Buscar

Juízo jovens infratores no Brasil : RESUMO DOCUMENTÁRIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Juízo: jovens infratores no Brasil
Uma perspectiva de Natália Oliveira Rodrigues
Juízo: jovens infratores no Brasil, da diretora Maria Augusta Ramos, é um daqueles documentários que quando assistidos, nos fazem passar o dia todo pensando e repensando nesse sistema carcerário falido sustentado por nosso país, que em momento algum tem como foco o real sentido deste: a ressocialização. Numa nação onde a cada 100 mil habitantes têm-se 335 presos, o que o coloca numa posição de 22º lugar (em número bruto ocupa a 3ª posição) num ranking de encarcerados que envolve outros 121 países, o Brasil segue aliado a uma justiça que é seletiva, e que concentra suas penas em grupos vistos como minoritários (o negro, pobre e sem elevado nível de escolaridade).
A longa metragem aqui discutida, traz uma abordagem do julgamento de adolescentes que cometeram infrações e dessa forma propõe reflexões relacionadas a situações atuais que dificultam o cumprimento do ECA para estes. 
Inicialmente, têm-se a figura de uma juíza (branca), que por vezes utiliza de xingamentos para se dirigir aos menores (em sua maioria negros e em geral pobres) e, trata-os de forma a não dar ouvido nem mesmo ao que estes têm a dizer, chegando até a chamá-los de “malandros”. Esta mesma, procura a todo custo não relacionar os delitos à situação social que os infratores se encontram. É fato que uma coisa não justifica a outra, mas uma leva à outra. Estes indivíduos, crescem em uma situação de total vulnerabilidade social, totalmente às margens de tudo e todos, além de conviverem em situações familiares de constantes episódios de desequilíbrio e instabilidade (não raros episódios de alcoolismo, estupros, agressões físicas e verbais, brigas, entre outros.).
 Em se tratando dos alojamentos, é uma realidade triste saber que estes menores habitam lugares de extrema falta de organização e sem o mínimo possível de subsídio à integridade humana, fazendo com que estes presos firmem uma luta diária pela sobrevivência. Eles são empilhados em um lugar escuro repleto de infiltrações, sujo e sem ventilação adequada, são beliches de concreto (até mesmo sem colchões), onde dois ou mais garotos se ajeitam para dormir. São menores que não têm acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal, e muito menos recebem escola e profissionalização, como manda o Art. 124 do ECA (realizar atividades culturais, esportivas e de lazer). As pessoas que cometeram o crime são privadas da liberdade fundamental de ir e vir, mas não podem perder o direito da condição de ser humano e de ser tratado como tal (que é o que, infelizmente, acontece. Uma animalização desses indivíduos.). 
Além mais, podemos citar o descaso para com as mulheres, muito bem retratado no livro “Presos que menstruam”, de Nana Queiroz, no qual ela expõe um tratamento idêntico entre os gêneros, sendo excluídos os cuidados íntimos da mulher, vide a falta de absorventes, em algumas prisões, e ausência de acompanhamento ginecológico. Sem levar em consideração a total ineficiência no cuidado para com as gestantes. 
No que tange a defesa destes, percebe-se que os advogados (públicos), não passam muita credibilidade na defesa, não demonstram empenho em tentar absolvê-los e, trata cada caso como qualquer um. 
Em suma, é notável a crítica situação de cárcere vivenciada em nosso país, imersa neste processo que tira do indivíduo a sua característica de homem ser racional e, o inferioriza a uma condição animalesca, que fere totalmente os direitos humanos.

Continue navegando