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Livro Eletrônico Aula 00 Direito Tributário p/ OAB (2ª fase) XXI Exame de Ordem - C/ correção de 4 Dissertações e 2 peças Professor: Mário de Godoy 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos AULA 00 CONCEITO DE TRIBUTOS. ESPÉCIES DE TRIBUTOS. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. Sumário Sumário .................................................................................................. 1 Apresentação pessoal ................................................................................ 2 Apresentação do curso .............................................................................. 2 Conceito de Tributo e Espécies Tributárias ................................................... 5 Conceito de Tributo ................................................................................ 5 Espécies Tributárias ............................................................................... 8 Exceção de pré-executividade .................................................................. 20 Novo CPC ............................................................................................ 22 EPE e recursos ..................................................................................... 22 Do endereçamento ............................................................................... 22 Dependência ....................................................................................... 23 Qualificação ........................................................................................ 23 DOS FATOS ......................................................................................... 23 PRELIMINARMENTE - DO CABIMENTO DA EPE ......................................... 24 PRELIMINARMENTE - DA TEMPESTIVIDADE? ........................................... 24 DO DIREITO ........................................................................................ 24 DOS PEDIDOS ..................................................................................... 25 Provas passadas da OAB .......................................................................... 26 Exemplo de elaboração da peça ............................................................. 27 TREINE!................................................................................................. 30 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos AULA 00 ± CONCEITO DE TRIBUTOS. ESPÉCIES DE TRIBUTOS. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. Apresentação pessoal Olá pessoal, meu nome é Mário de Godoy Ramos e sou bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributário-IBET. Já atuei como advogado tributarista de grandes escritórios de advocacia do Recife e fui membro da Comissão de Assuntos Tributários da OAB-PE. Fui aprovado no concurso para Auditor Fiscal do Estado de Pernambuco e também fui aprovado em quinto lugar e nomeado Julgador Administrativo Tributário do Tribunal Administrativo Tributário do Estado de Pernambuco. Destaco minha experiência como advogado para dizer que já fiz, na prática, todas as peças que caem na prova da OAB as quais trabalharemos em nosso curso. Então carrego a experiência teórica e prática para que eu possa lhe ajudar na melhor forma possível para conquistarmos, juntos, sua aprovação. Quero lembra-los ainda que estou inteiramente à disposição de vocês, tanto pelo fórum do curso quanto por email (mariogodoy@gmail.com). Apresentação do curso Iniciamos hoje o estudo da disciplina de Direito Tributário para a 2ª fase do XXI Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. O formato das aulas é objetivo e foi todo pensado de modo a garantir um excelente rendimento nessa última etapa, almejando a sua aprovação no XXI EOAB. Em razão disso, o curso contará com uma parte teórica e outra prática. Alternaremos aulas de direito material com aula de direito processual tributário sobre os assuntos mais cobrados nas provas da FGV, dando especial atenção àqueles que, normalmente, são esquecidos na graduação. Além disso, vamos tratar das novas tendências, destacando julgamentos recentes do STJ e do STF. Vamos ter aula sobre todas as ações que já caíram nas provas da OAB. Analisamos as peças que caíram nas provas passadas da OAB e foram as seguintes peças: exceção de pré-executividade, ação anulatória, ação de consignação em pagamento, ação de repetição de indébito, apelação, agravo legal e agravo de instrumento, mandado de segurança e embargos à execução. Para completar todas as peças, também trabalharemos com a ação declaratória. Normalmente as questões trabalham com petição inicial e em variados casos com recursos como a apelação e os agravos. A petição inicial vai variar se a execução judicial já foi ajuizada. Vamos dar um panorama geral das hipóteses de defesa do contribuinte, bem como as ações próprias do Fisco. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Por exemplo, se um determinado Município edita uma Lei que exige ISS sobre locação, haverá a obrigação tributária, o temor do contribuinte em sofrer uma exação injusta e, assim, como meio preventivo, pode ajuizar uma Ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica Tributária ou, se cabível for, Mandado de Segurança Preventivo. Com a constituição definitiva do crédito tributário, pode haver o pagamento ou o inadimplemento. O contribuinte pode sempre optar em pagar e reclamar a restituição depois. Claro que é uma solução onerosa, mas o contribuinte pode assim optar para que tire sua C.N.D. e não sofra constrangimentos em seu negócio. Ou mesmo o contribuinte se equivoca em edificar o auto lançamento e paga o tributo com uma alíquota maior do que deveria: caso de repetição de indébito. Pode acontecer também do Estado estar cobrando a maior. O contribuinte reconhece que parte é devido, que está certo, que parte ele deve mesmo pagar ou que deve pagar aquele tributo, mas não àquele sujeito ativo que está cobrando. Ajuíza então uma ação de consignação em pagamento, pagando aquilo que julga devido. Ou mesmo paga tudo, mas se ganhar a ação é só levantar os valores depositados. Ou ainda coloca o depósito e pede para o juiz Obrigação tributária Sem lançamento Ação Declaratória de Inexistência de relação jurídico-tributária ou Mandado de Segurança Com lançamento Constituição definitiva do crédito tributário Crédito Tributário Pago ou não? Com pagamento Devido ou não? Ação de Repetição de indébito Se indevido Inadimplemento = Inscrição em CDA Ação de consignação em pagamento Devido com ressalvas 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos resolver: qual o ente tributante que deve receber esse valor? Exemplo: IPTU em território de Municípios limítrofes. No inadimplemento, a situação muda e as ações cabíveis também. Após a constituição do crédito tributário, caso o contribuinte não realize o pagamento, o crédito tributário é inscrito em Dívida Ativa e a partir da inscrição o ente (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) já pode ajuizar uma Execução Fiscal. Caso a execuçãotenha sido ajuizada, o contribuinte tem dois principais meios de defesa judicial: embargos à execução, quando pode dar garantia e necessita de dilação probatória; ou a exceção de pré-executividade, quando há matéria de ordem pública em com as provas já estão pré constituídas. Por outro lado, se a execução fiscal não foi ajuizada, o contribuinte pode anular o lançamento que é um ato administrativo. Também sempre, sempre que cabível, e a situação vai demonstrar quando é cabível, pode ser o caso de um Mandado de Segurança. Percebam: apenas 7 (sete) peças processuais principais! São poucas peças dentro de conceitos que provavelmente já conhecem no direito civil e no direito administrativo. Vejamos: anulatória para anular o ato administrativo; consignação em pagamento; repetição de indébito e declaratória de um fato, sendo que esse fato, como aquele ato, serão tributários e terão uma relação jurídica tributária, mas os fundamentos da ação tem base naquilo que podem conhecer por terem lido ou trabalhado com certos assuntos cíveis e da Administração Pública. Além de corrigirmos as peças das provas passadas da OAB, usaremos a criatividade para elaborar novas hipóteses de questões para que fiquem bem afiados e não se preocupem com a peça processual da OAB. C.D.A. Com Execução Fiscal Embargos à Execução Exceção de Pré- Executividade Sem Execução Fiscal Ação Anulatória 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Hoje começaremos a trabalhar as peças a partir da Exceção de Pré Executividade. Antes, vamos trabalhar o direito material sobre Conceito de Tributos e Espécies de Tributos. Conceito de Tributo e Espécies Tributárias Conceito de Tributo No Direito Financeiro, o tributo é classificado como receita derivada (sua fonte não é a exploração do patrimônio do Estado, mas sim do particular), que é exigida pelo Estado através do seu poder de império. Embora seja possível encontrar, na doutrina, um sem número de conceitos para tributo, para a sua prova, a única definição relevante é a prevista no art. 3º do CTN: CTN, Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O conceito trazido pelo CTN deve ser memorizado, todavia isto não é suficiente para uma prova com um nível mais elevado, como é o caso da PGE-SP. Assim, é necessário ir além, analisando o dispositivo citado em partes para uma melhor compreensão do tema. Primeiramente, temos que tributo é uma prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir�� $� H[SUHVVmR� ³RX� FXMR� YDORU� QHOD� VH� SRVVD�H[SULPLU´�SRGH�GDU�HQVHMR�j�LQWHUSUHWDomR�TXH�p�SRVVtYHO�D�LQVWLWXLomR�GH� tributos in natura (em bens) ou in labore (em trabalho) em razão da possibilidade mensurar monetariamente o trabalho e os bens. Contudo, a intenção do legislador é, por meio desse pleonasmo, permitir que o valor do tributo seja estabelecido, também, por meio de indexadores, como é o caso do BTN e a UFIR. Então, como se compatibilizaria tal entendimento com o art. 156, I, do CTN (modificação introduzida pela Lei Complementar nº 104/2001) que autorizou a extinção do crédito tributário por meio da dação em pagamento de bens imóveis? Com tal modificação legislativa, teria sido derrogado (revogação parcial) o conceito de tributo? Para entender a questão, devemos, antes, fazer uma leitura rápida do art. 141 do CTN: CTN, Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Observe que o crédito tributário somente será extinto nas hipóteses previstas no CTN, como é o caso da dação em pagamento de bens imóveis (art. 156, II, do CTN). Tendo em vista que o tributo é prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, e que os bens imóveis podem ter seu valor representado monetariamente, não há qualquer incompatibilidade com o conceito apresentado no art. 3º a previsão da extinção do crédito tributário por meio da dação em pagamento de bens imóveis. Logo, não foi derrogado o conceito de tributo contido no CTN. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Sobre a extinção do crédito tributário pela dação em pagamento de bens móveis, merece atenção a evolução do entendimento do STF. Em um primeiro momento, o STF, ao julgar medida cautelar em ADI, suspendeu a eficácia de lei do Distrito Federal que previa a dação em pagamento de bens móveis como forma de quitação de débitos tributários, dando interpretação restritiva ao art. 141 do CTN. Confira a ementa do julgado: ³&5e',72� 75,%87È5,2� - EXTINÇÃO. As formas de extinção do crédito tributário estão previstas no Código Tributário Nacional, recepcionado pela Carta de 1988 como lei complementar. Surge a relevância de pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade considerada lei local prevendo nova forma de extinção do crédito tributário na modalidade civilista da dação em pagamento. Suspensão de HILFiFLD�GD�/HL�2UGLQiULD�GR�'LVWULWR�)HGHUDO�GH�Q���������´ (ADI 1917 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 18/12/1998, DJ 19-09-2003 PP-00015 EMENT VOL-02124-03 PP-00521) Um dos fundamentos do citado julgado foi a necessidade de lei complementar para tratar do tema��&RQIRUPH�SUHYr�R�DUW�������,,,��³E´�GD� CF, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre o crédito tributário. O Código Tributário Nacional, recepcionado com status de Lei Complementar, não elenca a dação em pagamento de bens móveis como hipótese de extinção do crédito. Em um segundo momento, considerou válida lei ordinária local que criou novas hipóteses de extinção do crédito tributário (ADI 2.405-MC), sob dois fundamentos: o pacto federativo permite que o ente tenha liberdade para estipular o que receber pelos seus créditos; se é possível que este ente perdoe a dívida, por remissão, poderia, assim, criar novas hipóteses de extinção GR� FUpGLWR� WULEXWiULR� QmR� SUHYLVWDV� QR� &71� �³quem pode o mais pode o menos´�� Todavia, na análise da primeira ADI (1.917), voltou a entender pela inconstitucionalidade da lei local que permite a extinção do crédito tributário pela dação em pagamento de bens móveis, desta vez, com base na violação do princípio da licitação, pois o ente está adquirindo um bem sem o devido processo licitatório, devendo a matéria ser regulada por lei federal, conforme disposto no art. 22, XXVII, da CRFB. Assim, duas teses são relevantes para o seu concurso: x É possível que lei local (municipal, estadual ou distrital) crie hipótese de extinção do crédito tributário não contemplada no CTN; x Lei local (municipal, estadual ou distrital) não pode prever hipótese de extinção do crédito tributário pela dação em pagamento de bens móveis, visto que viola o princípio da licitação, bem como a reserva de lei federal para tratar do tema (licitações). Por fim, cabe salientar que a extinção do crédito tributário com a utilização de títulos da dívida pública configura hipótese de compensação tributária (art. 156, II, do CTN), sendo necessária a edição de lei autorizativa, nos termos do art. 170 do CTN. 0 00000000000 - DEMOProf. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos CTN, Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Continuando na análise dos elementos da definição, observamos que o tributo é prestação compulsória, isto é, o dever de pagar o tributo independente do consentimento dos envolvido. Portanto, ocorrendo, no mundo concreto, a hipótese abstratamente prevista em lei (fato gerador), surge a obrigação tributária, não sendo relevante, para tanto, a manifestação de vontade do sujeito passivo e nem mesmo o seu conhecimento. Vejam que, aqui, há uma relação direta com o princípio da legalidade. Segundo R�DUW�����,,��GD�&)��³ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei´��SRUWDQWR��SDUD�LPSRU�XPa obrigação, o Estado precisa editar uma lei. Em razão disso, não há exceção ao princípio da legalidade para a criação do tributo, ou seja, o tributo deve ser, necessariamente, instituído por lei ou ato normativo de igual hierarquia, como é o caso da Medida Provisória. Lembre-se que existem algumas hipóteses em que é possível a alteração de alíquotas por ato normativo infralegal, mas não há qualquer exceção para a instituição de tributo. O tributo é, ainda, prestação que não constitui sanção de ato ilícito. Incide, portanto, sobre atos lícitos, como auferir renda, ter a propriedade de um bem, entre outras hipóteses, sempre previstas em lei. Tal característica distingue o tributo das multas, pois o conceito de multa possui os mesmos elementos do conceito do tributo, com exceção do fato de ser a multa sanção por ato ilícito. Logo, o tributo não pode ser penalidade, não pode ser sanção. Decorre desta proibição a vedação à instituição do tributo com fins confiscatórios. É que, nos termos do art. 5º, XLVI, aOtQHD� ³E´�� R� FRQILVFR� p� uma das espécies de sanção, assim, ao se instituir um tributo com efeito confiscatório, estaria se utilizando o tributo com uma finalidade incompatível com a sua natureza (não ser sanção por ato ilícito). O tema será estudado em um momento apropriado, mas, para que a matéria não fique incompleta, você deve se recordar que a jurisprudência estendeu a proibição do efeito confiscatório, também, às multas tributárias. Lembre que a tributação de rendimentos obtidos por meio de atividades ilícitas não constitui sanção, mas sim uma aplicação do princípio denominado de pecunia non olet. Uma implicação desse raciocínio é que o traficante que não declara os rendimentos obtidos com a venda de drogas ilícitas pratica a conduta tipificada como sonegação fiscal. Para uma melhor compreensão, verifique o julgado em que o STF abordou o tema nos anexos de jurisprudência. Constitui o tributo uma prestação instituída em lei, como já explicamos acima, regra que não comporta exceções. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Por fim, o tributo é prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Quer se dizer que não cabe à Administração realizar um juízo de oportunidade e conveniência acerca da cobrança do tributo, inclusive, o art. 142, parágrafo único, do CTN, prevê que, caso a autoridade administrativa não lance o tributo, estará sujeita à responsabilidade funcional. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Estando presentes todos esses elementos, estaremos diante de um tributo. Em resumo, são essas as característica que definem o tributo: x prestação pecuniária; x prestação compulsória; x não é sanção por ato ilícito; x instituído em lei; x cobrança por atividade administrativa vinculada. Espécies Tributárias Não há um consenso, na doutrina, acerca da classificação dos tributos em espécie. Devido a esse fato, vamos expor as concepções dominantes, invertendo um pouco a ordem, a fim de dar a devida atenção as que são objeto de cobrança na sua prova. As correntes bipartite (bipartida ou dualista) e tetrapartite (quadripartida ou tetrapartida) são de menor relevância para as provas de concurso. Defendem, respectivamente, a existência de duas espécies tributárias (impostos e taxas) ± bipartite - e quatro espécies (impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios) ± quadripartite. As correntes mais importantes para as provas são a tripartite e a pentapartida (quinquipartida). A concepção tripartite, tripartida ou tricotômica é relevante para a sua prova, pois é a teoria adotada pelo CTN. CTN, Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. De igual importância é a concepção pentapartida ou quinquipartida, visto que é a adotada pela CF/88 e pelo STF, agrupando as espécies tributárias em (1)impostos, (2)taxas, (3)contribuições de melhoria, (4)empréstimos compulsórios e (5)contribuições especiais. Tendo em vista a concepção adotada pelo CTN (tripartite), ele possui uma sistemática própria para a determinação da natureza jurídica específica do tributo, sendo relevante apenas para tal finalidade o fato gerador da respectiva obrigação, isto é, a hipótese abstratamente prevista em lei, 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos desconsiderando-se a denominação e demais características formais estabelecidas em lei, bem como a destinação legal do produto da arrecadação. CTN, Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. O que embasa esse sistema adotado pelo CTN é a classificação dos tributos quanto ao seu fato gerador, que podem ser vinculados ou não vinculados. Os tributos vinculados dependem de uma atuação do Estado em relação ao sujeito passivo da obrigação tributária, como é o caso das taxas e das contribuições de melhoria; já os tributos não vinculados são cobrados independentemente de qualquer atuação estatal, é o caso dos impostos. Essa diferença pode não ficar tão clara agora, porém iremos aprofundá-la quando estivermos tratando das espécies tributárias, neste momento, basta que você compreenda a lógica do sistema. Todavia, você deve lembrar que o CTN é anterior à atual Constituição e, por isso, alguns dispositivos do Código não se compatibilizam inteiramente com a atual ordem constitucional. É, justamente, o caso do art. 4º citado acima. É que o atual Sistema Tributário Nacional, ao contemplar a concepção pentapartida, previu algumas espécies tributárias que só podem ser diferenciadas das demais se levarmos em consideração a denominação e o destino da arrecadação, como é o caso, por exemplo, das contribuições especiais. Portanto, deve se considerar que o art.4º do CTN foi parcialmente não recepcionado pela atual Constituição. Antes de encerrarmos este tópico, é importante trazer ao conhecimento que o art. 145, § 2º, da CF, contemplou uma proibição de que as taxas não tenham base de cálculo própria de impostos, muito similar à contida no art. 77, parágrafo único, do CTN, que afirma que a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto. Note que a vedação constitucional não é só muito mais abrangente, mas também cria um novo critério para avaliar a natureza jurídica específica do tributo. Sendo assim, deverão ser levados em consideração o fato gerador e a base de cálculo do tributo para precisar a sua natureza jurídica. Não analisaremos, agora, por questões didáticas, a parte de competência tributária, já que queremos toda a sua atenção direcionada ao objeto desta aula, mas não se preocupe, pois haverá um momento certo para abordagem do tema. Impostos CTN, Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Lembra daquela classificação dos tributos quanto ao fato gerador ou hipótese de incidência que divide os tributos em vinculados e não vinculados? Pois bem, 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos os impostos são tributos, por definição, não vinculados, isto é, não dependem de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Recorde-se com frequência dessa classificação, ela será demandada, também, quando estivermos abordando o tema da competência tributária. A lógica básica que permeia a cobrança dos impostos é a de solidariedade social, pois é tributo que incide sobre manifestações de riqueza. Veja, por exemplo, o IPVA que incide sobre a propriedade dos carros ou o Imposto de Renda que incide sobre a renda. Os impostos, além de serem tributos não vinculados quanto ao fato gerador, também são não vinculados quanto ao produto da arrecadação, isto é, com exceção de algumas poucas hipóteses constitucionais, a receita de arrecadação dos impostos não poderão ter destinação específica. O motivo é que esse montante seja destinado às atividades gerais do Estado, para financiar os serviços universais (uti universi). CF, Art. 167. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; Nesse caso, você deve se lembrar da regra e das exceções, que são cobradas com frequência nas provas de Direito Financeiro, de Direito Tributário e, por incrível que pareça, Direito Constitucional. Cuidado com o art. 80 da ADCT que disciplina as receitas do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, pois é uma hipótese não contemplada no dispositivo acima. Importante ressaltar que as exceções estarão sempre previstas na Constituição, não em normas infraconstitucionais. Nós iremos nos deter mais ao tema na aula sobre princípios, lá iremos abordar a possibilidade de aplicação do princípio aos demais tributos, bem como aos impostos reais e pessoais. Porém, agora, guarde a informação de que os impostos, por disposição constitucional, sempre que possível, deverão atender ao princípio da capacidade contributiva. CF, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos A capacidade contributiva é o nível de riqueza do contribuinte, a capacidade de pagar uma tributação mais elevada. Um exemplo prático é o do Imposto de Renda: quem auferir renda até R$ 1.903,98 por mês é isento do imposto de renda, mas quem aufere renda acima de 4.664,68 no mês, é tributado pela alíquota de 27,5% sobre os valores que excederem esse patamar. Taxas CF, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Voltamos, mais uma vez, a classificação dos tributos quanto ao fato gerador. Recordem que as taxas são tributos vinculados, isto é, que dependem de uma atuação estatal específica relativa ao contribuinte para serem cobradas. Observe a redação do dispositivo acima, para cobrar a taxa o Estado deve exercer poder de polícia ou prestar serviço público. Por exigir essa atuação estatal, as taxas são tributos contraprestacionais ou retributivos, diferentemente dos impostos que são tributos contributivos (já que não necessitam de nenhuma atuação estatal relativa ao contribuinte para serem cobrados). Perceba que a Constituição traz dois fatos geradores distintos para as taxas: O exercício do poder de polícia (taxa de polícia); Utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (taxa de serviço). NÃO existe taxa pelo exercício potencial do poder de polícia! Sobre a taxa de polícia, observe o que dispõe o CTN: CTN, Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 0 00000000000 - DEMO ==0== Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Observe que a lei traz uma definição de poder de polícia. A leitura do dispositivo é interessante, mas o candidato não precisa se preocupar em decorar este imenso rol, até porque não é exaustivo.O mais relevante, contudo, é que para a cobrança da taxa, o exercício do poder de polícia deve ser regular e, para ser regular, deverá atender todas as exigências previstas no art. 78, parágrafo único, do CTN. Quanto ao tema, o STF já decidiu que é possível que seja presumido o exercício do poder de polícia quando existe um órgão fiscalizador em funcionamento, e, portanto, cobrada a respectiva taxa. Observe a diferença, a presunção de exercício é diferente do exercício potencial. Analisaremos este e outros julgados na seção de jurisprudência e súmulas. Quanto às taxas de serviço, vamos ao CTN, mais uma vez: CTN, Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Para ser remunerado por taxa, o serviço público deve atender a determinados requisitos: x Ser utilizado efetivamente ou estar disponível; x Ser específico e divisível. Os requisitos têm uma lógica. Em primeiro lugar, não se pode cobrar por um serviço que não existe, portanto o serviço deve estar, ao menos, disponível. Quanto à especificidade e divisibilidade, Ricardo Alexandre explica que o serviço público é específico e divisível quando é possível que o Estado e o contribuinte XWLOL]HP�D�IUDVH��³(X�WH�YHMR�H�WX�PH�YrV´�� O usuário deve saber por qual serviço está pagando (serviço público específico ± eu te vejo, Estado), bem como o Estado deve ser capaz de identificar cada usuário para poder prestar o serviço e cobrá-lo individualmente (serviço público divisível ± tu me vês, contribuinte). Lembra que falamos que os impostos são a fonte de receita para os serviços gerais ou universais (uti universi)? É que tais serviços não podem ser usufruídos individualmente por cada usuário e não é possível que o Estado identifique cada usuário para cobrá-lo. Um caso emblemático é o da iluminação pública, porque o STF refutou essa cobrança por não ser divisível: não há como 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos identificar quantos e quais contribuintes são beneficiados por esse serviço. São todos, afinal. Os Municípios cobravam essa taxa de iluminação pública, até que o STF pacificou entendimento contrário em duas súmulas: a Súmula 670 do STF e a Súmula Vinculantes nº 41. Diante desses julgados, para não perder essa receita, uma emenda constitucional foi editada para autorizar a cobrança da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP). No nosso anexo de jurisprudência e súmulas, veremos os casos, todos do STF, das taxas de limpeza de logradouros públicos, a taxa de coleta de lixo domiciliar e a taxa de emissão de guia para pagamento de tributos. Nesse contexto, as taxas têm a função de remunerar os serviços singulares, específicos ou uti singuli, para que a sociedade não seja onerada injustificadamente quando é possível cobrar individualmente de cada usuário. Em regra, a cobrança é feita em razão da utilização efetiva do serviço. No entanto, alguns serviços, por ter sua utilização relacionada com o bem-estar de toda a sociedade, podem ser definidos em lei como de utilização compulsória. Neste caso, poderá ser cobrada taxa pela utilização potencial do serviço. Cuidado, volte um pouco e veja que, no início, explicamos que há dois requisitos: o serviço deve ser prestado efetivamente ou estar disponível e ser específico e divisível. Eles não mudam porque a taxa é cobrada pela utilização potencial do serviço. Na verdade, o dispositivo legal que trata do tema deixa isso bem claro ao afirmar que o serviço deve ser posto à disposição do contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento. Por exemplo, o serviço de coleta de lixo domiciliar. Você pode não ter entregue, em determinado período, lixo algum para o caminhão. Mas quando você quiser, o serviço vai estar à sua disposição. E é compulsório, pois é relacionada à saúde pública. Dois dispositivos regulam a base de cálculo das taxas: CF Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. CTN Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos A CF fala que a taxa não pode ter base de cálculo PRÓPRIA de impostos, enquanto que o CTN versa que a base de cálculo ou fato gerador não podem ser IDÊNTICOS aos dos impostos. 3UHVWH�DWHQomR�SRUTXH�QD�SURYD�D�SHUJXQWD�SRGH�VHU�³VHJXQGR�D�&RQVWLWXLomR´�RX�³de DFRUGR�FRP�R�&71´� A base de cálculo própria de impostos tem relação com uma manifestação de riqueza, como o valor da renda tributada, o valor venal do carro ou da casa. Ter base de cálculo própria de imposto, não impede que a taxa utilize alguns dos elementos da base de cálculo dos impostos, desde que não haja identidade. Esse entendimento ficou sedimento pelo STF na Súmula Vinculante 29: Súmula Vinculante 29 É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. O impedimento da integral identidade existe porque os impostos não dependem de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte para serem cobrados, o que faz com que não haja qualquer relação entre o montante exigido e o custo das atividades estatais. No entanto, as taxas relacionam-se com uma atividade e, portanto, a sua base de cálculo deve guardar proporção com o custo da atividade, sob pena de enriquecimento ilícito do Estado. Contribuições de Melhoria CF, Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. As contribuições de melhoria são tributos vinculados quanto ao seu fato gerador, pois dependem de uma atuação específica do Estado relativa ao contribuinte (realizar obra pública). Não é, todavia, a mera realização da obra pública que legitima a cobrança deste tributo, é necessário que em decorrência da obra pública o imóvel do contribuinte sofra uma valorização. Tal fato CTN, Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Fica claro que o fato gerador (hipótese de incidência) ± uma situação prevista abstratamente na lei que, quando verificada no mundo concreto, autoriza a cobrança do tributo - é, pois, a valorização imobiliária decorrente de obra pública. Tal estrutura tem uma razão de ser. É que o Estado utiliza o dinheiro da coletividade para realizar suas atividades com intuito de gerar benefícios a 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos toda a sociedade, porém, em alguns casos, a atuação estatal causa, também, um benefício individual ou a um grupo restrito de pessoas. Para evitar que essas pessoas enriqueçam de uma forma indevida, criou-se a contribuição de melhoria. Com a mesma preocupação, foram criados os limites total e individual. O limite total que pode ser arrecadado com a contribuição de melhoria é o custo da obra pública ou a despesa realizada, visto que, se o Estado arrecadar mais do que gastou, estará ele enriquecendo ilicitamente. Utilizei essas duas terminologias para tratar do limite total, pois o STF entende recepcionado pela atual ordem constitucional o Decreto-Lei nº 195/67, que, também, versa sobre as contribuições de melhoria. CTN, Art. 4º A cobrança da Contribuição de Melhoria terá como limite o custo das obras, computadas as despesas de estudos, projetos, fiscalização, desapropriações, administração, execução e financiamento, inclusive prêmios de reembôlso e outras de praxe em financiamento ou empréstimos e terá a sua expressão monetária atualizada na época do lançamento mediante aplicação de coeficientes de correção monetária. O limite individual funciona como uma trava para que o contribuinte não seja tributado além dos ganhos que teve, assim o valor da contribuição de melhoria cobrada do sujeito passivo não poderá exceder a valorização do seu imóvel. A base de cálculo é a valorização imobiliária, que pode ser definida pela diferença entre o valor do imóvel após a obra e antes do início da obra. O CTN ainda traz algumas regras sobre as contribuições de melhoria. CTN, Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Há, aqui, uma peculiaridade. Para definir o valor do tributo a ser pago, o Código utilizou uma sistemática diferente da usual, pois não há, propriamente, uma alíquota a ser aplicada sobre a base de cálculo. Veja que deverá ser divulgado o valor total da obra, bem como a parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição de melhoria. Para calcular a contribuição individual, basta dividir proporcionalmente o custo a ser financiado pela contribuição pela valorização individual de cada imóvel, tendo o cuidado de respeitar o limite individual de valorização a fim de não gerar enriquecimento ilícito do Estado. A lei que define todos esses critérios deve ser publicada antes do início da obra a fim atender ao princípio da irretroatividade da lei tributária, visto que o Estado não pode editar uma lei para tributar fatos anteriores à sua vigência. Assim como não há crime sem lei anterior que o defina, não há tributo sem lei anterior que o institua. Empréstimos Compulsórios CF, Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. CTN, Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. Da disciplina normativa do empréstimo compulsório é possível concluir que a sua denominação não é por acaso, já que se trata de espécie tributária restituível, devendo a lei que o institui fixar o prazo do empréstimo e as condições do seu resgate. Constitui tributo vinculado quanto ao destino da arrecadação, já que os recursos arrecadados só poderão ser aplicados para fazer frente a despesas que fundamentam a sua instituição. Nesse sentido, caso o motivo autorizativo não mais subsista, não poderá a quantia arrecadada ser desviada para outra finalidade, ainda que tão urgente ou relevante. Trata-se de um dos poucos tributos que necessitam de lei complementar para ser criados, o que significa dizer que não pode ser instituído por 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos medida provisória. Iremos tratar do tema com mais atenção na aula de competência. É bastante comum que se tente confundir o candidato acerca desse aspecto, pois as situações constitucionalmente previstas que autorizam a instituição do empréstimo compulsório induzem a se pensar na relevância e urgência ligadas às medidas provisórias. Queremos que fique claro que as hipóteses previstas no art. 145 não constituem o fato gerador do empréstimo compulsório, mas sim hipóteses autorizativas para a sua criação por meio de lei complementar, na qual será previsto o seu fato gerador. Ainda acerca das situações que permitem a edição de lei que cria o empréstimo compulsório, note que há uma disparidade entre o que é previsto no CTN e na CRFB. Ocorre que a absorção temporária de poder aquisitivo não mais autoriza a instituição de empréstimo compulsório, por não ter sido recepcionada pela nossaatual ordem constitucional. O famoso confisco da poupança do governo Collor foi medida inconstitucional, não sendo mais possível desde a vigência da atual Constituição. Contribuições Especiais CF, Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. Elencam-se, assim, três contribuições definidas no art. 149, de competência exclusiva da União. Alertamos, desde logo, que não são as únicas que integram esta espécie tributária. A primeira informação que você deve levar para a prova é que a regra geral é que as contribuições especiais sejam instituídas pela União, voltaremos a nos ater com detalhes na aula de competência. Contudo, já no § 1º conseguimos identificar uma exceção: a contribuição previdenciária que cada ente pode instituir para custeio da previdência dos seus servidores, quando criam um regime próprio de previdência. Quando o ente não tem um regime próprio, o que é muito comum em municípios menores, os seus servidores contribuem para o RGPS. Lembre-se: a exceção é para contribuições previdenciárias. A outra exceção para a regra geral é a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP), prevista no art. 149-A da CRFB: CF, Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Então, vamos sistematizar a informação: x Em regra, a competência para instituir as contribuições especiais é da União; x Todavia, os entes federativos podem instituir contribuição previdenciária para o custeio do regime próprio de previdência dos seus servidores; x Os Municípios e o Distrito Federal podem instituir contribuição para custeio do serviço de iluminação pública (COSIP). Com esses dispositivos que analisamos, podemos identificar quatros tipos distintos de tributos que se incluem nessa espécie tributária: x Contribuições Sociais x Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) x Contribuições corporativas x Contribuição para Custeio do Serviço Público de Iluminação Pública (COSIP) O que tem em comum, então? São tributos com arrecadação vinculada, isto é, a receita oriunda de sua arrecadação deve ser destinada ao custeio de certas atividades descritas em lei. Passamos, agora, a analisar essas categorias, a primeira delas são as contribuições sociais, que, segundo o STF, contém nessa categoria três subcategorias: as contribuições de seguridade social, outras contribuições sociais e contribuições sociais gerais. Portanto, nosso esquema é acrescido de três novas subespécies, iremos repeti- lo para você poder visualizar: Contribuições Sociais - Contribuições sociais para a seguridade social - Outras contribuições sociais - Contribuições sociais gerais Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) Contribuições corporativas Contribuição para Custeio do Serviço Público de Iluminação Pública (COSIP) Apesar da denominação um pouco esquisita, as contribuições sociais para a seguridade social e as outras contribuições sociais gerias têm uma origem comum, porém uma disciplina jurídica um pouco diferenciada, conforme se conclui da leitura do art. 195 da CRFB. CF, Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais seguintes: 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (...) § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. As contribuições sociais para a seguridade social e as outras contribuições sociais têm suas bases econômicas fixadas nos incisos do art. 195 e, para sem criadas, basta a edição de lei ordinária. Já as outras contribuições sociais são aquelas designadas no § 4º do mesmo artigo e dependem de lei complementar para a sua criação, como iremos estudar na aula de competência. As contribuições sociais gerais financiam as ações da União na área social, como é o caso do salário-educação, conforme disposto no art. 212, § 5º, da &5)%��³D�educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei´. A CIDE tem como nota característica a utilização do montante arrecadado como incentivo de determinada atividade. Muitos pensam que que incide apenas sobre combustíveis, tendo em vista que o delineamento constitucional da CIDE- Combustíveis. Não obstante, a União pode criar outras contribuições para intervenção no domínio econômico por lei ordinária ou medida provisória. É o caso da CIDE-royalties que destina o montante arrecadado para o desenvolvimento tecnológico nacional. As contribuições corporativas são instituídas pela União com a finalidade de carrear recursos para as atividades de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas. É o caso da FRQWULEXLomR�VLQGLFDO�SUHYLVWD�QR�DUW�����,9��DOtQHD�³E´��GD�&5)%��EHP�FRPR�GD� contribuição paga ao CREA, CRECI, CRC, entre outros conselhos profissionais. A exceção é a OAB que será estudada na parte jurisprudência, visto que a jurisprudência é no sentido de que não tem natureza tributária a anuidade paga pelos advogados. Recorda que falamos do serviço de iluminação pública como um exemplo de serviço que não pode ser custeado por taxas? Pela teoria que nos apresentamos, tratando-se de um serviço geral ou universal (uti universi), deveria ser financiado pela receita proveniente dos impostos. No entanto, tal 0 00000000000 - DEMO 0 Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos encargo caberia aos Municípios que utilizavam o argumento de ter de comprometergrande parte de sua receita com tal atividade. Diante desse contexto, foi criada a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública ± COSIP. CF, Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Para facilitar a cobrança e não gerar custos tão altos para se criar um sistema arrecadatório com mais agentes fiscais, facultou-se que tributo seja cobrado na fatura de consumo de energia elétrica. Exceção de pré-executividade ³([FHomR de pré-H[HFXWLYLGDGH´ WDPEpP�SRGH�VHU�FKDPDGR�GH�³2EMHomR�GH�SUp- H[HFXWLYLGDGH´�� 3UHIHULPRV� FKDPDU� GH� H[FHomR�� SRLV� DVVLP� p� QRPLQDOPHQWH� referenciada nos espelhos da FGV. Começamos com a peça Exceção de Pré Executividade para que percebam como uma peça que tem um nome horrendo desse não é nenhum bicho de sete cabeças. A Fazenda, seja União, Estado, DF ou Município, vai ajuizar uma Execução Fiscal contra o contribuinte que inadimpliu o crédito tributário. Houve o lançamento, o contribuinte não pagou, não parcelou nem impugnou administrativamente o lançamento que, definitivamente constituído, foi inscrito em Dívida Ativa. A Fazenda então ajuíza uma Execução Fiscal, que é uma petição inicial simples, contendo os dados do crédito tributário resumidos na dívida ativa. Anexa comprovantes da dívida ativa e requer ao juízo da Execução Fiscal a citação do contribuinte para pagar ou garantir o juízo e então se defender através dos Embargos à Execução. Só que garantir o juízo é muito caro! O contribuinte pode estar sofrendo uma execução fiscal injusta de milhões de reais e o contribuinte não tem esse dinheiro disponível para garantir o juízo. Então veja a situação do contribuinte: só pode se defender se tiver tanto dinheiro ou bens para garantir o juízo? Parece inconstitucional. Vejamos alguns postulados que justificam a EPE: Direito de petição Art. 5º (...) XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Contraditório e ampla defesa 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Art. 5º (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Inafastabilidade do Poder Judiciário Art. 5º XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Especialmente se o contribuinte quiser alegar uma matéria que não demanda dilação probatória, que não demanda uma complexa instrução, que não demanda perícia. O contribuinte pode querer avisar o juiz simplesmente que (i) ele não é o sujeito passivo correto; (ii) sequer foi notificado do auto de infração executado; (iii) o crédito tributário está prescrito. Respectivamente, são matérias relativas à ilegitimidade passiva do executado, nulidade do lançamento e extinção do crédito tributário, razões que põem em cheque a necessária liquidez e certeza do crédito tributário inscrito em dívida ativa. Logo, não deveria sequer ter sido executado e a execução fiscal merece ser interrompida e extinta o quanto antes. São, também, todas matérias de ordem pública que o juiz poderia conhecer de ofício. Outro requisito da EPE é que não demande dilação probatória. Então o contribuinte, de plano, deve juntar na Exceção de Pré-Executividade as provas que fundamentam suas alegações. Caso contrário, demandaria dilação probatória e deveria ser objeto de defesa através dos Embargos à Execução. Diante dos postulados constitucionais que justificam a defesa por EPE, como direito de petição, do contraditório e da ampla defesa e a inafastabilidade do Poder Judiciário, os tribunais pátrios passaram a aceitar e receber a EPE como legítimo meio de defesa. Destaco, desde já, essa informação: a EPE não é uma defesa prevista em Lei. Foi na doutrina que a EPE se inventou e na jurisprudência que a EPE se consolidou. Depois de farta jurisprudência acatando a EPE, o STJ sumulou a admissibilidade da EPE: Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. Esta súmula há de ser decorada e citada na prova! 2� HQXQFLDGR� GD� TXHVWmR� GDUi� FHUWDV� ³GLFDV´� SDUD� TXH� D� (3(� VHMD� D� SHoD� adequada a se utilizar. Pode a hipótese mencionar, especialmente que o contribuinte, o empresário, o seu hipotético cliente: a) Não tem dinheiro ou bens suficientes para garantir o juízo; b) Não deseja se defender via embargos à execução (essa dica é fácil, não é?); 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos c) Tem provas suficientes para ser juntada à EPE e demonstrar de plano a irregularidade da execução; E claro, sejam matérias de ordem pública / conhecíveis de ofício / que versem sobre a nulidade da CDA / sobre pressupostos processuais / prescrição / decadência. Novo CPC Há quem diga que o novo CPC possui, expressamente, previsão legal da EPE��%RP��QmR�p�³WmR´�H[SUHVVR�SRUTXH�VH� IRVVH� R� 1&3&� FLWDULD� QRPLQDOPHQWH� D� ³([FHomR� GH� 3Up- ([HFXWLYLGDGH´� H� UHJXODULD� HVVD� SHoD�� PDV� DVVLP� QmR� R� IH]�� DEULQGR� XPD� KLSyWHVH� GH� ³UHTXHULPHQWR� GD� SDUWH´� D� TXDOTXHU� H[HFXomR�� 'H� Tualquer maneira, o art. 803 do NCPC menciona casos de nulidade da Execução que coincidem com hipóteses de cabimento da Exceção de Pré-Executividade: Art. 803. É nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; II - o executado não for regularmente citado; III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo. Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução. Então, para se adequar ao NCPC, o candidato deve citar o art. 803 e parágrafo do NCPC/15 QR�WySLFR�³35(/,0,1$50(17(�± DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-(;(&87,9,'$'(´� EPE e recursos Acaso o juiz acate a exceção de pré-executividade, trata-se de uma decisão que extingue o processo. A decisão, então, é uma sentença. O recurso, em caso de procedência da EPE, é a apelação. Contudo, caso o juiz julgue improcedente a EPE, a Execução Fiscal prossegue. Ou seja, é uma decisão que não põe fim ao processo. Deste modo, não estamos diante de uma sentença, mas sim de uma decisão interlocutória, cujo recurso cabível é o Agravo de instrumento. Fique atento! Vamos então ao que interessa, que é como fazer uma Exceção de Pré- Executividade. Do endereçamento A EPE será endereçada ao juiz da Vara de Execuções Fiscais onde tramita a Execução Fiscal contra o contribuinte. Assim, se o contribuinte sabe que há uma execução fiscal ou foi citado na Execução Fiscal, a questão vai informar qual a Vara da Execução Fiscal. Adicione algumas palavras para completar o sentido e começe a EPE: x Se Vara Federal: 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos ³$2� 65�� '5�� -8,=� )('(5$/�'$� ��� 9$5$� )('(5$/� '$� 6(&&,21$/� '(� 3(51$0%8&2´��6H�FDSLWDO� Ou ³$2�65��'5��-8,=�)('(5$/�'$�9$5$�)('(5$/�'$�68%6(&&IONAL DE SANTO ANDRÉ ± 62�3$8/2´ x Se Vara Estadual: ³$2� 65�� '5�� -8,=� '(� ',5(,72� '$� �� 9$5$� '(� (;(&87,926� ),6&$,6� ESTADUAIS DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS ± 56´ 6H�0XQLFLSDO��WURTXH�³(VWDGXDLV´�SRU�³0XQLFLSDLV´� Dependência A EPE visa combater uma Execução Fiscal já ajuizada. Logo, o advogado tem que colocar o número da Execução Fiscal que a EPE será distribuída por dependência: ³'LVWULEXLomR�SRU�GHSHQGrQFLD�j�([HFXomR�)LVFDO�Q�XXX´ A questão dirá o número da Execução Fiscal. Se não disser, coloque XXX. Qualificação Na parte de qualificação, o candidato colocará informações relativas a 1) quem é o peticionante? 2) quem é o advogado? 3) o que querem perante o juiz? 4) contra quem? Faço essas perguntas para que se torne lógico e não decorado pelo candidato e a escrita flua melhor. A qualificação terá a seguinte e resumida sequência diante das informações mencionadas: 1) NOME DA EMPRESA COMPLETO LTDA., CNPJ, endereço/ 2) representada por advogado, endereço / 3) vem, nos autos da EF nº / ajuizada pela União/pelo Estado TAL/ Município | com fundamento na CF/CTN/CPC_______ ( fundamentos processuais), propor a presente (aqui pula uma linha e coloca o TÍTULO DA PEÇA) EXEÇÃO DE PRÉ EXECUTIVIDADE 4) Em face da União/dos Estados/do Município |Representada pela Procuradoria da Fazenda (Nacional/Estadual/Distrital/Municipal), endereço TAL| pelas razões de fato e de direito que passa a expor. DOS FATOS Caso o enunciado da questão não seja muito grande, copie na íntegra. Assim, não se corre o risco de ser acusado de esquecer algo e ainda evita de perder valiosos pontos. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Caso o enunciado seja grande ou tenha muitas matérias de direito para se alegar, resuma. Exercite seu poder de síntese. Seja objetivo e conciso. Os fatos não são parte da defesa da causa do contribuinte. É o relato. Relatório serve para relatar. Queremos com isso dizer que não é recomendável emitir juízo de valores no relato dos acontecimentos. Não se deve dizer que o auditor da Receita Federal foi arbitrário e lavrou um auto de infração sem observar determinado aspecto fundamental às garantias GR� FRQWULEXLQWH�� 3UHILUD� GHVFUHYHU� REMHWLYDPHQWH� R� FDVR�� ³2� $XGLWRU� )LVFDO� GD� Receita Federal entendeu que houve descumprimento da legislação tributária e lavrou o auto de infrDomR�QRV�VHJXLQWHV�WHUPRV�����´ PRELIMINARMENTE - DO CABIMENTO DA EPE Aqui relembramos o cabimento da EPE: são matérias de ordem pública provadas de plano, já juntadas à EPE, sem necessidade de dilação probatória, conforme Súmula 393 do STJ. O aspirante a advogado dirá que a matéria de direito que alega em seguida está demonstrada através das provas em anexo ou mesmo pelas próprias informações da CDA e da Execução Fiscal. Em exemplo, caso se trate de Execução por dívida já paga basta informar que a prova do pagamento encontra-se em anexo, sem se delongar e adentrar nas TXHVW}HV� GH� PpULWR� TXH� VHUmR� PHOKRU� DERUGDGDV� QR� SUy[LPR� WySLFR�� ³'2� ',5(,72´�� Dirá ainda que a nulidade ora arguida da Execução Fiscal é hipótese prevista no DUW������GR�1&3&�TXH�DGPLWH��QR�VHX�SDUiJUDIR�~QLFR��³UHTXHULPHQWR�GD�SDUWH, LQGHSHQGHQWHPHQWH�GH�HPEDUJRV�j�H[HFXomR´��1R�H[HPSOR�GD�GtYLGD� Mi�SDJD�� dirá que propõe a EPE com base no art. 803, inciso I do NCPC. PRELIMINARMENTE - DA TEMPESTIVIDADE? Coloquei esse tópico para chamar sua atenção. Em quase todas as peças será preciso suscitar esse tópico, EXCETO na exceção de pré-executividade, que não tem prazo. Na verdade há um limite temporal que possivelmente não será aplicável à questão, pois a Execução Fiscal há de existir e persistir: até o trânsito em julgado da Execução Fiscal. DO DIREITO Comece resumindo o que virá adiante. Liste, se for o caso, as matérias de direito pelas quais demonstram os vícios da execução Fiscal. Caso só tenha uma matéria, não precisa listar e já comece introduzindo sua alegação. Em seguida, fundamente a alegação partindo da norma para o fato. 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Primeiro descreva a hipótese normativa, a regra geral. Como seria se a hipótese fosse cumprida e descumprida. Depois descreva o fato e assim fica conectado o direito com o fato, demonstrando o bom direito que socorre o contribuinte. Por exemplo, se fosse caso de prescrição do ajuizamento da ação, diria-se: ³1RV�WHUPRV�GR�DUW��BBB�GR�&71��R�ODQoDPHQWR�FRQVWLWXL�R�FUpGLWR�WULEXWiULR��3HOR�DUW��BBB� do CTN, o crédito tributário deve ser Executado até 5 anos. Após o decurso desse tempo, após a ocorrência desse ato-fato, o crédito tributário está extinto em virtude da prescrição, vide art. ___ do CTN. No caso dos autos, o lançamento ocorreu dia TAL. A Fazenda então tinha 5 anos para ajuizar a Execução Fiscal, ou seja, até o dia X. Entretanto, só ajuizou dia Y quando o FUpGLWR�WULEXWiULR�Mi�VH�HQFRQWUDYD�H[WLQWR�HP�YLUWXGH�GD�SUHVFULomR�´ Como exercício, complete os espaços em branco verificando no CTN os artigos corretos. DOS PEDIDOS Os pedidos da EPE são no sentido de: 1) Pedir a intimação do Ente federado que ajuizou a ação; 2) Pedir a procedência da EPE para extinguir a Execução fiscal 3) Pedir honorários advocatícios. 4) Pedir deferimento, Ao fim, colocar Local, data, ADVOGADO e OAB-UF. ATENÇÃO: Não assinar! Caso assine, o candidato será eliminado sumariamente, por apontar para identificação LQGHYLGD�GD�SURYD��TXH�p�YHGDGR��$V�DOHJDo}HV�GH�TXH�³IRL�VHP�TXHUHU´��³QmR� FXVWD�QDGD�FRUULJLU�D�SURYD��GHVFRQVLGHUDQGR´�QmR�VHUmR�DFDWDGDV�HP�UHFXUVR�� Então fique muito atento e não coloque tudo a perder por conta de um deslize como esse. Como a Exceção de Pré-Executividade não possui os mesmos requisitos onerosos dos Embargos à Execução, não se pedir para levantar valores penhorados, pois não há. Em relação aos honorários advocatícios, é de bom tom pedir em consideração à profissão do advogado. O contribuinte que sofreu uma execução irregular teve que contratar um advogado; o advogado teve que desenvolver um trabalho, ajuizar a ação e despachar com o juiz. Nada mais justo que a Administração Pública arque com esses custos, especialmente por não realizar o devido exame de certeza e liquidez do crédito tributário ao inscrever o débito em dívida ativa e, depois, decidir ajuizar um Execução Fiscal com vícios e causar um transtorno ao contribuinte. Esse tema já foi abordado pelo STJ inúmeras vezes e foi alvo de Recurso Repetitivo, tema 421, julgado sob a seguinte ementa: 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos ³352&(668$/� &,9,/�� (;(&8d2� ),6&$/�� (;&(d2� '(� 35e-EXECUTIVIDADE. FAZENDA PÚBLICA SUCUMBENTE. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. 1. É possível a condenação da Fazenda Pública ao pagamento de honorários advocatícios em decorrência da extinção da Execução Fiscal pelo acolhimento de Exceção de Pré- Executividade. 2. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e ao art. 8º da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1185036/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em ������������'-H������������´ Provas passadas da OABProva 01 - XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2014.3) - FGV - Prova aplicada em 11/01/2015 - Peça Profissional Em 2003, João ingressou como sócio da sociedade D Ltda. Como já trabalhava em outro local, João preferiu não participar da administração da sociedade. Em janeiro de 2012, o Município X, ao verificar que a D Ltda. deixou de pagar o IPTU lançado no ano de 2004, referente ao imóvel próprio em que tem sede, inscreveu a sociedade em dívida ativa e ajuizou execução fiscal em face desta, visando à cobrança do IPTU e dos acréscimos legais cabíveis. Após a citação da pessoa jurídica, que não apresentou defesa e não garantiu a execução, a Fazenda Municipal solicitou a inclusão de João no polo passivo da execução fiscal, em razão de sua participação societária na executada, o que foi deferido pelo Juiz. João, citado em fevereiro de 2012, procura um advogado e explica que passa por grave situação financeira e que não poderá garantir a execução, além de não possuir qualquer bem passível de penhora. Ao analisar a documentação trazida por João, o advogado verifica que há prova documental inequívoca de seu direito. Assim, como advogado de João, elabore a peça adequada à defesa de seu cliente nos próprios autos da execução fiscal. (Valor: 5.00) A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. Padrão de Resposta usado pela OAB / FGV para correção João deverá oferecer exceção de pré-executividade, peça que não exige a garantia do juízo e que é cabível nos casos em que: (i) não é preciso dilação probatória, ou seja, todos os seus argumentos podem ser demonstrados de plano; e (ii) alega-se matéria relativa às condições da ação e aos pressupostos processuais, conhecíveis de ofício, como na hipótese (prescrição e ilegitimidade passiva). 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos A peça envolverá conhecimentos sobre responsabilidade tributária, especificamente no que se refere ao disposto no Art. 135, do CTN, e de prescrição tributária. 2�$UW������GR�&71�GLVS}H�TXH� ³VmR�SHVVRDOPHQWH� UHVSRQViYHLV�SHORV� FUpGLWRV� correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com H[FHVVR� GH� SRGHUHV� RX� LQIUDomR� D� OHL�� FRQWUDWRV� H� HVWDWXWRV´�� 'R� FDSXW� GR� dispositivo, é possível concluir que o mero inadimplemento tributário não gera responsabilidade tributária. Nesse sentido é a Súmula 430 do STJ. Além disso, os incisos do artigo não elencam o sócio como responsável tributário. Sendo assim, para que o sócio seja responsabilizado, é necessário que ele pratique atos de direção ou gerência (inciso III do dispositivo), o que não é o caso, pois se trata de mero sócio cotista, sem poderes de administração/gestão da sociedade, o que afastaria a incidência do Art. 135, do CTN. No que tange à responsabilidade tributária, deve o candidato ressaltar ainda que, como o nome de João não consta da Certidão de Dívida Ativa (CDA), cabe à Fazenda demonstrar que o responsável agiu com excesso de poderes ou cometeu infração à lei, contratos e estatutos, o que não aconteceu na hipótese narrada. Ademais, deve o candidato destacar que o crédito tributário está prescrito, tendo em vista que o ajuizamento da execução fiscal e o despacho que determinou a citação ocorreram em 2012, ou seja, mais de cinco anos contados da constituição definitiva do crédito tributário que, por sua vez, ocorreu em 2004. Sendo assim, conforme previsto no Art. 174 do CTN, ocorreu a prescrição. Exemplo de elaboração da peça EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DE EXECUTIVOS FISCAIS MUNICIPAIS DA COMARCA DE X ± UF Distribuição por dependência à Execução Fiscal nº XXX JOÃO D., inscrito no CPF sob o nº XXX, com residência no (endereço), através de seu advogado, constituído pela procuração em anexo, com escritório profissional na (endereço), onde recebe intimações (art. ___ do NCPC/15), vem, nos autos da Execução Fiscal em referência, ajuizada pelo o Município X, com fundamento na Constituição Federal, art. 5º incisos _____, _____ e ______, na Súmula ____ do STJ, bem como no art. ____ e parágrafo único do NCPC, propor a presente EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos Em face do Município X, representado pela sua Procuradoria da Fazenda Municipal, com sede à (endereço) pelas razões de fato e de direito que passa a expor. DOS FATOS Em janeiro de 2012, o Município X, ao verificar que a D Ltda. deixou de pagar o IPTU lançado no ano de 2004, referente ao imóvel próprio em que tem sede, inscreveu a sociedade em dívida ativa e ajuizou execução fiscal em face desta, visando à cobrança do IPTU e dos acréscimos legais cabíveis. Após a citação da pessoa jurídica, que não apresentou defesa e não garantiu a execução, a Fazenda Municipal solicitou a inclusão de João, ora excipiente, no polo passivo da execução fiscal, em razão de sua participação societária na executada, o que foi deferido pelo Juiz. João foi citado em fevereiro de 2012 e apresenta a presente exceção de pré-executividade com prova documental inequívoca de seu direito. Em 2003, João ingressou como sócio da sociedade D Ltda. Como já trabalhava em outro local, João preferiu não participar da administração da sociedade. Conforme veremos a seguir, confirmado pelas provas em anexos, a dívida está prescrita e João é ilegítimo para ocupar o pólo passivo da execução fiscal. DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE É cabível a exceção de pré-execuvidade quando as matérias de defesa envolvem matérias de ordem pública, entre outras matérias provadas de plano, sem necessidade de dilação probatória, conforme Súmula 393 do STJ: Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. Sendo a ilegitimidade passiva arguida nesta peça de defesa matéria de ordem pública, cabível a presente objeção. Ademais, o novo Código de Processo Civil (NCPC/15), admite, no seu art. ���� H� SDUiJUDIR� ~QLFR�� ³UHTXHULPHQWR� GD� SDrte, independentemente de HPEDUJRV�j�H[HFXomR´�SDUD�DUJXLU�QXOLGDGH�GR�WtWXOR�H[HFXWLYR��2�LQFLVR�,�SUHYr� especialmente em relação à certeza e exigibilidade do título, como é o caso da prescrição do título. Se prescrito, está extinto e é inexigível. Conforme veremos a seguir, além de cabível, a exceção merece ser julgada improcedente. DO DIREITO DA ILEGITIMIDADE PASSIVA 2� DUW�� BBB� GR� &71� GLVS}H� TXH� ³VmR� SHVVRDOPHQWH� UHVSRQViYHLV� SHORV� créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados FRP�H[FHVVR�GH�SRGHUHV�RX�LQIUDomR�D�OHL��FRQWUDWRV�H�HVWDWXWRV´��2�LQFLVR�BBB� 0 00000000000 - DEMO Prof. Mário de Godoy Ramos www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 32 DIREITO TRIBUTÁRIO ± 2ª FASE OAB Aula 00 ± Prof. Mário de Godoy Ramos desse artigo indica que o sócio que tem responsabilidade pessoal são aqueles que têm poder de gerência. O redirecionamento é ilegítimo, pois a mera inadimplência não constitui motivo bastante para a responsabilidade solidária do sócio, vide entendimento sumula pelo STJ: ³67-�� 6~PXOD� BBB�� 2� LQDGLPSOHPHQWR� GD� REULJDomR� WULEXWiULD� SHOD� sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio- JHUHQWH�´ Note-se que tanto a súmula ___ do STJ quanto o art. ___, inciso ___, do CTN versam acerca de poderes de gerência.
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