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Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec ENSAIOS MECÂNICOS Aula 6 – Ensaio de Fadiga Lucas Nao Horiuchi 14 de Outubro de 2016 lucas.horiuchi@braskem.com 6. Ensaio de Fadiga Definição Consiste em um ensaio onde se aplica cargas repetitivas, cíclicas ou flutuantes por períodos prolongados de maneira apropriada e padronizada, que é capaz de fornecer dados quantitativos para avaliar o comportamento do material, simulando o seu uso. Os principais dados obtidos são: limite de resistência à fadiga, resistência à fadiga e vida em fadiga. 6. Ensaio de Fadiga Introdução - Quando se submetem os materiais metálicos a tensões repetitivas (esforços cíclicos), estes acabam rompendo em tensões muito inferiores daqueles determinadas pelos ensaios estáticos (tração e compressão); - Normalmente, este tipo de falha ocorre após um longo tempo de uso da peça em serviço; - Este tipo de falha se chama: ruptura por FADIGA; 6. Ensaio de Fadiga Introdução - Falhas por fadiga ocorrem em componentes automobilísticos, aeronáuticos, estrutura civil (pontes, prédios e coberturas), tubulações e peças metálicas de máquinas sujeitas a esforços cíclicos , como compressores, bombas e turbinas; 6. Ensaio de Fadiga Introdução - A falha por fadiga, muitas vezes, é imprevisível, pois não apresenta sinais prévios. 6. Ensaio de Fadiga Características gerais do processo de fadiga • É a ruptura de um componente pela propagação de uma fissura gerada pela aplicação de tensões cíclicas. • 90% das rupturas em peças móveis em serviço relacionam- se com fadiga. Esse processo ocorre em 3 etapas: • 1-Nucleação de uma fissura em alguma irregularidade (ponto de concentração de tensões) • 2- Propagação da fissura • 3- Ruptura catastrófica quando se atinge o KIc (tenacidade) do material 6. Ensaio de Fadiga Zonas típicas de uma fratura por fadiga e fissura na etapa de propagação 6. Ensaio de Fadiga Pontos nucleadores de fissura por fadiga 6. Ensaio de Fadiga • Regiões de concentração de tensões Pontos nucleadores de fissura por fadiga 6. Ensaio de Fadiga • Defeitos de superfícies: ranhuras, pequenas trincas de usinagem, acabamento superficial ruim. Pontos nucleadores de fissura por fadiga 6. Ensaio de Fadiga • Defeitos microestruturais: inclusões, defeitos de solidificação (segregação), poros internos. Pontos nucleadores de fissura por fadiga 6. Ensaio de Fadiga Mecanismo de nucleação das fissuras • Na tensão máxima ocorrem as saliências • Na tensão mínima ocorrem as reentrâncias • Uma fissura aparece nesse local depois de repetidas saliências e reentrâncias 6. Ensaio de Fadiga Forma de fratura por fadiga: A aparência da superfície de fratura mostra: (a) Uma região mais lisa, devido à propagação lenta da trinca inicial; (b) Outra região mais grosseira onde o material falhou de maneira dúctil e catastrófica, quando a seção reta não foi mais capaz de suportar a carga aplicada. (a) (b) 6. Ensaio de Fadiga Como identificar uma ruptura causada por fadiga? 1) Zona lisa: uma série de anéis, ou “marcas de praia”, progredindo a partir do ponto onde se iniciou a trinca. 2) Zona rugosa: mais grosseira. Onde ocorre a ruptura abrupta do corpo de prova. 6. Ensaio de Fadiga Presença de marcas de praia • As marcas de praia aparecem nas regiões adjacentes ao ponto de início da trinca. • Essa marca aparece cada vez que a peça é solicitada. 6. Ensaio de Fadiga Presença de marcas de praia • A fratura ou ruptura por fadiga ocorre quando o comprimento da fissura é tal que a secção útil da peça não resiste a carga aplicada; • A ruptura ocorre numa tensão menor do que a correspondente a uma carga estática e não ocorrem deformações plásticas importantes. Zona rugosa: ruptura catastrófica. Zona lisa 6. Ensaio de Fadiga Marcas de praia em um eixo rompido por fadiga 6. Ensaio de Fadiga Superfície de falha por fadiga 6. Ensaio de Fadiga Aspectos da superfície de fratura por fadiga: Olho nú MEV ou MET 6. Ensaio de Fadiga Presença das estrias • Quando se observa a região da zona da fratura onde houve propagação estável da fissura por fadiga (zona macroscópica lisa) com grande aumento em MEV ou MET(microscópio eletrônico de varredura / transmissão) pode-se ver o avanço unitário da fissura sob o efeito de cada ciclo de carga. Essas linhas chamam-se de estrias. 6. Ensaio de Fadiga Estrias de fadiga: Cada estria está associada a um ciclo de carga 6. Ensaio de Fadiga Tipos de solicitações cíclicas: (A)Tensão Alternada: senoidal. Exemplo: eixo rotativo em velocidade constante; (B) Tensão Flutuante: o módulo da tensão máxima e mínima não são iguais; (C) Tensão irregular Aleatória: tensões aleatórias com ciclos complexos. Exemplo: molas de suspensão de carros quando. 6. Ensaio de Fadiga Tipos de solicitações cíclicas: Para os casos (A) e (B) tem-se: • Tensão média (σM): • Intervalo de tensões (σr ): • Amplitude de oscilação da tensão (σa): • A razão de variação das tensões (Rf) ou razão de frequência: 6. Ensaio de Fadiga Normas: ASTM - E1823: Standard Terminology Relating to Fatigue and Fracture Testing; - E1150: Standard Definitions of Terms Relating to Fatigue; - E466: Standard Practice for Conducting Force Controlled Constant Amplitude Axial Fatigue Tests of Metallic Materials; - E467: Standard Practice for Verification of Constant Amplitude Dynamic Forces in an Axial Fatigue Testing System; - E468: Standard Practice for Presentation of Constant Amplitude Fatigue Test Results for Metallic Materials. 6. Ensaio de Fadiga Normas: ABNT NBR 6751:2009 - Métodos de ensaio de fadiga rotativa, fadiga sob carga radial (ou compressão) e fadiga sob carga biaxial para verificação da durabilidade, bem como os métodos de ensaio de resistência e especificações do acabamento superficial, das rodas e aros desmontáveis de aço e alumínio para camionetas de carga, caminhões e caminhões-tratores, microônibus e seus rebocados. 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: • Consiste em submeter vários corpos de provas do mesmo material (mesmo tratamento térmico, mesmo acabamento, mesmo dimensional) para diferentes cargas cíclicas até a sua ruptura, registrando o número de ciclos. 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N ou curvas de Wöhler - Os resultados dos ensaios de fadiga geralmente são apresentados em um gráfico de tensão por número de ciclos, ou simplesmente curva S-N. - O S vem da palavra Inglesa stress, que significa “tensão”, e o N representa o número de ciclos; - Emprega-se escala logarítmica nas abscissas; 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N - Para cada solicitação de tensão S1 o corpo de prova deverá romper em um certo número de ciclos N1; - Para uma outra solicitação S2, o corpo de prova romperá a em N2; - E assim por diante, pode-se construir o diagrama S-N; A medida que se diminui a tensão aplicada, o corpo de prova resiste a um maior número de ciclos. 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N Esboço da apresentação dos resultados, para liga de alumínio tratada. • Os ensaios de fadiga apresentam em geral uma certa falta de reprodutibilidade, o que motiva o emprego de uma análise estatística. 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N - Diminuindo a tensão a partir de um certo nível – em que a curva se torna horizontal – o número de ciclos para o rompimento do corpo de prova torna-se praticamente infinito. - Esta tensão máxima, que praticamente não provoca mais a fratura por fadiga, chama-selimite de fadiga ou resistência à fadiga (LRF). 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N Curva típica para: - Aço C - Ligas Ti - Ligas Mo - Ligas ferrosos Possui patamar inferior (limite resistência à fadiga, LRF). LRF ou σRf Para os aços, o LRF está na faixa de 34 a 65% do LRT. Alguns autores consideram LRF/LRT=0,5 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N Curva típica para: - Alumínio - Cobre - Magnésio - Não ferrosos Não possui patamar inferior - Para estes casos, usa-se a resistência à fadiga (σf), que é a tensão de ruptura para um determinado número de ciclos; - Faz-se o ensaio a até 50 milhões de ciclos, em alguns casos, a até 500 milhões de ciclos, para definir a resistência à fadiga. 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N Outro parâmetro importante é Vida à Fadiga, Nf, que é o número de ciclos que causará a ruptura pela aplicação de uma certa tensão; 6. Ensaio de Fadiga Ensaio: Curvas S-N Curvas de flexão rotativa para alguns materiais; 6. Ensaio de Fadiga Resultados práticos de curvas SxN (stress X number of cycles) 6. Ensaio de Fadiga Fadiga: 6. Ensaio de Fadiga Máquina de fadiga: Máquina tipo flexão alternada Máquina de fadiga tipo universal de ensaios 6. Ensaio de Fadiga Máquina de fadiga: tipos de solicitação 6. Ensaio de Fadiga Fatores que influenciam o limite de fadiga • Fatores de projeto: descontinuidade geométrica na peça (rasgo de chaveta, furo, etc); 6. Ensaio de Fadiga Fatores que influenciam o limite de fadiga • Acabamento superficial- quanto melhor maior o limite de fadiga; • Composição química : teor de impurezas (inclusões, contaminantes, etc). Quanto mais puro, maior o limite de fadiga: 6. Ensaio de Fadiga Fatores que influenciam o limite de fadiga • Tratamentos termoquímicos (cementação, nitretação etc...) aumentam o limite da fadiga pois induzem tensões de compressão na superfície; • Jateamento por granalha eleva o limite de fadiga pois induz tensões compressivas na superfície; 6. Ensaio de Fadiga Fatores que influenciam o limite de fadiga • Corrosão: - Se prévia = influencia na redução do acabamento superficial. - Se simultânea = gera um novo mecanismo chamado de corrosão por fadiga que faz cair muito o limite de fadiga. 6. Ensaio de Fadiga Fatores que influenciam o limite de fadiga • Quanto maior a resistência mecânica do material, maior o seu limite de fadiga; • Descarbonetação (perda de carbono a partir da superfície por reações com a atmosfera) faz cair a resistência nessa área, reduzindo o limite de fadiga; 6. Ensaio de Fadiga Corpos de Provas: Corpos de prova segundo a norma ASTM 6. Ensaio de Fadiga Corpos de Provas: O corpo de prova deve ser usinado e ter bom acabamento superficial, para não prejudicar os resultados do ensaio. Corpos de prova de acordo com o tipo de solicitação. 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 1. Probabilidade à fratura por Fadiga: - Os resultados do ensaio de fadiga apresentam dispersão de resultados, pois é influenciado por várias características como acabamento superficial, defeitos internos, corrosão, heterogeneidades metalúrgicas, etc. - Para encontrar resultados confiáveis, usa-se técnicas estatísticas; - Um problema de se utilizar técnicas estatísticas é a grande quantidade de amostras necessárias (20 a 30 amostras para cada nível de tensão), para ser representativa; - O gráfico da próxima página apresenta uma série de curvas de probabilidade; 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 1. Probabilidade à fratura por Fadiga: Observa-se que para uma certa tensão cíclica, σ1: - 1% dos corpos de prova sofrerão fratura em N1 ciclos de aplicação de carga; - 50% dos corpos de prova sofrerão fratura em N2 ciclos de aplicação de carga. 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 2. Tensões limites (ASTM E468): Esta norma utiliza análises de regressão ou técnicas matemáticas que apresentam o resultado como 2 linhas (σmáx e σmin) além dos pontos do ensaio. 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 3. Método escada: - Menor quantidade de corpos de prova (cerca de 25); - Consiste em encontrar por tentativas o valor do número de ciclos que provavelmente a fratura ocorrerá; - Etapas: 1) Realiza-se o ensaio em um valor de tensão próximo ao valor estimado de resistência à fadiga; 2) Se o CP romper em N<107 ciclos, diminui-se a tensão aplicada de um valor fixo ∆σ (degrau da escada); 3) Continua-se com o processo, diminuindo a tensão, conforme o degrau até que o CP não rompa mais para N=107 ciclos; 4) Após isso, eleva-se novamente a tensão conforme o degrau, até atingir uma tensão que rompa o CP. E reverte-se o processo repetidamente até os CPs acabarem. 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 3. Método escada: - Calcula-se a resistência média à fadiga (σFm) por: Resistência média à fadiga Desvio 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 3. Método escada: Exercício: segue tabela e gráfico com resultados do teste de fadiga (método escada). Determine a resistência à fadiga: 6. Ensaio de Fadiga Determinação numérica dos resultados: 3. Método escada: Exercício: segue tabela e gráfico com resultados do teste de fadiga (método escada). Determine a resistência à fadiga: Resposta: 6. Ensaio de Fadiga Final deste capítulo.... Obrigado pela atenção!! Dúvidas?
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