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Análise Fenomenológica Possibilidades Filme Into the Wild

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X – POSSIBILIDADES. 
	 O chamado “Ser-no-mundo” vai muito além de ser (humano) e estar (no mundo). Ele abrange um ser aberto ás possibilidades que lhe são ofertadas e as superações de seus limites em cada experiência cotidiana. Compreendemos que o Dasein é uma indeterminação ontológica inserido na condição de cuidar de si mesmo a cada momento em que é. Com isso percebe-se o cuidado como uma figura existencial, consequentemente referindo-se tanto ao ser-com-os-outros e a ocupação com o mundo quanto as possibilidades do ser.
A presença, denominada de Dasein ou ser-aí, é privilegiada por possuir "em seu ser a possibilidade de questionar" (Heidegger, 1999, p. 33) sobre o sentido do ser, e assim "Elaborar a questão do ser é tornar transparente um ente - o que questiona - em seu ser" (Heidegger, (1999, p. 33). Questionar corresponde ao plano ontológico, também chamado existencial, que considera o indivíduo como ser-no-mundo, relacionando-se com as pessoas do seu universo social, entes que Heidegger denomina Dasein, e também com as coisas, denominadas entes simplesmente dados.
	Para a compreensão do ser ocorrer ela deve partir dele próprio, com as possibilidades cotidianas inseridas em seu contexto. O humano é o único ente que abrange a possibilidade de interrogar a si mesmo pois está em seu horizonte a condição ontológica de indeterminação e a dimensão ôntica da própria questão do ser. Ao visar tal panorama, temos em nosso horizonte de possibilidades a busca por continuar a compreender a nós mesmos, lidando com o sentido das vivências presentes em nosso contexto existencial. Nada faz sentido se estiver isolado. Onde há ser, necessariamente, há ente. Isso é: o mero ato de existir é direcionar-se à solidificação do mundo na realização de possibilidades de ser sem, no entanto, completar-se nelas, já que as possibilidades se rearticulam a cada momento em que sou; e sou, a cada vez, minhas possibilidades de ser. Articulando-se desse modo a existência, Heidegger (2012) compreende como elemento determinante do Dasein as relações que ele estabelece a cada momento com o mundo em sua trajetória existencial, que apenas se completam com a morte. 
X.1 – A questão das possibilidades no filme – o âmbito de possibilidades de Christopher diante suas escolhas. 
	No caso do filme Into the wild (2007) observamos claramente as infinitas possibilidades e a forma a qual o personagem principal questiona as escolhas das pessoas á sua volta e consequentemente as suas próprias também (assim adentrando diretamente o âmbito das possibilidades). Primeiramente já vemos Chris questionando as escolhas de seus pais. Os argumentos ali inseridos por ele são que ambos não deveriam ter se casado e vivido juntos se soubessem a violência a qual viriam expor seus filhos no futuro. Naquele momento ao questionar suas escolhas podemos afirmar que ele também pensa em outras possibilidades: eles poderiam não se casar, e assim não teriam dado à luz a ele e sua irmã (e consequentemente a negligência e péssima criação nunca teriam acontecido). 
Quando enfim se forma com prestígio na faculdade, Chris se vê diante a uma escolha difícil. E ali é possível analisar mais possibilidades. Ele poderia simplesmente ficar no seio de sua família a qual tinha ideais completamente contrários aos seus ( seus pais sempre visando os bens materiais e o status sociais, fatores que vão completamente contra ao âmago de sua existência) e aguentar toda aquela angústia por um bem maior; Poderia ter permanecido no apartamento em Atlanta, ainda estaria preso no contexto capitalista que tanto abomina, porém teria mais liberdade por estar distante de sua família. Por fim ele escolhe a possibilidade mais radical: larga completamente todo seu ser anterior, fugindo para longe e se apossando de um novo nome, tornando-se um andarilho e vivendo livre na natureza selvagem. A partir daí pôde-se observar claramente uma mudança extrema na vida de Chris a qual ocorreu por consequência de suas escolhas. Ele conheceu pessoas e transformou a vida delas. 
“Se admitimos que a vida humana possa ser guiada pela razão, a possibilidade de vida é destruída.” -Into the Wild (2007).
Fazendo um paralelo com nossa discussão, visando o homem como parte integrante desse mundo, é importante ressaltar que o mesmo está sujeito a qualquer mudança no seu meio. Nossa existência consiste em ser-no-mundo, porém nunca se esquecendo da ênfase em encontrar e entrar em contato com outras pessoas, consequentemente atualizando possibilidades particularmente humanas. Isso é: ontologicamente o homem se configura como um ser temporal que em essência se mostra como projeto (possibilidade). Nas palavras de Heidegger: 
(...) O Dasein não é um subsistente que possui além disso como dote adjetivo o poder de fazer algo, mas ele é primariamente ser-possível. O Dasein é cada vez o que ele pode ser e como ele é sua possibilidade (...). (Heidegger, 2012, p. 409)
Em Into the Wild percebe-se o âmbito de possibilidades em cada situação a qual o personagem principal vivencia, mostrando-nos claramente o homem como parte integrante do mundo, sujeito a qualquer mudança ocorrida no seu meio. Ao constatarmos as inúmeras maneiras que o ser temporaliza seu espaço e assume suas escolhas favorece a explicitação da capacidade de transcendência do ser-no-mundo.
REFERÊNCIAS.
Forghieri, Y. C. (2011). Psicologia Fenomenológica – Fundamentos, Método e Pesquisa. São Paulo: Cengage Learning.
Heidegger, M. Ser e Tempo. (1988). (M. de S. Cavalcanti, trad.). (2. ed.) Petrópolis: Vozes, 2v. (original publicado em 1927).
Heidegger, M. (2012). Ser e tempo. (F. Castilho Trad.). Campinas: Editora da Unicamp, Petrópolis: Vozes (Original publicado em 1927).
Michelazzo, J. C. (1999). Do um como princípio ao dois como unidade: Heidegger e a reconstrução ontológica do real. São Paulo: FAPESP/Annablume.

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