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impostos e principais contribuiçoes federais

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Aula 07
Direito Tributário p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas
Rodrigo Martins
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DIREITO TRIBUTÁRIO PARA O XXV EXAME DA OAB 
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AULA 07: IMPOSTOS E PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS 
 
 
 
 
Fala galera! 
 
Dando continuidade ao estudo do DIREITO TRIBUTÁRIO para a 1ª 
Fase do XXV Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, passaremos a 
analisar, a partir de agora, os principais aspectos dos impostos ordinários em 
espécie, que são aqueles cujas hipóteses de incidência constam expressamente 
no texto constitucional, de competência atribuída a cada uma das pessoas 
políticas. 
 
Nesta aula estudaremos os impostos federais, que são: 
 
¾ Imposto de Importação ± II; 
 
¾ Imposto de Exportação ± IE; 
 
¾ Imposto sobre Produtos Industrializados ± IPI; 
 
¾ Imposto sobre a Renda ± IR; 
 
¾ Imposto sobre Operações Financeiras ± IOF; 
 
¾ Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ± ITR; e 
 
¾ Imposto sobre as Grandes Fortunas ± IGF. 
 
Veremos, também nesta aula, as principais contribuições federais: 
 
¾ Contribuições sociais; 
 
¾ Contribuições de intervenção no domínio econômico - CIDE; e 
 
¾ Contribuições de interesse de categorias profissionais ou 
econômicas. 
 
Os temas são instigantes! E também são permeados de detalhes! 
 
Como de praxe, ao final da aula trouxemos questões já aplicadas pela 
OAB/FGV relativamente aos tributos em questão, e algumas questões aplicadas 
no Exame de Ordem anteriormente à elaboração da prova pela referida banca. 
 
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Deixo abaixo os meus contatos para quaisquer dúvidas e/ou 
sugestões. 
 
Entrem em contato sempre que precisarem! 
 
Um forte abraço e até a próxima aula! 
 
 
Prof. Rodrigo Martins 
 
 
 
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1) DOS IMPOSTOS DA UNIÃO 
 
Os impostos ordinários da União estão descritos nos incisos do art. 
153 da Constituição Federal: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
 
Vejamos as principais características de cada um deles: 
 
 
1.1) Imposto de Importação ± II 
 
O inciso I do art. 153 da Constituição Federal atribui competência à 
União para instituir o II ± Imposto de Importação: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I ± importação de produtos estrangeiros; 
(...). 
 
Em âmbito infraconstitucional é disciplinado pelo CTN, que define seu 
fato gerador no art. 19: 
 
Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de 
produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no 
território nacional. 
 
Sabemos, no entanto, que nem a CF e nem o CTN criam (instituem) 
tributos. 
 
Pois bem. O Imposto de Importação fora instituído pelo Decreto-lei nº 
37/66, recepcionada pela Ordem Constitucional em vigor com o status de lei em 
sentido estrito (pois essa exigência de legalidade em sentido estrito quanto à 
sua instituição adveio com a CF/88), semelhantemente com o que ocorrera com 
o CTN, que fora recepcionado com status de Lei Complementar, conforme já 
estudamos. 
 
O art. 1º do referido Decreto-lei dispõe sobre o fato gerador do 
imposto: 
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Art.1º - O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria 
estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no Território 
Nacional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
§ 1º - Para fins de incidência do imposto, considerar-se-á também 
estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada, que 
retornar ao País, salvo se: (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 
01/09/1988) 
a) enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado; 
(Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
b) devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou 
substituição; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
c) por motivo de modificações na sistemática de importação por parte 
do país importador; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 
01/09/1988) 
d) por motivo de guerra ou calamidade pública; (Incluído pelo 
Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
e) por outros fatores alheios à vontade do exportador. (Incluído pelo 
Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
§ 2º - Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerar-se-á 
entrada no Território Nacional a mercadoria que constar como tendo 
sido importada e cuja falta venha a ser apurada pela autoridade 
aduaneira. (Parágrafo único renumerado para § 2º pelo Decreto-Lei nº 
2.472, de 01/09/1988) 
§ 3º - Para fins de aplicação do disposto no § 2º deste artigo, o 
regulamento poderá estabelecer percentuais de tolerância para a falta 
apurada na importação de granéis que, por sua natureza ou condições 
de manuseio na descarga, estejam sujeitos à quebra ou decréscimo de 
quantidade ou peso. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 
01/09/1988) 
§ 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira: (Incluído pela 
Lei nº 10.833, de 29.12.2003) 
I - destruída sob controle aduaneiro, sem ônus para a Fazenda 
Nacional, antes de desembaraçada; (Redação dada pela Lei nº 12.350, 
de 20 de dezembro de 2010) 
II - em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente destruída; ou 
(Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) 
III - que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese 
em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida. 
(Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) 
 
Portanto, com as especificidades descritas no referido dispositivo, o 
fato gerador do Imposto de Importação é a entrada de mercadorias (destinação 
comercial) ou bens (destinados ao consumo) provenientes de outro país no 
território nacional. 
 
 
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Atenção: D� ³HQWUDGD´� TXH� FDUDFWHUL]D� R� IDWR� JHUDGRU� p� DTXHOD� TXH�
ocorre com a finalidade de incorporar a mercadoria ou o bem à economia 
nacional. 
 
Assim, meros ingressos temporários (quando um bem entra 
fisicamente no país, porém, sem a finalidade de integrar a economia nacional, 
como, por exemplo, para exibição em feiras ou congressos, bagagens de pessoa 
em trânsitoetc.) não caracterizam o fato gerador do imposto. 
 
Logo, o mero trânsito do produto não pode ensejar a incidência do 
imposto. 
 
(�TXDQGR�VH�FRQVLGHUD�RFRUULGD�³D�HQWUDGD´�SDUD�ILQV�GH�FDUDFWHUL]DomR�
do fato gerador do Imposto de Importação? 
 
É no momento em que a mercadoria ou bem provenientes do exterior 
HQWUDP�³ILVLFDPHQWH´�QR�WHUULWyULR�QDFLRQDO"� 
 
1mR��2�IDWR�JHUDGRU�QmR�RFRUUH�FRP�D�³HQWUDGD�ItVLFD´� 
 
A entrada que caracteriza o referido fato gerador é uma entrada 
jurídica. 
 
Considera-VH� ³HQWUDGD´� QR� PRPHQWR� GR� UHJLVWUR� GD� GHFODUDomR� GH�
importação (DI), conforme disposto no Decreto-lei nº 37/1966: 
 
Art. 23 - Quando se tratar de mercadoria despachada para consumo, 
considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição 
aduaneira, da declaração a que se refere o artigo 44. 
 
Art.44 - Toda mercadoria procedente do exterior por qualquer via, 
destinada a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao pagamento 
do imposto, deverá ser submetida a despacho aduaneiro, que será 
processado com base em declaração apresentada à repartição 
aduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento. (Redação 
dada pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
 
Portanto, o fato gerador do Imposto de Importação não ocorre com a 
entrada meramente física do bem. A entrada ocorre com o registro da 
declaração de importação (DI). 
 
Quanto à base de cálculo desse imposto (valor sobre o qual será 
aplicada a alíquota, que corresponde ao percentual), a legislação prescreve o 
seguinte: 
 
 
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CTN: Art. 20. A base de cálculo do imposto é: 
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada 
pela lei tributária; 
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, 
ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda 
em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de 
entrada do produto no País; 
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a 
leilão, o preço da arrematação. 
 
Pois bem. Já vimos ao estudarmos os Princípios do Direito Tributário 
que texto constitucional estipulou exceções ao Princípio da Legalidade Tributária 
quanto à majoração de determinados impostos (as exceções são relativas à 
majoração, isto é, ao aumento, ficando mantida a exigência de lei para a 
instituição de todos os tributos). 
 
Essas exceções foram estipuladas nos artigos 153, § 1º e 177, § 4º, 
LQFLVR�,��DOtQHD�³E´��GD�&)�����,PSRUWD-nos aquelas do art. 153, pois dentre elas 
encontra-se o Imposto de Importação em estudo: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os 
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos 
enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
(...). 
 
Atenção: em cumprimento ao Princípio da Estrita Legalidade (art. 
150, I, da CF/88), todos esses tributos descritos no art. 153 da CF/88 devem 
VHU� ³LQVWLWXtGRV´� QHFHVVDULDPHQWH� SRU� PHLR� GH� OHi (essa é a regra, sem 
exceções). 
 
Uma vez instituída, essa lei deve estabelecer as alíquotas máximas e 
mínimas de cada um desses impostos. 
 
Com base nesses parâmetros (alíquota mínima e máxima determinada 
em lei), o Chefe do Poder Executivo poderá aumentar ou diminuir o percentual 
por meio de Decreto, mas, atenção, sempre respeitando o máximo e o mínimo 
estipulado em lei. 
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Por exemplo: imaginemos que a lei criadora do II ± Imposto de 
Importação (art. 153, inciso I, da CF/88) tenha criado como parâmetro mínimo 
a alíquota de 0% (zero por cento) e como parâmetro máximo a alíquota de 
30% (trinta por cento). Fora obedecido, portanto, o Princípio da Estrita 
Legalidade quanto à criação do tributo, pois a criação se deu por meio de lei, 
que previu aqueles limites. Ocorre que dentro desses limites (de 0 a 30%) 
poderá o Chefe do Poder Executivo, por meio de Decreto, aumentar ou diminuir 
o tributo, desde que obedeça, reitera-se, aos limites legais (de 0 a 30%). 
 
Portanto, as alíquotas do Imposto de Importação podem ser 
modificadas por Decreto, desde que obedecidos os limites mínimo e máximo 
estipulados em lei. 
 
Essa possibilidade é fundamentada na função extrafiscal desse 
imposto. 
 
Já vimos em lições anteriores que tributo com função extrafiscal é 
aquele cuja finalidade não é somente arrecadar dinheiro aos cofres público, 
mas também intervir na sociedade e no domínio econômico (induzir 
comportamentos). Assim, por exemplo, pode-se utilizar um tributo extrafiscal 
para evitar que uma atividade prejudicial à economia prospere a todo vapor. É 
o que acontece com o estabelecimento de alíquotas altas para importação de 
mercadorias, quando existam similares nacionais. Usa-se o tributo, assim, 
para desestimular a importação. Não tem aqui o interesse preponderante de 
arrecadar, mas sim intervir na conduta das pessoas. Acaba, de fato, 
arrecadando, mas não é o interesse preponderante. O Chefe do Poder 
Executivo precisa valer-VH� GH� XP� PRGR� UiSLGR� �LVWR� p�� VHP� HVSHUDU� R� ³QR�
VHJXLQWH´�� SDUD� DOWHUDU� DV� DOtTXRWDV� GHVVHV� LPSRVWRV� FRP vistas a induzir 
comportamentos (estimular ou desestimular condutas ou intervir na economia). 
 
Atenção: o CTN tem uma regra parecida com aquela constante no § 
1º do art. 153 da CF. Vejamos: 
 
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do 
imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do 
comércio exterior. 
 
Contudo, a parte do dispositivo que permite a alteração da base de 
cálculo por Decreto não foi recepcionada pela Constituição Federal. 
 
O § 1º do art. 153 da CF só permite a alteração da alíquota. 
 
Portanto, a base de cálculo só pode ser alterada por lei. 
 
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Importa reiterar: a parte do art. 21 do CTN que permite a alteração 
da base de cálculo do Imposto de Importação por Decreto não foi recepcionada 
pela Constituição Federal, não podendo, assim, ser aplicada. 
 
Pois bem. Nos termos do § 1º do art. 150 da CF, o Imposto de 
Importação também não se subordina aos Princípios da Anterioridade de 
Exercício e da Anterioridade Nonagesimal: 
 
Art. 150. É vedado... 
(...) 
III - cobrar tributos: 
(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na 
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...) 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos 
previstosnos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a 
vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos 
nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base 
de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
O constituinte dispensou a aplicação dos referidos princípios ao 
Imposto de Importação justamente em razão de sua função extrafiscal 
(vide acima). 
 
Atenção: apesar dessa possibilidade de fácil alteração de alíquotas, 
devemos atentar-se ao fato de que é necessário aplicar a alíquota vigente no 
momento da ocorrência do fato gerador, ou seja, do registro da Declaração de 
Importação (quando é considerado ocorrido o fato gerador do imposto). 
 
Quanto ao contribuinte do imposto, prescreve a legislação que: 
 
CTN: Art. 22. Contribuinte do imposto é: 
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. 
 
DL 37/66: Art. 31 - É contribuinte do imposto: (Redação pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a 
entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; (Redação 
pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
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II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo 
respectivo remetente; (Redação pelo Decreto-Lei nº 2.472, de 
01/09/1988) 
III - o adquirente de mercadoria entrepostada. (Incluído pelo Decreto-
Lei nº 2.472, de 01/09/1988) 
 
Por fim, o atualmente o referido imposto se sujeita ao lançamento do 
tipo por homologação. 
 
 
1.2) Imposto de Exportação ± IE 
 
O inciso II do art. 153 da Constituição Federal também atribui 
competência à União para instituir o IE ± Imposto de exportação: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
(...). 
 
Em âmbito infraconstitucional é disciplinado pelo CTN, que define seu 
fato gerador no art. 23: 
 
Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, 
para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como 
fato gerador a saída destes do território nacional. 
 
Já foi explicado, porém, que nem a CF e nem o CTN criam (instituem) 
tributos. 
 
O Imposto de Exportação fora instituído pelo Decreto-lei 1.578/77, 
também recepcionada pela Ordem Constitucional em vigor com o status de lei 
em sentido estrito, que em seu art. 1º dispõe sobre o fato gerador do referido 
imposto: 
 
Art. 1º O imposto sobre a exportação, para o estrangeiro, de produto 
nacional ou nacionalizado tem como, fato gerador a saída deste 
do território nacional. 
 
Portanto, com as especificidades descritas no referido dispositivo, o 
fato gerador do Imposto de Exportação é a saída de mercadorias (destinação 
comercial) ou bens (destinados ao consumo) do território nacional. Exportar 
para o estrangeiro ou para o exterior, isto é, para fora do país. 
 
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Atenção: D�³VDtGD´�TXH�FDUDFWHUL]D�R�IDWR�JHUDGRU�p�DTXHOD�TXH�RFRUUH�
com a finalidade de incorporar a mercadoria ou o bem à economia do outro 
país. 
 
Assim como na importação, não basta a simples transposição de 
fronteira do bem ou da mercadoria sem a finalidade de integrá-los à economia 
do outro país, como, por exemplo, quando se envia algo para exibição em feiras 
ou congressos no exterior, bagagens de pessoa em trânsito ou viagem para o 
exterior etc. 
 
Logo, o mero trânsito do produto pelo exterior não pode ensejar a 
incidência do imposto. 
 
(�TXDQGR�VH�FRQVLGHUD�RFRUULGD� ³D�VDtGD´�SDUD� ILQV�GH�FDUDFWHUL]DomR�
do fato gerador do Imposto de Exportação? 
 
É no momento em que a mercadorLD�RX�EHP�VDHP� ³ILVLFDPHQWH´� GR�
território nacional? 
 
1mR��2�IDWR�JHUDGRU�QmR�RFRUUH�FRP�D�³VDtGD�ItVLFD´� 
 
A saída que caracteriza o referido fato gerador é uma saída jurídica. 
 
Considera-VH�³VDtGD´�QR�PRPHQWR�HP�TXH�RFRUUH�D�H[SHGLomR�GD�JXLD�
de exportação ou documento equivalente, conforme disposto no § 1º do art. 1º 
do Decreto-lei 1.578/77: 
 
Art. 1º O imposto sobre a exportação, para o estrangeiro, de produto 
nacional ou nacionalizado tem como, fato gerador a saída deste do 
território nacional. 
§ 1º Considera-se ocorrido o fato gerador no momento da 
expedição da guia de exportação ou documento equivalente. 
(...). 
 
Portanto, o fato gerador do Imposto de Exportação não ocorre com a 
saída meramente física. A saída é jurídica e ocorre com a expedição da guia de 
exportação ou documento equivalente. 
 
Quanto à base de cálculo desse imposto (valor sobre o qual será 
aplicada a alíquota, que corresponde ao percentual), a legislação prescreve o 
seguinte: 
 
CTN: Art. 24. A base de cálculo do imposto é: 
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada 
pela lei tributária; 
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II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, 
ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda 
em condições de livre concorrência. 
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega 
como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os 
tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas 
vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado 
internacional o custo do financiamento. 
 
Conforme visto acima, a Constituição Federal permite a alteração das 
alíquotas do Imposto de Exportação por meio de Decreto: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os 
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos 
enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
(...). 
 
Atenção: já explicamos acima que em cumprimento ao Princípio da 
Estrita Legalidade (art. 150, I, da CF/88), todos esses tributos descritos no art. 
����GD�&)����GHYHP�VHU�³LQVWLWXtGRV´�QHFHVVDULDPHQWH�SRU�PHLR�GH�OHL��HVVD�p�D�
regra, sem exceções), que deve estabelecer as alíquotas máximas e mínimas 
dos referidos impostos, e que respeitando esses parâmetros o Chefe do Poder 
Executivo poderá aumentar ou diminuir o percentual por meio de Decreto. 
 
Logo, as alíquotas do Imposto de Exportação podem ser modificadas 
por Decreto, desde que obedecidos os limites mínimo e máximo estipulados em 
lei, e essa possibilidade é fundamentada na já explicada função extrafiscal do 
imposto. 
 
Atenção: o CTN tem uma regra parecida com aquela constante no § 
1º do art. 153 da CF. Vejamos: 
 
Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as basesde cálculo do 
imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do 
comércio exterior. 
 
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Cabe, contudo, aquela mesma advertência de que a parte do 
dispositivo que permite a alteração da base de cálculo por Decreto não foi 
recepcionada pela Constituição Federal. 
 
Conforme vimos acima, o Imposto de Exportação também não se 
subordina aos Princípios da Anterioridade de Exercício e da Anterioridade 
Nonagesimal, nos termos do § 1º do art. 150 da CF: 
 
Art. 150. É vedado... 
(...) 
III - cobrar tributos: 
(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na 
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...) 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a 
vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos 
nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base 
de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
A explicação é a mesma exposta em relação ao Imposto de 
Importação: o constituinte dispensou a aplicação dos referidos 
princípios ao Imposto de Importação justamente em razão de sua 
função extrafiscal. 
 
Assim, cabe aquela mesma advertência: apesar dessa possibilidade de 
fácil alteração de alíquotas, devemos atentar-se ao fato de que é necessário 
aplicar a alíquota vigente no momento da ocorrência do fato gerador, ou seja, 
do registro da Declaração de Importação (quando é considerado ocorrido o fato 
gerador do imposto). 
 
Quanto ao contribuinte do imposto, prescreve a legislação que: 
 
CTN: Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a 
ele equiparar. 
 
Decreto-lei 1.578/77: Art. 5º - O contribuinte do imposto é o 
exportador, assim considerado qualquer pessoa que promova a saída 
do produto do território nacional. 
 
Por fim, o atualmente o referido imposto se sujeita ao lançamento do 
tipo por homologação. 
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3) Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza ± IR 
 
O inciso III do art. 153 da Constituição Federal também atribui 
competência à União para instituir o IR ± Imposto sobre a Renda e proventos 
de qualquer natureza: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
(...). 
 
$�VLJOD�GR� LPSRVWR�PDLV�FRQKHFLGD�p�³,5´��PDV�H[LVWHP�GHULYDo}HV�H�
especificações, tais como: 
 
IRPJ ± Imposto de Renda da Pessoa Jurídica 
 
IRPF ± Imposto de Renda da Pessoa Física 
 
IRRF ± Imposto de Renda Retido na Fonte 
 
Apesar das derivações, é Imposto de Renda! 
 
É um imposto com função nitidamente fiscal. 
 
Já vimos em lições anteriores que tributo com função fiscal é aquele 
cuja finalidade é somente arrecadar dinheiro aos cofres públicos, ou seja, 
explicando de forma mais clara, o Estado-fisco pensa unicamente em 
arrecadar dinheiro, desvinculando-se de qualquer outra preocupação. Essa 
arrecadação pode ser de tributos vinculados ou não vinculados: no primeiro 
caso o Estado arrecada para prestar um serviço em contrapartida à 
arrecadação (como nas taxas) e no segundo caso o Estado arrecada para 
abastecer seus cofres gerais, sem qualquer contraprestação estatal específica 
a arrecadação (como no caso do Imposto de Renda em estudo). 
 
Em âmbito infraconstitucional é disciplinado pelo CTN e por diversas 
Leis Federais: 7.713/88, 9.250/95, 8.981/95 e 9.430/96. 
 
É regulamentado, ainda, pelo Regulamento do Imposto de Renda, 
instituído pelo Decreto Federal nº 3.000/99. 
 
Adicionalmente, também é regulado por uma série de Instruções, 
Portarias etc. 
 
Essa ampla legislação faz desse imposto um dos tributos mais 
³GLItFHLV�FRPSOH[RV´�GR�RUGHQDPHQWR�MXUtGLFR�EUDVLOHLUR� 
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Mas não se preocupem: para fins de Exame da OAB, basta 
conhecer as disposições Constitucionais, do CTN e as súmulas de 
jurisprudência! 
 
O examinador não cobrará nada além disso! 
 
Pois bem. Um dos assuntos mais exigidos no exame da OAB no que 
tange ao Imposto de Renda é o seu fato gerador. 
 
O fato gerador do referido imposto é previsto no art. 43 do CTN: 
 
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e 
proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da 
disponibilidade econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da 
combinação de ambos; 
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os 
acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. 
 
Vejamos os elementos que caracterizam o fato gerador do Imposto de 
Renda: 
 
I) aquisição de disponibilidade econômica (efetivo recebimento, ou 
seja, que já está no poder de quem recebe e que, por isso, já se pode usar e 
dispor imediatamente) OU jurídica (crédito reconhecido, que pode 
juridicamente dispor, sem qualquer condição suspensiva, como um cheque, 
uma ordem de pagamento) de renda, assim entendido o produto do capital, do 
trabalho ou da combinação de ambos. 
 
Renda, portanto, é o acréscimo patrimonial decorrente de: 
 
¾ Capital: aluguel, juros, rendimentos em aplicações financeiras, 
lucros etc., isto é, aquilo que se aufere em razão de um bem de 
capital; ou 
 
¾ Trabalho: salário, honorário, comissão, pró-labore etc.; 
 
¾ Do capital combinado com o trabalho: um taxista, por 
H[HPSOR��TXH�³WUDEDOKD´�FRP�XP�³EHP�GH�FDSLWDO´�VHX��R�FDUUR��� 
 
II) aquisição de proventos de qualquer natureza: são os acréscimos 
patrimoniais não compreendidos no conceito de renda (isto é, que não vêm do 
capital ou do trabalho ou da combinação de ambos), como um prêmio de 
loteria, uma recompensa, um achado etc. 
 
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Portanto, atenção: o Imposto de Renda tem como fato gerador um 
acréscimo patrimonial decorrente do capital, do trabalho, da combinação de 
ambos ou não, desde que implique em acréscimo patrimonial. 
 
Por isso ± atenção novamente ± p� LQGLIHUHQWH� R� QRPH� GD� ³UHQGD´�
auferida. O que importa é a essência: renda advinda do capital, do trabalho, da 
combinação de ambos, conforme prescreve o § 1º do art. 43 do CTN em 
questão: 
 
Art. 43 (...) 
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou 
do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da 
fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, 
de 2001) 
 
Portanto, atenção, muita atenção: o Imposto de Renda tem 
como fato gerador um acréscimo patrimonial. Se não houve acréscimo 
patrimonial, não há fato gerador do imposto.Por isso são excluídas da incidência do Imposto de Renda 
todas as verbas ou recebimentos com natureza de indenização, pois 
indenização é a recomposição de um patrimônio. 
 
'LWR� GH� RXWUR� PRGR�� QD� LQGHQL]DomR� QmR� Ki� ³DFUpVFLPR´�
SDWULPRQLDO�� PDV� VRPHQWH� D� ³UHFRPSRVLomR´� SDUD� UHVWDEHOHFr-lo ao 
PHVPR�³QtYHO´�HP�TXH�VH�HQFRQWUDYD�DQWHV�GR�DWR�OHVLYR� 
 
Há, inclusive, diversas súmulas sobre a questão: 
 
Súmula 125 do STJ: ³2� SDJDPHQWR� GH� IpULDV� QmR� JR]DGDV� SRU�
necessidade do serviço não está sujeita à incidência do Imposto de 
5HQGD´� 
 
Súmula 215 do STJ: ³$� LQGHQL]DomR� UHFHELGD� SHOD� DGHVmR� D�
programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à 
incidência GR�LPSRVWR�GH�UHQGD�´ 
 
Súmula 386 do STJ: ³São isentas de imposto de renda as 
LQGHQL]Do}HV�GH�IpULDV�SURSRUFLRQDLV�H�R�UHVSHFWLYR�DGLFLRQDO�´ 
 
Súmula 498 do STJ: ³Não incide imposto de renda sobre a 
LQGHQL]DomR�SRU�GDQRV�PRUDLV�´ 
 
Pois bem. Além daqueles Princípios Gerais de Direito Tributário já 
vistos (da Legalidade, da Anterioridade etc.), por expressa previsão 
constitucional (art. 153, § 2º, inciso II) o Imposto de Renda também se 
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subordina a alguns princípios específicos, quais sejam, o da generalidade, o da 
universalidade e o da progressividade: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
�����´ 
§ 2º - O imposto previsto no inciso III: 
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e 
da progressividade, na forma da lei; 
(...). 
 
Generalidade: significa que o Imposto de Renda deve alcançar a 
todas as pessoas. O imposto deve atingir de forma igualitária todos os 
contribuintes, independentemente da profissão, estado civil, etnia etc. 
 
Universalidade: o imposto alcança todo o acréscimo patrimonial, isto 
é, todas as rendas do contribuinte (inclusive, em regra, os rendimentos 
auferidos no exterior, salvo se houver o afastamento da regra nacional de 
tributação por uma Convenção ou Acordo Internacional, que é possível). 
 
Progressividade: a alíquota (consistente no percentual a ser aplicada 
sobre a base de cálculo, consistente no valor da renda auferida) será maior na 
medida em que seja maior o montante da base de cálculo (a renda tributável). 
O imposto aumenta na medida em que a renda tributável aumenta. 
 
A progressividade decorre do já estudado Princípio da Capacidade 
Contributiva, previsto no § 1º do art. 145 da CF: 
 
Art. 145. (...) 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado 
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a 
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos 
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades 
econômicas do contribuinte. 
�����´ 
 
Pois bem. Conforme já vimos de forma pormenorizada ao estudarmos 
os Princípios Gerais de Direito Tributário, o Imposto de Renda não se submete 
ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou Noventena: 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
(...) 
III - cobrar tributos: 
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(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na 
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...) 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos 
nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, 
c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e 
V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos 
nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 42, de 19.12.2003) 
�����´ 
 
3RUWDQWR�� TXDQWRV� jV� ³DQWHULRULGDGHV´�� R� ,PSRVWR� GH� 5HQGD� Vy� VH�
submete ao Princípio da Anterioridade de Exercício. 
 
Por fim, atualmente o referido imposto se sujeita ao lançamento do 
tipo por homologação. 
 
 
1.4) Imposto sobre Produtos Industrializados ± IPI 
 
O inciso IV do art. 153 da Constituição Federal também atribui 
competência à União para instituir o IPI ± Imposto sobre Produtos 
Industrializados: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
IV ± produtos industrializados; 
(...). 
 
Em âmbito infraconstitucional é disciplinado pelo CTN, que define seu 
fato gerador no art. 46: 
 
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos 
industrializados tem como fato gerador: 
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; 
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo 
único do artigo 51; 
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a 
leilão. 
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se 
industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer 
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe 
para o consumo. 
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Assim, nos termos do art. 46 do CTN, o fato gerador do IPI é 
configurado por 3 (três) diferentes situações): 
 
a) pelo desembaraço aduaneiro daquele produto definido como 
industrializado no parágrafo único, quando de procedência 
estrangeira; 
 
b) pela saída desses produtos industrializados do estabelecimento do 
contribuinte; 
 
c) pela arrematação desses produtos industrializados, quando 
apreendidos e levados a leilão. 
 
Portanto, atenção: incidirá o IPI acaso ocorra as 3 (três) hipóteses 
DFLPD�� PXLWR� HPERUD� R� LWHP� ³E´� �VDtGD� GH� SURGXWRV� LQGXVWULDOL]DGRV� GR�
estabelecimento do industrializador) seja a mais conhecida. 
 
Pois bem. Conforme já explicamos diversas vezes, nem a CF e nem o 
CTN instituem tributos, pois isso é feito, em regra, por meio de lei ordinária do 
ente tributante. 
 
Pois bem. Em âmbito legal, o IPI é disciplinado pelo Decreto Federal 
nº 7.212/10. 
 
Atenção: todo o regramento do IPI ocorre e ocorreu por meio de lei 
em sentido estrito, mas, como havia muitas leis espalhadas, o referido Decreto 
teve a função de consolidar a legislação. Logo, é um decreto consolidador da 
legislação, não havendo, assim, qualquer inconstitucionalidade por afronta ao 
Princípio da Legalidade. 
 
De acordo com o inciso I do § 3º do art. 153 da CF, o IPI será 
seletivo, em função da essencialidade do produto: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
IV ± produtos industrializados; 
(...). 
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: 
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; 
(...). 
 
Trata-se do Princípio Constitucional da Seletividade do IPI. 
 
Portanto, a imposição da seletividade em função da essencialidade do 
produto decorre da Constituição Federal (sendo, inclusive, um dos princípios 
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específicos do IPI), mas importa destacar que a mesma regra está prevista no 
art. 48 do CTN: 
 
Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos 
produtos. 
 
Contudo, para todos os efeitos, principalmente para os fins de Exame 
de Ordem, o fundamento da seletividade é constitucional! 
 
Pois bem. De acordo com o referido princípio, a carga tributária a 
título de IPI deve ser maior sobre os produtos de baixa essencialidade ou 
VXSpUIOXRV��EHP�FRPR�VREUH�RV�³GHVDFRQVHOKiYHLV´��DR�PHVPR�WHPSR�HP�TXH�
deve ser menor sobre os artigos de alta essencialidade. 
 
Logo, as alíquotas do IPI devem ser inversamente proporcionais à 
essencialidade dos produtos. 
 
Por exemplo: bebidas alcoólicas e cigarro são produtos cujo consumo 
é desaconselhável; perfumes e cosméticos são supérfluos; e caviar e chocolate 
são de baixa essencialidade, razão pela qual devem sofrer uma carga tributária 
³PDLV�SHVDGD´�D�WtWulo de IPI. Ao contrário, arroz, feijão, macarrão, farinha etc. 
são produtos altamente essenciais. Dessa forma, a tributação daqueles terá 
uma alíquota (%) muito maior do que a alíquota desses últimos. 
 
Atenção: o inciso I do § 3º do art. 153 da CF prescreve que o IPI 
³VHUi´�VHOHWLYR��H�QmR�TXH�³SRGHUi�VHU´� 
 
Portanto, é uma ordem! E não uma faculdade dada à União. 
 
A União não tem escolha: precisa obedecer ao Princípio da 
Seletividade quando prevê, na lei, as alíquotas do IPI. 
 
Pois bem. Assim como ocorre em relação aos Impostos de Importação 
e de Exportação acima vistos, a Constituição Federal permite ao Chefe do Poder 
Executivo da União aumentar ou diminuir o percentual da alíquota do IPI por 
meio de Decreto, desde que obedecidos os limites máximo e mínimo 
estipulados em lei: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
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VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os 
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos 
enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
(...). 
 
Por exemplo: imaginemos que a lei criadora do IPI ± Imposto sobre 
Produtos Industrializados (art. 153, inciso IV, da CF/88) tenha criado como 
parâmetro mínimo a alíquota de 0% (zero por cento) e como parâmetro 
máximo a alíquota de 300% (trezentos por cento). Fora obedecido, portanto, o 
Princípio da Estrita Legalidade quanto à criação do tributo, pois a criação se deu 
por meio de lei, que previu aqueles limites. Ocorre que dentro desses limites 
(de 0 a 300%) poderá o Chefe do Poder Executivo, por meio de Decreto, 
aumentar ou diminuir o tributo, desde que obedeça, reitera-se, aos limites 
legais (de 0 a 300%). 
 
Portanto, também em relação ao IPI, as alíquotas podem ser 
modificadas por Decreto, desde que obedecidos os limites mínimo e máximo 
estipulados em lei. 
 
Atenção: no momento de fixar as alíquotas do IPI por meio do 
Decreto, o Chefe do Poder Executivo deverá obedecer àquela diretriz 
consubstanciada no Princípio da Seletividade, além dos limites mínimo e 
máximo estipulados na lei, considerando, assim, que a carga tributária a título 
de IPI deve ser maior sobre os produtos de baixa essencialidade ou supérfluos, 
EHP� FRPR� VREUH� RV� ³GHVDFRQVHOKiYHLV´�� DR� PHVPR� WHPSR� HP� TXH� GHYH� VHU�
menor sobre os artigos de alta essencialidade. 
 
O inciso II do § 3º do art. 153 em questão prescreve, por sua vez, que 
o IPI será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação 
com o montante cobrado nas anteriores: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
IV ± produtos industrializados; 
(...). 
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: 
(...). 
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada 
operação com o montante cobrado nas anteriores; 
(...). 
 
Trata-se, agora, do constitucionalmente consagrado Princípio da Não-
cumulatividade do IPI. 
 
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$OpP�GD�SUHYLVmR�FRQVWLWXFLRQDO��RQGH�HQFRQWUD�R�VWDWXV�GH�³SULQFtSLR´��
também está prevista no art. 49 do CTN, que explica como deve se operar a 
não-cumulatividade: 
 
Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o 
montante devido resulte da diferença a maior, em determinado 
período, entre o imposto referente aos produtos saídos do 
estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. 
Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor 
do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes. 
 
Assim, com base no Princípio da Não-cumulatividade, o contribuinte 
faz um registro em sua escrituração fiscal, como crédito, do valor pago a título 
de IPI sobre o produto que está ingressando em seu estabelecimento em razão 
da respectiva operação (terá como crédito de IPI o valor do imposto pago por 
quem lhe vendeu o produto). 
 
Após, esse mesmo contribuinte faz outro registro, como débito, do 
valor do IPI calculado sobre os produtos que saírem do seu estabelecimento. 
 
No final de cada mês ele fará uma operação de confronto entre os 
³FUpGLWRV´�H�RV�³GpELWRV´��,Ui�DSXUDU�R�PRQWDQWH�GHYLGR�RX�GR saldo do crédito 
(se há débito ou crédito) com essa operação matemática: crédito menos débito. 
 
A não-cumulatividade é aplicada, portanto, por meio de um regime de 
compensação. 
 
Em última análise, o IPI incide somente sobre o valor agregado em 
cada operaçmR�� FRP�D� ILQDOLGDGH�GH� VH� HYLWDU� R� ³HIHLWR� FDVFDWD´� GD� WULEXWDomR�
(ou imposto sobre imposto). 
 
Atenção: por ser um princípio, a não-cumulatividade é uma garantia 
constitucional do contribuinte e, por isso, não pode sofrer afronta por qualquer 
tipo de instrumento legal! 
 
Dando continuidade, consoante disposto no inciso III do referido § 3º 
do art. 153 da CF, o IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados 
ao exterior: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
IV ± produtos industrializados; 
(...). 
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: 
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao 
exterior. 
(...). 
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Trata-se, no caso, de uma imunidade tributária. 
 
Sabemos que todas as vezes que o constituinte tenha previsto que um 
imposto não é devido, ele instituiu, em verdade, uma imunidade tributária. 
 
Portanto, todo aquele que destina produtos industrializados para o 
exterior tem imunidade tributária de IPI. 
 
Ainda, de acordo com o inciso IV do dispositivo em questão, o impacto 
do IPI (isto é, sua carga)será reduzida sobre a aquisição de bens de capital 
pelo contribuinte do imposto: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
IV ± produtos industrializados; 
(...). 
§ 3º O imposto previsto no inciso IV: 
IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital 
pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...). 
 
Atenção: QRYDPHQWH�R�FRQVWLWXLQWH�DILUPRX�TXH�³WHUi´��GH�PRGR�TXH�
a referida redução não é uma faculdade atribuída à União, mas sim um dever! 
 
Quanto à base de cálculo (valor sobre o qual será aplicada a alíquota, 
indicada por meio de um percentual - %), o IPI possui uma peculiaridade. 
 
Vimos que o art. 46 do CTN prescreve que o seu fato gerador é 
configurado por 3 (três) diferentes situações: 
 
a) pelo desembaraço aduaneiro daquele produto definido como 
industrializado no parágrafo único, quando de procedência 
estrangeira; 
 
b) pela saída desses produtos industrializados do estabelecimento do 
contribuinte; 
 
c) pela arrematação desses produtos industrializados, quando 
apreendidos e levados a leilão. 
 
Pois bem. De acordo com o art. 47 do CTN, a composição da base de 
cálculo do IPI será diferente em relação à cada uma das hipóteses acima: 
 
Art. 47. A base de cálculo do imposto é: 
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I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como 
definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante: 
a) do imposto sobre a importação; 
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; 
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele 
exigíveis; 
II - no caso do inciso II do artigo anterior: 
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria; 
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente 
da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do 
remetente; 
III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação. 
 
Assim, no caso de mercadoria importada, a base de cálculo do IPI é a 
mesma do imposto de importação, acrescido do próprio imposto de importação 
(o valor do II passa é somado na base de cálculo do IPI/Importação), das taxas 
exigidas para entrada do produto no País e ainda dos encargos cambiais 
efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (esses outros valores 
também são somados na base de cálculo do IPI/Importação). 
 
Diferentemente, no caso de produtos industrializados nacionais, a 
base de cálculo do IPI é o valor da operação de que decorrer a saída destes do 
estabelecimento do contribuinte, ou, não tendo valor a operação, ou sendo 
omissos os documentos respectivos, a base de cálculo será o preço corrente da 
mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista da praça do contribuinte. 
 
Por fim, acaso se trate de produto leiloado, a base de cálculo do IPI 
será o preço da respectiva arrematação. 
 
Quanto à figura do contribuinte, o art. 51 do CTN também faz uma 
distinção acaso de trate de cada uma das três possibilidades acima descritas: 
 
Art. 51. Contribuinte do imposto é: 
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; 
II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; 
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça 
aos contribuintes definidos no inciso anterior; 
IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados 
a leilão. 
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se 
contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, 
industrial, comerciante ou arrematante. 
 
Ao indicar a figura do contribuinte, o CTN busca ser coerente, portanto 
(e consegue), com aquelas 3 (três) possíveis materialidades indicadas no seu 
art. 46. 
 
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Conforme já mencionado acima, já estudamos os Princípios Gerais de 
Direito Tributário de forma mais detalhada no início do nosso curso. Naquele 
momento explicamos que o Imposto sobre Produtos Industrializados não se 
submete ao Princípio da Anterioridade de Exercício (atenção, de exercício): 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
(...) 
III - cobrar tributos: 
(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na 
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...) 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação 
do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 
153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos 
impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
�����´ 
 
PortanWR�� TXDQWRV� jV� ³DQWHULRULGDGHV´�� R� ,PSRVWR� GH� 6REUH� 3URGXWRV�
Industrializados só se submete ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal ou 
Noventa, mas não ao de Exercício, significando que suas alterações podem 
surtir efeitos no mesmo exercício, desde que obedecido o intervalo mínimo de 
90 (noventa) dias. 
 
O referido imposto também se sujeita ao lançamento do tipo por 
homologação. 
 
 
1.5) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e sobre 
Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários ± IOF 
 
O inciso V do art. 153 da Constituição Federal atribui competência à 
União, por sua vez, para instituir o imposto conhecido como IOF, cujo nome 
³FRPSOHWR´� p� Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e sobre 
Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
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(...). 
 
Da mesma forma como ocorre em relação ao IPI, há inúmeras leis que 
tratam do IOF, mas é possível consulta-las no Decreto Federal nº 4.494/02, que 
consolida em texto único os vários diplomas legais e até mesmo as convenções 
internacionais sobre o tema. 
 
Em âmbito infraconstitucional é disciplinado pelo CTN quanto às suas 
normas gerais, que define seu fato gerador no art. 63: 
 
Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de 
crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e 
valores mobiliários tem como fato gerador: 
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total 
ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da 
obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; 
II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de 
moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou 
sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à 
moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por 
este; 
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da 
apólice ou do documentoequivalente, ou recebimento do prêmio, na 
forma da lei aplicável; 
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a 
emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei 
aplicável. 
 
Pois bem. Assim como ocorre em relação ao IPI acima visto, o CTN 
prescreve que o fato gerador do IOF é a realização de uma operação (negócio 
jurídico) que tem por objetos aqueles 4 (quatro) qualificativos: crédito, câmbio, 
seguro e títulos e valores mobiliários. 
 
Operação, portanto, é negócio jurídico, e para fins de incidência do 
IOF deverá a operação ter por objeto uma daquelas 4 (quatro) hipóteses. 
Vejamos cada uma delas: 
 
IOF-Operação de crédito (inciso I do art. 63): o dispositivo legal 
prescreve que o seu fato gerador é a efetivação da entrega, total ou parcial, do 
montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação (crédito), ou sua 
colocação à disposição do interessado. 
 
Assim, ocorre operação de crédito quando alguém efetua uma 
prestação presente contra a promessa de uma prestação futura, tendo por 
objeto coisa fungível. 
 
Há, dessa forma, a presença de 2 critérios: confiança e o tempo. 
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Essa hipótese de incidência possui algumas polêmicas, como a 
discussão acerca do cabimento do IOF sobre a Caderneta de Poupança. 
 
De acordo com a jurisprudência, a Caderneta de Poupança não se 
inclui no conceito de operação de crédito. 
 
O STF já editou, inclusive, uma Súmula censurando lei da União que 
pretendeu fazer incidir IOF sobre simples saques efetuados em conta poupança: 
 
Súmula 664 do STF: ³e�LQFRQVWLWXFLRQDO�R� LQFLVR�9�GR�DUW���ž�GD�/HL�
8.033/90, que instituiu a incidência do imposto nas operações de 
crédito, câmbio e seguros - IOF sobre saques efetuados em caderneta 
GH�SRXSDQoD�´ 
 
As decisões da referida corte foram baseadas na seguinte premissa: 
não há troca de bem presente por promessa de entrega de bem futuramente 
(negócio jurídico de crédito). 
 
Em verdade, a instituição financeira funciona, no caso dos depósitos 
em Caderneta de Poupança, como uma depositária de bens de terceiros, o que 
não configura operação de crédito, conforme acima resumidamente definido. 
 
Atenção: a mesma inteligência pode ser aplicada em relação aos 
depósitos judiciais. 
 
II) IOF-Operação de Câmbio (inciso II do art. 63): quanto às 
operações de câmbio, o CTN prescreve que seu fato gerador ocorre pela 
entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, 
ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à 
moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição. 
 
O fato gerador ocorre, assim, quando há um negócio jurídico de troca 
de moeda de nacionalidades diferentes, ambas com existência de valores atuais 
(não há extinção de moedas). 
 
Atenção: não incide IOF, portanto, sobre a compra de moeda antiga, 
fora de circulação, para fins de coleção ou outra finalidade. Como nesse caso a 
PRHGD�HVWi�IRUD�GH�FLUFXODomR��HOD�GHL[D�GH�VHU�³PRHGD´�SDUD�ILQV�PRQHWiULRV�H�
passa a ser um mero bem. 
 
III) IOF-Operação de seguro (inciso III do art. 63): quanto às 
operações de seguro, o fato gerador ocorre com pela emissão da apólice ou do 
documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável. 
 
O negócio jurídico de seguro é bem definido no Código Civil: 
 
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Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o 
pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, 
relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. 
 
Operação de seguro ocorre, portanto, quando há um negócio jurídico 
pelo qual se garante algo contra o risco eventual de dano. 
 
IV) IOF-Operação relativa a títulos e valores mobiliários (inciso 
IV do art. 63): nesse caso o CTN prescreve que o fato gerador ocorre com a 
emissão, transmissão, pagamento ou resgate desses títulos, na forma da lei 
aplicável. 
 
3RLV� EHP�� ³7tWXORV´� Vão os títulos de crédito em geral (doutrina 
FRPHUFLDOLVWD��� H� RV� ³YDORUHV� PRELOLiULRV´� VmR� GLUHLWRV� UHVXOWDQWHV� GH�
investimentos, dotados de circulabilidade, corporificados num instrumento ou 
registrados escrituralmente, como, por exemplo, as ações de empresas 
negociadas nas bolsas de valores. 
 
Portanto, o fato gerador ocorre quando há um negócio jurídico que 
implica ± atenção ± na transferência de titularidade desses títulos e valores 
mobiliários. 
 
Atenção: se uma operação de crédito está representada pela 
emissão, pagamento ou resgate de um título, a incidência é uma só. Não 
haverá uma incidência sobre a operação de crédito e outra sobre a emissão, 
pagamento ou resgate do título que a represente, nos termos do parágrafo 
único do artigo 63 do CTN: 
 
Art. 63 (...) 
Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no 
inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou 
resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito. 
 
Pois bem. Mais uma vez sendo coerente com as 4 (quatro) possíveis 
materialidades acima, o art. 64 do CTN define as seguintes bases de cálculo: 
 
Art. 64. A base de cálculo do imposto é: 
I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, 
compreendendo o principal e os juros; 
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda 
nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; 
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio; 
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: 
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; 
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação 
em Bolsa, como determinar a lei; 
c) no pagamento ou resgate, o preço. 
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Quanto às alíquotas. Da mesma forma como ocorre em relação aos 
Impostos de Importação, de Exportação e sobre Produtos Industrializados 
acima vistos, a Constituição Federal também permite ao Chefe do Poder 
Executivo da União aumentar ou diminuir o percentual da alíquota do IOF por 
meio de Decreto, desde que obedecidos os limites máximo e mínimo 
estipulados em lei: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou 
nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou 
valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os 
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos 
enumerados nos incisos I, II, IV e V. 
(...). 
 
Portanto, tendo em vista que o IOF também é um imposto extrafiscal, 
as suas alíquotas podem ser modificadas por Decreto, desde que obedecidos os 
limites mínimo e máximo estipulados em lei. 
 
Reitera-se: assim como ocorre em relação aos Impostos de 
Importação, de Exportação e sobre Produtos Industrializados.Atenção: também para o IOF (assim como para o II e para o IE) o 
CTN tem uma regra parecida com aquela constante no § 1º do art. 153 da CF. 
Vejamos: 
 
Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites 
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do 
imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política monetária. 
 
Cabe, contudo, aquela mesma advertência feita quando estudamos o 
II e o IE, de que a parte desse dispositivo que permite a alteração da base de 
cálculo por Decreto não foi recepcionada pela Constituição Federal. 
 
Quanto à figura do contribuinte, o CTN prescreve, no art. 66, que: 
 
Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação 
tributada, como dispuser a lei. 
 
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Portanto, a indicação do contribuinte fica a critério do legislador 
ordinário, podendo ser quem concede ou quem toma o crédito, quem compra 
ou quem vende moeda etc., desde que seja parte na operação. 
 
Pois bem. Nos termos do já visto § 1º do art. 150 da CF, o IOF 
também não se submete aos Princípios da Anterioridade de Exercício e da 
Anterioridade Nonagesimal: 
 
Art. 150. É vedado... 
(...) 
III - cobrar tributos: 
(...) 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que 
os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na 
alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...) 
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos 
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a 
vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos 
nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base 
de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
 
O constituinte dispensou a aplicação dos referidos princípios ao IOF 
justamente em razão de sua função extrafiscal (vide acima), já que esse 
imposto se presta à manipulação da política de crédito, câmbio, seguro e de 
transferência de valores. 
 
Esse imposto também se sujeita ao lançamento do tipo por 
homologação. 
 
 
1.6) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ± ITR 
 
De acordo com o inciso VI do art. 153 da CF: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
VI - propriedade territorial rural; 
(...). 
 
Com fundamento no dispositivo constitucional em questão e 
obedecendo às normas gerais dispostas no CTN, a União editou a Lei Federal nº 
9393/96 instituindo do ITR. 
 
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Quanto ao fato gerador do ITR, o inciso VI do art. 153 em questão 
SUHVFUHYH�TXH�p�³VHU�SURSULHWiULR´�GH�EHP�LPyYHO�UXUDO�� 
 
&RQWXGR�� R� YRFiEXOR� ³SURSULHGDGH´� H[SUHVVR� GD� &)���� GHYH� VHU�
entendido de forma ampla, sendo que a explicitação dessa amplitude e a 
FRQVHTXHQWH�DEUDQJrQFLD�GD�H[SUHVVmR�³SURSULHGDGH´�QRV�p�GDGD�SHOR�DUW�����
do CTN: 
 
Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade 
territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou 
a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização 
fora da zona urbana do Município. 
 
3RUWDQWR�� R� IDWR� JHUDGRU� GR� ,75� p� ³VHU� SURSULHWiULR´�� ³WHU� R� GRPtQLR�
~WLO´�RX�VHU�³SRVVXLGRU´�GH�EHP�LPyYHO�XUEDQR�� 
 
Não há, importa mencionar, qualquer questionamento acerca dessa 
amplitude feita pelo CTN. 
 
Quanto à propriedade, é aquela definida como tal no art. 1.228 do 
Código Civil (Direito de usar, gozar, dispor e de reaver a coisa), sendo certo que 
a propriedade de bem imóvel ocorre com o registro, junto ao Cartório de 
Registro de Imóveis, do ato translativo (escritura). 
 
No que tange ao domínio útil, tem-se como exemplo a já extinta 
enfiteuse (direito real que confere ao seu titular, enfiteuta ou foreiro, a posse, o 
uso e gozo de imóvel alheio, alienável, o qual se obriga a pagar ao titular do 
domínio da coisa - senhorio direto - uma pensão anual invariável, que é o foro). 
 
Como o instituto da enfiteuse foi extinto pelo Código Civil em vigor 
(permanecendo válida, porém, aquelas já instituídas com base na legislação 
anterior), tem-VH�FRPR�H[HPSOR�DWXDO�GH�GRPtQLR�~WLO�R�³'LUHLWR�GH�6XSHUItFLH´�
(que ³VXEVWLWXLX´� D� HQILWHXVH��� SUHYLVWR� QR� DUW�� ������� LQFLVR� ,,�� H� DUWLJRV�
1.369/1.377, do Código Civil. 
 
Portanto, o superficiário é sujeito passivo do ITR. 
 
Essa sujeição passiva consta, inclusive, no art. 1.371 do CC: 
 
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que 
incidirem sobre o imóvel. 
 
Por fim, quanto à posse para fins de ITR, não se configura o fato 
gerador a mera detenção: deve ser aquela posse qualificada pela intenção de 
adquirir a propriedade (posse com animus domini). 
 
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Ocorre que a jurisprudência tem decidido que o ITR não será devido 
acaso o imóvel seja invadido, destituindo o seu proprietário, assim, daqueles 
poderes inerentes à propriedade (direito de usar, gozar e dispor): 
 
TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO 
MOVIMENTO "SEM TERRA". PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS 
INERENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA 
DA EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. (...) 3. Ofende os princípios básicos da 
razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de garantia 
de propriedade e, concomitantemente, exercer a sua prerrogativa de 
constituir ônus tributário sobre imóvel expropriado por particulares 4. 
(...) Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, 
essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido, 
pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre 
o imóvel. 5. Com a invasão do movimento "sem terra", o direito da 
recorrida ficou tolhido de praticamente todos seus elementos: não há 
mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; 
consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a 
partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou de benefícios para a 
proprietária. (...) O proprietário, por possuir o domínio sobre o imóvel, 
deve atender aos objetivos da função social da propriedade; por 
conseguinte, se não há um efetivo exercício de domínio, não seria 
razoável exigir desse proprietário o cumprimento da sua função social, 
o que se inclui aí a exigência de pagamento dos impostos reais. 
 
Pois bem. O ITR incide sobre a propriedade, o domínio útil ou aquela 
posso sobre bem imóvel rurDO� HQTXDQWR� ³WHUUD� QXD �´� RX� VHMD�� QmR� VmR�
considerados para fins do imposto (isto é, para o seu cálculo) as benfeitorias, 
construções, plantações etc. existente no imóvel. 
 
Portanto, atenção: o ITR incide somente e tão somente sobre o 
imóvel por natureza! Não incide sobre o imóvel por acessão física! 
 
Em regra, o fato gerador do IPTU ocorre em 1º de janeiro de cada 
ano. 
 
Conforme já indicamos acima, o ITR é devido relativamente aos 
imóveis situados na área rural. 
 
Pois bem. A delimitação da área urbana e da árearural compete 
exclusivamente ao Município, que o faz por meio de sua legislação ordenadora 
do solo (Plano Diretor). 
 
Assim, por exclusão, aquilo que não for área urbana segundo o Plano 
Diretor do Município será área rural. 
 
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Pois bem. Muita, mas muita atenção: o art. 29 do CTN utiliza o 
critério topográfico (da localização) como definidor da incidência do ITR. 
 
No entanto, logo após a publicação do CTN (que ocorreu em 
25/10/1966) fora publicado o Decreto-lei nº 57, de 18 de novembro de 1966, 
que trouxe as seguintes disposições: 
 
Art. 14. O disposto no art. 29 da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, 
não abrange o imóvel que, comprovadamente, seja utilizado como 
"sítio de recreio" e no qual a eventual produção não se destine ao 
comércio, incidindo assim, sôbre o mesmo impôsto sôbre a 
Propriedade Predial e Territorial Urbana, a que se refere o art. 32 da 
mesma lei. 
 
Art. 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 
1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado 
em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, 
incidindo assim, sôbre o mesmo, o ITR e demais tributos com o 
mesmo cobrados. 
 
Assim, de acordo com o referido Decreto-lei nº 57/1966, o imóvel 
localizado na área rural do Município que seja utilizado como "sítio de recreio" e 
no qual a eventual produção não se destine ao comércio, sofrerá a incidência do 
IPTU (art. 14). 
 
De outro lado, o imóvel localizado na área urbana do Município que 
seja utilizado na exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou 
agroindustrial, deverá sofrer a incidência do ITR ± Imposto Territorial Rural e 
demais tributos com o mesmo cobrados (art. 15). 
 
O Decreto-lei nº 57, de 18 de novembro de 1966, prestigia, portanto, 
o critério da utilização do imóvel. 
 
Ocorre que a jurisprudência já sedimentou o entendimento de que o 
referido Decreto-lei nº 57/1966 também foi recepcionado pela Constituição 
Federal de 1988 com o status de Lei Complementar, tal qual o CTN, e por lhe 
ser superveniente, as alterações promovidas pelos referidos artigos 14 e 15 
são, portanto, válidas, vigentes e aplicáveis. Vejamos: 
 
TRIBUTÁRIO. IPTU. ITR. FATO GERADOR. IMÓVEL SITUADO NA ZONA 
URBANA. LOCALIZAÇÃO. DESTINAÇÃO. CTN, ART. 32. DECRETO-LEI 
N. 57/66. VIGÊNCIA. 1. Ao ser promulgado, o Código Tributário 
Nacional valeu-se do critério topográfico para delimitar o fato gerador 
do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o 
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR): se o imóvel 
estivesse situado na zona urbana, incidiria o IPTU; se na zona rural, 
incidiria o ITR. 2. Antes mesmo da entrada em vigor do CTN, o 
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Decreto-Lei nº. 57/66 alterou esse critério, estabelecendo estarem 
sujeitos à incidência do ITR os imóveis situados na zona rural quando 
utilizados em exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial. 
3. A jurisprudência reconheceu validade ao DL 57/66, o qual, assim 
como o CTN, passou a ter o status de lei complementar em face da 
superveniente Constituição de 1967. Assim, o critério topográfico 
previsto no art. 32 do CTN deve ser analisado em face do comando do 
art. 15 do DL 57/66, de modo que não incide o IPTU quando o imóvel 
situado na zona urbana receber quaisquer das destinações previstas 
nesse diploma legal. 5HFXUVR� HVSHFLDO� SURYLGR´� �5(VS� �92869/PR, 
Relator Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma, DJ 7/3/2005). 
 
Portanto, nos termos da legislação em vigor (acima vista), o imóvel 
ORFDOL]DGR�QD�]RQD�UXUDO�TXH�VH�GHVWLQH�j�XWLOL]DomR�FRPR�³VLWLR�GH� recreio", no 
qual a eventual produção não se destine ao comércio, sofrerá a incidência do 
IPTU, enquanto o imóvel localizado na área urbana do Município que seja 
utilizado na exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, 
sofrerá a incidência do ITR. 
 
Quanto ao sujeito passivo do ITR, será aquele que tiver a propriedade, 
a titularidade do domínio útil ou a aquela posse qualificada, nos termos do art. 
31 do CTN: 
 
Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular 
de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. 
 
Pois bem. Já vimos, ao estudarmos responsabilidade tributária, que os 
créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o 
domínio útil ou a posse de bens imóveis, incluindo-se, assim, o ITR, e aqueles 
relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens ou a 
contribuições de melhoria subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, 
salvo quando conste do título a prova de sua quitação: 
 
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador 
seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem 
assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais 
bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos 
respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua 
quitação. 
 
Portanto, a dívida de ITR pendente é transferida ao adquirente. 
 
4XDQWR�j�EDVH�GH�FiOFXOR�GR�,75��R�DUW�����GR�&71�SUHVFUHYH�TXH�³A 
EDVH�GR�FiOFXOR�GR�LPSRVWR�p�R�YDORU�IXQGLiULR�´ 
 
Valor fundiário é o valor da terra nua (VTN), que corresponde à 
avaliação do mercado imobiliário, excluindo-se o valor das construções, 
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edificações, benfeitorias, culturas permanentes e temporárias, pastagens 
cultivadas e melhoradas e florestas plantadas (art. 10º da Lei Federal 
9.393/96). 
 
Dito de outro modo, é o solo nu (SRU�LVVR�R�&71�PHQFLRQD�³LPyYHO�SRU�
QDWXUH]D´�� 
 
Importa relembrar que a mera atualização da base de cálculo do IPTU 
± porque não é aumento ± também não requer lei, constituindo exceção, assim, 
ao Princípio da Legalidade. 
 
Nesse sentido, vide § 2º do artigo 97 do CTN: 
 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
(...) 
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no 
inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva 
base de cálculo. 
 
Dessa forma, a simples atualização do valor monetário da base de 
cálculo do ITR pode ser feita por norma infralegal, como, por exemplo, um 
decreto. 
 
Assim, a lei ± necessariamente por lei ± determina que a base de 
cálculo é o valor venal do imóvel, pois a indicação do critério se submete ao 
Princípio da Legalidade, mas um Decreto pode ir atualizando esse valor ano a 
ano. 
 
Quanto à alíquota do ITR, a Constituição Federal prescreve, no inciso I 
do § 4º do art. 153, que ela será progressiva: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
(...) 
VI - propriedade territorial rural; 
(...) 
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a 
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
(...). 
 
Portanto, a progressividade do ITR é extrafiscal, pois objetiva 
desestimular a manutenção

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