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INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Disciplina: Introdução à Logística — Profª. Dra. Simone Borges Simão Monteiro Olá! Meu nome é Simone Borges Simão Monteiro. Sou graduada em Engenharia Química e Doutora em Gestão da Qualidade pela UFSCAR (Universidade de São Carlos). Ministro aulas na UNIFRAN (Universidade de Franca) há 7 anos, no curso de Engenharia de Produção. Sou coordenadora do curso de Pós-Graduação em Gestão de Operações e Logística, além de ministrar aulas para esse curso. e-mail: simonemonteiro@claretiano.edu.br INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA Prof Prof aa. Dra. Simone Borges Simão Monteiro. Dra. Simone Borges Simão Monteiro Guia de DisciplinaGuia de Disciplina Caderno de Referência de ConteúdoCaderno de Referência de Conteúdo © Ação Educacional Claretiana, 2006 – Batatais (SP) Trabalho realizado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais (SP) Curso: Graduação Disciplina: Introdução à Logística Versão: fev./2010. Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. Ronaldo Mazula Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. Ronaldo Mazula Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EAD: Prof. Artieres Estevão Romeiro Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aletéia Patrícia de Figueiredo Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Elaine Aparecida de Lima Moraes Elaine Cristina de Sousa Goulart Lidiane Maria Magalini Luciana Mani Adami Luiz Fernando Trentin Patrícia Alves Veronez Montera Rosemeire Cristina Astolphi Buzelli Simone Rodrigues de Oliveira Revisão Felipe Aleixo Isadora de Castro Penholato Maiara Andréa Alves Rodrigo Ferreira Daverni Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Renato de Oliveira Violin Tamires Botta Murakami Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Centro Universitário Claretiano Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretiano.edu.br SUMÁRIO GUIA DE DISCIPLINA 1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ VII 2 DADOS GERAIS DA DISCIPLINA .......................................................................... VII 3 CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................. VIII 4 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ...................................................................................... VIII 5 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .......................................................................... IX CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 1 INTRODUÇÃO À DISCIPLINA AULA PRESENCIAL ............................................................................................... 2 UNIDADE 1 – CONCEITOS BÁSICOS DE LOGÍSTICA 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 2 DEFINIÇÃO, IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DA LOGÍSTICA ........................................ 4 3 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DA LOGÍSTICA ........................................ 5 4 ATIVIDADES LOGÍSTICAS .................................................................................. 6 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 9 UNIDADE 2 – INTEGRAÇÃO DAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 2 LOGÍSTICA INTEGRADA ..................................................................................... 12 3 SUPPLY CHAIN (CADEIA DE SUPRIMENTO) ........................................................... 14 4 INTEGRAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO .......................................................... 15 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 17 UNIDADE 3 – ESTRATÉGIA, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO LOGÍSTICO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 20 2 ESTRATÉGIA LOGÍSTICA .................................................................................... 20 3 PLANEJAMENTO LOGÍSTICO ............................................................................... 21 4 DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL DA LOGÍSTICA: ALIANÇAS, PARCERIAS E TERCEIRIZAÇÃO ............................................................................ 24 5 GESTÃO DE ESTOQUES ..................................................................................... 28 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 31 UNIDADE 4 – PRODUTOS LOGÍSTICOS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 34 2 NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO LOGÍSTICO .................................... 34 3 EMBALAGEM DO PRODUTO ................................................................................. 37 4 PRECIFICAÇÃO DO PRODUTO ............................................................................. 39 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40 UNIDADE 5 – NÍVEIS DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 44 2 NÍVEIS DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS ..................................................................... 44 3 IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA DE SERVIÇOS AOS CLIENTES .................................. 47 4 EXPECTATIVAS DE CLIENTES ............................................................................. 48 5 NÍVEL DE SERVIÇOS ÓTIMO ............................................................................... 50 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 52 UNIDADE 6 – SISTEMAS DE TRANSPORTES 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 54 2 IMPORTÂNICA DOS SISTEMASDE TRANSPORTES................................................... 54 3 MODAIS DE TRANSPORTES ............................................................................... 55 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 60 UNIDADE 7 – INDICADORES DE SISTEMAS LOGÍSTICOS 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 62 2 MENSURAÇÃO LOGÍSTICA .................................................................................. 62 3 FLUXO DE INFORMAÇÃO ................................................................................... 63 4 INDICADORES DE DESEMPENHO LOGÍSTICO ....................................................... 65 5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 70 6 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 70 G U IA D E D IS C IP L IN A G U IA D E D IS C IP L IN A 1 apresentação O termo “logística”, muitas vezes, é confundido com transporte. Por muito ouvir falar em logística e distribuição, algumas pessoas associama logística apenas ao processo de distribuição. Entretanto, o conceito de logística abrange tanto as atividades de suprimento e distribuição, quanto atividades de logística interna, que são responsáveis pela movimentação e armazenagem de materiais dentro da empresa. A disciplina de Introdução à Logística visa explanar o conceito básico de logística e sua articulação no Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (SCM – Supply Chain Management), promovendo melhorias nos níveis de serviços logísticos em organizações, sejam elas empresas de manufatura, prestadoras de serviços, sejam instituições governamentais. 2 Dados gerais da disciplina Ementa Definição, importância e objetivos da logística; integração das operações logísticas na Supply Chain (Cadeia de Suprimentos); organização e planejamento logístico; modais de transporte; níveis de serviços logísticos oferecidos ao cliente; indicadores de sistemas logísticos. Objetivo geral Os alunos de Introdução à Logística dos cursos de graduação, na modalidade EAD do Claretiano, dado o Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas ferramentas, serão capazes de entender os conceitos de logística empresarial (logística interna e externa), logística integrada, e ter noções sobre técnicas apropriadas para adequação da logística nas empresas. Com esse intuito, os alunos contarão com recursos técnico-pedagógicos facilitadores de aprendizagem, como Material Didático Mediacional, bibliotecas físicas e virtuais, ambiente virtual e acompanhamento do tutor complementado por debates no Fórum e na Lista. Ao final desta disciplina, de acordo com a proposta orientada pelo tutor, os alunos terão condições de interagir com argumentos contundentes, além de dissertar com comparações e demonstrações sobre o tema estudado nesta disciplina, elaborar um resumo, ou uma síntese, entre outras atividades. Para esse fim, levarão em consideração as ideias debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas, bem como o que produziram durante o estudo. Competências, habilidades e atitudes Ao final deste estudo, os alunos dos cursos de graduação contarão com uma sólida base teórica para fundamentar criticamente sua prática profissional. Além disso, adquirirão as habilidades não somente para cumprir seu papel de profissional nesta área do saber, mas também para agir com ética e com responsabilidade social. GUIA DE DISCIPLINAGUIA DE DISCIPLINA CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – BatataisVIII Cursos de Graduação Modalidade ( ) Presencial ( X ) A distância Duração e carga horária A carga horária da disciplina Introdução à Logística é de 60 horas. O conteúdo programático para o estudo das sete unidades que a compõe está desenvolvido no Caderno de referência de conteúdo, anexo a este Guia de disciplina, e os exercícios propostos constam do Caderno de atividades e interatividades (CAI). ATENÇÃO! É importante que você releia no Guia Acadêmico do seu curso as informações referentes à Metodologia e à Forma de Avaliação da disciplina Introdução à Logística, descritas pelo tutor na ferramenta “cronograma” na Sala de Aula Virtual – SAV. 3 Considerações gerais A disciplina Introdução à Logística deve proporcionar-lhe conhecimentos iniciais sobre logística interna e externa, logística integrada e sua articulação na cadeia de suprimentos, bem como demonstrar as formas de mensuração dos serviços logísticos e os níveis de serviços que devem ser oferecidos aos clientes. É importante que você tenha uma visão clara dos objetivos que desejamos atingir com o estudo da presente disciplina. Se for necessário, recorra ao Guia Acadêmico para esclarecer suas dúvidas a respeito da metodologia de estudo de um curso EAD, que privilegia a autonomia como fator importante de aprendizagem. Chamamos sua atenção para a leitura e pesquisa das obras indicadas, para o aprofundamento dos conteúdos, mediante a interação na Sala de Aula Virtual. Esperamos que você atinja suas metas. Bom estudo! 4 Bibliografia básica ASSUMPÇÃO, M. R. P. Reflexão para gestão tecnológica em cadeias de suprimento. Revista Gestão & Produção, v.10, n.3, p.345-361, São Carlos, dez.2003. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo, Atlas, 2001. CHOPRA, S. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação, São Paulo, Prentice Hall, 2003. FIGUEIREDO, K.; ARKADER, R. Da distribuição física ao Supply Chain Management: o pensamento, o ensino e as necessidades de capacitação em logística. Publicações CEL, Coppead, UFRJ, 2001. ATENÇÃO! O segredo do sucesso em um curso na modalidade Educação a Distância é PARTICIPAR, ou seja, INTERAGIR, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. GUIA DE DISCIPLINAGUIA DE DISCIPLINA Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar IX GIANESI, I.G.N.; CORREA, L.H. Administração Estratégica de Serviços: operações para a satisfação do cliente. São Paulo:Atlas, 1996. GOMES, C.F.S.; RIBEIRO, P.C.C. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. GRONROOS, C. Marketing – Gerenciamento e Serviços. Rio de Janeiro: Campus, 2004. JOHNSTON, R. Administração de operações de serviços. São Paulo: Atlas, 2002. LEITE, P. R. Logística reversa, meio ambiente e competitividade. Prentice Hall, 2003. MONTEIRO, S.B.S Coordenação da qualidade em cadeias de produção de alimentos: estudo de casos sobre as práticas adotadas por grandes empresas. 2006. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. NETO FRANCISCO, F.; JUNIOR MAURICIO, K. Economia empresarial. Fae Business School, Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, 2002. (Coleção Gestão Empresarial, capítulo 2). 5 Bibliografia complementar BERTAGLIA, P.R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2006. CORREA, H.L.; CAON, M. Gestão de Serviços: lucratividade por meio de operações e de satisfação de clientes. São Paulo:Atlas, 2002. DORNIER, P.D.; ERNST, R.; FENDER, M.; KOUVELIS, P. Logística e operações globais- textos e casos. São Paulo: Atlas, 2000. KOTLER, P. Marketing management: analysis, planning, implementation and control. 7. ed. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1991. OLIVEIRA, D.P.R. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2001. PESSOA, G. Notas de aula Pós Graduação em Gestão de Operações e Logística (Logística Empresarial e Supply Chain Management), Universidade de Franca, 2006. PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia de suprimentos : conceitos, estratégias, práticas e casos.- Supply Chain Management. São Paulo: Atlas, 2004. SLACK, N. et. al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1996. AnotaçõesAnotações C A D E R N O D E R E F E R Ê N C IA C A D E R N O D E R E F E R Ê N C IA D E C O N T E Ú D O D E C O N T E Ú D OAnotações Nesta disciplina, você aprenderá conceitos iniciais sobre logística e cadeia de suprimento (supply chain). Serão abordados alguns conceitos concernentes à natureza e características de produtos logísticos, estratégia e planejamento logístico, gestão de estoques, sistemas de transporte, níveis de serviços logísticos e indicadores de sistemas logísticos. A logística é uma disciplina que evoluiu nos últimos anos e passou a obter crescente importância em estratégias competitivas globalizadas. Pelo fato de englobar todas as atividades de movimentação de produtos e transferência de informações, passou a ser fundamental sua articulação dentro da cadeia de suprimentos (supply chain). Esta disciplina divide-se em dois módulos. Inicialmente, será estudado o primeiro dos dois módulos, que tratará de conceitos básicos sobre logística, para que setenha conhecimento sobre o assunto. Ao seu término, o ideal é que se saiba, ao menos, como propor uma melhoria nas atividades logísticas de determinada organização. O segundo módulo, detalhará os tipos de sistemas de transportes utilizados (nacionais e internacionais), características dos custos de transporte, documentação necessária para exportação, roteirização e programação de veículos etc. Para esta primeira parte, propomos-nos três objetivos fundamentais: 1. Apresentar uma descrição abrangente das práticas logísticas. 2. Descrever formas e meios de aplicar princípios logísticos para se obter vantagens competitivas. 3. Disponibilizar uma base conceitual para a integração da logística como competência central na estratégia empresarial. É essencial que as ferramentas específicas sejam utilizadas juntamente com os conceitos básicos de logística, para que, assim, possam interagir na cadeia de suprimentos (supply chain). Existem muitos meios de pesquisa que abragem conceitos sobre Logística. Busque fontes alternativas e consulte as bibliografias e sites indicados, para que você possa ampliar seus conhecimentos com relação ao assunto abordado. Procure sempre relacionar os conceitos teóricos aprendidos ao seu dia-a-dia profissional. Interaja com seus colegas e tutor e lembre-se de que você é protagonista do processo de aprendizagem. Bons estudos! APRESENTAÇÃO IN T R O D U Ç Ã O À D IS C IP L IN A IN T R O D U Ç Ã O À D IS C IP L IN A AULA PRESENCIAL Objetivos • Compreender o programa da disciplina, bem como os esclarecimentos e informações sobre os conteúdos a serem desenvolvidos. • Promover integração entre os participantes do curso. • Proporcionar a compreensão dos conhecimentos básicos necessários ao desenvolvimento da disciplina. • Destacar a importância da Logística para a competitividade global. Conteúdos • Contextualização da abordagem da disciplina de Introdução à Logística. • Programa para o desenvolvimento da disciplina. U N ID A D E 1 U N ID A D E 1CONCEITOS BÁSICOS DE LOGÍSTICA Objetivos • Descrever conceitos básicos de logística. • Compreender e analisar, por meio de estudo de casos, processos logísticos em organizações. • Compreender como ocorrem as atividades dos processos logísticos. Conteúdos • Defi nição, importância e objetivos da logística. • Histórico e evolução do conceito de logística. • Atividades dos processos logísticos. CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais4 Cursos de Graduação UNIDADE 1UNIDADE 1 1 Introdução Nesta primeira unidade, você estudará sobre a definição, importância e objetivos da logística; sobre as atividades dos processos logísticos, bem como o histórico e evolução do conceito de logística. As empresas, para se diferenciar no mercado, necessitam oferecer algo a mais em seus serviços. Não basta a empresa apresentar um bom produto aos consumidores, com preços justos, se não oferecer serviços diferenciados, que agreguem valor ao produto, aos olhos do consumidor. Podem-se citar como serviços diferenciados os serviços logísticos, que, por meio de estratégias logísticas, promovem um aumento de competitividade para as organizações. Segundo Kotler (1991), para o consumidor, o valor fornecido é o principal critério a ser avaliado na escolha dos fornecedores, como a diferença entre o valor percebido pelo consumidor (produto, serviços, pessoal e imagem) e o preço pago pelo produto (valor monetário, custos de tempo, energia e desgaste psicológico). Para a empresa tornar- se mais competitiva, deve aumentar o valor percebido e/ou diminuir o preço pago pelo consumidor. Muitos fatores externos, como normas regulamentadoras, mercado consumidor, política de fornecimento, tecnologia, meio ambiente etc., influenciam diretamente o ambiente interno das empresas. Torna-se essencial a utilização de estratégias flexíveis que permitam aumentar seu desempenho, o que pode ocorrer com o aperfeiçoamento da qualidade dos produtos (os produtos da empresa devem ser melhores que os do concorrente), com preços atrativos (fazer com que os produtos sejam mais baratos que os do concorrente), com entrega rápida, confiabilidade (entregar os produtos nos prazos) e flexibilidade (mudar rapidamente aquilo que se está fazendo para absorver a demanda do mercado consumidor). Esses são alguns critérios competitivos que contribuem para o aumento de desempenho das organizações. Posteriormente, serão discutidos os conceitos iniciais de logística sua importância e objetivos. 2 Definição, Importância e Objetivos da Logística Pode-se definir Logística como “o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes1” (CLM apud BALLOU, 2001, p. 21). Ballou (2001) faz duas considerações acerca da definição de Logística proposta pelo CLM– Council of Logistics Management. Na primeira, ele salienta que a definição contemplada pelo CLM induz a pensar que os profissionais de logística se preocupam apenas com a movimentação física das mercadorias, ao passo que muitas empresas de serviços apresentam substanciais problemas de logística, que podem ser solucionados por meio de uma boa gestão de logística. (1) Quando se fala em clientes, faz-se referência aos distribuidores e varejistas. Já os consumidores são as pessoas que adquirem e utilizam o produto ou serviço. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 5 UNIDADE 1UNIDADE 1 Na segunda, Ballou (2001) comenta que a definição apresentada pelo CLM sugere que os profissionais de logística parecem estender o fluxo de produtos ao processo (controle de estoque em processo, programação de máquinas ou controle de qualidade das operações), sendo que esses detalhes do processo de produção não são responsabilidades desses profissionais. Segundo Gomes e Ribeiro (2004), a Logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e o armazenamento de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informação correlatos) por meio da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras com o atendimento dos pedidos a baixo custo. Bowersox (2001) afirma que o serviço logístico básico disponibilizado ao cliente pode ser alcançado de acordo com três fatores, e são eles: disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade. A disponibilidade é a capacidade de a empresa ter o produto em estoque no momento em que o cliente necessita; o desempenho operacional se refere ao prazo de entrega, e envolve os atributos velocidade, consistência, flexibilidade, falhas, recuperação; a confiabilidade é a capacidade da empresa atender em disponibilidade de estoque e desempenho operacional, fornecendo informações precisas sobre o andamento do pedido do cliente. Segundo Ballou (2001), a missão da logística é dispor o produto ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa. A logística integra informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem, oferecendo ao profissional a oportunidade de gerenciar várias tarefas dentro da empresa. Em função disso, nota-se um crescente número de profissionais atuantes na área de logística sendo promovidos às posições de alta gerência dentro das organizações (BOWERSOX, 2001). De acordo com Bowersox (2001), o objetivo da logística é tornar disponíveis produtos e serviços no local onde são necessários e no momento em que são desejados. Para Ballou (2001), o objetivo da logística é maximizar ao longo do tempo a relação da receita anual (devido ao nível de serviços prestados ao cliente) menos os custos operacionais dosistema logístico sobre o investimento anualizado no sistema logístico. O cliente percebe os serviços logísticos, uma vez que estes passam a adicionar valor ao produto. O valor adicionado deve ser transmitido aos clientes, fornecedores e acionistas da empresa. Os produtos e serviços passam a ter valor para o cliente quando (tempo) e onde (lugar) eles desejam consumi-lo, ou seja, tempo e lugar passam a ser duas variáveis quantificáveis, que impactam diretamente o desempenho da empresa e que pode ser avaliado pelos clientes. A empresa adiciona valor ao produto ou serviço quando percebe que os clientes estão dispostos a pagar por isso. 3 Histórico e Evolução do Conceito da Logística De acordo com Figueiredo e Arkader (2001), fala-se em cinco eras para a logística, desde o século XX até os dias atuais. INFORMAÇÃO! A Sun Brilha - com uma Grande ajuda de seus Amigos Durante anos, a Sun Microsystems teve sérios problemas com a expedição de suas estações de trabalho, no que diz respeito a prazos. Os clientes, às vezes, aguardavam semanas pelos pedidos. As coisas atingiram um ponto tão crítico que a Sun simplesmente desistiu. Fechou seus 18 centros de distribuição em todo o mundo e confiou o trabalho à Federal Express Corp. e a outras empresas. “Algumas pessoas acharam que estávamos malucos”, admite Robert J. Graham, vice-presidente de operações mundiais. Contudo, subseqüentemente, a Sun estabeleceu recordes no prazo de expedição. Mesmo depois que a empresa, sediada em Mountain View, Califórnia, se transformou em uma operação de $3,6 bilhões, sua gerência continua adotando um mandamento empresarial simples: “Não tente fazer sozinho o que outros podem fazer melhor” (BOWERSOX, 2001, p. 34). CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais6 Cursos de Graduação UNIDADE 1UNIDADE 1 1. O início do século XX denominou-se a fase “do campo ao mercado”, na qual houve o escoamento da produção agrícola. 2. O período de 1940 até o início da década de 60, que recebeu grande influência militar, foi considerado a era das “funções segmentadas”, na qual havia preocupação com a movimentação de materiais, armazenamento e transporte de bens. 3. A era iniciada na década de 60, que perdurou até o início da década de 70, foi considerada a fase das “funções integradas”, com a qual passou a existir uma visão integrada, considerando-se custo total e abordagem sistêmica, com um foco mais amplo nas atividades de transportes, distribuição, armazenagem, estoque e manuseio de materiais. 4. A quarta era (1970 até a metade da década de 80) é a fase do “foco no cliente”, que engloba conceitos de produtividade e custos de estoques. O conceito de logística passa, então, a ser inserido nos cursos de Administração de Empresas. 5. Desde a década de 80 a logística é consagrada como “elemento diferenciador”, considerando fatores como a globalização, a tecnologia da informação, a responsabilidade social e a ecologia. Porém, a logística passou a ter uma importância maior quando os administradores começaram a quantificar o retorno sobre o investimento realizado pelas empresas, ou seja, estimar o retorno financeiro obtido a partir da redução do investimento em estoque, ou quantificar um melhor serviço oferecido ao cliente. 4 Atividades Logísticas O processo logístico apresenta três etapas em uma cadeia de suprimentos: suprimento, produção e distribuição física. Veja a Figura 1. Logística empresarial Suprimento (Administração de materiais) Distribuição física Fornecedores (Fontes de Suprimento) Fábrica Clientes Fonte: BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. Figura 1: Etapas do processo logístico em uma cadeia de suprimentos. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 7 UNIDADE 1UNIDADE 1 Segundo Ballou (2001), as possíveis atividades logísticas que são realizadas ao longo de uma cadeia de suprimentos2 podem ser classificadas em duas categorias: atividades-chave e atividades de suporte. As atividades-chave se dividem em: a) atendimento ao cliente (identificar os desejos e necessidades dos clientes para serviços logísticos; identificar a percepção dos clientes quanto aos serviços prestados; estabelecer o nível de serviço que deve ser oferecido aos clientes); b) transportes (seleção do modal e do serviço de transporte; consolidação de fretes; roteiro do transporte; programação de veículos; seleção de equipamentos; processo de reclamação de clientes); c) administração de estoques (políticas de estocagem de matérias-primas e produtos acabados; previsão de vendas a curto prazo; reposição de produtos em ponto de estocagem; determinação do número, tamanho e local dos pontos de estocagem; desenvolvimento de estratégias de just- in-time (JIT)3, de empurrar e de puxar); d) fluxo de informações e processamento de pedidos (procedimento de interface dos estoques com pedidos de venda; métodos de transmissão de informações de pedido; regras de pedido). As atividades de suporte são: a) armazenagem (determinação do espaço; disposição do estoque e desenho das docas; configuração do armazém; localização do estoque); b) manuseio de materiais (seleção de equipamentos; políticas de reposição de equipamentos; procedimento de coleta de pedidos; alocação e recuperação de materiais); c) compras (seleção de fontes de suprimento e determinação de quantidades de compra); d) embalagem (manuseio; estocagem; proteção contra perdas e danos); e) atividades integradas com a produção/operações (especificação de quantidades agregadas; determinação de seqüência e tempo do volume de produção); f) manutenção de informação (coleta, arquivamento e manipulação de informação; análise de dados; procedimentos de controle). Há essa divisão em atividades-chave e atividades de suporte pelo fato de algumas atividades serem realizadas em toda a cadeia de suprimentos, e de outras ocorrerem somente na empresa. As atividades-chave estão ligadas diretamente com os serviços prestados aos clientes e contribuem com os custos logísticos total, sendo essenciais à conclusão das tarefas logísticas. Quando se aumenta o nível de serviços logísticos oferecidos ao cliente, aumentam-se, proporcionalmente, os custos logísticos, assim, quando se estabelece requisito muito alto aos clientes, os custos logísticos podem se tornar muito altos também. (2) O termo cadeia de suprimentos será definido mais adiante, na unidade II. (3) Suprir o cliente no momento em que ele necessita e na quantidade solicitada. Segundo Slack (1996), JIT visa atender à demanda instantaneamente, com qualidade perfeita e sem desperdícios. CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais8 Cursos de Graduação UNIDADE 1UNIDADE 1 As atividades de transporte e estoque são atividades primárias na absorção dos custos logísticos, representando metade ou dois terços do custo logístico total. O transporte adiciona valor de lugar aos produtos e serviços, enquanto o estoque adiciona valor de tempo. As atividades relacionadas ao gerenciamento de estoques são essenciais para cumprir prazos de entrega prometidos aos clientes e estabelecer métodos eficientes de manufatura e distribuição de produtos. O processamento de pedidos é a ultima atividade-chave. Seu custo geralmente é menor quando comparado ao custo de transporte ou manutenção de estoques. O tempo de processamento de pedidos e os métodos de transmissão de informações interferem significativamente no tempo total que pode levar para um cliente receber seu produto ou serviço. Nem todas as atividades de suporte são realizadas por todas as empresas, mas elas contribuem para a conclusão do processo logístico. Empresas de automóveis ou de commodities, tais como carvão, ferro e brita, por exemplo, não necessitam de proteção de armazenagem contra intempéries, mesmo que sejam mantidos estoques, mas a armazenageme o manuseio de materiais sempre ocorrerá. As atividades de compras e programação de produtos são consideradas mais atividades correlatas à produção do que da própria logística, podendo, entretanto, comprometer a eficiência do transporte e gerenciamento de estoques. A manutenção de informações dá suporte a todas as outras atividades logísticas para as quais ela fornece a informação necessária para planejamento e controle. Exemplo de um caso de Logística Quando as lojas de desconto vendiam softwares por catálogos e anúncios em revistas, desejando competir com os varejistas locais, eles tinham uma vantagem de preço devido às economias de escala que conseguiam obter. As operações eram centralizadas em armazéns de qualidade com baixo custo em vez de locais de varejo de qualidade com alto custo. Seus funcionários eram basicamente os tomadores de pedidos por telefone, o pessoal do armazém ficava preenchendo pedidos e também eram expedidores de volumes. Os estoques também eram relativamente minimizados, ainda assim, ofereciam substancial variedade e altos níveis de disponibilidade do produto. Por outro lado, os varejistas tinham a vantagem da disponibilidade imediata da maioria dos produtos que superaria qualquer vantagem de preço para os consumidores ansiosos. Para contornar a possível vantagem sobre a entrega dos varejistas em seus próprios mercados locais, as lojas de desconto colocaram à disposição dos clientes a ligação gratuita. Eles poderiam fazer seus pedidos por telefone, os quais seriam preenchidos no mesmo dia e embarcados à noite por via aérea para entrega na manhã seguinte. Muitos clientes acharam que assim era quase tão rápido, e em muitos casos mais conveniente, quanto comprar do varejista local! O valor foi criado para o consumidor através da logística. (BALLOU, 2001, p.29). Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 9 UNIDADE 1UNIDADE 1 5 Referências Bibliográficas BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. FIGUEIREDO, K.; ARKADER, R. Da distribuição física ao Supply Chain Management: o pensamento, o ensino e as necessidades de capacitação em logística. Publicações CEL, Coppead, UFRJ, 2001. GOMES, C.F.S.; RIBEIRO, P.C.C. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação.São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. KOTLER, P. Marketing management: analysis, planning, implementation and control. 7. ed. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1991. SLACK, N. et. al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1996. AnotaçõesAnotações Anotações INTEGRAÇÃO DAS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS Objetivos • Descrever conceitos de Logística integrada. • Disseminar o conceito de Supply Chain Management (Gerenciamento na Cadeia de Suprimentos). • Compreender de que maneira acontece a integração da cadeia de suprimento. Conteúdos • Logística integrada. • Supply Chain (cadeia de suprimento). • Integração da cadeia de suprimento. U N ID A D E 2 U N ID A D E 2 CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais12 Cursos de Graduação UNIDADE 2UNIDADE 2 1 Introdução Na unidade anterior estudamos sobre a definição, importância e objetivos da logística, sobre as atividades dos processos logísticos, e aprendemos, ainda, sobre o histórico e a evolução do conceito de logística. Nesta unidade, estudaremos sobre o destaque da integração das operações logísticas, bem como a integração na cadeia de suprimentos. 2 lOGÍSTICA iNTEGRADA Se as operações logísticas forem consideradas competências-chave e estiverem fortemente integradas com outras atividades da empresa, poderão apresentar um desempenho integrado e culminar na obtenção de melhores resultados, o que provavelmente não ocorreria se as atividades fossem gerenciadas individualmente. Há alguns anos, quando se falava em logística, referia-se apenas ao conceito de transporte, estoque e armazenagem. Nos dias atuais, fala-se em logística integrada, envolvendo o conceito de fornecedor, suprimentos, produção, distribuição e clientes, sendo essencial para o gerenciamento da logística, os fluxos de informações e de materiais. Um cliente satisfeito não é aquele que se contenta apenas com um produto de qualidade, mas também com um menor preço e menor prazo de entrega. Garantir o cumprimento do prazo é um dos objetivos da logística. Segundo Bowersox (2001), o conceito de logística integrada vincula a empresa a seus clientes e fornecedores. Veja a Figura 1. Fonte: BOWERSOX, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. Figura 2: Logística integrada. INFORMAÇÃO! A logística integrada é o relacionamento entre fornecedor, suprimentos, produção, distribuição e cliente, havendo um fluxo de materiais e outro de informações. (GOMES e RIBEIRO, 2004). Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 13 UNIDADE 2UNIDADE 2 A Figura 1 representa a logística integrada. As informações recebidas dos clientes são transmitidas à empresa, por meio de atividades de vendas, previsões e pedidos. Essas novas informações são transmitidas à área de suprimentos via pedidos de compra e de produção (representadas pelas linhas pontilhadas pretas). A área de suprimentos dispara a reposição de produtos e materiais e se inicia um fluxo de bens de valor agregado que resulta na produção de produtos acabados que serão entregues aos clientes (representadas pelas linhas pontilhadas vermelhas). Durante todas essas etapas, tem-se o fluxo de materiais e fluxo de informações. O gerenciamento do processo logístico envolve a movimentação e a armazenagem de materiais e produtos acabados. As operações logísticas são iniciadas quando há uma solicitação de compra de materiais ou componentes para um fornecedor, e se encerram quando um produto fabricado ou processado é entregue a um cliente. Essa movimentação, desde o disparo do suprimento até a entrega do produto ao cliente, envolve o fluxo de materiais. A distribuição física é responsável pela movimentação de produtos acabados que serão entregues aos clientes, visando sua integridade física, a conservação da qualidade etc. O papel da logística nas atividades de manufatura é participar da programação- mestre de produção e providenciar a disponibilidade em tempo hábil de materiais, componentes e estoques em processo, ou seja, a logística preocupa-se com o que é fabricado e quando e onde os produtos são fabricados. O suprimento é responsável pela aquisição e organização da movimentação de entrada de materiais, peças e produtos acabados dos fornecedores para as fábricas, depósitos ou lojas de varejo. O processo de suprimento engloba a disponibilidade do sortimento desejado de materiais onde e quando necessários. O fluxo de informações envolve as três áreas operacionais do processo logístico (distribuição, manufatura e suprimento), com o intuito de atender às necessidades dos clientes. O principal objetivo para atender às especificações dos clientes é planejar e executar operações logísticas integradas. Em cada etapa do processo logístico existem necessidades diferentes de movimentação, segundo o porte dos pedidos, a disponibilidade de estoque e a urgência de atendimento. O fluxo de informações existe para compartilhar esses dados e facilitar a coordenação do planejamento e o controle das operações rotineiras. A logística, por tratar da otimização dos fluxos de operações dos sistemas produtivos, integra, também, outros setores da organização, trocando informações entre eles. A logística interage com as áreas de marketing (estabelecimento de produtos ofertados, formação de preços, modos de distribuição, prazos de entrega etc.), finanças (identificação de necessidades de giro de estoque, estabelecimentode políticas de investimento etc.), controle da produção (orçamentos, planejamento dos custos de revenda, quadros demonstrativos em todos os níveis etc.), e gestão de recursos humanos (envolvimento nas políticas de recrutamento e formação de pessoal). CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais14 Cursos de Graduação UNIDADE 2UNIDADE 2 3 Supply Chain (Cadeia de Suprimento) Segundo Pires apud Monteiro (2006), uma cadeia de suprimentos pode ser definida como a integração dos processos de negócio desde a aquisição de matéria- prima até o consumo do produto final, envolvendo fornecedores e clientes. A cadeia de suprimentos não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também distribuidores, varejistas e os próprios clientes. Chopra (2003) considera que uma cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento de um pedido de um cliente. Por exemplo, dentro de uma empresa, a cadeia de suprimento inclui todas as funções envolvidas no pedido do cliente: desenvolvimento de novos produtos, operações de marketing, produção, distribuição, finanças, serviço de atendimento ao cliente etc. A cadeia de suprimentos envolve todas as atividades relacionadas à produção e expedição de um produto final, desde o fornecedor do fornecedor até o cliente do cliente (PIRES, 2004). Veja a figura 2. Fonte: MONTEIRO, S.B.S Coordenação da qualidade em cadeias de produção de alimentos: estudo de casos sobre as práticas adotadas por grandes empresas. 2006. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Figura 2: Representação da cadeia de suprimentos. A figura 2 representa uma empresa processadora que possui um conjunto de fornecedores que atua diretamente com ela, denominados fornecedores de primeira camada, e um conjunto de fornecedores desses fornecedores, denominados fornecedores de segunda camada, e assim por diante. Já com relação ao consumidor final, a empresa possui um conjunto de clientes com o qual se relaciona diretamente (distribuidor) e outro com o qual se relaciona de forma indireta (varejista e consumidor final). Neto e Junior (2002) colocam que o Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos) consiste no estabelecimento de relações de parcerias, de longo prazo, entre os agentes de uma cadeia produtiva, que planejam estrategicamente suas atividades e partilham informações a fim de desenvolverem suas atividades logísticas de forma integrada, dentro e entre suas organizações. Tentam melhorar o desempenho conjunto através da busca de oportunidades implementadas em toda a cadeia e, também, pela redução de custos, com o intuito de agregar mais valor ao cliente final. Para que as empresas obtenham resultados expressivos, deve-se deixar de lado a departamentalização, ou seja, substituir as estruturas funcionais pelas estruturas por processos, trabalhando de forma sistêmica dentro das organizações. Na abordagem sistêmica, tem-se a troca de informações entre todos os elementos da cadeia, e um INFORMAÇÃO Segundo a Wikipédia há várias expressões para o termo “cadeia de suprimento”. Veja alguns exemplos: no Brasil, gerenciamento da cadeia de suprimentos; em Portugal, gestão da cadeia de fornecimento; a expressão inglesa também é muito utilizada no meio, Supply Chain Management, ou SCM. Trata-se de um sistema pelo qual organizações e empresas entregam seus produtos e serviços aos seus consumidores, numa rede de organizações interligadas ; lida com problemas de planejamento e execução envolvidos no gerenciamento de uma cadeia de suprimentos (Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ger%C3%AAncia_de_cadeia_ de_suprimentos>. Acesso em: 6 jan. 2007). Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 15 UNIDADE 2UNIDADE 2 relacionamento de parceria mútua entre os elementos. Passa-se a trabalhar com um horizonte de longo prazo, estabelecendo relações de confiança entre empresa e fornecedor, e o elo mais forte fica responsável por coordenar todo o sistema, por meio de informações. 4 Integração da Cadeia de Suprimento Segundo Gomes e Ribeiro (2004), o conceito de cadeia de suprimentos é uma extensão da logística. Enquanto a logística se preocupa com a otimização de fluxos dentro da organização, a Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) admite que a integração interna apenas não é suficiente, ou seja, a empresa deve estender seus conceitos logísticos para o mercado, distribuição e suprimento, a fim de satisfazer ainda mais os clientes e reduzir os custos. A GCS passou a ser considerada como uma nova visão expandida, atualizada, e, sobretudo, holística da administração tradicional de materiais, abrangendo a gestão de toda a cadeia produtiva, de uma forma estratégica e integrada. Ao adotar o conceito de GSC e internalizá-lo, a empresa passa a ter uma nova visão e se torna mais ágil e mais flexível perante seus concorrentes. Exemplo: quando o desenvolvimento de produtos passa a envolver o fornecedor, ou seja, passa a ser um desenvolvimento conjunto, a empresa garante que o lançamento do produto será mais rápido, dotado de melhor funcionalidade e com custos mais baixos. Trabalhando com o conceito de parceria, a empresa divide os riscos de perdas ou ganhos com o fornecedor. É assim que uma cadeia de suprimentos trabalha. Para vencer a competitividade, a concorrência deixa de ser de empresa para empresa e passa a ser de cadeia produtiva para cadeia produtiva. Uma empresa isolada não sobrevive mais no mercado, é necessário que ela esteja integrada com seus fornecedores e distribuidores para assegurar a qualidade do produto entregue ao consumidor final. Algumas vezes, pode ocorrer de a empresa adotar as melhores práticas e os fornecedores não, originando matérias-primas com alto custo ou qualidade inferior, ou, ainda, se os canais de distribuição forem ineficientes quanto à forma de manuseio, armazenamento, transporte ou exposição do produto final ao consumidor, a empresa não conseguirá atingir seu objetivo, que é satisfazer as expectativas dos consumidores, e conseqüentemente deixará de ser competitiva no mercado. Assim, destaca-se a importância de melhorar a eficiência operacional da cadeia, que pode ser obtida através de um bom gerenciamento da cadeia de suprimentos (DI SÉRIO & SAMPAIO apud MONTEIRO 2006). CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais16 Cursos de Graduação UNIDADE 2UNIDADE 2 FORNECEDOR 1 EMPRESA 1 DISTRIBUIDOR 1 VAREJISTA 1 FORNECEDOR 2 EMPRESA 2 DISTRIBUIDOR 2 VAREJISTA 2 FORNECEDOR 3 EMPRESA 3 DISTRIBUIDOR 3 VAREJISTA 3 CONSUMIDOR FINAL 2 CONSUMIDOR FINAL 3 CP 1 CP 2 CP 3 CONSUMIDOR FINAL 1 Fonte: MONTEIRO, S.B.S Coordenação da qualidade em cadeias de produção de alimentos: estudo de casos sobre as práticas adotadas por grandes empresas. 2006. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. Figura 3: Concorrência entre cadeias produtivas Você pode notar que a figura 3 demonstra a competitividade existente entre as cadeias produtivas. As empresas precisam ter um gerenciamento eficiente de suas cadeias para se tornarem competitivas diante do exigente mercado consumidor. Segundo Assumpção (2003), a GCS contempla a importância das relações estratégicas entre empresas de manufatura e seus fornecedores, promovendo relacionamentos de longo prazo que melhoram o desempenho tanto do fabricante quanto dos fornecedores. Fluxos da cadeia de suprimentos - um caso real Existe uma estreita ligação entre o projeto e o gerenciamento dos fluxos da cadeia de suprimento e o sucesso de uma cadeia de suprimento. Um bom exemplo é o da Dell Computer, empresa que utilizou com sucesso as boas práticas da cadeia de suprimento para apoiar sua estratégia competitiva. A Dell foi fundada em 1984. Em 1998, já havia se tornado uma empresa de US$12 bilhões. Desde 1993, vem registrando crescimento em seus lucros, e o preço de suas ações aumentou consideravelmentede lá para cá. Grande parte de seu sucesso é atribuído ao modo com que administra os fluxos, produtos e informações dentro da cadeia de suprimento. O modelo básico de cadeia de suprimento da Dell é a venda direta aos clientes. Como não há necessidade de distribuidores e varejistas, a cadeia de suprimento da Dell possui apenas três estágios (cliente, fabricante e fornecedores), como mostra a figura 4. Fornecedor Fornecedor Fornecedor Cliente Cliente Cliente Fabricante Fonte: CHOPRA, S. Gerenciamento da cadeia de suprimentos, estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Prentice Hall, 2003. Figura 4 : Estágios da cadeia de suprimentos da Dell. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 17 UNIDADE 2UNIDADE 2 Uma vez que a Dell estabelece um contato direto com seus clientes, é capaz de segmentá-los e ,analisar as necessidades e a lucratividade de cada segmento. A proximidade com seus clientes e o conhecimento de suas necessidades permite que a Dell desenvolva melhores previsões. Para otimizar e aprimorar a sincronia entre oferta e procura, a Dell faz um constante esforço para atender ao cliente em tempo real, seja pelo telefone, ou pela internet, por meio de configurações de PCs, que podem ser montadas com os componentes disponíveis. Com relação à gestão de estoque, cada chip de computador carrega um código de datas para indicar a idade da peça. A Dell mantém um estoque médio de dez dias. A concorrência, como realiza suas vendas pelo varejo, o mantém por cerca de 80 a 100 dias. Se a Intel lança um novo chip, o estoque reduzido da Dell permite que ela lance no mercado um PC equipado com esse chip mais rápido que as empresas concorrentes. Se os preços caem repentinamente, como aconteceu no início de 1998, a Dell tem menos estoque a ser valorizado que seus concorrentes. A Dell não mantém estoques de alguns produtos, como, por exemplo, monitores fabricados pela Sony. A empresa transportadora simplesmente retira o número encomendado de computadores na fábrica da Dell, em Austin, e os monitores na fábrica da Sony, no México, organiza tudo de acordo com os pedidos e os entrega aos clientes. Esse procedimento permite à Dell uma economia de tempo e dinheiro, além de uma solução para o transporte de monitores. O sucesso da cadeia de suprimentos da Dell é auxiliado por uma sofisticada troca de informações. A Dell fornece dados a seus fornecedores em tempo real sobre a situação atual da demanda. Os fornecedores conseguem acessar os níveis de estoques de componentes nas fábricas, e, ao mesmo tempo, atender às exigências de produção diária (CHOPRA ,2003). Essas são algumas estratégias utilizadas pela Dell para se sobressair perante seus concorrentes nesse mercado globalizado e altamente competitivo. Na terceira unidade serão apresentadas as estratégias e a formulação do planejamento logístico dentro das organizações. 5 Referências Bibliográficas ASSUMPÇÃO, M. R. P. Reflexão para gestão tecnológica em cadeias de suprimento. Revista Gestão & Produção, v.10, n.3, p.345-361, São Carlos, dez.2003. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BERTAGLIA, P.R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2006. BOWERSOX, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHOPRA, S. Gerenciamento da cadeia de suprimentos, estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Prentice Hall, 2003. GOMES, C.F.S.; RIBEIRO, P.C.C. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. MONTEIRO, S.B.S Coordenação da qualidade em cadeias de produção de alimentos: estudo de casos sobre as práticas adotadas por grandes empresas. 2006. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais18 Cursos de Graduação UNIDADE 2UNIDADE 2 NETO FRANCISCO, F.; JUNIOR MAURICIO, K. Economia empresarial. Fae Business School, Curitiba: Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, 2002. (Coleção Gestão Empresarial, capítulo 2). PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia de suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos – Supply Chain Management. São Paulo: Atlas, 2004. SLACK, N. et. al. Administração da produção.São Paulo: Atlas, 1996. U N ID A D E 3 U N ID A D E 3 ESTRATÉGIA, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO LOGÍSTICO Objetivos • Descrever as estratégias corporativas e estratégias logísticas. • Compreender como ocorre o desenvolvimento organizacional da logística. • Analisar os níveis de planejamento logístico. • Compreender os conceitos básicos de gestão de estoque. Conteúdos • Estratégia logística. • Planejamento logístico. • Desenvolvimento organizacional da logística: alianças, parcerias e terceirização. • Estoques reguladores (Gestão de estoque). CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais20 Cursos de Graduação UNIDADE 3UNIDADE 3 1 Introdução Na unidade anterior estudamos sobre o destaque da integração das operações logísticas, bem como a integração na cadeia de suprimentos. Nesta unidade, aprenderemos sobre estratégia logística, planejamento logístico, desenvolvimento organizacional da logística e estoques reguladores (Gestão de estoque). 2 Estratégia Logística Antes de planejar a estratégia logística, as empresas planejam a estratégia corporativa. O primeiro passo da estratégia corporativa é estabelecer os objetivos da empresa, tais como: aumento de lucratividade, retorno sobre investimento, aumento do market share4, redução de custos etc. Em seguida, é estabelecida a visão da empresa, que deve ser definida de acordo com seus princípios básicos: clientes, fornecedores, colaboradores, concorrentes etc. Alguns exemplos de visões de grandes empresas: A visão da General Eletric (GE) é ser a número um ou número dois em cada mercado que atende, do contrário, ficará fora deste mercado; A visão da Hewlett-Packard (HP) é atender a comunidade científica; A IBM está em constante remodelação para permanecer competitiva (BALLOU, 2001). As empresas precisam operacionalizar suas visões para que as mesmas possam ser colocadas em prática e sejam atendidas. Essas visões são colocadas em prática através do desdobramento das diretrizes, por meio de um planejamento, abrangendo várias áreas dentro da empresa, como a área de marketing, produção, qualidade, logística etc. Em relação à logística, o planejamento envolve localização de armazéns, estabelecimento de políticas de estoque, projeto do sistema de entrada de pedido e seleção dos modais de transportes, entre outros itens. A estratégia logística exige o mesmo procedimento para criação de uma estratégia corporativa. Algumas abordagens inovadoras oferecem vantagem competitiva para a estratégia logística. Segundo Ballou (2001), uma estratégia logística apresenta três objetivos: redução de custo, redução de capital e melhorias nos serviços. A redução de custo visa minimizar os custos variáveis relativos à movimentação e à estocagem. Estabelece-se a melhor estratégia quando se avalia a melhor alternativa, como a escolha entre as diferentes localizações de armazéns ou a seleção entre modais alternativos de transportes. A empresa deve estabelecer alternativas de custo mínimo e, ao mesmo tempo, manter o nível de serviço constante ao cliente. A primeira meta para esse objetivo é a maximização do lucro. (4) market share significa participação de mercado. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 21 UNIDADE 3UNIDADE 3 A redução de capital é uma estratégia que possui o objetivo de minimizar o nível de investimento no sistema logístico. Uma motivação para essa estratégia é maximizar o retorno sobre o investimento. Algumas formas de minimizar o investimento seriam embarcar o produto diretamentepara o cliente, evitando despesas de armazenagem (caso da Dell, citado anteriormente), escolher armazéns públicos em vez de privados, enfocar abordagem de suprimentos just-in-time, em vez de manutenção de estoque, ou terceirizar serviços logísticos. As melhorias nos serviços devem ocorrer, pois as receitas dependem do nível de serviço logístico oferecido aos clientes. Embora os custos sejam elevados, quanto maiores forem os níveis de serviços logísticos oferecidos aos clientes, maior será o aumento nas receitas, e esse aumento passa a compensar custos mais altos. Para que os clientes percebam a excelência nos serviços prestados, a empresa deve se diferenciar dos concorrentes. Para se realizar uma boa estratégia logística, deve-se, primeiro, definir os objetivos da empresa, estabelecer uma “visão” de acordo com esses objetivos, e, posteriormente, definir os objetivos logísticos (redução de custo, redução de capital e melhoria nos serviços). Exemplo de decisões estratégicas em logística Uma empresa que fabricava máquinas para escritório deu um passo arrojado para economizar tempo na manutenção de suas máquinas. Tradicionalmente, os técnicos saíam do centro de assistência técnica e se dirigiam até o cliente que havia solicitado o conserto. Altamente treinados e muito bem pagos, os técnicos gastavam uma grande quantidade de tempo viajando. A empresa redesenhou seu sistema logístico, de forma que estoques em consignação e máquinas de reposição foram colocados por todo o país. Agora, quando uma máquina quebra, outra é enviada ao cliente, e a danificada, enviada para reparo no centro de serviço. O novo sistema não economizou apenas custos de reparação, mas melhorou a qualidade dos serviços prestados ao cliente também (BALLOU, 2001, p.40). 3 Planejamento Logístico O planejamento logístico envolve quatro áreas: níveis de serviços ao cliente, localização das instalações, decisões de estoque e decisões de transportes. Um dos primeiros passos do planejamento logístico é definir o nível de serviço que será oferecido ao cliente e, então, formular estratégias para as outras áreas a fim de alcançar o objetivo proposto. Essas áreas estão inter-relacionadas e devem ser planejadas conjuntamente, pois apresentam um impacto importante no projeto do sistema logístico, gerando um aumento de lucratividade para a empresa. a) Serviços oferecidos aos clientes: se os níveis de serviços oferecidos aos clientes forem baixos, a empresa necessitará de poucos locais para estoque e de transportes menos dispendiosos. Quando, porém, os níveis de serviços oferecidos forem altos, os custos logísticos aumentarão. Portanto, para que o planejamento seja condizente com o objetivo almejadp, é importante que se defina, primeiramente, o nível de serviço que a empresa oferecerá ao cliente. PARA VOCÊ REFLETIR A Domino’s Pizza não era a número um no mercado de pizzas, que era atendido por concorrentes, como a Pizza Hut e muitos varejistas independentes em operação. Ela tornou-se a segunda maior cadeia de pizza, prometendo aos consumidores um desconto de US$3,00 sobre qualquer pizza, cuja entrega demorasse mais de 30 minutos (BALLOU, 2001, p.41). Na sua opinião a estratégia de logística adotada por esta empresa está correta? CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais22 Cursos de Graduação UNIDADE 3UNIDADE 3 b) Estratégia de localização: o planejamento logístico é realizado de acordo com as informações da localização geográfica dos pontos de estocagem e suas fontes de abastecimento. Deve-se estabelecer o número, os locais e o tamanho das instalações, de acordo com a demanda do mercado, e os meios pelos quais os produtos chegarão ao mercado. A localização das instalações inclui todos os movimentos de produtos e os custos associados a eles, desde a planta, passando por pontos de estocagem intermediários, até chegar no cliente. Se a empresa conseguir que os clientes sejam atendidos diretamente de plantas, fornecedores, portos ou pontos de estocagem selecionados, ela terá um impacto bem significativo na redução de custos com distribuição. Assim, o objetivo da estratégia de localização é encontrar a distribuição com mais baixo custo ou com máximo lucro para a empresa. c) Estratégia de estoque: ressalta-se a maneira pela qual os estoques são gerenciados. Existem duas estratégias: uma de alocar (empurrar) estoques para os pontos de estocagem, e outra de puxá-los para o ponto de estocagem por meio de regras de reabastecimento. Outras estratégias são: localizar seletivamente vários itens na linha de produção da planta, no armazém regional ou no campo, ou gerenciar níveis de estoque por vários métodos de revisão contínua de estoque. A estratégia de estoque afeta as decisões de localização. d) Estratégia de transporte: as decisões de transporte envolvem seleção de modal, tamanho de carregamento, roteirização e programação. As decisões relacionadas ao transporte são influenciadas pela distância do armazém até os clientes e as plantas, que influenciam, também, na localização do armazém. A estratégia de transporte afeta os níveis de estoque em função do tamanho (dimensionamento) da carga. Portanto, a estratégia de transporte afeta as decisões de localização e de estoque. Pode-se concluir que todas as estratégias estão inter-relacionadas e não devem ser planejadas sem se considerar o efeito das compensações (Trade-offs). Existem alguns itens que devem ser pensados ao se realizar um planejamento ou um replanejamento logístico. São eles: a) Demanda: nível de demanda e dispersão geográfica; b) Serviço ao cliente: disponibilidade de estoque, rapidez e acuracidade no preenchimento de pedidos e rapidez na entrega; c) Características do produto: peso, volume, valor e risco; d) Custos logísticos: determinam a importância do planejamento logístico; e) Política de precificação: mudanças na política de precificação para compra ou venda afeta a logística, uma vez que define responsabilidades (PESSOA, 2006). Formulação de estratégias: orientações gerais Algumas orientações gerais devem ser fornecidas ao se formular estratégias. Sempre que se criar um projeto para o sistema logístico, deve-se fazer a análise das compensações (trade-offs), envolvendo o conceito de custo total. A compensação de custos torna-se evidente por que os padrões de custo de várias atividades realizadas dentro da empresa apresentam características que as coloca em conflito entre si. Esse conflito deve ser gerenciado de tal forma a provocar o equilíbrio das atividades para que elas possam ser otimizadas. Para que você compreenda melhor, veja o exemplo da figura 1. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 23 UNIDADE 3UNIDADE 3 Custo Total Custo de serviço de transporte Rodoviário Serviço de transporte (velocidade e confiabilidade maiores) AéreoFerroviário Custo de estocagem (inclui trânsito) C u st o Fonte: BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. Figura 1: Compensação de custos (trade-offs) de transporte e estoques como uma função das características de serviços de transporte. A figura 1 mostra que quando se seleciona um serviço de transporte, o custo direto deste serviço e o efeito indireto do custo nos níveis de estoque no canal logístico, devido aos diferentes desempenhos de entrega de transportadores, entram em conflito entre si. A melhor escolha econômica é o ponto em que a soma de ambos os custos (custo total) é a mais baixa, conforme indicado pela linha pontilhada. Muitas vezes, escolher um serviço de transporte baseando-se nas menores taxas ou nos serviços mais rápidos pode não ser a escolha adequada. Portanto, o processo logístico deve gerenciar o conflito de custos, coordenando as atividades. Existem outrosproblemas adicionais, além da seleção de serviços de transportes, para os quais a compensação de custos é indicada, como o nível de serviço ao cliente. Veja a figura a seguir: CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais24 Cursos de Graduação UNIDADE 3UNIDADE 3 Custos Totais Custo de transportes, processamento e estocagem Custo de vendas perdidas Melhor serviço ao cliente C u st o 100%0 Fonte: BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. Figura III.2:Nível de serviço oferecido ao cliente A figura 2 ilustra que quando os clientes recebem um alto nível de serviço, há pouca perda de clientes decorrente da falta de estoque, entregas vagarosas, falta de confiabilidade, preenchimento de pedidos sem acurácia etc. Ou seja, o custo, devido à perda nas vendas, decresce à medida que o serviço é melhorado. A diminuição do custo de vendas perdidas compensa o nível de manutenção do nível de serviço. Para se obter um melhor serviço, terá que se investir em transportes e processamento de pedidos e estoques. O gráfico ilustra, ainda, que, nesse caso, a melhor compensação ocorre em um ponto abaixo do nível de 100% de serviço ao cliente (considerado o serviço perfeito). 4 Desenvolvimento Organizacional da Logística: Alizanças, Parcerias e Terceirização Toda empresa, por menor que seja, deve definir sua estrutura organizacional, que pode ser representada por um organograma de maneira formal, ou, muitas vezes, de maneira informal. Tradicionalmente, as empresas dividem sua estrutura em três funções básicas: finanças, operações e marketing, tornando a empresa departamentalizada. Como descrito anteriormente, as atividades realizadas dentro de um processo logístico são de responsabilidade de vários departamentos, por exemplo, o transporte pode ser considerado uma atividade pertencente ao departamento de operações, já o processamento de pedidos pode ficar a cargo do departamento de marketing, assim como o estoque é responsabilidade dos três departamentos, e assim por diante. As empresas, atualmente, têm trabalhado com o conceito de estrutura por processos, com o qual se passou a gerenciar os processos e não departamentos, pois se não houver uma integração entre esses departamentos, com troca de informações precisas, a empresa não consegue atingir seu objetivo que é atender ao cliente final. Se isso não ocorre, o departamento de marketing e vendas pode prometer algo para o cliente que a produção não conseguirá cumprir, prometer um prazo de entrega irreal, e o cliente ficará totalmente insatisfeito. As informações necessitam estar sincronizadas entre os ATENÇÃO! Compartilhe suas idéias com seus colegas de curso e aproveite para enriquecer seus conhecimentos com base em diferentes pontos de vista. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 25 UNIDADE 3UNIDADE 3 departamentos para que qualquer processo (logístico, de qualidade, de custeio etc.) seja gerenciado eficientemente. Exemplo de decisões estratégicas em logística Uma empresa que fabricava máquinas para escritório deu um passo arrojado para economizar tempo na manutenção de suas máquinas. Tradicionalmente, os técnicos saíam do centro de assistência técnica e se dirigiam até o cliente que havia solicitado o conserto. Altamente treinados e muito bem pagos, os técnicos gastavam uma grande quantidade de tempo viajando. A empresa redesenhou seu sistema logístico, de forma que estoques em consignação e máquinas de reposição foram colocados por todo o país. Agora, quando uma máquina quebra, outra é enviada ao cliente, e a danificada, enviada para reparo no centro de serviço. O novo sistema não economizou apenas custos de reparação, mas melhorou a qualidade dos serviços prestados ao cliente também (BALLOU, 2001, p.40). A falta de coordenação entre a demanda e o suprimento estava causando um aumento no número de reclamações de clientes e ameaças de procura por outras fontes de fornecimento (Ballou, 2001, p.475). Analisando o texto acima você perceberá que nem todas as organizações estabelecem o mesmo grau de prioridade para as operações logísticas. Dependerá da necessidade dos serviços logísticos que serão utilizados e dos custos logísticos incorridos para a organização. As empresas que apresentam uma estrutura organizacional formal e que trabalham com operações logísticas, normalmente apresentam um organograma como ilustra a figura 3. Previsão das vendas Serviços ao cliente Tráfego e armazenagem Marketing Processamento de informações Contabilidade Gerenciamento de estoques Finanças Compra e gerenciamento de materiais Garantia da qualidade Programação da produção Produção Presidente Logística Autoridade de Autorida de Fonte: BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. Figura 3: Organização logística matricial. Na explicação da Figura 3 há uma estrutura organizacional matricial. Nela aparece o cruzamento de dois tipos de departamentalização: funcional e por projeto. Apresenta as seguintes características: CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais26 Cursos de Graduação UNIDADE 3UNIDADE 3 a) possibilidade de maior aprimoramento técnico da equipe de trabalho; b) coordenação da equipe de forma mais adequada e coerente; c) maior desenvolvimento pessoal; d) maior especialização nas atividades desenvolvidas; e) maior cumprimento de prazos (OLIVEIRA, 2001). Departamentalização matricial Na departamentalização matricial, existe um nível de autoridade dual, ou seja, o colaborador desenvolve suas funções normais e rotineiras, seja ele pertencente ao departamento de marketing, finanças ou produção e, além disso, realiza as atividades que foram designadas a ele no projeto específico. Assim, o colaborador passa a responder para dois “chefes”, o seu gerente de departamento e o gerente de projetos, enquanto durar o projeto. No término do projeto, o colaborador volta a desenvolver suas funções rotineiras. Nesse tipo de departamentalização, existe um gerente que apresenta um nível de autoridade e responsabilidade para desenvolver as atividades logísticas, e seu grau de autoridade permite se relacionar e obter o compromisso de todas as áreas funcionais da empresa. Os gerentes precisam se comunicar, se integrar, desenvolver projetos que atendam às necessidades de todas as áreas funcionais e operacionalizar as atividades logísticas, com o intuito de minimizar os custos e maximizar os lucros da empresa. Existem outros tipos de organograma que podem ser compreendidos em grandes empresas e absorvem o profissional de logística. Em uma grande empresa, o gerente de logística pode estar no mesmo nível hierárquico que os outros gerentes funcionais. Verifique a ilustração da figura 4. Diretor Financeiro Diretor Marketing Diretor de Produção Gerente de estoque Gerente de compras Gerente de serviços ao cliente e processamento de pedidos Gerente de transporte e embalagem Gerente de armazenagem e manuseio de materiais Diretor de Logística Presidente Fonte: BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. Figura 4: Estrutura organizacional formal e centralizada para logística. Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 27 UNIDADE 3UNIDADE 3 Essa estrutura existe em algumas grandes empresas, mas a tendência é as organizações se tornarem mais “enxutas”, com menos níveis hierárquicos e com muitas pessoas responsáveis por várias atividades. Portanto, a estrutura matricial é mais utilizada. Existe uma outra opção para algumas empresas: em vez de apresentar uma estrutura organizacional logística, pode estabelecer alianças com outras empresas para compartilhar suas operações logísticas, ou contratarempresas “terceirizadas” especializadas para desempenhar as atividades logísticas e fornecer os serviços. Alguns benefícios do estabelecimento de alianças e terceirização, segundo Ballou (2001) podem ser destacados como: a) custos reduzidos e menor capital exigido; b) acesso à tecnologia e às habilidades gerenciais; c) melhor serviço ao cliente; d) vantagem competitiva, pelo aumento de market share; e) aumento do acesso às informações para planejamento; f) risco e incertezas reduzidos. A aliança logística surge no momento em que uma empresa faz um alto investimento em equipamentos de transporte, armazéns, estoques, sistemas de processamento de pedidos, ou seja, quando adquire a tecnologia logística e deseja compartilhar com outra empresa, a fim de reduzir seus custos de investimento, beneficiando as duas partes. Embora a aliança logística apresente vantagem, como aumento do desempenho logístico, algumas empresas optam por estabelecerem contratos logísticos, em vez de alianças. Os contratos logísticos são realizados por empresas denominadas operadores logísticos, que fornecem soluções de alto nível para resolver problemas logísticos. A terceirização muitas vezes é considerada como outsourcing. A diferença entre esses dois significados é que a terceirização significa apenas um negócio, uma decisão operacional mais restrita e relativamente de mais fácil reversão. O outsourcing significa, essencialmente, a opção por uma relação de parceria e cumplicidade com um ou mais fornecedores da cadeia produtiva, em uma decisão tipicamente estratégica, abrangente e de fácil reversão. Quando a empresa opta por terceirizar seus serviços logísticos, transfere suas atividades à uma empresa que as realiza de forma eficiente, concentrando-se apenas em sua competência essencial, que não é a logística. As empresas reconhecem que parcerias com fornecedores e/ou distribuidores proporcionam melhores resultados. Quando a matéria-prima é adquirida com base somente em negociações sobre preço, o fornecedor procura minimizar seus custos e oferecer somente a especificação básica. Nessa situação, a empresa incorre em custos adicionais de inspeção de recebimento e retrabalhos. Quando se trabalha com um relacionamento estreito entre empresa e fornecedor, existe uma grande chance da empresa adquirir um produto de qualidade, pagando por ele um preço “justo”, o que resulta em benefício mútuo. As empresas que trabalham em parceria com seus fornecedores, envolvendo-os, até mesmo, no desenvolvimento de novos produtos, conseguem atender mais rapidamente à demanda de mercado, com base nas exigências dos clientes. Os benefícios de um relacionamento de parceria, de acordo com Gomes e Ribeiro (2004) são: INFORMAÇÃO: Outsourcing é uma prática em que parte do conjunto de produtos e serviços utilizados por uma empresa é providenciada por uma empresa externa, em um relacionamento cooperativo e interdependente (GOMES e RIBEIRO, 2004). CRC • • • © Introdução à Logística Claretiano – Batatais28 Cursos de Graduação UNIDADE 3UNIDADE 3 a) prazos de entrega mais curtos; b) promessas de entregas confiáveis; c) menos quebras de programação; d) níveis de estoque mais baixos; e) implantação mais rápida das modificações de projeto; f) menos problemas de qualidade; g) preços competitivos estáveis; h) maior prioridade dada aos pedidos. O conceito de parceria considera o fornecedor como uma extensão da fábrica do cliente, dando ênfase a um fluxo contínuo. Se o fornecedor tiver um outro fornecedor, o conceito é estendido a ele. A parceria pode ser estendida para os dois lados da cadeia de suprimentos (tanto para o lado dos fornecedores quanto dos distribuidores). As empresas procuram uma garantia de que o fornecedor atenda consistentemente aos padrões de qualidade predeterminados por elas, incentivando o fornecedor a melhorar e aperfeiçoar seus produtos, adquirindo, por exemplo, certificações de qualidade, como a ISO 9000 (norma mundial de qualidade). Se o cliente puder confiar na qualidade da matéria-prima que está recebendo, evitando as inspeções no recebimento, terá benefícios, como menor custo de materiais. Além disso, outros benefícios são oriundos da relação de parceria que se firma entre fornecedor e cliente, que são: maior qualidade, menor prazo de fornecimento, estoques mais baixos etc. 5 Gestão de Estoques O estoque existe em função de uma inadequação entre suprimento e demanda. Mediante um processo de transformação, como pode ser notado na figura III.5, pode-se identificar os estoques em várias fases do processo. PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Input Output BENS E SERVIÇOS AMBIENTE AMBIENTE RECURSOS: MATERIAIS HUMANOS TECNOLÓGICOS INFORMAÇÃO Fonte: Grifo nosso Figura 5: Processo de transformação. Existem estoques dentro de uma empresa em várias fases do processo produtivo. São eles: Estoque de matéria-prima: estoque existente entre o fornecedor e o processo de transformação; Estoque de material semi-acabado: estoque existente entre a máquina 1 e a máquina 2 (dentro do processo de transformação); Estoque de produto acabado: estoque existente entre a taxa de produção e a demanda (mercado). Segundo Chopra (2003), o estoque é o principal fator gerador de custo em uma cadeia de suprimento. Em função disso, deve-se optar pela redução dos níveis de estoque, seja em qual fase for do processo produtivo. A diversidade de produtos, um maior número Cursos de Graduação © Introdução à Logística • • • CRC Batatais – Ceuclar 29 UNIDADE 3UNIDADE 3 de clientes a serem atendidos, o elevado custo de oportunidade de capital e o crescente foco gerencial no controle dos custos variáveis, são fatores que conduzem as empresas a reduzirem seus níveis de estoques. Existem algumas razões para as empresas manterem seus níveis de estoques. Dentre elas, pode-se citar: a) Falta de coordenação: devido às variações na demanda, as curvas de suprimento e consumo nunca serão iguais, necessitando, assim, de estoques para suprir o mercado consumidor. b) Produção de lotes maiores de alguns produtos: na fabricação de alguns produtos, pelo fato de se despender um alto tempo de setup, aproveita- se o custo de troca para produzir lotes maiores, gerando quantidades maiores de estoque. c) Aquisição de matéria-prima: a falta de informação entre a produção e o departamento de compras pode gerar uma aquisição maior do que a necessária para determinados materiais, o que pode ocorrer, até mesmo, por uma questão de oportunismo na negociação de preço. d) Incertezas: quanto ao fornecimento (abastecimento/suprimento), quanto ao seu próprio desempenho (qualidade de equipamento, falta de confiabilidade no processo) e quanto à demanda (comportamento do mercado). e) Especulação: às vezes as empresas conseguem antecipar a ocorrência de escassez e adiantam a compra ou produção de determinado produto, podendo, até mesmo, vender tal produto para obtenção de lucros. f) Disponibilidade na distribuição: estoques na distribuição para garantir que o cliente vai encontrar o produto no ponto de venda (PESSOA,2006). Bowersox (2001) classifica o estoque médio como a junção dos estoques de materiais, componentes, produtos semi-acabados (work in process) e produtos acabados. O estoque médio é formado por três tipos de estoques: Estoque básico: é a parte do estoque médio que se recompõe pelo processo de ressuprimento. No início das atividades de trabalho, o estoque básico está em seu nível máximo, e à medida que há um atendimento diário aos clientes, o estoque básico se reduz até chegar a zero. Antes que o estoque atinja o nível zero, deve-se emitir uma ordem de ressuprimento, de forma a permitir não zerar o estoque. Deve-se emitir o pedido de ressuprimento no momento em que o estoque disponível ainda está maior ou igual à demanda de clientes a atender. Estoque de segurança: o estoque de segurança é utilizado para absorver o impacto de incertezas, somente no fim dos ciclos
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