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Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m APRESENTAÇÃO Caro (a) Aluno(a), A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma preparação direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de cobrança no seu certame, pode representar a diferença entre aprovação e reprovação. Ciente disso, a Ad Verum Suporte Educacional, empresa do Grupo CERS ONLINE, concebeu o livro eletrônico iPDF – Promotor de Justiça, que tem por premissa fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada matéria, com vistas a antecipação dos temas com maiores chances de cobrança em sua prova. Hoje, contamos com um SETOR DE INTELIGÊNCIA, responsável por ampla coleta de dados e informações das mais diferentes fontes relacionadas ao universo de cada concurso e/ou exame profissional, de modo a, partir do processamento dos dados coletados, oferecer aos seus alunos uma experiência diferenciada quando comparada a tudo que ele conhece em matéria de preparação para carreiras públicas. Racionalizar o estudo do aluno é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se de uma obsessão. Estude inteligente, estude Ad Verum! Francisco Penante CEO Ad Verum Suporte Educacional SUMÁRIO CRIMINOLOGIA .......................................................................................................................01 DIREITO ADMINISTRATIVO .....................................................................................................02 DIREITO AMBIENTAL...............................................................................................................03 DIREITO CIVIL..........................................................................................................................04 DIREITO CONSTITUCIONAL.....................................................................................................05 DIREITO ELEITORAL.................................................................................................................06 DIREITO EMPRESARIAL...........................................................................................................07 DIREITO PENAL.......................................................................................................................08 DIREITO PROCESSUAL CIVIL....................................................................................................09 LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE.....................................................................................10 MEDICINA LEGAL....................................................................................................................11 Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m www.adverum.com.br 1 Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m SUMÁRIO 1. CONCEITO – OBJETO – MÉTODO ........................................................................... 3 1.1 CONCEITO .................................................................................................................. 3 1.2 OBJETO ...................................................................................................................... 4 1.3 MÉTODO .................................................................................................................... 6 2. CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA ....................................................................... 9 3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA .......................................................................................... 9 3.1 ESCOLA CLÁSSICA ..................................................................................................... 10 3.2 ESCOLA POSITIVA ..................................................................................................... 11 3.3 TERCEIRA ESCOLA ITALIANA – TERZA SCUOLA ........................................................... 14 3.4 ESCOLA MODERNA ALEMÃ ....................................................................................... 15 3.5 ESCOLA CORRECIONALISTA ....................................................................................... 16 3.6 ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA ....................................................................................... 17 4. VITIMOLOGIA ..................................................................................................... 21 5. PREVENÇÃO DO DELITO ...................................................................................... 22 5.1 PREVENÇÃO PRIMÁRIA ............................................................................................. 23 5.2 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA ........................................................................................ 23 5.3 PREVENÇÃO TERCIÁRIA ............................................................................................ 24 6. CIFRAS CRIMINOLÓGICAS ................................................................................... 27 7. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME .................................................................... 28 7.1 CRIMINOLOGIA DO CONSENSO ................................................................................. 28 7.2 ESCOLA DE CHICAGO ................................................................................................ 29 7.3 TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL ...................................................................... 31 7.4 TEORIA DA ANOMIA ................................................................................................. 32 7.5 TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE ................................................................... 33 8 CRIMINOLOGIA DO CONFLITO .............................................................................. 35 8.1 LABELLING APPROACH.............................................................................................. 36 8.2 TEORIA CRÍTICA ........................................................................................................ 37 9. TEMAS ATUAIS DA CRIMINOLOGIA ..................................................................... 40 9.1 BULLYING ................................................................................................................. 41 9.2 STALKING ................................................................................................................. 41 9.3 JUSTIÇA RESTAURATIVA ........................................................................................... 42 Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m 1. CONCEITO – OBJETO – MÉTODO 1.1 CONCEITO A palavra Criminologia tem sua etimologia do latim crimino, que significa crime, e do grego logos, que consiste em estudo, significando, portanto, o estudo do crime. O termo Criminologia foi utilizado pela primeira vez em 1883 por Paul Topinard, sendo que foi Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, lançado em 1885 que deu notoriedade ao termo. A Criminologia é uma ciência do ser, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o Direito, que é uma ciência do dever- ser, portanto, normativa e valorativa. A interdisciplinaridade da Criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciência dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a psicologia, o direito, a medicina legal etc. Direito Penal Criminologia Política Criminal Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravenção, anunciando as penas. Ciência empírica que estuda o crime, a vítima e o comportamento da sociedade. Trabalha estratégias e meios de controle social da criminalidade. Ocupa-se do crime enquanto norma. Ocupa-se do crime enquanto fato. Ocupa-se do crime enquanto valor. Para Antonio García-Pablos de Molina, a Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o crime, o delinquente, a vítima e o controle social do comportamento delitivo; e que aporta uma informação válida, contrastada e confiável, sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime – contemplando este como fenômeno individual e como problema social, comunitário - assim como sua prevenção eficaz, as formas de estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva no infrator (MOLINA, Antonio García-Pablos de. Tratado de Criminologia. 2 ed. P. 43). A função da Criminologia, como ciência interdisciplinar e empírica, é submeter o crime a uma análise rígida, eliminando contradições e complementando lacunas. Assim, suas principais funções são: explicar e prevenir o crime, intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m 1.2 OBJETO Durante sua evolução histórica, a Criminologia passou por importantes mudanças em seu objeto de estudo. A escola Clássica, através dos pensamentos de Beccaria, se preocupava apenas com o estudo crime, enquanto a Escola Positiva se valia do estudo do delinquente. Em meados do século XX a vítima passou a ter maior destaque, assim como os mecanismos de controle social, assumindo um caráter interacionista e pluridimensional. Hodiernamente, o objeto da Criminologia se divide no estudo do delito, do delinquente, da vítima e do controle social. Delito: Em relação ao delito, a Criminologia tem toda uma atividade de análise, que verifica a conduta antissocial, as suas causas e o tratamento dado ao delinquente, visando sua reinserção na sociedade e coibindo sua reincidência, bem como as falhas dos processos preventivos. A Criminologia moderna deixou de aceitar o dogma de que nossa sociedade é consensual, afirmando ser uma sociedade conflitiva. Não se limita ao conceito jurídico-penal de delito, sob pena de perder sua autonomia e funcionar como instrumento de auxílio do direito penal. Da mesma forma, rompe com o conceito sociológico de que o crime seria uma mera conduta desviada que foge aos padrões. Portanto, o delito é um fenômeno social e comunitário, que exige o estudo de suas múltiplas formas e enfoques para a análise do fenômeno criminal. Delinquente: Passou a ter destaque com o surgimento da Escola Positiva e o desenvolvimento das ciências sociais, como a Antropologia e a Sociologia, que entendiam que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica. Segundo os correcionalistas, o criminoso era um ser inferior e incapaz de governar a si próprio, merecendo atitude pedagógica e de piedade por parte do Estado. De acordo com os marxistas, o criminoso é uma vítima inocente das estruturas econômicas impostas pelo capitalismo. A Criminologia moderna trata o delinquente como um ser histórico, real, complexo e enigmático, um ser normal que pode estar sujeito às influências do meio e não aos determinismos. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Vítima: Inicialmente deixada de lado no estuda da Criminologia, que a considerava como algo insignificante na existência do delito, passou por 03 (três) grandes momentos nos estudos penais. A idade de ouro, que compreende os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média, onde a vítima possuía papel de destaque, traduzido pela Lei de Talião. O período de neutralização, que surgiu com a Santa Inquisição, passando a vítima a perder importância frente ao Poder Público e ao monopólio da jurisdição. Por fim, a revalorização da vítima, que ganhou destaque no Processo Penal com os pensamentos da Escola Clássica, sendo objeto de leis como no caso dos Juizados Especiais Criminais, que conferiu grande destaque processual à vítima. Controle Social: Formado por um conjunto de mecanismos e sanções sociais que submetem os indivíduos às normas de convivência social. Há dois sistemas de controles que coexistem, o primeiro deles, dito informal, está relacionado com a família, religião, escola, profissão, clubes e outros, enquanto o segundo, chamado de formal, é representado pela polícia, ministério público, forças armadas e demais órgãos públicos, com caráter nitidamente mais rigoroso e com conotação político-criminal. V DELEGADO–PE/2016: A Criminologia moderna ocupa-se, como ciência causal-explicativa, em estudar o homem delinquente em seu aspecto antropológico, estabelecendo comandos legais de repressão à criminalidade e não despreza, na análise empírica, o meio social como fatores criminógenos. Comentário: A Criminologia moderna defende a ideia de que o delito assume papel de acordo com a dinâmica de seus objetos e sua interatividade com o meio social. Ela comporta uma análise, por sua vez, feita de maneira empírica, ou seja, experimental, para a compreensão deste fenômeno. Dentro do Controle Social, merece destaque o Policiamento Comunitário, que consiste na associação da prevenção criminal e repressão com a necessária reaproximação do policial com a comunidade, passando o policial a integrar a esta última, fazendo parte efetiva do grupo social. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m 1.3 MÉTODO A Criminologia se utiliza do método empírico. Busca analisar e conhecer o processo através da observação, utilizando-se da indução para estabelecer suas regras, ao contrário do Direito Penal que se utiliza da dedução. Como será visto à diante, a Escola Positiva, que deu origem a fase científica da Criminologia, deu início ao uso do método empírico na análise do fenômeno criminal. Cumpre ressaltar que empirismo não é achismo, é um método árduo de análise, observação e indução. A Criminologia parte da observação da realidade para, após análises, retirar dessas experiências as suas consequências. Já o Direito Penal vale-se de uma regra geral, dela partindo para o caso concreto. Antonio García-Pablos Molina e Luiz Flávio Gomes elencam que as principais técnicas empíricas de investigação criminológica são: reconhecimentos médicos, exploração, entrevista, questionário, observação, discussão em grupo, experimento, testes psicológicos, métodos de medição, métodos sociométricos, métodos longitudinais, estudos de seguimento, estudos paralelos e investigação com grupo de controle. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Conceito A Criminologia é uma ciência empírica, com relevante traço de interdisciplinaridade, que estuda o crime, o criminoso, a vítima e, principalmente, o controle social, possuindo a latente finalidade de extrair, através da experiência, os fatores criminógenos que estimulam a delinquência, traçando metas para o combate à criminalidade. Métodos Empírico: Os dados são obtidos por meio da experiência. Interdisciplinar: Utiliza-se dos métodos próprios de outras ciências para o tratamento dos objetos da moderna Criminologia. Objetos 1) Delinquente 2) Delito Escolas: a) Clássica. b) Positiva; c) Correcionalista; e d) Marxista. 3) Vitima Fases da vítima: a) Protagonismo; b) Neutralização; e c) Revalorização. Vitimologia: a) Vitimização primária; b) Vitimização secundária; e c) Vitimização terciária. 4) Controle Social a) Formal; b) Informal. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m QUESTÃO 01 O objeto de estudo da criminologia pode ser conceituado como sendo: (A) Apenas o Delito e a Vítima. (B) Delito, Delinquente, Meio Social. (C) Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social. (D) Delito, Delinquente, Política Criminal e Controle Social. (E) Apenas o Delinquente. GABARITO COMENTADO: (A) INCORRETA: Não traz o delinquente e o controle social. (B) INCORRETA: Meio Social não é objeto de estudo da criminologia. (C) CORRETA: Traduz os objetos atuais de estudo da criminologia. (D) INCORRETA: Política Criminal não é objeto de estudo da criminologia. (E) INCORRETA: Não é o único objeto de estudo. QUESTÃO 02 (Policia Civil VUNESP/2013 – SP - Adaptada) A Criminologia dos dias atuais: a) é uma ciência empírica, interdisciplinar, multidisciplinar e integrada. b) é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sistematizada. c) não é considerada uma ciência, mas parte do Direito Penal. d) Não é considerada uma ciência, mas parte da Sociologia. e) Não é considerada uma ciência do ser, mas do dever-ser. GABARITO COMENTADO: Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m (A) CORRETA: A criminologia é empírica pois o conhecimento se dá através da experiência, interdisciplinar pois é a soma de várias ciências, multidisciplinar pois abrange institutos de outras ciências e integrada em razão do intercâmbio mútuo e recíproco com as demais ciências. (B) INCORRETA: Não é ciência jurídica. (C) INCORRETA: É considerada ciência. (D) INCORRETA: É considerada ciência. (E)INCORRETA: É a ciência do ser. 2. CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA A doutrina sedimenta a classificação da Criminologia sob 02 (dois) enfoques, o geral e o clínico. Criminologia Geral: Consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais sobre o crime, o criminoso, a vítima, o controle social e a criminalidade. Criminologia Clínica: Consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos para o tratamento dos criminosos. Corrente minoritária da doutrina ainda classifica a Criminologia em científica, aplicada, acadêmica, analítica, crítica ou radical, e, por fim, cultural. 3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA A doutrina não é uniforme quanto ao surgimento da criminologia científica, porque há diversos critérios e informes diferentes que procuram situá- la no tempo e no espaço. A evolução dos estudos gerou diversos atritos teóricos, que ficaram conhecidos como disputas de escolas. Cesare Lombroso, um dos grandes nomes da Criminologia, não se dizia criminólogo, mas afirmava ser adepto da escola antropológica italiana. É bem verdade que a Criminologia como ciência autônoma existe há pouco tempo, no entanto, possui uma fase pré-científica de grande importância. Diversos doutrinadores e estudiosos da matéria afirmam que a Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Criminologia moderna teve início com Cesare Lombroso e a publicação, em 1876, de seu livro O homem delinquente. Para outros, foi o antropólogo francês Paul Topinard quem, em 1879, teria empregado pela primeira vez a palavra Criminologia, e há quem defenda que foi Rafael Garófalo quem, em 1885, usou o termo como nome de um livro científico. Ainda existem importantes opiniões segundo as quais a Escola Clássica, com Francesco Carrara (Programa de direito criminal, 1859), traçou os primeiros aspectos do pensamento criminológico. O pensamento da Escola Clássica despontou na segunda metade do século XIX e sofreu uma forte influência das ideias liberais e humanistas de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, com a edição de sua obra intitulada Dos delitos e das penas, em 1764. Por fim, em uma perspectiva não biológica, o belga Adolphe Quetelet, integrante da Escola Cartográfica, ao publicar, em 1835, seu Ensaio de física social, seria um expoente da criminologia inicial, projetando análises estatísticas relevantes sobre a criminalidade, incluindo os primeiros estudos sobre a Cifras Negra. Cabe ainda ressaltar os ensinamentos de Cezar Roberto Bitencourt (2008, p. 49), segundo o qual, no século XIX surgiram inúmeras correntes de pensamento estruturadas de forma sistemática, segundo determinados princípios fundamentais. Essas correntes, que se convencionou chamar de Escolas Penais, foram definidas como ‘o corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade do direito de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim das sanções’. Desta forma, buscando esgotar os pontos principais do tema, faremos uma análise das principais Escolas Criminológicas. 3.1 ESCOLA CLÁSSICA As ideias iluministas influenciaram e deram origem ao livro de Cesare Beccaria, intitulado Dos Delitos e das Penas (1764), com a proposta de humanização das ciências penais. Além de Beccaria, despontam como grandes nomes desta corrente Francesco Carrara (dogmática penal) e Giovanni Carmignani. A escola fundamentou seu pensamento a partir de duas teorias distintas: o jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria da natureza eterna e imutável do ser humano, e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau), em que o Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m A burguesia em ascensão procurava afastar o arbítrio e a opressão do poder soberano com a manifestação desses seus representantes através da junção das duas teorias, que, embora distintas, dividiam a existência de um sistema de normas anterior e superior ao Estado, em oposição à tirania e violência reinantes. A escola clássica utiliza como base a perspectiva racionalista do iluminismo. Todo homem é um ser racional, inclusive o criminoso. Não se afasta a racionalidade de quem cometeu um crime. Ao contrário, partir do pressuposto de que ele fez aquilo racionalmente é importante para reconhecer o delito por ele praticado e poder aplicar uma pena. Portanto, a responsabilidade criminal do delinquente leva em conta sua responsabilidade moral e se sustenta pelo livre-arbítrio, que quer dizer que se parte da premissa de que o homem é um ser livre e racional, capaz de pensar, tomar decisões e agir em consequência disso. Da Escola Clássica surgiram alguns dogmas modernos do Direito Penal que se consagram como princípios penais. Por exemplo: apenas por meio de lei é possível dizer que alguma coisa é crime – princípio da legalidade. Se o crime é um ato racional, apenas o infrator deve sofrer as consequências dele advindas – princípio da intranscendência da pena. Segundo pensamento dos clássicos, a pena é uma retribuição a um mal causado pelo indivíduo que comete um crime e viola um contrato social. No Direito Civil, se uma parte descumpre a cláusula contratual, deve ser obrigada a uma reparação, enquanto no contrato social, há obrigatoriedade de uma reparação por parte do criminoso. Por isso, as penas são certas e pré- determinadas, evitando juízos de exceção e penas cruéis e desproporcionais, que dominavam o mundo jurídico e o Direito Penal até o surgimento da Escola Clássica. 3.2 ESCOLA POSITIVA Com origem na Europa do início do século XIX, a Escola Positiva é influenciada pelos princípios desenvolvidos pelos fisiocratas e iluministas do século anterior. Pode-se afirmar que a Escola Positiva teve três fases: antropológica, cujo grande expoente foi Lombroso, sociológica, encabeçada por Ferri, e a fase jurídica, que teve Garófalo como principal nome. Antes da expoente italiana do positivismo, liderada pelos nomes acima, já tinha início o lado científico dos estudos criminológicos, com a publicação, em 1827, na França, dos primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade. As publicações destes dados estatísticos chamaram a atenção de importantes pesquisadores, merecendo destaque o belga Adolphe Quetelet, que Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m deu grande valor à sistematização de dados sobre delitos e delinquentes. Assim, em 1835, Quetelet publicou a obra Física Social, que desenvolveu três preceitos importantes: O crime é um fenômeno social; Os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão; Há várias condicionantes da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima etc. Quetelet ainda formulou a teoria das leis térmicas, que aduz que no inverno seriam praticados mais crimes contra o patrimônio, enquanto no verão seriam mais numerosos os crimes contra a pessoa e na primavera haveria maior quantidade de crimes sexuais. Desta forma, foi intitulado como defensor das estatísticas oficiais de medição de delitos, embora tenha percebido que uma razoável quantidade de crimes não era detectada ou comunicada aos órgãos estatais, as chamadas cifras negras, embora não haja qualquer vinculação de seus estudos com tal nomenclatura. Cesare Lombroso (1835-1909) publicou em 1876 o livro O Homem Delinquente, que deu início ao período científico dos estudos criminológicos. Historicamente, foi um momento em que a ciência deu um salto enorme, sobretudo em relação à metodologia e formas de estudar os fenômenos. Lombroso foi contemporâneo de Darwin, que a partir da observação e estudos científicos desconstruiu a ideia do criacionismo e apresentou a teoria da evolução. Lombroso não foi o criador de uma teoria moderna, mas sistematizou uma série de conhecimentos esparsos e os reuniu de forma articulada e inteligível. Considerado o pai da Antropologia Criminal, retirou algumas ideias dos fisionomistas para traçar um perfil dos criminosos, examinando com profundidade as características fisionômicas, fazendo a comparação entre estas e os dados estatísticos de criminalidade. Dados como estrutura torácica, estatura, peso, tipo de cabelo, comprimento de mãos e pernas foram analisados com detalhes. Lombroso também buscou informes em dezenas de parâmetros frenológicos, decorrentes de exames de crânios, traçando um viés científico para a teoria do criminoso nato. Os estudos científicos de Lombroso assumiram feição multidisciplinar, pois emprestaram informes da psiquiatria, com a análise da degeneração dos loucos morais, bem como lançaram mão de dados antropológicos para retirar o conceito de atavismo e de não evolução, desenvolvendo o conceito de criminoso nato. Para ele, não havia delito que não deitasse raiz em múltiplas causas, incluindo-se aí variáveis ambientais e sociais, por exemplo, o clima, o abuso de álcool, a educação, o trabalho etc. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Além do caráter multidisciplinar de seus estudos, que englobou conhecimentos da psiquiatria e de dados antropológicos, aliados às variáveis ambientais e sociais, Lombroso ainda propôs a utilização de método empírico- indutivo ou indutivo-experimental, que se ajustava ao causalismo explicativo defendido pelo positivismo. Efetuou ainda estudos intensos sobre as tatuagens, constatando uma tendência à tatuagem nos dementes, afirmando que o crime não é uma entidade jurídica, mas sim um fenômeno biológico, razão pela qual o método indutivo-experimental deveria ser o empregado. Lombroso: suas pesquisas foram realizadas em manicômios e prisões, concluindo que o criminoso é um ser atávico, um ser que regride ao primitivismo, um verdadeiro selvagem, que nasce criminoso, cuja degeneração é causada pela epilepsia, que ataca seus centros nervosos. As características do delinquente nato seriam: fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e chata, grandes maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo (na maioria dos casos), barba rala, olhar errante ou duro, dentre outras. Embora Lombroso não tenha afastado os fatores exógenos da gênese criminal, entendia que eram apenas aspectos motivadores dos fatores endógenos. Assim, fatores como clima, a vida social e familiar, educação e outros fatores, apenas desencadeariam a propulsão interna para o delito, pois o criminoso nasce criminoso, há o chamado determinismo biológico. A teoria de Lombroso sofreu inúmeras críticas pelo fato de que milhares de pessoas sofriam de epilepsia e jamais praticaram qualquer crime. Enrico Ferri (1856-1929), genro e discípulo de Lombroso, foi considerado o fundador da Sociologia Criminal. Para ele, a criminalidade tem origem em fenômenos antropológicos, físicos e culturais, desvinculada do livre- arbítrio como base da imputabilidade. Concluiu que a responsabilidade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social e que a razão de punir é a defesa social, pois a prevenção geral é mais eficaz que a repressão. Classificou os criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Rafael Garófalo (1851-1934), renomado jurista, afirmou que o crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste. Criou o conceito de periculosidade, também denominada como temibilidade, que consiste no propulsor do delinquente e a porção de maldade que deve se temer em face deste. Fixou ainda, a necessidade de conceber outra forma de intervenção penal – a medida de segurança. Através da violação dos sentimentos altruísticos de piedade e probidade, concebeu a noção de delito natural. Classificou os criminosos em natos ou instintivos, fortuitos ou de ocasião, e pelo defeito moral especial, em assassinos, violentos, ímprobos e cínicos, propugnando pela pena de morte aos primeiros. Os três representantes da Escola Positiva possuem raciocínio criminógeno semelhante, sendo que a principal característica comum aos três é a existência de um fator determinante subjetivo para o crime, um elemento que diz respeito ao sujeito e que provoca nele a pretensão de delinquir, que é distinto, em cada corrente, pelo elemento determinante, que pode ser biológico, social ou jurídico. 3.3 TERCEIRA ESCOLA ITALIANA – TERZA SCUOLA As Escolas Clássica e Positiva foram as únicas correntes do pensamento criminal que, em sua época, assumiram posições extremadas e divergentes filosoficamente. Depois delas apareceram outras correntes que procuraram conciliar seus ideais, sendo chamadas de ecléticas ou intermediárias, reunindo penalistas orientados por novas ideias, mas sem romper definitivamente com as orientações clássicas ou positivistas. A Terza Scuola italiana, também conhecida como Escola Crítica, teve início com a publicação do artigo Una Terza Scuola di Diritto Penale in Itália, por Manuel Carnevale. As características de maior relevância dessa escolada podem ser explicitadas nos pontos abaixo: Respeito à personalidade do Direito Penal, que não pode ser absorvido pela Sociologia Criminal. Inadmissibilidade do tipo criminal antropológico, fundando-se na causalidade e não na fatalidade do delito. Reforma social como imperativo do Estado na luta contra a criminalidade. A pena como caráter aflitivo e tem por fim a defesa social. Distinção entre imputáveis e inimputáveis. Diante da aplicabilidade da medida de segurança no lugar da pena, Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m conclui o professor Cesar Roberto Bitencourt (2003, p.58) que o crime, para esta escola, é concebido como um fenômeno social e individual, condicionado, porém, pelos fatores apontados por Ferri. O fim da pena é a defesa social, embora sem perder seu caráter aflitivo, e é de natureza absolutamente distinta da medida de segurança. Dessa forma, a Terza Scoula utiliza da criação da Escola Positiva no formato de sanção – medida de segurança – mas não compartilha de uma pretensão terapêutica de ressocialização do indivíduo. A pena tem função precípua o afastamento do criminoso do meio social. A pena retributiva dos clássicos dá lugar a uma pena com um fim prático: prevenção geral ou prevenção especial. 3.4 ESCOLA MODERNA ALEMÃ Também denominada Escola Sociológica Alemã, teve como principais expoentes Franz von Lizst, Adolphe Prins e Von Hammel, criadores da União Internacional de Direito Penal, em 1888 e existiu até a Primeira Guerra Mundial. Formando seu pensamento pela união de correntes ecléticas que buscavam conciliar princípios de vários movimentos como os da Escola Clássica, do Tecnicismo Jurídico e a Escola Positiva. Von Lizst inseriu na conceituação das ciências penais a criminologia, com a explicação das causas do delito, e a penologia, que consiste nas causas e efeitos da pena. O mesmo autor, também experimentou uma espécie de segunda versão do positivismo jurídico, dividindo a utilização de um método descritivo/classificatório que, em razão da pretensa cientificidade, excluía juízos de valor, no entanto, se diferenciou do positivismo por apresentar ligações à consideração da realidade empírica não jurídica, que consiste no esvaziamento do direito das questões reais, sendo, portanto, um positivismo jurídico com nuances naturalísticas. Inicialmente, Von Liszt apresentou em seu Programa de Marburgo – A ideia do fim no Direito Penal, a necessidade de uma modernização do direito penal positivo, elaborando seu raciocínio com base dogmática, sistematizou o Direito Penal com um formato complexo e uma estrutura completa, fazendo nascer a moderna teoria do delito. Beirando o utilitarismo, a escola alemã disse que o Direito Penal deve possuir um efeito útil que seja capaz de ser registrado e captado pela estatística criminal. A pena justa é a pena necessária, sendo este o conceito chave da escola alemã. O livre arbítrio e o determinismo não eram definitivos para a escola, sendo a pena proposta decorrente da necessidade de um caráter intimidativo para os delinquentes normais e a medida de segurança para os anormais, tendo Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m o fim único de justiça. Ganha espaço, assim, a prevenção especial. 3.5 ESCOLA CORRECIONALISTA Os principais expoentes da Escola Correcionalista são Karl Roder, Giner de los Ros, Alfredo Alderón, Pedro Dorado Montero. A essência dessa escola pode ser retirada da própria nomenclatura que lhe foi batizada, ou seja, ao ser correcionalista, a função única da pena é a correção do indivíduo. Segundo Cezar Roberto Bitencourt (BITENCOURT, Cezar Roberto. 2003): Para os correcionalistas, a pena não se dirige ao homem real, vivo e concreto, que se tornou responsável por um determinado crime, revelador de uma determinação defeituosa de vontade. Na verdade, a sua finalidade é trabalhar sobre a causa do delito, isto é, a vontade defeituosa, procurando convertê-la segundo os ditames do direito. O correcionalismo, de fundo ético-panteísta, apresentou-se como uma doutrina cristã, tendo em conta a moral e o Direito natural” (…) “Em outros termos, o delinquente, para os correcionalistas, é um ser anormal, incapaz de uma vida jurídica livre, constituindo-se, por isso, em um perigo para a convivência social, sendo indiferente a circunstância de tratar-se ou não de imputável. Como se constata, não dá nenhuma relevância ao livre-arbítrio. O criminoso é um ser limitado por uma anomalia de vontade, encontrando no delito o seu sintoma mais evidente, e, por isso, a sanção penal é vista como um bem. Dessa forma, o delinquente tem o direito de exigi sua execução e não o dever de cumpri-la. Ao estado cabe a função de assistência às pessoas necessitadas de auxilio (incapazes de autogoverno). Para tanto o órgão púbico deve atuar de dois modos: a) restringindo a liberdade individual (afastamento dos estímulos delitivos); e b) corrigindo a vontade defectível. O importante não é a punição do delito, mas sim a cura ou emenda do delinquente. A administração da Justiça deve visar o saneamento social (higiene e profilaxia social) e o juiz ser entendido como médico social. O conceito da ideia de ressocialização surge com a escola Correcionalista, com um aspecto mais próximo do terapêutico e de uma suposta cura do delinquente. A pena serve como meio de controle social, perdendo o caráter de mera retribuição ao crime praticado. A principal característica desta escola é a aplicação de penas indeterminadas, embora no discurso correcionalista isso não representasse, obrigatoriamente, uma pena infinita, sendo, na verdade, uma pena breve, que dependia da cura do indivíduo. A pena idônea, portanto, é a privação de liberdade, que deve ser indeterminada, já que a cura do infrator não é algo que possa ser previamente delimitado. A função do direito penal é preventiva e de controle social e a responsabilidade penal deve ser entendida como uma responsabilidade coletiva, Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m solidária e difusa. 3.6 ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA Como reação à Escola Positiva, que provocou diversas críticas por ter afastado o estudo do crime do âmbito jurídico, concentrando-se em aspectos antropológicos e sociológicos, surge a Escola Técnico-Jurídica, que se reaproximou do elemento jurídico ao apontar, através de sua metodologia, que o verdadeiro objeto do Direito Penal é o fenômeno do crime. As pesquisas causais-explicativas, típicas da criminologia etiológica, eram importantes. No entanto, para se reaproximar do direito, era necessário se afastar desse método e buscar a proximidade daquele típico das ciências normativas, qual seja, um estudo técnico-jurídico ou lógico-abstrato, tendo como principais características: O delito é pura relação jurídica, de conteúdo individual e social. A pena constitui uma reação e uma consequência do crime (tutela jurídica), com função preventiva geral e especial, aplicável aos imputáveis. A medida de segurança, de caráter preventivo, deve ser aplicada aos inimputáveis. Responsabilidade moral, consistente na vontade livre. Método técnico-jurídico. Recusa ao emprego da filosofia no campo penal. Portanto, para esta escola, o crime é uma relação de conteúdo individual e social, sendo um ente jurídico, tendo em vista que é o direito que valoriza determinados fatos e a lei os tipifica como crimes, formando o denominado elemento social, havendo influência de elementos naturais, fatores biológicos e sociais, que consistem no elemento individual. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Classificação da Criminologia Criminologia Geral Consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais sobre o crime, o criminoso, a vítima, o controle social e a criminalidade. Criminologia Clínica Consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos para o tratamento dos criminosos. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Evolução Histórica Escola Clássica A escola fundamentou seu pensamento a partir de duas teorias distintas: o jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria da natureza eterna e imutável do ser humano, e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau), em que o Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. Escola Positiva Pode-se afirmar que a Escola Positiva teve três fases: antropológica, cujo grande expoente foi Lombroso, sociológica, encabeçada por Ferri, e a fase jurídica, que teve Garófalo como principal nome. Princípios Fundamentais: O direito penal é obra humana; a responsabilidade social decorre do determinismo social; o delito é um fenômeno natural e social (fatores biológicos, físicos e sociais; a pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral). Terceira Escola Italiana A pena tem função precípua o afastamento do criminoso do meio social. A pena retributiva dos clássicos dá lugar a uma pena com um fim prático: prevenção geral ou prevenção especial. Escola Moderna Alemã Formando seu pensamento pela união de correntes ecléticas que buscavam conciliar princípios de vários movimentos como os da Escola Clássica, do Tecnicismo Jurídico e a Escola Positiva. Beirando o utilitarismo, a escola alemã disse que o Direito Penal deve possuir um efeito útil que seja capaz de ser registrado e captado pela estatística criminal. A pena justa é a pena necessária, sendo este o conceito chave da escola alemã. Escola Correcionalista Os principais expoentes da Escola Correcionalista são Karl Roder, Giner de los Ros, Alfredo Alderón, Pedro Dorado Montero. A essência dessa escola pode ser retirada da própria função única da pena é a correção do indivíduo. Escola Técnico-Jurídica Se reaproximou do elemento jurídico ao apontar, através de sua metodologia, que o verdadeiro objeto do Direito Penal é o fenômeno do crime. Utiliza-se de um estudo técnico-jurídico ou lógico- abstrato. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m QUESTÃO 01 A imagem do homem como ser racional, igual e livre e a concepção utilitária do castigo, não desprovida de apoio ético, constituem pensamento da Escola: (A) Moderna. (B) Clássica. (C) Positiva. (D) Terceira Escola Italiana. (E) Escola Moderna Alemã. GABARITO COMENTADO: (A) INCORRETA: Não constitui pensamento da Escola Moderna. (B) CORRETA: Pensamentos relacionados com a Escola Clássica. (C) INCORRETA: Os positivistas não entendem o home como um ser livre. (D) INCORRETA: A pena busca afastar o criminoso da sociedade. (E) INCORRETA: A pena justa é a pena necessária. QUESTÃO 02 Cesare Lombroso, um dos percursores da ciência da Criminologia, tem como sua principal obra o livro intitulado: (A) Dos delitos e das penas. (B) Criminologia. (C) Física Social. (D) O homem delinquente. (E) Sociologia Criminal. GABARITO COMENTADO: (A) INCORRETA: Livro do Marquês de Beccaria. (B) INCORRETA: Livro de Rafael Garófalo. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m (C) INCORRETA: Livro de Adolphe Quetelet. (D) CORRETA: Livro escrito por Lombroso que deu origem aos estudos da vertente da Antropologia Criminal. (E) INCORRETA: Livro de Enrico Ferri. 4. VITIMOLOGIA O estudo da vitimologia ganhou destaque após a 2ª Guerra Mundial, especialmente pelos sofrimentos infligidos aos judeus nos campos de concentração, tendo como fundador do movimento criminológico, o advogado israelita Benjamim Mendelsohn, que conceitua a vitimologia como “a ciência que se ocupa da vítima e da vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na sociedade, quando esta tiver real interesse nisso”. Diversas classificações surgiram para esclarecer os diversos ângulos sobre o tema, como a proposta por Mendelsohn que classifica as vítimas como ideal ou inocente, provocadora e agressora ou imaginária. No entanto, uma classificação desponta na doutrina, merecendo atenção em nosso estudo, diferenciando vitimização primária, secundária e terciária. Vitimização Primária: Provocada pelo cometimento do delito, pela conduta que viola os direitos da vítima, podendo causar danos de cunho material, físico ou psicológico, de acordo com a natureza da infração, a personalidade da vítima, sua relação com o agente violador, a extensão do dano, dentre outros fatores. Corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do crime. Vitimização Secundária: Também chamada de sobrevitimização, é causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do processo de registro e apuração do crime, com o sofrimento adicional causado pelo sistema criminal, que vai desde o atendimento nas delegacias de polícia, até o decorrer da ação penal. Vitimização Terciária Decorre da falta de amparo dos órgãos públicos e da ausência de receptividade social em relação à vítima. Isto é, a vitimização advinda dos familiares e do grupo social da vítima, os quais segregam, excluem e humilham em virtude do crime contra si praticado, hostilizando-a sem remorso. Tal atitude incentiva a vítima a não denunciar o delito, dando origem à Cifra Negra. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Há ainda a vitimização indireta, que consiste no sofrimento das pessoas intimamente ligadas à vítima de um crime. Aquela que, embora não tenha sido vitimizada diretamente pelo criminoso, acompanha o sofrimento do ente querido. V DELEGADO–CE/2015: Quando a vítima, em decorrência do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado, durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito de direitos, caracteriza vitimização secundária. Vitimologia Vitimização Primária Corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do crime. Vitimização Secundária Também chamada de sobrevitimização, é causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do processo de registro e apuração do crime, com o sofrimento adicional causado pelo sistema criminal, que vai desde o atendimento nas delegacias de polícia, até o decorrer da ação penal. Vitimização Terciária Decorre da falta de amparo dos órgãos públicos e da ausência de receptividade social em relação à vítima. 5. PREVENÇÃO DO DELITO Prevenção do delito é o conjunto de ações que visam coibir a ocorrência de delitos. São divididas em medidas diretas e indiretas. As medidas diretas estão relacionadas com o iter criminis, sendo implementadas através da repressão aos crimes mais graves, implementação de programas de tolerância zero, atuação da polícia ostensiva na comunidade, Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m que nos pequenos crimes, adotam medidas administrativas em substituição ao direito penal, aparelhamento e treinamento das polícias judiciárias, buscando a prevenção e a repressão de todos os seguimentos da criminalidade, além da elevação de valores morais, através do culto à família, religião e costumes. Já as medidas indiretas visam a causa dos delitos, sem atingi-los de imediato, focando dois caminhos, quais sejam: o indivíduo e o meio em que este está inserido. Quanto ao indivíduo, as ações devem considerar seu aspecto pessoal, levando em conta seu caráter e temperamento, moldando e motivando sua conduta. Por fim, em relação ao meio social, este deve ser analisado sob uma ampla perspectiva, visando a redução da criminalidade, conjugando ações sociais, políticas e econômicas, que trazem melhora na qualidade de vida da comunidade. 5.1 PREVENÇÃO PRIMÁRIA É dirigida a toda a população, é geral, de longo prazo, com altos custos, sendo sustentada ao longo dos anos e das diversas administrações públicas. Segundo Antonio García-Pablos de Molina, os programas de prevenção primária se orientam para as mesmas causas, para a origem do conflito criminal, neutralizando-o antes que se manifeste. Tratam de criar pressupostos necessários ou de resolver as situações criminógenas de maior carência, procurando uma socialização de acordo com os objetivos sociais. Nesse sentido, educação, trabalho, socialização, qualidade de vida, bem-estar social, são pilares para que os cidadãos possam melhorar seu comportamento, resolvendo conflitos sem o uso da violência. 5.2 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Atua nos locais onde os índices de criminalidade são mais avançados. É uma atuação mais concentrada e objetiva, com foco em áreas de maior violência, como comunidades carentes dominadas pelo tráfico. Outra vez adotamos os ensinamentos de Antonio García-Pablos de Molina, segundo quem os programas de prevenção secundária atuam mais tarde em termos etiológicos e não quando ou onde o conflito criminal se produz ou é gerado, mas quando e onde o mesmo se manifesta, quando e onde se exterioriza. Opera a curto e médio prazo, se orientando de forma seletiva a setores específicos da sociedade. A prevenção secundária se manifesta através da política legislativa penal e da ação policial, visando uma prevenção geral. Programas de prevenção policial, de controle dos meios arquitetônicos como instrumento de autoproteção, Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m desenvolvidos em bairros localizados em terrenos mais baixos, são exemplos dessa modalidade de prevenção. 5.3 PREVENÇÃO TERCIÁRIA A prevenção terciária tem um único destinatário: a população carcerária, buscando evitar a reincidência. É caracterizada por programas que atuam tardiamente no problema criminal, sendo na maioria das vezes ineficazes, pois enfrentam um conjunto de regras informais existentes dentro das penitenciárias, tanto por parte da população carcerária, quanto pela administração, que geram um estado permanente de angústia e sofrimento, que ataca e imputa sofrimento ao condenado. Através de punições formais e informais, ataques, violações morais e físicas, esse conjunto de regras busca despersonalizar o indivíduo no cárcere, transformando-o em um objeto. Essas regras comprovam que o sistema prisional é um mal necessário, porém, cruel. F DELEGADO - DPF/2013: Na terminologia criminológica, criminalização primária equivale à chamada prevenção primária. Comentário: A criminalização primária é aquela praticada pelo legislador no processo de criação das condutas típicas, enquanto a prevenção primária é um modelo de política social e cultural de combate aos fatores da criminalidade. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Prevenção do Delito Prevenção Primária É dirigida a toda a população, é geral, de longo prazo, com altos custos, sendo sustentada ao longo dos anos e das diversas administrações públicas. Prevenção Secundária Atua nos locais onde os índices de criminalidade são mais avançados. É uma atuação mais concentrada e objetiva, com foco em áreas de maior violência, como comunidades carentes dominadas pelo tráfico. Prevenção Terciária A prevenção terciária tem um único destinatário: a população carcerária, buscando evitar a reincidência. QUESTÃO 01 (Delegado de Polícia Vunesp/2012 – SP) A prevenção terciária da infração penal, no Estado Democrático de Direito, está relacionada a) ao controle dos meios de comunicação. b) aos programas policiais de prevenção. c) à ordenação urbana. d) à população carcerária. e) ao surgimento de conflito. GABARITO COMENTADO: (A) (INCORRETA): Voltada ao apenado e não ao controle dos meios de comunicação. (B) (INCORRETA) Voltada ao apenado e não aos programas policias de prevenção. (C) (INCORRETA): Voltada ao apenado e não à ordenação urbana. (D) (CORRETA): A prevenção terciária está voltada ao apenando, visando a ressocialização e evitar a reincidência. (E) (INCORRETA): Voltada ao apenado e não ao surgimento de conflito. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m QUESTÃO 2: (Delegado de Polícia CESPE/2017 - GO) Considerando que, para a criminologia, o delito é um grave problema social, que deve ser enfrentado por meio de medidas preventivas, assinale a opção correta acerca da prevenção do delito sob o aspecto criminológico. Parte superior do formulário a) A transferência da administração das escolas públicas para organizações sociais sem fins lucrativos, com a finalidade de melhorar o ensino público do Estado, é uma das formas de prevenção terciária do delito. b) O aumento do desemprego no Brasil incrementa o risco das atividades delitivas, uma vez que o trabalho, como prevenção secundária do crime, é um elemento dissuasório, que opera no processo motivacional do infrator. c) A prevenção primária do delito é a menos eficaz no combate à criminalidade, uma vez que opera, etiologicamente, sobre pessoas determinadas por meio de medidas dissuasórias e a curto prazo, dispensando prestações sociais. d) Em caso de a Força Nacional de Segurança Pública apoiar e supervisionar as atividades policiais de investigação de determinado estado, devido ao grande número de homicídios não solucionados na capital do referido estado, essa iniciativa consistirá diretamente na prevenção terciária do delito. e) A prevenção terciária do crime consiste no conjunto de ações reabilitadoras e dissuasórias atuantes sobre o apenado encarcerado, na tentativa de se evitar a reincidência. GABARITO COMENTADO: (A) (INCORRETA): A prevenção terciária está voltada ao apenando, visando a ressocialização e evitar a reincidência. (B) (INCORRETA): prevenção secundária é pontual e não geral. (C) (INCORRETA): A prevenção primária volta-se para uma atuação geral e não individualizada. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m (D) (INCORRETA): A prevenção terciária está voltada ao apenando, visando a ressocialização e evitar a reincidência. (E) (CORRETA): A prevenção terciária está voltada ao apenando, visando a ressocialização e evitar a reincidência. 6. CIFRAS CRIMINOLÓGICAS Os criminologistas acreditam que as estatísticas criminais podem identificar o nexo de causalidade entre os fatores da criminalidade e as infrações criminais. No entanto, por diversas razões, os dados oficiais apresentados por essas estatísticas não representam a realidade, dando origem às cifras da Criminologia. Cifra Negra: Também chamada como ciffre noir, dark number ou zona escura, representa a diferença entre a criminalidade real, que é o número efetivo de crimes praticados, e a criminalidade registrada pelos órgãos públicos, que por diversas razões não são levadas aos conhecimentos das autoridades competentes, gerando uma estatística distorcida. A Cifra Negra tem maior incidência nos delitos menos graves em comparação com os mais graves. A classe social do agente que comete a infração penal é fator que influi diretamente na possibilidade de enquadramento na Cifra Negra. Cifra Dourada: Considerada um subtipo da Cifra Negra, a Cifra Dourada está intimamente ligada às infrações penais praticadas pela elite, que por interesses obscuros não são reveladas ou apuradas pelos órgãos competentes. É o índice de criminalidade dos delinquentes da alta classe social, que se vale de seus conhecimentos técnicos, habilidade profissional e influência pessoal ou política para praticar crimes como sonegação fiscal, crimes ambientais e eleitorais, são os famosos crimes do colarinho branco. Cifra Cinza: Representada pelas ocorrências policiais registradas em órgãos públicos, que são solucionados na própria delegacia, sendo exemplo o não oferecimento de representação nos crimes que a exigem. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Cifra Amarela: Ocorrências praticadas com violência policial contra membro da sociedade, que por medo de represálias, deixa de fazer a comunicação do crime praticado pelos agressores às ouvidorias e corregedorias. 7. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME As teorias criminológicas são concebidas dentro de uma perspectiva macrocriminológica, ou seja, não examina a interação entre indivíduos e pequenos grupos, fazendo uma abordagem da sociedade como um todo, mediante o estudo do fenômeno delituoso, obtendo diferentes respostas explicativas da criminalidade. As duas principais divisões da macrossociologia que influenciam o pensamento criminológico são as teorias do consenso ou da integração, de caráter funcionalista – Escola de Chicago, a Teoria da Associação Diferencial, Teoria da Anomia e a Teoria da Subcultura Delinquente –, e as teorias do conflito, com caráter mais argumentativo – Teoria do Labelling Approach e Teoria Crítica – dividindo visões conflitivas da sociedade. Nos dizeres de Shecaira, qualquer que seja a visão adotada para a análise criminológica, a sociedade é como a cabeça de Janus, e suas duas faces são aspectos equivalentes da mesma realidade (SHECAIRA, Sérgio S. Criminologia. P. 131). 7.1 CRIMINOLOGIA DO CONSENSO Segundo a Criminologia do Consenso, a finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento das suas instituições de forma que os indivíduos compartilham os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando as regras vigentes e compartilhando regras sociais dominantes. A ordem é baseada em um consenso geral em torno de valores, derivando destes o estabelecimento da força. As teorias do consenso, segundo Dahrendorf, têm fundamentos nas premissas de que toda a sociedade é uma é uma estrutura de elementos relativamente persistente e estável; toda sociedade é uma estrutura de elementos bem integrada; todo elemento em uma sociedade tem uma função, isto é, contribui para sua manutenção como sistema; toda estrutura social em funcionamento é baseada em um consenso entre seus membros sobre valores. Sob várias formas, os mesmos elementos de estabilidade, integração, coordenação funcional e consenso reaparecem em todos enfoques funcionalistas-estruturalistas do estudo da estrutura social. Estes elementos são, naturalmente em geral, acompanhadas de afirmações no sentido de que a estabilidade, integração, coordenação funcional e consenso são apenas Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m ‘relativamente’ generalizados (DAHRENDORF, Ralf. As classes e seus conflitos na sociedade industrial, p. 148). Indiscutivelmente, as teorias do consenso quase sempre são associadas a um conservadorismo, considerando que as funções sociais são atividades das estruturas sociais dentro de um processo de manutenção do sistema, em que toda mudança social é uma falha no sistema, que não consegue integrar as pessoas em suas finalidades e valores. 7.2 ESCOLA DE CHICAGO A teoria originada e nominada como Escola de Chicago deriva da forte expansão industrial e crescimento econômico do mercado norte-americano. Portanto, o estudo guarda correlação com o crescimento desordenado da cidade de Chicago, que com certa dose de precariedade expandiu do centro para a periferia, acarretando em graves problemas sociais, econômicos e culturais, criando, portanto, um ambiente favorável ao aumento da criminalidade, visto que o crescimento setorial não foi acompanhado pelos institutos de controle social formais, ou seja, pela ausência de mecanismos de controle social. Observando fenômenos criminais, a Escola de Chicago passou a usar os inquéritos sociais ou social surveys na investigação daqueles. Referidas investigações sociais demandavam a realização de interrogatórios diretos, feitos por uma equipe especial por amostragem, bem como se utilizaram de análises biográficas de casos individuais, que permitiram a verificação de um perfil de carreira delitiva. Estabeleceu-se a metodologia de colocação dos resultados da criminalidade sobre o mapa da cidade, pois a cidade é o ponto de partida dos delitos, tendo origem a denominada estrutura ecológica. A escola aplicou uma metodologia urbana, misturando elementos de geografia e sociologia para observar o crime enquanto um fenômeno recorrente em um determinado recorte da sociedade, preconizando o conhecimento da realidade da cidade antes de estabelecer a política criminal adequada para a intervenção estatal. Uma das grandes contribuições da Escola de Chicago foi transferir o foco dos estudos de uma perspectiva punitiva e repressiva para uma perspectiva preventiva, buscando formas de prevenir o crime, e não somente de combatê-lo, dando início a planejamento e reforma de alguns espaços das cidades, construindo praças e espaços públicos, iluminando ruas, dentre outros. Também deu início à visão da criminalidade através da sociologia, deixando o caráter biopsicológico até então dominante, ou seja, a criminalidade deixou de ser vista apenas pelo prisma do indivíduo, a analisando dentro de uma perspectiva social. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Apesar de romper com a ideia de criminoso nato, não deixou de ser determinista, relacionando sempre pobreza e cidades degradadas com a criminalidade. Ademais, o conceito de desorganização social na Escola de Chicago é ao mesmo tempo descrição de uma condição e causa dessa mesma condição. Portanto, gerou a mudança de um determinismo biológico para um determinismo ecológico. No entanto, a Escola de Chicago deixou de considerar os diferentes tipos de delito que variam conforme as classes sociais e locais mais ou menos organizados. Alguns crimes são típicos de classes mais pobres, enquanto outros são típicos de áreas ricas, deixando de explicar os crimes cometidos fora das denominadas áreas delitivas. Para entender a ecologia criminal e seu efeito criminógeno, deve-se entender a ideia de desorganização social e a identificação de áreas de criminalidade. A desorganização social está ligada ao crescimento desordenado das cidades, que suprimiu o controle social informal. As pessoas passaram a perder sua identidade, tornando-se anônimas, de modo que a família, igreja, clubes recreativos e trabalho não dão mais conta de impedir os atos contrários à ordem social, aumentando a criminalidade nas grandes cidades. A ausência do Estado, caracterizada pela falta de delegacias, escolas, hospitais, creches, acaba por criar uma sensação de anomia e insegurança, potencializando o surgimento de bandos armados, milícias ou outros grupos paramilitares que se intitulam mantenedores da ordem. Em relação às áreas de criminalidade, conforme ensina Shecaira (2008, p. 167) uma cidade desenvolve-se, de acordo com a ideia central dos principais autores da teoria ecológica, segundo círculos concêntricos, por meio de um conjunto de zonas ou anéis a partir de uma área central. No mais central desses anéis estava o Loop, zona comercial com os seus grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração da cidade, fábricas, estações ferroviárias, etc. A segunda zona, chamada de zona de transição, situa-se exatamente entre zonas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que concentra o comércio e a indústria. Como zona intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona anterior e, por isso, é objeto de degradação constante. Portanto, a 2ª zona favorece a criação de guetos, a 3ª zona se mostra como lugar de moradia de trabalhadores pobres e imigrantes, enquanto a 4ª zona se destina aos conjuntos habitacionais da classe média, e, a 5ª zona, por fim, compõe-se da mais alta camada social. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m As principais propostas da ecologia criminal visando o combate à criminalidade são: A alteração efetiva da situação socioeconômica das crianças; Amplos programas comunitários para tratamento e prevenção; Planejamento estratégico por áreas definidas; Programas comunitários de recreação e lazer, como ruas de esportes, escotismo, artesanato, excursões, dentre outros; Reurbanização dos bairros pobres, com melhoria da estética e do padrão das casas. A principal contribuição da Escola de Chicago ocorreu em relação à metodologia empregada, através de estudos empíricos, e da política criminal, através da aplicação da prevenção, reduzindo a repressão das escolas anteriores. No entanto, não há prevenção ou repressão aptas a resolver a questão criminal sem que existam ações afirmativas que incluam o indivíduo na sociedade. 7.3 TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL A Associação Diferencial foi desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland (1883-1950), inspirada em Gabriel Tarde. Grande marco desta teoria, ocorrido no final dos anos 1930, foi a utilização da expressão white collar crimes para designar os autores de crimes específicos, que se diferenciavam dos criminosos comuns. Afirma que o comportamento do criminoso é aprendido, nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo sujeito ativo. Sutherland não propõe a associação entre criminosos e não criminosos, mas sim entre definições favoráveis ou desfavoráveis ao delito, afirmando que a associação diferencial é um processo de aprendizado de comportamentos desviantes, que requer conhecimento e habilidade para se locupletar das ações desviantes. A aprendizagem do comportamento delitivo se dá numa compreensão cênica, em decorrência de uma interação. Conforme o ensino de Álvaro Mayrink da Costa (Criminologia, Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976, p. 129) a aprendizagem é feita num processo de comunicação com outras pessoas, principalmente, por grupos íntimos, incluindo técnicas de ação delitiva e a direção específica de motivos e impulsos, racionalizações e atitudes. Uma pessoa torna-se criminosa porque recebe mais definições favoráveis à violação da lei do que desfavoráveis a essa violação. Este é o princípio da associação diferencial. As classes sociais mais altas acabam por influenciar as mais baixas, que Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m através do monopólio dos meios de comunicação, criam estereótipos, modelos, comportamentos a serem seguidos. Portanto, não se pode dizer que o crime é uma forma de comportamento inadaptado das classes menos favorecidas, não sendo exclusividade delas, em razão da existência de diversos crimes do colarinho branco, que são delitos praticados por pessoas de elevada estatura social e respeitadas no ambiente profissional, tais como políticos e grandes empresários. A cultura mais ampla não é homogênea, levando a conceitos contraditórios do mesmo comportamento. Assim, nem todas as associações diferenciais possuem a mesma força, variando em frequência, duração e nos interesses e na intensidade, dando origem à imitação de comportamentos, pois ninguém nasce criminoso, mas a criminalidade é uma consequência de uma socialização incorreta, ao contrário das ideias defendidas por Lombroso, que afirmava a existência do criminoso nato. 7.4 TEORIA DA ANOMIA Embora seja considerada uma teoria de consenso, a Teoria da Anomia possui resquícios dos marxistas, afastando os estudos clínicos do delito, pois entende que este não é uma anomalia. Essa teoria é inserida no plano das correntes funcionalistas, desenvolvidas por Robert King Merton e por E. Durkheim. Para os funcionalistas, a sociedade é um todo orgânico articulado que, para funcionar perfeitamente, necessita que os indivíduos interajam num ambiente de valores e regras comuns, sendo que sempre que há uma falha do Estado, é preciso resgatá-lo e preservá- lo, evitando que se de origem a uma disfunção. Merton explica que o comportamento desviado pode ser considerado, no plano sociológico, um sintoma de dissociação entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar tais aspirações. Assim, o fracasso no atingimento das aspirações ou metas culturais em razão da impropriedade dos meios institucionalizados pode levar à anomia, isto é, as manifestações comportamentais em que as normas sociais são ignoradas ou contornadas. A anomia é uma situação em que faltam coesão e ordem, sobretudo no que diz respeito à normas e valores, sugerindo a existência de um segmento de determinada cultura, cujo sistema de valores esteja em antítese e em conflito com outro segmento. O conceito de anomia proposto por Merton atinge dois pontos conflitantes, quais sejam, as metas culturais em face dos meios institucionalizados. Merton elaborou uma tabela que explica o modo de adaptação dos indivíduos em face das metas culturais e meios disponíveis, Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m marcando com um sinal positivo quando o homem aceita o meio institucionalizado e a meta cultural, e com um sinal negativo quando os reprova, conforme abaixo: Modos de Adaptação Meios Culturais Meios Institucionalizados Conformidade + + Inovação + - Ritualismo - + Evasão/Retraimento - - Rebelião + - + - Rejeitam metas e meios, lutando pelo estabelecimento de novos paradigmas. ↵ A conformidade em um ambiente social estável é considerada como o comportamento mais comum, pois os indivíduos aceitam os meios institucionalizados para alcançar as metas socioculturais. Existe adesão total e não ocorre comportamento desviante desses aderentes. No modo de inovação os indivíduos acatam as metas culturais, mas não aceitam os meios institucionalizados. Quando notam que nem todos os meios estão à sua disposição, rompem com o sistema e, através da conduta desviante, tentam alçar as metas culturais. Nesse aspecto o delinquente busca um atalho para chegar às metas culturais. Outro modo referido por Merton é o ritualismo, por meio do qual os indivíduos fogem das metas culturais, que, por uma razão ou outra, acreditam que jamais atingirão. Renunciam às metas culturais por entender que são incapazes de alcançá-las. Na evasão ou retraimento os indivíduos renunciam tanto às metas culturais quanto aos meios institucionalizados. Aqui se acham os bêbados, drogados, mendigos e, párias, que são derrotistas sociais. Por derradeiro, cita-se a rebelião, caracterizada pelo inconformismo e revolta, em que os indivíduos rejeitam as metas e meios, lutando pelo estabelecimento de novos paradigmas, de uma nova ordem social. São os rebeldes sem causa, quando analisados de forma individual, enquanto sob o prisma da coletividade, configuram as revoluções sociais. 7.5 TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE Albert Cohen, com seu livro Delinquent boys de 1955, foi o precursor da ideia da subcultura delinquente. Etimologicamente, subcultura traz a ideia de uma cultura dentro da cultura. Neste passo, ao abordar o tema sob a ótica da sociologia criminal, devemos conceituar cultura como os modelos de ação de Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m determinada sociedade, identificáveis por suas palavras e condutas, transmitidos entre as gerações. A subcultura tem início com o enfrentamento desviante de jovens em relação à sociedade adulta tradicional, denominada de establisment. As subculturas aceitam e reproduzem valores da sociedade tradicional, mas com valor invertido, expressando sentimentos e crenças exclusivas de seu grupo, sendo exemplos destes grupos os delinquentes juvenis e as gangues de periferia. Importante diferenciar a subcultura da contracultura. Embora ambas tenham surgido dos enfrentamentos desviantes dos jovens, na primeira seus membros (gangues e grupos étnicos) se retiram da sociedade convencional, criando suas crenças exclusivas, enquanto na segunda seus membros (hippies) são contestadores e confrontadores, caracterizados por um conjunto de valores e padrões de comportamento que contradizem diretamente com os da sociedade dominante. Segundo a definição de Cohen a subcultura delinquente, por sua vez, pode ser resumida como um comportamento de transgressão que é determinado por um subsistema de conhecimento, crenças e atitudes que possibilitam, permitem ou determinam formas particulares de comportamento transgressor em situações específicas. Esse conhecimento, essas crenças e atitudes precisam existir, primeiramente, no ambiente cultural dos agentes dos delitos e são incorporados à personalidade, mais ou menos como quaisquer outros elementos da cultura ambiente (COHEN, Albert K. Transgressão e controle. p. 228). A subcultura delinquente pode ser caracterizada em 03 (três) fatores: Não utilitarismo da ação: revela-se no fato de que muitos crimes não possuem motivação racional. Malícia da conduta: simples prazer em prejudicar outro indivíduo. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Negativismo da conduta: mostra-se como um polo oposto aos padrões da sociedade. Também podemos destacar 03 (três) preceitos fundamentais da subcultura delinquente, são eles: O caráter pluralista e atomizado da ordem social. A cobertura normativa da conduta desviada. A semelhança estrutural, em sua gênese, do comportamento regular e irregular. Defende a existência de uma subcultura da violência, afirmando que alguns grupos passam a aceitar a violência como um meio normal de solução de conflitos sociais, valorizando esta violência na mesma proporção em que a sociedade dominante impõe sanção àqueles que deixam de cumprir as leis. A conduta delitiva para a subcultura delinquente é distinta do que era defendido pelas teses ecológicas, pois não seria o produto da desorganização ou da ausência de valores, mas o reflexo de outros valores e normas distintas, ditas subculturais. Portanto, a conduta regular e adequada ao direito, assim como a irregular e delitiva, seriam definidas em relação aos respectivos sistemas sociais de normas e valores oficiais e subculturais. Subcultura ≠ Contracultura Subcultura é a cultura dentro da cultura. As pessoas se retiram da sociedade por terem padrões de comportamento diferentes. Contracultura é a existência de pessoas que contestam, que confrontam a cultura existente. 8 CRIMINOLOGIA DO CONFLITO As teorias do conflito pregam que a coesão e a ordem da sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação de alguns e sujeição de outros, ignorando a existência de acordos de valores que dão origem e estabelecem a força. A coerção imposta que traz coesão às organizações sociais. Ad Ver um Sup orte Edu cac iona l PED RO LUI Z C HOR RO MIL ER 043 .044 .741 -89 plcm iler@ gma il.co m Karl Marx prega que a sociedade está fundada no conflito. Referido autor afirma em seu Manifesto do Partido Comunista, que até hoje, a história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, político e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante
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