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Livro Eletrônico
Aula 00
Direito Tributário p/ OAB (2ª fase) XXI Exame de Ordem - C/ correção de 4 Dissertações
e 2 peças
Professor: Mário de Godoy
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DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB 
Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos 
 
AULA 00 
CONCEITO DE TRIBUTOS. ESPÉCIES DE TRIBUTOS. EXCEÇÃO DE 
PRÉ-EXECUTIVIDADE. 
Sumário 
Sumário .................................................................................................. 1 
Apresentação pessoal ................................................................................ 2 
Apresentação do curso .............................................................................. 2 
Conceito de Tributo e Espécies Tributárias ................................................... 5 
Conceito de Tributo ................................................................................ 5 
Espécies Tributárias ............................................................................... 8 
Exceção de pré-executividade .................................................................. 20 
Novo CPC ............................................................................................ 22 
EPE e recursos ..................................................................................... 22 
Do endereçamento ............................................................................... 22 
Dependência ....................................................................................... 23 
Qualificação ........................................................................................ 23 
DOS FATOS ......................................................................................... 23 
PRELIMINARMENTE - DO CABIMENTO DA EPE ......................................... 24 
PRELIMINARMENTE - DA TEMPESTIVIDADE? ........................................... 24 
DO DIREITO ........................................................................................ 24 
DOS PEDIDOS ..................................................................................... 25 
Provas passadas da OAB .......................................................................... 26 
Exemplo de elaboração da peça ............................................................. 27 
TREINE!................................................................................................. 30 
 
 
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Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos 
AULA 00 ± CONCEITO DE TRIBUTOS. ESPÉCIES 
DE TRIBUTOS. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. 
Apresentação pessoal 
Olá pessoal, meu nome é Mário de Godoy Ramos e sou bacharel em Direito pela 
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em Direito Tributário 
pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributário-IBET. Já atuei como advogado 
tributarista de grandes escritórios de advocacia do Recife e fui membro da 
Comissão de Assuntos Tributários da OAB-PE. Fui aprovado no concurso para 
Auditor Fiscal do Estado de Pernambuco e também fui aprovado em quinto 
lugar e nomeado Julgador Administrativo Tributário do Tribunal Administrativo 
Tributário do Estado de Pernambuco. 
Destaco minha experiência como advogado para dizer que já fiz, na prática, 
todas as peças que caem na prova da OAB as quais trabalharemos em nosso 
curso. Então carrego a experiência teórica e prática para que eu possa lhe 
ajudar na melhor forma possível para conquistarmos, juntos, sua aprovação. 
Quero lembra-los ainda que estou inteiramente à disposição de vocês, tanto 
pelo fórum do curso quanto por email (mariogodoy@gmail.com). 
Apresentação do curso 
Iniciamos hoje o estudo da disciplina de Direito Tributário para a 2ª fase do XXI 
Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. O formato das aulas é objetivo e foi 
todo pensado de modo a garantir um excelente rendimento nessa última etapa, 
almejando a sua aprovação no XXI EOAB. 
Em razão disso, o curso contará com uma parte teórica e outra prática. 
Alternaremos aulas de direito material com aula de direito processual tributário 
sobre os assuntos mais cobrados nas provas da FGV, dando especial atenção 
àqueles que, normalmente, são esquecidos na graduação. Além disso, vamos 
tratar das novas tendências, destacando julgamentos recentes do STJ e do STF. 
Vamos ter aula sobre todas as ações que já caíram nas provas da OAB. 
Analisamos as peças que caíram nas provas passadas da OAB e foram as 
seguintes peças: exceção de pré-executividade, ação anulatória, ação de 
consignação em pagamento, ação de repetição de indébito, apelação, agravo 
legal e agravo de instrumento, mandado de segurança e embargos à execução. 
Para completar todas as peças, também trabalharemos com a ação 
declaratória. 
Normalmente as questões trabalham com petição inicial e em variados casos 
com recursos como a apelação e os agravos. A petição inicial vai variar se a 
execução judicial já foi ajuizada. 
Vamos dar um panorama geral das hipóteses de defesa do contribuinte, bem 
como as ações próprias do Fisco. 
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Por exemplo, se um determinado Município edita uma Lei que exige ISS sobre 
locação, haverá a obrigação tributária, o temor do contribuinte em sofrer uma 
exação injusta e, assim, como meio preventivo, pode ajuizar uma Ação 
Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica Tributária ou, se cabível for, 
Mandado de Segurança Preventivo. 
Com a constituição definitiva do crédito tributário, pode haver o pagamento ou 
o inadimplemento. 
 
O contribuinte pode sempre optar em pagar e reclamar a restituição depois. 
Claro que é uma solução onerosa, mas o contribuinte pode assim optar para 
que tire sua C.N.D. e não sofra constrangimentos em seu negócio. Ou mesmo o 
contribuinte se equivoca em edificar o auto lançamento e paga o tributo com 
uma alíquota maior do que deveria: caso de repetição de indébito. 
Pode acontecer também do Estado estar cobrando a maior. O contribuinte 
reconhece que parte é devido, que está certo, que parte ele deve mesmo pagar 
ou que deve pagar aquele tributo, mas não àquele sujeito ativo que está 
cobrando. Ajuíza então uma ação de consignação em pagamento, pagando 
aquilo que julga devido. Ou mesmo paga tudo, mas se ganhar a ação é só 
levantar os valores depositados. Ou ainda coloca o depósito e pede para o juiz 
Obrigação 
tributária 
Sem 
lançamento 
Ação Declaratória de Inexistência de relação 
jurídico-tributária 
ou Mandado de Segurança 
Com 
lançamento Constituição definitiva do crédito tributário 
Crédito Tributário 
Pago ou não? 
Com pagamento 
Devido ou não? 
Ação de Repetição de 
indébito 
Se indevido 
Inadimplemento 
= Inscrição em CDA 
Ação de consignação 
em pagamento 
Devido com ressalvas 
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resolver: qual o ente tributante que deve receber esse valor? Exemplo: IPTU 
em território de Municípios limítrofes. 
No inadimplemento, a situação muda e as ações cabíveis também. 
 
Após a constituição do crédito tributário, caso o contribuinte não realize o 
pagamento, o crédito tributário é inscrito em Dívida Ativa e a partir da inscrição 
o ente (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) já pode ajuizar uma 
Execução Fiscal. 
Caso a execuçãotenha sido ajuizada, o contribuinte tem dois principais meios 
de defesa judicial: embargos à execução, quando pode dar garantia e necessita 
de dilação probatória; ou a exceção de pré-executividade, quando há matéria 
de ordem pública em com as provas já estão pré constituídas. 
Por outro lado, se a execução fiscal não foi ajuizada, o contribuinte pode anular 
o lançamento que é um ato administrativo. 
Também sempre, sempre que cabível, e a situação vai demonstrar quando é 
cabível, pode ser o caso de um Mandado de Segurança. 
Percebam: apenas 7 (sete) peças processuais principais! São poucas peças 
dentro de conceitos que provavelmente já conhecem no direito civil e no direito 
administrativo. Vejamos: anulatória para anular o ato administrativo; 
consignação em pagamento; repetição de indébito e declaratória de um fato, 
sendo que esse fato, como aquele ato, serão tributários e terão uma relação 
jurídica tributária, mas os fundamentos da ação tem base naquilo que podem 
conhecer por terem lido ou trabalhado com certos assuntos cíveis e da 
Administração Pública. 
Além de corrigirmos as peças das provas passadas da OAB, usaremos a 
criatividade para elaborar novas hipóteses de questões para que fiquem bem 
afiados e não se preocupem com a peça processual da OAB. 
C.D.A. 
Com Execução 
Fiscal 
Embargos à 
Execução 
Exceção de Pré-
Executividade 
Sem Execução 
Fiscal 
Ação Anulatória 
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Hoje começaremos a trabalhar as peças a partir da Exceção de Pré 
Executividade. Antes, vamos trabalhar o direito material sobre Conceito de 
Tributos e Espécies de Tributos. 
Conceito de Tributo e Espécies Tributárias 
Conceito de Tributo 
No Direito Financeiro, o tributo é classificado como receita derivada (sua fonte 
não é a exploração do patrimônio do Estado, mas sim do particular), que é 
exigida pelo Estado através do seu poder de império. Embora seja possível 
encontrar, na doutrina, um sem número de conceitos para tributo, para a sua 
prova, a única definição relevante é a prevista no art. 3º do CTN: 
CTN, Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor 
nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
O conceito trazido pelo CTN deve ser memorizado, todavia isto não é suficiente 
para uma prova com um nível mais elevado, como é o caso da PGE-SP. Assim, 
é necessário ir além, analisando o dispositivo citado em partes para uma 
melhor compreensão do tema. 
Primeiramente, temos que tributo é uma prestação pecuniária, em moeda 
ou cujo valor nela se possa exprimir�� $� H[SUHVVmR� ³RX� FXMR� YDORU� QHOD� VH�
SRVVD�H[SULPLU´�SRGH�GDU�HQVHMR�j�LQWHUSUHWDomR�TXH�p�SRVVtYHO�D�LQVWLWXLomR�GH�
tributos in natura (em bens) ou in labore (em trabalho) em razão da 
possibilidade mensurar monetariamente o trabalho e os bens. Contudo, a 
intenção do legislador é, por meio desse pleonasmo, permitir que o valor do 
tributo seja estabelecido, também, por meio de indexadores, como é o 
caso do BTN e a UFIR. 
Então, como se compatibilizaria tal entendimento com o art. 156, I, do CTN 
(modificação introduzida pela Lei Complementar nº 104/2001) que autorizou a 
extinção do crédito tributário por meio da dação em pagamento de bens 
imóveis? Com tal modificação legislativa, teria sido derrogado (revogação 
parcial) o conceito de tributo? Para entender a questão, devemos, antes, fazer 
uma leitura rápida do art. 141 do CTN: 
CTN, Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica 
ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta 
Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na 
forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. 
Observe que o crédito tributário somente será extinto nas hipóteses previstas 
no CTN, como é o caso da dação em pagamento de bens imóveis (art. 156, II, 
do CTN). Tendo em vista que o tributo é prestação pecuniária, em moeda ou 
cujo valor nela se possa exprimir, e que os bens imóveis podem ter seu valor 
representado monetariamente, não há qualquer incompatibilidade com o 
conceito apresentado no art. 3º a previsão da extinção do crédito tributário por 
meio da dação em pagamento de bens imóveis. Logo, não foi derrogado o 
conceito de tributo contido no CTN. 
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Sobre a extinção do crédito tributário pela dação em pagamento de bens 
móveis, merece atenção a evolução do entendimento do STF. Em um primeiro 
momento, o STF, ao julgar medida cautelar em ADI, suspendeu a eficácia de lei 
do Distrito Federal que previa a dação em pagamento de bens móveis 
como forma de quitação de débitos tributários, dando interpretação restritiva ao 
art. 141 do CTN. Confira a ementa do julgado: 
³&5e',72� 75,%87È5,2� - EXTINÇÃO. As formas de extinção do crédito tributário 
estão previstas no Código Tributário Nacional, recepcionado pela Carta de 1988 
como lei complementar. Surge a relevância de pedido formulado em ação direta de 
inconstitucionalidade considerada lei local prevendo nova forma de extinção do 
crédito tributário na modalidade civilista da dação em pagamento. Suspensão de 
HILFiFLD�GD�/HL�2UGLQiULD�GR�'LVWULWR�)HGHUDO�GH�Qž���������´ 
(ADI 1917 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 
18/12/1998, DJ 19-09-2003 PP-00015 EMENT VOL-02124-03 PP-00521) 
Um dos fundamentos do citado julgado foi a necessidade de lei 
complementar para tratar do tema��&RQIRUPH�SUHYr�R�DUW�������,,,��³E´�GD�
CF, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria tributária, 
especialmente sobre o crédito tributário. O Código Tributário Nacional, 
recepcionado com status de Lei Complementar, não elenca a dação em 
pagamento de bens móveis como hipótese de extinção do crédito. 
Em um segundo momento, considerou válida lei ordinária local que criou 
novas hipóteses de extinção do crédito tributário (ADI 2.405-MC), sob 
dois fundamentos: o pacto federativo permite que o ente tenha liberdade 
para estipular o que receber pelos seus créditos; se é possível que este ente 
perdoe a dívida, por remissão, poderia, assim, criar novas hipóteses de extinção 
GR� FUpGLWR� WULEXWiULR� QmR� SUHYLVWDV� QR� &71� �³quem pode o mais pode o 
menos´�� 
Todavia, na análise da primeira ADI (1.917), voltou a entender pela 
inconstitucionalidade da lei local que permite a extinção do crédito 
tributário pela dação em pagamento de bens móveis, desta vez, com base 
na violação do princípio da licitação, pois o ente está adquirindo um bem 
sem o devido processo licitatório, devendo a matéria ser regulada por lei 
federal, conforme disposto no art. 22, XXVII, da CRFB. 
Assim, duas teses são relevantes para o seu concurso: 
x É possível que lei local (municipal, estadual ou distrital) crie hipótese de 
extinção do crédito tributário não contemplada no CTN; 
x Lei local (municipal, estadual ou distrital) não pode prever hipótese de 
extinção do crédito tributário pela dação em pagamento de bens móveis, 
visto que viola o princípio da licitação, bem como a reserva de lei federal 
para tratar do tema (licitações). 
Por fim, cabe salientar que a extinção do crédito tributário com a 
utilização de títulos da dívida pública configura hipótese de compensação 
tributária (art. 156, II, do CTN), sendo necessária a edição de lei 
autorizativa, nos termos do art. 170 do CTN. 
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CTN, Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja 
estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação 
de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito 
passivo contra a Fazenda pública. 
Continuando na análise dos elementos da definição, observamos que o tributo é 
prestação compulsória, isto é, o dever de pagar o tributo independente do 
consentimento dos envolvido. Portanto, ocorrendo, no mundo concreto, a 
hipótese abstratamente prevista em lei (fato gerador), surge a obrigação 
tributária, não sendo relevante, para tanto, a manifestação de vontade do 
sujeito passivo e nem mesmo o seu conhecimento. 
Vejam que, aqui, há uma relação direta com o princípio da legalidade. Segundo 
R�DUW���ž��,,��GD�&)��³ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei´��SRUWDQWR��SDUD�LPSRU�XPa obrigação, o Estado 
precisa editar uma lei. Em razão disso, não há exceção ao princípio da 
legalidade para a criação do tributo, ou seja, o tributo deve ser, 
necessariamente, instituído por lei ou ato normativo de igual hierarquia, como é 
o caso da Medida Provisória. Lembre-se que existem algumas hipóteses 
em que é possível a alteração de alíquotas por ato normativo infralegal, 
mas não há qualquer exceção para a instituição de tributo. 
O tributo é, ainda, prestação que não constitui sanção de ato ilícito. 
Incide, portanto, sobre atos lícitos, como auferir renda, ter a propriedade de um 
bem, entre outras hipóteses, sempre previstas em lei. Tal característica 
distingue o tributo das multas, pois o conceito de multa possui os mesmos 
elementos do conceito do tributo, com exceção do fato de ser a multa sanção 
por ato ilícito. Logo, o tributo não pode ser penalidade, não pode ser 
sanção. 
Decorre desta proibição a vedação à instituição do tributo com fins 
confiscatórios. É que, nos termos do art. 5º, XLVI, aOtQHD� ³E´�� R� FRQILVFR� p�
uma das espécies de sanção, assim, ao se instituir um tributo com efeito 
confiscatório, estaria se utilizando o tributo com uma finalidade incompatível 
com a sua natureza (não ser sanção por ato ilícito). 
O tema será estudado em um momento apropriado, mas, para que a matéria 
não fique incompleta, você deve se recordar que a jurisprudência estendeu a 
proibição do efeito confiscatório, também, às multas tributárias. 
Lembre que a tributação de rendimentos obtidos por meio de atividades 
ilícitas não constitui sanção, mas sim uma aplicação do princípio 
denominado de pecunia non olet. Uma implicação desse raciocínio é que o 
traficante que não declara os rendimentos obtidos com a venda de drogas 
ilícitas pratica a conduta tipificada como sonegação fiscal. Para uma melhor 
compreensão, verifique o julgado em que o STF abordou o tema nos anexos de 
jurisprudência. 
Constitui o tributo uma prestação instituída em lei, como já explicamos 
acima, regra que não comporta exceções. 
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Por fim, o tributo é prestação cobrada mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada. Quer se dizer que não cabe à Administração realizar 
um juízo de oportunidade e conveniência acerca da cobrança do tributo, 
inclusive, o art. 142, parágrafo único, do CTN, prevê que, caso a autoridade 
administrativa não lance o tributo, estará sujeita à responsabilidade funcional. 
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito 
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a 
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria 
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo 
caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e 
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 
Estando presentes todos esses elementos, estaremos diante de um tributo. 
Em resumo, são essas as característica que definem o tributo: 
x prestação pecuniária; 
x prestação compulsória; 
x não é sanção por ato ilícito; 
x instituído em lei; 
x cobrança por atividade administrativa vinculada. 
Espécies Tributárias 
Não há um consenso, na doutrina, acerca da classificação dos tributos em 
espécie. Devido a esse fato, vamos expor as concepções dominantes, 
invertendo um pouco a ordem, a fim de dar a devida atenção as que são objeto 
de cobrança na sua prova. 
As correntes bipartite (bipartida ou dualista) e tetrapartite (quadripartida ou 
tetrapartida) são de menor relevância para as provas de concurso. Defendem, 
respectivamente, a existência de duas espécies tributárias (impostos e taxas) ± 
bipartite - e quatro espécies (impostos, taxas, contribuições e empréstimos 
compulsórios) ± quadripartite. 
As correntes mais importantes para as provas são a tripartite e a pentapartida 
(quinquipartida). 
A concepção tripartite, tripartida ou tricotômica é relevante para a sua 
prova, pois é a teoria adotada pelo CTN. 
CTN, Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. 
De igual importância é a concepção pentapartida ou quinquipartida, visto 
que é a adotada pela CF/88 e pelo STF, agrupando as espécies tributárias 
em (1)impostos, (2)taxas, (3)contribuições de melhoria, (4)empréstimos 
compulsórios e (5)contribuições especiais. 
Tendo em vista a concepção adotada pelo CTN (tripartite), ele possui uma 
sistemática própria para a determinação da natureza jurídica específica do 
tributo, sendo relevante apenas para tal finalidade o fato gerador da 
respectiva obrigação, isto é, a hipótese abstratamente prevista em lei, 
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desconsiderando-se a denominação e demais características formais 
estabelecidas em lei, bem como a destinação legal do produto da 
arrecadação. 
CTN, Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador 
da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
 I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
 II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
O que embasa esse sistema adotado pelo CTN é a classificação dos tributos 
quanto ao seu fato gerador, que podem ser vinculados ou não vinculados. Os 
tributos vinculados dependem de uma atuação do Estado em relação ao 
sujeito passivo da obrigação tributária, como é o caso das taxas e das 
contribuições de melhoria; já os tributos não vinculados são cobrados 
independentemente de qualquer atuação estatal, é o caso dos impostos. 
Essa diferença pode não ficar tão clara agora, porém iremos aprofundá-la 
quando estivermos tratando das espécies tributárias, neste momento, basta 
que você compreenda a lógica do sistema. 
Todavia, você deve lembrar que o CTN é anterior à atual Constituição e, por 
isso, alguns dispositivos do Código não se compatibilizam inteiramente com a 
atual ordem constitucional. É, justamente, o caso do art. 4º citado acima. É que 
o atual Sistema Tributário Nacional, ao contemplar a concepção pentapartida, 
previu algumas espécies tributárias que só podem ser diferenciadas das demais 
se levarmos em consideração a denominação e o destino da arrecadação, como 
é o caso, por exemplo, das contribuições especiais. Portanto, deve se 
considerar que o art.4º do CTN foi parcialmente não recepcionado pela 
atual Constituição. 
Antes de encerrarmos este tópico, é importante trazer ao conhecimento que o 
art. 145, § 2º, da CF, contemplou uma proibição de que as taxas não tenham 
base de cálculo própria de impostos, muito similar à contida no art. 77, 
parágrafo único, do CTN, que afirma que a taxa não pode ter base de cálculo ou 
fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto. Note que a vedação 
constitucional não é só muito mais abrangente, mas também cria um novo 
critério para avaliar a natureza jurídica específica do tributo. Sendo assim, 
deverão ser levados em consideração o fato gerador e a base de cálculo 
do tributo para precisar a sua natureza jurídica. 
Não analisaremos, agora, por questões didáticas, a parte de competência 
tributária, já que queremos toda a sua atenção direcionada ao objeto desta 
aula, mas não se preocupe, pois haverá um momento certo para abordagem do 
tema. 
Impostos 
CTN, Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. 
Lembra daquela classificação dos tributos quanto ao fato gerador ou hipótese 
de incidência que divide os tributos em vinculados e não vinculados? Pois bem, 
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os impostos são tributos, por definição, não vinculados, isto é, não dependem 
de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Recorde-se 
com frequência dessa classificação, ela será demandada, também, quando 
estivermos abordando o tema da competência tributária. 
A lógica básica que permeia a cobrança dos impostos é a de solidariedade 
social, pois é tributo que incide sobre manifestações de riqueza. Veja, por 
exemplo, o IPVA que incide sobre a propriedade dos carros ou o Imposto de 
Renda que incide sobre a renda. 
Os impostos, além de serem tributos não vinculados quanto ao fato gerador, 
também são não vinculados quanto ao produto da arrecadação, isto é, com 
exceção de algumas poucas hipóteses constitucionais, a receita de arrecadação 
dos impostos não poderão ter destinação específica. O motivo é que esse 
montante seja destinado às atividades gerais do Estado, para financiar os 
serviços universais (uti universi). 
CF, Art. 167. São vedados: 
(...) 
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a 
repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a 
destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e 
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, 
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação 
de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 
8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; 
Nesse caso, você deve se lembrar da regra e das exceções, que são cobradas 
com frequência nas provas de Direito Financeiro, de Direito Tributário e, por 
incrível que pareça, Direito Constitucional. 
Cuidado com o art. 80 da ADCT que disciplina as receitas do Fundo de 
Combate e Erradicação da Pobreza, pois é uma hipótese não 
contemplada no dispositivo acima. 
Importante ressaltar que as exceções estarão sempre previstas na 
Constituição, não em normas infraconstitucionais. 
Nós iremos nos deter mais ao tema na aula sobre princípios, lá iremos abordar 
a possibilidade de aplicação do princípio aos demais tributos, bem como aos 
impostos reais e pessoais. Porém, agora, guarde a informação de que os 
impostos, por disposição constitucional, sempre que possível, deverão 
atender ao princípio da capacidade contributiva. 
CF, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
(...) 
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados 
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração 
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, 
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as 
atividades econômicas do contribuinte. 
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A capacidade contributiva é o nível de riqueza do contribuinte, a capacidade de 
pagar uma tributação mais elevada. Um exemplo prático é o do Imposto de 
Renda: quem auferir renda até R$ 1.903,98 por mês é isento do imposto de 
renda, mas quem aufere renda acima de 4.664,68 no mês, é tributado pela 
alíquota de 27,5% sobre os valores que excederem esse patamar. 
Taxas 
CF, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou 
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte 
ou postos a sua disposição; 
Voltamos, mais uma vez, a classificação dos tributos quanto ao fato gerador. 
Recordem que as taxas são tributos vinculados, isto é, que dependem de uma 
atuação estatal específica relativa ao contribuinte para serem cobradas. 
Observe a redação do dispositivo acima, para cobrar a taxa o Estado deve 
exercer poder de polícia ou prestar serviço público. Por exigir essa 
atuação estatal, as taxas são tributos contraprestacionais ou retributivos, 
diferentemente dos impostos que são tributos contributivos (já que não 
necessitam de nenhuma atuação estatal relativa ao contribuinte para 
serem cobrados). 
Perceba que a Constituição traz dois fatos geradores distintos para as taxas: 
O exercício do poder de polícia (taxa de polícia); 
Utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, 
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (taxa de serviço). 
NÃO existe taxa pelo exercício potencial do poder 
de polícia! 
 Sobre a taxa de polícia, observe o que dispõe o CTN: 
 CTN, Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou 
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o 
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço 
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando 
ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de 
fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao 
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando 
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com 
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como 
discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
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Observe que a lei traz uma definição de poder de polícia. A leitura do dispositivo 
é interessante, mas o candidato não precisa se preocupar em decorar este 
imenso rol, até porque não é exaustivo.O mais relevante, contudo, é que para 
a cobrança da taxa, o exercício do poder de polícia deve ser regular e, 
para ser regular, deverá atender todas as exigências previstas no art. 78, 
parágrafo único, do CTN. 
Quanto ao tema, o STF já decidiu que é possível que seja presumido o 
exercício do poder de polícia quando existe um órgão fiscalizador em 
funcionamento, e, portanto, cobrada a respectiva taxa. Observe a 
diferença, a presunção de exercício é diferente do exercício potencial. 
Analisaremos este e outros julgados na seção de jurisprudência e súmulas. 
Quanto às taxas de serviço, vamos ao CTN, mais uma vez: 
CTN, Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público 
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua 
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, 
de utilidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um 
dos seus usuários. 
Para ser remunerado por taxa, o serviço público deve atender a determinados 
requisitos: 
x Ser utilizado efetivamente ou estar disponível; 
x Ser específico e divisível. 
Os requisitos têm uma lógica. Em primeiro lugar, não se pode cobrar por um 
serviço que não existe, portanto o serviço deve estar, ao menos, disponível. 
Quanto à especificidade e divisibilidade, Ricardo Alexandre explica que o serviço 
público é específico e divisível quando é possível que o Estado e o contribuinte 
XWLOL]HP�D�IUDVH��³(X�WH�YHMR�H�WX�PH�YrV´�� 
O usuário deve saber por qual serviço está pagando (serviço público 
específico ± eu te vejo, Estado), bem como o Estado deve ser capaz de 
identificar cada usuário para poder prestar o serviço e cobrá-lo 
individualmente (serviço público divisível ± tu me vês, contribuinte). 
Lembra que falamos que os impostos são a fonte de receita para os serviços 
gerais ou universais (uti universi)? É que tais serviços não podem ser 
usufruídos individualmente por cada usuário e não é possível que o Estado 
identifique cada usuário para cobrá-lo. Um caso emblemático é o da iluminação 
pública, porque o STF refutou essa cobrança por não ser divisível: não há como 
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identificar quantos e quais contribuintes são beneficiados por esse serviço. São 
todos, afinal. 
Os Municípios cobravam essa taxa de iluminação pública, até que o STF 
pacificou entendimento contrário em duas súmulas: a Súmula 670 do STF e a 
Súmula Vinculantes nº 41. Diante desses julgados, para não perder essa 
receita, uma emenda constitucional foi editada para autorizar a cobrança da 
Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP). 
No nosso anexo de jurisprudência e súmulas, veremos os casos, todos do STF, 
das taxas de limpeza de logradouros públicos, a taxa de coleta de lixo domiciliar 
e a taxa de emissão de guia para pagamento de tributos. 
Nesse contexto, as taxas têm a função de remunerar os serviços singulares, 
específicos ou uti singuli, para que a sociedade não seja onerada 
injustificadamente quando é possível cobrar individualmente de cada usuário. 
Em regra, a cobrança é feita em razão da utilização efetiva do serviço. 
No entanto, alguns serviços, por ter sua utilização relacionada com o bem-estar 
de toda a sociedade, podem ser definidos em lei como de utilização 
compulsória. Neste caso, poderá ser cobrada taxa pela utilização potencial 
do serviço. 
Cuidado, volte um pouco e veja que, no início, explicamos que há dois 
requisitos: o serviço deve ser prestado efetivamente ou estar disponível e ser 
específico e divisível. Eles não mudam porque a taxa é cobrada pela utilização 
potencial do serviço. Na verdade, o dispositivo legal que trata do tema deixa 
isso bem claro ao afirmar que o serviço deve ser posto à disposição do 
contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo 
funcionamento. 
Por exemplo, o serviço de coleta de lixo domiciliar. Você pode não ter entregue, 
em determinado período, lixo algum para o caminhão. Mas quando você quiser, 
o serviço vai estar à sua disposição. E é compulsório, pois é relacionada à saúde 
pública. 
Dois dispositivos regulam a base de cálculo das taxas: 
CF 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. 
CTN 
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos 
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício 
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público 
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. 
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que 
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. 
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A CF fala que a taxa não pode ter base de cálculo PRÓPRIA de 
impostos, enquanto que o CTN versa que a base de cálculo ou 
fato gerador não podem ser IDÊNTICOS aos dos impostos. 
3UHVWH�DWHQomR�SRUTXH�QD�SURYD�D�SHUJXQWD�SRGH�VHU�³VHJXQGR�D�&RQVWLWXLomR´�RX�³de 
DFRUGR�FRP�R�&71´� 
A base de cálculo própria de impostos tem relação com uma manifestação de 
riqueza, como o valor da renda tributada, o valor venal do carro ou da casa. 
Ter base de cálculo própria de imposto, não impede que a taxa utilize 
alguns dos elementos da base de cálculo dos impostos, desde que não 
haja identidade. Esse entendimento ficou sedimento pelo STF na Súmula 
Vinculante 29: 
Súmula Vinculante 29 
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base 
de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre 
uma base e outra. 
O impedimento da integral identidade existe porque os impostos não dependem 
de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte para serem 
cobrados, o que faz com que não haja qualquer relação entre o montante 
exigido e o custo das atividades estatais. No entanto, as taxas relacionam-se 
com uma atividade e, portanto, a sua base de cálculo deve guardar proporção 
com o custo da atividade, sob pena de enriquecimento ilícito do Estado. 
Contribuições de Melhoria 
CF, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os 
seguintes tributos: 
(...) 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. 
 
As contribuições de melhoria são tributos vinculados quanto ao seu fato gerador, pois 
dependem de uma atuação específica do Estado relativa ao contribuinte (realizar obra 
pública). Não é, todavia, a mera realização da obra pública que legitima a cobrança deste 
tributo, é necessário que em decorrência da obra pública o imóvel do contribuinte 
sofra uma valorização. Tal fato 
 
CTN, Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,pelo Distrito 
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para 
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo 
como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de 
valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 
Fica claro que o fato gerador (hipótese de incidência) ± uma situação prevista 
abstratamente na lei que, quando verificada no mundo concreto, autoriza a 
cobrança do tributo - é, pois, a valorização imobiliária decorrente de obra 
pública. Tal estrutura tem uma razão de ser. É que o Estado utiliza o dinheiro 
da coletividade para realizar suas atividades com intuito de gerar benefícios a 
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toda a sociedade, porém, em alguns casos, a atuação estatal causa, também, 
um benefício individual ou a um grupo restrito de pessoas. Para evitar que 
essas pessoas enriqueçam de uma forma indevida, criou-se a contribuição de 
melhoria. 
Com a mesma preocupação, foram criados os limites total e individual. O limite 
total que pode ser arrecadado com a contribuição de melhoria é o custo da 
obra pública ou a despesa realizada, visto que, se o Estado arrecadar mais 
do que gastou, estará ele enriquecendo ilicitamente. Utilizei essas duas 
terminologias para tratar do limite total, pois o STF entende recepcionado pela 
atual ordem constitucional o Decreto-Lei nº 195/67, que, também, versa sobre 
as contribuições de melhoria. 
CTN, Art. 4º A cobrança da Contribuição de Melhoria terá como limite o custo das 
obras, computadas as despesas de estudos, projetos, fiscalização, desapropriações, 
administração, execução e financiamento, inclusive prêmios de reembôlso e outras de 
praxe em financiamento ou empréstimos e terá a sua expressão monetária atualizada na 
época do lançamento mediante aplicação de coeficientes de correção monetária. 
O limite individual funciona como uma trava para que o contribuinte não seja 
tributado além dos ganhos que teve, assim o valor da contribuição de melhoria 
cobrada do sujeito passivo não poderá exceder a valorização do seu 
imóvel. 
A base de cálculo é a valorização imobiliária, que pode ser definida pela 
diferença entre o valor do imóvel após a obra e antes do início da obra. O CTN 
ainda traz algumas regras sobre as contribuições de melhoria. 
CTN, Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos 
mínimos: 
I - publicação prévia dos seguintes elementos: 
a) memorial descritivo do projeto; 
b) orçamento do custo da obra; 
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; 
d) delimitação da zona beneficiada; 
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou 
para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; 
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, 
de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; 
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da 
impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. 
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da 
parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis 
situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de 
valorização. 
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do 
montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que 
integram o respectivo cálculo. 
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Há, aqui, uma peculiaridade. Para definir o valor do tributo a ser pago, o Código 
utilizou uma sistemática diferente da usual, pois não há, propriamente, uma 
alíquota a ser aplicada sobre a base de cálculo. 
Veja que deverá ser divulgado o valor total da obra, bem como a parcela do 
custo da obra a ser financiada pela contribuição de melhoria. Para calcular a 
contribuição individual, basta dividir proporcionalmente o custo a ser financiado 
pela contribuição pela valorização individual de cada imóvel, tendo o cuidado de 
respeitar o limite individual de valorização a fim de não gerar enriquecimento 
ilícito do Estado. 
A lei que define todos esses critérios deve ser publicada antes do início 
da obra a fim atender ao princípio da irretroatividade da lei tributária, 
visto que o Estado não pode editar uma lei para tributar fatos 
anteriores à sua vigência. Assim como não há crime sem lei anterior 
que o defina, não há tributo sem lei anterior que o institua. 
Empréstimos Compulsórios 
CF, Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios: 
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de 
guerra externa ou sua iminência; 
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse 
nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 
 
CTN, Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir 
empréstimos compulsórios: 
I - guerra externa, ou sua iminência; 
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos 
orçamentários disponíveis; 
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. 
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as 
condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. 
Da disciplina normativa do empréstimo compulsório é possível concluir que a 
sua denominação não é por acaso, já que se trata de espécie tributária 
restituível, devendo a lei que o institui fixar o prazo do empréstimo e as 
condições do seu resgate. Constitui tributo vinculado quanto ao destino da 
arrecadação, já que os recursos arrecadados só poderão ser aplicados para 
fazer frente a despesas que fundamentam a sua instituição. Nesse sentido, 
caso o motivo autorizativo não mais subsista, não poderá a quantia 
arrecadada ser desviada para outra finalidade, ainda que tão urgente 
ou relevante. 
Trata-se de um dos poucos tributos que necessitam de lei complementar 
para ser criados, o que significa dizer que não pode ser instituído por 
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medida provisória. Iremos tratar do tema com mais atenção na aula de 
competência. É bastante comum que se tente confundir o candidato acerca 
desse aspecto, pois as situações constitucionalmente previstas que autorizam a 
instituição do empréstimo compulsório induzem a se pensar na relevância e 
urgência ligadas às medidas provisórias. 
Queremos que fique claro que as hipóteses previstas no art. 145 não 
constituem o fato gerador do empréstimo compulsório, mas sim 
hipóteses autorizativas para a sua criação por meio de lei complementar, na 
qual será previsto o seu fato gerador. 
Ainda acerca das situações que permitem a edição de lei que cria o empréstimo 
compulsório, note que há uma disparidade entre o que é previsto no CTN e na 
CRFB. Ocorre que a absorção temporária de poder aquisitivo não mais 
autoriza a instituição de empréstimo compulsório, por não ter sido 
recepcionada pela nossaatual ordem constitucional. O famoso confisco da 
poupança do governo Collor foi medida inconstitucional, não sendo mais 
possível desde a vigência da atual Constituição. 
Contribuições Especiais 
CF, Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de 
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou 
econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o 
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, 
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. 
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de 
seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que 
trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de 
cargos efetivos da União. 
Elencam-se, assim, três contribuições definidas no art. 149, de competência 
exclusiva da União. Alertamos, desde logo, que não são as únicas que integram 
esta espécie tributária. 
A primeira informação que você deve levar para a prova é que a regra geral é 
que as contribuições especiais sejam instituídas pela União, voltaremos a 
nos ater com detalhes na aula de competência. Contudo, já no § 1º 
conseguimos identificar uma exceção: a contribuição previdenciária que 
cada ente pode instituir para custeio da previdência dos seus servidores, 
quando criam um regime próprio de previdência. Quando o ente não tem um 
regime próprio, o que é muito comum em municípios menores, os seus 
servidores contribuem para o RGPS. 
Lembre-se: a exceção é para contribuições previdenciárias. 
A outra exceção para a regra geral é a Contribuição para Custeio do Serviço de 
Iluminação Pública (COSIP), prevista no art. 149-A da CRFB: 
CF, Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na 
forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, 
observado o disposto no art. 150, I e III. 
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Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura 
de consumo de energia elétrica. 
Então, vamos sistematizar a informação: 
x Em regra, a competência para instituir as contribuições especiais é da 
União; 
x Todavia, os entes federativos podem instituir contribuição 
previdenciária para o custeio do regime próprio de previdência 
dos seus servidores; 
x Os Municípios e o Distrito Federal podem instituir contribuição para 
custeio do serviço de iluminação pública (COSIP). 
Com esses dispositivos que analisamos, podemos identificar quatros tipos 
distintos de tributos que se incluem nessa espécie tributária: 
x Contribuições Sociais 
x Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) 
x Contribuições corporativas 
x Contribuição para Custeio do Serviço Público de Iluminação Pública 
(COSIP) 
O que tem em comum, então? São tributos com arrecadação vinculada, isto é, 
a receita oriunda de sua arrecadação deve ser destinada ao custeio de certas 
atividades descritas em lei. 
Passamos, agora, a analisar essas categorias, a primeira delas são as 
contribuições sociais, que, segundo o STF, contém nessa categoria três 
subcategorias: as contribuições de seguridade social, outras 
contribuições sociais e contribuições sociais gerais. 
Portanto, nosso esquema é acrescido de três novas subespécies, iremos repeti-
lo para você poder visualizar: 
Contribuições Sociais 
- Contribuições sociais para a seguridade social 
- Outras contribuições sociais 
- Contribuições sociais gerais 
Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) 
Contribuições corporativas 
Contribuição para Custeio do Serviço Público de Iluminação Pública (COSIP) 
 
Apesar da denominação um pouco esquisita, as contribuições sociais para a 
seguridade social e as outras contribuições sociais gerias têm uma origem 
comum, porém uma disciplina jurídica um pouco diferenciada, conforme se 
conclui da leitura do art. 195 da CRFB. 
CF, Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais seguintes: 
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I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes 
sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer 
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo 
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 
(...) 
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou 
expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
As contribuições sociais para a seguridade social e as outras 
contribuições sociais têm suas bases econômicas fixadas nos incisos do art. 
195 e, para sem criadas, basta a edição de lei ordinária. Já as outras 
contribuições sociais são aquelas designadas no § 4º do mesmo artigo e 
dependem de lei complementar para a sua criação, como iremos estudar na 
aula de competência. 
As contribuições sociais gerais financiam as ações da União na área social, 
como é o caso do salário-educação, conforme disposto no art. 212, § 5º, da 
&5)%��³D�educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a 
contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da 
lei´. 
A CIDE tem como nota característica a utilização do montante arrecadado como 
incentivo de determinada atividade. Muitos pensam que que incide apenas 
sobre combustíveis, tendo em vista que o delineamento constitucional da CIDE-
Combustíveis. Não obstante, a União pode criar outras contribuições para 
intervenção no domínio econômico por lei ordinária ou medida provisória. É o 
caso da CIDE-royalties que destina o montante arrecadado para o 
desenvolvimento tecnológico nacional. 
As contribuições corporativas são instituídas pela União com a finalidade de 
carrear recursos para as atividades de instituições representativas ou 
fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas. É o caso da 
FRQWULEXLomR�VLQGLFDO�SUHYLVWD�QR�DUW���ž��,9��DOtQHD�³E´��GD�&5)%��EHP�FRPR�GD�
contribuição paga ao CREA, CRECI, CRC, entre outros conselhos profissionais. A 
exceção é a OAB que será estudada na parte jurisprudência, visto que a 
jurisprudência é no sentido de que não tem natureza tributária a 
anuidade paga pelos advogados. 
Recorda que falamos do serviço de iluminação pública como um exemplo de 
serviço que não pode ser custeado por taxas? Pela teoria que nos 
apresentamos, tratando-se de um serviço geral ou universal (uti universi), 
deveria ser financiado pela receita proveniente dos impostos. No entanto, tal 
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encargo caberia aos Municípios que utilizavam o argumento de ter de 
comprometergrande parte de sua receita com tal atividade. Diante desse 
contexto, foi criada a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação 
Pública ± COSIP. 
CF, Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma 
das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto 
no art. 150, I e III. 
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, 
na fatura de consumo de energia elétrica. 
Para facilitar a cobrança e não gerar custos tão altos para se criar um sistema 
arrecadatório com mais agentes fiscais, facultou-se que tributo seja cobrado na 
fatura de consumo de energia elétrica. 
Exceção de pré-executividade 
³([FHomR de pré-H[HFXWLYLGDGH´ WDPEpP�SRGH�VHU�FKDPDGR�GH�³2EMHomR�GH�SUp-
H[HFXWLYLGDGH´�� 3UHIHULPRV� FKDPDU� GH� H[FHomR�� SRLV� DVVLP� p� QRPLQDOPHQWH�
referenciada nos espelhos da FGV. 
Começamos com a peça Exceção de Pré Executividade para que percebam 
como uma peça que tem um nome horrendo desse não é nenhum bicho de sete 
cabeças. 
A Fazenda, seja União, Estado, DF ou Município, vai ajuizar uma Execução 
Fiscal contra o contribuinte que inadimpliu o crédito tributário. Houve o 
lançamento, o contribuinte não pagou, não parcelou nem impugnou 
administrativamente o lançamento que, definitivamente constituído, foi inscrito 
em Dívida Ativa. 
A Fazenda então ajuíza uma Execução Fiscal, que é uma petição inicial simples, 
contendo os dados do crédito tributário resumidos na dívida ativa. Anexa 
comprovantes da dívida ativa e requer ao juízo da Execução Fiscal a citação do 
contribuinte para pagar ou garantir o juízo e então se defender através dos 
Embargos à Execução. 
Só que garantir o juízo é muito caro! O contribuinte pode estar sofrendo uma 
execução fiscal injusta de milhões de reais e o contribuinte não tem esse 
dinheiro disponível para garantir o juízo. 
Então veja a situação do contribuinte: só pode se defender se tiver tanto 
dinheiro ou bens para garantir o juízo? Parece inconstitucional. Vejamos alguns 
postulados que justificam a EPE: 
Direito de petição 
Art. 5º (...) 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou 
abuso de poder; 
Contraditório e ampla defesa 
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Art. 5º (...) 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Inafastabilidade do Poder Judiciário 
Art. 5º 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
Especialmente se o contribuinte quiser alegar uma matéria que não demanda 
dilação probatória, que não demanda uma complexa instrução, que não 
demanda perícia. 
O contribuinte pode querer avisar o juiz simplesmente que (i) ele não é o 
sujeito passivo correto; (ii) sequer foi notificado do auto de infração executado; 
(iii) o crédito tributário está prescrito. 
Respectivamente, são matérias relativas à ilegitimidade passiva do executado, 
nulidade do lançamento e extinção do crédito tributário, razões que põem em 
cheque a necessária liquidez e certeza do crédito tributário inscrito em dívida 
ativa. Logo, não deveria sequer ter sido executado e a execução fiscal merece 
ser interrompida e extinta o quanto antes. São, também, todas matérias de 
ordem pública que o juiz poderia conhecer de ofício. 
Outro requisito da EPE é que não demande dilação probatória. Então o 
contribuinte, de plano, deve juntar na Exceção de Pré-Executividade as provas 
que fundamentam suas alegações. Caso contrário, demandaria dilação 
probatória e deveria ser objeto de defesa através dos Embargos à Execução. 
Diante dos postulados constitucionais que justificam a defesa por EPE, como 
direito de petição, do contraditório e da ampla defesa e a inafastabilidade do 
Poder Judiciário, os tribunais pátrios passaram a aceitar e receber a EPE como 
legítimo meio de defesa. 
Destaco, desde já, essa informação: a EPE não é uma defesa prevista em Lei. 
Foi na doutrina que a EPE se inventou e na jurisprudência que a EPE se 
consolidou. 
Depois de farta jurisprudência acatando a EPE, o STJ sumulou a admissibilidade 
da EPE: 
Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na 
execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que 
não demandem dilação probatória. 
Esta súmula há de ser decorada e citada na prova! 
2� HQXQFLDGR� GD� TXHVWmR� GDUi� FHUWDV� ³GLFDV´� SDUD� TXH� D� (3(� VHMD� D� SHoD�
adequada a se utilizar. 
Pode a hipótese mencionar, especialmente que o contribuinte, o empresário, o 
seu hipotético cliente: 
a) Não tem dinheiro ou bens suficientes para garantir o juízo; 
b) Não deseja se defender via embargos à execução (essa dica é fácil, não 
é?); 
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c) Tem provas suficientes para ser juntada à EPE e demonstrar de plano a 
irregularidade da execução; 
E claro, sejam matérias de ordem pública / conhecíveis de ofício / que versem 
sobre a nulidade da CDA / sobre pressupostos processuais / prescrição / 
decadência. 
Novo CPC 
Há quem diga que o novo CPC possui, expressamente, 
previsão legal da EPE��%RP��QmR�p�³WmR´�H[SUHVVR�SRUTXH�VH�
IRVVH� R� 1&3&� FLWDULD� QRPLQDOPHQWH� D� ³([FHomR� GH� 3Up-
([HFXWLYLGDGH´� H� UHJXODULD� HVVD� SHoD�� PDV� DVVLP� QmR� R� IH]�� DEULQGR� XPD�
KLSyWHVH� GH� ³UHTXHULPHQWR� GD� SDUWH´� D� TXDOTXHU� H[HFXomR�� 'H� Tualquer 
maneira, o art. 803 do NCPC menciona casos de nulidade da Execução que 
coincidem com hipóteses de cabimento da Exceção de Pré-Executividade: 
Art. 803. É nula a execução se: 
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; 
II - o executado não for regularmente citado; 
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo. 
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício 
ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução. 
Então, para se adequar ao NCPC, o candidato deve citar o art. 803 e parágrafo 
do NCPC/15 QR�WySLFR�³35(/,0,1$50(17(�± DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE 
PRÉ-(;(&87,9,'$'(´� 
EPE e recursos 
Acaso o juiz acate a exceção de pré-executividade, trata-se de uma decisão que 
extingue o processo. A decisão, então, é uma sentença. O recurso, em caso de 
procedência da EPE, é a apelação. 
Contudo, caso o juiz julgue improcedente a EPE, a Execução Fiscal prossegue. 
Ou seja, é uma decisão que não põe fim ao processo. Deste modo, não estamos 
diante de uma sentença, mas sim de uma decisão interlocutória, cujo recurso 
cabível é o Agravo de instrumento. Fique atento! 
Vamos então ao que interessa, que é como fazer uma Exceção de Pré-
Executividade. 
Do endereçamento 
A EPE será endereçada ao juiz da Vara de Execuções Fiscais onde tramita a 
Execução Fiscal contra o contribuinte. 
Assim, se o contribuinte sabe que há uma execução fiscal ou foi citado na 
Execução Fiscal, a questão vai informar qual a Vara da Execução Fiscal. 
Adicione algumas palavras para completar o sentido e começe a EPE: 
x Se Vara Federal: 
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³$2� 65�� '5�� -8,=� )('(5$/�'$� ��� 9$5$� )('(5$/� '$� 6(&&,21$/� '(�
3(51$0%8&2´��6H�FDSLWDO� 
Ou 
³$2�65��'5��-8,=�)('(5$/�'$�9$5$�)('(5$/�'$�68%6(&&IONAL DE SANTO 
ANDRÉ ± 6­2�3$8/2´ 
x Se Vara Estadual: 
³$2� 65�� '5�� -8,=� '(� ',5(,72� '$� �� 9$5$� '(� (;(&87,926� ),6&$,6�
ESTADUAIS DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS ± 56´ 
6H�0XQLFLSDO��WURTXH�³(VWDGXDLV´�SRU�³0XQLFLSDLV´� 
Dependência 
A EPE visa combater uma Execução Fiscal já ajuizada. Logo, o advogado tem 
que colocar o número da Execução Fiscal que a EPE será distribuída por 
dependência: 
³'LVWULEXLomR�SRU�GHSHQGrQFLD�j�([HFXomR�)LVFDO�Qž�XXX´ 
A questão dirá o número da Execução Fiscal. Se não disser, coloque XXX. 
Qualificação 
Na parte de qualificação, o candidato colocará informações relativas a 1) quem 
é o peticionante? 2) quem é o advogado? 3) o que querem perante o juiz? 4) 
contra quem? 
Faço essas perguntas para que se torne lógico e não decorado pelo candidato e 
a escrita flua melhor. 
A qualificação terá a seguinte e resumida sequência diante das informações 
mencionadas: 
1) NOME DA EMPRESA COMPLETO LTDA., CNPJ, endereço/ 
2) representada por advogado, endereço / 
3) vem, nos autos da EF nº / ajuizada pela União/pelo Estado TAL/ Município 
| com fundamento na CF/CTN/CPC_______ ( fundamentos processuais), 
propor a presente (aqui pula uma linha e coloca o TÍTULO DA PEÇA) 
EXEÇÃO DE PRÉ EXECUTIVIDADE 
4) Em face da União/dos Estados/do Município |Representada pela 
Procuradoria da Fazenda (Nacional/Estadual/Distrital/Municipal), endereço 
TAL| pelas razões de fato e de direito que passa a expor. 
DOS FATOS 
Caso o enunciado da questão não seja muito grande, copie na íntegra. Assim, 
não se corre o risco de ser acusado de esquecer algo e ainda evita de perder 
valiosos pontos. 
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Caso o enunciado seja grande ou tenha muitas matérias de direito para se 
alegar, resuma. Exercite seu poder de síntese. Seja objetivo e conciso. 
Os fatos não são parte da defesa da causa do contribuinte. É o relato. Relatório 
serve para relatar. Queremos com isso dizer que não é recomendável emitir 
juízo de valores no relato dos acontecimentos. 
Não se deve dizer que o auditor da Receita Federal foi arbitrário e lavrou um 
auto de infração sem observar determinado aspecto fundamental às garantias 
GR� FRQWULEXLQWH�� 3UHILUD� GHVFUHYHU� REMHWLYDPHQWH� R� FDVR�� ³2� $XGLWRU� )LVFDO� GD�
Receita Federal entendeu que houve descumprimento da legislação tributária e 
lavrou o auto de infrDomR�QRV�VHJXLQWHV�WHUPRV�����´ 
PRELIMINARMENTE - DO CABIMENTO DA EPE 
Aqui relembramos o cabimento da EPE: são matérias de ordem pública 
provadas de plano, já juntadas à EPE, sem necessidade de dilação probatória, 
conforme Súmula 393 do STJ. 
O aspirante a advogado dirá que a matéria de direito que alega em seguida está 
demonstrada através das provas em anexo ou mesmo pelas próprias 
informações da CDA e da Execução Fiscal. 
Em exemplo, caso se trate de Execução por dívida já paga basta informar que a 
prova do pagamento encontra-se em anexo, sem se delongar e adentrar nas 
TXHVW}HV� GH� PpULWR� TXH� VHUmR� PHOKRU� DERUGDGDV� QR� SUy[LPR� WySLFR�� ³'2�
',5(,72´�� 
Dirá ainda que a nulidade ora arguida da Execução Fiscal é hipótese prevista no 
DUW������GR�1&3&�TXH�DGPLWH��QR�VHX�SDUiJUDIR�~QLFR��³UHTXHULPHQWR�GD�SDUWH, 
LQGHSHQGHQWHPHQWH�GH�HPEDUJRV�j�H[HFXomR´��1R�H[HPSOR�GD�GtYLGD� Mi�SDJD��
dirá que propõe a EPE com base no art. 803, inciso I do NCPC. 
PRELIMINARMENTE - DA TEMPESTIVIDADE? 
Coloquei esse tópico para chamar sua atenção. Em quase todas as peças será 
preciso suscitar esse tópico, EXCETO na exceção de pré-executividade, que não 
tem prazo. Na verdade há um limite temporal que possivelmente não será 
aplicável à questão, pois a Execução Fiscal há de existir e persistir: até o 
trânsito em julgado da Execução Fiscal. 
DO DIREITO 
Comece resumindo o que virá adiante. Liste, se for o caso, as matérias de 
direito pelas quais demonstram os vícios da execução Fiscal. 
Caso só tenha uma matéria, não precisa listar e já comece introduzindo sua 
alegação. 
Em seguida, fundamente a alegação partindo da norma para o fato. 
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Primeiro descreva a hipótese normativa, a regra geral. Como seria se a hipótese 
fosse cumprida e descumprida. Depois descreva o fato e assim fica conectado o 
direito com o fato, demonstrando o bom direito que socorre o contribuinte. 
Por exemplo, se fosse caso de prescrição do ajuizamento da ação, diria-se: 
³1RV�WHUPRV�GR�DUW��BBB�GR�&71��R�ODQoDPHQWR�FRQVWLWXL�R�FUpGLWR�WULEXWiULR��3HOR�DUW��BBB�
do CTN, o crédito tributário deve ser Executado até 5 anos. Após o decurso desse tempo, 
após a ocorrência desse ato-fato, o crédito tributário está extinto em virtude da 
prescrição, vide art. ___ do CTN. 
No caso dos autos, o lançamento ocorreu dia TAL. A Fazenda então tinha 5 anos para 
ajuizar a Execução Fiscal, ou seja, até o dia X. Entretanto, só ajuizou dia Y quando o 
FUpGLWR�WULEXWiULR�Mi�VH�HQFRQWUDYD�H[WLQWR�HP�YLUWXGH�GD�SUHVFULomR�´ 
Como exercício, complete os espaços em branco verificando no CTN os artigos 
corretos. 
DOS PEDIDOS 
Os pedidos da EPE são no sentido de: 
1) Pedir a intimação do Ente federado que ajuizou a ação; 
2) Pedir a procedência da EPE para extinguir a Execução fiscal 
3) Pedir honorários advocatícios. 
4) Pedir deferimento, 
Ao fim, colocar Local, data, ADVOGADO e OAB-UF. 
ATENÇÃO: Não assinar! Caso assine, o candidato será 
eliminado sumariamente, por apontar para identificação 
LQGHYLGD�GD�SURYD��TXH�p�YHGDGR��$V�DOHJDo}HV�GH�TXH�³IRL�VHP�TXHUHU´��³QmR�
FXVWD�QDGD�FRUULJLU�D�SURYD��GHVFRQVLGHUDQGR´�QmR�VHUmR�DFDWDGDV�HP�UHFXUVR��
Então fique muito atento e não coloque tudo a perder por conta de um deslize 
como esse. 
Como a Exceção de Pré-Executividade não possui os mesmos requisitos 
onerosos dos Embargos à Execução, não se pedir para levantar valores 
penhorados, pois não há. 
Em relação aos honorários advocatícios, é de bom tom pedir em consideração à 
profissão do advogado. O contribuinte que sofreu uma execução irregular teve 
que contratar um advogado; o advogado teve que desenvolver um trabalho, 
ajuizar a ação e despachar com o juiz. Nada mais justo que a Administração 
Pública arque com esses custos, especialmente por não realizar o devido exame 
de certeza e liquidez do crédito tributário ao inscrever o débito em dívida ativa 
e, depois, decidir ajuizar um Execução Fiscal com vícios e causar um transtorno 
ao contribuinte. 
Esse tema já foi abordado pelo STJ inúmeras vezes e foi alvo de Recurso 
Repetitivo, tema 421, julgado sob a seguinte ementa: 
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³352&(668$/� &,9,/�� (;(&8d­2� ),6&$/�� (;&(d­2� '(� 35e-EXECUTIVIDADE. FAZENDA 
PÚBLICA SUCUMBENTE. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
POSSIBILIDADE. 
1. É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios 
em decorrência da extinção da Execução Fiscal pelo acolhimento de Exceção de Pré-
Executividade. 
2. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. 
Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e ao art. 8º da Resolução STJ 8/2008. 
(REsp 1185036/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
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Provas passadas da OABProva 01 - XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2014.3) - FGV - 
Prova aplicada em 11/01/2015 - Peça Profissional 
Em 2003, João ingressou como sócio da sociedade D Ltda. Como já trabalhava 
em outro local, João preferiu não participar da administração da sociedade. Em 
janeiro de 2012, o Município X, ao verificar que a D Ltda. deixou de pagar o 
IPTU lançado no ano de 2004, referente ao imóvel próprio em que tem sede, 
inscreveu a sociedade em dívida ativa e ajuizou execução fiscal em face desta, 
visando à cobrança do IPTU e dos acréscimos legais cabíveis. 
Após a citação da pessoa jurídica, que não apresentou defesa e não garantiu a 
execução, a Fazenda Municipal solicitou a inclusão de João no polo passivo da 
execução fiscal, em razão de sua participação societária na executada, o que foi 
deferido pelo Juiz. 
João, citado em fevereiro de 2012, procura um advogado e explica que passa 
por grave situação financeira e que não poderá garantir a execução, além de 
não possuir qualquer bem passível de penhora. Ao analisar a documentação 
trazida por João, o advogado verifica que há prova documental inequívoca de 
seu direito. 
Assim, como advogado de João, elabore a peça adequada à defesa de seu 
cliente nos próprios autos da execução fiscal. (Valor: 5.00) 
A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser 
utilizados para dar respaldo à pretensão. 
Padrão de Resposta usado pela OAB / FGV para correção 
João deverá oferecer exceção de pré-executividade, peça que não exige a 
garantia do juízo e que é cabível nos casos em que: 
(i) não é preciso dilação probatória, ou seja, todos os seus argumentos podem 
ser demonstrados de plano; e 
(ii) alega-se matéria relativa às condições da ação e aos pressupostos 
processuais, conhecíveis de ofício, como na hipótese (prescrição e ilegitimidade 
passiva). 
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A peça envolverá conhecimentos sobre responsabilidade tributária, 
especificamente no que se refere ao disposto no Art. 135, do CTN, e de 
prescrição tributária. 
2�$UW������GR�&71�GLVS}H�TXH� ³VmR�SHVVRDOPHQWH� UHVSRQViYHLV�SHORV� FUpGLWRV�
correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com 
H[FHVVR� GH� SRGHUHV� RX� LQIUDomR� D� OHL�� FRQWUDWRV� H� HVWDWXWRV´�� 'R� FDSXW� GR�
dispositivo, é possível concluir que o mero inadimplemento tributário não gera 
responsabilidade tributária. Nesse sentido é a Súmula 430 do STJ. Além disso, 
os incisos do artigo não elencam o sócio como responsável tributário. Sendo 
assim, para que o sócio seja responsabilizado, é necessário que ele pratique 
atos de direção ou gerência (inciso III do dispositivo), o que não é o caso, pois 
se trata de mero sócio cotista, sem poderes de administração/gestão da 
sociedade, o que afastaria a incidência do Art. 135, do CTN. 
No que tange à responsabilidade tributária, deve o candidato ressaltar ainda 
que, como o nome de João não consta da Certidão de Dívida Ativa (CDA), cabe 
à Fazenda demonstrar que o responsável agiu com excesso de poderes ou 
cometeu infração à lei, contratos e estatutos, o que não aconteceu na hipótese 
narrada. 
Ademais, deve o candidato destacar que o crédito tributário está prescrito, 
tendo em vista que o ajuizamento da execução fiscal e o despacho que 
determinou a citação ocorreram em 2012, ou seja, mais de cinco anos contados 
da constituição definitiva do crédito tributário que, por sua vez, ocorreu em 
2004. Sendo assim, conforme previsto no Art. 174 do CTN, ocorreu a 
prescrição. 
Exemplo de elaboração da peça 
EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DE EXECUTIVOS FISCAIS 
MUNICIPAIS DA COMARCA DE X ± UF 
 
 
Distribuição por dependência à Execução Fiscal nº XXX 
 
 
JOÃO D., inscrito no CPF sob o nº XXX, com residência no (endereço), 
através de seu advogado, constituído pela procuração em anexo, com escritório 
profissional na (endereço), onde recebe intimações (art. ___ do NCPC/15), 
vem, nos autos da Execução Fiscal em referência, ajuizada pelo o Município X, 
com fundamento na Constituição Federal, art. 5º incisos _____, _____ e 
______, na Súmula ____ do STJ, bem como no art. ____ e parágrafo único do 
NCPC, propor a presente 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 
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Em face do Município X, representado pela sua Procuradoria da Fazenda 
Municipal, com sede à (endereço) pelas razões de fato e de direito que passa a 
expor. 
 
DOS FATOS 
Em janeiro de 2012, o Município X, ao verificar que a D Ltda. deixou de 
pagar o IPTU lançado no ano de 2004, referente ao imóvel próprio em que tem 
sede, inscreveu a sociedade em dívida ativa e ajuizou execução fiscal em face 
desta, visando à cobrança do IPTU e dos acréscimos legais cabíveis. 
Após a citação da pessoa jurídica, que não apresentou defesa e não 
garantiu a execução, a Fazenda Municipal solicitou a inclusão de João, ora 
excipiente, no polo passivo da execução fiscal, em razão de sua participação 
societária na executada, o que foi deferido pelo Juiz. 
João foi citado em fevereiro de 2012 e apresenta a presente exceção de 
pré-executividade com prova documental inequívoca de seu direito. Em 2003, 
João ingressou como sócio da sociedade D Ltda. Como já trabalhava em outro 
local, João preferiu não participar da administração da sociedade. 
 Conforme veremos a seguir, confirmado pelas provas em anexos, a dívida 
está prescrita e João é ilegítimo para ocupar o pólo passivo da execução fiscal. 
DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 
 É cabível a exceção de pré-execuvidade quando as matérias de defesa 
envolvem matérias de ordem pública, entre outras matérias provadas de plano, 
sem necessidade de dilação probatória, conforme Súmula 393 do STJ: 
Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal 
relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação 
probatória. 
 Sendo a ilegitimidade passiva arguida nesta peça de defesa matéria de 
ordem pública, cabível a presente objeção. 
 Ademais, o novo Código de Processo Civil (NCPC/15), admite, no seu art. 
���� H� SDUiJUDIR� ~QLFR�� ³UHTXHULPHQWR� GD� SDrte, independentemente de 
HPEDUJRV�j�H[HFXomR´�SDUD�DUJXLU�QXOLGDGH�GR�WtWXOR�H[HFXWLYR��2�LQFLVR�,�SUHYr�
especialmente em relação à certeza e exigibilidade do título, como é o caso da 
prescrição do título. Se prescrito, está extinto e é inexigível. 
 Conforme veremos a seguir, além de cabível, a exceção merece ser 
julgada improcedente. 
DO DIREITO 
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA 
 2� DUW�� BBB� GR� &71� GLVS}H� TXH� ³VmR� SHVVRDOPHQWH� UHVSRQViYHLV� SHORV�
créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados 
FRP�H[FHVVR�GH�SRGHUHV�RX�LQIUDomR�D�OHL��FRQWUDWRV�H�HVWDWXWRV´��2�LQFLVR�BBB�
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desse artigo indica que o sócio que tem responsabilidade pessoal são aqueles 
que têm poder de gerência. 
O redirecionamento é ilegítimo, pois a mera inadimplência não constitui 
motivo bastante para a responsabilidade solidária do sócio, vide entendimento 
sumula pelo STJ: 
³67-�� 6~PXOD� BBB�� 2� LQDGLPSOHPHQWR� GD� REULJDomR� WULEXWiULD� SHOD�
sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-
JHUHQWH�´ 
Note-se que tanto a súmula ___ do STJ quanto o art. ___, inciso ___, do 
CTN versam acerca de poderes de gerência.

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