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CARREIRAS POLICIAIS 5.332 LÍNGUA PORTUGUESA, MATEMÁTICA, RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO, INFORMÁTICA, DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO ADMINISTRATIVO, DIREITO PENAL, DIREITO PROCESSUAL PENAL, CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, LEIS ESPECIAIS, ARQUIVOLOGIA, ADMINISTRAÇÃO, FÍSICA, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA E CONTABILIDADE. P O L I C I A I S RODOVIÁRIA FEDERAL CIVIL Agora eu QUESTÕES GABARITADAS Língua Portuguesa ..................................................... 5 Matemática ............................................................ 174 Raciocínio Lógico-Matemático ............................ 194 Informática ............................................................. 256 Direito Constitucional ........................................... 329 Direito Administrativo ........................................... 401 Direito Penal .......................................................... 452 Direito Processual Penal ...................................... 624 Código de Trânsito Brasileiro ............................... 681 Leis Especiais ......................................................... 730 Arquivologia ........................................................... 797 Administração ....................................................... 829 Física ....................................................................... 870 Administração Financeira e Orçamentária ....... 936 Contabilidade ......................................................... 986 Sumário P O L I C I A I S Agora eu LÍNGUA PORTUGUESA 6 LÍNGUA PORTUGUESA crase 1. (CESPE – 2015) Faço compras no supermercado. Encho o tanque do automóvel. Compro um livro, um fil- me, um CD. Vou almoçar, pago a conta, saio. E então reparo que não encontrei um único ser humano em todo o processo. Só máquinas. Eu, o meu cartão de crédito – e uma máquina. Então penso: será que Paul Lafargue (1842-1911) tinha razão? Lafargue é pouco lido hoje em dia. Genro do famoso Karl Marx, Lafargue escreveu O direito à preguiça em finais do século XIX. Para deixar uma mensagem otimista: a humanidade deixará o trabalho para trás porque o progresso tecnológico vai libertar os homens da condenação da jornada. A mensagem de Lafargue é uma espécie de profecia bíblica do avesso: quando Adão e Eva foram expulsos do paraíso, Deus condenou o par desobediente a ganhar a vida com o suor do ros- to. As máquinas, escreveu Lafargue, permitirão que os homens regressem ao paraíso, deixando as canseiras da labuta para os brinquedos da tecnologia. Não sei quantas vezes li o opúsculo de Lafargue. Umas dez. Umas cem. Sempre à espera do dia em que a máquina libertaria os homens para o lazer. João Pereira Coutinho. Nós, os escravos. In: Internet: <www1.folha.uol.com.br> (com adaptações). Haveria prejuízo para a correção gramatical do texto se, feitos os devidos ajustes de maiúsculas e minúsculas, o ponto final logo após “século XIX” fosse substituído por vírgula. ( ) Certo ( ) Errado 2. (CESPE – 2015) Não é fácil ser um organismo. Em todo o universo, pelo que sabemos até agora, só existe um lugar, um posto avançado discreto da Via Láctea chamado Terra, que sustentará 4 você e, mesmo assim, com muita má vontade. Do fundo da fossa oceânica mais profunda ao topo da montanha mais elevada, a zona que abrange quase toda a vida conhecida, existem menos de vinte quilômetros – não muito se com- parados com a vastidão do cosmo como um todo. Para os seres humanos, a situação é ainda pior, porque pertencemos por acaso ao grupo de seres vivos que tomaram a decisão precipitada, mas ousada, 400 milhões de anos atrás, de rastejar para fora dos oceanos, tornando-se terrestres e respirando oxigênio. Em consequência, nada menos que 99,5% do espaço habitável do mundo em termos de volume, de acordo com uma estimativa, estão fundamentalmente – em termos práticos, completamente – fora do nosso alcance. Não se trata apenas de que não conseguimos respirar na água, mas de que não supor- taríamos as pressões. Como a água é cerca de 1.300 vezes mais pesada que o ar, as pressões aumentam rapidamente à medida que se desce – o equivalente a uma atmosfera para cada dez metros de profundidade. Em terra, se você subisse em uma construção de 150 metros – a catedral de Colônia ou o monumento de Washington, digamos –, a mudança de pressão, de tão pequena, seria imperceptível. No entanto, à mesma profundidade na água, suas veias se contrairiam e seus pulmões se comprimiriam até ficar do tamanho de uma lata de refrigerante. Bill Bryson. O planeta solitário. In: Breve história de quase tudo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 247-8 (com adaptações). O emprego da vírgula após o travessão é facultativo. ( ) Certo ( ) Errado 7 LÍNGUA PORTUGUESA 3. (CESPE – 2015) As mudanças políticas, sociais e culturais, nos últimos vinte anos, fizeram-se sentir no âm- bito do direito administrativo e, mais especificamente, na forma de administrar a coisa pública. Diante dessa nova realidade, para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível, a administração pública precisou aperfeiçoar sua atuação, afastando-se da administração burocrática e adotando uma administração gerencial. A antiga forma de administrar empregada pela administração pública calcava-se essen- cialmente em uma gestão eivada de processos burocráticos, criados para evitar desvios de recur- sos públicos, o que a tornava pouco ágil, pouco econômica e ineficiente. A nova administração gerencial tende a simplificar a atividade do gestor público sem afastá-lo, porém, da legalidade absoluta, uma vez que dispõe de valores públicos que devem ser bem empregados para garantir que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam atendidos. Assim, implementou-se a administração gerencial e, para isso, foi necessário que os agentes públicos mudassem suas posturas e se adequassem para desenvolver a nova gestão pública. O novo gestor público precisou lançar mão de técnicas de gestão utilizadas pela inicia- tiva privada e verificou, ainda, que era necessário o acompanhamento constante da execução das atividades propostas, para que efetivamente se chegasse a uma gestão eficiente, uma ges- tão por resultados. Para levar a cabo o novo modelo de gestão pública, será preciso adotar novas tecnolo- gias e promover condições de trabalho adequadas, assim como mudanças culturais, desenvolvi- mento pessoal dos agentes públicos, planejamento de ações e controle de resultados. Maria Denise Abeijon Pereira Gonçalves. A gestão pública adaptada ao novo paradigma da eficiência. Internet: <www. egov.ufsc.br> (com adaptações). A correção gramatical do trecho seria mantida, caso se inserisse acento indicativo de crase no vocábulo “a” que compõe a locução “a cabo”. ( ) Certo ( ) Errado 4. (CESPE – 2015) Desde 1990, no Brasil, tem havido uma melhora sistemática do coeficiente de Gini, índice comumente utilizado para medir a desigualdade de distribuição de renda: melhorou dos 0,603 de 1993 para os 0,501 de 2013. Tendo por base os valores de 1998, ano da privatização dos serviços de telecomunicações do Brasil, o PIB per capita do brasileiro aumentou apenas 35,0% no período findo em 2014, ao passo que, no mesmo período, a densidade de telefones fixos aumentou 84,5% e a de telefones celulares aumentou 3.114%. A penetração dos serviços de telefonia — fixa ou móvel — só não foi maior devido ao irri- sório crescimento da renda per capita no período, agravado pela carga tributária incidente sobre serviços de telecomunicações, essenciais para o desenvolvimento sustentável com inclusão social. No cenário mundial, o Brasil passou do 54.º lugar, em 2002, para o 65.º lugar, em 2013, se- gundo o índice de desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação (TIC), da União Internacional de Telecomunicações, indicando que o país está defasado no aproveitamentodos benefícios que as TIC propiciam para o desenvolvimento sustentável com inclusão social e com inserção no mundo globalizado. 8 LÍNGUA PORTUGUESA Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013, 92,5% dos domicí- lios tinham acesso aos serviços telefônicos — fixos ou móveis. Em 1998, apenas 32% dos domicílios tinham acesso a esses serviços, o que indica um volumoso aumento no período mencionado. No final do primeiro semestre de 2015, 41.310 localidades eram servidas pela telefonia fixa, em função da realização das metas do Plano Geral de Metas de Universalização; no final do primei- ro semestre do ano anterior, eram 40.907 localidades e, em 1992, eram 16.950. O ambiente socioeconômico do setor de telecomunicações. In: O desempenho do setor de telecomunicações no Brasil. Séries temporais 1S15. Elaborado pela Telebrasil em parceria com o Teleco. Rio de Janeiro, agosto de 2015, p. 7-9. Internet: <www.telebrasil.org.br> (com adaptações). No final do primeiro parágrafo, caso se substituíssem o sinal de dois pontos por vírgula e a palavra “melhorou” por que passou, a correção gramatical do período seria mantida. ( ) Certo ( ) Errado 5. (CESPE – 2015) Exercer a cidadania é muito mais que um direito, é um dever, uma obrigação. Você como cidadão é parte legítima para, de acordo com a lei, informar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) os atos ilegítimos, ilegais e antieconômicos eventualmente praticados pelos agentes públicos. A garantia desse preceito advém da própria Constituição do estado do Rio Grande do Norte, em seu artigo 55, § 3.º, que estabelece que qualquer cidadão, partido político ou entidade organizada da sociedade pode apresentar, ao TCE/RN denúncia sobre irregularidades ou ilegali- dades praticadas no âmbito das administrações estadual e municipal. Exercício da cidadania. Internet: <www.tce.rn.gov.br> (com adaptações). A substituição da última vírgula do primeiro parágrafo do texto pela conjunção e não acarreta erro gramatical ao texto nem traz prejuízo à sua interpretação original. ( ) Certo ( ) Errado 6. (CESPE – 2015) A biografia de meu pai resume e exemplifica o desdobramento da vida de milhões de imi- grantes pobres que chegaram ao Brasil fugindo da miséria em seus países de origem — assim como a da minha mãe, filha de italianos da região do Vêneto, norte da Itália. Sebastião nasceu em Guidoval, uma pequena cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, região já decadente em 1928, que conhecera, em menos de meio século, o apogeu e o ocaso da cultura do café. Meu avô faleceu, não se sabe de quê, ainda durante a gravidez de minha avó, que, por sua vez, morreu pouco depois do parto. Órfão e sem parentes, meu pai foi pego para criar por uma família italiana, em Dona Eusébia. O agregado, figura singular da estrutura social brasileira, crescia como se fosse membro da família, embora arcasse apenas com deveres, nunca usufruindo de quaisquer direitos. Disponível vinte e quatro horas por dia durante todo o ano, trabalhava em troca de cama e comida — comida servida na cozinha e cama posta num quartinho do lado de fora. Além disso, como soldava fortes laços afetivos com a casa, tornava-se de inteira confiança para desempenhar serviços os mais diversos. Assim ocorreu com meu pai: desde cedo ele labutou, inicialmente como pajem das crian- ças, algumas de sua idade, mais tarde puxando enxada no eito. Quando se casou, aos vinte e dois anos, carregava nos olhos uma gratidão quase cega aos irmãos e irmãs postiços, que sempre nos trataram com educado desprezo e as mãos vazias. 9 LÍNGUA PORTUGUESA A saúde frágil — teve quase todas as doenças sociais possíveis, de paratifo a tuberculo- se — não o impediu de sonhar um futuro radioso para os filhos. Com minha mãe, mudou-se para Cataguases, cidade de economia baseada na indústria têxtil, onde, insubmisso à sua maneira, não conseguiu adaptar-se a horários fixos e patrões. A breves períodos como empregado assalariado na construção civil, sucediam-se longas tentativas frustradas de estabelecer-se com negócios pró- prios, quase sempre empreendimentos modestos e banais. Luiz Ruffato. Biografia de um homem comum. In: El País. 29/4/2015. Internet: <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/29/ opinion/1430319907_540182.html> (com adaptações). Na expressão “de paratifo a tuberculose”, o uso do sinal indicativo de crase no termo “a” não prejudicaria a correção gramatical do texto, pois, nesse caso, tal uso tem cará- ter facultativo. ( ) Certo ( ) Errado 7. (CESPE – 2015) O tenente Antônio de Souza era um desses moços que se gabam de não crer em nada, que zombam das coisas mais sérias e que riem dos santos e dos milagres. Costumava dizer que isso de almas do outro mundo era uma grande mentira, que só os tolos temem a lobisomem e feiticeiras. Jurava ser capaz de dormir uma noite inteira dentro do cemitério. Eu não lhe podia ouvir tais leviandades em coisas medonhas e graves sem que o meu co- ração se apertasse, e um calafrio me corresse a espinha. Quando a gente se habitua a venerar os decretos da Providência, sob qualquer forma que se manifestem, quando a gente chega à idade avançada em que a lição da experiência demonstra a verdade do que os avós viram e contaram, custa ouvir com paciência os sarcasmos com que os moços tentam ridicularizar as mais respei- táveis tradições, levados por uma vaidade tola, pelo desejo de parecerem espíritos fortes, como dizia o Dr. Rebelo. Peço sempre a Deus que me livre de semelhante tentação. Acredito no que vejo e no que me contam pessoas fidedignas, por mais extraordinário que pareça. Sei que o poder do Criador é infinito e a arte do inimigo, vária. Mas o tenente Souza pensava de modo contrário! Apontava à lua com o dedo, deixava-se ficar deitado quando passava um enterro, não se benzia ouvindo o canto da mortalha, dormia sem camisa, ria-se do trovão! Alardeava o ardente desejo de encontrar um curupira, um lobisomem ou uma feiticeira. Ficava impassível vendo cair uma estrela, e achava graça ao canto agoureiro do acauã, que tantas desgraças ocasiona. Enfim, ao encontrar um agouro, sorria e passava tranquilamente sem tirar da boca o seu cachimbo de verdadeira espuma do mar. Inglês de Sousa. A feiticeira. São Paulo: Ed. Difusão Cultural do Livro, 2008, p. 7-8 (com adaptações). A supressão da vírgula empregada no trecho “a arte do inimigo, vária”prejudicaria o sentido original do texto. ( ) Certo ( ) Errado 10 LÍNGUA PORTUGUESA 8. (CESPE – 2015) Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela Lei Complemen- tar n.º 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria legislação destinada a assegurar, como alegam, maior rigor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, fortalecer a estrutura legal que protege o dinheiro público do mau uso por gestores irresponsáveis. Examinando-se a situa- ção financeira dos estados que preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal, fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do dinheiro público, para a criação de despesas e, em particular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo descumprido algumas dessas regras, estariam interessados em torná-las ainda mais rigorosas? Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cumpriram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade quea desfigure. O verda- deiro problema é a dificuldade do setor público de adaptar suas despesas às receitas em queda por causa da crise. Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adaptações). O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo definido feminino determinando o substantivo “receitas”. ( ) Certo ( ) Errado 9. (CESPE – 2015) Minha tia, Mary Beton, devo dizer-lhes, morreu de uma queda de cavalo, quando estava em Bombaim. A notícia da herança chegou certa noite quase simultaneamente com a da apro- vação do decreto que deu o voto às mulheres. A carta de um advogado caiu na caixa do correio e, quando a abri, descobri que ela me havia deixado quinhentas libras anuais até o fim da minha vida. Dos dois — o voto e o dinheiro —, o dinheiro, devo admitir, pareceu-me infinitamente mais importante. Antes disso, eu ganhara a vida mendigando trabalhos esporádicos nos jornais, fa- zendo reportagens sobre um espetáculo de burros aqui ou um casamento ali; ganhara algumas libras endereçando envelopes, lendo para senhoras idosas, fazendo flores artificiais, ensinando o alfabeto a crianças pequenas num jardim de infância. Tais eram as principais ocupações abertas às mulheres antes de 1918. De fato, pensei, deixando a prata escorregar para dentro de minha bolsa e recordando a amargura daqueles dias: é impressionante a mudança de ânimo que uma renda fixa promove. Nenhuma força no mundo pode arrancar-me minhas quinhentas libras. Comida, casa e roupas são minhas para sempre. Assim, cessam não apenas o esforço e o trabalho árduo, mas também o ódio e a amargura. Não preciso odiar homem algum: ele não pode ferir-me. Não preciso bajular homem algum: ele nada tem a dar-me. Assim, imperceptivelmente, descobri-me adotando uma nova atitude em relação à outra metade da raça humana. E, ao reconhecer tais obstáculos, medo e amargura convertem-se gradativamente em piedade e tolerância; e depois, passados um ou dois anos, a piedade e a tolerância se foram, e chegou a maior de todas as liberações, que é a liberdade de pensar nas coisas em si. Aquele prédio, por exemplo, gosto dele ou não? E aquele quadro, é belo ou não? Será esse, em minha opinião, um bom ou um mau livro? Com efeito, o le- 11 LÍNGUA PORTUGUESA gado de minha tia me desvendou o céu e substituiu a grande e imponente figura de um cavaleiro, que Milton recomendava para minha perpétua adoração, por uma visão do céu aberto. Virginia Woolf. Um teto todo seu. Trad. de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985 (com adaptações). O sinal indicativo de crase em “às mulheres” é facultativo. ( ) Certo ( ) Errado morfologia 10. (CESPE – 2015) O eixo norteador da gestão estratégica de recursos humanos é a ênfase nas pessoas como variável determinante do sucesso organizacional, visto que a busca pela competitividade impõe à organização a necessidade de contar com profissionais altamente qualificados, aptos a fazer frente às ameaças e oportunidades do mercado. Essa construção competitiva sugere que a gestão estratégica de recursos humanos contri- bui para gerar vantagem competitiva sustentável por promover o desenvolvimento de competên- cias e habilidades, produz e difunde conhecimento, desenvolve as relações sociais na organização. A gestão deve ter como objetivo maior a melhoria das performances profissional e orga- nizacional, principalmente por meio do desenvolvimento das pessoas em um sentido mais amplo. Dessa forma, o conhecimento e o desempenho representam, ao mesmo tempo, um valor econô- mico à organização e um valor social ao indivíduo. Valdec Romero. Aprendizagem organizacional, gestão do conhecimento e universidade corporativa: instrumentos de um mes- mo construto. Internet: <www.administradores.com.br> (com adaptações). A forma verbal “impõe” exige dois complementos: um, introduzido pela preposição “a” por isso, o acento indicativo de crase em “à organização”; e outro, sem preposição de que decorre o não uso da crase em “a necessidade”. ( ) Certo ( ) Errado 11. (CESPE – 2015) Um estudo da Universidade da Califórnia, em Davis – EUA, mostra que a curiosidade é importante no aprendizado. Imagens dos cérebros de universitários revelaram que ela estimula a atividade cerebral do hormônio dopamina, que parece fortalecer a memória das pessoas. A dopa- mina está ligada à sensação de recompensa, o que sugere que a curiosidade estimula os mesmos circuitos neurais ativados por uma guloseima ou uma droga. Na média, os alunos testados deram 35 respostas corretas a 50 perguntas acerca de temas que os deixavam curiosos e 27 de 50 ques- tões sobre assuntos que não os atraíam. Estimular a curiosidade ajuda a aprender. Planeta, dez/2014, p. 14 (com adaptações). Em um uso mais formal da língua, as regras de colocação pronominal do padrão culto permitem que o pronome átono em “que não os atraíam” seja também utilizado depois do verbo, sob a forma de nos, ligada ao verbo por um hífen. ( ) Certo ( ) Errado 12 LÍNGUA PORTUGUESA 12. (CESPE – 2015) Estação do ano mais aguardada pelos brasileiros, o verão não é sinônimo apenas de praia, corpos à mostra e pele bronzeada. O calor extremo provocado por massas de ar quente - fenôme- no comum nessa época do ano, mas acentuado na última década pelas mudanças climáticas traz desconfortos e riscos à saúde. Não se trata somente de desidratação e insolação. Um estudo da Faculdade de Saúde Pública de Harvard (EUA), o maior a respeito do tema feito até o momento, mostrou que as temperaturas altas aumentam hospitalizações por falência renal, infecções do trato urinário e até mesmo sepse, entre outras enfermidades. “Embora tenhamos feito o estudo apenas nos EUA, as ondas de calor são um fenômeno mundial. Portanto, os resultados podem ser considerados universais”, diz Francesca Domininci, professora de bioestatística da faculdade e principal autora do estudo, publicado no jornal Jama, da Associação Médica dos Estados Unidos. No Brasil, não há estudos específicos que associem as ondas de calor a tipos de internações. “Não é só aí. No mundo todo, há pouquíssimas investigações a respeito dessa relação”, afirma Domi- ninci. “Precisamos que os colegas de outras partes do planeta façam pesquisas semelhantes para compreendermos melhor essa importante questão para a saúde pública”, observa. Internet: <www.correioweb.com.br> (com adaptações) Mantêm-se a correção gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “há” por existe. ( ) Certo ( ) Errado 13. (CESPE – 2015) A língua que falamos, seja qual for (português, inglês...), não é uma, são várias. Tanto que um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo Bechara, disse a respeito: “Todos temos de ser poliglotas em nossa própria língua”. Qualquer um sabe que não se deve falar em uma reu- nião de trabalho como se falaria em uma mesa de bar. A língua varia com, no mínimo, quatro parâ- metros básicos: no tempo (daí o português medieval, renascentista, do século XIX, dos anos 1940, de hoje em dia); no espaço (português lusitano, brasileiro e mais: um português carioca, paulista, sulista, nordestino); segundo a escolaridade do falante (que resulta em duas variedades de língua: a escolarizada e a não escolarizada) e finalmente varia segundo a situação de comunicação, isto é, o local em que estamos, a pessoa com quem falamos e o motivo da nossa comunicação - e, nesse caso, há, pelo menos, duas variedades de fala: formal e informal. A língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há situações em que se deve usar traje social, outras em que o mais adequado é o casual, sem falar nas situações em que se usa maiô ou mesmo nada, quando se toma banho. Trata-se de normas indumentárias que pressupõem um uso “normal”. Não é proibido ir à praia de terno, mas não é normal, pois causa estranheza. A língua funciona do mesmomodo: há uma norma para entrevistas de emprego, audi- ências judiciais; e outra para a comunicação em compras no supermercado. A norma culta é o padrão de linguagem que se deve usar em situações formais. A questão é a seguinte: devemos usar a norma culta em todas as situações? Evidentemen- te que não, sob pena de parecermos pedantes. Dizer “nós fôramos” em vez de “a gente tinha ido” em uma conversa de botequim é como ir de terno à praia. E quanto a corrigir quem fala errado? 13 LÍNGUA PORTUGUESA É claro que os pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, e o professor deve corrigir o aluno, mas será que temos o direito de advertir o balconista que nos cobra “dois real” pelo cafezinho? Língua Portuguesa. Internet: <www.revistalingua.uol.com.br> (com adaptações). O pronome “outra” está empregado em referência ao termo “A língua”. ( ) Certo ( ) Errado 14. (CESPE – 2015) Texto II Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia Constituinte que resultou na Carta de 1988. Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de repressão à manifesta- ção do pensamento, o povo brasileiro ansiava por exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação. Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta, dei- xaram transparecer de maneira cristalina aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante, quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se recu- perar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser escolhido pelo povo brasileiro. Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que “A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual a todos”, deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação da vontade política. Fernando Marques Sá. Desaprovação das contas de campanha do candidato – avanço da legislação para as elei- ções de 2014. In: Estudos Eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral. Vol. 9, nº 2, 2014, p. 52-3. Internet: <www.tse. jus.br> (com adaptações). As formas verbais “ocorreram”, “deram” e “deixaram transparecer” estão ligadas ao mesmo termo, que, nos dois primeiros casos, é retomado pelo pronome “que”: “os movimentos populares”. ( ) Certo ( ) Errado 15. (CESPE – 2015) Na organização do poder político no Estado moderno, à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a preservação da liberdade humana, de maneira a coibir a desordem do estado de natureza, que, em virtude do risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes, exige a existência de um poder institucional. Mas a conquista da liberdade humana também reclama a distribuição do poder em ramos diversos, com a disposição de meios que assegurem o controle recíproco entre eles para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia nas sociedades esta- tais. A concentração do poder em um só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exercício 14 LÍNGUA PORTUGUESA da liberdade. É que, como observou Montesquieu, “todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder limite o poder”. Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza as esferas de abrangência dos pode- res políticos: “só se concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a forma de sistema coerente, as consequências de conceitos diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empi- rismo de origem baconiana, não abandonando o rigor das certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém, refugindo às especulações metafísicas que, no plano da idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos. Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do Ministério Público em função da proteção dos direitos huma- nos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações). O pronome “eles” faz referência a “ramos diversos”. ( ) Certo ( ) Errado 16. (CESPE – 2015) A persecução penal se desenvolve em duas fases: uma fase administrativa, de inquérito policial, e uma fase jurisdicional, de ação penal. Assim, nada mais é o inquérito policial que um procedimento administrativo destinado a reunir elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento policial que tem por finalidade construir um lastro probatório mínimo, ensejando justa causa para que o titular da ação penal possa formar seu convencimento, a opinio delicti, e, assim, instaurar a ação penal cabível. Nessa linha, percebe-se que o destinatário imediato do inquérito policial é o Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o ofendido, nos casos de ação penal privada. De acordo com o conceito ora apresentado, para que o titular da ação penal possa, enfim, ajuizá-la, é necessário que haja justa causa. A justa causa, identificada por parte da doutrina como uma condição da ação autônoma, consiste na obrigatoriedade de que existam prova acerca da materialidade delitiva e, ao menos, indícios de autoria, de modo a existir fundada suspeita acerca da prática de um fato de natureza penal. Dessa forma, é imprescindível que haja provas acerca da possível existência de um fato criminoso e indicações razoáveis do sujeito que tenha sido o autor desse fato. Evidencia-se, portanto, que é justamente na fase do inquérito policial que serão coleta- das as informações e as provas que irão formar o convencimento do titular da ação penal, isto é, a opinio delicti. É com base nos elementos apurados no inquérito que o promotor de justiça, convencido da existência de justa causa para a ação penal, oferece a denúncia, encerrando a fase administrativa da persecução penal. Hálinna Regina de Lira Rolim. A possibilidade de investigação do Ministério Público na fase pré-processual penal. Artigo científico. Rio de Janeiro: Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, 2010, p. 4. Internet: <www.emerj.tjrj.jus. br> (com adaptações). Em “Evidencia-se”, o pronome “se” pode, facultativa e corretamente, ser tanto pos- posto — como aí foi empregado — quanto anteposto à forma verbal — Se evidencia. ( ) Certo ( ) Errado 15 LÍNGUA PORTUGUESA 17. (CESPE – 2015) Celso Cunha tinha, na minha geração literária, a posição que, na geração anterior à nossa, coube a Souza da Silveira. Ou seja: a do mestre que, conhecendo profundamente a língua portu- guesa, nas suas minúcias e no seu conjunto, associou a esse saber admirável a sensibilidade de quem nascera para apreciá-la na condição de obra de arte. Antes do mestre das Lições de Português, tivéramos aqui as sucessivas gerações dos pro- fessores que se consideravam exímios na colocação dos pronomes, na guerra sistemática aos galicismos, na sujeição aos modelos clássicos, e, com isto, impunham maiso terror gramatical que o saber verdadeiro. Houve quem passasse a escrever registo, em vez de registro, e preguntar, em vez de per- guntar, porque assim se escrevia em Portugal. Já ao tempo de José de Alencar, um publicista ríspi- do, José Feliciano de Castilho, viera de Lisboa para o Rio de Janeiro, com a missão de ensinar-nos a escrever como se escrevia em Portugal. Daí a reação do romancista cearense no prefácio de seus Sonhos d’Ouro, em 1872: “Censurem, piquem, ou calem-se, como lhes aprouver. Não alcançarão jamais que eu escreva, neste meu Brasil, coisa que pareça vinda em conserva lá da outra banda, como a fruta que nos mandam em lata.” Josué Montello. Mestre Celso Cunha. In: Cilene da Cunha Pereira, Paulo Roberto Dias Pereira (Orgs.). Miscelânea de estudos linguísticos, filológicos e literários in memoriam Celso Cunha. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p. 57-8 (com adaptações). Em razão do arranjo sintático na expressão “na geração anterior à nossa”, torna -se obrigatório o emprego do sinal indicativo de crase, apesar de esta preceder um pro- nome possessivo. ( ) Certo ( ) Errado 18. (CESPE – 2015) A originalidade e a capacidade de enxergar o mundo sob diferentes perspectivas são, sem dúvida, características dos maiores pensadores. Exemplo disso é o romeno Serge Moscovici, um dos grandes nomes da psicologia. Quando os olhares na psicologia social estavam voltados para o indivíduo, ele desenvolveu, em 1961, uma teoria que enxerga as representações sociais e as ideias a partir do coletivo e dos grupos sociais. A Teoria das Representações Sociais, como é chamada, revolucionou a ciência nessa área e, até hoje, repercute nos campos da sociologia, da comunicação e da antropologia. A importância de Moscovici para a ciência mundial foi reconhecida por dez universidades da Europa e da América do Norte, que lhe conferiram o título de Doutor Honoris Causa. Em julho de 2007, a UnB tornou-se a primeira instituição de ensino superior da América Latina a homena- gear o especialista com a honraria, outorgando-lhe o título durante a V Jornada Internacional e III Conferência Brasileira sobre Representação Social, em Brasília – DF. Camila Rabelo. Moscovici é Doutor Honoris Causa. Internet: <www.secom.unb.br> (com adaptações). O emprego da forma verbal “são” na terceira pessoa do plural justifica-se pela concor- dância com os núcleos do sujeito da oração: “originalidade” e “capacidade”. ( ) Certo ( ) Errado 16 LÍNGUA PORTUGUESA 19. (CESPE – 2015) A UnB investe em ideias e projetos comprometidos com a crítica social e a reflexão. Muitas dessas experiências têm fomentado o debate nacional de temas polêmicos da realidade brasileira, das quais uma foi a criação, em 2003, de cotas no vestibular para inserir negros e indígenas na universidade e ajudar a corrigir séculos de exclusão racial. A medida foi polêmica, mas a UnB — a primeira universidade federal a adotar o sistema — buscou assumir seu papel na luta por um pro- jeto de combate ao racismo e à exclusão. Outra inovação é o Programa de Avaliação Seriada (PAS), criado como alternativa ao ves- tibular, em que candidatos são avaliados em provas aplicadas ao término de cada uma das séries do ensino médio. A intenção é a de estimular as escolas a preparar melhor o aluno, com conteúdos mais densos desde o primeiro ano do ensino médio. Em treze anos de criação, mais de oitenta mil estudantes participaram desse processo seletivo, dos quais 13.402 tornaram-se calouros da UnB. Internet: < www.unb.br> (com adaptações). O pronome relativo “que” refere -se a “vestibular”. ( ) Certo ( ) Errado No dia 4 de maio de 2015, a Lei Complementar Federal n.º 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal ou simplesmente LRF, completou quinze anos. Embora devamos comemorar a consolidação de uma nova cultura de responsabilidade fiscal por grande parte dos nossos gestores, o momento também é propício para reflexões sobre o futuro desse diploma. Para a surpresa de muitas pessoas, acostumadas a ver em nosso país tantas leis que não saem do papel, a LRF, logo nos primeiros anos, atinge boa parte de seus objetivos, notadamente em relação à observância dos limites da despesa com pessoal, o que permitiu uma descompres- são da receita líquida e propiciou maior capacidade de investimento público. O regulamento mar- ca avanços também no controle de gastos em fins de gestão e em relação ao novo papel que as leis de diretrizes orçamentárias passaram a desempenhar. Não obstante todos os avanços, o momento exige cautela e reflexões. Como toda debu- tante, a LRF passa por alguns importantes conflitos existenciais. É quase consenso, no meio aca- dêmico e entre os órgãos de controle, a necessidade de seu aperfeiçoamento em alguns pontos. Há que se ponderar, contudo, sobre o melhor momento para os necessários ajustes normativos. Realizar mudanças permanentes na lei por conta de circunstâncias excepcionais e episódicas não parece recomendar o bom senso. Valdecir Pascoal. Os 15 anos da Lei de Responsabilidade Fiscal. In: O Estado de S.Paulo, 5/maio/2015. Internet: <http://politica.estadao.com.br> (com adaptações). 20. (CESPE – 2015) Os pronomes relativos “que” e “que”, embora retomem elementos distintos do texto, desempenham a mesma função sintática nos períodos em que ocorrem. ( ) Certo ( ) Errado 21. (CESPE – 2015) O presente foi empregado nas formas verbais “atinge”, “marca”, “exige” e “passa” para indicar uma ação habitual, iniciada no passado e que se estende ao momento em que o texto foi escrito. ( ) Certo ( ) Errado 17 LÍNGUA PORTUGUESA 22. (CESPE – 2015) As mudanças políticas, sociais e culturais, nos últimos vinte anos, fizeram-se sentir no âm- bito do direito administrativo e, mais especificamente, na forma de administrar a coisa pública. Diante dessa nova realidade, para atender às necessidades fundamentais da sociedade de forma eficaz e com o menor custo possível, a administração pública precisou aperfeiçoar sua atuação, afastando-se da administração burocrática e adotando uma administração gerencial. A antiga forma de administrar empregada pela administração pública calcava-se essen- cialmente em uma gestão eivada de processos burocráticos, criados para evitar desvios de recur- sos públicos, o que a tornava pouco ágil, pouco econômica e ineficiente. A nova administração gerencial tende a simplificar a atividade do gestor público sem afastá-lo, porém, da legalidade absoluta, uma vez que dispõe de valores públicos que devem ser bem empregados para garantir que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam atendidos. Assim, implementou-se a administração gerencial e, para isso, foi necessário que os agen- tes públicos mudassem suas posturas e se adequassem para desenvolver a nova gestão pública. O novo gestor público precisou lançar mão de técnicas de gestão utilizadas pela iniciativa privada e verificou, ainda, que era necessário o acompanhamento constante da execução das atividades propostas, para que efetivamente se chegasse a uma gestão eficiente, uma gestão por resultados. Para levar a cabo o novo modelo de gestão pública, será preciso adotar novas tecnologias e promover condições de trabalho adequadas, assim como mudanças culturais, desenvolvimento pessoal dos agentes públicos, planejamento de ações e controle de resultados. Maria Denise Abeijon Pereira Gonçalves. A gestão pública adaptada ao novo paradigma da eficiência. Internet: <www. egov.ufsc.br> (com adaptações). A correção gramatical do período seria preservada ao se substituir “implementou- se” por foi implementada. ( ) Certo ( ) Errado 23. (CESPE – 2015) A ideia de solidariedade acompanha, desde os primórdios, a evolução da humanidade. Aristóteles, por exemplo, em clássica passagem, afirma que o homem não é um ser que possa viver isolado; é, ao contrário, ordenado teleologicamente a viver em sociedade.É um ser que vive, atua e relaciona-se na comunidade, e sente-se vinculado aos seus semelhantes. Não pode renunciar à sua condição inata de membro do corpo social, porque apenas os animais e os deuses podem prescindir da sociedade e da companhia de todos os demais. O primeiro contato com a noção de solidariedade mostra uma relação de pertinência: as nos- sas ações sociais incidem, positiva ou negativamente, sobre todos os demais membros da comunida- de. A solidariedade implica, por outro lado, a corresponsabilidade, a compreensão da transcendência social das ações humanas, do coexistir e do conviver comunitário. Percebe-se, aqui, igualmente, a sua inegável dimensão ética, em virtude do necessário reconhecimento mútuo de todos como pes- soas, iguais em direitos e obrigações, o que dá suporte a exigências recíprocas de ajuda ou sustento. A solidariedade, desse modo, exorta atitudes de apoio e cuidados de uns com os outros. Pede diálogo e tolerância. Pressupõe um reconhecimento ético e, portanto, corresponsabilidade. Entretanto, para que não fique estagnada em gestos tópicos ou se esgote em atitudes episódicas, a modernidade política impõe a necessidade dialética de um passo maior em direção à justiça social: o compromisso constante com o bem comum e a promoção de causas ou objetivos comuns aos membros de toda a comunidade. Marcio Augusto de Vasconcelos Diniz. Estado social e princípio da solidariedade. In: Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, Vitória, n.o 3, p. 31-48, jul.-dez./2008. Internet: <www;fdv.br> (com adaptações). 18 LÍNGUA PORTUGUESA A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso se inseris- se o pronome se imediatamente antes da forma verbal “pode”. ( ) Certo ( ) Errado 24. (CESPE – 2015) A história da responsabilidade civil entrelaça-se com a história da sanção. O homem primi- tivo atribuía (e algumas tribos indígenas ainda o fazem) a fenômenos da natureza caráter punitivo, cominado por espíritos ou deuses. Nas relações entre os homens, à ofensa correspondia a vingan- ça privada, brutal e ilimitada, como se esta desfizesse a ofensa praticada. No período pré-romano da história ocidental, a sanção tinha fundamento religioso e pre- tensão de satisfação da divindade ofendida pela conduta do ofensor. Nesse período, surgiu a cha- mada Lei do Talião, do latim Lex Talionis — Lex significando lei e Talionis, tal qual ou igual. É de onde se extraiu a máxima “Olho por olho, dente por dente”, encontrada, inclusive, na Bíblia. Embora hoje possa parecer pouco razoável a ideia de sanção baseada na retaliação ou na prática pelo ofendido de ato da mesma espécie da que o ofensor praticou contra ele, a Lex Talio- nis, em verdade, representou grande avanço, pois, da vingança privada, passou-se a algo que se pode chamar de justiça privada. Com a justiça privada, o tipo de pena ou sanção deixou de ser uma surpresa para seu destinatário, e não mais correspondia a todo e qualquer ato que o ofen- dido pretendesse; ao contrário, a punição do ofensor passou a sofrer os limites da extensão e da intensidade do dano causado. Obviamente, isso quer dizer que, se o dano fosse físico, a retaliação também o seria; por outro lado, fosse a ofensa apenas moral, não poderia ser de outra natureza o ato do ofendido contra o originário ofensor. Carlos B. I. Silva e Cynthia L. Costa. Evolução histórica da responsabilidade civil e efetivação dos direitos humanos. In: Renata F. de Barros e Paula Maria T. Lara (Orgs.). Direitos humanos: um debate contemporâneo. Raleigh, Carolina do Norte, EUA: Lulu Publishing, 2012, p. 69-70. Internet: <https://books.google.com.br> (com adaptações). A substituição das formas verbais “deixou”, “correspondia” e “passou” por deixa, cor- responde e passa, respectivamente, manteria a correção e a coerência do texto. ( ) Certo ( ) Errado 25. (CESPE – 2015) A reestruturação do setor de telecomunicações no Brasil veio acompanhada da privati- zação do Sistema TELEBRAS — operado pela Telecomunicações Brasileiras S.A. (TELEBRAS) —, monopólio estatal verticalmente integrado e organizado em diversas subsidiárias, que prestava serviços por meio de uma rede de telecomunicações interligada, em todo o território nacional. A ideia básica do novo modelo era a de adequar o setor de telecomunicações ao novo contexto de globalização econômica, de evolução tecnológica setorial, de novas exigências de diversificação e modernização das redes e dos serviços, além de permitir a universalização da prestação de serviços básicos, tendo em vista a elevada demanda reprimida no país. A privatização, ao contrário do que ocorreu em diversos países em desenvolvimento e mesmo em outros setores de infraestrutura do Brasil, foi precedida da montagem de detalhado modelo institucional, dentro do qual se destaca a criação de uma agência reguladora independen- te e autônoma, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Além disso, a reestruturação 19 LÍNGUA PORTUGUESA do setor de telecomunicações brasileiro foi precedida de reformas setoriais em vários outros países, o que trouxe a possibilidade de aprendizado com as experiências anteriores. José Claudio Linhares Pires. A reestruturação do setor de telecomunicações no Brasil. Internet: <www.bndespar.com. br> (com adaptações). Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, nas estruturas “da privatização” , “da montagem” e “de reformas setoriais”, os elementos sublinhados podem ser substituí- dos, respectivamente, pelas formas pela, pela e por. ( ) Certo ( ) Errado 26. (CESPE – 2015) Desde 1990, no Brasil, tem havido uma melhora sistemática do coeficiente de Gini, índi- ce comumente utilizado para medir a desigualdade de distribuição de renda: melhorou dos 0,603 de 1993 para os 0,501 de 2013. Tendo por base os valores de 1998, ano da privatização dos serviços de telecomunica- ções do Brasil, o PIB per capita do brasileiro aumentou apenas 35,0% no período findo em 2014, ao passo que, no mesmo período, a densidade de telefones fixos aumentou 84,5% e a de telefones celulares aumentou 3.114%. A penetração dos serviços de telefonia — fixa ou móvel — só não foi maior devido ao irri- sório crescimento da renda per capita no período, agravado pela carga tributária incidente sobre serviços de telecomunicações, essenciais para o desenvolvimento sustentável com inclusão social. No cenário mundial, o Brasil passou do 54.º lugar, em 2002, para o 65.º lugar, em 2013, se- gundo o índice de desenvolvimento de tecnologias de informação e comunicação (TIC), da União Internacional de Telecomunicações, indicando que o país está defasado no aproveitamento dos benefícios que as TIC propiciam para o desenvolvimento sustentável com inclusão social e com inserção no mundo globalizado. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013, 92,5% dos domicí- lios tinham acesso aos serviços telefônicos — fixos ou móveis. Em 1998, apenas 32% dos domicílios tinham acesso a esses serviços, o que indica um volumoso aumento no período mencionado. No final do primeiro semestre de 2015, 41.310 localidades eram servidas pela telefonia fixa, em função da realização das metas do Plano Geral de Metas de Universalização; no final do primei- ro semestre do ano anterior, eram 40.907 localidades e, em 1992, eram 16.950. O ambiente socioeconômico do setor de telecomunicações. In: O desempenho do setor de telecomunicações no Brasil. Séries temporais 1S15. Elaborado pela Telebrasil em parceria com o Teleco. Rio de Janeiro, agosto de 2015, p. 7 9. Internet: <www.telebrasil.org.br > (com adaptações). O enunciado “índice comumente utilizado para medir a desigualdade de distribuição de renda” tem função adjetiva, pois confere uma qualidade ao antecedente “coeficiente de Gini”, à semelhança do que ocorre, no segundo parágrafo, com “ano da privatização dos serviços de telecomunicações do Brasil” em relação a “1998”. ( ) Certo( ) Errado 27. (CESPE – 2015) A reestruturação do setor de telecomunicações no Brasil veio acompanhada da privati- zação do Sistema TELEBRAS — operado pela Telecomunicações Brasileiras S.A. (TELEBRAS) —, monopólio estatal verticalmente integrado e organizado em diversas subsidiárias, que prestava serviços por meio de uma rede de telecomunicações interligada, em todo o território nacional. 20 LÍNGUA PORTUGUESA A ideia básica do novo modelo era a de adequar o setor de telecomunicações ao novo contexto de globalização econômica, de evolução tecnológica setorial, de novas exigências de diversificação e modernização das redes e dos serviços, além de permitir a universalização da prestação de serviços básicos, tendo em vista a elevada demanda reprimida no país. A privatização, ao contrário do que ocorreu em diversos países em desenvolvimento e mesmo em outros setores de infraestrutura do Brasil, foi precedida da montagem de detalhado modelo institucional, dentro do qual se destaca a criação de uma agência reguladora independen- te e autônoma, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). Além disso, a reestruturação do setor de telecomunicações brasileiro foi precedida de reformas setoriais em vários outros paí- ses, o que trouxe a possibilidade de aprendizado com as experiências anteriores. José Claudio Linhares Pires. A reestruturação do setor de telecomunicações no Brasil. Internet: <www.bndespar.com. br> (com adaptações). A correção gramatical e os sentidos originais do texto seriam preservados se, no pri- meiro parágrafo, todas as vírgulas fossem eliminadas e a forma verbal “prestava” fosse substituída por prestavam. ( ) Certo ( ) Errado 28. (CESPE – 2015) Exercer a cidadania é muito mais que um direito, é um dever, uma obrigação. Você como cidadão é parte legítima para, de acordo com a lei, informar ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN) os atos ilegítimos, ilegais e antieconômicos eventualmente praticados pelos agentes públicos. A garantia desse preceito advém da própria Constituição do estado do Rio Grande do Norte, em seu artigo 55, § 3.º, que estabelece que qualquer cidadão, partido político ou entidade organizada da sociedade pode apresentar, ao TCE/RN denúncia sobre irregularidades ou ilegali- dades praticadas no âmbito das administrações estadual e municipal. Exercício da cidadania. Internet: <www.tce.rn.gov.br> (com adaptações). A forma verbal “advém” está no singular porque concorda com o núcleo do sujeito da oração em que se insere: “garantia”. ( ) Certo ( ) Errado 29. (CESPE – 2015) Os primeiros vestígios de atividade contábil foram encontrados na Mesopotâmia, por volta de 4.000 a.C. Inicialmente, eram utilizadas fichas de barro para representar a circulação de bens, logo substituídas por tábuas gravadas com a escrita cuneiforme. Portanto, os registros contábeis não só antecederam o aparecimento da escrita como subsidiaram seu surgimento e sua evolução. Embora a fiscalização de contas conste de registros mais antigos, prática já exercida por escribas egípcios durante o reinado do faraó Menés I, foi na Grécia que se configurou o primeiro esboço de um tribunal de contas, formado por dez tesoureiros, guardiões da administração pública. Contu- do, somente em Roma, a contabilidade atingiu sua mais alta expressão com a sistematização de mecanismos de controle que, por gozarem de estatuto jurídico preeminente, influenciaram todo o Ocidente e as civilizações modernas. Cristina Britto. Uma breve história do controle. Salvador: P55 edições, 2015, p. 15. Internet: <www.tce.ba.gov.br> (com adaptações). 21 LÍNGUA PORTUGUESA O emprego do modo subjuntivo na forma verbal “conste” depende sintaticamente da presença da conjunção “Embora”. ( ) Certo ( ) Errado 30. (CESPE – 2015) O objetivo do direito é a paz. A luta é o meio de consegui-la. Enquanto o direito tiver de repelir o ataque causado pela injustiça — e isso durará enquanto o mundo estiver de pé —, ele não será poupado. A vida do direito é a luta: a luta de povos, de governos, de classes, de indivíduos. Todo o direito do mundo foi assim conquistado. Todo ordenamento jurídico que se lhe contrapôs teve de ser eliminado e todo direito, o direito de um povo ou o de um indivíduo, teve de ser conquistado com luta. O direito não é mero pensamento, mas sim força viva. Por isso, a justiça segura, em uma das mãos, a balança, com a qual pesa o direito, e, na outra, a espada, com a qual o defende. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é a fraqueza do direito. Ambas se completam e o verdadeiro estado de direito só existe onde a força, com a qual a justiça empunha a espada, é usada com a mesma destreza com que a justiça maneja a balança. O direito é um labor contínuo, não apenas dos governantes, mas de todo o povo. Cada um que se encontra na situação de precisar defender seu direito participa desse trabalho, levando sua contribuição para a concretização da ideia de direito sobre a Terra. Rudolf von Ihering. A luta pelo direito. Tradução de J. Cretella Jr. e Agnes Cretella. 5.ª ed. revista da tradução. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008, p. 31 (com adaptações). A forma verbal “defende” está flexionada na terceira pessoa do singular por concordar com seu sujeito, cujo referente é “a justiça”. ( ) Certo ( ) Errado O Programa de Responsabilidade Socioambiental Viver Direito do TJDFT foi instituído por meio da Portaria GPR n.º 1.313/2012. As bases do Programa Viver Direito, seus objetivos e sua meta permanente são apresentados, respectivamente, nos artigos 1.º, 2.º e 3.º da referida portaria, os quais são transcritos abaixo: Art. 1.º Reeditar o Programa de Responsabilidade Socioambiental do TJDFT Viver Direito, cuja base é a Agenda Socioambiental do TJDFT que, em permanente revisão, estabelece novas ações sociais e ambientais e as integra às existentes no âmbito do Poder Judiciário do Distrito Federal e Territórios, visando à preservação e à recuperação do meio ambiente, por meio de ações sociais sustentáveis, a fim de torná-lo e mantê-lo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. Art. 2.º O Programa de Responsabilidade Socioambiental Viver Direito objetiva indicar e programar ações bem como sensibilizar os públicos interno e externo quanto ao exercício dos di- reitos sociais, à gestão adequada dos resíduos gerados pelo órgão, ao combate a todas as formas de desperdício dos recursos naturais e à inclusão de critérios socioambientais nos investimentos, nas construções, nas compras e nas contratações de serviços da instituição. 22 LÍNGUA PORTUGUESA Art. 3º Define-se como meta permanente do Viver Direito a gestão ambientalmente sau- dável, caracterizada pela adoção de práticas ecologicamente eficientes, que visem poupar maté- ria-prima, água e energia, bem como enfatizem a reciclagem de resíduos e a promoção da cida- dania e da paz social, com base no desenvolvimento do ser humano e na preservação da vida. Internet: <www.tjdf.jus.br> (com adaptações). 31. (CESPE – 2015) O deslocamento da partícula “se”, em “Define-se”, para o início do período — escrevendo- se Se define — prejudicaria a correção gramatical do texto. ( ) Certo ( ) Errado 32. (CESPE – 2015) O antecedente do pronome relativo “cuja” é “base”, o que justifica o emprego do feminino singular nesse pronome. ( ) Certo ( ) Errado Os dados revelam realidade alarmante: conforme o IPEA, 63% das pessoas envolvidas em conflito não aciona o sistema de justiça; a prática de tortura é sistêmica, segundo as Nações Uni- das; o sistema carcerário, cuja população aumentou 67% nos últimos 10 anos, é medieval e dá em oferenda nossos jovens (negros em sua maioria) à rede de facções criminosas. A violência contra os segmentos mais vulneráveis (idosos, crianças, negros, mulheres, deficientes, populaçãoindíge- na e LGBT) ecoa na sociedade pelas vozes que incitam o ódio sob o manto de pretensa imunidade. No cenário de exclusão e violência, é preciso radicalizar a política de ampliação do acesso à justiça. Para tanto, não basta a inclusão no sistema da maioria excluída. Há consenso de que o acesso à justiça não se limita ao direito de acessar o Judiciário. Para que a promoção da justiça seja tarefa de todos, é necessário romper os limites das liturgias forenses e levar a justiça onde o confli- to está, ou seja, na vida, na casa e na rua. Nesse sentido, a política de universalização do acesso à justiça deve contemplar dois eixos de atuação: o de proteção dos direitos violados (inclusive quan- do o órgão violador é o próprio Estado) e o de prevenção da violência, por meio do envolvimento da sociedade na formulação de uma política que assegure direitos e promova a paz. No primeiro eixo, é preciso coragem para a adoção de políticas públicas no âmbito penal com franco apelo popular: firmeza no combate à tortura e à violência policial, reestruturação da política penitenciária e fortalecimento da defensoria pública para assegurar a proteção dos di- reitos humanos. Não é aceitável que o Brasil pretenda consolidar sua democracia praticando um direito penal patrimonialista e revanchista que olha para o passado, julga e pune, sob a pretensão de que a privação da liberdade vai “reeducar” o indivíduo a viver em sociedade. Os estatutos penais devem absorver as práticas restaurativas que recuperam as relações afetadas pela violência. São inúmeras as alternativas penais possíveis que, por sua efetividade, afastam a impunidade: as prestações de serviços comunitários; os círculos restaurativos nos mol- des da Resolução n.º 2.002/2012 da Organização das Nações Unidas; a mediação de conflitos no âmbito penal, civil e familiar. No eixo da prevenção da violência, a sociedade pode promover a justiça comunitária antes da judicialização dos conflitos, por meio da mediação, da educação para os direitos e da articulação de uma rede de participação na gestão da comunidade. A política de acesso à justiça deve mobilizar todos os segmentos sociais contra a violência que emerge no cotidiano, dentro e fora do Estado. Para além das múltiplas portas que o sistema 23 LÍNGUA PORTUGUESA de justiça deve abrir, é necessária a adoção de espaços livres de coerção para a construção de uma justiça acessível, mas, sobretudo, realizada por todos. Glaúcia Falsarella Foley. Nova política de acesso à justiça é possível. In: Correio Braziliense, 22/12/2014 (com adaptações). 33. (CESPE – 2015) O uso do modo subjuntivo em “que assegure direitos e promova a paz” indica que a ideia expressa nessas orações é uma possibilidade. ( ) Certo ( ) Errado 34. (CESPE – 2015) O emprego do verbo “dever” e o uso das expressões “ser preciso” e “ser ne- cessário” ao longo do texto servem para sinalizar ações consideradas importantes e pro- gramáticas no desenvolvimento de uma nova política de acesso à justiça. ( ) Certo ( ) Errado 35. (CESPE – 2015) Em “mas, sobretudo, realizada por todos”, a palavra “sobretudo” significa es- pecialmente e serve para reforçar a ideia de oposição veiculada pela conjunção “mas”. ( ) Certo ( ) Errado 36. (CESPE – 2015) No Brasil, pode-se considerar marco da história da assistência jurídica, ou justiça gratuita, a própria colonização do país, ainda no século XVI. O surgimento de lides provenientes das inúmeras formas de relação jurídica então existentes — e o chamamento da jurisdição para resolver essas contendas — já dava início a situações em que constantemente as partes se viam impossibilitadas de arcar com os possíveis custos judiciais das demandas. A partir de então, a chamada assistência judiciária praticamente evoluiu junto com o direito pátrio. Sua importância atravessou os séculos, e ela passou a ser garantida nas cartas constitucionais. No século XX, o texto constitucional de 1934, no capítulo II, “Dos direitos e das garantias individuais”, em seu art. 113, fez menção a essa proteção, ao prever que “A União e os estados concederão aos necessitados assistência judiciária, criando para esse efeito órgãos especiais e assegurando a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos”. Por sua vez, a Constituição de 1946 previu, no mesmo capítulo que a de 1934, em seu art. 141, § 35, que “O poder público, na forma que a lei estabelecer, concederá assistência judiciária aos necessitados”. A lei extravagante veio em 1950, materializada na Lei n.º 1.060, que especifica normas para a concessão de assistência judiciária aos necessitados. No art. 4.º dessa lei, havia menção ao “rendimento ou vencimento que percebe e os encargos próprios e os da família” e constava a exigência de atestado de po- breza, expedido pela autoridade policial ou pelo prefeito municipal. Foi o art. 1.º, § 2.º, da Lei n.º 5.478/1968 que criou a simples afirmação (da pobreza), ratificado pela Lei n.º 7.510/1986, que deu nova redação a dispositivos da Lei n.º 1.060/1950. Em 1988, a Carta Cidadã ampliou o escopo da assistência judiciária ao empregar o termo assistência jurídica integral e gratuita, que é mais abrangente e que abarca o termo usado ante- riormente, restrito apenas à assistência de demanda judicial já proposta ou a ser interposta. O termo atual também engloba atos jurídicos extrajudiciais, aconselhamento jurídico, patrocínio da causa, além de ações coletivas e mediação. 24 LÍNGUA PORTUGUESA Hoje, portanto, alguém que se vê incapaz de arcar com os custos que uma lide judicial impõe, mas necessita da imediata prestação jurisdicional, pode, mediante simples afirmativa, postular as benesses dessa prerrogativa, garantida pela Constituição Federal vigente. Uma história para a gratuidade jurídica no Brasil. Internet:<http://jus.com.br> (com adaptações). O vocábulo “que”, em “incapaz de arcar com os custos que uma lide judicial impõe”, funciona como pronome relativo e retoma o termo antecedente. ( ) Certo ( ) Errado A primeira condição para conseguirmos conhecer melhor as pessoas diz respeito a tratar- mos de evitar o erro usual de buscarmos avaliá-las tomando por base a nós mesmos. Ou seja, um erro grave é o de pensar assim: “eu no lugar dela faria isso ou aquilo”; a ver- dade é que eu não sou ela e a forma de ser e de pensar de cada pessoa não acompanha obriga- toriamente a nossa. Temos de nos afastar da nossa maneira de pensar e tentar, com objetividade, entender como funciona o psiquismo de quem queremos conhecer. Um aspecto importante para quem quer efetivamente conhecer o outro consiste em pres- tar bastante atenção em seus atos, gestos, expressões corporais e faciais. Podemos saber muito de uma pessoa pela forma como se move dentro de casa, como pega o jornal, se ela serve ou não as pessoas que estão à sua volta, pelo sorriso, pela facilidade com que se irrita, como reage quando está com raiva e assim por diante. Esses traços são particularmente relevantes quando o observado está distraído, sem intenção de impressionar os interlocutores. A objetividade na avaliação é essencial e depende de critérios de valor claros na mente do observador. A conclusão a que devemos chegar é que o realismo e a objetividade são bons mecanis- mos de exploração do meio externo e que a avaliação das pessoas também deve ser regida pela observação dos fatos e não por ideias. O realismo só gera certo pessimismo em uma primeira fase e para aqueles acostumados com o mundo das ideias onde tudo é belo e, principalmente, existe de acordo com seus gostos e vontades. Flávio Gikovate. Para melhor conhecer as pessoas. Internet: <http://flaviogikovate.com.br/para-melhor-conhecer-as-pesso- as/> (com adaptações). 37. (CESPE – 2015) A omissão da preposição “a” em “tomando por base a nós mesmos” e em “A conclusão a que devemos chegar” prejudicaria a correção gramatical desses dois trechos. ( ) Certo () Errado 38. (CESPE – 2015) O sentido da frase “O realismo só gera certo pessimismo em uma primeira fase” seria alterado se o advérbio “só” fosse posposto à forma verbal “gera”, da seguinte forma: O realismo gera só certo pessimismo (...). ( ) Certo ( ) Errado 39. (CESPE – 2015) O meu antigo companheiro de pensão Amadeu Amaral Júnior, um homem louro e fornido, tinha costumes singulares que espantavam os outros hóspedes. Amadeu Amaral Júnior vestia-se com sobriedade: usava uma cueca preta e calçava me- donhos tamancos barulhentos. Alimentava-se mal, espichava-se na cama, roncava o dia inteiro e 25 LÍNGUA PORTUGUESA passava as noites acordado, passeando, agitando o soalho, o que provocava a indignação dos ou- tros pensionistas. Quando se cansava, sentava-se a uma grande mesa ao fundo da sala e escrevia o resto da noite. Leu um tratado de psicologia e trocou-o em miúdo, isto é, reduziu-o a artigos, uns quarenta ou cinquenta, que projetou meter nas revistas e nos jornais e com o produto vestir- se, habitar uma casa diferente daquela e pagar ao barbeiro. Mudamo-nos, separamo-nos, perdemo-nos de vista. Creio que os artigos de psicologia não foram publicados, pois há tempo li este anúncio num semanário: “Intelectual desempregado. Amadeu Amaral Júnior, em estado de desemprego, aceita esmolas, donativos, roupa velha, pão dormido. Também aceita trabalho”. O anúncio não produziu nenhum efeito. Muita gente se espanta com o procedimento desse amigo. Não sei por quê. Eu, por mim, acho que Amadeu Amaral Júnior andou muito bem. Todos os jornalistas necessitados deviam seguir o exemplo dele. O anúncio, pois não. E, em duros casos, a propaganda oral, numa esquina, aos gritos. Exatamente como quem vende pomada para calos. Graciliano Ramos. Um amigo em talas. In: Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1983, p. 125 (com adaptações). A substituição do pronome “o”, em “reduziu- o a artigos”, por lhe preservaria a corre- ção gramatical do texto. ( ) Certo ( ) Errado O homem que só tinha certezas quase nunca usava ponto de interrogação. Em seu vocabu- lário, não constavam as expressões: talvez, quiçá, quem sabe, porventura. Parece que foi de nascença. Ele já teria vindo ao mundo assim, com todas as certezas junto, pulou a fase dos porquês e nunca soube o que era curiosidade na vida. Cresceu achando natural viver derramando afirmações pela boca. A notícia espalhou-se rapidamente. Não demorou muito para se tornar capa de todas as revistas e personagem assíduo dos programas de TV. Para cada pergunta havia uma só resposta certa e era essa que ele dava, invariavelmente, exterminando aos pouquinhos todas as dúvidas que existiam, até que só restou uma dúvida no mundo: será que ele não vai errar nunca? Mas ele nunca errava, e já nem havia mais o que errar, uma vez que não havia mais dúvidas. Um dia aconteceu um imprevisto, e o homem que só tinha certezas, quem diria, acordou apaixonado. Para se assegurar de que aquela era a mulher certa para ele, formulou cento e vinte perguntas, as quais ela respondeu sem vacilar. Os dois se amaram noites adentro, foram a Bar- celona, tiraram fotos juntos, compraram álbuns, porta-retratos... Desde então, por alguma razão desconhecida, o homem que só tinha certezas foi perdendo todas elas, uma por uma. No início ainda tentou disfarçar. Mas as dúvidas multiplicavam-se como praga, espalhavam-se pelo mundo, e agora, meu Deus? Deus existe? Existe sim. Ou será que não? Ele não estava bem certo. Adriana Falcão. O homem que só tinha certezas. In: O doido da garrafa. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003, p. 75 (com adaptações). 40. (CESPE – 2016) A forma verbal “havia”, em “não havia mais dúvidas”, poderia ser corretamen- te substituída por existia. ( ) Certo ( ) Errado 26 LÍNGUA PORTUGUESA 41. (CESPE – 2016) A locução “uma vez que” introduz, no período em que ocorre, ideia de causa. ( ) Certo ( ) Errado 42. (CESPE – 2016) Designado para fazer a crítica dos espetáculos líricos de setembro de 1846 a outubro do ano seguinte no Jornal do Comércio, Martins Pena se revelou um profundo conhecedor da arte cênica, tanto no que se refere à prática teatral (cenário, representação, maquinarias) quanto a sua história, sendo não raro seus incisivos argumentos a causa de grandes polêmicas no teatro representado na corte brasileira. Pena ganhou evidência como comediógrafo a partir de 1838, ano em que foi encenada sua peça O Juiz de Paz na Roça. Embora tenha produzido alguns dramas (que lhe renderam duras críticas), destacou-se de fato pelas suas comédias e farsas, nas quais retratou a cultura e os cos- tumes da sociedade do seu tempo. Nas suas obras, Pena buscou uma tomada de consciência de um momento da história de nosso país, que recém adquiria uma limitada independência, e tentou pensar criticamente nossa cultura, com as restrições que o contexto impunha ao trabalho intelectual, desvencilhando-se da tradição clássica, das comédias francesas, do teatro lírico e do melodrama, para criar uma nova comédia com traços muito pessoais, o que lhe garantiu sucesso imediato em seu tempo e um significado ímpar na história do teatro brasileiro. Internet: <www.questaodecritica.com.br> (com adaptações). A substituição de “destacou -se” por foi destacado prejudicaria o sentido original do período. ( ) Certo ( ) Errado 43. (CESPE – 2016) É inegável que o Estado representa um ônus para a sociedade, já que, para assegurar o seu funcionamento, consome riquezas da sociedade. Representa, porém, um mal necessário, pois até agora não se conseguiu arquitetar mecanismo distinto para catalisar a vida em comunidade. En- tão, se do Estado ainda não pode prescindir a civilização, cabe-lhe aprimorá-lo, buscando otimizar o seu funcionamento, de modo a torná-lo menos oneroso, mais eficiente e eficaz. O bom funcionamento do Estado, que inclui também o bom funcionamento de suas estrutu- ras encarregadas do controle público (Ministério Público, Poder Legislativo e tribunais de contas, en- tre outros), vem sendo alçado à condição de direito fundamental dos indivíduos. Pressupõe, notada- mente sob as luzes do princípio constitucional da eficiência, os deveres de cuidado e de cooperação. O dever de cuidado é consequência direta do postulado da indisponibilidade do interesse público. Em decorrência desse postulado, todo agente público tem o dever de, no cumprimento fiel de suas atribuições, perseguir o interesse público manifesto na Constituição Federal e nas leis. Conduz, portanto, à ideia de vedação da omissão, já que deixar de cumprir tais atribuições evidenciaria conduta ilícita. O dever de cuidado conduz, ainda, a uma ampla interação entre as estruturas públicas de controle, ou seja, é um dever de cooperação, não como faculdade, mas como obrigação que, em regra, dispensa formas especiais, como previsões normativas específicas, convênios e acordos. 27 LÍNGUA PORTUGUESA Sob essa perspectiva, o controle público do Estado deve incorporar à sua cultura institucio- nal o compromisso com o direito fundamental ao bom funcionamento do Estado. Nesse contexto, os deveres de cuidado e de cooperação se impõem a todas as estruturas do Estado destinadas a promover o controle da máquina estatal. A observância do dever de cuidado e do de cooperação — traduzida, portanto, na atuação comprometida e concertada das estruturas orientadas para a função de controle da gestão públi- ca — deve promover, entre os agentes e órgãos de controle, comportamentos de responsabilidade e responsividade. Por responsabilidade entenda-se o genuíno compromisso com a integralidade do ordenamento jurídico, o que pressupõe, acima de tudo, o reconhecimento de um regime de vedação da omissão. Responsividade, por sua vez, traduz o comportamento orientado a oferecer respostas rápidas e proativas, impregnadas de verdadeiro compromisso com a ideia-chave de promover o bom funcionamentodo Estado. Diogo Roberto Ringenberg. Direito fundamental ao bom funcionamento do controle público. In: Controle Público, n.º 10, abr./2011, p. 55 (com adaptações). No trecho “a uma ampla interação”, a inserção do sinal indicativo de crase no “a” man- teria a correção gramatical do período, mas prejudicaria o seu sentido original. ( ) Certo ( ) Errado O fenômeno da corrupção, em virtude de sua complexidade e de seu potencial danoso à sociedade, exige, além de uma atuação repressiva, também uma ação preventiva do Estado. Por- tanto, é preciso estimular a integridade no serviço público, para que seus agentes sempre atuem, de fato, em prol do interesse público. Entende-se que a integridade pública representa o estado ou condição de um órgão ou entidade pública que está “completa, inteira, perfeita, sã”, no sentido de uma atuação que seja imaculada ou sem desvios, conforme as normas e valores públicos. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a integridade é mais do que a ausência de corrupção, pois envolve aspectos positivos que, em últi- ma análise, influenciam os resultados da administração, e não apenas seus processos. Além disso, a OCDE compreende um sistema de integridade como um conjunto de arranjos institucionais, de gerenciamento, de controle e de regulamentações que visem à promoção da integridade e da transparência e à redução do risco de atitudes que violem os princípios éticos. Nesse sentido, a gestão de integridade refere-se às atividades empreendidas para esti- mular e reforçar a integridade e também para prevenir a corrupção e outros desvios dentro de determinada organização. Internet: <www.cgu.gov.br> (com adaptações). 44. (CESPE – 2016) Seria mantida a correção gramatical do texto se o vocábulo “Portanto” fosse substituído por Por conseguinte. ( ) Certo ( ) Errado 45. (CESPE – 2016) A supressão da expressão “que seja” não prejudicaria o sentido original do parágrafo em que está inserida, mas lhe alteraria as relações morfossintáticas. ( ) Certo ( ) Errado 28 LÍNGUA PORTUGUESA 46. (CESPE – 2016) Seria mantido o sentido restritivo da oração iniciada pelo pronome “que” se fosse inserida uma vírgula imediatamente após a palavra “positivos”. ( ) Certo ( ) Errado 47. (CESPE – 2016) É inegável que o Estado representa um ônus para a sociedade, já que, para assegurar o seu funcionamento, consome riquezas da sociedade. Representa, porém, um mal necessário, pois até agora não se conseguiu arquitetar mecanismo distinto para catalisar a vida em comunidade. En- tão, se do Estado ainda não pode prescindir a civilização, cabe-lhe aprimorá-lo, buscando otimizar o seu funcionamento, de modo a torná-lo menos oneroso, mais eficiente e eficaz. O bom funcionamento do Estado, que inclui também o bom funcionamento de suas estrutu- ras encarregadas do controle público (Ministério Público, Poder Legislativo e tribunais de contas, en- tre outros), vem sendo alçado à condição de direito fundamental dos indivíduos. Pressupõe, notada- mente sob as luzes do princípio constitucional da eficiência, os deveres de cuidado e de cooperação. O dever de cuidado é consequência direta do postulado da indisponibilidade do interesse público. Em decorrência desse postulado, todo agente público tem o dever de, no cumprimento fiel de suas atribuições, perseguir o interesse público manifesto na Constituição Federal e nas leis. Conduz, portanto, à ideia de vedação da omissão, já que deixar de cumprir tais atribuições evidenciaria conduta ilícita. O dever de cuidado conduz, ainda, a uma ampla interação entre as estruturas públicas de controle, ou seja, é um dever de cooperação, não como faculdade, mas como obrigação que, em regra, dispensa formas especiais, como previsões normativas específicas, convênios e acordos. Sob essa perspectiva, o controle público do Estado deve incorporar à sua cultura institucio- nal o compromisso com o direito fundamental ao bom funcionamento do Estado. Nesse contexto, os deveres de cuidado e de cooperação se impõem a todas as estruturas do Estado destinadas a promover o controle da máquina estatal. A observância do dever de cuidado e do de cooperação — traduzida, portanto, na atuação comprometida e concertada das estruturas orientadas para a função de controle da gestão públi- ca — deve promover, entre os agentes e órgãos de controle, comportamentos de responsabilidade e responsividade. Por responsabilidade entenda-se o genuíno compromisso com a integralidade do ordenamento jurídico, o que pressupõe, acima de tudo, o reconhecimento de um regime de vedação da omissão. Responsividade, por sua vez, traduz o comportamento orientado a oferecer respostas rápidas e proativas, impregnadas de verdadeiro compromisso com a ideia-chave de promover o bom funcionamento do Estado. Diogo Roberto Ringenberg. Direito fundamental ao bom funcionamento do controle público. In: Controle Público, n.º 10, abr./2011, p. 55 (com adaptações). No terceiro período do texto, as formas pronominais “lo”, em suas duas ocorrências — “aprimorá- lo” e “torná- lo” —, e “seu” referem -se a “Estado”. ( ) Certo ( ) Errado 29 LÍNGUA PORTUGUESA Pergunto: e agora? Como é que meu Padrinho foi degolado num quarto de pesadas pare- des sem janelas, cuja porta fora trancada, por dentro, por ele mesmo? Como foi que os assassinos ali penetraram, sem ter por onde? Como foi que saíram, deixando o quarto trancado por dentro? Quem foram esses assassinos? Como foi que raptaram Sinésio, aquele rapaz alumioso, que con- centrava em si as esperanças dos Sertanejos por um Reino de glória, de justiça, de beleza e de grandeza para todos? Bem, não posso avançar nada, porque aí é que está o nó! Este é o “centro de enigma e sangue” da minha história. Lembro que o genial poeta Nicolau Fagundes Varela adverte todos nós, Brasileiros, de que “osirônicos estrangeiros” vivem sempre vigilantes, sempre à esprei- ta do menor deslize nosso para, então, “ridicularizar o pátrio pensamento”: Fatal destino o dos brasílios Mestres! Fatal destino o dos brasílios Vates! Política nefanda, horrenda e negra, pestilento Bulcão abafa e mata quanto, aos olhos de irônico estrangeiro, podia honrar o pátrio pensamento! Ora, um dos argumentos que os “irônicos estrangeiros” mais invocam para isso é dizer que nós, Brasileiros, somos incapazes de forjar uma verdadeira trança, uma intrincada teia, um insolúvel enredo de “romance de crime e sangue”. Dizem eles que não é necessário nem um adulto dotado de argúcia especial: qualquer adolescente estrangeiro é capaz de decifrar os enigmas brasileiros, os quais, tecidos por um Povo superficial, à luz de um Sol por demais luminoso, são pouco sombrios, pouco maldosos e subterrâneos, transparentes ao primeiro exame, facílimos de desenredar. Ah, e se fossem somente os estrangeiros, ainda ia: mas até o excelso Gênio brasileiro To- bias Barreto, aí é demais! Diz Tobias Barreto que, no Brasil, é impossível aparecer um “romance de gênio”, porque “a nossa vida pública e particular não é bastante fértil de peripécias e lances roma- nescos”. Lamenta que seja raro, entre nós, “um amor sincero, delirante, terrível e sanguinário”, ou que, quando apareça, seja num velho como o Desembargador Pontes Visgueiro, o célebre assassi- no alagoano do Segundo Império. E comenta, ácido: “Um ou outro crime, mesmo, que porventura erga a cabeça acima do nível da vulgaridade, são coisas que não desmancham a impressão geral da monotonia contínua. Até na estatística criminal o nosso país revela-se mesquinho. O delito mais comum é justamente o mais frívolo e estúpido: o furto de cavalos”. A gente lê uma coisa dessas e fica até desanimado, julgando ser impossível a um Brasileiro ultrapassar Homero e outros conceituados gênios estrangeiros! A sorte é que, na mesma hora, o Doutor Samuel nos lembra que a conquista da América Latina “foi uma Epopeia”.
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