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� editoravirtualis www.editoravirtualis.com � editoravirtualis 9 786580 573028 ISBN 978-65-80573-02-8 Direito Internacional do Trabalho - Volume 1 Object-group ALISON ROCHA PERSONAL DO CONCURSO 2 0 19 1 DIREITO ADMINISTRATIVO QUADROS EM A MELHOR TÉCNICA EM ESTUDOS E MEMORIZAÇÃOBolt COLEÇÃO ESTUDO EM QUADROS Responsabilidade Civil do Estado INCLUI Abordagem direcionada aos assuntos de maior incidência em concursos Quadors esquemáticos com diferenciações pontuais dos temas Enriquecedora complementação dos temas Questões Objetivas Comentadas relacionadas aos temas Resumo, bizu, mnemônico LE GI SL AÇ ÃO M UN IC IP AL - PR OC UR AD OR D O M UN IC ÍP IO - CU RI TI BA - PR www.editoravirtualis.com A coleção LEGISLAÇÃO PARA CONCURSOS vem suprir uma lacuna no mercado editorial no que diz respeito ao acesso de material legislativo impresso e organizado para o enfrentamento das vagas cada vez mais disputadas no serviço público. Para cada concurso específi co, foram colacionadas as principais e mais importantes leis federais, estaduais e municipais contidas no edital e regulamento do certame. Por serem específi cas, torna-se muito difi cultoso e, às vezes, até impossível, encontrar as leis exigidas nas provas, de maneira atualizada, compilada e impressa, o que força o candidato a estudá-las, de maneira desconfortável, em arquivos digitais ou, então, a ter que imprimir o material de estudo por conta própria. Acontece que muitos concursos permitem ao concorrente consultar legislação nas fases discursivas, o que acarreta ao candidato, já bastante preocupado com o gerenciamento de seu próprio tempo no decorrer da prova, ter que lidar com o difícil manuseio de pilhas de papéis impressos, sem a necessária e valiosa ajuda de índices que possam tornar mais proveitoso o seu desempenho e maximizar a localização dos assuntos de seu interesse. Assim, por meio desta coleção, o candidato terá as leis atualizadas para o concurso que irá prestar, compiladas de acordo com as exigências de cada edital ou regulamento. A maioria dos concursos não permite a consulta de legislação acompanhada de súmulas, anotações, referências, etc., desse modo, para cada certame são respeitados os termos contidos no edital ou regulamento respectivo. Contem sempre conosco em seus estudos! Editora Virtualis Um novo conceito de Editora Com gráfi ca própria e projeto edito- rial automatizado, a Editora Virtualis se posiciona como um novo conceito editorial no mercado. Acreditamos na educação e quere- mos ser parceiros dos leitores e can- didatos a concursos na busca dos seus sonhos e também ajudar a dis- seminar conteúdos somente restritos às faculdades e universidades (teses e dissertações). Com a tecnologia da diagramação com inteligência artifi cial consegui- mos publicar e organizar legislações, questões e materiais de estudo. Esta automação nos possibilita oferecer materiais gratuítos para download bem como a impressão sob demanda dos mesmos. 1 APRESENTAÇÃO O manual Direito Administrativo em Quadros é decorrência direta do “Método Aprovação em Concursos”, sendo uma das técnicas que criei e desen- volvi para estudar para concursos públicos (qualquer área, nível e carreira), já tendo obtido várias aprovações, a mais recente para Delegado da PF 2018. Como sabemos, a cada ano as notas de corte aumentam e as bancas exami- nadoras ficam mais exigentes, com isso, os detalhes começam a fazer muita diferença, principalmente quanto à administração do nosso tempo, de nossa organização, até a fixação do conteúdo das respectivas matérias. O problema que o estudante, seja iniciante ou avançado, depara-se com um “mundo” de informações, dificultando seu aprendizado e consequente progressão nos estudos. E para ajudar, aprendemos, praticamente, a vida toda (modelo tradicional de ensino) a dar atenção apenas para o conteúdo, deixando partes importantes de lado. Justamente por este motivo, desenvolvi a estratégia dos estudos por Quadros, percebi que o contato com o conteúdo fica mais didático, objetivo e com muita qualidade, aumenta consideravelmente o resultado nas provas de concursos, mesmo que seja para um estudante novato que tenha começado sua caminhada, ou para o avançado que estude faz anos, servindo como um material indispensável na revisão de reta final. A grande maioria dos Quadros são confeccionados na Vertical para facilitar a visualização do leitor referente às principais diferenças entre os assuntos, até porque os examinadores das bancas que confeccionam as questões misturam os conceitos e regras dos institutos para confundir e induzir o candidato ao erro. A lógica de se estudar com a estratégia dos Quadros se divide em três pontos principais: 1) O conteúdo é compactado lado a lado, evidenciando-se as diferenças dos institutos, com informações sintetizadas e direcionadas. Com uma simples leitura o estudante conseguirá sanar dúvidas, perceberá detalhes e diferenças o que não encontraria em outro material de forma conjunta e compactada e provavel- mente perderia horas e horas pesquisando. 2) Todos os assuntos do manual estão baseados em pesquisas e análises de 1000 provas de concursos e 100 mil questões de diversas bancas e carreiras, de ponta a ponta, somados aos esquemas, resumos, dicas, bizu para facilitar o aprendizado, 2 ainda temos a complementações do tema para enriquecer o conteúdo com legislação e posicionamentos da doutrina e juris- prudência atualizados. 3) Por fim, os Quadros também são acompanhados por ques- tões comentadas de concursos, mostrando para o concursando como os assuntos são cobrados. Ademais, o leitor terá acesso ao mais completo processo de memorização da atualidade: Quadros + Complementação + Questões Comentadas. Eu sempre sonhei com um material assim, por isso dediquei anos para confeccioná-lo e agora tenho a satisfação de poder compartilhar o segredo do meu sucesso com você. 3 NOTA DO AUTOR É com muito orgulho que trago a notícia sobre o compartilhamento dos meus arquivos (materiais) confeccionados em anos de lutas e acúmulo de expe- riências, conteúdo e informações. Este manual foi pensado e construído com base na minha experiência de dezenove anos em concursos públicos, será seu Guia Definitivo até Aprovação, um material inseparável tanto para seus estudos diários quanto para revisões, com direcionamento do conteúdo de maior relevância para seu concurso, abrangendo qualquer área (Autarquias; Fiscais; Bancárias; Tribunais; Segurança Pública) e cargo (Delegado; Promotor; Juiz; Defensor; Procurador; Analistas e Técnicos; PRF; Agentes e Escrivães). Importante destacar que fui aprovado em dez concursos públicos: Delegado da PF/18, ES e SC, bem como PRF, Agente Penitenciário Federal, Técnico Judiciário do TJRJ, entre outros, com material que confeccionei ao longo desta jornada, sempre baseando-me em estatísticas dos assuntos de maior incidência nas provas, os quais sempre converti e estruturei em forma de QUADROS abrangendo bizuis, macetes, resumos, quadros sinóticos, mnemônicos, questões comentadas e diversas estratégias que facilitem a memorização do conteúdo com qualidade em um curto espaço de tempo. Toda a obra é baseada em estatísticas minuciosas de provas anteriores, editais e perfis das bancas examinadoras. Neste sentido, o concursando conse- guirá dar atenção aos pontos mais importantes para sua prova sem perder tempo, com orientação suficiente para obter êxito no certame. Tudo isso será compartilhado com objetivo de auxiliar seus estudos da melhor forma, potencializar a fixação do conteúdo de maneira objetiva eeficiente para que possa realizar seu sonho de ser aprovado. Destaca-se que a coletânea “Estudo em Quadros” abrangerá as seguintes disciplinas: Língua Portuguesa, Informática, RLM, Direito Penal, Processo Penal, Leis Extravagantes Penais, Direito Constitucional, Civil, Processo Civil, Trabalho, Processo do Trabalho, Administrativo, Empresarial, Ambiental, Tributário, Eleitoral, Criminologia, Medicina Legal etc. Por fim, este manual, inicialmente, abrangerá a disciplina de Direito Administrativo e seus respectivos tópicos dentro daqueles com maior recor- rência em provas. 4 UM PEDAÇO DA MINHA HISTÓRIA Entenda como nasceu o “Método aprovação em concursos”. Salve, salve guerreiro(a)! Muitas pessoas não conhecem a minha história de vida, minha trajetória de concurseiro. Você passará a entender por que sou apaixonado pelo que faço e o motivo de ter tanto carinho e respeito por todos que buscam a realização do sonho de ser aprovado, precisamos um dos outros, essa caminhada é estressante e cansativa. Pois bem, antes de iniciar gostaria de enfatizar que decidi escrever esse capítulo da minha trajetória para que você entenda que precisei passar por processos dolorosos na vida para amadurecer e poder, assim, ajudar, auxiliar outras pessoas, para que não venham praticar os mesmos erros, para não sofrerem pelo que não vale a pena, não perderem tempo, pois a vida passa rápido demais. Começarei perguntando: Quantos anos você tinha no ano de 2000? Fez os cálculos rs. Então, eu já estava estudando em quanto muitos ainda usavam fraudas. Bom, agora vamos aos fatos reais vividos. No meu caso, antes de obter 10 aprovações, colecionei 10 reprovações em um período de quase 10 anos. Hoje, após 19 anos de acúmulo de experiência em concursos posso dizer que caí várias vezes, chorei, pensei em desistir, mas valeu muito a pena continuar e lutar até o fim. Neste contexto, no meu primeiro concurso que prestei em setembro de 2001 fiquei reprovado, foi para o cargo de Técnico judiciário do TJ RJ, mesmo acreditando que fosse aprovado com toda minha fé e força. c IMAGINE A CENA! Era muito inexperiente, na época não havia internet como hoje, era compli- cado, não havia essa iteração. Fiquei quase dez dias sem comer e dormir direito, foi “osso”. Ų DÁ PARA PIORAR? PIOR QUE DÁ. Logo depois, final de outubro de 2001 minha amada mãe faleceu, a situação piorou (lembrei aqui agora digitando esse texto até me emocionei). 5 Não tinha dinheiro para nada, crédito também não (nome no SPC e SERASA), faculdade sem pagar (detalhe, levei quase 9 anos para me formar por não ter dinheiro). Trabalhei com desinsetização, lembro quando fui fazer um serviço no cemi- tério, tive que entrar em um túmulo e as baratas subindo por dentro da roupa (macacão) kkkk. Sinto cócegas até hoje! Também vendi cerveja na praia, fui cobrador de telemensagem, dirigi Van (transporte alternativo) etc. Como disse, a vida não para, tinha que estudar e me virar trabalhando. Lembrando que minha primeira aprovação com a tão sonhada nomeação veio aos meus 29 anos de idade. Levei, praticamente, uma década para passar em meu primeiro concurso. Foi para o cargo de Investigador da PC RJ, em 2008. BACANA NÉ! Mas calma, não deu tempo de comemorar não. Por quê? Fiquei reprovado no Teste de Aptidão física, na última volta da corrida torci meu pé. Fiquei arrasado, chorei muito nesse dia, achei que nunca conseguiria vencer, lembro como se fosse hoje, passou um filme na minha cabeça, não conseguia entender o motivo de tanta desgraça na minha vida, parecia que nunca iria conseguir. O pior disso é que vazou pela vizinhança e diversas pessoas estavam sabendo que o “Alison”, aquele rapaz que estuda para concursos em fim foi aprovado. Engraçado que eu estava em uma das fases do concurso e já contava com o primeiro salário para pagar as contas atrasadas e “limpar meu nome” que estava no SPC e SERASA, tenso hein. As coisas só passaram a dar certo quando comecei a perceber que a vida é um processo constante de aprendizagem, que se eu esperasse o momento certo, a situação ideal, nunca seria aprovado no concurso, também percebi que só conteúdo (material) não seria suficiente, que havia outros detalhes importantes que precisava colocar em prática. A partir desse momento decidi a não me distrair com as criptonitas da vida (problemas do dia a dia que afetam nosso emocional), assumi as emoções da minha vida, comecei a criar meu próprio método e estratégias (sempre fui autodi- data neste sentido), listei minhas fraquezas e passei a corrigi-las até bater minha meta a longo prazo, ou seja, aprovação. Consegui chegar ao fim da jornada, cansado, com muitas cicatrizes, mas valeu MUITO a pena ter continuado. 6 Em 2010 tomei posse como Agente Penitenciário Federal, excelente carreira, no entanto, minha meta era ser delegado, por isso utilizei como concurso escada. Em 2012 fui aprovado, nomeado e empossado como Delegado de Polícia no Espírito Santo. Em 2016 tomei posse como Delegado de Polícia em Santa Catarina onde exerço a função atualmente. Em 2018/19 aprovado em toda primeira fase do concurso de Delegado da PF. Quais são as etapas da primeira fase? 1) Prova objetiva (11 disciplinas) 2) Três Discursivas e uma Peça-processual 3) Prova Oral 4) Teste de Aptidão Física (houve 41% de reprovação) 5) Psicotécnico 4) Exames Médicos 5) Prova de títulos 6) Investigação social A segunda etapa se perfaz no curso de formação na ANP e posteriormente nomeação. Destaco que a finalidade de ter feito este concurso tem como fator principal a atualização do meu método e estratégias. Essas são algumas das aprovações, fora as outras que não dei continuidade no processo de seleção. Oportuno mencionar que estudo até hoje, além de conteúdo também estudo detalhadamente as bancas examinadores, seus editais e provas, sempre melho- rando a empatia com vocês, concursandos, aprimorando meu método e estratégias para ajudar na aprovação. Então, cola no professor! 7 ENTENDA A DINÂMICA DO “MÉTODO APROVAÇÃO EM CONCURSOS”. Os 4 (quatro) Passos Estratégicos para sua Aprovação. Como funciona o “Estudo em Quadros”? Para você entender a importância de se estudar com método e estratégia, irei destacar brevemente 4 (quatro) Passos Estratégicos para sua Aprovação. Antes, destaco que sou criador de diversas estratégias e técnicas para apro- vação em concursos, por isso desenvolvi o “Método Aprovação em Concursos” que se divide em duas principais Estratégias, sendo a primeira e muito conhecida: 8 Edital Codificado que não será discutido no momento; a segunda: Estudo em Quadros que será a primeira vez que irei compartilhar este segredo. Detalhe, essa estratégia de estudos incrível que criei já me aprovou em diversos concursos, o último para Delegado da PF, que por sinal só estudei “um mês líquido” e em média apenas duas horas por dia. Interessante que pela minha história de vida contada nas páginas acima ficou claro que não precisa ser inteligente para ser aprovado em concurso, mas estudar com método e estratégias. ATENÇÃO! Para ser aprovado em concurso, além do conteúdo direcionado, você precisa de método e estratégias. O estudo convencional (tradicional) não irá ensinar você os passos neces- sários, pelo contrário, induzirá ao erro, pensará que terá que estudar todo o edital, ou seja, de ponta a ponta, com isso, perderá tempo e gastará muita energia, dando atenção ao que não irá ser cobrado na prova. Passarei a explicar os Passos: Pois bem, o Primeiro Passo Estratégico está ligado à necessidade do concur- sando precisar ter planejamento e organização para estudar. Essa estratégia não se resume em ter uma Tabela para organizar e planejar seus estudos da semana, suas metas diárias, vai muito além,prende-se a DINÂMICA que será utilizada. Como exemplo: saber o que estudar, direcionar os estudos aos assuntos de maior importância e conseguir memorizar com rapidez e qualidade. PARECE FÁCIL NÉ? Infelizmente, apenas 20% conseguem desenvolver seu próprio método ou estratégia e passar no concurso. ACHA IMPOSSÍVEL NÉ? Acredito que você estude, estude, estude e fique com aquela sensação de não estar progredindo, seu rendimento nos simulados e resoluções de questão é baixo, você passa a ficar desanimado, depressivo e para de estudar antes mesmo da primeira “aprovação”. Ų CUIDADO! Cerca de 70% dos concursandos desistem depois da primeira reprovação. Quanto ao Segundo Passo Estratégico, está atrelado ao resumo do conteúdo é muito importante, devido à facilitação das revisões e fixação do conteúdo. 9 VOCÊ SABIA? O problema que 90% de quem estuda para concursos não sabem fazer resumos*, por nunca terem ensinado. *Essa estatística é real, foi extraída diretamente dos treinamentos com meus alunos. Caso tenha dúvida pergunte a si ou ao seu colega que estude para concurso se sabe fazer resumo com qualidade. VOCÊ TEM DÚVIDA? Bom, acredito que não tenha aprendido a fazer resumos estratégicos para concursos públicos na escola, faculdade ou no curso preparatório. K TOME NOTA! Outro detalhe, rescrever conteúdo não é resumo, você só se cansa e quando volta no assunto para estudar precisa ler tudo novamente. Sabe qual é o seu aproveitamento? Apenas 10% infelizmente. O que é resumo estratégico para concursos? Na verdade, resumo estratégico é realizado com a técnica “de trás pra frente”. COMO ASSIM? No geral, os estudantes fazem os resumos tradicionais, qual sejam, aqueles extraídos de um vídeo ou de um material. O resumo estratégico é outro nível, pois, você irá avaliar as questões das provas, essa é a maneira mais eficiente para você perceber o assunto cobrado, extrair o conteúdo utilizado pelo examinador para estruturar a questão. Observe que o próprio examinador trabalha pra você, pelo motivo muito simples, quando ele cria uma questão terá que escolher o conteúdo, com isso, irá destacar os fragmentos mais importantes da lei, da doutrina ou da jurisprudência para estruturar e confeccionar a questão da prova e suas respectivas alternativas. c PENSE COMIGO! Quando você constrói seu resumo baseado nessa análise, estará se aproxi- mando do que verdadeiramente é cobrado nas provas de concurso, conseguirá observar os assuntos que os examinadores das bancas dão mais importância quanto ao conteúdo de cada disciplina. 10 ATENÇÃO! Eu levei anos para descobrir e entender isso, minha maior dificuldade era me desprender dos materiais em si, do que sempre me ensinaram. Outra etapa importante do resumo estratégico é que você conseguirá sintetizar o conteúdo com grifos, sublinhando as palavras principais (chaves). Isso ajudará bastante, irá perceber quando retornar na matéria para estudar, na revisão, a sua leitura será direcionada para as marcações e a memorização do conteúdo estudado terá um aumento absurdo. Em relação ao Terceiro e Quarto Passos Estratégicos estes somam-se, temos as revisões que por motivos didáticos irei enfatizar a que considero matadora, bem como as simulações com resolução de questões comentadas para você controlar o emocional e identificar suas fraquezas relativo ao conteúdo. A AUTOMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO E A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO EM QUADROS Antes de entrar no assunto, preciso dizer que a estratégia do “estudo em Quadro” trabalha com a técnica mais avançada de memorização com base na “automatização do seu cérebro”, ou seja, o processo de repetição que é um dos mecanismos pelo qual o cérebro humano pode distinguir o que é mais relevante para ser armazenado e o que pode ser descartado. Esse processo em nossa cabeça acontece o tempo todo. Exemplo: Quando você passou pelo processo de aprender a andar após nascer. Acredito que ninguém nasça andando ainda né rs. Há um processo de criação de “fendas neurais”, neurologicamente, as infor- mações passam a criar gigantescas redes neurais em nosso cérebro. Por isso, para assimilar o conteúdo estudado a repetição possuí muita importância, justamente o que é trabalhado com a estratégia do “estudo em Quadros” com entrelace do conteúdo e questões comentas, criando uma espécie de “cimento”. 11 “Os neurônios são as células que formam o nosso cérebro. Elas são compostas basicamente por três partes: os dentritos, que captam informações ou do ambiente ou de outras células, o corpo celular, responsável pelo processamento das infor- mações, e um axônio, para distribuir a informação processada para outros neurônios ou células do corpo. Só que uma célula dificilmente trabalha sozinha. Quanto mais células trabalharem em conjunto, mais elas podem processar e mais eficaz torna-se o trabalho”. Quando estamos estudando com a estratégia em Quadros, há uma expansão de novas redes neurais em decorrência da conexão entre as informações e sua fixação, desencadeando a contextualização do conteúdo na memória de curto e longo prazo (memória de trabalho). VOCÊ SABIA? Em síntese, a revisão imediata é aquela que quanto mais próximo for a “leitura do conteúdo” estudado e sua fixação (Ex.: resoluções de questões comentadas), mais rápido e melhor o aproveitamento do conteúdo estudado e sua memorização. Um dos principais erros está quando o concursando fica assistindo às videoaulas ou lendo demais o conteúdo sem executar o processo de fixação, como consequência natural a “curva do esquecimento” irá minar paulatinamente o conteúdo estudado. 12 A CURVA DO ESQUECIMENTO E O ESTUDO EM QUADROS Você sabe o que é o processo neural da “curva do esquecimento”? O psicólogo alemão, Herman Ebbinghaus , no século XIX, em seus estudos comprovou que capacidade do nosso cérebro de armazenar uma informação recém adquirida, mensurando quais seriam os efeitos do tempo sobre nossa memória. É a chamada “curva do esquecimento” ou Forgetting Curve. 13 O resultado das pesquisas realizadas por Ebbinghaus revelou que o esqueci- mento era exponencial, ou seja, era muito rápido nos primeiros 20 minutos (1/3 de hora), mas depois a taxa de esquecimento reduzia. O pesquisador notou que nos primeiros vinte minutos 40% do material estudado era esquecido, retendo na memória apenas 60% do conteúdo. Depois de uma hora era esquecido 55% dos dados memorizados, sendo o aproveitamento de apenas 45% e depois de 24 horas 66% do conteúdo estudado era esquecido. Segundo Piazzi (2015, p.83), a fixação da memória de longo prazo ocorre de maneira lenta e penosa, “escrever a habilidade ‘andar de bicicleta’ é um processo penoso e demorado, mas, depois de aprendido… essa habilidade nunca será apagada”. O autor ainda afirma que as tarefas devem ser realizadas no mesmo dia da aula dada. “Aula dada… aula estudada hoje!” (PIAZZI, 2015, p.100). Bom, não quero modificar a teoria da “curva do esquecimento”, no entanto, por estudar há muito tempo pela “estratégia dos Quadros”, afirmo com proprie- dade que o esquecimento do conteúdo é freado significativamente. Observe os diz o especialista Piazzi: “as tarefas devem ser realizadas no mesmo dia da aula dada. “Aula dada… aula estudada hoje!” Você terá a oportunidade de testar, saberá que o esquecimento é mais acen- tuado quando não há um método estratégico para fixar o que estudou. E ESSA ESTRATÉGIA DE ESTUDO EM QUADROS IRÁ ME AJUDAR? Será a primeira vez que irei compartilhar este segredo. Preste atenção em um detalhe, nas primeiras páginas você se familiarizou com um pedaço da minha história, percebeu que para eu estar aqui não foi fácil, além disso se fosse mentira não haveria registros dos fatos. ATENÇÃO! A técnica de estudo em “Quadros” não é apenas quadros outabelas com informações dentro, isso não é técnica, mas um simples quadro (material). “O manual de “Direito Administrativo em Quadros”, o primeiro da Coleção Estudo em Quadros reunirá, pela primeira vez no Brasil, os 4 (quatro) Passos Estratégicos para a sua Aprovação no concurso desejado. 14 Acredito que seria muito difícil você colocar em prática tudo que expliquei acima sozinho, precisaria de muito conhecimento, experiência e tempo. Atualmente, no mercado de materiais para concursos não existe nada igual que reúna organização e planejamento estratégicos do conteúdo com direcio- namento dos principais assuntos cobrados em provas de concursos públicos, bem como resumos do conteúdo que estão dentro do Quadro, lado a lado, com as marcações necessárias (grafados, sublinhados, negritados), além da revisão por aproximação, ou seja, contato com o conteúdo resumido, com a complementação e questões comentadas ligadas diretamente ao conteúdo estudado, fazendo com que a matéria vire “um cimento” na cabeça como nunca visto. Costumo dizer: Seus estudos nunca mais serão os mesmos com a estratégia de Estudos em Quadros. ATENÇÃO! Quando destaco que esse material é incrível, baseio-me em estatísticas como será demonstrado em seguida. Nesses 19 anos (dezenove) que acumulei de experiência, bati a marca de avaliação de 1000 provas de diversos concursos e carreiras, com aproximada- mente 100 mil questões estudadas e resolvidas, identificando detalhadamente os principais pontos de cada matéria e seus respectivos assuntos. Com essa escala máxima consegui enxergar e mapear exatamente todos os pontos importantes. 15 Você terá em primeira mão o melhor conteúdo conjugado com a melhor técnica de memorização, todos os 4 (quatro) passos estratégicos juntos para sua aprovação definitiva. 16 ESTATÍSTICAS DOS ASSUNTOS MAIS COBRADOS NAS PROVAS E CONSTANTES NOS QUADROS Essa parte também é muito importante, irei destacar, nos gráficos, os assuntos mais cobrados nas provas de concursos públicos. Interessante destacar que independente da banca examinadora ou do cargo os assuntos se repetem na provas. Na avaliação de 1000 provas e 100 mil questões, levando-se em consideração as pesquisas e análises no decorrer dos meus 19 anos no mundo dos concursos, constatei que 80% do conteúdo dos assuntos são cobrados de forma semelhante ou aproximada, independente do concurso, banca ou cargo, havendo uma pequena variação quanto ao nível de aprofundamento do assunto e perfil do cargo que respectivamente somam 20%. Conclusão, após identificar o “assunto mais cobrado” nas provas, faça questões de qualquer banca e carreira, você ganhará muito na abrangência do conteúdo o que facilitará a memorização dos assuntos estudados. 17 Para fins didático e melhor visualização, em nossas pesquisas e análises identificamos que, por exemplo, o assunto “poder de polícia” ligado à disciplina Direito Administrativo estava presente em provas para as seguintes carreiras: Tribunais (Juiz, Analistas e Técnicos); Procuradorias; Segurança Pública (Delegado, Agente e Escrivão); Defensoria Pública; Ministério Público (Promotor, Analista e Técnico); Agentes Administrativos da Administração Direta e Indireta (Estados e Municípios) etc. Pergunta comum: Esse manual do “Direito em Quadros” me ajudará ser aprovado para qualquer concurso? Resposta: Com absoluta certeza. O que importa não é direcionar as questões ao cargo ou banca, mas a abrangência de aprendizado que você terá em ter o máximo de contato com o assunto, haja vista que quando aprendê-lo, poderão ser confeccionadas, por exemplo, 100 questões sobre o assunto estu- dado, de maneiras e estruturas mais diversas, que você irá gabaritar. Esse é o segredo! K TOME NOTA! Oportuno destacar que no livro “Direito Administrativo em Quadros” foi realizado um balanceamento referente ao nível de aprofundamento e perfil dos cargos e das bancas de cada questão, com a finalidade de potencializar ainda mais a fixação dos tópicos estudados. ATENÇÃO! Você deve, de qualquer forma, conhecer a banca do seu concurso, para isso aconselho que faça as últimas provas ou questões como teste, mas nunca se limite a resolver somente questões da referida banca, isso retardaria a expansão do conhecimento do conteúdo e prejudicaria seu aprendizado. Em relação ao TOMO I, destacarei estatisticamente os assuntos de maior incidência, ou seja, os mais cobrados nas provas de concursos públicos para que você possa planejar, organizar e direcionar melhor seus estudos relacionados ao conteúdo explicitado no manual “Direito Administrativo em Quadros”. 18 ABRANGÊNCIA DAS DISCIPLINAS DESTE MANUAL: 1) Improbidade Administrativa 2) Poderes da Administração 3) Administração Pública Direta e Indireta 4) Responsabilidade Objetiva do Estado Observe que na obra “Direito Administrativo em Quadros” já estamos traba- lhando com as melhores estratégias para memorização vistas em concursos públicos. Para potencializar ainda mais seus estudos, aproveite a técnica do “filtro do filtro” para dominar os assuntos mais cobrados. Assim, conseguirá ter a verda- deira noção do que precisa aprender para obter a tão sonhada aprovação. Vejamos a estatística dos subtópicos de Improbidade Administrativa: 1) Modalidades e Sanções dos Atos de Improbidade (Enriquecimento ilícito etc.) = 40% 2) Sujeitos (Passivo e Ativo) = 20% 19 3) Prescrição para punição (Agentes públicos etc.) = 15% 4) Critérios (Objetivos e Subjetivos) = 15% 5) Soma dos assuntos dos Quadros restantes = 10% ATENÇÃO! Sempre dê maior importância às inovações legislativas, assim como para decisões jurisprudenciais recentes e de repercussão, além dos assuntos polêmicos. Tenha certeza que o examinador da banca dará ênfase a esses pontos retromencionados. K TOME NOTA! Observe que o tema mais cobrado em Improbidade Administrativa vem sendo modalidades e sanções. Deste forma, quando for estudar o Quadro com este assunto tente redobrar sua atenção. Outro detalhe, tenha os assuntos mapeados no Quadro como sua bússola principal para complementar seus estudos com mais questões comentadas do seu material ou outra ferramenta. 20 Vejamos a estatística dos subtópicos mais cobrados de Poderes da Administração: 1) Poder de Polícia no geral = 40% 2) Poder Hierárquico e Disciplinar = 30% 3) Abuso de Poder = 20% 4) Soma dos assuntos restantes dos Quadros = 10% ATENÇÃO! Sempre dê maior importância às inovações legislativas, assim como para decisões jurisprudenciais recentes e de repercussão, além dos assuntos polêmicos. Tenha certeza que o examinador da banca dará ênfase na prova a esses pontos retromencionados. K TOME NOTA! Observe que o tema mais cobrado em Poderes da Administração vem sendo “poder de polícia”. Aconselho que redobre sua atenção quando for estudar o Quadro com este assunto, principalmente seus atributos e distinções entre poder de polícia administrativa e judiciária. 21 Outro detalhe, tenha os assuntos mapeados no Quadro como sua bússola principal para complementar seus estudos com mais questões comentadas do seu material de apoio ou outras ferramentas. Vejamos a estatística dos subtópicos mais cobrados de Administração Pública Direta e Indireta: 1) Administração Pública (Direta e Indireta) = 40% 2) Entidades Paraestatais (Sistema S, OSCIP etc.) = 20% 3) Centralização X Descentralização X Concentração X Desconcentração = 20% 4) Controle (Finalístico e Hierárquico) = 10% 5) Soma dos assuntos restantes dos Quadros = 10% 22 ATENÇÃO! Sempre dê maior importância às inovações legislativas, assim como para decisões jurisprudenciais recentes e de repercussão, além dos assuntos polêmicos. Tenha certeza que o examinador da banca dará ênfase na provaa esses pontos retromencionados. K TOME NOTA! Observe que o tema mais cobrado em Administração Pública Direta e Indireta vem sendo “Administração Pública (Direta e Indireta)”. Aconselho que redobre sua atenção quando for estudar o Quadro com este assunto, principalmente as características das Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista, assim como para as entidades Paraestatais. Outro detalhe, tenha os assuntos mapeados no Quadro como sua bússola principal para complementar seus estudos com mais questões comentadas do seu material de apoio ou outra ferramenta. 23 Vejamos a estatística dos subtópicos mais cobrados de Responsabilidade Objetiva do Estado: 1) Responsabilidade Objetiva X Subjetiva = 50% 2) Teoria do Risco Administrativo X Culpa Anônima X Risco Integral = 20% 3) Responsabilidade Subjetiva do Agente público = 20% 4) Soma dos assuntos restantes dos Quadros = 10% ATENÇÃO! Sempre dê maior importância às inovações legislativas, assim como para decisões jurisprudenciais recentes e de repercussão, além dos assuntos polêmicos. Tenha certeza que o examinador da banca dará ênfase na prova a esses pontos retromencionados. 24 K TOME NOTA! Observe que o tema mais cobrado em Responsabilidade Objetiva do Estado vem sendo “Responsabilidade Objetiva X Subjetiva”. Aconselho que redobre sua atenção quando for estudar o Quadro com este assunto, principalmente os refe- rentes às distinções entre as responsabilidades e suas causas excludentes. Outro detalhe, tenha os assuntos mapeados no Quadro como sua bússola principal para complementar seus estudos com mais questões comentadas do seu material de apoio ou outra ferramenta. 25 Sumário 1. Responsabilidade Civil do Estado 1.1. Responsabilidade Objetiva X Subjetiva Complementações do tema Questões Comentadas 1.2. Teoria do Risco Administrativo X Culpa Anônima X Risco Integral Complementações do tema Questões Comentadas 1.3. Responsabilidade X Irresponsabilidade do Estado Complementações do tema Questões Comentadas 1.4. Responsabilidade Prestador de Serviço X Agente público Complementações do tema Questões Comentadas 1.5. Responsabilidade Subjetiva do Agente público: Negativa de Autoria X Ausência de Culpabilidade X Insuficiência de Provas Complementações do tema Questões Comentadas 1.6. Ação de Regresso na visão do STF X STJ Complementações do tema Questões Comentadas 1.7. Revisão Final Questões Simuladas Questão Discursiva de Concurso 26 1. Responsabilidade Civil do Estado 1.1. Responsabilidade Objetiva X Subjetiva Responsabilidade civil Objetiva Subjetiva Base: Teoria do Risco Administrativo Base: Teoria da Culpa Anônima ou Administrativa Respondem: Pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta- doras de serviços públicos Respondem: Pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta- doras de serviços públicos A responsabilidade do Estado é objetiva A responsabilidade do Estado é subjetiva Regra: Ato comissivo (ação) Regra: Ato omissivo (genérico) Exceção: Omissão específica é objetiva (entendimento STF*) Regra: Nos casos de atos omissivos gené- ricos é subjetiva, baseada na teoria da culpa administrativa (doutrina tradicional e STJ*). Não diferencia Omissão genérica X Omissão específica. Dano decorre diretamente (especifica- mente) da omissão: responsabilidade objetiva Dano não decorre diretamente da omissão: responsabilidade subjetiva Não há necessidade de se provar dolo ou culpa Há necessidade de provar culpa Requisitos: 1) dano 2) conduta 3) nexo de causalidade entre a conduta e o dano Requisitos: 1) dano 2) nexo de causalidade entre a falta de serviço e o dano Não se exige a comprovação do elemento subjetivo do agente (dolo ou culpa) que age em nome do Estado. Não se exige a comprovação de culpa do agente, mas a culpa especial (presumida) da Administração que é denominada culpa administrativa. Pode ser por atos lícitos e Ilícitos Pode ser por atos lícitos e IlícitosAinda que o agente aja em “legítima defesa”, restará a responsabilidade objetiva do estado em indenizar terceiro inocente atingido pela ação executada 27 Exemplos: Servidor público, dirigindo, imprudentemente, veículo do Estado atropela e mata transeuntes; assassinato de menores recolhidos em abrigo de menores. Exemplos: Enchente em determinado bairro que venha a danificar bens da propriedade de terceiro, desde que haja comprovação de que houve reclamação formal para desentupir os bueiros etc. COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA Responsabilidade do Estado por atos omissivos: Adotado como Regra pelo STJ*: caso de atos omissivos é subjetiva, baseada na teoria da culpa administrativa (culpa anônima) 1. A jurisprudência traz à baila o fato de que não cabe ao Estado ser considerado um segurador universal ou um ser onipotente. Não se pode confundir o risco administrativo com o risco integral. Contudo, havendo dano e o dever de proteção razoável do Estado, estará presente a responsabilidade. Adotado como Exceção pelo STF*: o Estado responde de forma objetiva pelas suas omissões, desde que ele tivesse obrigação legal específica de agir para impedir que o resultado danoso ocorresse. A isso se chama de “omissão específica” do Estado2. Vejamos outra decisão de maio de 2018: À luz do STF (RE 841526), com repercussão geral reconhecida, no qual a Corte consolidou entendimento para a necessária observância do artigo 37, parágrafo 6º, quanto às omissões administrativas. Observou que a matéria também é disci- plinada pelo artigo 43 e pelo artigo 927, parágrafo único, ambos do Código Civil. Com base no artigo 37, parágrafo 6º, da CF, o ministro entendeu que há responsabilidade civil objetiva do Estado, ou da empresa prestadora do serviço público, em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em posto de pesagem, considerada a omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. “É inviável reconhecer inexistente o nexo causal quando o descuido de vigilância de pessoa jurídica privada, prestadora de serviço público, facilita furtos e, em consequência, acarreta danos”, destacou o relator, ao frisar que não está em discussão o transporte de mercadoria em excesso, mas a falha na prestação e organização do serviço. 1 STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1345620/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 24/11/2015 2 STF. Plenário. RE 677139 AgR-EDv-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/10/2015 28 c BIZU! Esse entendimento do STF sobre omissão específica aplica-se: 1) Pessoa jurídica de direito público (Estado etc.) 2) Pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público Vejamos outras informações: Previsão Constitucional, art.37, § 6º: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Importante destacar que a Constituição Federal de 1988 não esgota matéria relacionada à responsabilidade civil. Diferenças apontadas pela Doutrina sobre Responsabilidade Objetiva X Subjetiva: A doutrina diz que a “responsabilidade civil objetiva aplica-se a todas as pessoas jurídicas de direito público, não importando sua área de atuação e as pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos, na qual se incluem as empresas públicas e as sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos (mas não as exploradoras de atividades econômicas), e quanto as pessoas privadas delegatárias de serviços públicos (concessionárias, permissionárias e autorizadas)3”. “Neste contexto, a obrigação de reparar o danoestá no momento em que a Administração Pública outorga competência para determinado agente exercer uma atividade pública, passando esta a assumir os riscos sobre a execução da atividade, ficando obrigada a reparar eventuais danos dela oriundos4.” Porém na responsabilidade civil subjetiva o Estado torna-se responsável e obrigado a indenizar sempre que seus agentes agirem com culpa ou dolo. Nesta situação, para ensejar a responsabilização do Estado, a pessoa que sofreu o dano deve provar que houve falta no serviço que o Estado deveria ter prestado, ou seja, o ônus da prova de todos os elementos é da pessoa que sofreu o dano”. v PODE CAIR NA PROVA Os atos lícitos são capazes de gerar o dever de indenizar por parte do Estado, é claro que atos ilícitos também o são. 3 Alexandrino, Marcelo, Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013. P. 809. 4 Idem. P.811. 29 O STF examinou (RE 113587) pedido indenizatório de particular contra o Município de São Paulo, em que aquele alegava que a construção de um viaduto provocara poluição sonora, visual e ambiental, assim como forte desvalorização do imóvel de sua titularidade. Após as instâncias inferiores terem rejeitado o pedido exatamente pela ausência de ato ilícito por parte do Estado, a Colenda Corte Constitucional acolheu a irresignação recursal. v OUTROS ENTENDIMENTOS QUE DESPENCAM EM PROVA: A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp 1266517/PR). A responsabilidade da concessionária de transporte ferroviário é interpre- tada de forma objetiva, cabendo-lhe o ônus de adotar medidas de segurança e vigilância para evitar acidentes. No entanto, o dever de indenizar pode ser elidido quando caracterizado o caso fortuito, a força maior ou a culpa exclusiva da vítima5. ATENÇÃO: Com base nessa norma do §6º do art.37 da CRFB/88, o STF6 decidiu que “a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências”. Na ocasião, o Min. Marco Aurélio considerou que o Estado, por ter maior quantidade de poderes e prerrogativas, deve suportar o ônus das atividades desen- volvidas. “Não há espaço para afastar responsabilidade independentemente de culpa, mesmo sob a ótica da omissão, ante o princípio da legalidade, presente a teoria do risco administrativo”. Ainda segundo o Ministro Relator, o STF, no RE 841526, consolidou o enten- dimento de que o art. 37, § 6º da CF/88 aplica-se também para as omissões administrativas. K VAMOS PRATICAR (CEBRASPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) A responsa- bilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo, devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público. COMENTÁRIO: O item está errado. 5 REsp:1647449 SP 2017/0005772-4. 6 STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). 30 Salta aos olhos que a pegadinha da questão que está na seguinte afirmação destacada: “ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo”. Conforme exposto no Quadro acima, em regra, a responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é objetiva e baseada na teoria do risco administrativo, tendo-se em vista que, independentemente da existência de dolo ou culpa, a administração pública deve responder pelos danos causados, desde que haja um dano e haja nexo de causalidade entre a conduta e o dano. A administração pública não irá responder apenas se comprovar a inexistência do dano ou a inexistência do nexo causal, que é o que ocorre no caso fortuito, na força maior, no ato de terceiro e na culpa exclusiva da vítima. (CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor Público- adaptada) No que tange à responsabilidade civil do Estado nessa situação hipotética, assinale a opção correta. Neste caso, a responsabilidade civil do Estado independe da análise da culpa da conduta estatal. COMENTÁRIO: A resposta é letra a. Conforme consta no Quadro acima, não há a necessidade da prova de dolo ou culpa, por isso a Responsabilidade é objetiva. À luz da Teoria do risco administrativo é entendido que, independentemente da existência de dolo ou culpa, a administração pública deve responder pelos danos causados. (SELECON - 2019 - Prefeitura de Niterói - RJ - Guarda Civil Municipal) Na hipótese de existir uma relação de causa e de efeito entre a ação e a omissão administrativa e o dano sofrido por determinada vítima, configurar-se-á o chamado nexo causal. Assim, em sendo comprovada a existência do respectivo nexo de causalidade, tem-se que, para fins de ressarcimento integral do dano pelo Estado, independe a existência ou não de dolo ou de culpa do agente e a licitude ou ilicitude da conduta praticada pelo agente causador desse dano. Nesse caso, conclui-se que o Estado responderá por tais danos: a) objetivamente b) subjetivamente c) subsidiariamente d) apenas parcialmente e) apenas de forma excludente COMENTÁRIO: A resposta é letra a. Como já evidenciado no Quadro em epígrafe, no que se refere à responsabilidade civil, o artigo 37, §6º da Constituição consagrou a teoria da responsabilidade objetiva para as pessoas jurídicas de direito público e para as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. À luz da Teoria do risco administrativo, independentemente da existência de dolo ou culpa, a administração pública deve responder pelos danos causados. (CESPE - 2018 - FUB - Técnico de Tecnologia da Informação) Pessoa jurídica de direito público será responsabilizada por danos que 31 seus agentes causarem a terceiros, desde que seja comprovado o dolo ou a culpa de quem tiver causado o dano. COMENTÁRIO: O item está errado. Com base no Quadro acima e nos demais comentários, pode-se afirmar com base na Doutrina: “Quando se trata de dano causado a terceiros, aplica-se a norma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, em decorrência da qual o Estado responde objetivamente, ou seja, independentemente de dolo ou culpa, mas fica com o direito de regresso contra o agente que causou o dano, desde que este tenha agido com dolo ou culpa”. (CESPE - 2018 - PGM - João Pessoa - PB - Procurador do Município) João foi furtado nas dependências de uma entidade que é pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, a qual deixou de agir com o cuidado necessário à vigilância. Nessa situação hipotética, consideran- do-se os dispositivos constitucionais e o entendimento do STF, a entidade a) deverá ser responsabilizada civilmente, com base na legislação civilista, pelo dano suportado por João. b) deverá ser responsabilizada civilmente, de forma objetiva e nos termos da CF, pelo dano suportado por João. c) deverá ser responsabilizada civilmente, de forma subjetiva e nos termos da CF, pelo dano suportado por João. d) não deverá ser responsabilizada civilmente, porque a segurança pública é dever do Estado. e) não deverá ser responsabilizada civilmente nos termos da CF, porque não integra a administração pública. COMENTÁRIO: A resposta é letra b. Observe que o “comando da questão” pede o entendimento do STF. Oportuno destacar que para a doutrina majoritária, neste caso de omissão, ainda que específica, a responsabilidade civil do Estado é subjetiva com fulcro na Teoria da culpa administrativa/culpa anônima/culpa do serviço. Dentro desta perspectiva, na ocorrência de danos causados por omissão, o particular deverá comprovar os elementos a seguir para ser indenizado: 1) a omissão estatal 2) o dano 3) o nexo causal 4) a culpa administrativa: o serviço públiconão funcionou, funcionou de forma tardia ou ineficiente O STJ ainda possui entendimento majoritário no sentido de que a respon- sabilidade seria subjetiva. Vide: (AgRg no REsp 1345620/RS). No entanto, na jurisprudência do STF a responsabilidade civil nestes casos é objetiva. Isso porque o art. 37, § 6º da CF/88 determina a responsabilidade 32 objetiva do Estado sem fazer distinção se a conduta é comissiva (ação) ou omissiva. Não cabe ao interprete estabelecer distinções onde o texto constitucional não o fez. (...) A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de que as pessoas jurí- dicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiros, com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos quanto por atos omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão do Poder Público. (ARE 897890 AgR). (TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO - TCM-RJ – IBFC/2016 - adap- tada) Caso o agente público aja com dolo ou culpa, o Estado poderá ser responsabilizado; nessa situação caberá ao Estado o direito de regresso contra o responsável. Caso o agente aja dentro dos limites de sua atuação, o Estado não poderá exercer o seu direito de regresso. COMENTÁRIO: O item está errado. Observe que a pegadinha está na seguinte afirmação: “Caso o agente público aja com dolo ou culpa, o Estado poderá ser responsabilizado”. Conforme consta no Quadro acima, não há a necessidade da prova de dolo ou culpa, por isso a Responsabilidade é objetiva. À luz da Teoria do risco administrativo é entendido que, independentemente da existência de dolo ou culpa, a administração pública deve responder pelos danos causados. Não confunda com a necessidade de comprovar os requisitos para que haja a responsabilidade. Caso ocorra um dos elementos a seguir a responsabilidade objetiva do Estado será excluída: a inexistência do dano ou a inexistência do nexo causal, que é o que ocorre no caso fortuito, na força maior, no ato de terceiro e na culpa exclusiva da vítima. Desta forma, a administração pública não irá responder apenas se comprovar um desses quesitos. (CESPE - 2017 - TRT - 7ª Região (CE) - Oficial de Justiça Avaliador Federal) Prestes a ser morto por dois indivíduos que tentavam subtrair a sua arma, um policial militar em serviço efetuou contra eles disparo de arma de fogo. Embora o policial tenha conseguido repelir a injusta agressão, o disparo atingiu um pedestre que passava pelo local levando-o à morte. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta. a) O Estado não responde civilmente, pois houve o rompimento do nexo causal por fato exclusivo de terceiro. b) O Estado responde objetivamente pelos danos causados à família do pedestre, ainda que o policial militar tenha agido em legítima defesa. c) A ocorrência de legítima defesa por parte do policial militar afasta a responsabilidade civil do Estado. 33 d) O Estado responde subjetivamente pelos danos, já que deve haver prova de falha no treinamento do policial. COMENTÁRIO: A alternativa correta é a “b”. Devemos pontuar que a legítima defesa irá afastar apenas a antijuridicidade (ilicitude) do fato, no entanto, a responsabilidade objetiva do Estado pelos danos causados permanece. Neste sentido, o Estado responde independentemente da licitude ou ilicitude do ato. Segundo a orientação jurisprudencial do STJ7, a Administração Pública pode ser condenada ao pagamento de indenização pelos danos cíveis causados por uma ação de seus agentes, mesmo que consequentes de causa excludente de ilicitude penal: Logo, apesar da não responsabilização penal dos agentes públicos envol- vidos no evento danoso, deve-se concluir pela manutenção do acórdão origem, já que eventual causa de justificação (legítima defesa) reconhecida em âmbito penal não é capaz de excluir responsabilidade civil do Estado pelos danos provocados indevidamente a ora recorrida8. Interessante destacar que esse tema foi cobrado pela CEBRASPE no concurso de Delegado da PC MT em 2017: (Questão adaptada) Um delegado de polícia, ao tentar evitar ato de violência contra um idoso, disparou, contra o ofensor, vários tiros com revólver de propriedade da polícia. Por erro de mira, o delegado causou a morte de um transeunte. Nessa situação hipotética, a responsabilidade civil do Estado existirá se ficar provado o nexo de causalidade entre o dano e a ação. Conforme o Quadro acima, vejamos todos os requisitos para ocorrência da Responsabilidade Objetiva do Estado com respaldo na Teoria do Risco Administrativo: Requisitos: 1) dano 2) conduta 3) nexo de causalidade entre a conduta e o dano A questão está correta, embora a banca não tenha trazido todos os requisitos. De qualquer forma, é característica da CEBRASPE cobrar questões incom- pletas e mantê-las corretas. Não foi utilizada nenhuma expressão restritiva (apenas, somente etc.) para transformar a assertiva em incorreta. Ų TEMA POLÊMICO! Já foi cobrado em diversos concursos, inclusive para Analista Técnico do STJ em 2015 e para Escrivão da PC MA em 2018. Observem as questões a título ilustrativo: 7 REsp 884.198/RO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins 8 REsp 1266517/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2012 34 (Analista Técnico – Administrativo) Um policial militar, durante período de folga, em sua residência, se desentendeu com seu vizinho, deferindo-lhe um tiro com arma pertencente à corporação. Assertiva: Nessa situação, não haverá responsabilidade civil do Estado, pois o dano foi causado por policial fora de suas atribuições públicas. (CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil) João, policial civil, estava de férias quando se envolveu em uma discussão de trânsito, utilizou-se de sua arma funcional e, sem real motivo, feriu Manoel. Nessa situação hipotética, não se configurou responsabilidade civil do Estado, pois o fato ocorreu enquanto João estava de férias. A banca reputou as questões como corretas nos gabaritos preliminares. No entanto, posteriormente, as questões foram anuladas com o seguinte argumento: Há divergência na doutrina e na jurisprudência a respeito do assunto tratado no item. Pois bem, acredito que a mencionada divergência esteja atrelada a não bastar a comprovação da qualidade de agente público, mas também exige que para isso o agente tenha agido no exercício de suas funções. Nos casos expostos nas questões não há o que se falar em Responsabilidade Estatal, os itens deixaram claro que os policiais estavam fora do exercício da função (férias/folga). Agora, caso eles agissem como se estivesse na função, o Estado poderia responder de forma objetiva se comprovada a qualidade de agente público. c BIZU Corrente minoritária: Responsabilidade Estatal – Apenas comprovar a qualidade de agente público. Corrente majoritária: Responsabilidade Estatal - Necessário comprovação da qualidade de agente público + exigência que o agente esteja no exercício de suas funções. Destaca-se que para prova de concurso, a mera citação da função (policial etc.) será suficiente para demonstrar a “qualidade de agente público”. Tem prevalecido nas últimas provas a “corrente majoritária”. Vejamos o entendimento do STF: “O nosso Tribunal Supremo asseverou que o ‘art. 37, § 6º, da Constituição Federal exige, para a configuração da respon- sabilidade objetiva do Estado, que a ação causadora do dano a terceiro tenha sido praticada por agente público, nessa qualidade, não podendo o Estado ser responsabilizado senão quando o agente estatal estiver a exercer seu ofício ou função, ou a proceder como se estivesse a exercê-la’ “ 35 A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que não há responsabilidade objetiva do Estado quando o agente público pratica crime fora do desempenhode seu cargo, função ou emprego. A decisão foi proferida no julgamento de Recurso Extraordinário (RE 363423) em favor do Estado de São Paulo, que havia sido condenado, no segundo grau, a indenizar vítima de tiro disparado por policial militar. Em seu voto, o ministro Eros Grau sustentou não haver nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano sofrido pela vítima, pois o policial não estava no exercício de sua atividade profissional. “Trata-se de ato inteiramente pessoal inimputável ao serviço e, além do mais, o desequilíbrio emocional do agente não autoriza se impor ao Estado o dever de indenizar a vítima”, disse Grau. O ministro fundamentou sua tese no artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal que exige, para a configuração do nexo causal, que o agente pratique o ato no exercício de seu cargo. 1.2. Teoria do Risco Administrativo X Culpa Anônima X Risco Integral TEORIAS Risco Administrativo Culpa Anônima, Administrativa ou do Serviço Risco Integral A responsabilidade do Estado é objetiva (a vítima lesada não precisa provar culpa ou dolo do agente causador da lesão). Doutrina tradicional e STJ: posição majoritária é a de que a responsabilidade civil do Estado em caso de atos omissivos é subje- tiva, baseada na teoria da culpa administrativa (culpa anônima). A responsabilidade do Estado é objetiva (ainda que haja prova de culpa da própria vítima). Regra: Ato Comissivo (ação) Exceção: Ato Omissivo Específico (dano decorre diretamente da omissão) Na jurisprudência do STF* em determinados casos de omissão pode ser objetiva, mas na forma de “Omissão Específica”, ou seja, o dano decorre diretamente dela. 36 Atribui ao Estado a responsabilidade pelo risco criado pela sua atividade administrativa, independente da exis- tência de fato de serviço do Estado ou de dolo ou culpa do agente público. O dever de o Estado indenizar o dano sofrido pelo particular somente existe caso comprovada a existência de falta de serviço. A vítima não precisa iden- tificar o agente público que efetivamente foi o responsável pelo dano por ela sofrido A Administração fica obri- gada a indenizar todo e qualquer dano suportado por terceiros, ainda que resultante de culpa. Requisitos: 1) conduta 2) dano 3) nexo causal entre a conduta e o dano Requisitos: 1) dano 2) nexo causal entre a falta de serviço e o dano Requisitos: 1) dano 2) nexo causal Dispensado o requisito da conduta do Estado e não pode argumentar a existência das excludentes de nexo causal Independe da compro- vação do dolo ou culpa da conduta do agente que gerou o dano à vítima. Independe de culpa do agente administrativo, sendo que exige do lesionado que comprove a falta do serviço para obter a indenização. Há uma Culpa espe- cial (presumida) da Administração, que é denominada culpa administrativa. Ainda que resulte de culpa da vítima ou de terceiros. O Estado pode alegar excludentes de responsabilidade: 1) caso fortuito ou força maior 2) culpa exclusiva da vítima 3) culpa exclusiva de terceiro. O Estado pode alegar excludentes de responsabilidade: 1) serviço público funciona 2) funciona normalmente 3) serviço prestado com eficiência O Estado não pode alegar excludentes de responsabilidade. Mesmo que o Estado detecte que houve caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da vítima ou culpa exclusiva de terceiro, ainda assim será conde- nado a indenizar. Obrigação de indenizar do Estado. Particular precisa comprovar a ocorrência para ser indenizado. Obrigação de indenizar do Estado. 37 É adotada como regra no Direito brasileiro. É adotada no Direito brasileiro, de forma excepcional, quando comprovada a existência de falta de serviço. É adotada no Direito brasileiro, de forma excep- cional, em alguns casos. A doutrina diverge sobre quais seriam estas hipóteses. STJ já afirmou expres- samente que se acolhe o risco integral: dano ambiental (REsp 1.374.284). Exemplo: Inobservância comprovada na custódia de preso (omissão específica, ou seja, o dano decorre diretamente dela). Exemplo: Existência de um serviço de prevenção e combate a incêndio em prédios altos, houve incêndio e o serviço não ocorreu ou não existia; ou existia e ainda assim houve uma falha: falha d’água ou emperramento de equipamentos. Exemplo: Acidentes nucleares; Danos ambientais. COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA *Entendimento do STF: Não cabe ao intérprete estabelecer distinções onde o texto constitucional não o fez. Se a CF/88 previu a responsabilidade objetiva do Estado, não pode o intér- prete dizer que essa regra não vale para os casos de omissão. Dessa forma, a responsabilidade objetiva do Estado engloba tanto os atos comissivos como os omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão específica do Poder Público. (...) A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de que as pessoas jurí- dicas de direito público respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiros, com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos quanto por atos omissivos, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão do Poder Público. (...) STF. 2ª Turma. ARE 897890 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2015. Como podemos definir a Teoria do Risco Administrativo adotada como regra? A teoria do risco administrativo surge como fundamento da responsabilidade civil objetiva do Estado. Em síntese, presentes o fato do serviço e o nexo direto de causalidade entre o fato e o dano ocorrido, nasce para o poder público a obri- gação de indenizar. Ao particular que sofreu o dano não incumbe comprovação de qualquer espécie de culpa do Estado ou do agente público. 38 A Administração em sua defesa, poderá, se for o caso, visando afastar ou atenuar a sua responsabilidade, comprovar (e o ônus da prova é dela) a ocorrência de alguma das chamadas de excludentes, força maior e caso fortuito. Conseguindo a Administração pública demonstrar que houve culpa recíproca, sua obrigação de indenizar será proporcionalmente atenuada9. Na culpa anônima, somente o dano decorrente de irregularidade por execução da atividade administrativa é passível de indenização por parte do Estado ao particular, cabendo sempre ao particular comprovar a ocorrência para receber a indenização. Já a teoria do risco integral consiste em uma exacerbação da responsabilidade civil do Estado, bastando à existência do evento danoso e do nexo causal para que surja a obrigação de indenizar para o Estado, sem a possibilidade de que este alegue excludentes de sua responsabilidade10. Nos casos de danos ambientais, nossa doutrina e jurisprudência reconhecem ter sido adotada a responsabilidade civil baseada no risco integral, no qual é imprescindível destacar parte do informativo 507 do STJ, de decisão por essa Corte prolatada11: “...Conforme a previsão do art. 14, §1.°, da Lei n. 6.938/1991, recep- cionado pelo art. 225, §§2.° e 3.°, da CF, a responsabilidade por dano ambiental, fundamentada na teoria do risco integral, pressupõe a existência de uma ativi- dade que implique riscos para a saúde e para o meio ambiente, impondo-se ao empreendedor a obrigação de prevenir tais riscos (princípio da prevenção) e de indenizá-los em seu processo produtivo (princípio do poluidor-pagador). Pressupõe, ainda, o dano ou risco de dano e o nexo de causalidade entre a atividade e o resultado, efetivo ou potencial, não cabendo invocar a aplicação de excludentes de responsabilidade”. Muito embora a teoria adotada no país seja a do risco administrativo, há hipóteses nas quais vem sendo reconhecida a teoria do risco integral em nosso ordenamento: Danoambiental: o art. 225, § 3º da CF/88 c/c art. 14, § 1º da Lei 6.938/81 estabelecem a obrigação de reparar o dano ambiental independentemente de culpa. (p.ex. carga tóxica de navio avariado em razão de tempestades marítimas). Seguro obrigatório: DPVAT: A Lei 6.194/74, alterada pela Lei 8.441/92, estabeleceu que a indenização pelo seguro obrigatório para os proprietários de veículos automotores é devida, mesmo que o acidente tenha sido provocado por veículo desconhecido, ou não identificado e ainda que tenha havido culpa exclusiva da vítima. 9 Alexandrino, Marcelo, Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013. P.806. 10 Idem. P. 806. 11 REsp. 1.346.430/PR, rel . Min. Luis Felipe Salomão, 18.10.2012. 39 Danos nucleares: dado a enormidade dos riscos decorrentes da exploração da atividade nuclear, também foi adotada a teoria do risco integral. A Constituição em seu art. 21, XXIII, “d” determina que a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. Todavia, o art. 8º da Lei 6.453/77 exclui a responsabilidade do operador pelo dano resultante de acidente nuclear causado diretamente por conflito armado, hostilidades, guerra civil, insurreição ou excepcional fato da natureza. Transporte aéreo: Com o advento do Código de Defesa do Consumidor, o transporte aéreo contratado no Brasil, seja internacional ou nacional, quando se tratar de uma relação de consumo é regido por ele. Não há que se falar em aplicação da legislação aeronáutica referente à responsabilidade civil do transportador aéreo, pois com ele é incompatível. Na presunção de culpa, será considerada a responsabilidade civil objetiva. Assim é que não há de se falar em limites da responsabilidade do transportador aéreo, pois o CDC adota o princípio da reparação integral, na proporção do dano sofrido, não comportando limitações, indenizando os danos materiais e imate- riais. As únicas hipóteses de exceção, quando o transportador aéreo não será responsabilizado, é quando provar que o serviço não tem defeito ou a culpa for exclusiva do consumidor ou de terceiro. v PODE CAIR NA PROVA Se um detento é morto dentro da unidade prisional, haverá responsabili- dade civil do Estado? Em regra: o Estado é objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88. Exceção: o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento não podia ser evitada. Neste caso, rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal. O STF fixou este entendimento por meio da seguinte tese: Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819). O Estado pode ser responsabilizado pela morte do detento mesmo que ele se suicide? Sim, existem precedentes do STF e do STJ nesse sentido (STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012). No entanto, aqui também, como se adota a teoria do risco administrativo, o Estado poderá provar 40 alguma causa excludente de responsabilidade. Assim, nem sempre que houver um suicídio, haverá responsabilidade civil do Poder Público. O Min. Luiz Fux exemplifica seu raciocínio com duas situações: 1) Se o detento que praticou o suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia agir assim, então, neste caso, o Estado deverá ser condenado a indenizar seus familiares. Isso porque o evento era previsível e o Poder Público deveria ter adotado medidas para evitar que acontecesse. 2) Por outro lado, se o preso nunca havia demonstrado ante- riormente que poderia praticar esta conduta, de forma que o suicídio foi um ato completamente repentino e imprevisível, neste caso o Estado não será responsabilizado porque não houve qualquer omissão atribuível ao Poder Público. K VAMOS PRATICAR (CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de PC - adaptada) Em razão do dever estatal de proteção à incolumidade física do preso, a responsabi- lização civil do Estado em caso de morte no interior de estabelecimento prisional ocorrerá ainda que seja demonstrada a impossibilidade do ente de agir para evitar a morte do detento. COMENTÁRIO: O item está errado. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão geral) (Info 819). Vale ressaltar, no entanto, que a responsabilidade civil neste caso, apesar de ser objetiva, é regrada pela teoria do risco administrativo. Desse modo, o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ficar demonstrado que ele não tinha a efetiva possibilidade de evitar a ocorrência do dano. Nas exatas palavras do Min. Luiz Fux: “(...) sendo inviável a atuação estatal para evitar a morte do preso, é imperioso reconhecer que se rompe o nexo de causalidade entre essa omissão e o dano. Entendimento em sentido contrário implicaria a adoção da teoria do risco integral, não acolhida pelo texto constitucional (...)”. (CESPE-2015-TJ/DFT Oficial de JAF) A teoria do risco administrativo se apresenta como fundamento da responsabilidade objetiva do Estado. COMENTÁRIO: O item está certo. “Com a adoção da responsabilidade objetiva, o cidadão (3º preju- dicado) deixa de se situar em uma posição de fragilidade perante o Estado, pois agora a responsabilização independe da demonstração da culpa, e a simples demonstração de nexo causal entre a ação (ou omissão) do Estado e o prejuízo já é o suficiente para existir o direito de indenização”. Cabe destacar que o Estado está isento de danos causados por atos de terceiros, força maior, culpa exclusiva da vítima ou caso fortuito, sendo este o entendimento predominante pelos Tribunais. (Quadrix - 2018 - CRM-PR – Advogado) A teoria da culpa anônima ou da falta do serviço encerra responsabilidade objetiva do Estado sempre 41 que se evidenciar a inexistência do serviço, seu mau funcionamento ou seu atraso. COMENTÁRIO: O item está errado. Conforme explicado no Quadro acima, evidencia-se que a pegadinha da questão está em dizer que responsabilidade do Estado pela teoria da culpa anônima ou da falta do serviço é objetiva, pois, na verdade, é subjetiva. Ademais, tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é subje- tiva, pelo que exige dolo ou culpa, numa de suas três vertentes, negligência, imperícia ou imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute de service dos franceses. (Quadrix - 2018 - CRM-PR – Advogado) A teoria do risco integral contrapõe-se à do risco administrativo na medida em que aquela encerra responsabilidade estatal genérica e indiscriminada, ainda quando virtual dano se originar de culpa exclusiva da vítima, enquanto esta atenua a responsabilização do Estado para afastá-la na hipótese ou atenuá-la se a culpa for concorrente. COMENTÁRIO: O item está certo. A questão resume exatamente a diferença entre as referidas Teorias. Só um detalhe, a palavra “encerrar” na assertiva está empregada no sentido de “compreender”. c BIZU! A responsabilidade civil pode ser: 1) subjetiva com base na teoria da culpa administrativa, sendo que a culpa subjetiva do agente não é analisada, mas sim a culpa especial da Administração, que é denominada culpa administrativa e dá origem a teoria; 2) objetiva com base na teoria do risco administrativo em que independe a demonstração da culpa, bastando a prova da conduta, do dano, e do nexo causal entre uma e outra; 3) objetiva com base na teoria do risco integral o Estado responde não cabendoa alegação de excludente de responsabilidade. (VUNESP - 2018 - TJ-RJ - Juiz Leigo) Em relação ao tema da respon- sabilidade extracontratual do Estado, é correto afirmar sobre a teoria do risco integral: a) a teoria do risco integral é a modalidade mais branda da doutrina do risco administrativo, sendo adotada como regra no Brasil, por conduzir à justiça social e à distribuição razoável dos riscos entre a sociedade e os cidadãos. b) na teoria do risco integral, também conhecida por teoria do risco admi- nistrativo, a responsabilidade do Estado depende de dano, conduta do Estado, nexo causal, além de culpa ou dolo do agente. 42 c) na teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado não se sujeita às excludentes de responsabilidade, podendo ocorrer, até mesmo quando a culpa é da própria vítima. d) a teoria do risco integral situa-se no início da história do direito admi- nistrativo comparado, em época na qual não se admitia a possibilidade de reco- nhecimento de falhas por parte do Estado. e) a teoria do risco integral apresenta diversas hipóteses de aplicação na Constituição Federal de 1988, sendo afastada a responsabilidade do Estado por danos causados aos administrados apenas no caso de caso fortuito ou força maior. COMENTÁRIO: A resposta é letra c. Teoria do Risco Integral - exacerbação da teoria anterior (dano + nexo) sem a possibilidade de excludentes. Exemplo: danos ambientais e nucleares. Não confunda com a Teoria do Risco Administrativo - é do tipo objetiva, porém o Estado pode alegar excludentes (culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e força maior, culpa recíproca) (CESPE - 2018 - STJ - Técnico Judiciário – Administrativa) Força maior, culpa de terceiros e caso fortuito constituem causas atenuantes da responsabilidade do Estado por danos. COMENTÁRIO: O item está errado. A pegadinha está na expressão “atenuantes”. Posto que o caso fortuito, força maior e culpa exclusiva de terceiros, como hipóteses de excludentes da responsabilidade civil do Estado. Nos casos em que não se pode atribuir exclusivamente à vítima a responsabilidade pelo dano causado, estamos diante da chamada culpa concorrente, esta constitui causa de atenuante da respon- sabilidade do Estado. (CESPE - 2018 - STM - Analista Judiciário - Área Judiciária) João, servidor público civil, motorista do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo oficial, no exercício da sua função, colidiu com o automóvel de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder público. Após a devida apuração, ficou provado que os dois condutores agiram com culpa. Nesta situação, a culpa concorrente da vítima exclui a responsabilidade da União para a reparação de danos sofridos por Maria. COMENTÁRIO: O item está errado. São exemplos de hipótese de exclusão: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e força maior. Destaca-se que sempre que faltar qualquer dos elementos há exclusão de responsabilidade. Culpa exclusiva afasta a responsabilidade, enquanto na culpa concorrente o Estado tem que indenizar, mas o valor é reduzido. Culpa concorrente: trata-se de situação entre vítima e ente público, em que não se pode atribuir exclusivamente à vítima o dano causado, porém, verifica-se a sua participação no evento danoso. Conforme exposto por Carvalho (2015) nesses casos não é possível excluir a responsabilidade, mas haverá redução do valor indenizatório a ser pago pelo Estado. 43 1.3. Responsabilidade X Irresponsabilidade do Estado RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Responsabilidade Irresponsabilidade Obrigação do Estado de indenizar um dano patrimonial ou moral de seus agentes que sejam lesivos aos particulares. Não responsabilização do Estado ante os atos de seus agentes que fossem lesivos aos particulares. Entendimento pacífico no ordenamento jurídico Regime Absolutista A partir da promulgação da Carta de 1946 que se passou a adotar a teoria da responsabilidade objetiva, mantida pelas Constituições de 1967, 1969 e 1988. Nunca foi adotada pelo Brasil. Por outro lado, as Constituições de 1824 e 1891 nada previam acerca da responsabilidade do Estado. COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA A teoria da Irresponsabilidade surgiu na metade do século XIX, e a ideia que prevalecia era de que o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes, visto que estes só poderiam causar danos “ocasio- nalmente”12. Baseava-se na expressão “Le roi ne peut mal faire” e “The king can do no wrong”, ou “O rei não pode fazer mal” e “O rei não erra”. A premissa era de que os atos do rei não poderiam ser considerados lesivos aos seus súditos. Contudo essa teoria não prevaleceu por muito tempo. Hoje, a responsabilidade civil do Estado é consenso universal, expressado pela doutrina e pela jurisprudência. Segundo esse consenso, o Estado é obrigado a recompor os danos que seus agentes causam aos administrados, com as pecu- liaridades próprias de cada ordenamento jurídico. K VAMOS PRATICAR (CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados) A teoria da responsabi- lidade objetiva do Estado foi adotada, no direito brasileiro, somente a partir da CF. COMENTÁRIO: O item está errado. A pegadinha da questão está em afirmar que a teoria da responsabilidade objetiva do Estado foi adotada somente a partir da CF, pois conforme exposto no Quadro a partir da promulgação da Carta de 1946 que se passou a adotar a teoria da responsabilidade objetiva, mantida pelas Constituições de 1967, 1969 e 1988. 12 Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23. Ed. Ver., ampl. e atualizada até 31.12.2009. – Rio de janeiro: Lumen Juris, 2010. P. 594. 44 (Quadrix - 2017 - COFECI - Auxiliar Administrativo) Suponha-se que Abel, servidor público federal de uma autarquia federal, durante o exercício de suas funções, ocasione danos a terceiros, e que Caim, funcionário de uma empresa de personalidade jurídica de direito privado, prestadora de serviços públicos, durante o exercício de suas funções, também ocasione danos a um cidadão. Nesse caso, se comprovado o dolo de Abel e Caim ao ocasionarem os danos, apenas será admitido direito de regresso contra Caim, já que o Brasil, segundo a CF, adotou a teoria da irresponsabilidade do Estado nos casos que envolvam responsabilidade civil do Estado. COMENTÁRIO: O item está errado. A Teoria da Irresponsabilidade do Estado nunca foi adotada no brasil. Desde a promulgação da Carta Magna de 1946 sistema jurídico brasileiro adotou a Teoria do Risco Administrativo para analisar os casos de responsabilidade por danos causados pelo Estado ou seus agentes. Exceção: Teoria do Risco Integral para danos nucleares, danos ambientais e ataques terroristas a aeronaves brasileiras. 45 1.4. Responsabilidade Prestador de serviço X Servidor público RESPONSABILIDADE Prestador de serviço (objetiva) Agente público (subjetiva) As pessoas jurídicas de direito público: União; Estados; Municípios; DF; Autarquias, inclusive as associações públicas e demais entidades de caráter público que a lei assim definir (art.41 CC/02) Só restará a responsabidade: Regra: quando realizado diante das condutas dos agentes públicos do Poder Executivo. Exceção 1: Poder Legislativo, a lei de efeito concreto e a lei declarada incons- titucional geram responsabilidade do Estado pela prática de atos legislativos. As de direito privado prestadoras de serviços públicos: Concessionárias e Permissionárias (art.175 da CF/88) e até Autorizatárias Ao julgar o REsp 1.095.575, a ministra Nancy Andrighi lembrou que, mesmo antes da introdução do Código Civil de 2002, já era reconhecida a responsabi- lidade objetiva da concessionária de serviços públicos, tendo em vista o risco inerente à atividade exercida. Cuidado: empresas públicas e socie- dades de economia mista exploradorasde atividades econômicas não entram nessa regra. Exceção 2: Poder Judiciário, temos o art. 5º, inciso LXXV da CRFB determinando a responsabilidade do Estado pela prática de ato jurisdicional, quando este venha a gerar o erro judiciário e a prisão além do tempo fixado na sentença. Também, no art.5º da CF, inciso LXXVIII que determina como direito do cidadão um processo judicial com duração razoável, podendo gerar a responsa- bilidade do Estado pela morosidade judiciária. Causar Dano: Prestação de serviço público (concessio- nária) advier dano aos terceiros usuários ou não do serviço ou por agente público que preste serviço público em nome do Estado Causar Dano: ao Estado (responde processo administrativo) ou ao Terceiro (agente público sofre ação de regresso do Estado quando comprovado que agiu com dolo ou culpa) Cabe Ação de Regresso da Administração Pública contra o terceiro responsável pelo dano, independentemente de compro- vação de que o agente agiu com dolo ou culpa (Estado pode responder subsidia- riamente a depender de cada caso) A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao terceiro não-u- suário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a responsa- bilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado. Cabe Ação Regressiva da Administração Pública contra agente que praticou dano, desde que comprovado que agiu com dolo ou culpa Responde Civil e Administrativamente Responde Civil, Penal e Administrativa 46 Exemplo: Empresa de Transporte (Concessionária de serviço público) deve prever que o transportador tem o dever de zelar pelo passageiro no trajeto para evitar qualquer acontecimento fatal. Exemplo: Determinado agente público, nesta qualidade, dirigindo imprudente- mente, colide com o veículo oficial em um carro particular, resultando dessa colisão a morte de uma pessoa. COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA No que tange ao transporte público, o STJ entende (Súmula 187) que: A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Portanto, a responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva. Isso significa que, em casos tais, o Estado não pode se eximir da responsabilidade invocando a culpa de terceiro; ele responde objetivamente, porém tem direito de regresso contra o terceiro responsável pelo dano. ATENÇÃO: Atualmente, após Recurso Extraordinário nº 591.874 julgado em 26 de agosto de 2009, o STF entendeu que há responsabilidade civil objetiva das empresas que prestam serviço público mesmo em relação a terceiros não-usuários dos serviços públicos. Cabe, assim, apresentar o entendimento, a admissão da repercussão geral já era um prenúncio de que a Corte mudaria sua orientação quanto ao tema. Não custa lembrar que o STF, preteritamente, no julgamento do RE 262651/ SP, entendeu que a responsabilidade objetiva se restringia aos usuários dos serviços públicos, de modo que o dano causado a terceiro não-usuário dependeria de prova de culpa da concessionária para caracterização da responsabilidade civil, ou seja, a responsabilidade seria subjetiva. E a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos? A jurisprudência entende como regra que: “Ainda que exerça atividade conce- dida pelo Estado, responde em nome próprio pelos seus atos, devendo reparar os danos ou lesões causadas a terceiros. De efeito, a existência da concessão feita pelo Estado, por si, não o aprisiona diretamente nas obrigações de direito privado, uma vez que a atividade cedida é desempenhada livremente e sob a responsabilidade da empresa concessionária”, resume a ementa do julgamento do REsp 287.599. O ministro Villas Bôas Cueva resumiu o entendimento do tribunal no julga- mento do REsp 1.330.027: “Quanto à ré, concessionária de serviço público, é de se aplicar, em um primeiro momento, as regras da responsabilidade objetiva da pessoa prestadora de serviços públicos, independentemente da demonstração da ocorrência de culpa. Isso porque a recorrida está inserta na Teoria do Risco, pela 47 qual se reconhece a obrigação daquele que causar danos a outrem, em razão dos perigos inerentes a sua atividade ou profissão, de reparar o prejuízo”. A doutrina se debruça sobre o tema: O fato de terceiro que exonera a responsabilidade é aquele que com o trans- porte não guarde conexidade13. Sobre a responsabilidade Subjetiva do agente público, segue resumo: No exemplo citado no Quadro, responderá o agente, na esfera: 1) Administrativa: Inf ração Disciplinar, pois dirigia com imprudência; 2) Civil: Ação Regressiva, após a administração ser condenada a indenizar os danos patrimoniais e morais resultantes da colisão; 3) Penal: pelo ilícito penal praticado, nesse caso admite a modalidade culposa – Homicídio Culposo na direção de veículo automotor. Deste modo, as responsabilidades administrativa, civil e penal são cumula- tivas e, em princípio, são independentes, ainda que harmônicas entre si. Ų TEMA POLÊMICO! Boa parte da doutrina entende que, em regra, a responsabilidade objetiva do Estado só atinge os agentes públicos do Poder Executivo, não alcançando os do Poder Legislativo e Judiciário por haver a Irresponsabilidade do Estado. Qual a responsabilidade do Poder Legislativo na consecução de suas atividades? Na doutrina contemporânea a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (Direito Administrativo, 30ª edição, p 831) que ataca frontalmente alguns dos pontos nevrálgicos sobre a polêmica da Responsabilidade ou Irresponsabilidade dos atos do Poder Legislativo, destaca-se: 13 COSTA, Aldo de Campos. A Responsabilidade do Estado no STF e STJ, 2013. Disponível em:< http://www. conjur.com.br/2013-abr-17/toda-prova-responsabilidade-estado-stf-stj/>. Acesso em: 17 de jul. 2019. 48 “Atualmente, aceita-se a responsabilidade do Estado por atos legislativos pelo menos nas seguintes hipóteses: a) leis inconstitucionais; b) atos normativos do Poder Executivo e de entes administra- tivos com função normativa, com vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade; c) lei de efeitos concretos, constitucionais ou inconstitucionais; d) omissão o poder de legislar e regulamentar”. E quanto ao Poder Judiciário? Quanto ao Poder Judiciário, o STF entende no sentido de que o “(...) art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a respon- sabilidade do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetivo (sic) do serviço público da Justiça” (RE 505.393/PE). K VAMOS PRATICAR (DIPLOMATA/INSTITUTO RIO BRANCO – CESPE/2016) A responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais vem sendo aceita, segundo a jurisprudência do STF, em caso de comprovada falta objetiva na prestação judiciária. COMENTÁRIO: O item está certo. De acordo com o Supremo Tribunal Federal há possibilidade: “O acórdão recorrido decidiu em consonância com a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal firmada no sentido de que o “(...) art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabili- dade do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetivo (sic) do serviço público da Justiça14”. (FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) Sobre a responsabilidade do Estado por atos legislativos, NÃO está correto o que se afirma em: a) Sua aplicação não é admitida com relação às leis de efeitos concretosconstitucionais. b) É aplicável aos casos de omissão no dever de legislar e regulamentar c) É admitida com relação às leis declaradas inconstitucionais. d) É aceita nos casos de atos normativos do Poder Executivo e de entes administrativos com função normativa, mesmo em caso de vícios de inconsti- tucionalidade ou de ilegalidade. 14 AI-AgR 842.715, Primeira Turma, rel. Ministra Rosa Weber, 12.8.2014 49 COMENTÁRIO: A resposta INCORRETA é “a”. Alerto o candidato para que tenha muita atenção com o “comando da questão”, principalmente quando a banca for a FUMARC. Ainda, destaco que esse tema é muito importante para concursos de natu- reza jurídica (Juiz, Delegado, Promotor, Defensor etc.), uma vez que envolve muita polêmica e conceitos doutrinários e jurisprudenciais. Cito como exemplo, a questão acima que foi cobrada no concurso de Delegado da PC MG em 2018. Pois bem, vamos aos comentários sobre a questão. Como já visto acima, a responsabilidade do Estado por atos legislativos é aceita, ao menos, nos casos de: a) leis inconstitucionais; b) atos normativos, do Poder Executivo ou de outros entes com função normativa, com vícios de inconstitucionalidade ou ilegalidade; c) lei de efeitos concretos, sejam eles constitucionais ou inconstitucionais; d) omissão do poder de legislar e regulamentar. O que são Leis de efeitos concretos? A doutrina define como aquelas que materialmente não se destinam a fatos gerais, abstratos e impessoais, mas sim a disciplinar relação jurídica de indi- víduos determinados, sendo que formalmente é considerada lei, no entanto, materialmente será considerada apenas ato administrativo que cumpriu todo o rito do processo legislativo. Em relação à alternativa “b”, a assertiva está correta. A jurisprudência entende (STF: MI 283) que a inércia de produção legislativa ou regulamentar, sobretudo após manifestação do Poder Judiciário por meio dos remédios constitucionais relativos ao Mandado de Injunção ou Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão, quando o caso, pode ensejar a condenação e a reparação constitucional devida pelas perdas e danos. Quanto à alternativa “c”, pode-se afirmar que está correta, devido a juris- prudência admitir (STF: RE 153.464) a reparação pelo Estado em função de produção legislativa declarada inconstitucional, desde que fique efetivamente caracterizado o dano ao administrado. Na alternativa “d”, também se afirma que está correta, posto que a responsa- bilidade do Estado é aceita quando decorre de atos normativos do Poder Executivo e de Agências Reguladora, bem como de outros entes administrativos com função normativa em caso de vícios de inconstitucionalidade ou de ilegalidade. Neste sentido, para isso é preciso a manifestação do Judiciário para declarar a ilegalidade ou inconstitucionalidade. 50 (CESPE - 2018 - EMAP - Analista Portuário - Área Jurídica) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a responsabilidade civil das empresas públicas perante usuários de serviços públicos é objetiva. Todavia, perante terceiros não usuários, a sua responsabilidade é subjetiva, dado o caráter privado da entidade, o que atrai a aplicação da teoria geral civilista quanto à responsabilização. A responsabilidade das concessionárias e permissio- nárias de serviços públicos será objetiva, independentemente de a vítima ser usuário ou terceiro. COMENTÁRIO: O item está errado. Observe que a pegadinha da questão está em afirmar que a responsabilidade será subjetiva perante terceiros não usuários. Na verdade, a responsabilidade, no caso, será objetiva para os terceiros usuários e não-usuários do serviço. Neste sentido firmou-se a jurisprudência do STF15 pela responsabilidade objetiva do Estado em caso de responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público em relação a terceiros não-usuários do serviço. 1.5. Responsabilidade Subjetiva do Agente público: Negativa de Autoria X Ausência de Culpabilidade X Insuficiência de Provas Responsabilidade Subjetiva (Agente Público) Efeitos da Condenação na esfera Penal Absolvição e seus reflexos Negativa de autoria ou do fato a sentença criminal também produz efeitos na esfera administrativa e civil, eis que impede a responsabilização ao funcionário, conforme dispõem os arts. 935, CC e art. 126, da Lei 8.112/90. Ausência de culpabilidade penal não produz efeito algum nos âmbitos civis e administrativos, sendo que a Administração poderá ajuizar ação de regresso de indenização e condená-lo à infração disciplinar administrativa, já que houve apenas a declaração de não existência de ilícito penal, que não afasta a punição civil e administrativa. Insuficiência ou ausência de provas não produz qualquer efeito no juízo cível e administrativo, não impede que se comprovem a culpa administrativa e a civil, conforme expressamente disposto nos arts. 66 e 67, CPP. 15 RE 591.874/MS, rel. Ministro Ricardo Lewandowski, 26.08.2009 51 Súmula 18 do STF: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público. É importante ressaltar que a responsabilidade civil não se confunde com a responsabilidade administrativa (a primeira se trata da responsabilidade contratual, a responsabilidade está fixada e se resolve com base nas cláusulas do contrato) e com a responsabilidade penal (ocorre quando os agentes públicos, causadores diretos do dano, podem vir a cometer contravenções ou crimes), sendo essas três esferas de responsabilização, em regra, independentes entre si, podendo as sanções correspondentes ser aplicadas separada ou cumulativamente conforme as circunstâncias de cada caso16. K VAMOS PRATICAR (CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal) A responsabili- dade administrativa do servidor público independe da sua responsabili- dade penal, salvo na hipótese de, na esfera criminal, ocorrer absolvição do réu fundamentada na negativa do fato criminoso ou da autoria do delito. COMENTÁRIO: O item está certo. Destaco que a banca anulou a questão, ainda que não houvesse respaldo, pois a redação está em consonância com a doutrina. Como já destacado no Quadro acima: Negativa de autoria ou do fato a sentença criminal também produz efeitos na esfera administrativa e civil, eis que impede a responsabilização ao funcionário, conforme dispõem os arts. 935, CC e art. 126, da Lei 8.112/90. (IDECAN - 2019 - AGU – Técnico - adaptada) A responsabilidade administrativa do servidor público será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. COMENTÁRIO: O item está certo. A assertiva reproduz o teor do art. 126 da Lei 8.112/90: “A respon- sabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria”. 16 Alexandrino, Marcelo, Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 21ª Edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2013. P. 804. 52 1.6. Ação de Regresso na visão do STF X STJ Ação de Regresso STF STJ Ajuizamento da ação Aplicação: Teoria da Dupla Garantia Não aplicação: Teoria da Dupla Garantia Não aplicação: ajuizamento “per saltum” de ação indenizatória Aplicação: ajuizamento “per saltum” de ação indenizatória Vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado. Vítima tem a possibilidade de escolher se quer ajuizar a ação: 1) somente contra o Estado; 2) somente contra o servidor público; 3) contra o Estado e o servidor público em litisconsórcio. Prescrição: 3 anos* Prescrição: 5 anos* COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA *No julgamento (RE 669069/MG), o STF manteve a decisão do tribunal de origem que entendeu ser de 3 anos o prazo prescricional da ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícitocivil. Oportuno destacar que o objeto do recurso extraordinário não era esse. Assim, o Supremo ainda não enfrentou diretamente o tema. Mas, temos que ter atenção redobrada em decorrência de veiculação da retromencionada decisão, podendo ser objeto de cobrança em prova de concurso destacando o prazo de três anos por motivo do STF ter mantido no citado julgado. *A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a prescrição contra ou a favor da Fazenda Pública, em razão do princípio da isonomia, é quinquenal, mesmo em ações indenizatórias, uma vez que é regida pela norma especial (Decreto 20.910/32) que prevalece sobre lei geral. Destarte, o Estado terá o prazo de cinco anos para cobrar do servidor em ação regressiva, comprovada sua culpa pela responsabilidade subjetiva, pautando-se no princípio da isonomia, uma vez que as ações contra a Administração não poderiam ter prazo prescricional maior que as ações a favor da Administração. (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 768.400/ DF, Rel. Min. Humberto Martins). O que se entende por Teoria da Dupla Garantia? O chamado ajuizamento “per saltum” de ação indenizatória diretamente contra o agente público culpado é controvertido na jurisprudência do STF e do STJ. 53 À luz do STF, a vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano. O ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público. Para essa corrente, ao se ler o § 6º do art. 37 da CF/88, é possível perceber que o dispositivo consagrou duas garantias (dupla garantia): a) a primeira, em favor do particular lesado, considerando que a CF/88 assegura que ele poderá ajuizar ação de indenização contra o Estado, que tem recursos para pagar, sem ter que provar que o agente público agiu com dolo ou culpa; b) a segunda garantia é em favor do agente público que causou o dano. A parte final do § 6º do art. 37, implicitamente, afirma que a vítima não poderá ajuizar a ação diretamente contra o servidor público que praticou o fato. Este servidor somente pode ser responsabilizado pelo dano se for acionado pelo próprio Estado, em ação regressiva, após o Poder Público já ter ressarcido o ofendido. Outro argumento invocado é o princípio da impessoalidade. O agente público atua em nome do Estado (e não em nome próprio). O servidor realiza a vontade do Estado em sua atuação. Logo, quem causa o dano ao particular é o Estado (e não o servidor). O STJ e a doutrina majoritária defendem que a vítima tem a possibilidade de escolher se quer ajuizar a ação: a) somente contra o Estado; b) somente contra o servidor público; c) contra o Estado e o servidor público em litisconsórcio. Dessa forma, quem decide se irá ajuizar a ação contra o agente público ou contra o Estado é a pessoa lesada, não havendo uma obrigatoriedade na CF/88 de que só ajuíze contra o Poder Público. A vítima deverá refletir bastante sobre qual é a melhor opção porque ambas têm vantagens e desvantagens. Se propuser a ação contra o Estado, não terá que provar dolo ou culpa. Em compensação, se ganhar a demanda, será pago, em regra, por meio de precatório. Se intentar a ação contra o servidor, terá o ônus de provar que este agiu com dolo ou culpa. Se ganhar, pode ser que o referido servidor não tenha patrimônio para pagar a indenização. Em compensação, o processo tramitará muito mais rapidamente do que se envolvesse a Fazenda Pública e a execução é bem mais simples. Adotada pela 4ª Turma do STJ no REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013 (Info 532). 54 K VAMOS PRATICAR (FCC - 2017 - DPE-PR - Defensor Público- adaptada) Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, os tribunais superiores assentaram a possibilidade de ajuizamento pelo lesado de ação de reparação de danos diretamente contra o autor do fato, devendo nesse caso, ser perquirida apenas a conduta, nexo causal e os prejuízos. COMENTÁRIO: O item está errado. A pegadinha está na expressão: “os tribunais superiores assen- taram”. Na verdade, com o apresentado no Quadro em epígrafe há divergência entre o STJ X STF. O STF firmou entendimento na linha de que o art. 37, §6º, CF/88, ao tratar da responsabilidade civil do Estado, estabelece uma dupla garantia, sendo uma delas justamente em favor dos agentes públicos, no sentido de que não poderão ser demandados diretamente pelos particulares lesados, mas sim apenas mediante ação regressiva, por parte do ente público (ou privado prestador de serviços públicos), nos casos de condutas culposas ou dolosas. (FCC - 2017 - DPE-PR - Defensor Público- adaptada) Aplica-se o prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto n° 20.910/1932 às ações indenizatórias ajuizadas contra Fazenda Pública, afastando-se a incidência do prazo trienal previsto no Código Civil em razão do critério da especialidade normativa. COMENTÁRIO: O item está certo. Em que pese o STF não ter se debruçado especificamente sobre a corrente adotada pelo STJ, não podemos afirmar que a Excelsa Corte adotou o entendimento da prescrição de cinco anos. Assim, a questão deveria ter sido anulada pela banca por ser tema polêmico na jurisprudência. De fato, a linha jurisprudencial adotada pelo STJ, através de sua 1ª Seção, ao analisar o EREsp 1.081.885/RR, rel. Ministro Hamilton Carvalhido, foi no sentido de que se aplica, no âmbito das ações indenizatórias movidas contra o Estado, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 1º do Decreto 20.910/32, recepcionado pela CF/88 com status de lei ordinária, e que seria norma especial em relação ao Código Civil, por isso que não poderia ser derrogado, nesse particular. c BIZU! Deixo uma dica muito importante para esses temas polêmicos cobrados em provas. Observe que a banca só tem duas opções: 1) Trazer explicitamente o Tribunal ou doutrina em conjunto com a corrente os quais estes se filiam, sendo majoritário ou minoritário; 2) Dizer que o tema está pacificado, firmado, assentaram nos tribunais etc. 55 Observe que na opção (1) a banca quer trazer o gabarito como correto nos temas polêmicos cobrados, explicitando o posicionamento adotado pelo respec- tivo Tribunal. Mas na opção (2), a banca quer confundir o candidato, pois pega tema polê- mico e afirmar que está pacífico etc. Caso a banca não siga essa lógica, a questão será passível de recurso, mesmo que haja banca goze da famigerada autonomia e não se discuta no judiciário o seu mérito, não podemos deixar de recorrer. 1.7. Revisão Final Vamos ver como está seu aprendizado com mais uma bateria de questões com gabarito sem comentário. Caso tenha dúvida, volte ao quadro e explicações acima. 1. Igor, servidor público estatutário e regularmente investido no cargo de motorista da Secretária de Saúde do Estado do Acre, ao dirigir alcoo- lizado carro oficial em serviço, atropelou particular que atravessava, com prudência, uma faixa de pedestres no centro de Rio Branco/AC, ferindo-o gravemente. Tomando por base essa situação hipotética, os preceitos, a doutrina e a jurisprudência da responsabilidade civil, assinale a alternativa CORRETA: a) é caso de aplicação da teoria do risco integral; b) a vítima não pode ingressar com ação de ressarcimento do dano contra o Estado, apenas contra Igor; c) no âmbito da ação indenizatória pertinente e após o trânsito em julgado, Igor não poderá ser responsabilizado, regressivamente, caso receba menos de dois salários mínimos; d) na teoria do risco administrativo, há hipóteses em que, mesmo com a responsabilização objetiva, o Estado não será passível de responsabilização. 2. Quanto à responsabilidade civil do Estado, é correto armar: a) A falta do serviço dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entrea ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro. b) Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes – a negligência, a imperícia ou a imprudência –, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. c) A responsabilidade civil do Estado é subjetiva, dispensando, assim, inda- gação sobre a culpa ou dolo daquele que, em seu nome, haja atuado. d) Em se tratando de ato omissivo do Estado, não precisa o prejudicado demonstrar a culpa ou o dolo, pois o Estado incide na responsabilidade subjetiva. 56 e) A responsabilidade civil dos servidores públicos dos Estados independe da existência de dolo ou culpa. 3. “Determinado agente de uma pessoa jurídica de direito público, nessa qualidade, causa danos a terceiros.” A pessoa jurídica poderá ser demandada a partir da aplicação da teoria do(a) a) risco integral. b) irresponsabilidade. c) responsabilidade subjetiva. d) risco administrativo (objetiva). e) culpa administrativa (subjetiva). 4. Assinale a alternativa correta: a) De acordo com o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, a responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público é objetiva em relação ao usuário do serviço e subjetiva em relação ao não usuário. b) De acordo com o atual entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a pretensão de reparação de danos contra o Estado prescreve em 3 (três) anos. c) A responsabilidade civil objetiva do Estado pode decorrer de ato lícito que cause dano jurídico ou meramente econômico a terceiro. d) De acordo com a teoria do risco integral, o Estado responde objetiva e integralmente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, desde que não esteja presente nenhuma causa excludente de responsabilidade. e) A responsabilidade civil da empresa pública, integrante da adminis- tração pública indireta, que explore atividade econômica seguirá as mesmas regras aplicáveis às empresas privadas. 5. Sobre a responsabilidade civil do Estado, são feitas as seguintes afirmativas: I) Pela teoria do risco administrativo, o Estado responde objetivamente pelos danos que causar, ou seja, em regra basta que uma conduta estatal cause um dano indenizável a alguém para que o Estado tenha de responder civilmente. II) O agente público responde pelos danos que causar a terceiros, perante a pessoa com quem trabalha, independente de dolo ou culpa. III) As pessoas jurídicas prestadoras de serviço público, como concessio- nárias de serviço público, por exemplo, nas áreas de água e esgoto, energia elétrica, telefonia, etc., respondem pelos danos que seus agentes causarem, independentemente de culpa, incluindo, nessa hipótese, terceiro não usuário do serviço público. Está(ão) correta(s): a) apenas I. 57 b) apenas II. c) apenas III. d) apenas I e III. e) apenas II e III. 6. Antônio, funcionário de empresa concessionária prestadora do serviço público de fornecimento de energia elétrica, foi acionado para consertar um transformador cujo defeito deixou toda a comunidade local sem luz. Ao chegar no local dos fatos com o caminhão próprio da empresa, subiu as escadas e acessou o equipamento que cava na parte de cima do poste. De repente, Antônio deixou cair uma peça, que atingiu um veículo regularmente estacionado em via pública, causando danos a seu proprietário. De acordo com a Constituição da República, no caso em tela, a responsabilidade civil é: a) objetiva da empresa concessionária, que responde pelos danos que seu agente, nessa qualidade, causou a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o funcionário nos casos de dolo ou culpa; b) objetiva do Estado que concedeu o serviço, o qual responde pelos danos que a concessionária contratada causou a terceiros, assegurado o direito de regresso contra a concessionária, nos casos de dolo ou culpa; c) subjetiva da empresa concessionária, que responde pelos danos que seu agente, nessa qualidade, causou a terceiros, independentemente do dolo ou culpa com que agiu seu funcionário; d) subjetiva do Estado que concedeu o serviço, o qual responde pelos danos que a concessionária contratada causou a terceiros, por ter elegido mal a empresa contratada; e) subjetiva do funcionário Antônio, que responde pelos danos que causou a terceiros, independentemente do dolo ou culpa. 7. No Brasil, a responsabilidade do Estado, conforme o direito admi- nistrativo, é regida pela teoria do(a) a) responsabilidade subjetiva. b) risco administrativo. c) risco integral. d) princípio da irresponsabilidade estatal. e) culpa civil. 8. Considere a seguinte hipótese: o município de Nossa Senhora do Socorro foi fortemente afetado pelas chuvas no início do ano. Os estragos provocados pela chuva só não foram piores porque a Prefeitura Municipal se acautelou, em tempo hábil, de todas as formas possíveis, no intuito de minimizar os impactos e danos provocados pelas chuvas já previstas no 58 início de todo ano. Promoveu o aperfeiçoamento do sistema de escoa- mento, saneamento e moradia. Contudo, essas medidas não foram sufi- cientes para impedir danos aos habitantes da cidade, considerando, a continuidade e o volume das chuvas muito além do esperado. Nesse sentido, é CORRETO armar que o município a) responde pelos danos causados aos habitantes, considerando a sua responsabilidade objetiva. b) responde pelos danos causados aos habitantes, considerando a sua responsabilidade subjetiva. c) não responde pelos danos causados aos seus habitantes, nesse caso, considerando tratar-se de caso de força maior, sem nenhuma parcela de culpa imputável à administração, já que tal esfera se acautelou de todas as formas possíveis. d) não responde pelos danos causados, independentemente de sua conduta, por se tratar de situação caracterizadora de caso fortuito. e) responderá pelos danos causados aos habitantes, mesmo tendo se acautelado de diversas maneiras para evitar transtornos aos habitantes, uma vez que se trata de ônus da administração pública. 9. Em caso de serviço público concedido, terceiro vem a sofrer lesão decorrente da execução da prestação de serviço. Diante do exposto, pode ser acionado pelo terceiro lesionado para responder pela reparação dos danos a) a concessionária apenas. b) o poder concedente apenas. c) o servidor público ou o agente da concessionária. d) a concessionária ou o poder concedente. e) o órgão público, integrante do poder concedente, que promoveu a delegação do serviço. 10. A responsabilidade objetiva do Estado não, abrange: a) autarquia, incumbida de poder de polícia; b) empresa privada, concessionária de serviço público; c) empresa pública, prestadora de serviço público. d) Poder Legislativo, no exercício da função administrativa. e) Poder Judiciário, no exercício da função jurisdicional. GABARITOS: 1d; 2b; 3d; 4e; 5d; 6a; 7b; 8d; 9d; 10e. 59 Vejamos como o tópico “Responsabilidade Objetiva do Estado” vem sendo cobrado em provas. Destaca-se que a questão discursiva abaixo foi cobrada no concurso de Delegado de MG em 2018. O candidato dispunha de 20 linhas para desenvolver o tema para obter até cinco pontos. Questão discursiva: “Um detento, alcunhado de “X9” pelos demais presidiários, foi encontrado morto no interior de sua cela, restando apurado pela perícia que a causa do evento teria sido traumatismo craniano. Sabendo-se que a vítima, uma semana antes, havia sofrido agressões físicas por parte dos companheiros de cela, situação que motivou os respectivos fami- liares solicitarem à autoridade policial que autorizasse sua remoção para outra ala da unidade, sob o argumentode que o detento teria afirmado estar recebendo ameaças de morte, DISCORRA sobre a responsabilidade estatal, à luz do artigo 37, § 6º, da CF/88, abordando, necessariamente, se o fato impõe à Administração o dever de indenizar”. Vejamos o espelho de resposta adotado pela banca FUMARC: A Constituição Federal de 1988, reafirmando a teoria do risco administrativo e estabelecendo a responsabilidade civil objetiva do Estado pelos atos dos seus agentes, em seu artigo 37, § 6º, estabelece que “as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Ocorre que para que se configure a responsabilidade civil do ente público no mister da execução penal, não basta a pura e simples inobservância do mandamento constitucional, sendo necessário, também, que o Poder Público tenha a efetiva possibilidade de agir nesse sentido, de modo que se mostrando inviável a atuação estatal para evitar a morte do preso, é imperioso reconhecer a ruptura do nexo de causalidade entre essa omissão e o dano. Entendimento em sentido diverso impli- caria reconhecer a aplicabilidade da teoria do risco integral, diante da qual descabe a invocação de excludentes de responsabilidade (culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força maior), como ocorre, por exemplo, nos casos de dano ambiental. Como sabido, o direito à integridade física e moral decorre do princípio geral da dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III, da CF/88), fundamento da República Federativa do Brasil, devendo ser este observado de forma irrestrita com relação aos presos, na medida em que o fato de se encontrarem sob a custódia do Estado não lhes retira, obviamente, a condição de seres humanos. A Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984), inclusive, em seu artigo 3º, dispõe, expressamente, que “ao condenado serão assegurados todos os direitos não atin- gidos pela sentença ou pela lei”. No caso concreto, considerando que o detento 60 já havia sido agredido recentemente e que vinha sofrendo reiteradas ameaças de morte, e que o temor de que referidas ameaças se concretizassem por ele relatado aos familiares fez com que solicitassem a transferência para outra ala da unidade penitenciária, tem-se que o evento resultou da inobservância do dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal. Assim, o Estado não cuidou de implementar as medidas de proteção da incolumidade do detento, de modo a evitar o seu óbito, quando o contexto assim permitia que fizesse, o que torna evidente o dever de indenizar. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 841.526, julgado em repercussão geral, por unanimidade, firmou a seguinte tese: “em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento”. Vale anotar que, diante da omissão do delegado, consubstanciada na ausência de deliberação sobre o pedido apresentado pelos familiares do detento, para que fosse autorizada sua remoção para outra ala da unidade penitenciária, o Estado poderá exercer o direito de regresso em face da referida autoridade policial, na forma prevista no §6º do artigo 37, do texto constitucional. _GoBack _GoBack _Hlk12540021