acionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência. Com isso, o número de chamadas do COPOM deve diminuir; 5. Ética, Legalidade, Responsabilidade e Confiança – O Policiamento Comunitário pressupõe um novo contrato entre a polícia e os cidadãos aos quais ela atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança mútua que devem existir; 6. Extensão do Mandato Policial - Cada policial passa a atuar como um chefe de polícia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de parâmetros rígidos de responsabilidade. O propósito, para que o Policial Comunitário possua o poder, é perguntar-se: - Isto está correto para a comunidade? - Isto está correto para a segurança da minha região? - Isto é ético e legal? - Isto é algo que estou disposto a me responsabilizar? - Isto é condizente com os valores da Corporação? Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, não peça permissão. Faça-o! 7. Ajuda às pessoas com Necessidades Específicas - Valorizar as vidas de pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, sem teto, etc. Isso deve ser um compromisso inalienável do Policial Comunitário; 8. Criatividade e apoio básico - Ter confiança nas pessoas que estão na linha de frente da atuação policial, confiar no seu discernimento, sabedoria, experiência e sobretudo na formação que recebeu. Isso propiciará abordagens mais criativas para os problemas contemporâneos da comunidade; 9. Mudança interna - O Policiamento Comunitário exige uma abordagem plenamente integrada, envolvendo toda a organização. É fundamental a reciclagem de seus cursos e respectivos currículos, bem como de todos os seus quadros de pessoal. É uma mudança que se projeta para 10 ou 15 anos; 10. Construção do Futuro - Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial descentralizado e personalizado, com endereço certo. A ordem não deve ser imposta de fora para dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como um recurso a ser Utilizado para ajudá-las a resolver problemas atuais de sua comunidade. OS DEZ PRINCÍPIOS DA POLÍCIA COMUNITÁRIA. Disponível em: <http://www.policiacomunitaria.ms.gov.br/principios-do-policiamento-comunitario/ >. Acesso em 02 out 2019. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Apresentar informações e ferramentas objetivas aos discentes a fim de viabilizar a prática do CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 5 Policiamento de Proximidade, bem como analisar os seus pontos fortes e avaliar a utilização de técnicas específicas que modifiquem a própria realidade e da comunidade em que se estar inserido. 2.2. Objetivos Específicos ➢ Aumentar a sensação de segurança na sociedade; ➢ Consolidar o policiamento preventivo mais eficiente, como u meio capaz de elevar a sensação de segurança da comunidade, bem como fortalecer a imagem da Policia Milita, tornando-a mais visível. ➢ Contribuir para o fortalecimento da imagem da Polícia Militar, tornando-a mais visível aos olhos da população, através das ações desenvolvidas por um policiamento comunitário eficiente, eficaz e efetivo, capaz de elevar a sensação de segurança da comunidade. ➢ Desenvolver ações de responsabilidades sociais, em parceria com os demais órgãos públicos do estado e município, que visem diminuir os índices de violência. ➢ Desenvolver ações educativas que visem a consolidação da doutrina de Polícia Comunitária e de gestão de pessoas, envolvendo o público interno e externo. ➢ Diminuir os índices de criminalidade nas regiões atendidas pelo policiamento. ➢ Empregar recursos tecnológicos avançados para a captura de áudio e imagens que auxiliarão as forças policiais na preservação da ordem pública proporcionando mais segurança à população da Zona Sul de Natal. ➢ Envolver todos os segmentos organizados da sociedade e o povo em geral na construção da segurança pública: “ (…) dever do Estado, direito e responsabilidade de todos...”. Conscientizar o Policial Militar como um agente prestador de serviço público de segurança comunitária que prioriza a qualidade, e não como mero integrante de uma força pública da repressão organizada. ➢ Estabelecer parcerias com a Comunidade acadêmica visando ampliar às oportunidades de cursos de formação para os colaboradores da polícia militar do Rio Grande do Norte; ➢ Estimular a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública, com o objetivo de elevar o grau de comprometimento do Cidadão-Policial e do Cidadão-cliente, nas questões de Segurança Pública, de forma a estabelecer um relacionamento íntimo e efetivo, suficientemente capaz de auxiliar nas soluções compartilhadas dos problemas. ➢ Garantir o bem comum acima de todos os interesses particulares ou de classes, sem discriminação de qualquer ordem; ➢ Incrementar a mentalidade de uma polícia cidadã; ➢ Inserir os princípios de qualidade e produtividade, de maneira coerente, na prestação do serviço policial. O cidadão como cliente da Polícia Militar; ➢ Melhorar a imagem da Polícia Militar, baseada na credibilidade em seus profissionais e serviços; ➢ Priorizar as ações de caráter preventivo enfatizando as ações educativas (preditivas). ➢ Promover a aproximação recíproca entre a sociedade e a Polícia; Interação permanente e organizada com os vários segmentos da sociedade; ➢ Promover a Descentralização do poder e das responsabilidades da Segurança Pública entre os policiaise as comunidades; ➢ Promover a melhoria da qualidade de vida na sociedade; ➢ Promover o respeito e promoção de todos direitos do ser humano/cidadão 3. A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira4 “Numa sociedade democrática, a responsabilidade pela manutenção da Paz e a observância da Lei da Comunidade, não é somente da Polícia. É necessário uma polícia bem treinada, mas o seu papel é o de complementar e ajudar os esforços da comunidade, não de substituí-los”. Patrick V. Murphy P olicial Comunitário no Japão O P olicial Japonês O P olicial Comunitário P oliciais de um KOBAN no patrulhamento, visitas rotineiras a residências, atividades c omunitárias e reuniões com a comunidade A E xpansão da Id e ia, Sua Aplicabilidade e viabilidade em São Paulo 4Miguel Libório Cavalcante Neto. (Major PM – Polícia Militar do Estado de São Paulo). Possui mestrado em Ciências Policiais de Segurança, Ordem Pública e Defesa Civil realizado no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores em 1996 (Curso de aperfeiçoamento de Oficiais - Polícia Militar do Estado de São Paulo - Comando Geral) ( e doutorado em Ciências Policiais de Segurança, Ordem Pública e Defesa Civil realizado no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores em 1998 (Curso Superior de Polícia - CSP - Polícia Militar do Estado de São Paulo - Comando Geral). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 6 Possuindo características de um Estado moderno, com um alto grau de participação social, muito diferente do modelo brasileiro, o Japão possui um sistema de policiamento fardado baseado na estrutura da Polícia Nacional Japonesa. Desenvolve um dos processos mais antigos de policiamento comunitário no mundo (criado em 1879), montado numa ampla rede de postos policiais, num total de 15.000 em todo o país, denominados KOBANS E CHUZAISHOS. A estrutura básica voltada à prevenção do crime tem seu alicerce de sustentação focado no policiamento comunitário fardado da Polícia Nacional do Japão, através do qual a vida pacífica e calma da comunidade é mantida pelo sistema “Koban”, montada numa ampla rede de postos policiais, num total superior a 15.000 em todo o país. Só na cidade de Tóquio tem aproximadamente 1000 “Kobans” e 240 “Chuzaishos”. O Chuzaisho5 (um local onde o policial reside e trabalha) localiza-se normalmente nos bairros residenciais e conta atualmente com mais de 8.500 postos nesta modalidade; É uma casa que serve de posto policial 24 horas, onde o policial reside com seus familiares, e na sua ausência a esposa atende aqueles que procuram o posto. O Koban6, por sua vez, localiza-se normalmente nos locais onde haja grande fluxo de pessoas, como zonas comerciais, turísticas, de serviço, próximo às estações de metrô, etc., sendo que, nesse tipo de posto trabalham equipes compostas por 03 ou mais policiais, conforme o fluxo de pessoas na área delimitada como circunscrição do posto, funcionando 24 horas por dia, existindo atualmente mais de 6.500 Kobans em todo o país. POLICIAL COMUNITÁRIO NO JAPÃO Para se ter uma avaliação da importância dada ao sistema de policiamento comunitário fardado no Japão, a partir de 1998 o efetivo policial passou a contar com 263.600 pessoas , sendo: Agência Nacional de Polícia com 7.600 pessoas (1.400 policiais; 900 Guardas Imperial e 5.300 funcionários civis). 47 Províncias ( como se fossem Estados ) com 256.000 pessoas (226.000 policiais e 30.000 funcionários civis). Dos 226.000 policiais, cerca de 40% estão destinados ao policiamento comunitário fardado, sendo que, destes, 65% estão prestando serviços nos Kobans e Chuzaishos, 20% no policiamento motorizado e 15% no serviço administrativo do Sistema, incluindo o staff de comando, sistema de atendimento e despacho de viaturas para ocorrências e comunicação como um todo. O POLICIAL JAPONÊS O Policial japonês através de suas atitudes demonstra claramente sua formação cultural, ou seja, extremamente educado, polido e disciplinado, cumprindo integralmente suas obrigações com determinação e zelo. Possuindo, no mínimo, formação de 2º grau e até mesmo universitária, sentindo-se perfeitamente à vontade quando da utilização dos mais avançados recursos tecnológicos, na área de comunicações e informática, o que aliado a sua formação técnica policial lhe possibilita alcançar resultados positivos em seu serviço, agindo na maior parte das vezes isoladamente. O Juramento do Policial Como membro da Polícia, eu aqui prometo: - Servir a nação e a sociedade com orgulho e um firme sentido de missão. - Prestar o devido respeito aos direitos humanos e realizar minhas obrigações com justiça e gentileza. - Manter estreita disciplina e trabalhar com o máximo de cooperação. - Desenvolver meu caráter e a capacidade para minha autorrealização. - Manter uma vida honesta e estável. O POLICIAL COMUNITÁRIO O Policiamento Comunitário é o centro das atividades policiais de segurança no Japão. 40% do efetivo da polícia é destinado ao Policiamento Comunitário. Os outros 60% estão exercendo suas funções em atividades administrativas, investigações criminais, segurança interna, escolas, bombeiros, trânsito, informações e comunicações, bem como para a Guarda Imperial. A importância dada ao Policiamento Comunitário pela Polícia Japonesa a qual é seguida à risca, se deve a algumas premissas tidas como imprescindíveis: 5No Japão, existem os “chuzaishos”, que se localizam normalmente em bairros residenciais. É uma casa que serve de posto policial 24 horas, onde o policial reside com seus familiares. 6A kōban é um modelo de posto policial japonês, que remonta ao século XIX. É a base física da estrutura de polícia comunitária no Japão, adotado por diversos países, entre eles: Estados Unidos, Taiwan, Brasil e Coreia do Sul. Nestes pequenos postos urbanos, trabalham entre três a quatro oficiais de polícia, que agem preventivamente aconselhando a comunidade local sobre criminalidade, visitando domicílios habitados por pessoas que carecem de atenção especial e fomentando reuniões com os mais velhos e as lideranças da comunidade. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 7 a) a impossibilidade de investigar todos os crimes pressupõe um investimento de recursos na prevenção de crimes e acidentes, para aumentar a confiança da população nas leis e na polícia. b) impedir o acontecimento de crimes e acidentes é muito mais importante do que prender criminosos e socorrer vítimas acidentadas. c) a polícia deve ser levada aonde está o problema, para manter uma resposta imediata e efetiva aos incidentes criminosos individuais e às emergências, com o objetivo de explorar novas iniciativas preventivas, visando a resolução do problema antes de que eles ocorram ou se tornem graves. Para tanto descentralizar é a solução, sendo que os maiores e melhores recursos da polícia devem estar alocados na linha de frente dos acontecimentos. d) as atividades junto às diversas comunidades e o estreitamento de relações polícia e comunidade, além de incutir no policial a certeza de ser um “mini-chefe” de polícia descentralizado em patrulhamento constante, gozando de autonomia e liberdade de trabalhar como solucionador dos problemas da comunidade, também é a garantia de segurança e paz para a comunidade e para o seu próprio trabalho. Seguindo estas ideias básicas, a Polícia Japonesa descentralizou territorialmente suas bases de segurança em mais de 15.000 bases comunitárias de segurança, denominados Koban ou Chuzaisho, funcionando nas 24 horas do dia. Os Kobans e os Chuzaishos são construídos pelasprefeituras das cidades onde estão localizados, responsabilizando-se também pela manutenção do prédio, pagamento da água, luz, gás, etc. O critério para sua instalação e localização é puramente técnico e é estabelecido pela Polícia de tal forma que garanta o atendimento cuidadoso e atencioso às pessoas que procurem a polícia. Estes postos policiais (Kobans e Chuzaishos) estão subordinados aos “Police Stations”. Chuzaisho: Instalação e Funcionamento O policial é instalado numa casa, juntamente a sua família. Esta casa, fornecida pela Prefeitura, é considerada um posto policial, existindo mais de 8.500 em todo o Japão; cada Chuzaisho está vinculado diretamente a um “Police Station” (Cia) do distrito policial onde atua. O policial trabalha no horário de expediente, executando suas rondas fardado. Na ausência do policial, sua esposa auxiliará em suas atividades, atendendo ao rádio, telefone, telex e as pessoas, sem que, para isso, seja considerada funcionária do Estado, mas essa sua atividade possibilita ao marido policial o recebimento de uma vantagem salarial. Quanto aos gastos com energia, água, gás e a manutenção do prédio ficam a cargo da prefeitura da cidade onde o posto está localizado. Koban: Instalação e Funcionamento Os Kobans, em número superior a 6.500 em todo o Japão, estão instalados em áreas de maior necessidade policial (critério técnico). Os Kobans são construídos em dimensões racionais, em dois ou mais pavimentos, com uma sala para o atendimento ao público, com todos os recursos de comunicações e informática, além de compartimentos destinados ao alojamento (com camas e armários), cozinha, dispensa e depósito de materiais de escritório, segurança, primeiros socorros, etc. No Koban, trabalham equipes compostas por 03 ou mais policiais, conforme seu grau de importância, cobrindo às 24 horas do dia em sistema de rodízio por turnos de 08, 12 ou até mesmo 24 horas, o que é mais comum. Há também reuniões com a comunidade, chamados conselhos comunitários (similar aos Conselhos Comunitários de Segurança – CONSEGs ou Conselhos Comunitários de Cooperação para a Defesa Social - CCCDSs), os quais se reúnem de 2 a 3 vezes por ano, isto porque, enquanto um ou mais problemas apresentados pela comunidade não forem solucionados, não se discute novos problemas, para evitar que um problema se acumule sobre outro e não se resolva nenhum. As atividades num Koban são intensas e existe uma rotina estabelecida, que varia de dia para dia e de acordo com a situação. Adaptado de: A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/codetica/codetica_diversos/pc_japao.htm >. Acesso em 02 out 2019. - atendimento às pessoas; - recebimento e transmissão de mensagens; - preenchimento de relatórios de serviço; - faxina e manutenção do material; - patrulhamento a pé, de bicicleta ou motocicleta nas áreas abrangidas pelo Koban; - visitas às residências, casas comerciais e escritórios de serviço; - visitas a pessoas idosas, escolas, etc. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 8 4. INTRODUÇÃO 4.1.PLANO NACIONAL DE POLÍCIA COMUNITÁRIA (PNPC) 4.1.1.CONCEITO Constitui-se o Plano Nacional de Polícia Comunitária como instrumento institucional coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública para implementar políticas públicas de segurança no Brasil, com foco na estratégia de Polícia Comunitária, bem como articular as esferas de poder para uma ação sinergética, cooperativa, corresponsável, e eficaz em prol da sociedade brasileira. 4.1.2. COMPOSIÇÃO 4.1.2.1. Órgão Central do Plano Nacional de Polícia Comunitária A Diretoria de Políticas de Segurança Pública da SENASP é responsável pela interlocução junto aos órgãos regionais para a efetivação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social no tocante à Polícia Comunitária. 4.1.2.2. Órgãos Regionais do Plano Nacional de Polícia Comunitária As Coordenações Estaduais de Polícia Comunitária representam suas unidades federativas no tocante ao planejamento e implementação de programas e projetos de Polícia Comunitária, podendo utilizar o canal técnico junto à SENASP para a efetivação de iniciativas comuns. Recomenda-se que o policial indicado possua capacitação e experiência profissional no contexto da aplicação da filosofia de polícia comunitária. 4.1.3. ATRIBUIÇÕES DO PLANO Visando dotar o Sistema Nacional de Polícia Comunitária de competências específicas para disseminar a filosofia de Polícia Comunitária no Brasil, encontram-se abaixo algumas de suas atribuições: - acatar as diretivas previstas na Matriz Curricular da Secretaria Nacional de Segurança Pública no tocante à disciplina de Polícia Comunitária, com vistas ao alinhamento nacional em doutrinas que estejam convergentes com as práticas de direitos humanos, polícia comunitária e ética policial; - desenvolver programas, projetos e ações que estejam alinhados à filosofia de polícia comunitária; - dotar, atualizar e disponibilizar informações às Instituições integrantes do SNPC de programas, projetos e ações que estejam em desenvolvimento no âmbito nacional e internacional com foco na temática de polícia comunitária, utilizando-se para isso de plataforma adequada a este fim; - fomentar a capacitação de todos os profissionais de segurança pública na filosofia e práticas de polícia comunitária, nos planos de formação, habilitação e aperfeiçoamento; - incentivar a troca de experiências na área entre todos órgãos integrantes do Sistema Único de Segurança Pública. - incentivar às Instituições integrantes do SNPC a implementar e aprimorar as atividades correlatas a temática de Polícia Comunitária e - zelar pela continuidade de processos que propiciem medidas efetivas e permanentes que gerem sensação de segurança e qualidade de vida à sociedade atendida; 4.1.4. DIRETIVAS BASILARES Constituem o norte fundamental que fornece parâmetros que devem permear as instituições de segurança pública que integram o sistema: Diretiva 1: Visão sistêmica da Polícia Comunitária Entendida como filosofia e estratégia organizacional que deve permear toda a instituição policial e não apenas constituir um programa de policiamento ou fração de efetivo. Diretiva 2: Conteúdo obrigatório nas malhas programáticas dos cursos de formação e aperfeiçoamento Conteúdo obrigatório nas malhas programáticas dos cursos de formação e aperfeiçoamento, com aulas a serem ministradas por multiplicadores formados nas capacitações estaduais, nacionais ou internacionais. Diretiva 3: Preferência pelo emprego de todos policiais recém-formados na atividade de Policiamento Comunitário Fixação de seu emprego por período que propicie o estabelecimento de laços de confiança com a comunidade local. Diretiva 4: Utilização de ações policiais sociais como meio de aproximação comunitária, de forma a contribuir com o policiamento comunitário e não como fim Utilização de ações policiais sociais como meio de aproximação comunitária, de forma a contribuir com o policiamento comunitário e não como fim, e por prazo certo, dentro da dinâmica operacional de cada instituição, tendo em vista que estas oneram efetivo profissional imprescindível para a atividade policial e devem ter sua continuidade preferencialmente empreendida por voluntários oriundos da comunidade, prática que deve ser incentivada e valorizada na sociedade. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 9 Entende-se ação policial social aquela empreendida em prol da comunidade local, mas que não demande para sua implementação deprofissional com formação e experiência na área de segurança pública, como, por exemplo, o ministério de aulas de música ou esportes. Não estão inclusas nesta classificação as ações de policiais em escolas quanto à conscientização da prevenção do uso de drogas (PROERD) e outras similares, as quais requerem expertise em segurança pública por parte do agente, a fim de que seja propiciado ao público alvo um completo panorama do problema sob perspectiva institucional. Destaca-se que neste programa os policiais atuam realizando, concomitantemente, policiamento comunitário escolar, aplicação de lições em salas de aula e constante interação junto às comunidades locais atendidas, sendo, portanto, considerado atividade de policiamento comunitário. Diretiva 5: Estruturação e normatização dos Conselhos Comunitários de Segurança Importância da estruturação e normatização dos Conselhos Comunitários de Segurança, ou organismo congênere, para a integral implementação do Sistema, por meio de fórum de comunicação presencial entre os gestores de segurança pública, municipalidade e a comunidade, de forma que seus anseios sejam ouvidos e levados em consideração quando do planejamento e ação operacional das instituições, bem como seja incentivada a consciência de corresponsabilidade na construção de uma sociedade segura, meta a ser alcançada pela ação sinérgica de todos os atores envolvidos. Os Conselhos Comunitários de Segurança Pública são espaços adequados para debates e discussões necessárias visando o bem-estar da coletividade, devendo seus integrantes manterem a imparcialidade e isenção político-partidária em suas colocações e medidas adotadas. Diretiva 6: Colaboração federativa Implementação de mecanismos de inter-relação e colaboração federativa para multiplicação de boas práticas e aperfeiçoamento do Sistema, por intermédio de mecanismos como as visitas técnicas e os seminários. Diretiva 7: Disseminação e uniformização da filosofia de polícia comunitária Disseminação e uniformização da filosofia de polícia comunitária entre todos atores do Sistema de Segurança Pública brasileiro, preferencialmente a partir de profissionais multiplicadores capacitados. Devem as unidades da federação primar por manter uma identidade mínima de policiamento comunitário que mantenha, como princípio básico de atuação norteadora de toda estrutura, a fixação do efetivo na área de atuação, a realização de visitas comunitárias e solidárias, a realização de reuniões comunitárias, a mobilização comunitária e, sobretudo, que se dê autonomia de ação ao policial comunitário dentro de sua esfera de atribuições. Cabe destacar que a presente diretiva deve ser entendida como uma meta a ser alcançada por meio de esforços institucionais de todos atores envolvidos na área de segurança pública, não constituindo obrigação exclusiva de uma instituição. Diretiva 8: Mobilização e ação sinérgica com os atores responsáveis pela implementação de Políticas Sociais Participação de Organizações Sociais, Instituições Públicas e/ou Privadas de todas as esferas para criar e fortalecer, de forma transversal, o sistema com foco no cidadão. Diretiva 9: Mensuração das ações de Polícia Comunitária Sistematizar modelos de mensuração das ações de Polícia Comunitária, proporcionando a valorização de ações preventivas e melhorando a motivação do profissional de segurança pública, com reconhecimento e/ou premiação periódica. Diretiva 10: Comunicação ágil entre as esferas federal, estadual e municipal, Comunicação ágil das esferas de poder, propiciando o fluxo de informações pelo canal técnico, devendo ser mantido atualizado o nome do Coordenador Estadual de Polícia Comunitária junto à SENASP. Diretiva 11: Eficácia da polícia é medida pela percepção de segurança e ausência de crime e de desordem Eficácia da polícia é medida pela percepção de segurança e ausência de crime e de desordem e não, tão somente, por meio de quantificações de prisões, apreensões de produtos ilícitos, operações, dentre outras. Diretiva 12: Retroalimentação da gestão operacional Avaliações periódicas alicerçadas não só em dados estatísticos criminais, mas também com as contribuições advindas da interação com a comunidade. Diretiva 13: Cidadão cliente O cidadão é o “cliente” por excelência das instituições de segurança pública, que devem manter seu esforço e foco em prol da sociedade, materializando o conceito de que a Segurança Pública é um bem imaterial. Diretiva 14: Prestação de contas O policial presta contas de seu trabalho aos respectivos superiores hierárquicos e a instituição policial à comunidade por meio de reuniões comunitárias. Diretiva 15: Manutenção permanente de desafios Visão interacionista deve ser enfatizada como mudança de foco dos conflitos, encorajando-os com vistas a estabelecer grupos harmoniosos, pacíficos e cooperativos, controlando comportamentos estáticos e apáticos. Nesse sentido, os líderes de grupos (funções de chefias em geral) deverão manter um nível mínimo constante de conflitos – o suficiente para manter o grupo viável. O conflito, aqui, refere-se aos desafios que provocam mudanças institucionais e asseguram a viabilidade, autocrítica e criatividade dos grupos. Diretiva 16: Respeito mútuo CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 10 O relacionamento institucional junto às comunidades deverá pautar-se por meio de características fundamentais que permeiam o processo de comunicação e mútuo respeito devidos, por meio da empatia, alteridade, bom senso, cooperação, probidade, dentre outros aspectos que agreguem valores positivos necessários às Instituições policiais envolvidas. Diretiva 17: Responsabilidade territorial O policiamento comunitário, no âmbito das Instituições Policiais envolvidas, será implementado aproveitando-se quaisquer processos de policiamento desenvolvidos in loco de forma a garantir a fixação do efetivo e a responsabilidade territorial, adaptável a cada realidade local no âmbito das Unidades da Federação. As patrulhas são distribuídas conforme a necessidade de segurança da comunidade, por meio de estudos locais que venham atender adequadamente os cidadãos, dentro de planejamento prévio e exequível. Diretiva 18: Engajamento dos mais altos níveis As altas direções deverão primar pela continuidade dos serviços prestados com foco voltado à aproximação institucional com a sociedade, por meio de tecnologias administrativas e operacionais sustentáveis. Bem como incentivar seus subordinados ao desenvolvimento contínuo de práticas de polícia comunitária. Fonte: PORTARIA Nº 43, DE 12 DE ABRIL DE 2019. Institui as Diretrizes Nacionais e o Manual de Polícia Comunitária. Disponível em: <http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/ content/id/72119545>. Acesso em 30 set 2019. ANEXO I MANUAL DE POLÍCIA COMUNITÁRIA (Hiperlink) 4.1.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por derradeiro, para efetivação do processo de implantação, importante que se implante um mecanismo de Diagnóstico de Polícia Comunitária, necessário para que os entes federativos estabeleçam critérios para examinar o desenvolvimento da Diretriz em seus Estados. Nessa esteira, recomenda-se a aplicação dos “Sete Processos de Polícia Comunitária” (BORGES, Luciano Quemello, Diagnóstico de Polícia Comunitária, no prelo), pelos quais as instituições são capazes de evidenciar seus pontos fortes e não-conformidades de aplicação, sendo: (1) Conhecer: para sedimentar Polícia Comunitária é preciso, antes de tudo, entender seu conceito, contemporaneamente, como sendo a cultura da união entre comunidade e polícia, objetivando o desenvolvimento de ações eficazes para a reduçãode fatores ofensivos à segurança pública; (2) Analisar: é fundamental que os policiais saibam como foi acolhida a cultura de Polícia Comunitária em outras polícias, para que os detalhes sejam ponderados. Todas as polícias têm seus desafios, logo, nenhuma instituição tem know-how incontestável para ser padrão absoluto, mas uma polícia um pouco mais experiente e exitosa, como a do Japão, pode e deve compartilhar com outras as suas boas práticas e os erros que forem cometidos, para que o nível de gerenciamento policial local, que tem dirigentes capacitados, analise e julgue se as ferramentas sugeridas são aplicáveis ou não as suas circunstâncias populacionais e institucionais. Essa análise também deve ser feita dentro da própria instituição, já que, muitas vezes, parte da força policial não analisa o que a outra parte da própria instituição executa; (3) Aceitar: as instituições policiais devem aceitar a filosofia de Polícia Comunitária com ações práticas e mudança de cultura, afastando retóricas inócuas; (4) Implantar: não é possível implantar Polícia Comunitária sem uma base legal e sem doutrina. A normatização é basilar, além dos estímulos à produção literária do tema; (5) Conscientizar: essa fase vai desde a capacitação das lideranças até os mecanismos de avaliação de desempenho e sistema de premiação dos policiais; (6) Difundir: a comunicação midiática e interna das boas práticas deve ser contínua, eficiente e capilar nas organizações; e (7) Monitorar: significa acompanhar, observar o decurso, avaliar dados e verificar constantemente qualidade do serviço prestado, para poder aperfeiçoar e sedimentar Polícia Comunitária. Nesse sentido, a definição de indicadores nesse processo é a base que possibilita verificar eficiência, eficácia e efetividade da estratégia, sendo que os indicadores de esforço nos orientam na compreensão dos processos implementados, como por exemplo o número de ações, projetos e beneficiários atendidos e os indicadores de resultados, efetivo mecanismo de avaliação, os quais dizem respeito a concretização de metas estabelecidas, como a redução de indicadores criminais, os índices de sensação de segurança, a satisfação com os serviços prestados e a própria imagem institucional. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 11 5. PROJETO VIZINHANÇA SOLIDÁRIA: BATALHÃO PARTICIPATIVO 5.1. Introdução Esse projeto une a vizinhança com o intuito de fazer a diferença e já está presente em vários bairros da Zona Sul de Natal: O Projeto Vizinhança Solidária:Batalhão Participativo. Uma iniciativa simples, mas eficaz. Placas são fixadas nos postes das ruas que fazem parte da área de vigilância do Vizinhança Solidária e do Batalhão Participativo! Qualquer suspeita pode ser acionada pela vizinhança graças a um sistema de comunicação simples. É a maior participação da sociedade no combate à insegurança que possibilita uma melhor atuação da policia na proteção ao bem comum. O programa acumula uma significativa melhora no combate aos crimes contra o patrimônio com média de 58% de redução e o resgate da sensação de segurança. 5.2. Mobilização Social A doença que mais incomoda a sociedade nos dias de hoje chama-se, com toda a certeza, criminalidade e quando o assunto é Segurança Pública, todos os olhares se voltam para as polícias como se elas fossem as únicas culpadas pela insegurança que aflora pelo país. É preciso saber que quando as polícias, o Ministério Público, o Judiciário e o sistema carcerário precisam agir, é porque os mecanismos informais de controle da sociedade falharam. É bem verdade que não existe sociedade sem crime, mas é preciso controlá-lo em patamares aceitáveis de convivência. Verificamos que aquela que é mais visível, devido a seu caráter ostensivo, no sistema da Segurança Pública, acaba sendo a mais atacada, mesmo com seus componentes sendo as maiores vítimas no combate à criminalidade. Antes a população não conhecia e a única acusada como culpada pela insegurança era a polícia (principalmente a Militar). Pessoas importantes e até muitos representantes de outros órgãos corresponsáveis ficavam, covardemente, no anonimato, apontando as acusações para as polícias. Com a participação da comunidade e do envolvimento de todos os seguimentos, as polícias deixaram de ser acusadas e sim respeitadas e apoiadas, sendo os problemas resolvidos ou encaminhados pelos verdadeiros responsáveis, pois quando a comunidade conhece, ela confia respeita e auxilia a corrigir as falhas. Em meio a uma comunidade verificam-se dois termos de importância fundamental para que a sociedade venha atingir os seus objetivos em prol da ordem pública e de uma convivência pacífica entre os seres humanos: a comunidade geográfica e a comunidade de interesse. Esses conceitos se confundiam no passado quando ambas as comunidades se misturavam para abranger a mesma população. Este fato é extremamente relevante para o uso de “comunidade” no policiamento comunitário porque o crime, a desordem e o medo do crime podem criar uma comunidade de interesse dentro da comunidade geográfica. Incentivar e enfatizar esta comunidade de interesse dentro de uma área geográfica pode contribuir para que os residentes trabalhem em parceria com o policial comunitário para criar um sentimento positivo na comunidade. (TROJANOWICZ e BOUCQUEROUX, 1994) Foto 1- Reunião do comando do 5º BPM com as lideranças comunitárias (Janildo da Silva Arante). Nesta ótica a mobilização social procura então alertar as autoridades policiais da necessidade dessa aproximação. A mobilização social é muitas vezes confundida com manifestações públicas, com a presença das pessoas em uma praça, passeata, concentração. Mas isso não caracteriza uma mobilização. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados decididos e desejados por todos. Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados. Participar ou não de um processo de mobilização social é um ato de escolha. Por isso se diz convocar, porque a participação é um ato de liberdade. As pessoas são chamadas, mas participar ou CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 12 não é uma decisão de cada um. Essa decisão depende essencialmente das pessoas se verem ou não como responsáveis e como capazes de provocar e construir mudanças. Em meio a uma comunidade verificam-se dois termos de importância fundamental para que a sociedade venha atingir os seus objetivos em prol da ordem pública e de uma convivência pacífica entre os seres humanos: a comunidade geográfica e a comunidade de interesse. Esses conceitos se confundiam no passado quando ambas as comunidades se misturavam para abranger a mesma população. Este fato é extremamente relevante para o uso de “comunidade” no policiamento comunitário porque o crime, a desordem e o medo do crime podem criar uma comunidade de interesse dentro da comunidade geográfica. Incentivar e enfatizar esta comunidade de interesse dentro de uma área geográfica pode contribuir para que os residentes trabalhem em parceria com o policial comunitário para criar um sentimento positivo na comunidade. (TROJANOWICZ e BOUCQUEROUX, 1994) Fonte:http://www.aracati.org.br/portal/pdfs/13_Biblioteca/Publicacoes mobilizacao_social.pdf Foto 2 - Reunião do comando do 5º BPM com as lideranças comunitárias(Fonte: https://5bpmzonasuldenatal.blogspot.com/p/programa-vizinhanca-solidaria-batalhao.html – Sargento Janildo). Organização comunitária Espera-se que a intensificação do contato entre a polícia, a comunidadee os diversos segmentos favoreça uma melhor integração e participação da comunidade, o reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania aos cidadãos e a melhoria da qualidade de vida. A comunicação intensa e constante propicia a melhora das relações, amplia a percepção policial e da comunidade no que tange as questões sociais e possibilita diminuir áreas de conflito que exigem ações de caráter repressivo das instituições policiais. Há, contudo, uma série de fatores a serem pesados quando se avalia o potencial democrático das diversas experiências de organização comunitária na área de prevenção do crime e da desordem social. Fonte:(SENASP,2007,P.255) Envolvimento dos cidadãos Qualquer tentativa de trabalho ou programa de Polícia Comunitária deve incluir necessariamente a comunidade. Embora a primeira vista possa parecer simples, a participação da comunidade é um fator importante na democratização das questões de segurança pública e da implementação de programas comunitários que proporcionam a melhoria de qualidade de vida e a definição de responsabilidades. São poucas as comunidades que mostraram serem capazes de integrar os recursos sociais com os recursos do governo. Existem tantos problemas sociais, políticos, e econômicos envolvidos na mobilização comunitária que muitas comunidades se conformam com soluções parciais, isoladas ou momentâneas (de caráter paliativo), evitando mexer com aspectos mais amplos e promover um esforço mais unificado com resultados mais duradouros e melhores. A participação do cidadão, muitas vezes, tem-se limitado às responsabilidades de ser informado das questões públicas (ações da polícia), votar pelos representantes em conselhos ou entidades representativas, seguir as normas institucionais ou legais sem dar sugestões de melhoria do serviço. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 13 Outro problema é o desconhecimento das características da comunidade local, pois uma comunidade rica tem comportamento e anseios diferentes de uma comunidade pobre e comunidades de grandes centros urbanos são diferentes de comunidades de pequenas cidades do interior, independente de serem ricas ou pobres agrícolas ou industriais. O que importa é descobrir seus anseios, seu desejo de participação no processo, sua motivação para se integrar com a polícia. Fonte:(SENASP, 2007, P.253 e 255) ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA Espera-se que a intensificação do contato entre a polícia, a comunidade e os diversos segmentos favoreça uma melhor integração e participação da comunidade, o reconhecimento social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania aos cidadãos e a melhoria da qualidade de vida. A comunicação intensa e constante propicia a melhora das relações, amplia a percepção policial e da comunidade no que tange as questões sociais e possibilita diminuir áreas de conflito que exigem ações de caráter repressivo das instituições policiais. Há, contudo, uma série de fatores a serem pesados quando se avalia o potencial democrático das diversas experiências de organização comunitária na área de prevenção do crime e da desordem social. Fonte: (SENASP, 2007, P. 255) A AUTONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES EM RELAÇÃO À POLÍCIA Um aspecto essencial a ser considerado na avaliação das experiências de organização comunitária é o nível de autonomia dos grupos em relação aos interesses político-partidários, de Governo (federal, estadual ou municipal) ou da polícia. Em regra, os grupos comunitários, assumem uma postura passiva e acrítica em relação às ações de governo e da polícia, respaldando apenas as suas práticas, mesmo quando claramente impróprias ou ilegais. É preciso respaldar as boas ações da polícia, de interesse coletivo, de respeito aos direitos humanos, dentro da legalidade e dos valores morais e éticos. Mas deve-se criticar e vilipendiar ações violentas, ilegítimas, que desrespeitam a dignidade humana e que fogem ao interesse coletivo, responsabilizando o mau profissional e não a instituição como um todo. Os representantes comunitários frequentemente temem a polícia e se ressentem da forma como esta exerce sua autoridade. As ações comunitárias focam mais para o controle da polícia do que para o controle do crime, pois o medo é predominante. Acredita-se que a polícia não sabe os problemas do bairro, pois só existe para “caçar bandidos”. Uma organização comunitária que depende do apoio policial para garantir a mobilização de seus membros e viabilizar as suas ações acaba convertendo-se em uma mera extensão civil da instituição policial, e não um instrumento efetivo de participação comunitária. Organizações que não dependem da polícia para a sua existência podem trazer significativos desafios para a polícia. No pensamento institucional pode significar entraves administrativos, restringindo a sua discricionariedade; no pensamento social amplia o controle da polícia; na filosofia de polícia comunitária amplia e aprimora as ações conjuntas, tanto da polícia como da sociedade. Fonte: (SENASP, 2007, P. 219 e 220) FATORES INTERVENIENTES Na aproximação da polícia com a comunidade, verificam-se perigos que necessitam ser debelados, conforme abaixo: · A instrumentalização de pequenas tarefas pode causar apatia da comunidade, favorecendo os marginais da área e grupos de interesse que desejam o insucesso de ações coletivas no bairro; · A polícia determina tarefas para dissuadir ações participativas sem nenhum resultado prático; · A polícia não consegue mais atuar na área sem críticas da comunidade. · As campanhas têm um forte conteúdo político em detrimento da prevenção porque é apoiado por um político ou comerciante; · Como o apoio governamental é pouco, apenas pequenas ações fazem surgir lideranças com perfil político e eleitoral, deturpando o processo; · Membros das comunidades expostos a marginalidade, colocando em risco suas vidas porque são interlocutores dos problemas locais; · O planejamento equivocado e sem orientação culminando no surgimento de alternativas econômicas: segurança privada, sistema de comunicações entre cidadãos de posse (paralelo a polícia); O certo é procurar os caminhos que abaixo se apresentam: CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 14 · As ações de autoajuda são acompanhadas por policiais. As iniciativas locais são apoiadas. Trabalhos preventivos, não apenas campanhas devem ser estimuladas. · Demonstrar a participação da comunidade nas questões, determinando o que é da polícia e o que é da sociedade; · Promover uma ampla participação da comunidade, discutindo e sugerindo soluções dos problemas; · Proteger os reais parceiros da polícia, não os utilizando para ações de risco de vida (não expondo) com ações que são da polícia ou demonstrando eventualmente que eles são informantes; Fonte: (SENASP, 2007, P. 224 e 225) 5.3. Mediação Comunitária 5.3.1. As conflitualidades e a emergência do social e comunitário Os mesmos modelos convencionais que não conseguem mais lidar de forma eficaz com a escalada da violência e do crime, adicionados às conflitualidades, estão impulsionando transformações mais amplas na vida social contemporânea, principalmente nas diferentes formas de os indivíduos se organizarem, governarem a si mesmos e os outros para dar conta da complexidade e da fragmentação da realidade social. Daí, a necessidade emergente de compreensão das novas modalidades de ações coletivas, com lutas sociais e diferentes pautas de reivindicações. Estamos em presença de um social heterogêneo, no qual nem indivíduos nem grupos parecem reconhecer valorescoletivos. Esse contexto dá origem a múltiplos arranjos societários, a múltiplas lógicas de condutas. Predominando tal situação é válido falar em sociedade fragmentada, plural, diferenciada, heterogênea. (GROSSI PORTO apud TAVARES DOS SANTOS, 1999). É importante ressaltar que a necessidade de mudança dos modelos não é tão nova assim. A própria Constituição Federal de 1988 já trazia em seu artigo 144 o princípio de um modelo de segurança com foco no cidadão, chamando a atenção para a “responsabilidade de todos”. Importante! – A coesão social é representada pelo grau de conexão existente entre os membros da comunidade e a capacidade de promover desenvolvimento local, ou seja, pelo seu capital social. O capital social(fazer um hint para: o valor que os indivíduos adquirem por participar de uma rede social) é verificado de acordo com o grau de coesão social existente na comunidade e pode ser observado a partir das relações entre as pessoas ao se organizarem e estabelecerem redes que facilitem a coordenação e a cooperação para promoção de benefícios mútuos. (BRASIL, 2006) Segundo Chaskin (s.d apud BRASIL, 2006), a coesão social de uma comunidade pode ser aferida a partir da análise de quatro elementos: 1. Senso de comunidade ou grau de conectividade e reconhecimento recíproco; 2. Comprometimento e responsabilidade de seus membros pelos assuntos comunitários; 3. Mecanismos próprios de resolução de conflitos; 4. Acesso aos recursos humanos, físicos, econômicos e políticos, sejam locais ou não. Se há coesão social, há identidade compartilhada. A criação dessa identidade depende da mobilização social e do envolvimento com os problemas e soluções locais. (BRASIL, 2006). Esses pontos são essenciais para a compreensão e instauração da mediação comunitária. 5.3.2. Mediação comunitária: estudando algumas definições Definições Definição 1. A mediação comunitária atua visando à mudança dos padrões do comportamento dos atores comunitários através do fortalecimento dos canais de comunicação, com vistas à administração pacífica dos conflitos interpessoais entre os integrantes da comunidade (REDE EAD, curso de Polícia Comunitária, módulo 5, aula 4). Definição 2. A mediação comunitária representa o exercício real da cidadania mediante a busca da paz social. Como forma preventiva de conflitos, promove ambientes propícios à colaboração entre as partes, com o intuito de possibilitar que as relações continuadas perdurem de forma positiva, criando vínculos.(DANIEL, A. et al.http://www.ua.pt/incubadora/). Definição 3. A mediação comunitária é uma forma de pensar a resolução de problemas dentro da própria comunidade, utilizando a sabedoria e a força dos(as) moradores(as), através de suas lideranças. É acreditar na busca de uma cultura de paz em que as comunidades tidas como violentas mudem as suas realidades. (SEJDH). Definição 4. A mediação comunitária é uma importante ferramenta para a promoção do empoderamento e da emancipação social. Por meio dessa técnica, as partes direta e indiretamente envolvidas no conflito têm a oportunidade de refletir sobre o contexto de seus problemas, de compreender as diferentes perspectivas e, CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 15 ainda, de construir em comunhão uma solução que possa garantir, para o futuro, a pacificação social. (BRASIL, 2006). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 16 5.3.3. Características da Mediação Comunitária 5.3.3.1. Mediação como ferramenta Ferramentas são objetos que auxiliam a transformar, construir ou a consertar algo. Observe que as definições ressaltam que o processo de mediação comunitária possibilita a construção de algo novo, orientado para a resolução de problemas e buscando a pacificação social. 5.3.3.2. Ambiente propício à colaboração O processo de mediação facilita o estabelecimento de cooperação para construir de forma conjunta a solução do conflito. Os protagonistas do conflito, quando interagem em um ambiente favorável, podem tecer uma solução mais sensata, justa e fundamentada em bases satisfatórias, tanto em termos valorativos quanto materiais.(BRASIL, 2006). 5.3.4. Locus Privilegiado Os atores são da comunidade, a mediação ocorre na comunidade e é realizada por membros da comunidade. A comunidade é o locus privilegiado e também o ponto central da caracterização da mediação comunitária. Figura 1. Disponível em:<http://aluznamente.com.br/as-novas- midias-como-locus-privilegiado-para-divulgacao-espirita/ > Acesso em 01 out 2019. LOCUS: A COMUNIDADE A complexidade e a fragmentação da realidade social são traços da contemporaneidade impressos nas esferas mundial e local. Em toda sociedade, porém, há agrupamentos humanos unidos por diversas identidades, dentre elas a territorial, que confere à comunidade o status de locus privilegiado para o desenvolvimento de programas de transformação social. Essa identidade territorial, segundo Kisil, é vivenciada .onde os indivíduos ou grupos sociais mais facilmente reconhecem como pertencentes a uma mesma comunidade (...). A fonte mais imediata de autorreconhecimento e organização autônoma é o território. As pessoas identificam-se com os locais onde nascem, crescem, vão à escola, têm seus laços familiares, enfim se socializam e interagem em seu ambiente local, formando redes sociais com seus parentes, amigos, vizinhos, organizações da sociedade civil e autoridades do governo..7 No mesmo sentido, o Programa Justiça Comunitária adota a comunidade como esfera privilegiada de atuação, porque concebe a democracia como um processo que, quando exercido em nível comunitário, por agentes e canais locais, promove inclusão social e cidadania ativa, a partir do conhecimento local. É na instância da comunidade que os indivíduos edificam suas relações sociais e podem participar de forma mais ativa das decisões políticas. É nesse cenário que se estimula a capacidade de autodeterminação do cidadão e de apropriação do protagonismo de sua própria história. O conceito de comunidade Em meio à vasta literatura sociológica dedicada a conceituar comunidade, a definição talhada por Lycia e Rogério Neumann revela-se bastante útil para este trabalho, considerando a sua objetividade: .Comunidade significa um grupo de pessoas que compartilham de uma característica comum, uma .comum unidade., que as aproxima e pela qual são identificadas.8 Conforme os próprios autores alertam, em geral, a unidade comum é a região onde as pessoas vivem, mas nada impede que uma comunidade seja constituída a partir de interesses e/ou causas partilhados. De qualquer sorte, no núcleo do conceito está localizada a ideia de identidade compartilhada. Neste trabalho, a denominação comunidade será atribuída aos agrupamentos humanos que vivem na mesma localização geográfica e que, nessa condição, tendem a partilhar dos mesmos serviços (ou da ausência deles), problemas, códigos de conduta, linguagem e valores. A partilha territorial, entretanto, não leva necessariamente à construção de uma comunidade coesa socialmente. Essa característica vai depender do grau de conexão entre seus membros e de sua capacidade de promover desenvolvimento local, ou seja, de seu capital social. O capital social se verifica de acordo com o .grau de coesão social que existe nas comunidades e que é demonstrado nas relações entre as pessoas ao estabelecerem redes, normas e confiança social, facilitando a coordenação e a cooperação para o benefíciomútuo.9 7KISIL, Marcos. Comunidade: foco de filantropia e investimento social privado. São Paulo: Global; Instituto para o DesenvolvimentoSocial (IDIS), 2005. p. 38. 8NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns. Repensando o investimento social: a importância do protagonismo comunitário. São Paulo: Global; Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS), 2004. p. 20-21. (Coleção Investimento Social). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 17 Segundo Robert C. Chaskin10 , a aferição da coesão social de uma comunidade se dá a partir da análise de quatro elementos, a saber: 1) senso de comunidade ou grau de conectividade e reconhecimento recíproco; 2) comprometimento e responsabilidade de seus membros pelos assuntos comunitários; 3) mecanismos próprios de resolução de conflitos; 4) acesso aos recursos humanos, físicos, econômicos e políticos, sejam locais ou não. Onde há coesão social, há identidade compartilhada, cuja criação depende da mobilização social e do envolvimento com os problemas e soluções locais. Há, portanto, segundo Putman11 , um ciclo virtuoso entre capital social e desenvolvimento local sustentável. Nesse sentido, desenvolver comunidade é um processo que agrega valores éticos à democracia e constrói laços de solidariede.12 Para o Programa Justiça Comunitária do Distrito Federal, a identificação das organizações sociais é fundamental para servir de referência para: a) o processo de seleção de novos agentes comunitários; b) o encaminhamento dos participantes para a rede social, quando a solução do conflito assim o demandar; c) o conhecimento das circunstâncias que envolvem os problemas comunitários; e, d) a constituição de novas redes sociais ou o fortalecimento e a animação das já existentes, quando a demanda ostentar potencial para tanto. No decorrer da execução do Programa Justiça Comunitária do Distrito Federal, as dificuldades enfrentadas na confecção desse mapeamento foram inúmeras, desde a carência de recursos humanos . em especial na fase inicial . até a dificuldade de se traçar uma estratégia de animação de redes sociais, quando toda a prioridade do Programa estava voltada para a capacitação dos agentes comunitários nas técnicas de mediação.13 Apesar das dificuldades, o Programa conseguiu reunir, com a colaboração de alguns agentes comunitários, informações relevantes para a confecção do mapa, sem contudo estabelecer uma conexão entre elas. Na ausência de um planejamento prévio aliado a uma clara estratégia metodológica de conexão entre essas informações, os dados coletados não se comunicaram. Com o propósito de suprir essa lacuna, o Programa está desenvolvendo um passo a passo 14 como estratégia para a confecção permanente do mapeamento social das duas cidades-satélites, o qual contém as seguintes fases: a) definir a área geográfica a ser mapeada com limites claros; b) definir as fontes de informação e a metodologia adequada (documentos de órgãos oficiais, visitas às instituições, entrevistas pessoais ou por telefone, entre outras); c) recrutar os agentes comunitários para a coleta dos dados e estimular que o façam com o auxílio de alguns moradores;15 d) criar um formulário para a identificação e o cadastramento;16 e) organizar um banco de dados apto a promover o cruzamento dessas informações. A fim de adotar uma metodologia coerente com a estrutura do Programa, a equipe interdisciplinar reduziu a área . e as suas expectativas . objeto do mapeamento, transformando essa tarefa de difícil execução em algo viável, envolvente e eficiente. A partir dessa redução e da consciência de que a cartografia social é uma atividade em permanente construção, adequaram-se as etapas desse processo à capacidade estrutural, para não gerar novas frustrações. 9 AUSTRALIAN BUREAU OF STATISTICS, Social capital and social wellbeing, apud NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância do protagonismo comunitário, cit., p. 47. 10CHASKIN, Robert J. Defining community capacity: a framework and implications from a comprehensive community initiative, apud NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância do protagonismo comunitário, cit., p. 24. 11PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2005. p. 186. 12 kISIL, Marcos, Comunidade: foco de filantropia e investimento social privado, cit., p. 51. 13Hoje, a avaliação é a de que o fato de o Programa ostentar três pilares não significa necessariamente que eles devam ser construídos um a um. Havendo uma estrutura mínima, o ideal é que os três sustentáculos de um programa de justiça comunitária sejam desenvolvidos em conjunto, uma vez que há íntima relação entre eles. A título de exemplo, é a partir de uma programação eficiente das atividades voltadas à animação de redes sociais que se podem atrair demandas para a mediação efetivamente comunitária, com largo impacto social. 14A formulação desse passo-a-passo foi uma adaptação da experiência desenvolvida pela equipe psicossocial do Programa Justiça Comunitária da sistematização sugerida por Lycia Tramujas Vasconcellos Neumann e Rogério Arns Neumann (Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e recursos locais . ABCD. São Paulo: Global; Instituto para o Desenvolvimento Social (IDIS), 2004). 15O Programa Justiça Comunitária conta com alguns .amigos do Programa.. Em geral, são ex-agentes comunitários que, por alguma razão, desligaram-se do Programa sem, contudo, deixarem de contribuir para a realização de atividades pontuais. 16bidem, p. 24. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 18 A definição territorial da área mapeada e de suas limitações obedeceu ao critério de local de moradia de cada agente comunitário, o que possibilitou, inclusive, maior inserção dos agentes em sua comunidade. Optou-se por localizar deficiências e necessidades, mas, também, talentos, habilidades e recursos disponíveis. Essa estratégia possibilita que o mapeamento sirva de espelho para a comunidade que, ao se olhar, tenha consciência de seus problemas, mas também conheça as suas potencialidades, o que é essencial para a construção de uma identidade comunitária. Esse método também torna possível investigar em que medida as soluções para os roblemas comunitários já existem ali mesmo, exatamente naquela comunidade que, por razões histórico- estruturais de exclusão social, não enxerga nenhuma solução para os seus problemas, senão por meio do patrocínio de uma instituição externa àquele habitat. Essa conexão entre problemas e soluções promove um senso de responsabilidade pela comunidade como um todo, o que cria uma espiral positiva de transformação social.17 Para que essa conexão efetivamente aconteça, é indispensável que o processo de mapeamento não tenha por objetivo tão-somente a confecção de um banco de dados, repleto de informações úteis, porém sem ligação entre si. A construção permanente do banco de dados é, sobretudo, um meio de fortalecer relações e criar parcerias. Segundo Lycia e Rogério Neumann, .ao identificar os recursos locais, os moradores passam a conhecer o potencial de sua comunidade e começam a estabelecer novas conexões, ou fortalecer as já existentes, entre os indivíduos, seus grupos e as instituições locais, assim como entre esses atores, e as causas que são importantes para o desenvolvimento daquela comunidade.18 Nesse sentido, apresenta-se a seguir as informações a serem coletadas para o mapeamento social do Programa Justiça Comunitária. Esse processo, sob essa nova formatação, teve início em 25 de agosto de 2006.19 RECURSOS DISPONÍVEIS20 Associação de Moradores Estas organizações são fundamentais por suacapilaridade e pelo potencial de produzir capital social e protagonismo comunitário, ou seja, por sua capacidade de mobilização em torno de interesses e valores comuns. É um contraponto à cultura de dependência de apoio institucional externo. É interessante que a identificação das associações inclua a informação sobre seu funcionamento (local, periodicidade de reuniões, dentre outros) bem assim as suas realizações. Instituições em geral Entidades públicas = escolas, hospitais, postos de saúde, parques, bibliotecas, etc.; Associações e instituições = igrejas, clubes, cooperativas, centros comunitários, etc. O elenco destas instituições deve ser acompanhado de um levantamento quanto ao acervo de recursos que cada uma delas pode oferecer. Por exemplo, é importante registrar se uma escola pública possui . e/ou está disposta a oferecer . salas para reuniões abertas aos finais de semana, computadores, cursos de alfabetização de adultos, quadras de esportes, educadores voluntários, conselhos de pais e mestres, sinergia entre a escola e a comunidade, organização estudantil, etc.21 Habilidades pessoais Em toda comunidade, é possível identificar líderes, voluntários, bordadeiras, cozinheiras, artistas, educadores, mediadores .natos. de conflitos, etc. Essas pessoas, entretanto, muitas vezes estão .soltas. e poderiam potencializar seus talentos se firmassem parcerias ou simplesmente se tivessem maiores oportunidades de expressar as suas habilidades. O mapeamento pode auxiliar no desencadeamento desse processo. DIFICULDADES É indispensável que o formulário de informações coletadas para a confecção do mapa tenha um espaço destinado ao registro dos problemas da comunidade, segundo a perspectiva da própria comunidade. Além disso, é interessante classificar o problema de acordo com a sua natureza: estrutural, social, pessoal22 . Essa classifica ção, quando efetuada pelo próprio agente comunitário, em comunhão com as pessoas entrevistadas, pode provocar uma reflexão importante sobre o contexto nos quais repousam os conflitos . individuais ou coletivos . daquela comunidade. 17NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e recursos locais . ABCD, cit., p. 26.3. 18 Ibidem, p. 23. 19Nessa data teve início o semestre letivo de 2006 da Escola de Justiça e Cidadania, oportunidade em que se apresentou a nova metodologia de captação das informações relativas à comunidade, a fim de que os agentes comunitários possam contribuir de maneira mais efetiva para a confecção do mapeamento social. 20NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcelos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e recursos locais . ABCD, cit., p. 53-61. 21 Ibidem, p. 64. 22 Ibidem, p. 24. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 19 Assim, problemas como desemprego, analfabetismo, ausência de saneamento, falta de hospitais e escolas, violência doméstica, crianças de rua, crime organizado, gangues de jovens, alcoolismo, evasão escolar, crimes, abuso infantil, problemas psicológicos, dentre outros, comporão um mosaico útil para impulsionar uma reflexão coletiva acerca de suas circunstâncias. Embora não haja um momento de conclusão do mapeamento social, eis que se trata de um processo permanente na mesma medida da dinâmica social, é fundamental que os resultados parciais sejam objeto de partilha e debate na comunidade. Além disso, é importante que, periodicamente, sempre que possível, haja uma análise dos resultados alcançados a partir da confecção do mapa, tais como parcerias, empreendimentos ou eventos desencadeados a partir desse processo. Comunicação A comunicação entre as partes é algo que deverá ser estimulado durante todo o processo de mediação. Essa comunicação não envolve somente o diálogo, mas as condições criadas para que as partes possam estabelecer ou restabelecê-lo (Exemplos: ambiente propício, vontade das partes e mediador capacitado, entre outros), apresentando as suas visões, refletindo sobre o conflito, expressando seus sentimentos, construindo uma solução solidária e executando o que ficou acordado. Pacificação Social A mediação comunitária estimula a reflexão, amplia as possibilidades de diálogos, incentiva a solidariedade e favorece a cooperação entre partes, contribuindo assim para a mobilização social, a cidadania e a paz social. Importante! – Observe que na ‘definição 4’ aparecem os termos “empoderamento e emancipação social”. Esses dois termos advêm da justiça comunitária, que vê no processo de mediação comunitária algo muito maior do que simplesmente a possibilidade de dar celeridade aos processos, pois, à medida que capacita os membros da comunidade para auxiliar na resolução dos conflitos, estimula a forma de expressão social, amplia o desenvolvimento das capacidades de emancipação, possibilita o fortalecimento individual e grupal e empodera a comunidade para “dar respostas comunitárias aos problemas comunitários”. (LITTLEJONH, 1995 apud BRASIL, 2006, p. 47). 5.3.5. Mediação comunitária e as redes sociais A resolução de conflitos no ambiente e em grupos não é algo socialmente novo. É possível encontrar exemplos em diversas culturas, como por exemplo, nas culturas religiosas. Hoje as redes sociais ajudam a traduzir as estruturações advindas dos grupos. Nesse ponto, você estudará o papel das redes na mediação comunitária. 5.3.5.1. Animação de redes sociais 5.3.5.1.1. As redes sociais As redes sociais são a expressão dos contornos da contemporaneidade. Para Manuel Castells, .redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura23. O padrão de organização em rede caracteriza-se pela multiplicidade dos elementos interligados de maneira horizontal. Os elos de uma rede se comunicam voluntariamente, sob um acordo intrínseco que revela os traços de seu modus operandi: .o trabalho cooperativo, o respeito à autonomia de cada um dos elementos, a ação coordenada, o compartilhamento de valores e objetivos, a multiliderança, a democracia e, especialmente, a desconcentração do poder.24 Há um processo simbiótico entre participação política, exercício da autonomia e solidariedade entre os membros de uma comunidade organizada em rede. As redes permitem maximizar as oportunidades para a participação de todos, para o respeito à diferença e para a autoajuda em um contexto de mútua assistência. Participação traz mais oportunidade para o exercício dos direitos políticos e das responsabilidades. Para se ter acesso aos recursos comunitários, o nível de atividade e de compromissos dos grupos sociais aumenta e a auto-estima cresce, após a conquista de mais direitos e recursos. Há uma reciprocidade entre os vários componentes dessa cadeia .ecológica., na medida que implica retroalimentação.25 23CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Tradução de Roneide Venancio Mayer com a colaboração de Klauss Brandini Gerhardt. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 497 (A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 1). 24MARTINHO, Cássio. O projeto das redes: horizontalidade e insubordinação. Aminoácidos, Brasília, Agência de Educa- ção para o Desenvolvimento (AED), n. 2, p. 101, 2002. 25FOLEY, Gláucia Falsarella, Justiça comunitária: por uma justiça da emancipação, cit., p. 123-127. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 20 Castells declara que .o principal agente da mudança atual é um padrão de organização e intervençãodescentralizada e integrada em rede, característica dos novos movimentos sociais..26 A leitura de que as redes revelam novas formas de relações sociais também é compartilhada por Roberto Armando Ramos de Aguiar, para quem as redes vão possibilitando a combinação de projetos, o enfraquecimento dos controles burocráticos, a descentralização dos poderes, o compartilhamento de saberes e uma oportunidade para o cultivo de relações horizontais entre elementos autônomos.27 5.3.5.2. O que é uma rede? Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. (wikipedia.org). As redes se caracterizam por apresentarem múltiplos elementos que se relacionam de forma horizontal – sem hierarquia, com base em diversas fontes de poder, com lideranças informais – para compartilhar informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos comuns. Na última década, intensificou-se a formação de redes sociais. Para alguns autores, as redes traduzem novas formas de relações sociais e estão alinhadas ao processo de fortalecimento da sociedade civil e às exigências de maior participação e mobilização social. Para saber mais… Para saber mais sobre esse assunto e, principalmente, compreender os aspectos sociais e políticos presentes no conceito de redes, leia no material do relato da experiência de Justiça Comunitária, o TJDFT, no texto intitulado “O locus: a comunidade”, o trecho sobre as redes sociais. 5.3.5.2.1. Tipos de redes Brasil (2006) destaca que há dois tipos de rede: Rede Social – Composta de inúmeras entidades públicas e privadas,prestadoras de serviços, associações de moradores, movimentos sociais, organizações religiosas, entre outras. Rede Local – É aquela que se forma a partir de um conflito específico. Importante! – Tanto as redes sociais como as redes locais favorecem a identidade compartilhada e a coesão social. 5.3.5.4. As redes e a mediação comunitária Em Mediação de Conflitos estudamos acerca das características presentes no processo de mediação de conflitos, independentemente da técnica que foi utilizada. São elas: Voluntariedade das partes Terceiro termo: O mediador neutro Solução construída pelas partes Essas mesmas características, quando aplicadas num contexto de rede, possibilitam a identificação dos valores que unem a comunidade, bem como o encaminhamento dos resultados da mediação interna e externamente à rede, caso seja necessário o desdobramento de ações. A sensação de pertencimento gerada pela união dos membros da rede cria oportunidades para que eles utilizem o conhecimento produzido na própria rede para a construção da solução de conflitos. Para funcionar, uma rede tem que ser dinâmica e atuante e, por isso necessita de membros que a ajudem a movimentá-la. Em alguns programas e projetos são utilizados agentes comunitários – pessoas capacitadas da própria comunidade – para manter a rede viva. Cada agente comunitário atua na área adjacente ao seu local de moradia, atendendo às demandas individuais e/ou coletivas que lhe forem apresentadas diretamente pelos cidadãos ou encaminhadas pelo Centro Comunitário respectivo. A depender da natureza do conflito apresentado, várias são as possibilidades que podem ser propostas pelos agentes comunitários aos solicitantes. O encaminhamento sugerido ao caso concreto 26.Pelo fato de que nossa visão histórica de mudança social esteve sempre condicionada a batalhões bem ordenados, estandartes coloridos e proclamações calculadas, ficamos perdidos ao nos confrontarmos com a penetração bastante sutil de mudanças simbólicas de dimensões cada vez maiores, processadas por redes multiformes, distantes das cúpulas de poder. São nesses recônditos da sociedade, seja em redes eletrônicas alternativas seja em redes populares de resistência comunitária, que tenho notado a presença dos embriões de uma nova sociedade, germinados nos campos da história pelo poder da identidade.. E conclui: .o caráter sutil e descentralizado das redes de mudança social impede-nos de perceber uma espécie de revolução silenciosa que vem sendo gestada na atualidade. (CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Tradução de Klauss Brandini Gerhardt. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. p. 426-427. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 2). 27E acrescenta: .Isso enseja uma profunda revisão tanto no momento da gênese normativa, nas formas de sua construção, como também aponta para novas formas de aplicação, manutenção e controle dos que vivem no interior dessas relações, onde não há lugar para a lentidão, nem espaço para assimetrias acentuadas, nem oportunidades de acumulação de poder pelos velhos detentores da máquina burocrática. É uma outra dimensão da democracia emergindo . (AGUIAR, Roberto Armando Ramos de. Procurando superar o ontem: um direito para hoje e amanhã. Notícia do Direito Brasileiro, Nova série, Brasília, Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, n. 9, p. 71, 2002). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 21 é definido em uma reunião entre os agentes comunitários e a equipe interdisciplinar que atua no Centro Comunitário de Justiça e Cidadania. De qualquer sorte, sempre que possível, o agente comunitário buscará estimular o diálogo entre as partes em conflito, propondo, quando adequado, o processo de mediação.(BRASIL, 2006). Importante! – Observe que na citação acima aparecem, além do agente comunitário, outros atores representados pela equipe multidisciplinar, bem como um espaço significativo, ou seja, um Centro Comunitário, reforçando assim as características da mediação comunitária estudadas por você neste item. 5.3.6. As redes sociais em movimento Conforme já assinalado, o mapeamento social permite a descoberta das vocações, talentos e potencialidades da comunidade e de seus membros. No decorrer da permanente sistematização e análise dos dados coletados, é importante que haja um movimento que conecte as iniciativas e organizações comunitárias, colocando-as em permanente contato e diálogo. A animação de redes sociais tem por objetivo promover capital social, cujo grau, embora não possa ser mensurado28, pode ser avaliado a partir da presença dos seguintes elementos na comunidade: sentimento de pertença, reciprocidade, identidade na diferença, cooperação, confiança mútua, elaboração de respostas locais, emergência de um projeto comum, repertório compartilhado de símbolos, ações, conceitos, rotinas, ferramentas, estórias e gestos, relacionamento, comunicação, realização de coisas em conjunto. Mas, como promover esses encontros em face de uma realidade que estimula o ceticismo na comunidade e até mesmo um certo grau de resignação de seus membros em relação aos temas afetos à vida política? Conforme Neumann assevera, nas comunidades de baixa renda, a alta migração de moradores, a violência, a insegurança e a desconfiança de tudo e de todos tendem a quebrar as relações sociais e a isolar as pessoas em suas casas e espaços. Não permitindo que compartilhem anseios, dúvidas e medos. Um trabalho de desenvolvimento de uma comunidade de dentro para fora deve começar por aproximar as pessoas e ajudá-las a construir ou fortalecer as relações e confiança mútua.29 Nesse sentido, é fundamental que os agentes comunitários e a equipe interdisciplinar mantenham em suas agendas permanentes contatos com a comunidade, por meio de reuniões previamente organizadas. Para preparar as reuniões, deve-se:30 . verificar se há infraestrutura no local (se o espaço comporta o número de pessoas, se há barulho, etc.);. levantar as necessidades de material; . definir o facilitador; . elaborar a pauta da reunião a ser divulgada com antecedência; . elaborar um acolhimento inicial; . elaborar uma dinâmica na qual todos possam participar;31 . fechar a reunião, .amarrando. o que foi deliberado; . confirmar eventuais tarefas assumidas individualmente ou em grupo; . divulgar a data de uma próxima reunião. A reunião também deve propiciar que o tema que a ensejou seja objeto de reflexão, abordagem e troca de saberes diferenciados, incluídos o dos técnicos que eventualmente participem e daquele produzido localmente. Também deve haver um espaço para falar do futuro, que é sempre um norteador dos esforços comunitários. Ao proporcionar esses encontros e promover esses diálogos, os agentes comunitários agem como tecelões, contribuindo para que essa teia social se revele coesa o suficiente, indicando que aquele aglomerado humano lançou-se na aventura de construir a sua comunidade. VIZINHANÇA SOLIDÁRIA – BATALHÃO PARTICIPATIVO O programa “Vizinhança Solidária” foi idealizado, em meados de 2016, pelo então comandante do 5º BPM (Major QOPM Correia Lima, hoje Tenente-coronel QOPM) no intuito de estabelecer um vínculo solidário, entre a polícia e as comunidades, no combate à criminalidade local e na busca 28FRANCO, Augusto de. Capital social. Brasília: Instituto de Política; Millennium, 2001. p. 62. 29NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e recursos locais . ABCD, cit., p. 32. 30Ibidem, p. 30. 31A experiência do Programa Justiça Comunitária revelou que, quando realizadas em pequenos grupos, as reuniões tendem a ser mais eficientes, porque propiciam um ambiente mais acolhedor e possibilitam maior conexão. As dinâmicas envolvendo grandes grupos tendem a privilegiar somente os mais extrovertidos, o que facilita que as decisões sejam do tipo .assembleísticas., ou seja, prevalecem o argumento e a perspectiva daquele que levar mais aliados e, por conseqüência, tiver maior número de adesões. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 22 de soluções adequadas para a segurança pública nos bairros de atuação do 5º BPM (Zona Sul de Natal - AISPs 5, 10 e 15). “Nós incentivamos a interação entre grupos de moradores e a Polícia Militar – os Conselhos Comunitário de Segurança (Consegs), para coordenarem os setores na localidade e, quando necessário, acionar a Polícia Militar para auxílio ou orientação e, enquanto a viatura se desloca, o solicitante também liga para o 190 para maiores dados acerca de ocorrências”, explicou o Tenente Coronel PM Fagundes, ex-comandante do 5º BPM. Essa é uma inciativa simples, mas tem em seu bojo a eficácia devido a essa interação entre a Polícia Militar e os Consegs (hoje CCCDS – Alguns em fase de implantação aguardando a publicação de portaria atinente) e comunidades porque os próprios moradores passam a ser os <olhos da Polícia Militar>, e dessa forma, monitora as ruas do bairro através das redes sociais e algumas filmagens. Quando as pessoas de uma comunidade interagem e se conhecem, a preocupação com os interesses da coletividade aumenta, inclusive com questões de segurança pública, criando um sentimento de reciprocidade de obrigações e interesses, tanto entre os cidadãos como entre estes e os órgãos de segurança. Outro programa implementado no âmbito da unidade operacional é o “Batalhão Participativo” que objetiva a adoção de métodos de gestão participativa a partir da construção de um diagnóstico do ambiente interno e externo com a cooperação efetiva dos policiais com a definição de métodos e objetivos para o policiamento. Para a implantação desses programas utilizamos todas as redes sociais, criando grupos de interações interna e externamente a fim de que nossos policiais saibam do que realmente acontece e, em tempo real. Para o atual comandante do 5º BPM, o Tenente-coronel QOPM Castelo Branco a interação com a comunidade é de suma importância devido à antecipação (policiamento proativo e preventivo) que dá-se através do monitoramento, in loco, pela própria população, pois fica mais fácil saber os horários e, também, o modus operandi daqueles que vivem às margens da sociedade e afligem, ou tentam afligir, o cidadão de bem que mora em nossa área de atuação. Para a implantação do projeto houve, primeiro, a interação entre polícia e comunidade e através das seguintes etapas: Passo a passo da interação 1ª Etapa: Identificar as lideranças locais. Verificar a existência de associação de moradores, entidades religiosas, conselhos comunitários, outras entidades governamentais e não governamentais. Registrar endereços e telefones para contato e visitas. 2ª Etapa: Contato com as lideranças Locais. Seja através de visitas, reuniões sempre de forma constante e focada nos objetivos do projeto local de polícia comunitária. 3ª Etapa: Palestra sobre Polícia Comunitária. Esclarecimento sobre o tema, divulgação de materiais e apresentação da proposta de trabalho junto à comunidade. 4ª Etapa: Identificação dos problemas do bairro. Levantamentos nas reuniões e contatos diários, para priorização e encaminhamento aos órgão competentes. 5ª Etapa: Coleta de Informações (características socioeconômicas, geográficas e ambientais). Levantamentos do perfil da área (mapa, residências, comércio, igrejas, lazer, pontos sensíveis, etc.). Socializar as informações à comunidade. 6ª Etapa: Indicativo dos problemas locais. Analisar e apresentar á comunidade as dificuldades para prestação dos serviços públicos básicos e identificar os órgãos envolvidos na questão, estabelecendo a competência de órgão e da comunidade. 7ª Etapa: Fixação de metas. Após as deliberações, devem ser estipuladas as metas que de forma que sejam significativas e interessante á comunidade. 8ª Etapa: Estratégia de Implantação. Identificação de responsáveis capazes de auxiliar na resolução dos problemas apontados, possibilitando que se atinjas as metas. 9ª Etapa: Controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização dos trabalhos. A avaliação poderá ser feita através de: Um indicador (fato que indique se o objetivo foi atingido ou não); Dados estatísticos; Pesquisa com levantamento e questionário sobre o grau de satisfação da comunidade; Contato pessoal com a comunidade. Mudança Gerencial e a preparação dos policiais para a aproximação com a sociedade e vice-versa CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 23 No contexto atual de aumento da criminalidade, surge um paradoxo que coloca em questionamento a própria existência da polícia: A concentração no combate ao crime ao ser colocado como parâmetro de eficiência do trabalho policial acaba por desvelar a incapacidade e a ineficiência da ação da polícia em enfrentar e combater o crime já que o ato da prisão e a investigação de crimes não podem ser considerados por si só indicativos positivos da prevenção e do controle do crime e tão pouco geram uma segurança efetiva da população. Delineia-se assim, outra tendência bastante expressiva na conjuntura contemporânea referente à função da polícia numa sociedade democrática, que é o entendimento de que o papel da polícia está intrinsecamente relacionado com sua inserção na sociedade como mediadora de conflitos e com a participação e mobilização efetiva da população. Neste sentido, a polícia não pode desprezar as reivindicações sociais não relacionadas à lei, ou seja, as necessidades da população geradas a partir da estrutura socioeconômica e das relações interpessoais. Conforme esclarece Bayley: O papel da polícia em diminuir a ameaça do crime, portanto, vem não apenasda prisão de criminosos, mas também através da mobilização ativa da população, de modo a atingir tanto as causas quanto os sintomas do crime. Para fazê-lo, a polícia não pode se distanciar das reivindicações desagregadas; de fato, precisa encarar essas reivindicações como oportunidade de se envolver nos processos fundamentais de interação social. Em resumo, a polícia deve se envolver em situações não relacionadas à lei para proporcionar uma prevenção de crimes mais eficaz. (BAYLEY , 2001:236). Assim sendo, a especialização no combate ao crime não pode ser considerada como elemento definidor da ação policial uma vez que a cooperação da população é fator fundamental na prevenção e resolução de crimes. A configuração no cenário público brasileiro dessa tendência de um policiamento próximo à sociedade começou a ser delineado a partir da constituição brasileira de 1988 com a instauração do Estado Democrático de Direito e implica uma redefinição do papel da polícia em relação à sociedade, a descentralização da área de comando e o desenvolvimento da ação civil. Analisando as modalidades de Interação estratégica, complementar, social e logística há de se enfatizar a necessidade de melhor preparar a polícia e a sociedade para essa aproximação visando corrigir distorções e equívocos que possam existir. Neste sentido, a polícia em suas reuniões deve apresentar à comunidade as vantagens dessa aproximação, bem como todos os aspectos que a envolverão. Para tanto, conforme quadro abaixo se verifica algumas informações úteis para essa ocasião: COMUNIDADES POLÍCIA Qual o papel da comunidade? Qual o papel da Polícia ? A participação é total? É realizar ações democráticas que otimizem o envolvimento e comprometimento da comunidade? A comunidade participaapenas consertando viaturas ou reformando prédios? A exigência para a participação da comunidade será apenas para consertar viaturas ou reformar prédios? Apenas aqueles com recursos da comunidade participam privilegiando o serviço na porta de estabelecimentos comerciais? Ou melhor, servir de informante ou escudo às ações equivocadas de policiais, ou fonte de receitas para comerciantes em serviços privilegiados de segurança? A nossa participação será apenas para endossar as ações da polícia no bairro ou para participar das discussões ou decisões na melhoria do serviço policial? A Polícia estará preparada para ouvir a comunidade (elogios aos seus integrantes, críticas ou sugestões)? Podemos envolver outros órgãos públicos na questão ? A Polícia admite a participação de outros órgãos públicos na questão? Podemos elogiar ou criticar a polícia local em seus erros e acertos? A Polícia apoia as iniciativas da comunidade em melhorar a qualidade de vida ou é um instrumento apenas de “caça bandido”? Teremos autonomia de ação para exigir ações dos A Polícia está preparada para conceder o seu CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 24 poderes públicos locais? “poder” a comunidade (entenda poder não o de polícia, mas o nome e as possibilidades que a força policial tem no sentido do controle social informal, sem ser repressivo ou fiscalizatório)? Seremos apoiados pela polícia nessas iniciativas? A polícia estará comunidade? Enfim, A Polícia quer ser mesmo Comunitária ou é uma “fachada” política? Enfim, A Polícia quer ser mesmo Comunitária ou é uma “fachada” política? Os desafios da vida são constantes e isso requer uma atualização permanente para elaboração dos trabalhos, sendo que a eficiência e eficácia de um trabalho de Polícia Comunitária não podem ser mensuradas somente pela ausência de crime e desordem, mas, principalmente pelo apoio da comunidade nas questões de Segurança. Como funciona na prática: Com intuito de resgatar e manter a percepção de segurança na sua região, vizinhos (dentre eles um tutor) aproximam-se um dos outros, afastando a indiferença para com o próximo. Ações e requisitos 1. Materialização por meio de uma placa custeada pela iniciativa privada em caráter não oneroso, firmando uma parceria com a Cia da Polícia Militar local, CONSEG - CCCDS ou alguma outra entidade de cunho social, como Associações Comerciais e/ou de bairros; 2. O Comando da Cia da Polícia Militar e a entidade passam a ser os responsáveis pela aquisição, distribuição e manutenção das placas; 3. Fortalecimento do nome, VIZINHANÇA SOLIDÁRIA, de modo que não se individualizem pessoas, mas sim a vizinhança; 4. Escolha dos locais para afixação das placas pela Cia da Polícia Militar, com base nas ferramentas de inteligência policial e de gestão, o que não impede de ser adquirida espontaneamente pelo TUTOR; 5. Identificação e escolha de um TUTOR, que será uma espécie de líder comunitário na vizinhança solidária que literalmente zelará pelas placas, informando ao CONSEG e/ou entidade de um possível extravio, por exemplo; 6. Inserção do TUTOR no programa de visitas comunitárias realizado pela Cia da Polícia Militar ou nos Cartões de Prioridade de Policiamento, de forma que periodicamente, sugere-se quinzenalmente, tenha-se um contato, cidadão e policial Como utilizar o aplicativo WhatsApp no programa VIZINHANÇA SOLIDÁRIA 1. O TUTOR da área de alcance deverá ser o responsável pela criação de um GRUPO no WhatsApp e convidar os vizinhos da área a participar “espontaneamente” do grupo de mensagens e explicar as regras de mensagens a serem divulgadas entre os componentes. No Bairro de Capim Macio I (Conjunto dos Professores da UFRN, Conjuntos Cidade Jardim e Vilage dos Mares) os tutores são o Professor Janildo e Fátima Rafael Maciel e em Capim Macio II são Senhora Viviane e o Coronel RR Nunes. 2. O TUTOR será o responsável por fazer a triagem e transmitir somente as mensagens “relevantes” ao policiamento da área, mensagens estas que poderão resultar em futuras ações preventivas a serem implementadas pela polícia comunitária. Glossário do Projeto 1. Tutor: É o cidadão local, líder comunitário no programa vizinhança solidária, que será instruído pela Polícia Militar acerca de prevenção primária entre outras ações. O tutor participará das reuniões do CONSEG. Segundo o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária32: Alguns cidadãos terão comparecido a muitas reuniões de bairro, mas não necessariamente são líderes comunitários potenciais. É preciso identificar as pessoas que estão dispostas a iniciar o processo. A maioria das pessoas que se envolvem ativamente na iniciativa da Polícia Comunitária estão motivadas, não tanto por sua própria vitimização ou medo do crime, mas por um interesse geral do bairro e da comunidade. Procure as pessoas que reflitam as atitudes, os valores, as normas e as metas do bairro, porque elas saberão melhor como estimular e perpetuar o apoio dos cidadãos. ➢ Independentemente do método de seleção, os líderes devem exibir muitas das seguintes características: 32Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária / Secretaria Nacional de Segurança Pública. – 5. ed. – Brasília: Ministério da Justiça, 2013. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 25 ➢ Uma capacidade de participar pessoalmente da iniciativa, sendo de preferência um morador da comunidade. ➢ Uma inclinação para a ação de resolução de problemas, ao invés da retórica. ➢ Uma habilidade de identificação com as pessoas envolvidas e, idealmente, ser reconhecido pelo grupo como o seu porta-voz. ➢ A capacidade de inovar, inspirar ação e estimular a participação continuada e geraldos cidadãos. ➢ A capacidade de encorajar respostas de todos os segmentos da comunidade. (Brasil, 2013) 2. Visita Comunitária: Periodicamente os PM do Programa Vizinhança Solidária e integrantes da comunidade farão contato estreitando relações permitindo que a Instituição conheça os reais problemas de segurança pública para providências e soluções. A visita comunitária é uma das atividades mais básicas do policiamento comunitário e que melhor facilita a aproximação e contato direto além de contribuir para produzir informações que conduzam a resolução de problemas. A visita comunitária tem origem no Japão, onde tal atividade é chamada de Junkai Renraku: Junkai Renraku são atividades que os policiais comunitários realizam, por meio da visita a famílias e aos locais de trabalho, ocasião em que repassam orientações sobre a prevenção de ocorrências de crimes e acidentes, além de recepcionarem informações sobre problemas, solicitações e sugestões da comunidade (SENASP, p. 156). Através dos Junkai Renraku, os policiais comunitários preenchem um cartão, no qual inserem informações úteis para melhor conhecer o cidadão e acioná-lo no caso de desastre ou acidentes, ou ainda, para repassar orientações que melhorem a sua segurança. Objetivos da visita comunitária A visita comunitária tem por objetivo geral estabelecer uma relação de amizade e confiança mútua, por meio de constantes contatos diretos e pela presença asseguradora de policiais militares. A SENASP (2010, p. 157) relaciona outros objetivos da visita comunitária: Traçar perfil socioeconômico da comunidade; Identificar problemas criminais e situação de riscos às pessoas; Conhecer a comunidade com a qual trabalha; Interligar a população e demais órgãos públicos para a resolução de problemas. A visita comunitária ainda é um importante instrumento na prevenção de crimes, conforme assevera a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP, 2010, p. 157): As visitas comunitárias têm o objetivo de proporcionar condições para que o policial militar possa transmitir informações sobre prevenção de crimes, divulgar os projetos desenvolvidos, a forma de atuação policial militar e os objetivos do policiamento comunitário, além de ser excelente ferramenta para o marketing institucional. A busca da prevenção, utilizando a visita comunitária possui dois focos: combater a vitimização através de orientações que venham a instigar a pessoa a se preocupar com sua segurança, deixando de ser uma vítima fácil e, o segundo foco, contribuir com a polícia através de informações fidedignas que propiciam a prisão de criminosos, o combate a crimes e a identificar locais e pessoas vulneráveis. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 26 Foto 3 - Junkai Renraku – Fonte:https://pikdo.net/p/kapolresngawi/2089975825138155010_6803778813 Estabelecendo uma relação de confiança com o cidadão. A primeira preocupação na concretização da visita comunitária é estabelecer uma relação de confiança entre a polícia e a comunidade. Nesse sentido, o policial militar deve: a) Conhecer como desempenha uma visita comunitária; b) Ser compromissado com o policiamento comunitário e defender a filosofia; c) Ser atencioso com as pessoas, ouvindo-as atentamente; d) Orientar e dar explicações sobre os questionamentos; e) Superar os obstáculos que historicamente distanciaram a polícia da sua comunidade; f) Acreditar no seu trabalho, independentemente dos resultados iniciais não serem compatíveis com o planejamento; g) Estimular o cidadão a compartilhar a responsabilidade pela segurança e a fortalecer a parceria com a Polícia Militar. * Como realizar uma visita comunitária O policial militar do quadrante deve estar convicto que a visita comunitária é uma rotina de trabalho. O policial militar deve entender que o cidadão é coparticipante do processo preventivo e nesse sentido, um bom atendimento é fundamental para construir uma relação saudável. Ao realizar uma visita comunitária, o policial militar deve: a) Saudar educadamente o cidadão; b) Apresentar-se como o policial militar do quadrante; c) Apresentar o novo modelo de policiamento e asseverar a intenção da Polícia Militar em prestar um serviço que lhe proporciona uma segurança real, verdadeira; d) Estimular o morador a melhor se prevenir, analisando suas fragilidades e lhe repassando cuidados específicos; e) Pedir a colaboração do morador para a qualidade de vida do bairro; f) Entregar o cartão com dados funcionais do quadrante; g) Despedir com a mesma educação da apresentação. A visita comunitária é uma modalidade de policiamento preventivo e deve revestir-se da devida formalidade exigida na relação de um prestador de serviço com seu cliente. A amizade conquistada não deve ingressar no campo pessoal, sem, contudo, deixar alcançar a empatia com a situação do cidadão. Visita comunitária residencial É aquela realizada em residências para: [...] verificar as carências daquela família, a situação sócio-econômica, identificar as formas mais comuns de violência a que estão sujeitos, além de colher solicitações e informações pertinentes à criminalidade e aos conflitos existentes, a fim de que o policial militar possa resolver, orientar ou encaminhar tais problemas e solicitações aos órgãos competentes (SENASP, 2010, p. 159). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 27 A visita comunitária em residência, como modalidade de policiamento propicia a infiltração da Polícia Militar em áreas pouco policiadas e leva ao morador o sentimento de preocupação e zelo que o Estado está denotando a seu respeito. Visita comunitária comercial No comércio, a frequência de visita comunitária é maior e, consequentemente, se repete com maior facilidade por três motivos: 1) número de estabelecimentos comerciais é menor que de residências; 2) se situa em locais de maior fluxo de pessoas e 3) são mais suscetíveis a furto e roubo. “Nas visitas comerciais, devem ainda ser observadas as condições de segurança e a vulnerabilidade a eventos criminosos (principalmente furto e roubo) de modo que o policial militar possa orientar sobre as formas de prevenção” (SENASP, 2010, p. 160). No patrulhamento tradicional os policiais militares patrulham distantes das pessoas, executando o equivocado método de prevenção pela exclusividade do policiamento. Por mais público que seja o policiamento não há impedimento aos policiais militares de acessarem os estabelecimentos comerciais. Adentrar ao imóvel, conversar com os comerciários e clientes e aproveitar para transmitir orientações de prevenção e formas de acionar a Polícia Militar no caso de emergência, trata-se de um modelo de policiamento eficiente e que aproxima o cidadão da Polícia Militar. Visita comunitária em órgão público ou entidade privada. Os policiais militares do quadrante devem buscar a aproximação do órgão público como creches, escolas, hospitais e entes privados, como igrejas, Organização não Governamental (ONG), associações, com fim comum da visita que é a prevenção, por métodos próprios e aproximação com a Polícia Militar, bem como para “[...] o levantamento de dados sobre o funcionamento e a atuação de cada órgão [...]” (SENASP, 2010, p. 160) para, através dele, encaminhar solicitações do cidadão para a resolução de problemas e para ser possível o acionamento do diretor, presidente ou chefe do órgão em caso de emergência, pois nesses locais, geralmente, estão fechados à noite e finais de semana, estando vulneráveis ao crime. 2.1. Obs.: Segundo a Diretriz, a visita comum poderá ser realizada por meio de qualquerPrograma de Policiamento instituído pela Polícia Militar. 3. Visita Solidária: A visita solidária ocorre quando os policiais militares visitam as vítimas de crime e incivilidades havidas no quadrante, para outras providências policiais e orientações sobre prevenção. É através da visita solidária que o policial militar faz um estudo de caso e conduz a vítima a refletir se o seu comportamento contribuiu para o desfecho delituoso. Igualmente, o policial militar enriquece sua lista com novas maneiras de prevenção. A aproximação do policial militar após a ocorrência criminal é importante para renovar a confiança do cidadão em relação à Polícia Militar, às vezes abalada após a ocorrência de um crime que a Polícia Militar não conseguiu evitar. É através da visita solidária que o policial militar se projeta no lugar da vítima e, através da empatia, possa sentir melhor a aflição da pessoa e, com isso, valorizar o seu serviço e dedicar-se com melhor eficiência. Por meio da visita solidária o policial militar pode suscitar mais informações a respeito do delito e sobre o criminoso, propiciando conhecer sua forma de atuação, possibilitando a identificação da autoria e a elucidação de outros crimes. O policiamento comunitário é completo, abrangendo a prevenção e a repressão criminal e o modelo fomentado pelo Governo Federal, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública, apoia a “Assistência à Vítima” como oportunidade ampla para, resgatar a confiança do cidadão, para melhorar a atuação da polícia e até para elucidar o delito: Diariamente, o policial deve consultar o banco de dados e relacionar as ocorrências no dia anterior, ou outro período pré-definido, deslocar-se ao local e fazer contato com a vítima a fim de colher dados necessários para o planejamento adequado de ações. Desta forma, também, o cidadão sente-se prestigiado, aumentando a sensação de segurança e criando, acima de tudo, um vínculo entre a polícia e a comunidade (SENASP, 2010, p. 166). A visita solidária, bem-sucedida, propicia a restauração da Ordem Pública através da possibilidade de responsabilização do autor do crime e do aumento da sensação de segurança.Contato de PM com vítima de ocorrência policial, previamente analisada e triada pelo Comandante de OPM que orientará acerca das medidas de prevenção primária que poderão ser adotadas a partir de então. Patrulhamento: ocorre constantemente, 24 (vinte e quatro) horas por dia, com a mesma intensidade do policiamento convencional, onde os policiais estão atentos às movimentações da CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 28 comunidade, utilizando-se para isso das regras contidas em um manual de procedimentos operacionais padrão que a SESED - Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do Estado do Rio Grande do Norte - adotou, visando minimizar os erros e aumentar a qualidade dos serviços prestados; Capacitação de pessoas para trabalharem na polícia comunitária: constantemente são realizadas palestras e cursos (nos Cursos de Formação e de Aperfeiçoamento se Sargentos – CFS e CAS temos as disciplinas de Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária e de Polícia de Proximidade), a fim de habilitar policiais, membros da comunidade ao trabalho de polícia comunitária. Sabendo que a sociedade opera segundo modelos, esta medida visa diminuir a dificuldade de transposição de um modelo tradicional ao modelo de participação comunitária. Caso a população necessite é só contatar o comandante do 5º BPM para que ele, ou algum representante, sirva de multiplicador desse conhecimento. Como Participar: O programa é de adesão voluntária; procurar a Companhia da Polícia Militar mais próxima, por meio de CONSEG ou de outra associação. O importante é que se organize. Nossas companhias encontram-se dentro das instalações do BPM (PCS e 2ª Companhia) fora de nossas instalações (1ª CPM – Base de Ponta Negra – Na rua … e 3ª CPM a na Rua Grossos, 14 em Lagoa Nova I) além de nossas companhias e do Pelotão de Comando e Serviços dispomos, também, de uma Base no bairro de Morro Branco. Materialização do PVS:BP: A placa do programa será custeada integralmente pela iniciativa privada, refletindo a parceria entre a OPM local e entidades comunitárias. OBS.: Essa placa deverá ser confeccionada conforme modelo e não devem ser afixadas sem obedecer aos critérios da estratégia do policiamento, já que estão atreladas a uma visitação por parte da OPM local. Material utilizado: PMESP – VIZISOL. Endereço da postagem no Blogger do 5º BPM – Arante, Janildo da Silva. 5º BPM desenvolve programa “Vizinhança Solidária” na zona Sul de Natal. Disponível em: <https://5bpmzonasuldenatal.blogspot.com/2017/08/5-bpm-desenvolve-programa-vizinhanca.html> . Acesso em 28 set 2019. 5.2. Vizinhança Solidária. Instrumento de prevenção social e uma ferramenta de prevenção primária (ADAPTADO). Texto base de:Temístocles Telmo Ferreira Araújo33 33É Coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo - Comandante do Policiamento de Área Metropolitana 1 - Área Central de São Paulo. Doutor, Mestre e Bacharel em Ciências Policiais de Segurança e de Ordem Pública pelo Centro de Altos Estudos de Segurança junto à Academia de Polícia Militar do Barro Branco órgão especial de ensino superior da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Pós graduado lato senso em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público, São Paulo. Professor de Direito Processual Penal, Direito Penal e Prática Jurídica Penal do Centro Universitário Assunção. Professor de Legislação Penal Especial (2013) e de Procedimentos Operacionais da Academia de Polícia Militar do Barro Branco (2008 a 2009). Professor de Direito Penal e Processo penal - no Curso Êxito Proordem Cursos Jurídicos (2004 a 2009). Professor Tutor da Pós-graduação de Direito Militar e Ciências Penais na rede de ensino Luiz Flávio Gomes - LFG (2007 a 2010). Professor Tutor de Prática Penal na Universidade Cruzeiro do Sul (2009). Professor de Direito Processual Penal do Curso de Tecnólogo em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública junto ao Gabinete de Treinamento do Comando de Policiamento Rodoviário da Polícia MilitarESP. Membro nato do Conselho Comunitário de Segurança Santo André Centro (2007 a 2012). http://sites.google.com/site/professortelmo. http://temistoclestelmo.jusbrasil.com.br/. http://jus.com.br/692802-temistocles-telmo- ferreira-araujo CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 29 Estuda-se as estratégias do Policiamento Orientado e Polícia Comunitária, destacando que as Polícias Militares no Brasil adotam 04 (quatro) estratégias em suas atuações. O fenômeno da criminalidade e violência atravessa o tecido social, causam medo e sentimento de insegurança, o que torna importante desde já entender que violência e criminalidade não são sinônimas. Violência é constrangimento físico ou moral. Criminalidade é a expressão dada pelo conjunto de infrações que são produzidas em um tempo e lugar determinado, é o conjunto dos crimes. Muitas estratégias de policiamento são delineadas por todo o mundo quando o assunto é Segurança Pública, mas procuro dar destaque para o Policiamento Orientado para o problema, Polícia Comunitária, Policiamento Estratégico e Policiamento Tradicional, que em apertada síntese, podem ser assim conceituadas: Policiamento Tradicional tem sua marca no atendimento da ocorrência, o crime já ocorreu, é reativo; Policiamento Estratégico tem sua marca no compartilhamento de inteligência das instituições; Policiamento Orientado para o Problema tem como principal característica melhorar a estratégia do policiamento tradicional,acrescentando reflexão e prevenção, pois o crime pode ser controlado e mesmo evitado por ações que não prisões, como, por exemplo, a restauração da ordem em um local; Polícia Comunitária é a criação de uma parceria, entre a comunidade e a polícia, visando a prevenção ao crime e à violência. As Quatro Características do Policiamento Comunitário Destacaremos 4 características comuns a esse tipo de policiamento: 1ª característica: relação de confiança. O policiamento comunitário só ocorre onde há uma relação de proximidade e confiança recíproca entre polícia e população. Isso permite a realização de um trabalho conjunto no qual ambos compartilham as tarefas e responsabilidades. Em locais onde essa relação encontra-se deteriorada ou não existe, o primeiro esforço deve ser para desenvolver estratégias que favoreçam a aproximação e a confiança entre ambos. 2ª característica: descentralização da atividade policial. Para que o policial contribua para o bem-estar da comunidade, é necessário que ele esteja integrado às pessoas que nela vivem, conheça o seu cotidiano e tenha alguma autonomia para tomar iniciativas nas atividades de segurança local. Essa interação com a comunidade permite que o policial conheça as lideranças locais e levante informações fundamentais para o seu trabalho. 3ª característica: ênfase nos serviços não emergenciais. No policiamento comunitário as atividades são orientadas, prioritariamente, para a prevenção do crime e resolução de conflitos na sua origem, tendo como base a comunidade. Através do trabalho preventivo, tanto a comunidade assume um papel mais ativo em relação à segurança como a polícia assume funções que não se limitam apenas à repressão ou aos atendimentos emergenciais. O trabalho preventivo é fundamental, porque, quando bem realizado, suas ações possuem grande poder para CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 30 minimizar ou, até mesmo, evitar que problemas se desdobrem em situações mais complexas e de maior perigo. Isso, consequentemente, diminui, inclusive, a demanda da polícia por atendimentos emergenciais. 4ª característica: ação integrada entre diferentes órgãos e atores. No policiamento comunitário as ações não são realizadas apenas pela polícia. Como já dito anteriormente, além da participação da comunidade é necessário também buscar a colaboração de outros representantes públicos, como prefeitura, hospitais, escolas, concessionárias de energia e saneamento, Ministério Público, Ouvidorias de Polícia, entre outros. Essa coordenação de diversas instituições é fundamental, porque muitos problemas de segurança exigem providências que não dizem respeito apenas à polícia, mas também a outros serviços públicos. O resultado desse esforço conjunto acaba sendo um novo olhar e nova atitude diante dos problemas de segurança e do próprio trabalho policial. PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO De acordo com MOREIRA (2005), os policiais brasileiros que ocupam cargos executivos não costumam considerar as diferentes estratégias institucionais para o policiamento. Uma grande parcela prefere repetir aquilo que aprendeu nas academias, com seus professores policiais, sem considerar outros modelos policiais. Entretanto, na tentativa de atingir os objetivos organizacionais, alcançar uma legitimação e apoio das comunidades acumulou–se, nos últimos 50 anos, diversas experiências policiais. Estas experiências podem ser divididas em quatro grandes grupos: - Combate profissional do crime ou policiamento tradicional; - Policiamento estratégico; - Policiamento Orientado para o Problema; e - Polícia Comunitária. Uma estratégia de policiamento orienta, entre outras coisas, os objetivos da polícia, seu foco de atuação, como se relaciona com a comunidade e principais táticas. Exemplos de estratégias: Combate profissional do crime e policiamento estratégico têm como objetivo principal o controle do crime, pelo esforço em baixar as taxas de crime; Policiamento Orientado para o Problema e a “Polícia Comunitária” enfatizam a manutenção da ordem e a redução do medo dentro de um enfoque mais preventivo. Enquanto o policiamento tradicional mantém certo distanciamento da comunidade (os policiais é que são especialistas), a Polícia Comunitária defende um relacionamento mais estreito com a comunidade como uma maneira de controlar o crime, reduzir o medo e garantir uma melhor qualidade de vida. AS CARACTERÍSTICAS DAS QUATRO ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO Veja: https://jus.com.br/artigos/28125/policiamento-comunitario-a-transicao-da-policia- tradicional-para-policia-cidada - Combate Profissional do Crime ou Policiamento Tradicional A estratégia administrativa que orientou mundialmente o policiamento a partir de 1950 e, no Brasil, ainda orienta a maioria das polícias, de todas as unidades federativas, é sintetizada pela frase, que nomeia esta estratégia: “combate profissional do crime”. Ela tem como principais características: - Foco direto sobre o controle do crime como sendo a missão central da polícia , e só da polícia; - Unidades centralizadas e definidas mais pela função (valorização das atividades especializadas), do que geograficamente (definição de um território de atuação para cada um dos policiais)34; e - Altos investimentos (orçamentários e de pessoal) em tecnologia e em treinamento. O objetivo da estratégia de combate profissional do crime é criar uma força de combate do tipo militar, disciplinada e tecnicamente sofisticada. Os principais objetivos desta estratégia é o controle da criminalidade e a resolução de crimes. - As principais tecnologias operacionais dessa estratégia incluem a utilização de patrulhas motorizadas, de preferência com automóveis, suplementadas com rádio, atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e respondendo rapidamente aos chamados, principalmente aqueles originados pelo telefone 190 ou 911 – no exterior. - Os valores que dirigem o combate ao crime englobam o controle do crime como objetivo importante, investimentos no treinamento policial, aumento do status e da autonomia da polícia e a eliminação da truculência policial. 34 O Prof. Theodomiro Dias Neto, no livro “Policiamento Comunitário e Controle sobre a Polícia” (2006:11), explica com riqueza de detalhes este momento histórico que centraliza as estruturas internas policiais de comando e controle. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 31 A limitação deste modelo em controlar a criminalidade é um dos seus pontos fracos; um outro é o caráter reativo da ação da polícia, que só atua quando é chamada, acionada. As táticas utilizadas normalmente falham na prevenção dos crimes, ou seja, não os impedem de acontecer. Praticamente não há análise das causas do crime e existe um grande distanciamento entre a polícia e a comunidade. Na verdade, o distanciamento é incentivado, pois “quem entende de policiamento é a polícia”. O isolamento é uma tentativa institucional de evitar a corrupção. − Policiamento Estratégico O conceito de policiamento estratégico tenta resolver os pontos fracos do policiamento profissional de combate ao crime, acrescentando reflexão e energia à missão básica de controle do crime. O objetivo básico da polícia permanece o mesmo que é o controle efetivo do crime. O estilo administrativo continua centralizado e, através de pesquisas e estudos, a patrulha nas ruas é direcionada, melhorando a forma de emprego. O policiamento estratégico reconhece que a comunidade pode ser um importante instrumento de auxílio para a polícia e enfatiza uma maior capacidade para lidar com os crimes que não estão bem controlados pelo modelo tradicional.A comunidade é vista como meio auxiliar importante para a polícia, mas a iniciativa de agir continua centralizada na polícia, que é quem entende de Segurança Pública. Os crimes cometidos por delinquentes individuais sofisticados (crimes em série, por exemplo) e os delitos praticados por associações criminosas (crime organizado, redes de distribuição de drogas (narcotráfico), crimes virtuais de pedofilia, gangues, xenofobia, torcedores de futebol violentos – como os hooligans, etc.) recebem ênfase especial. O policiamento estratégico carece de uma alta capacidade investigativa. Para esse fim são incrementadas unidades especializadas de investigação. − Policiamento orientado para o problema (Era de resolução de problemas com a comunidade) O Policiamento Orientado à Solução de Problemas (POP) traz como contribuição a atuação sobre as causas dos problemas de segurança pública, ampliando seu olhar para além do crime e sobrepondo a desordem ou sensação de insegurança. O POP propicia a elaboração de uma resposta que congregue todos aqueles que têm responsabilidade sobre cada causa específica. O policiamento para (re)solução de problemas, também conhecido com o policiamento orientado para o problema (POP),é uma estratégia que tem como objetivo principal melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexão e prevenção criminal. Para diversos autores “[...] o policiamento orientado para a solução de problemas conota mais do que uma orientação e o empenho em uma tarefa particular. Ele implica em um programa, com sugestões sobre o que a polícia precisa fazer”, segundo Skolnik; Bayley (2002, p.39). O POP pressupõe que os crimes podem estar sendo causados por problemas específicos e talvez contínuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser minimizado (ou até mesmo extinto) através de ações preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pública. Essa estratégia determina o aumento das tarefas da polícia ao reagir contra o crime na sua causa, muito além do patrulhamento preventivo, investigação ou ações repressivas. − Policiamento Comunitário (Era de resolução de problemas com a comunidade) O policiamento comunitário é uma filosofia de policiamento que ganhou força nas décadas de 70 e 80, quando as organizações policiais em diversos países da América do Norte e da Europa Ocidental começaram a promover uma série de inovações na sua estrutura e funcionamento e na forma de lidar com o problema da criminalidade. Em países diferentes, as organizações policiais promoveram experiências e inovações com características diferentes. Mas, algumas destas experiências e inovações são geralmente reconhecidas como a base de um novo modelo de polícia, orientada para um novo tipo de policiamento, mais voltado para a comunidade, que ficou conhecido como policiamento comunitário (Bayley; Skolnick, 2001; Skolnick; Bayley, 2002).35 Quatro inovações são consideradas essenciais para o desenvolvimento do policiamento comunitário (Bayley; Skolnick, 2001:224-232; Skolnick; Bayley, 2002:15-39): - organização da prevenção do crime tendo como base a comunidade; - reorientação das atividades de policiamento para enfatizar os serviços não emergenciais e para organizar e mobilizar a comunidade para participar da prevenção do crime; - descentralização do comando da polícia por áreas; - participação de pessoas civis, não-policiais, no planejamento, execução, monitoramento e/ou avaliação 35Um estilo de policiamento comunitário centrado no estabelecimento de postos de polícia denominados Koban foi implantado no Japão após a 2a Guerra Mundial, resultado da combinação de um modelo tradicional de polícia desenvolvido no Japão no século XIX e ideais democráticos norte-americanos (Bayley; Skolnick, 2002:52). Entretanto, foi apenas nas décadas de 70 e 80, com o desenvolvimento de experiências de policiamento na América do Norte e Europa Ocidental que esse tipo de policiamento tornou- se mais conhecido internacionalmente. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 32 das atividades de policiamento. Estudos de processos de implantação do policiamento comunitário em diversos países apontam quatro fatores cruciais para a implantação e consolidação deste tipo de policiamento (Bayley; Skolnick, 2001:233- 236): - envolvimento enérgico e permanente do chefe com os valores e implicações de uma polícia voltada para a prevenção do crime; - motivação dos profissionais de polícia por parte do chefe de polícia; - defesa e consolidação das inovações realizadas; - apoio público, da sociedade, do governo e da mídia. Estes estudos apontam também as principais dificuldades para a implantação e consolidação do policiamento comunitário (Bayley; Skolnick, 2001:237-241; Skolnick; Bayley, 2002:71-92): - a cultura tradicional da polícia, centrada na pronta resposta diante do crime e da desordem e no uso da força para manter a lei e a ordem e garantir a segurança pública; - a expectativa ou a demanda da sociedade pela pronta resposta diante do crime e da desordem e pelo uso da força para manter a lei e a ordem e garantir a segurança pública; - o corporativismo dos policiais, expresso principalmente através das suas associações profissionais, que temem a erosão do monopólio da polícia na área da segurança pública, e consequentemente a redução do emprego, do salário e dos benefícios dos policiais, além daquele decorrente do crescimento da segurança privada, e também o aumento de responsabilização dos profissionais de polícia perante a sociedade; - a limitação de recursos que a polícia dispõe para se dedicar ao atendimento de ocorrências, a investigação criminal e a organização e mobilização da comunidade, especialmente se a demanda pelo atendimento de ocorrências e investigação criminal é grande (seja em virtude do número de ocorrências e crimes e/ou pela pressão do governo e da sociedade); - a falta de capacidade das organizações policiais de monitorar e avaliar o próprio trabalho e fazer escolhas entre tipos diferentes de policiamento, levando em consideração sua eficácia, eficiência e legitimidade; - a centralização da autoridade na direção das polícias, e a falta de capacidade da direção de monitorar e avaliar o trabalho das unidades policiais e profissionais de polícia; - as divisões e conflitos entre os policiais da direção e os da ponta da linha, entre policiais experientes e os policiais novos — e, no caso do Brasil, uma dificuldade adicional seria a divisão e conflito entre os policiais responsáveis pelo policiamento ostensivo na polícia militar e aqueles responsáveis pela investigação criminal na polícia civil; - as divisões e conflitos entre a polícia e outros setores da administração pública; - as divisões e conflitos entre grupos e classes sociais no interior da comunidade. Diante destas dificuldades, há sempre o risco da oposição e da resistência a experiências e inovações visando a implementação do policiamento comunitário, dentro e fora da polícia. Mas há também um risco de que o policiamento comunitário venha a ser implantado como mais uma atividade especializada, atribuída a unidades e a profissionais especializados, pouco integrados às unidades responsáveis pelo patrulhamento, atendimento a ocorrências e investigação criminal. Ou mesmo o risco de que as unidades policiais, quando passam a ter a responsabilidade de fazer o policiamento comunitário, deem menos valor às atividades de policiamento comunitário do que às atividades tradicionais de polícia. Por exemplo, designando para estas atividades menos tempo, menos recursos e/ou profissionais menos qualificados. O papel das lideranças da polícia é, portanto, fundamental para iniciar e sustentar experiências e inovações visando à introduçãodo policiamento comunitário. Frequentemente as dificuldades são apresentadas como uma explicação ou justificativa para a não implantação do policiamento comunitário ou para as limitações e deficiências no processo de implantação do policiamento comunitário. Há muitos casos em que a explicação ou justificativa é válida. Mas há também muitos casos em que a explicação ou justificativa simplesmente mascara a falta de visão, vontade e/ou capacidade de ação das lideranças da polícia. A estratégia de policiamento comunitário vai, ainda, mais longe nos esforços para melhorar a capacidade da polícia. O policiamento comunitário, que é a atividade prática da filosofia de trabalho da polícia comunitária, enfatiza a criação de uma parceria eficaz e eficiente entre a comunidade e a polícia. O policiamento comunitário tem a necessidade de deixar a comunidade nomear seus problemas e buscar solucioná-los em parceria com a polícia. As instituições, como a família, a escola, a igreja, as associações de bairro e os grupos de comerciantes, são considerados parceiros imprescindíveis da polícia para a criação de um grupo coeso de colaboradores. O êxito da polícia está não somente em sua capacidade de combater o crime, mas na habilidade de criar e desenvolver comunidades competentes para solucionar os seus próprios CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 33 problemas. A polícia comunitária como filosofia muda os fins, os meios, o estilo administrativo e o relacionamento da polícia com a comunidade. O objetivo finalístico é para além do combate ao crime, pois permite a inclusão da redução do medo do crime, da manutenção da ordem e de alguns tipos de serviços sociais de emergência. Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resolução de problemas (método IARA). O estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de policiais especialistas para generalistas. O papel da comunidade evolui de meramente informar ou alertar a polícia, para participante do controle do crime e na criação de comunidades ordeiras. Conforme MOREIRA (2004), as bases filosóficas complementam-se. Cada uma enfatiza busca superar o modelo policial preexistente, observe o diagrama abaixo: ESTRATÉGIAS DO POLICIAMENTO MODERNO Figura 01. Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes. Apostila da disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação de Oficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. Por serem teorias oriundas de estudos com visões e conhecimentos pontuais de algo, por certo comportam outros entendimentos, mas sem delongas e por compactuarmos com as mesmas, vamos focar este estudo nas estratégias do Policiamento Orientado para o problema e (POP) e Polícia Comunitária, destacando desde já que as Polícias Militares no Brasil adotam as 04 estratégias em suas atuações. Para que possamos gerar a provocação positiva, nosso enfoque não será no sistema tradicional de se enxergar polícia, prevenção criminal, com a ênfase na presença da polícia, prisões e redução criminal. Isso é inerente à atividade de polícia em todo o mundo, o enfoque que abordaremos é o da prevenção social. Atrelado a isso também temos as estratégias operacionais. AS ESTRATÉGIAS OPERACIONAIS PODEM SER CLASSIFICADAS EM: REATIVA: responder a eventos em seguida ao recebimento passivo de pedidos por serviço. Instituições ou empresas são reativas porque suas estratégias são reativas. Pense no modelo clássico de planejamento estratégico36: uma análise acurada do ambiente e a construção dos objetivos e estratégias aptos a responder à realidade diagnosticada. O mercado é o ponto de partida e o guia de todas as ações posteriores. PROATIVA: quando o policial cria as condições combate ao de crime, antevendo-o. Proatividade é o comportamento de antecipação e responsabilidade sobre determinada ação, escolha ou resolução de um desafio. As principais características de uma pessoa com proatividade são: ➢ Consegue enxergar além da situação; ➢ Não espera ordens para executar tarefas; ➢ Apresenta resultados além do esperado ; ➢ Antecipa-se aos problemas apresentando soluções práticas; ➢ Busca formas de otimizar o tempo e execução de suas tarefas; ➢ Diante de desafios, foca na solução e não no problema; ➢ Adapta-se facilmente a qualquer ambiente; ➢ Gosta de cumprir metas e inovar em seus resultado s ; ➢ É comprometida, responsável e determinada! 36 Planejamento estratégico é uma competência da administração que auxilia gestores a pensar no longo prazo de uma organização. Alguns itens e passos cruciais para o plano estratégico são: missão, visão, objetivos, metas, criação de planos de ação e seu posterior acompanhamento. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 34 PREVENTIVA: ações provenientes da polícia para alterar, prevenir ou intervir antecipadamente nas situações. Tradicionalmente, a ação da polícia é principalmente reativa. Estas três estratégias se interagem e não são mutuamente excludentes. A prevenção social já está posta no cenário brasileiro nos dispositivos constitucionais do DIREITO SOCIAL E INDIVIDUAL (Art. 5º e 6º), mas de nada adianta um direito sem a garantia do Estado, sendo tal proteção prevista lá no TÍTULO V - Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas, em seu CAPÍTULO III, DA SEGURANÇA PÚBLICA, Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. Mas quis o legislador no parágrafo 5º, atribuir às Polícias Militares a tutela dos direitos sociais e individuais: § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. São as Polícias Militares as detentoras exclusivas do policiamento ostensivo e preservação da ordem pública, está no seu cerne a missão constitucional de desenvolver a prevenção social em conjunto com a prevenção criminal, propondo mecanismos protetivos diversos da prisão de infratores somente. Nosso dileto amigo e estudioso do assunto, Afonso Prado, Coronel da Polícia MilitarESP, em seu doutorado discorreu sobre o tema, na ocasião lançando uma reflexão sobre este modelo clássico de repressão mantido pelo Estado, que já não corresponde à realidade extremamente conflituosa reproduzida pelo ritmo de vida urbana. Os conflitos, cada vez mais, encontram-se revestidos de características peculiares. O efeito repressivo não funciona mais como resposta às diversificadas demandas conflituosas. Não significa, contudo, execrar o aspecto funcional da ação repressiva do Estado, e sim redimensioná-la a um plano de efetividade e pronta resposta, primando-se sempre pelo conjunto de ações preventivas, as quais deverão ser balizadas pela concepção de parceria comunitária, visto que, sem ela, a evidência delituosa estará sempre em destaque e o cidadão permanecerá inerte. (PRADO, 2009, p. 78). Porque Prevenção Social e não a manutenção do conceito da Prevenção Criminal? A resposta por certo não é simples, aliás, em matéria de Segurança Pública, qualquer tentativa de se responder a indagação será complexa, já que em estudo está o comportamento humano em sociedade. Para responder ao questionamento é importante se contextualizar a Segurança Pública, mas não comoretórica somente, mas sim para desde já não desviar sua finalidade, para que “maldosos de plantão” não queiram desconstruir o conceito, trazendo erroneamente que a polícia está se eximindo de seu trabalho e “jogando” a responsabilidade para o cidadão. Aos que pensam assim, deixamos desde já a seguinte reflexão “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”. (Albert Einstein). No entendimento da prevenção social da gestão de segurança, considera-se o cidadão não como um cliente dos serviços policiais, mas como um “coprodutor”`, vital para os serviços desenvolvidos pela polícia, na nítida relação que o investimento em Segurança Pública é investimento em qualidade de vida, não pode ser visto como um incômodo. De tal sorte, o maior ou menor entendimento dessas premissas, Prevenção Social e Qualidade de Vida, definirá o grau de risco aceito pelo cidadão. A política de prevenção social protetiva volta sua integração para a prevenção primária, envolve-se a comunidade nos assuntos de polícia de forma sistêmica, numa postura não reativa, mas sim cooperativa e preventiva, por meio da adoção de cuidados básicos para não potencializar sua condição de vítima da violência que assola os grandes centros urbanos. A prevenção social passa necessariamente pela construção da aproximação da polícia e da sociedade, o Estado não pode ter a Polícia Comunitária apenas na teoria ou restrita a uma modalidade de policiamento, assim como a população não pode continuar crendo que os problemas criminais de uma sociedade são, apenas, responsabilidade da polícia. Para que haja sucesso, a confiança entre polícia e comunidade deve existir. Como Comandante da aérea Central da Capital Paulista, tenho em minha fala e ações, que tudo que se fizer em termos do emprego de uma estratégia de policiamento, deve-se basear em 03 premissas: (I) Manter a sensação de segurança onde haja; (II) resgatar a sensação de segurança onde tenha sido perdida; (III) reduzir crimes no local. Busca-se desenvolver a metodologia da pronta resposta na estratégia do policiamento orientado para o problema de forma a se restabelecer a ordem pública na região atingida pelo crime, resolvendo-se CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 35 aquilo que é possível. Na gênese do tema em discussão Vizinhança Solidária. Instrumento de prevenção social e uma ferramenta de prevenção primária está o plano de comando idealizado no início de 2018, com 03 (três) objetivos prioritários, cada um com 03 ações, para que possa ser entendido pelo público alvo: polícia e sociedade: Diminuir a Violência Urbana; Integridade nas Ações; Ação de Presença, representados pela sigla D.I.A, pois é importante que o Comandante, o Gerente, o Gestor, passe aos envolvidos onde e como repousam suas ações Diminuir a Violência Urbana: (1) Atuar de forma orientada ao problema: temos que identificar a dinâmica criminal, analisar sua incidência, apresentando respostas criativas e avaliar os resultados; (2) Projetos de Proteção Social: fortalecimento dos Conselhos Comunitários de Segurança ou Conselhos Comunitários de Cooperação para a Defesa Social (CONSEG ou CCCDS) e a comunidade organizada. Estender o Programa de Vizinhança Solidária (PVS) e aplicar as visitas comunitárias e solidárias. Desenvolver palestras de mobilização comunitárias; (3) Proteção aos cidadãos: estacionamento da viatura em pontos críticos, adoção de medidas primárias de segurança juntos às Prefeituras Regionais para melhorias do ambiente e desenvolver a conscientização da população por meio de Campanhas Educativas de prevenção. Integridade nas Ações: (1) Abordagem Humana: a Polícia Militar existe para ajudar o cidadão, nossa função é capilarizada em múltiplos atendimentos desde uma simples orientação até a prisão de um infrator da lei; (2) Espírito de Servir: somos militares estaduais, existimos para servir a sociedade, o bem-estar dela é o nosso objetivo maior; (3) Fé na Missão: temos que acreditar na nossa missão, somos muito importantes para sociedade e vice-versa, seja na abordagem, apoio ou uma simples informação. Você Policial Militar faz a diferença desde que aja de forma profissional e proativa, acredite! Ação de Presença: (1) Estar no maior número de locais ao mesmo tempo: como polícia ostensiva e prestadora de serviços de segurança pública temos que estar visíveis e acessíveis na maior quantidade de locais possíveis para sermos referência; (2) Estar nos locais certos: os pontos de estacionamento e patrulhamento devem ser criteriosamente estudados e alterados com base nos Bancos de Dados Inteligentes (CPP); (3) O Policial Militar tem que saber qual a sua atitude no local: o Policial Militar deve saber sua missão ao realizar o Ponto de Estacionamento ou Patrulhamento para se familiarizar com o problema e poder dar uma melhor resposta a sociedade. Enfim o que se pretende para o enfrentamento da violência e da criminalidade urbana é propor um padrão de atuação da Polícia Militar por meio da estratégia do policiamento orientado para o problema, que tem como principal característica melhorar as práticas do policiamento tradicional e estratégico, acrescentando reflexão e prevenção, pois o crime pode ser controlado e mesmo evitado por ações preventivas dos cidadãos, sendo possível se reverter a relação de confiança policial, pois se passa a ouvir a população antes de somente tentar resolver o problema que se julga mais importante. Sabe-se que não é uma tarefa fácil, mas longe de ser impossível, trata-se de uma ação de polícia ousada, pois estará focada na prevenção primária, já que a busca pelo afastamento da sensação de insegurança e a prevenção para a diminuição de crimes está na capacitação e organização da sociedade a conhecer e aplicar mecanismos de proteção individual e social, afastando a descrença predominante em uma nítida política de Segurança Pública preventiva e não só reativa de lei e ordem. Longe de se querer “inventar a roda” ou mesmo se carregar de ufanismo ou vaidades, é que se tem o Programa de Vizinhança Solidária (PVS) como um instrumento de prevenção social e uma ferramenta de prevenção primária, eficiente na diminuição da violência urbana, quer na sensação, percepção e na diminuição de crimes, numa nítida relação à teoria da simplicidade de Charles Darwin: A SIMPLICIDADE SE ENCONTRA NO ESSENCIAL! Da forma como foi sistematizado (PMESP-2013), fomos seu pioneiro, razão pela qual o PVS, para este estudo foi tratado como Ação de prevenção primária como ferramenta facilitadora da filosofia de Polícia Comunitária e a principal proposta é a adoção de mecanismos de proteção individual de estímulo à mudança de comportamento dos integrantes de determinadas comunidades, buscando a conscientização de que a solidariedade entre vizinhos, em termos de segurança, pode vir a ser uma ferramenta facilitadora do policiamento preventivo eficiente e eficaz, objetivando reduzir os indicadores criminais. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 36 Com o PVS aborda-se a importância do papel da comunidade e de seus integrantes de forma conjunta, em especial fortalecendo os CONSEG, visando à diminuição da distância de relacionamentos e interação com a polícia, demonstrando que a estratégia da Polícia Comunitária, como filosofia de policiamento, pode aumentar a qualidade de vida e a confiança por parte da população nos órgãos de segurança. Segundo o relatório sobre a confiança da população na Justiça, elaborado pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no ranking dasinstituições mais confiáveis, os vizinhos aparecem em 11º lugar com 30% e quando o critério está relacionado a determinados grupos do convívio social, os vizinhos aparecem em 3º lugar com 30% (AGÊNCIA BRASIL - FGV, 2012). Para implantação do PVS, o gestor responsável pela área, seja o Comandante de Companhia, Batalhão ou até mesmo da região, deve adotar o previsto na DIRETRIZ Nº PM3-002/02/13, de 13 de setembro de 2013, não se esquecendo de seguir as seguintes etapas: 1ª Fase: Consiste na identificação dos locais para implantação e desenvolvimento do PVS, levando-se em consideração, que o programa é de adesão voluntária podendo qualquer pessoa fazer parte, o ideal é que o Comandante organize esse interesse em comunidade, valendo-se do CONSEG local e/ou de outras associações existentes, no verdadeiro espírito da filosofia da Polícia Comunitária, podendo e devendo indicar os locais (AISP), com base nas ferramentas de inteligência policial, desta feita não se individualiza pessoas e sim a comunidade. Lembrando-se sempre que o PVS é ferramenta do Policiamento Orientado para o problema; 2ª Fase: deve compreender a reunião de mobilização com a comunidade organizada, para se identificar lideranças comunitárias (CONSEG, Associações Comerciais, de bairros entre outros), com a finalidade precípua de aproximar os vizinhos um dos outros e por consequência resgatar a sensação de segurança, por meio de posturas preventivas individuais e coletivas, desenvolvendo-se o sentimento de pertencimento social e dizer não a indiferença para com o outro. Vejamos um trecho da diretriz: 4.1. a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é um sistema que tende a ser mais eficiente quando, além de contar com maior interação de todos os órgãos que o integram, passa a dispor também da efetiva colaboração da sociedade, que deve ser estimulada a participar do processo de formulação de ideias e propostas para propiciar mecanismos voltados ao controle e/ou redução dos indicadores criminais, diminuindo a violência, sobretudo no que tange à perda de vidas e prejuízos aos bens, melhorando os níveis de preservação da ordem pública e, consequentemente, estimulando níveis de excelência de qualidade de vida:3.2. nesse contexto, muitos gestores policiais-militares têm mobilizado esforços em conjunto com determinados setores da comunidade para otimizar condutas e procedimentos referentes à segurança individual e coletiva. Dentre essas medidas de prevenção, destaca-se o monitoramento de pessoas estranhas ao ambiente com vistas a dissuadir ações que possam atentar contra a ordem pública local;[…]3.5. assim sendo, visando a estimular atitudes positivas na busca da valorização da prevenção primária no contexto da violência urbana, mediante a adoção de posturas individuais e coletivas em prol da otimização da percepção da segurança das pessoas e ambientes, pretende-se ampliar a comunhão de esforços por meio do PVS para todo o Estado de São Paulo (PMESP, 2013, p. 1-2). Nesta fase é de suma importância que o Comandante fomente a discussão, por meio de perguntas e respostas entre os participantes, como por exemplo: POR QUE PARTICIPAR? Para se reduzir a intolerância social que predomina nas grandes cidades, aproximando os vizinhos um dos outros e por consequência resgatar a sensação de segurança na sua região. POR QUE TENHO QUE PARTICIPAR? Não existe obrigação, o programa é de adesão espontânea e voluntária, mas a participação é importante para que por meio de posturas preventivas individuais e coletivas, desenvolva-se o sentimento de pertencimento social e se diga não a indiferença para com o outro. COMO ESTIMULAR OS MEUS VIZINHOS A PARTICIPAREM JÁ QUE NÃO OS CONHEÇO? É justamente neste ponto que o programa se encaixa. A vida em grandes cidades amentou a indiferença social, portanto, há uma necessidade de se investir em Segurança Pública, que deve ser encarada como qualidade de vida e não como um incômodo. Segurança Pública, além de um dever do Estado, por meio sim da Polícia Militar, Art. 144 CF/88, é também responsabilidade de todos. COMO A POLÍCIA MILITAR PARTICIPA? CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 37 (1) Escolhendo os locais para afixação das placas com base nas ferramentas de inteligência policial e de gestão; (2) Promovendo reuniões de mobilização com a comunidade organizada; (3) Identificando LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS; (4) Proferindo palestras sobre Prevenção Primária de Sensibilização; (5) Visitações ao tutor[1] por meio dos Cartões de Prioridade de Policiamento; (6) Monitoramento dos indicadores criminais da região. O QUE FAZ O TUTOR? É muito simples. Use a sua criatividade. Você é um vizinho solidário. (1) Tenha, por exemplo, os contatos de seus vizinhos. Conheça suas rotinas, isto não é se intrometer é ser preventivo. É se importar com o próximo; (2) Comunique qualquer atitude suspeita emergencial para a Polícia Militar pelo telefone 190, caso não haja emergência denuncie por meio do Disque Denúncia 181; (3) Saiba onde fica a unidade da Polícia Militar mais próxima de sua casa, do seu local de trabalho e tenha os seus contatos; (3) Participe das reuniões do CONSEG. O TUTOR FARÁ O TRABALHO DA POLÍCIA MILITAR? NÃO. A missão de preservar a Ordem Pública por meio do policiamento ostensivo e preventivo é exclusiva da Polícia Militar. COMO FUNCIONA O PROGRAMA VIZINHANÇA SOLIDÁRIA NA PRÁTICA? O programa pode ser implantado em ruas de um determinado bairro ou região. QUAL O CUSTO DA PLACA[2]? A placa não tem custo para o tutor, a não ser que haja o interesse de ser um patrocinador. Por que a confecção das placas é por meio de patrocínio privado não oneroso, escolhido entre os parceiros da Polícia Militar e da comunidade. COMO FAÇO PARA PARTICIPAR DO PROGRAMA NO MEU BAIRRO? O programa é de adesão voluntária, procure a Companhia da Polícia Militar mais próxima, por meio do CONSEG de seu bairro ou de alguma outra associação. O importante é que você se organize, ações isoladas não tornará sua vizinhança solidária. 3ª Fase: o Comandante deve estar em condições ou designar pessoa habilitada para proferir discussões e entendimentos sobre prevenção primária de sensibilização 4ª Fase: Esta é uma fase de manutenção e mensuração do programa É importante se frisar aos “maldosos de plantão” que em nenhum momento se está apresentando fórmulas mágicas para a violência urbana, pois por certo se a tivéssemos as colocaríamos em prática, ao contrário, busca-se a conscientização social. “O ser vivente possui por instinto o sentido de autodefesa, porém, somente o ser humano é capaz de raciocinar, planejar-se e se preparar convenientemente para sua defesa, quer natural ou artificial”. (BOAS, 2009, p. 151), assim, além de uma discussão dos direitos e deveres, a segurança deve começar pelas próprias pessoas, pois investir em segurança é investir em qualidade de vida, não pode ser vista como incômodo, pois sem dúvidas a prevenção é o melhor remédio para a violência urbana, pois após a ocorrência do crime os prejuízos em muitas vezes são perpétuos. É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem-estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos males desta vida. (BECCARIA, 1764, p. 67. 5.3. Programa Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo. 5.3.1 – Respondendo a algumas questões. 5.3.3.O que é Vizinhança Solidária? Conjunto de ações que busca, por meio da prevenção primária, melhorar a segurança pública local, incentivandoa vizinhança a adotar medidas capazes de prevenir delitos e colaborar com o policiamento. 5.4.1.2. Qual a importância da prevenção primária? A prevenção primária é o primeiro degrau no combate à criminalidade. O cidadão conhece e sente diariamente as causas e os efeitos do crime, cuja percepção se torna ferramenta indispensável para orientar as ações de polícia. Saiba mais: Prevenções primária, secundária e terciária: Prevenção primária – Nesse nível, as ações são baseadas nas causas da criminalidade num sentido mais amplo. A prevenção não é percebida como de competência exclusiva das agências de segurança pública, mas CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 38 também de famílias, escolas e sociedade. Prevenção secundária – Esse tipo de prevenção está fundamentado na noção de risco e proteção. A intervenção incide sobre determinados locais, grupos sociais ou outras características de indivíduos que têm maiores probabilidades de se tornarem agressores ou vítimas. Prevenção terciária – Atua quando já houve vitimização, procurando evitar a reincidência do autor e promover a reabilitação individual e social da vítima. Foto 4: Prevenção primária na segurança pública: o papel do município. Disponível em: <https://www.fazeraqui.com.br/prevencao-primaria-na-seguranca-publica-o-papel-do- municipio/ >. Acesso em 06 de out 2019. 5.4.1.3. Por que participar? Para reduzir a intolerância social que predomina nas grandes cidades, aproximando os vizinhos um dos outros e, por consequência, resgatar a sensação de segurança na sua região. 5.4.1.4. Como participar? O programa é de adesão voluntária. Você deve procurar a Companhia da Polícia Militar mais próxima ou o Conselho Comunitário de Segurança (CCCDS) do seu bairro. 5.4.1.5. Como faço para inserir o meu comércio no programa? Para receber os benefícios do Programa Vizinhança Solidária, o cidadão deve procurar a Companhia de Polícia Militar mais próxima ou o Conselho Comunitário de Segurança da localidade a fim de preencher o requerimento de análise de vulnerabilidade. 5.4.1.6. Como funciona o Vizinhança Solidária na prática? O programa é voluntário e pode ser implantado em ruas de um determinado bairro ou região, ou com identificação de um estabelecimento comercial que tenha obtido o Certificado de Análise de Risco de Vulnerabilidade. Devem ser evitadas ações ou iniciativas isoladas. Lembre-se: a força contra o crime está na união coordenada entre povo e polícia. 5.4.1.7. Qual o custo? A vistoria na rua realizada pela Polícia Militar não tem custo algum para os proprietários, que arcarão apenas com os eventuais investimentos para melhorar a vulnerabilidade do próprio imóvel ou estabelecimento. A comunidade também poderá apoiar na confecção das placas de segurança do bairro, por meio de patrocínio não oneroso. 5.4.1.8. Confecção das placas A placa da Vizinhança Solidária será custeada integralmente pela iniciativa privada ou pelos moradores, refletindo a parceria entre a polícia local e entidades comunitárias. A placa deverá ser confeccionada conforme modelo preestabelecido pela Polícia Militar e não devem ser afixadas sem obedecer aos critérios da estratégia do policiamento, já que estão atreladas a uma visitação por parte do batalhão ou companhia local, seja por meio de visitas (comunitárias ou solidárias), seja por meio do cartão de prioridade de patrulhamento (CPP - provisório) conforme mancha criminal. 5.4.1.9. Como a Polícia Militar participa? a) A Polícia monitora os indicadores criminais na região. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 39 b) Escolhe os locais para afixação das placas com base nas ferramentas de inteligência policial e de gestão. c) Identifica e cria proximidade com as lideranças comunitárias. d) Promove reuniões de mobilização com a comunidade organizada, identifica e cria proximidade com as lideranças comunitárias. Também profere palestras sobre Prevenção Primária de Sensibilização. e) Escolhe os locais para afixação das placas com base nas ferramentas de inteligência policial e de gestão. f) Visita o tutor seguindo as indicações do Cartão de Prioridade de Policiamento e monitora os indicadores criminais da região. Tutor: É o cidadão local, líder comunitário na vizinhança solidária, que será instruído pela Polícia Militar acerca de prevenção primária entre outras ações. É recomendável que o tutor participe das reuniões do CONSEG. Visita Comunitária: Periodicamente, PMs do programa Vizinhança Solidária e integrantes da comunidade farão contato estreitando relações permitindo que a Instituição conheça os reais problemas de segurança pública para providências e soluções. A visita poderá ser realizada por meio de qualquer Programa de Policiamento instituído pela Polícia Militar. Com a expansão das cidades e com o advento importante da radiopatrulha, o policiamento a pé foi sendo substituído pela mobilidade. Com o fim do policiamento à pé, o contato direto entre a polícia e a comunidade foi prejudicado e substituído pelo acionamento, via telefone, nos casos de emergência. O policiamento comunitário pretende não apenas utilizar o poder de prender criminosos, generalizando as respostas ao crime, mas focar em lugares, pessoas e problemas específicos. Portanto, para alcançar os objetivos do policiamento a pé, sem perder os benefícios do rádio patrulhamento, o policiamento comunitário utiliza-se das visitas, comunitárias e solidárias, e das reuniões com a comunidade para aproximar-se do cidadão. A Polícia Militar não deve trabalhar sozinha, e toda vez que insiste, tende a falhar. A participação da comunidade é importante ao combate ao crime e para prisão de criminosos. Aliás, para a conclusão de inquéritos policiais, a Polícia Judiciária utiliza muito mais informações pessoais (vítima e testemunha) do que por meio de perícias. Igualmente é a participação da comunidade na prevenção. Para angariar a participação da comunidade no processo da preservação da Ordem Pública é essencial alcançar a confiança dos cidadãos, para que os policiais possam trabalhar com as pessoas na prevenção e resolução de problemas. Para conquistar a confiança dos cidadãos é necessário contato direto entre a polícia e comunidade. Os locais onde a população está distante da polícia, geração após geração, são os locais onde há mais violência. A parceria da população é fundamental para a prevenção e elucidação de crimes. Cabe à comunidade fornecer informações sobre o crime, identificar suspeitos, testemunhar em processos, tomar medidas de defesa pessoal e, principalmente, criar um clima favorável ao cumprimento da lei. A visita comunitária é uma das atividades mais básicas do policiamento comunitário e que melhor facilita a aproximação e contato direto além de contribuir para produzir informações que conduzam a resolução de problemas. A visita comunitária tem origem no Japão, onde tal atividade é chamada de Junkai Renraku: Junkai Renraku são atividades que os policiais comunitários realizam, por meio da visita a famílias e aos locais de trabalho, ocasião em que repassam orientações sobre a prevenção de ocorrências de crimes e acidentes, além de recepcionarem informações sobre problemas, solicitações e sugestões da comunidade (SENASP, p. 156). Através dos Junkai Renraku, os policiais comunitários preenchem um cartão, no qual inserem informações úteis para melhor conhecer o cidadão e acioná-lo no caso de desastre ou acidentes, ou ainda, para repassar orientações que melhorem a sua segurança. Visita Solidária: É o contato do Policial Militar com vítima de ocorrência policial, previamente analisada e triada pelo Comandanteda área, que orientará acerca das medidas de prevenção primária que poderão ser adotadas a partir de então. O tutor informará previamente os moradores. A prevenção primária é o primeiro degrau no combate à criminalidade. O cidadão conhece e sente diariamente as causas e os efeitos do crime, cuja percepção se torna ferramenta indispensável para orientar as ações de polícia. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 40 5.4.2 Como realizar uma visita solidária Após um turno de vários atendimentos policiais militares – proativos e reativos37, a guarnição do quadrante deve relacionar os boletins de atendimentos reativos os quais há vítimas, preenchendo um rol com informações necessárias para que os policiais militares do próximo turno iniciem o seu labor visitando as vítimas. O preenchimento da lista deve ser preciso o suficiente para que os policiais possam entender a dinâmica do fato, mas sucinto para que o Policial Militar compreenda o episódio pela narrativa da vítima. Os policiais militares devem entender que a visita solidária é um método de policiamento e que devem adotar o comportamento de patrulha e de posicionamento da viatura em estacionamento para garantir a presença asseguradora da Polícia Militar no local e propiciar à comunidade imediata a segurança favorecida pela presença da Polícia Ostensiva nas imediações. A visita deve ser objetiva, tendo a narrativa da vítima no primeiro momento, seguido pela expressão de sensibilidade do Policial Militar, pela análise do fato, pela orientação a respeito da prevenção e pela dedicação da Polícia Militar no sentido de evitar futuros delitos. A visita que não puder ser realizada no período diurno deverá ser agendada para o momento adequado, considerando, ainda, os picos criminais, os quais deverão ser evitados para que não haja falha no policiamento preventivo. O ideal é que o sistema de informações possa agregar no mesmo boletim de atendimento a visita solidária e complementar, através dela, informações que possa chegar à autoria ou melhorar o conteúdo probatório facultando a persecução criminal. 5.4.3. Quando realizar a visita solidária. Em regra, a visita solidária é destinada a todas as vítimas de delitos, no entanto, em algumas situações não são recomendadas e, portanto, devem ser evitadas. Nos fatos de briga generalizada, vias de fato, a visita solidária não é eficiente, não possibilita facilmente a autoanálise da vítima, que não raras vezes, é o “pivô” do entrevero, mas que nunca, observou-se como tal. Alguns crimes em que a vítima é contumaz delinquente, a Polícia Militar geralmente não é bem recebida pela família, pois a vê como inimiga. Em outras oportunidades, para coibir o delito e prender os autores, a Polícia Militar usou, seletivamente, dos seus recursos disponíveis para cessar a agressão ou permitir a aplicação da lei penal. Nesses casos, a Polícia Militar, para os envolvidos e suas famílias, também personaliza a antipatia. São casos que antes de realizar a visita solidária, os policiais militares devem consultar o escalão superior e, com ele, deliberarem a viabilidade da visita. Passo a passo para Implementar o Programa Vizinhança Solidária: 1) Realizar um encontro com os vizinhos para adesão ao programa. O tutor deve enviar uma carta convite a todos, se apresentando, explicando o motivo do encontro, com hora e local, e deixando seus dados para contato. 2) Entregar a correspondência em todas as residências da rua. Dica: ao entregar, procure falar com as pessoas e fazer um convite pessoal. Isso aumenta muito a adesão! ATENÇÃO! a Polícia Militar não realiza vistorias em residências, apenas nas ruas. Portanto, não abra a porta para nenhuma pessoa que se identifique como Policial Militar. Caso seja abordado por alguém que se diz “PM”, lembre-se que o policial está sempre devidamente identificado e fardado. Na dúvida, disque 190. IMPORTANTE! Os vizinhos se conhecerem é parte fundamental do processo, pois somente sabendo um pouco da vida dos seus vizinhos será possível identificar situações suspeitas, ou seja, fora do usual, como um carro estranho estacionado ou circulando na vizinhança. 37PROAÇÃO, PREVENÇÃO E REPRESSÃO Polícia proativa visa erradicar as causas da violência, atuando de forma planejada nas mais diversas áreas, contornando problemas socioeconômicos, tudo com finalidade de não permitir que a violência surja. A polícia proativa atua nos antecedentes da violência, e não apenas reage uma vez praticado o ato delituoso. Em termos financeiros, é muito mais lógico não permitir que o fato ocorra, já que de outra forma, toda uma série de atores eventualmente terão de participar: uma equipe de policiais civis, um promotor, um juiz, uma vaga no sistema penitenciário, uma vaga num hospital público etc. Portanto, atuar nas causas que propiciem que a violência surja tem se mostrado mais eficiente que atuar nas consequências. Atuar na consequência torna-se um ônus para a própria Polícia, para o Estado como um todo e para toda a sociedade por conseguinte. Por fim, a eliminação de fatores de potencial criminógeno melhora a própria qualidade de vida da comunidade, sendo um fator retroalimentador da confiança da população em relação à polícia. No Brasil, precisa-se de um nível mais básico de policiamento proativo, que é a análise técnica da criminalidade. Este tipo de análise permite uma otimização dos recursos humanos e materiais na contenção da criminalidade. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 41 Sugestão de conteúdo para o primeiro encontro: os vizinhos devem se apresentar e falar um pouco de si. É apresentado o conceito do Programa; são discutidos os pontos críticos para melhorar a segurança da vizinhança e são definidas algumas questões de operacionalização do grupo, tais como, qual será a frequência das reuniões, como se dará a comunicação entre o grupo, encaminhamentos e voluntários para executar as ações. Contato com a Polícia Militar 3) Comunicar à Cia da Polícia Militar na região que naquele local há um grupo de “Vizinhança Solidária”. É possível que um Policial Militar seja designado para participar de uma parte da reunião. Se possível, solicite o número do telefone celular do Policial Militar da região para uma comunicação direta. Diante de ações suspeitas, comunique-se diretamente com este PM para que as providências sejam imediatas. COMUNICAÇÃO DO GRUPO É importante ter as informações de contato de todas as pessoas da rua e montar um grupo de WhatsApp para facilitar a comunicação. Grupos de WhatsApp focados na segurança de comunidades podem ser muito úteis ao funcionarem como uma espécie de rede de vigilância. Se houver algum policial no grupo – como o agente responsável pelo patrulhamento da região, o grupo se torna também uma boa ferramenta para os membros se comunicarem diretamente com a polícia. Ao mesmo tempo, os grupos de WhatsApp podem ser eficazes para chamar atenção para atitudes dos próprios vizinhos que podem gerar problemas de segurança. Por exemplo, se alguém sai e acidentalmente deixa o portão do prédio entreaberto, o vizinho que mora do outro lado da rua pode avisar no grupo sobre o ocorrido. Senso de comunidade Um benefício indireto mas muito importante dessa ferramenta é o estreitamento de laços entre vizinhos. Muitas vezes, não conhecemos as pessoas que moram na casa ao lado. Criar um grupo da vizinhança pode aproximar os moradores, criando um senso de comunidade entre as pessoas, o que é positivo não só para a segurança, como para a convivência de um modo geral. O tutor deverá determinar o propósito do grupo para evitar assuntos aleatórios e exageros. A ferramenta deve ser utilizada exclusivamente para alertar sobresuspeitos, marcar reuniões, discutir questões relacionadas à zeladoria e acontecimentos de interesse do bairro. É importante definir qual membro neste grupo fará parte do coletivo de representantes da Vizinhança Solidária no bairro. As regras do grupo são postadas para que todos saibam. Nova Regra do Grupo Emergência, porém esse grupo és para advertir as imagens de um⚠ ocorrido. Leiam até o fim. Conselho de Segurança do Bairro de Capim Macio- O1 CONSEG (Village dos Mares, Conjunto dos Professores e Cidade Jardim). Por gentileza evite postagem de vídeos ou fotos sem cunho emergencial, propaganda comercial, de religião, política, futebol e/ou quaisquer assuntos fora do foco desde Grupo. * NOTA IMPORTANTE: evite postagens de assuntos que não sejam de EXTREMA🔴 URGÊNCIA , EMERGÊNCIA, RISCO DE MORTE ou ao PATRIMÔNIO. Aqui somente ocorrências agudas ou de imediatidade*. emojs (figurinhas) não podem ser postados. Para quem não sabe o que é, veja exemplos: 👍🏼🙏 🏼👏🏼😊 *Considerações*: Este grupo terá o objetivo de integração das pessoas e sistematização do projeto de Segurança: ideias, sugestões, comentários, marcar reuniões e outros assuntos afins ligados à proteção da vida e dos bens. Participam deste grupo somente os moradores da área em questão (setor), que terão um coordenador, um vice, e de preferência que sejam de casas ou condomínios distintos. Embora seja um grupo de discussão, pedimos o respeito de todos para nunca postar vídeos ou fotos sem cunho emergencial, assuntos relacionados à propaganda comercial, à política, futebol, religião, correntes, e especialmente informações de que não tenham certeza da veracidade. Cada comunidade tem o seu representante. *VILLAGE DOS MARES* (Fátima, diretoria do CCCDS e dois membros da comunidade), *CIDADE JARDIM* (Fátima, diretoria do CCCDS e dois membros da comunidade), *CONJUNTO DOS PROFESSORES* (Fátima, diretoria do CCCDS e dois membros da comunidade). Este será o nosso principal instrumento e somente deverá ser usado única e exclusivamente para casos iminentes ou evidentes de insegurança ou emergência, situações de risco e outros fins. Pessoa ou carro “suspeito”, ocorrência criminosa real, pedido de socorro, ou coisa parecida...alerta de criminalidade em geral. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 42 Neste grupo também pedimos evitar comentários subsequentes que não venham somar e conversas paralelas são indesejadas. A ideia é acionar a ação policial preventiva ou repressiva conforme o programa._Acionar o Coordenador ou vice da sua área. Outra coisa (Vilipêndio de cadáver é crime): “Temos a impressão de que hoje em dia é mais importante divulgar a imagem do falecido, independente da situação degradante que esteja (nu, desfigurado, machucado...), que buscar auxílio da polícia, bombeiros, IML ou até mesmo cobrir o corpo da pessoa para que não seja exposta. (…) Temos em nosso código penal um capítulo destinado e intitulado “dos crimes contra o respeito aos mortos” e nele há o art. 212, que traz o crime de vilipêndio a cadáver ou suas cinzas, com pena de detenção de um a três anos e multa. (…) Vilipendiar é aviltar, profanar, desrespeitar, depreciar, desprezar, ultrajar o cadáver ou ter ação idêntica com relação às cinzas do mesmo (há entendimentos que o esqueleto também se encaixa nestes termos). Este crime pode ser praticado por gestos, ações, encenações, palavras. Uma indenização por danos morais à família é perfeitamente cabível (art. 5º, incisos V e X, da Constituição Federal). (…) O que vem sendo discutido também é a medida cabível àqueles que repassam a foto ou vídeo, não só os que tiram a foto ou filmam. A dificuldade neste ponto é medir qual a extensão que tais divulgações atingiram e por quem, porém, já vi diversas decisões judiciais que as pessoas que compartilharam atos difamadores (no facebook, por exemplo) também responderam a processos de danos morais. Ou seja, vemos que esta realidade de buscar também por outras pessoas que tiveram a conduta de repassar a informação ou imagem que o agente fez está muito próxima e, assim como as tecnologias avançam, poderemos ter periciais mais especializadas em alcançar estes resultados. Entendo que o crime é cometido apenas por quem efetuou o ato descrito no art. 212 do Código Penal, já os que repassam, por ora, podem sofrer apenas as consequências cíveis e não as penais. Devemos lembrar o quanto tudo têm avançado com as novas tecnologias, porém, devemos usá- las para o bem. Vejo que algumas pessoas só entenderão o nível da dor de ver ou saber da divulgação de uma imagem assim quando acontecer com familiares seus ou, imaginando-se no lugar da vítima, tentando entender o quanto sofrerão ainda mais os seus familiares após sua perda, ou, ainda, quando vierem a sofrer as consequências jurídicas Obs.: caso não sejam cumpridas ou haja desrespeito, desatenção ou inobservância às❌⚫⚫ regras e determinações acima, será dada advertência e, em persistindo, os administradores serão contingenciados a excluir imediata e irreversivelmente o infrator por estar em desacordo com as regras do CONSEG e deslealdade com os integrantes do grupo. Quaisquer dúvidas, procure conversar no privado com *Fátima*, *Janildo* ou *GUGA*.🔳 Teremos agora, uma reunião por mês. Para sugestões e outros fins. COMO MONTAR UM GRUPO Como criar um grupo de WhatsApp para cuidar da segurança do bairro Montar um grupo com essa finalidade exige certa mobilização. Se houver uma associação de bairro, o ideal é sugerir a criação junto à diretoria. Caso haja um Conselho de Segurança no bairro, a sugestão também pode ser feita diretamente ao mesmo. A associação de bairro ou o conselho de segurança (CONSEG ou CCCDS) podem ser importantes também como um canal de comunicação com a polícia. Representantes podem entrar em contato com a unidade de polícia que cuida do bairro e requisitar a participação de um policial no grupo. Se não houver um conselho de segurança ou associação de moradores no seu bairro, tente unir um grupo inicialmente pequeno de vizinhos que irão, juntos, coordenar a criação. Tente informar os vizinhos sobre a criação do grupo pessoalmente. Faça o mesmo na hora de realizar o cadastro dos membros. Dessa forma, evita-se desconfiança sobre a legitimidade do grupo. Ao mesmo tempo, é uma forma de garantir que somente os moradores da região fazem parte do grupo. Não deixe também de criar regras para que o grupo não perca o foco. Não faz sentido ter mensagens do tipo “Bom-dia”, “Boa-tarde”, compartilhamento de vídeos e fotos engraçadas ou comentários que não estejam relacionados à segurança do bairro. Cuidados ao criar grupos de WhatsApp para a segurança do bairro A tecnologia é uma grande aliada no cotidiano, mas sua eficácia depende muito do uso que fazemos dela. Portanto, tome alguns cuidados simples ao utilizar grupos de WhatsApp com a finalidade de fortalecer a segurança na sua região. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 43 Tenha muito cuidado para não disseminar boatos ou informações exageradas. Reporte apenas aquilo de que você tem certeza. Espalhar informações sem ter garantia de sua procedência pode gerar pânico desnecessário. Também tenha cautela ao falar de pessoas suspeitas. Espalhar fotos e vídeos de pessoas com base apenas em suposições, não em provas, pode gerar processos judiciais, principalmente porque você nunca sabe a proporção que uma imagem compartilhada no WhatsApp pode tomar. Às vezes, sua intenção é apenas repassar o conteúdo para os vizinhos, mas ele pode circular na cidade inteira ou mesmo em todo país. É muito difícil ter controle sobre o que circula em aplicativos de comunicação. Portanto, repasse apenas o quefor essencial. Lembre-se ainda de que o grupo não substitui a necessidade de reportar ocorrências formalmente à polícia pelo 190, pois cada ocorrência deve ser registrada evitando, assim, a subnotificação38. Os grupos de WhatsApp são apenas uma das muitas ferramentas que você tem para cuidar da segurança de onde você mora. Faça o download do Manual do Bairro Seguro para mais orientações. Como grupos de WhatsApp podem ajudar na segurança do bairro. Disponível em<http://empresasminister.com.br/blog/como-grupos-de- whatsapp-podem-ajudar-na-segurana-do-bairro/ >. Acesso em 01 out 2019. DICAS DE SEGURANÇA VIZINHANÇA SOLIDÁRIA 1) Ultrapasse as barreiras da indiferença Ser um vizinho solidário significa observar tudo que está ao seu redor. Primeiro passo: mantenha contato com o seu vizinho de porta ou de muro. Cadastre os contatos do WhatsApp, telefone de parentes e deixe os seus contatos com ele. Coloque-se a disposição para o que ele precisar. A falta do sentimento de pertencimento faz com que muitas pessoas percam a empatia pelo outro. Muitos moradores sequer sabem o nome do próprio vizinho, que pode ser essencial em casos de urgência. 2) O porteiro do prédio e o vigia da rua são seus aliados Se você mora em prédio, ter uma boa relação com o seu porteiro é fundamental. Saiba o nome de todos eles. Isto aumenta a empatia e favorece a colaboração. Não esqueça que os porteiros podem ser decisivos para proibir a entrada de pessoas estranhas no seu apartamento e para a comunicação de informações importantes para a sua segurança. O mesmo vale para o vigia da rua. Converse com ele, pelo menos, uma vez por semana e procure se informar sobre o que tem ocorrido de incomum nas redondezas. Eles são os primeiros a verificar carros rondando o bairro, pessoas estranhas procurando informações sobre os moradores, etc. Muitos assaltos podem ser evitados quando os moradores contam com importantes informações passadas pelos vigias. 3) Participe do grupo de moradores no WhatsApp Hoje em dia, é mais fácil encontrar pessoas online do que ao vivo. Por isso, explore bastante todas as possibilidades desta revolucionária ferramenta de comunicação. Ao ver o portão de uma casa aberto ou a luz acesa à noite, divulgue no grupo para que todos sejam alertados. Os grupos são fundamentais para o compartilhamento de informações em tempo real, não apenas das suspeitas de roubo ou furto, mas também de questões que interessam à segurança de todos, como cheiro de queimado e vazamento de gás provenientes de uma residência. Mas cuidado para não gerar alarmismos e pânico desnecessários. Filtre as informações e atenha-se ao que é relevante para a comunidade. 4) Cuidado com os falsos “prestadores de serviço” Reporte ao condomínio ou à polícia a existência de pessoas que se dizem prestadores de serviço, mas que não estão devidamente uniformizados ou identificados. É comum que roubos e furtos em condomínios sejam realizados por falsos operadores do serviço de gás, luz, água e telefonia, que utilizam o nome de empresas conhecidas para ingressar nas dependências do condomínio. Exija os dados completos dos funcionários das empresas prestadoras de serviço antes de autorizar a entrada dos mesmos. 5) Identifique sinais de perigo no seu bairro Verifique se no seu bairro existem veículos abandonados, ruas mal iluminadas, vias bloqueadas ou sem sinalização, prédios ou terrenos abandonados, locais de vandalismo e consumo de drogas. Denuncie crimes e sinais de desordem urbana, como pichações e depredação do patrimônio público. Sempre informe as ocorrências às autoridades competentes. 6) Seja amigável, porém, discreto Oriente os jardineiros, babás e demais empregados a não fornecerem suas informações pessoais. Muitos infratores da lei se aproximam do funcionário de uma residência para obter informações sobre a rotina dos 38 Notificação de algo abaixo do esperado; notificação não formalizada, gerando índice abaixo da realidade. Em Análise Criminal esse fenômeno ocorre quando a falta de comunicação ao COPOM ou CIOSP interfere na mancha Criminal deixando, assim, o bairro estatisticamente mais calmo do que é na realidade. Isso dificulta também a identificação das Zonas Quentes de Criminalidade (regiões com altos índices de ocorrência). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 44 patrões: querem saber se têm filhos, se costumam viajar no fim de semana, que horas saem, que horas chegam. Seja você mesmo um morador discreto e oriente os seus funcionários a seguirem o mesmo padrão de comportamento. Evite divulgar suas rotinas e dados pessoais nas redes sociais. 7) Atenção aos disfarces mais comuns Cuidado com falsos Oficiais de Justiça, mulheres “solitárias” pedindo socorro ou acompanhadas de crianças, entregadores de pizza. Faça sempre a comunicação via interfone, nunca pessoalmente. 8) Quando for viajar, informe os seus vizinhos de confiança e acione a Ronda Programada da Polícia Militar (se houver no seu bairro) Os seus vizinhos podem ser os primeiros a identificar uma movimentação estranha dentro e fora da sua residência. Nunca deixe de informá-los quando irá viajar e quando pretende retornar. Caso esteja disponível no seu bairro, acione o serviço da Ronda Programada da Polícia Militar, um importante aliado para a sua segurança. Trata-se de um patrulhamento específico, realizado durante o período em que o morador estiver ausente. Para solicitar o serviço, basta procurar o posto policial mais próximo de sua residência e preencher a ficha de cadastro. 9) Instale câmeras de segurança Atualmente, é possível adquirir câmeras de segurança a um preço acessível. O custo destes equipamentos pode ser facilmente rateado pelos moradores da sua rua ou condomínio. É fundamental este controle visual, pois uma imagem pode ser decisiva para prevenir, reprimir ou investigar um crime. 10) Seja um bom observador Quando testemunhar um crime, procure identificar peculiaridades físicas dos criminosos e a direção tomada na fuga. Observe características importantes dos infratores da lei e de suspeitos, como a existência de tatuagens, cicatrizes, roupas que usam, tom de voz, sotaques, gestos e formas de se comportar durante a ação criminosa. 11) Coloque as placas “cão bravo” e “vizinhança solidária” na porta de casa Mesmo que você não tenha animais em casa, vale a pena criar a sensação de risco para ladrões que cogitarem escalar o muro da sua residência. Uma placa com a mensagem “cão bravo” pode ajudar a inibir uma invasão. A placa da vizinhança solidária, confeccionada pela Polícia Militar, também gera no infrator da lei o receio de invadir uma área vigiada pela comunidade. 12) Conheça os Policiais Militares do seu bairro É importante que os moradores conheçam os policiais militares que atuam na sua região. Sempre que possível, converse com o policial militar que estiver na patrulha do bairro. Transmita a ele as suas impressões sobre o que pode ser melhorado na segurança pública da região. Informe sobre casos de roubos e furtos que tenham ocorrido na sua vizinhança para que a Polícia Militar possa identificar padrões de conduta dos criminosos naquela localidade. Trabalhe de forma integrada com as autoridades policiais e públicas. A solução dos problemas do seu bairro dependem da sua participação ativa. 13) Certifique-se que os seus filhos sabem pedir socorro Em situações suspeitas, é fundamental que as crianças saibam o que fazer. Certifique-se que os seus filhos têm decorado, ou sabem onde estão anotados, todos os seus números de telefones, além dos contatos de parentes próximos, vizinhos de confiança, além do 190 e 193. Muitas vezes, as situações mais delicadas ocorrem quando os pais não estão em casa.Um vizinho por ser a pessoa mais próxima para ajudar seus filhos em casos de emergência. Oriente as crianças sobre os problemas e locais perigosos do bairro. 14) Estimule que seus filhos andem acompanhados Se o seu filho volta a pé da escola, sugira que volte para casa junto com os demais colegas do bairro. Os riscos de assaltos reduzem bastante quando as pessoas andam em grupo. Infratores da lei costumam atacar quem anda só. A chance de resistência é menor e não há testemunhas. 15) Participe das reuniões de condomínio Nestes encontros, o morador tem a possibilidade de conhecer as demandas dos vizinhos e expor as suas opiniões. Normalmente, participamos de tantas reuniões no ambiente de trabalho e deixamos de lado as reuniões que envolvem os interesses e questões do nosso lar. Participe das assembleias de condomínio e crie um grupo no WhatsApp para troca de informações. 16) Participe dos Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG) ou dos Conselhos Comunitários de cooperação para a Defesa Social (CCCDS) A troca de experiências entre vizinhos é fundamental para uma vida com maior participação comunitária. A cada mês, o Conselho Comunitário de Segurança do seu bairro realiza reuniões com a comunidade, polícia e poder público local para que todos possam compartilhar seus incômodos, anseios e inseguranças a respeito do que ocorre no bairro. A sua informação pode ser útil para a Polícia e a sua preocupação pode ser compartilhada por muitos. TELEFONES ÚTEIS EMERGÊNCIA Polícia Militar: 190 Bombeiros: 193 Defesa Civil Estadual: 199 Polícia Civil: 197 Disque Denúncia: 181 CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 45 (garantido o anonimato) Conteúdo adaptado da cartilha do Coronel Camilo em: www.vizinhancasolidariaonline.com (ligeiramente modificado. Notas do autor) 6. ESTUDO DE CASO – VIDEOMONITORAMENTO COLABORATIVO PROJETO COMUNIDADE SEGURA: BATALHÃO PARTICIPATIVO – MORRO BRANCO (PROJETO PILOTO). 6.1. Introdução Conforme dispõe a Constituição Federal em seu art. 144 “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Daí se infere que, de fato, segurança pública é dever do Estado, porém, também é responsabilidade de todos. Imbuído deste entendimento foi criado no Bairro de Morro Branco – A Associação Potiguar em Defesa da Cidadania – Figura 2 (As associações em defesa dos direitos sociais objetivam a defesa de causas relacionadas aos direitos humanos, direitos de grupos minoritários étnicos, assim como outros direitos difusos e coletivos. Ilustram essa categoria as Organizações não governamentais (ONGs) em proteção às garantias citadas acima, assim como as associações beneficentes em prol de grupos socialmente desfavorecidos, como as responsáveis pela distribuição de cestas básicas à comunidade carente) – CNPJ: 11.230.841/0001-01, a qual engloba membros da comunidade, poder público e forças policiais. Colocando-se como importante instrumento da Polícia Comunitária que objetiva conjugar esforços para a resolução dos problemas que afetam direta e indiretamente a segurança pública na comunidade. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 46 Figura 2 – Parceria Público Privada - Fornecido pela APDC Foto 5 – Videomonitoramento compartilhado. Fonte: https://guardhouse.com.br/ CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 47 Figura 3– Fluxograma da APDC. Fornecido pela APDC Conforme dados do IBGE a população estimada (2007) de Nova Descoberta é de 12.281 pessoas, fato que a coloca como um Bairro Médio para os padrões da Cidade do Natal. Nesse contexto, o projeto de videomonitoramento vem ao encontro dos anseios da sociedade de Nova Descoberta e Morro Branco no ponto em que o incremento da tecnologia tende a otimizar o trabalho das forças de segurança pública, gerando significativo ganho em termos de eficiência e eficácia. Mencionado projeto visa à implantação de um sistema de videomonitoramento urbano em Morro Branco (comunidade do Bairro de Nova Descoberta) possibilitando acompanhamento diuturno do fluxo de pessoas e veículos nas principais vias, praças, área comercial, instituições financeiras, órgãos públicos, instituições de ensino e demais locais ou eventos com grande aglomeração de pessoas. 6.2. Objetivo Geral Empregar recursos tecnológicos avançados para a captura de áudio e imagens que auxiliarão as forças policiais na preservação da ordem pública proporcionando mais segurança à população de Morro Branco. 6.3. Objetivos Específicos Utilizar esta ferramenta (videomonitoramento) para reduzir significativamente os índices de criminalidade através da prevenção, repressão e investigação de crimes, facilitando o emprego do policiamento ostensivo e a obtenção de provas pela polícia judiciária, especialmente com a utilização do drone (no caso de Capim Macio há uma pessoa que opera, mas no caso de Morro Branco temos o DRONE, mas falta um operador qualificado), ferramenta que, devido as suas características, potencializará expressivamente as investigações e serviço de inteligência das forças policiais. Aumentar a sensação de segurança do cidadão e, consequentemente, sua confiabilidade nos órgãos de segurança pública, facilitar o acompanhamento e identificação de criminosos, otimizar as atividades preventivas e proativas através de uma melhor distribuição de viaturas. Evitar prejuízos de bens móveis e imóveis; Garantir a vida diminuindo assim a probabilidade de latrocínios; Auxiliar os trabalhos periciais quando porventura houver registro de imagens do evento ocorrido CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 48 6.4. Diagnóstico Esta comissão, acompanhada por membros do CCCDS ou APDC, representantes da Polícia Civil (caso queiram), Polícia Militar, instituições financeiras e comerciantes locais, visitou projetos de videomonitoramento desenvolvidos nos bairros da Zona Sul de Natal (Morro Branco, Neópolis e Capim Macio I e II), respectivamente, adquirindo assim conhecimento prático da aplicação dessa ferramenta e ouvindo o testemunho animador por parte dos protagonistas e demais pessoas engajadas nesses projetos quanto aos resultados obtidos, alcançando cerca de 65 (sessenta e cinco) por cento de redução no número de algumas ocorrências como furtos e roubos, por exemplo. O Bairro de Nova Descoberta que sofria muitos assaltos e furtos, eliminou estas ocorrências após implantação do videomonitoramento urbano. Estas visitas embasaram os trabalhos desta comissão para implantação deste sistema em Bairros da Zona Sul de Natal, tais como escolha técnica e criteriosa dos pontos de instalação. O Bairro de Capim Macio também dispõe de videomonitoramento, mas ainda, em fase de testes. Vale ressaltar que o Bairro de Morro Branco é referência no videomonitoramento e, como bom exemplo, deve ser seguido. O que é videomonitoramento? Entender a definição e/ou definir videomonitoramento* é uma tarefa árdua, visto que o assunto ainda é pouco explorado academicamente. Embora os sistemas de videomonitoramento sejam largamente implantando nas cidades e, de certa forma, uma realidade para muitas pessoas, o assunto ainda é pouco explorado com profundidade – fato que limita a busca por conhecimento explícito sobre o assunto. Embora haja pouco material disponível, este curso trata de conhecimentos explícitos e também tácitos sobre videomonitoramento. *De acordo com o dicionário de português on-line, pode-sedefinir videomonitoramento como: “Sistema de vídeo em que várias câmeras são usadas para monitorar, capturar e/ou armazenar imagens (vídeos) de certas áreas, casas, ruas etc.; geralmente, esse sistema é utilizado para fiscalizar ou proteger os locais onde o mesmo é implementado.” Fonte: https://www.dicio.com.br/videomonitoramento 6.5. Execução do projeto Vimos que esse projeto começou com a iniciativa popular em janeiro de 2014 com a aquisição de um trailler da Polícia Militar que foi reformado (mais ou menos R$ 10.000,00) e arrecadação de aproximadamente R$ 46.000,00 até o final de outubro de 2015. Houve a aquisição de dois contêineres que formaram a base de videomonitoramento que foi inaugurada com a participação do comandante do 5º BPM (Tenente-Coronel Francisco Flávio Melo dos Santos) e do Comandante da 3ª CPM do 5º BPM (Capitão Emanuel freire de Melo Júnior). Para o projeto foi adquirida uma viatura locada (de prefixo 535) e um efetivo para essa viatura e, também, para aguarda patrimonial da base e seu o videomonitoramento (total de 20 homens trabalhando na escala de 24 horas de serviço por 72 horas de folga). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 49 Foto 6: Base de Morro Branco Dividimos a implantação do sistema de videomonitoramento de Morro Branco em duas etapas distintas, sendo previsto: a) Instalação inicial, no ano de 2015, de 09 (nove) câmeras, sendo 03 (três) Speed Dome monitorando o centro do bairro, área comercial e residencial. Câmeras fixas monitorando os acessos ao Conjunto Morro Branco e Nova Descoberta; As Ruas Doutor Abelardo Calafange e Tarcísio Galvão foram as ruas inicialmente mais beneficiadas pelo projeto. b) Na atual a instalação de câmeras fixas que monitoraram o conjunto de ruas do bairro, a saber: Avenida Brigadeiro Gomes Ribeiro (2/3 da rua monitorada); Rua Doutor Abelardo Calafange (2/3 da rua monitorada); Rua Tarcísio Galvão (em sua totalidade); Rua Clementino de Farias (1/3 da rua monitorada); Rua Antônio Nesi (em sua totalidade); Rua Nélio Tavares (insipiente). Cruzamento das Ruas Tarcísio Galvão e Nélio Tavares; Avenida Xavier da Silveira (insipiente – cruzamento Ruas Tarcísio Galvão com a Avenida Xavier da Silveira); Avenida Nascimento de Castro (insipiente – cruzamento das Avenidas Nascimento de Castro e Xavier da Silveira; cruzamento da Avenida Nascimento de Castro com a Rua Júlio Resende e cruzamento da Avenida Nascimento de Castro com a Rua Raimundo de Brito); Rua Raimundo de Brito (em sua totalidade) e Rua Júlio Resende (em sua totalidade). Hoje e, nessa atual etapa, o projeto conta com um total de 64 CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 50 (sessenta e quatro câmeras) além de algumas câmeras de moradores que são compartilhadas através de aplicativo para Smartphone (Hik-Connect). c) E por fim, a prestação de consultoria a outros bairros e conselhos comunitários de segurança através de visitas e palestras. 6.5.1 Equipamentos e material humano selecionados para execução da primeira fase do projeto. Aquisição de dois contêineres; Aquisição de efetivo; Aquisição de viatura; Aquisição de nove câmeras analógicas. 6.5.2 Pontos de instalação e equipamentos utilizados na primeira fase do projeto As nove câmeras foram, inicialmente, distribuídas entre as ruas Doutor Abelardo Calafange, Tarcísio Galvão, Desembargador Sinval Moreira Dias e avenida Brigadeiro Gomes Ribeiro; 6.6. Alimentação dos equipamentos Os equipamentos são manutenidos e mantidos através de parceria público privada em que o Governo do Estado através do Comando-Geral pagas as contas de água e luz e abastece a viatura. A rede de fibra ótica é administrada pela Empresa Conectron/Conect. 6.7. Acesso às câmeras pela central de monitoramento O acesso aos equipamentos é tão importante quanto à alimentação, estes devem estar interligados entre si através de uma rede local. Neste ponto temos algumas opções para implantação do sistema em Natal (a partir do Estudo de caso de nosso projeto Comunidade Segura: Batalhão Participativo) as quais passamos a considerar. a) Link com a internet fornecido por pessoas ou empresas: Uma opção economicamente viável. A câmera é conectada ao equipamento de uma empresa para enviar as imagens à central de monitoramento que encontra-se na Base de Morro Branco, porém, a largura de banda (capacidade de transmissão de dados) fornecida pode não atender as necessidades do projeto, ressaltando que esta capacidade ainda será dividida com quem a fornece. As imagens são compartilhadas nos celulares dos moradores através de aplicativo para Smartphone (Hik-Connect). Esses moradores, por sua vez, têm o mesmo poder de visualização das imagens captadas através da Central, formando assim, uma teia de visualizações em tempo real. b) Conexão através de fibra ótica: Essa opção com 19 (dezenove) quilômetros de cabos duplos pode fornecer a largura de banda necessária e estável para transmissão das imagens, seria ideal utilizá-la para conectar todos os dispositivos, porém, só há possibilidade de usá-la nas câmeras instaladas na área central do Bairro, o que leva à necessidade de uma rede WLAN (rede local sem fio) para proporcionar uma maior amplitude de acesso às câmeras. A utilização da fibra ótica é perfeitamente viável, mas traz um custo mensal ao projeto, além de não eliminar a necessidade de uma rede sem fio que mesmo pequena ainda trará um gasto considerável. (Informações do Cabo Vagner Vicente de Souza) CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 51 Vale ressaltar que o delay39 é bem maior em câmeras IP via Wireless. c) Rede local sem fio WLAN: Este tipo de conexão também atende as necessidades do projeto, que será ampliado (falamos das outras comunidades e municípios que porventura venham aderir a esse projeto), devido a distância em que as câmeras que monitorarão os acesso serão instaladas é indispensável a sua utilização. Nessa opção teremos uma rede particular que atenderá apenas as necessidades desse projeto, sendo necessária a instalação, em alguns municípios, de uma torre para receber o sinal das antenas que estarão instaladas junto às câmeras. Considerando a viabilidade dos tipos de rede descritos nas opções b) e c) e que em ambos há a necessidade de construção de uma rede local sem fio, teremos duas opções para fornecer acesso às câmeras. a) Utilizarmos os serviços disponibilizados por empresa privada com um custo inicial de instalação e mensal de manutenção dos pontos de acesso necessários gerando uma despesa fixa. b) Montar uma estrutura de rede própria, uma WLAN (rede sem fio), que teria um custo inicial um pouco mais elevado, mas elimina custo com mensalidade de pontos, exige a instalação de uma torre base com pelo menos 30 m (trinta metros) de altura. Consideração os aspectos descritos, principalmente a eliminação de custos com mensalidade de serviços, a segunda opção (b) se torna viável, uma vez que a instalação dessa torre base, quando o projeto for ampliado, na sede do quartel do 5º BPM que melhorará a comunicação via rádio da Polícia Militar e consequentemente o atendimento das solicitações de emergências via 190. 6.8. Simulação de apontamentos da rede sem fio As imagens a seguir demostram o apontamento de antenas para construção da rede sem fio, com a torre base localizada na sede do 5º BPM, trata-se de uma simulação construída utilizandoa ferramenta airLink fornecida pela empresa Conectron-Conect, podendo haver variações, pois redes sem fio estão sujeitas a interferência de barreiras físicas como árvores, edificações etc, por isso a necessidade da instalação de uma torre. 6.9. Iluminação dos pontos de monitoramento Uma boa iluminação nos pontos de visualização das câmeras auxiliará bastante na qualidade das imagens, havendo esta necessidade os aprimoramentos necessários poderão ser realizados pela Prefeitura Municipal do Natal (Número de contato é: 0800-281-8980 Observação: Tenha em Mãos a numeração do poste quando for falar com nossas atendentes. ) através da COSERN. 6.10. Central de monitoramento Por questões de segurança, agilidade e eficiência no atendimento aos chamados via 190, que poderão contar com o apoio desta ferramenta, a central de monitoramento está instalada na Avenida Gomes Ribeiro entre as Ruas Doutor Abelardo Calafange e Tarcísio Galvão (canteiro Central) funcionando como base do da 3ª CPM do 5º Batalhão de Polícia Militar. Segundo o Cabo Vagner, Essa Central de Monitoramento além das imagens das localidades, que são disponibilizadas em cinco monitores, detém, também, um TABLET que possui um banco de dados dos moradores da localidade (discriminados por nome, número da residência, nome da rua e número do celular). Os Moradores mantém contato com o policial de serviço, durante vinte quatro horas, de forma semelhante ao Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo, mas de forma otimizada. (Informações do Cabo Vagner Vicente de Souza) Através do HT (Hand Talkie) e de um rádio fixo da Polícia Militar, que ficam a disposição do efetivo de serviço de forma diuturna. A nossa central de Monitoramento será em terreno conseguido junto à Prefeitura da Cidade do Natal. O Bairro de Capim Macio está atrelado ao setor de patrulhamento da 2ª CPM do 5º BPM (AISP 10). 6.11. Mão de obra para instalação e manutenção Após a finalização da estrutura necessária como poste, ponto de energia elétrica e internet, a 39Delay significa atraso e representa a diferença de tempo entre o envio e o recebimento de um sinal ou informação em sistemas de comunicação, por exemplo. Esta palavra oriunda da língua inglesa e agregada ao português costuma ser empregada para se referir aos retardos de sinais, principalmente no atraso de som nas transmissões via satélite. Outros sinais transmitidos via satélite e que formam um circuito elétrico também podem sofrer com diferentes tempos de delay, como as imagens exibidas nos televisores ou as comunicações feitas através de chamadas telefônicas, por exemplo. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 52 instalação dos equipamentos foi feita pela Empresa Conectron/Conect. No Projeto de Morro Branco a Empresa devolve uma parte do dinheiro para a manutenção da Base (Central de Monitoramento). No nosso caso o projeto é parceria entre as comunidades e sem empresa alguma envolvida. 6.12. Placas para entradas bairro Temos a seguir um exemplo de placa com advertência a respeito do monitoramento do Bairro por câmeras. 6.13. Captação de recursos para implantação do projeto Tendo em vista o caráter comunitário do projeto e com amparo no artigo 144 da Constituição Federal Brasileira: “...144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos...”, os recursos necessários para a implantação deste projeto foram angariados junto à comunidade em geral, associações, empresas e demais seguimentos sociais. 6.14. Considerações Finais E notória a expansão territorial e populacional dos Bairros da Grande Natal, este crescimento não traz só benefícios, é comum a elevação nos índices de criminalidade e o surgimento de novas naturezas de ocorrências, tais como roubos a mão armada, furto e roubo de veículos, saidinhas de banco, tráfico de entorpecentes e até mesmo roubo a banco, uma ocorrência que afeta toda a comunidade. Mais que um alerta, estes acontecimentos são um sinal de que não podemos permanecer inertes, devemos tomar medidas para tentar evitar estes fatos, tais como a criação do Conselho Comunitário de Segurança de Bairros da Zona Sul, que está aproximando ainda mais as forças de segurança locais da comunidade e deu início a este importantíssimo projeto descritivo da instalação da Central de Videomonitoramento de Morro Branco. Essa ferramenta, com certeza, há de contribuir, significativamente, para a segurança da população do restante das comunidades atreladas à APM-II – Restantes da AISP05, AISP10 e AISP 15, auxiliando as polícias Militar, Civil e, quem sabe, Rodoviária Federal na prevenção de crimes, contribuindo para a redução de delitos frequentes, identificação e monitoramento de criminosos, fornecendo indícios importantes para o sucesso das investigações policiais. São inúmeras as possibilidades de aplicação e os resultados obtidos com uso dessa ferramenta, sendo um dos mais importantes o fator dissuasivo, sabendo que estão sendo monitorados e que nos bastidores há uma equipe de profissionais dedicados aptos a agirem com eficiência contra os que perturbam a ordem e o sossego de todos, sendo mínimas as possibilidades dos infratores obterem êxito em suas ações. 7. Custo dos equipamentos e instalação da Rede Mista (Exemplo do Conjunto dos Professores – Village dos Mares e Cidade Jardim) Vale, antes de tudo, o investimento inicial foi de R$ 8650,00. O Nosso projeto é de conseguir, ao final da implementação, um total de 60 (sessenta) câmeras distribuídas em capim Macio I (nas comunidades: Conjunto dos Professores da UFRN, Cidade Jardim e Village dos Mares). Informo aos moradores que já dispúnhamos de três câmeras instaladas no entorno da Igreja de Santo Agostinho (Praça Hélio Galvão). As tabelas a seguir demonstram os custos para instalação do sistema em uma estrutura de rede própria, sendo uma rede sem fio (WLAN), o valor total é aproximado, pois durante sua construção pode surgir necessidade de adaptações, principalmente tratando-se de redes sem fio que estão sujeitas a interferências. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 53 Alguns materiais utilizados para a instalação das primeiras 04 (quatro) câmeras ainda vão servir para essa segunda etapa. Apenas quando houver necessidade haverá nova aquisição. Temos de escolher os locais para emprego das câmeras. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 54 Quant. PRODUTO Preço Total CAIXA R$ 8.560,00 1 CAIXA DE CABO MULTILAN CAT5e 305m R$ 297,30 R$ 297,30 R$ 8.262,70 4 CAIXA HERMÉTICA VÁRIOS MODELOS R$ 31,01 R$ 124,04 R$ 8.138,66 4 FONTE 1A 12V R$ 8,79 R$ 35,16 R$ 8.103,50 4 CÂMERA IP 3MP HIKVISION R$ 356,51 R$ 1.426,04 R$ 6.677,46 1 CABO PP 100m R$ 235,00 R$ 235,00 R$ 6.442,46 10 PLUG MACHO 2P R$ 1,85 R$ 18,50 R$ 6.423,96 4 TOMADA EM BARRA 2P+T R$ 12,00 R$ 48,00 R$ 6.375,96 4 FONTE POE 12V 1A R$ 22,58 R$ 90,32 R$ 6.285,64 4 PARES DE INJETOR POE R$ 18,60 R$ 74,40 R$ 6.211,24 4 SWITCH 5 PORTAS DLINK R$ 42,34 R$ 169,36 R$ 6.041,88 Segunda Etapa Incremento de quatro câmeras. 3 + 4 = 7 câmeras Fonte: Google Maps 8. VIDEOMONITORAMENTO 8.1. O que é videomonitoramento? Entender a definição e/ou definir videomonitoramento* é uma tarefa árdua, visto que o assunto ainda é pouco explorado academicamente. Embora os sistemas de videomonitoramento sejam largamente implantando nas cidades e, de certa forma, uma realidade para muitas pessoas, o assunto ainda é pouco explorado com profundidade – fato que limita a busca por conhecimento explícito sobre o assunto. Embora haja pouco material disponível, este curso trata deconhecimentos explícitos e também tácitos sobre videomonitoramento. *De acordo com o dicionário de português on-line, pode-se definir videomonitoramento como: “Sistema de vídeo em que várias câmeras são usadas para monitorar, capturar e/ou armazenar imagens (vídeos) de certas áreas, casas, ruas etc.; geralmente, esse sistema é utilizado para fiscalizar ou proteger os locais onde o mesmo é implementado.” Fonte: https://www.dicio.com.br/videomonitoramento 8.1.1. Tipos de sistemas de câmeras Para darmos continuidade ao nosso curso, apresentaremos o conceito de câmeras de monitoramento. Basicamente, temos dois tipos de sistemas de câmeras: Câmeras analógicas e Câmeras IP. 8.1.1.1. Câmera Analógica As câmeras analógicas** se diferenciam das câmeras IPs por várias razões técnicas, mas, a CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 55 Quant. PRODUTO Preço Total CAIXA R$ 6.041,88 0 CAIXA DE CABO MULTILAN CAT5e 305m R$ 297,30 R$ 0,00 R$ 6.041,88 0 CAIXA HERMÉTICA VÁRIOS MODELOS R$ 31,01 R$ 0,00 R$ 6.041,88 0 FONTE 1A 12V R$ 8,79 R$ 0,00 R$ 6.041,88 9 CÂMERA IP 2MP HIKVISION R$ 368,00 R$ 3.312,00 R$ 2.729,88 0 CABO PP 100m R$ 235,00 R$ 0,00 R$ 2.729,88 0 PLUG MACHO 2P R$ 1,85 R$ 0,00 R$ 2.729,88 0 TOMADA EM BARRA 2P+T R$ 12,00 R$ 0,00 R$ 2.729,88 0 FONTE POE 12V 1A R$ 22,58 R$ 0,00 R$ 2.729,88 0 PARES DE INJETOR POE R$ 18,60 R$ 0,00 R$ 2.729,88 9 SWITCH 5 PORTAS POE HIKVISION R$ 238,14 R$ 2.143,26 R$ 586,62 Segunda Etapa Incremento de nove câmeras. 3 + 4 + 9 = 16 câmeras diferença mais preponderante e que faz enorme diferença é o gerenciamento. Em uma central de monitoramento de grande porte (exemplo: São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades), dificilmente teremos câmeras analógicas instaladas – tendo em vista que em câmeras analógicas, é necessário que se utilize um cabo interligando a câmera até o servidor das imagens, fazendo com que seja limitada a distância entre o servidor e as câmeras. Além do mais, uma rede de câmeras analógicas necessita de um gerenciamento centralizado, não podendo descentralizar em vários servidores como em uma rede IP. As câmeras com sinal analógico precisam de um sistema de cabeamento exclusivo para transmitir suas imagens até o sistema de gravação, geralmente com cabos coaxiais, par trançado ou fibra óptica. Outro problema muito sério em câmeras analógicas é a questão da segurança. As imagens são transportadas por cabos coaxiais sem nenhum tipo de criptografia, podendo ser interceptada por qualquer pessoa em um dos pontos da extremidade da rede cabeada. Aliás, segurança da informação dos dados é um assunto de extrema importância quando se fala em monitoramento. 8.1.1.2. Câmeras IP Câmera IP é uma câmera de vídeo que pode ser acessada e controlada via qualquer rede IP, como a LAN (Rede Local), Intranet ou Internet. É possível ainda instalar a câmera IP com os convencionais fios (cabo de rede) para streaming de áudio e vídeo ou utilizar tecnologia Wireless. IP? O que é? IP (ou endereço IP), de forma básica, é a identificação de um dispositivo (computador, impressora, câmera etc.) em uma rede local ou pública. Cada computador ou outro equipamento interligado na internet ou na rede local TCP/IP possui um IP único, que é o protocolo que as máquinas utilizam para poderem se comunicar na Internet ou Intranet. O termo IP, de Internet Protocol (Protocolo da Internet) é usado para duas coisas: descreve os protocolos de comunicação entre dispositivos, dentre os quais existem os modelos TCP/IP e /OSI, e também é o número de identificação de um dispositivo conectado à internet, que é o que trataremos aqui. Normalmente, para diferenciar um termo do outro, este último é também chamado de Endereço IP (IP Address). Basicamente, o número de endereço é o “CPF” do seu computador, celular, tablet, set-top box, TV, dongle, console de videogame e etc., um número atribuído ao dispositivo no momento em que ele é ligado, o que chamamos de IP interno. Porém, assim que o gadget se conecta à internet, ele recebe um segundo número de registro, o IP externo. Esse tipo de câmera oferece uma imagem de qualidade superior, melhor controle e formas de gerenciamento, além de melhor resolução e interoperabilidade*, o que facilita o trabalho dos técnicos na manutenção dos equipamentos e resulta em um melhor aproveitamento da ferramenta pelos operadores do sistema de videomonitoramento. *A capacidade de um sistema (informatizado ou não) de se comunicar de forma transparente (ou a mais próxima disso) com outro sistema (semelhante ou não). Outra vantagem importante das câmeras IP refere-se à gestão da segurança, pois por ser uma rede IP, as imagens podem ser criptografadas e assim só podem ser visualizadas por pessoas autorizadas dentro da rede cabeada. 8.1.2. Qual sistema de câmera utilizar? Para saber qual sistema de câmera utilizar, veja a seguir a comparação entre os tipos, considerando algumas características. Escolher entre câmeras IP ou analógicas pode realmente não ser uma tarefa fácil e vai depender totalmente da sua situação atual. De modo geral, se você possui um bom orçamento e está disposto a investir em um CFTV de alta qualidade, as câmeras IP são a melhor opção para você. Porém, este nem sempre é o caso e ainda há muitas formas de se ter uma sistema analógico de extrema qualidade e que caiba no seu bolso. Se esse for seu caso, opte pela câmeras HD, elas provavelmente são o melhor custo benefício a curto prazo que você conseguirá encontrar hoje no mercado. várias especificações técnicas que influenciarão a qualidade e custo do seu CFTV. Por isso, é essencial que você tenha o apoio de um profissional confiável e qualificado tecnicamente para te ajudar a tomar as melhores decisões para sua segurança eletrônica. Fonte: SVA Tech CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 56 Comparação: Câmera IP x Câmera Analógica Característica Analógica IP CUSTO Geralmente tem menor custo que a câmera IP. Em comparação à câmera analógica, tem custo maior INSTALAÇÃO Baixo custo em pequenas distâncias. Custo elevado por câmera. CABEAMENTO Em redes nas quais as câmeras ficam próximas do DVR, não é necessária muita qualidade dos cabos. Mas no momento em que as câmeras vão ficando mais longe do DVR, é necessária a utilização de cabos de alta qualidade, tendo em vista o problema com a atenuação do sinal. Cabo UTP Cat. 5e QUANTIDADE DE CABOS É necessário um cabo para cada câmera até o centralizador. É necessário um cabo da câmera até um concentrador (que pode ser um switch) e, com isso, interligar com outro switch (que possui mais câmeras) e desses até o servidor, fazendo como se fosse uma ponte. Não é necessário ter apenas um centralizador de câmeras. REDE SEM FIO Sistema fica vulnerável a interferências e baixo alcance. Pode trabalhar com criptografia. QUALIDADE DO VÍDEO Geralmente possui qualidade menor. Geralmente possui qualidade maior. Saiba Mais Fonte: Conteudista Assista ao vídeo “ Câmeras IP ou analógicas? Saiba qual a melhor opção ” e amplie seus conhecimentos sobre o tema. 8.2.Tipos de videomonitoramento Um sistema de CFTV é sempre criado com base nas características de cada projeto, de cada ambiente, e isso faz com que existam muitos modelos de câmeras CFTV disponíveis no mercado, cada uma específica para cada situação. As câmeras de segurança40 variam em muitos fatores principalmente referentes à área em que será feita a monitoração e às especificações do projeto e suas necessidades. Entre esses fatoresdeve-se considerar: ➢ O tamanho da área de cobertura; ➢ A iluminação do local; ➢ A resolução de imagem necessária para aquele projeto; ➢ Necessidade de imagens coloridas ou em preto e branco; ➢ O objetivo da vigilância, se é uma monitoração anti-furto, monitoração de processos de trabalho, funcionamento de equipamentos, fluxo viário, etc. ➢ Entre outros. Você pode encontrar diversos modelos e tipos de câmeras nos sites da BangGood e da GearBest. Veremos a seguir os principais modelos de câmera CFTV utilizadas, e suas principais características e indicações. 40 Disponível em:<http://www.centralcftv.com/cameras/ >. Acesso em 01 out 2019. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 57 Câmera Profissional As chamadas câmeras profissionais, também conhecidas como câmeras box, são normalmente utilizadas em projetos de grande porte, como por exemplo em bancos, aeroportos, empresas de segurança e etc. Normalmente analógicas, é o tipo de câmera CFTV que possui maior quantidade de recursos e configurações, possuindo uma ótima qualidade de imagem. Uma característica interessante é que da mesma que uma câmera fotográfica profissional, esse tipo de câmera de segurança possui lentes independentes que variam conforme o ambiente a ser monitorado. Além disso, devido aos seus recursos avançados, é preciso um profissional capacitado para realizar sua instalação e principalmente ajustar suas configurações. Câmera Bullet Esse modelo de câmera de segurança é o mais utilizado do mercado. Normalmente são as câmeras utilizadas para monitoramento de ambientes externos, em ruas, postes e áreas públicas, devido principalmente à sua maior resistência e proteção contra chuva, poeira e etc. Existe uma grande variedade de modelos bullet disponíveis, variando principalmente com relação à aparência e alcance. Uma característica a ser considerada é que a câmera bullet sempre aponta para uma direção fixa e por isso é mais utilizada para ambientes abertos. Câmera Dome São pequenas câmeras em formato de doma, ou cúpula. Normalmente mais utilizadas em ambientes internos, nas paredes ou tetos, devido à sua boa cobertura para esse tipo de ambiente e por ser esteticamente mais bonitas e discretas. No entanto, alguns modelos que possuem mais proteção podem ser usadas em ambientes externos. Essas câmeras possuem ótima qualidade de imagem, podendo capturar detalhes de objetos e faces. Outra característica é que a direção em que a câmera está apontando fica oculta, e pode ser ajustada sem muita dificuldade. Muitas vezes essas câmeras CFTV também possuem o recurso de Infravermelho, que será explicado a seguir. Câmera Speed Dome Também em formato de cúpula, esse é o maior e mais caro modelo entre as câmeras CFTV. Normalmente utilizada para monitorar com detalhes grandes áreas como aeroportos, shoppings, estacionamentos e áreas públicas e abertas. Esses modelos possuem recursos que permitem movimentar remotamente a direção da câmera, horizontal e verticamente, além de possuir um sistema de zoom muito preciso. Isso possibilita que através de uma mesa de controle a equipe de segurança possa verificar com detalhes qualquer situação fora do normal. Veja no vídeo abaixo o que uma câmera Speed Dome é capaz de fazer: Mini Câmeras Como o próprio nome diz, são modelos de câmeras pequenas e mais simples. De fácil instalação e configuração são mais utilizadas de maneira amadora, atingindo uma pequena área de cobertura, tendo também a característica de serem bem discretas. Após a popularização do modelo dome, com mais qualidade e a um preço acessível, as mini câmeras caíram e desuso e são pouco encontradas atualmente. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 58 Câmeras Camufladas ou Ocultas Câmera em Formato de Parafuso São modelos utilizados mais para fins de espionagem ou para registrar imagens sem que as pessoas do ambiente percebam. Essas câmeras têm o formato de objetos do cotidiano, como sensores de incêndio, relógios, porta-retratos, óculos, canetas e muitos outros. Como deve ser bem pequenas, normalmente a qualidade da imagem e seus recursos são limitados. Veremos agora algumas características de câmeras que são aplicadas em nos modelos mencionados. Câmera CFTV IP e Wireless Sistemas CFTV digitais utilizam diversos dos modelos de câmera citados acima em formato IP. Cada câmera possui seu IP próprio e pode disponibilizar suas imagens diretamente na Internet ou em algum servidor Web ou NVR na rede. As imagens de câmeras IP podem chegar a ótimas resoluções e facilitam sistemas de monitoramento em ambientes muito grandes, distantes e com muitas câmeras. No entanto, seu custo é mais elevado do que câmeras no modelo analógico. Muitas câmeras IP também possui a tecnologia Wireless, que permite que as imagens sejam transmitidas sem o uso do cabo de rede conectando à Internet ou à rede local. No entanto, vale lembrar que a câmera ainda precisa ser ligada à energia elétrica, não é um dispositivo 100% sem fio. Câmeras com tecnologia IP têm sido muito utilizadas e são uma nova tendência do mercado. Infravermelho Também encontrado na maioria de modelos, as câmeras com tecnologia infravermelho (IR) possuem um conjunto de LEDs que se acendem quando é detectada a ausência de luz. Isso permite a captação de imagens em locais e momentos em que não há iluminação adequada. Em sistemas CFTV (Circuito Fechado de TV) as diversas câmeras são ligadas ao DVR Stand Alone. 8.2.1 Tipos de câmeras Você estudará neste tópico os seguintes tipos de câmeras: Câmera fixa com e sem dome, Câmera PTZ com e sem dome e Câmera OCR. Cada tipo de câmera tem um objetivo específico: o uso de diversos tipos de câmeras maximiza o desempenho do sistema de forma que o resultado na qualidade da segurança pública será mais eficiente. 8.2.1.1. Câmera Fixa Entende-se por câmera fixa aqueles modelos em que não é possível o operador manipular a imagem da câmera, ou seja, não é possível visualizar outra cena senão aquela estática. Câmera fixa sem dome É uma câmera cujo campo de visão é fixo (normal/teleobjetiva41/grande-angular42) quando for instalada. É o tipo de câmera mais tradicional e barata existente no mercado. A câmera, ao ser instalada, aponta para o campo de visão claramente visível, não sendo possível sua operação em campo diferente ao do instalado. Importante! 41Teleobjetiva é a lente que permite registrar imagens a grandes distâncias. Fonte: Michaelis 42Lente de grande alcance do campo visual, mas pequena distância focal. Fonte: Michaelis CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 59 Uma câmera fixa sem dome pode ser fornecida com uma lente fixa ou de foco variável (varifocal43). A lente varifocal permite a ampliação de um objeto distante, sem perda de nitidez, no processo comumente denominado zoom. Câmera fixa com dome (câmera dome) Entende-se por câmera dome (também chamadas de “minidome”) os equipamentos envoltos por uma cúpula, normalmente instalados no teto ou em paredes, e direcionados para apontar em uma direção de interesse. A câmera dome tem a vantagem, dependendo do seu tamanho e local de instalação, de passar quase que despercebida em razão do design bastante discreto, também por ser instalada dentro da cúpula, desde que seja de acrílico escuro, é muito difícil perceber para qual direção a câmera está apontada e ainda, por ser protegida por uma cúpula, evita uma série de vandalismos. Comparação:câmera fixa Fixa sem dome: Pode ser fornecida com lente fixa ou varifocal. Denuncia facilmente seu campo de visão. Maior propensão ao vandalismo. Fixa com dome: Impossibilidade da troca de lente. Por ser envolta em uma cúpula, desde que seja de acrílico escuro, não denuncia seu campo de visão. Mais proteção quanto ao vandalismo. Importante! A câmera fixa é a melhor opção para aplicações nas quais é vantajoso que a câmera esteja bem visível. Elas podem ser inseridas em caixas de proteção projetadas para a instalação em interiores e exteriores. 8.2.1.2.Câmera PTZ Entendendo PTZ PTZ são os movimentos que uma câmera pode fazer: Pan é o nome dado para o movimento panorâmico na horizontal. Tilt é o nome dado para o movimento de inclinação na vertical. Zoom é o movimento de aproximação da imagem (Zoom In para aproximar a imagem e Zoom Out para voltar à origem). Câmeras PTZ e câmeras dome PTZ podem se movimentar na horizontal e na vertical (movimento PAN e TILT) e também podem aproximar e ou afastar uma imagem (Zoom In/Zoom Out). Todos os comandos para a movimentação de uma câmera PTZ são transmitidos pelo mesmo canal por onde os dados/imagens trafegam, geralmente por um cabo de rede. Não é necessária, nesse tipo de câmera, a instalação de nenhum componente adicional para a utilização dos recursos PTZ. Saiba Mais Existem dois tipos de Zoom: digital e óptico. Vamos saber a diferença entre os dois: Zoom óptico: nesse tipo de aproximação a imagem não perde qualidade, a captura da imagem é feita sem distorção. Zoom digital: nesse tipo de aproximação a imagem sofre distorção. Vemos a imagem com menor definição, quanto maior for a aproximação mais a imagem será distorcida e menor será a qualidade. Assista ao vídeo Zoom óptico X Zoom digital. Veja a seguir alguns recursos que podem ser incorporados às câmeras PTZ e câmeras fixas com ou sem dome. As informações foram organizadas pelo conteudista com base na AXIS Communications ( https://www.axis.com/pt/pt/learning/web-articles/technical-guide-to-network- video/types-of-network- cameras ) e BOSH ( http://resource.boschsecurity.com/documents/Commercial_Brochure_ptPT_1558886539.pdf ). Recursos de Câmera PTZ Estabilizador Eletrônico de Imagem – EIS: Câmeras PTZ ou Dome PTZ possuem o recurso de Zoom. Ao usar esse recurso, em geral acima de 20X, a imagem tremula fazendo com que a visualização se torne difícil. Com o recurso EIS a imagem, mesmo com Zoom, torna-se mais estável, facilitando a operação. Além da estabilidade na imagem, o recurso EIS também compacta a imagem, reduzindo em muito a utilização de espaço de armazenamento. Posições Predefinidas – PRESETS: Posições pré-definidas (ou presets) são posições pré-definidas pelo operador. Geralmente são pontos sensíveis que necessitam de maior atenção. Com isso, quando ninguém está monitorando ao vivo a câmera, o sistema fica 43Varifocal, em óptica, filmagem e fotografia é a qualidade de uma lente em possibilitar a mudança de foco de acordo com a distância. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 60 responsável por monitorar as câmeras nas posições determinadas. Podem existir vários presets em uma única câmera. Veja um exemplo (https://www.youtube.com/watch? v=j87wVPeUMZc) da criação de um preset em uma câmera de monitoramento. Inversão Eletrônica – E-flip: Esse recurso quando incorporado à câmera PTZ é despercebido pelo operador. A função E-flip é ativada nas situações em que uma câmera é instalada no teto e, quando uma pessoa ou objeto passa por baixo da câmera, o recurso é ativado. Assim, é possível fazer o acompanhamento da pessoa ou objeto de forma natural, sem ficar de cabeça para baixo. Inversão Automática – Auto-flip: Esse recurso Auto-flip simula a câmera com movimento 360 graus. Por mais que pareçam fazer o movimento de 360 graus, as câmeras PTZ não possuem essa capacidade, uma vez que há um batente mecânico impedindo a rotação completa. No entanto, o recurso Auto-flip dá a sensação de giro completo, de modo imperceptível ao operador. A câmera na verdade faz um movimento horizontal de 180 graus e, ao tocar no batente, o recurso é acionado continuando o movimento. Dessa forma. o acompanhamento do objeto/pessoa continua sendo executado sem que haja percepção por parte do operador. Acompanhamento Automático – Auto-tracking: Ao detectar o movimento, esse recurso da câmera automaticamente realiza o acompanhamento do objeto/pessoa dentro do limite de visão da câmera. Uma vez iniciado o acompanhamento automático, o operador apenas observa o trabalho. Esse recurso é muito útil em operações não assistidas, ou seja, o monitoramento ao vivo não é feito 100%. Esse recurso ainda pode nos casos de detecção de um veículo ou pessoa, fazer a gravação automática do rastreamento. Veja exemplos de Auto-tracking em: https://www.youtube.com/watch?v=FC9CP2Yv6Zc e https://www.youtube.com/watch?v=7Y2TsMgZKuM. Recursos de câmeras PTZ e Fixa O recurso de máscara aplicado em câmeras é muito útil, principalmente em vias públicas onde o alcance das câmeras invade propriedade particular. O recurso consiste em criar uma tarja em determinada área de visualização da câmera de tal modo que proteja a área selecionada. Veja alguns exemplos nos seguintes links: https://www.youtube.com/watch? v=q3kt1rxFnkc e https://www.youtube.com/watch?v=KOL-watL-Ik. Análise de Vídeo Inteligente – IVA Trata-se de um recurso incorporado na câmera que faz análise de vídeo em tempo real, podendo detectar diversas situações diferentes do comum que podem ser de interesse do operador. Exemplos: monitora o sentido de uma via, ou seja, se um veículo circular na contramão, o sistema enviará um alerta ao operador; monitora objetos esquecidos, uma mala esquecida num ponto de ônibus é detectada pelo sistema e um alerta enviado ao operador. A utilização desse recurso torna o sistema de monitoramento muito mais eficiente, uma vez que depois de configurado o sistema, os alertas são automáticos. Veja exemplos nos seguintes links: https://www.youtube.com/watch?v=Td294bcCzLU e https://www.youtube.com/watch? v=jyKqdynAsEs. 8.2.1.3. Câmera OCR Câmeras OCR44 têm sido largamente utilizadas e não são novidades no mercado. Já há muito tempo os Departamentos de Trânsito utilizam esse tipo de equipamento para fiscalização de várias infrações de trânsito, velocidade, avanço de semáforo, conversões proibidas, entre outras especificadas no código de trânsito. Segundo a literatura, OCRs são sistemas mecânicos ou ainda eletrônicos que fazem a leitura de imagens escritas e as transforma em textos que podem ser editáveis por meio de software. A leitura e identificação dessas letras são feitas por meio de reconhecimento digital mediante o uso de scanners e algoritmos (MONFORT et al., 2011). Quando se fala em OCR, devemos entender que se trata de uma tecnologia usada já há muito tempo. As pesquisas para automação de dados remontam os anos de 1950. Saiba Mais 44OCR é um acrónimo para o inglês Optical Character Recognition; que é uma tecnologia para reconhecer caracteres a partir de um arquivo de imagem ou mapa de bits, sejam eles escaneados, escritos a mão, datilografados ou impressos. Dessa forma, por meio do OCR, é possível obter um arquivo de texto editável por um computador. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 61 Quer saber mais sobre OCR? Leia o artigo Reconhecimento de caracteres . (Disponível em http://www.nce.ufrj.br/conceito/artigos/2006/016p1- 3.htm). Como vimos, o OCR é uma tecnologia que transforma uma imagem em caracteres. A aplicação dessa tecnologiaem câmeras tem muitas finalidades. Neste curso interessa a aplicação para a leitura de placas de veículos, mas existem vários exemplos do uso dessa tecnologia. Segundo Weber et al. (2016), “a tecnologia OCR é um dos sistemas amplamente utilizado atualmente, muito devido ao fato de estar sendo aplicado nos gates portuários para identificação de veículos e contêineres”. Assim como a leitura de placas de veículos, o sistema instalado em portos funciona conectado a um sistema que faz o controle das operações portuárias, fornecendo dados das mercadorias e status de localização (SOUSA, 2008). Então, câmeras de OCR são normalmente uma câmera fixa que tem a capacidade de fotografar todos os veículos que passam por determinada faixa de rolamento mesmo em alta velocidade. Após fotografar o veículo, a imagem é geralmente encaminhada para um servidor onde um software específico faz a leitura da placa do veículo, transformando a imagem em caracteres e grava os dados em um banco de dados. A aplicação desse tipo de equipamento, como você já viu no exemplo dos portos, vai além das câmeras de multa. Nos últimos anos, câmeras OCR têm sido largamente usadas pelos órgãos de segurança pública para o controle da frota de veículos. Veja, a seguir, alguns exemplos práticos com resultados advindos do uso de câmeras OCR. Jornal O Dia (http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-05-12/cameras- inteligentes-vao-dedurar- carros-roubados-a-partir-desta-semana.html). Portal A Verdade (http://portalaverdade.com.br/gm-localiza-e-civil-prende- quadrilha-de-assaltantes-no- vianelo/). Estradas.com.br (http://estradas.com.br/radares-inteligente-ja-flagram-veiculos- irregulares-nas-estradas- paulistas/). Tribuna de Jundiaí (http://www.tribunadejundiai.com.br/mais/policial/3336-cameras- da-gm-localizam-gol- usado-em-roubos-em-jundiai.html). Prefeitura de Santos (http://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/878280/c-meras- inteligentes-s-o-aposta-para- melhorar-o-tr-nsito-e-salvar-vidas). Portal JJ (http://www.jj.com.br/noticias-33824-gm-aumenta-em-12--casos-de-veiculos- recuperados). 8.2.2.Infraestrutura Para que tudo funcione normalmente dentro da central de videomonitoramento é preciso que a sua rede de dados externa seja dimensionada de forma que atenda às necessidades do sistema. Há duas formas comuns de rede quando se fala em projetar um sistema de videomonitoramento: Rede de fibra óptica e Rede de radiofrequência. Estude, a seguir, sobre cada uma delas. 8.2.1.1.Rede de radiofrequência É conhecida como rede de radiofrequência ou rede Wireless ou, ainda, rede sem fio. Segundo Saccol e Reinhard (2007, p. 179), as Tecnologias de Informação Sem Fio: “são Tecnologias de Informação que envolvem o uso de dispositivos conectados a uma rede ou a outro aparelho por links de comunicação sem fio, como, por exemplo, as redes de telefonia celular ou a transmissão de dados via satélite, além das seguintes tecnologias: Infra- vermelho (infrared- IR), Bluetooth, Wireless LAN (Rede Local sem fio).” Outro exemplo de rede sem fio é a tecnologia: “Wimax (Worldwide Interoperability for Microwave Access/Interoperabilidade Mundial para Acesso de Micro-Ondas), que pode atingir uma velocidade de tráfego de até 1 Gbps em um raio de até 50 km² em condições especiais, ela nasceu da necessidade de se ter uma tecnologia sem fio de banda larga com longo alcance e alta taxa de transmissão. (FERNANDES, p. 6, 2010)”. Segundo Pereira e Fazzanaro (2010), a tecnologia Wimax foi desenvolvida como uma alternativa a mais na possibilidade de transmissão de dados sem fio de alta velocidade e com grande capacidade de interconexão entre cidades, possibilitando a cobertura de grandes áreas. Importante! CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 62 Uma rede Wimax pode possibilitar cobertura de sinal em alta velocidade a distâncias de mais de 50 km (PEREIRA et al., 2013). Ainda segundo Pereira e Fazzanaro (2010), o diferencial da tecnologia Wimax é que, além de oferecer conectividade de alta velocidade por meio de ondas de rádio, não exige que o usuário tenha uma antena apontada diretamente para empresa prestadora de serviço. Redes sem fio para transmissão de imagem de videomonitoramento são bastante comuns. É possível citar como exemplo os radares e câmeras em rodovias, em áreas centrais da cidade, isso porque a opção pelo uso de rede sem fio tem algumas vantagens. Uma rede sem fio tem ao menos três vantagens bastante atraentes. E se existem vantagens, também há desvantagens. Vantagens O tempo para implantação de uma rede sem fio é muito menor comparado à rede de fibra óptica. O custo para implantação é menor e por isso alguns projetos são estruturados 100% com rede sem fio. A rede sem fio pode chegar a lugares que a rede de fibra não chegaria por diversas razões: lugares de difícil acesso, sem infraestrutura para o cabeamento etc. Desvantagens A rede sem fio é mais lenta, pode haver ruído na transmissão e fazer com que se interrompa a conexão. A construção de algum edifício, o crescimento de árvores, entre outros, podem prejudicar o seu funcionamento. Como a rede wi-fi é mais lenta que a rede de fibra óptica, provavelmente as imagens chegarão com delay (dependendo da qualidade da imagem) ou terão que ter menor qualidade do que com rede cabeada. Rede de fibra óptica “Uma Rede de fibra óptica nada mais é que um filamento de vidro envolto por um material protetor. Ela é capaz de transmitir sinais de luz por longas distâncias a velocidades muito elevadas com a vantagem de não sofrer interferências eletromagnéticas” (SIQUEIRA, p. 11, 2010). A rede de fibra óptica tem velocidade e banda de tráfego de dados muito superior ao da rede sem fio. Sua capacidade de transporte de informações depende da largura de banda do cabo (frequência que um cabo transportará os dados). Pesquisas demonstraram que a fibra óptica tem capacidade de ultrapassar taxas de 100 Ghz (FRENZEL JR, 2013). Por óbvio, a opção por estruturar todo o sistema por fibra óptica seria o mundo ideal, pelas diversas vantagens que a fibra oferece. Segundo Coelho (p. 38, 2009), entre as vantagens da fibra óptica, destacam-se: ➢ A largura de banda numa rede de fibra óptica é quase ilimitada. ➢ A fibra tem pouca atenuação e dispersão, devido à elevada largura de banda que proporciona. ➢ Com atenuação muito baixa, permite grandes distâncias entre repetidoras. ➢ Pequenas dimensões dos cabos de fibra. ➢ Pouco peso. ➢ Na fibra não ocorrem o fenômeno de crosstalk45.* ➢ A fibra não sofre influência de campos eletromagnéticos nem corrosão (ao contrário dos cabos coaxiais e dos pares de cobre entrançados) e não é afetada pelas condições meteorológicas ou pelo relevo do terreno e edifícios (como acontece com as comunicações wireless, em que esses fatores dificultam a virada de um ponto ao outro). Veja abaixo um quadro comparativo entre rede de fibra cabeada e rede sem fio. 45Crosstalk ou diafonia é a interferência indesejada que um canal de transmissão cria em outro canal. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 63 REDE CABEADA REDE SEM FIO Melhor qualidade de imagem e maior capacidade de tráfego de dados. Qualidade de imagem (dependendo do equipamento) e capacidade de tráfego de dados limitado. Dificuldades técnicas de implantação em lugares remotos. Facilidade de instalação em lugares remotos. Custo de instalação mais caro. Custo de instalação mais acessível. Tempo de instalação maior. Instalação em tempo menor. Menor custo com manutenção. Maior custo com manutenção. Fonte: Organizado por Gilberto Russo Jenuíno 9. CONCLUSÃO A concepçãoe implantação da Filosofia de Polícia Comunitária eram parte importante do plano estratégico. A formulação do modelo e a maneira de implantação constituíam aspectos extremamente críticos da estratégia, uma vez que não se admitia falha, como diversas tentativas anteriormente falharam, em outras partes do país e do mundo. Também não poderiam se limitar a um plano de marketing organizacional, mas deveriam compor um projeto definitivo e de resultados. Assim, a Polícia Comunitária integrou o planejamento estratégico como filosofia e estratégia organizacional, viabilizando uma nova forma de parceria entre polícia e comunidade, sendo esta convocada e estimulada a participar, com a polícia, através da aplicação do Policiamento Orientado por Problema (POP), na identificação e priorização de problemas locais e na busca de soluções. Referências: AGÊNCIA BRASIL - FGV. (2012, dezembro 14). Agência Brasil. (Agência Brasil) Retrieved agosto 16, 2014, from Agência Brasil: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-12 14/mais-de-60-dos- brasileiros-reprovam-atuacao-da-policia-revela-pesquisa.html AQUINO, Luseni. et al. Juventude e políticas de segurança pública no Brasil. In ANDRADE, Carla; AQUINO, Luseni; CASTRO, Jorge. (Orgs.) Juventude e políticas sociais no Brasil. Brasília: IPEA, 2009. 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POLICIAMENTO ORIENTADO PARA O PROBLEMA: PROPOSTAS DE MECANISMOS DE PROTEÇÃO DA POPULAÇÃO EM FACE DA VIOLÊNCIA URBANA. São Paulo : CAES-PMESP, 2014,. Vol. 1, 1. Tese de doutorado CAO 2014. CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 64 https://jus.com.br/artigos/68758/vizinhanca-solidaria-instrumento-de-prevencao-social-e-uma- ferramenta-de-prevencao-primaria BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos Humanos: coisa de polícia. 2ª ed. Passo Fundo/RS: Ed. Capec, Pasteur, 1998. BAYLEY, David H. e SKOLNICK, Jerome H. Nova Polícia: Inovações na Polícia de Seis Cidades Norte-Americanas. Editora da Universidade de São Paulo, 2001. (Série Polícia e Sociedade; n.2). BAYLEY, David H. Padrões de Policiamento. Uma análise Internacional Comparativa / David H. Bayley; tradução de Renê Alexandre Belmonte. – 2. Ed. 1. reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. – (Série Polícia e Sociedade; n.1) BECCARIA, C. (1764,). 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Curso de Polícia Comunitária. Brasil. 2003. SKOLNICK, J. H.; BAYLEY, D. H. Policiamento Comunitário: Questões e Práticas Através do Mundo. [s.l.] EdUSP, 2002. v. 6.(Série Polícia e Sociedade; n.º 6). SKOLNICK, Jerome H; BAYLEY, David. Policiamento Comunitário: Questões e Práticas Através do Mundo; tradução de Ana Luísa Amêndola Pinheiro. 1ª ed. São Paulo: EDUSP, 2006. (Série Polícia e Sociedade; n.º 6 / Organização: Nancy Cardia). CCCDS-Capim Macio I - Projeto Vizinhança Solidária: Batalhão Participativo – Professor Janildo da Silva Arantes 65 Miguel Libório Cavalcante Neto. (Major PM – Polícia Militar do Estado de São Paulo). Possui mestrado em Ciências Policiais de Segurança, Ordem Pública e Defesa Civil realizado no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores em 1996 (Curso de aperfeiçoamento de Oficiais - Polícia Militar do Estado de São Paulo - Comando Geral) ( e doutorado em Ciências Policiais de Segurança, Ordem Pública e Defesa Civil realizado no Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores em 1998 (Curso Superior de Polícia - CSP - Polícia Militar do Estado de São Paulo - Comando Geral). Dos 226.000 policiais, cerca de 40% estão destinados ao policiamento comunitário fardado, sendo que, destes, 65% estão prestando serviços nos Kobans e Chuzaishos, 20% no policiamento motorizado e 15% no serviço administrativo do Sistema, incluindo o staff de comando, sistema de atendimento e despacho de viaturas para ocorrências e comunicação como um todo. O POLICIAL JAPONÊS O Policial japonês através de suas atitudes demonstra claramente sua formação cultural, ou seja, extremamente educado, polido e disciplinado, cumprindo integralmente suas obrigações com determinação e zelo. Possuindo, no mínimo, formação de 2º grau e até mesmo universitária, sentindo-se perfeitamente à vontade quando da utilização dos mais avançados recursos tecnológicos, na área de comunicações e informática, o que aliado a sua formação técnica policial lhe possibilita alcançar resultados positivos em seu serviço, agindo na maior parte das vezes isoladamente. O Juramento do Policial Como membro da Polícia, eu aqui prometo: - Servir a nação e a sociedade com orgulho e um firme sentido de missão. - Prestar o devido respeito aos direitos humanos e realizar minhas obrigações com justiça e gentileza. - Manter estreita disciplina e trabalhar com o máximo de cooperação. - Desenvolver meu caráter e a capacidade para minha autorrealização. - Manter uma vida honesta e estável. O POLICIAL COMUNITÁRIO Assim sendo, a especialização no combate ao crime não pode ser considerada como elemento definidor da ação policial uma vez que a cooperação da população é fator fundamental na prevenção e resolução de crimes. A configuração no cenário público brasileiro dessa tendência de um policiamento próximo à sociedade começou a ser delineado a partir da constituição brasileira de 1988 com a instauração do Estado Democrático de Direito e implica uma redefinição do papel da polícia em relação à sociedade, a descentralização da área de comando e o desenvolvimento da ação civil. Analisando as modalidades de Interação estratégica, complementar, social e logística há de se enfatizar a necessidade de melhor preparar a polícia e a sociedade para essa aproximação visando corrigir distorções e equívocos que possam existir. Neste sentido, a polícia em suas reuniões deve apresentar à comunidade as vantagens dessa aproximação, bem como todos os aspectos que a envolverão. Para tanto, conforme quadro abaixo se verifica algumas informações úteis para essa ocasião: − Policiamento Comunitário (Era de resolução de problemas com a comunidade)Conjunto de ações que busca, por meio da prevenção primária, melhorar a segurança pública local, incentivando a vizinhança a adotar medidas capazes de prevenir delitos e colaborar com o policiamento. 5.4.1.2. Qual a importância da prevenção primária? A prevenção primária é o primeiro degrau no combate à criminalidade. O cidadão conhece e sente diariamente as causas e os efeitos do crime, cuja percepção se torna ferramenta indispensável para orientar as ações de polícia. Tenha muito cuidado para não disseminar boatos ou informações exageradas. Reporte apenas aquilo de que você tem certeza. Espalhar informações sem ter garantia de sua procedência pode gerar pânico desnecessário. Também tenha cautela ao falar de pessoas suspeitas. Espalhar fotos e vídeos de pessoas com base apenas em suposições, não em provas, pode gerar processos judiciais, principalmente porque você nunca sabe a proporção que uma imagem compartilhada no WhatsApp pode tomar. Às vezes, sua intenção é apenas repassar o conteúdo para os vizinhos, mas ele pode circular na cidade inteira ou mesmo em todo país. É muito difícil ter controle sobre o que circula em aplicativos de comunicação. Portanto, repasse apenas o que for essencial. Lembre-se ainda de que o grupo não substitui a necessidade de reportar ocorrências formalmente à polícia pelo 190, pois cada ocorrência deve ser registrada evitando, assim, a subnotificação. Os grupos de WhatsApp são apenas uma das muitas ferramentas que você tem para cuidar da segurança de onde você mora. Faça o download do Manual do Bairro Seguro para mais orientações. Como grupos de WhatsApp podem ajudar na segurança do bairro. Disponível em<http://empresasminister.com.br/blog/como-grupos-de-whatsapp-podem-ajudar-na-segurana-do-bairro/ >. Acesso em 01 out 2019. Câmeras Camufladas ou Ocultas