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Providências cautelares

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Providências cautelares
Professor Doutor Pedro Caetano Nunes
pcaetanonunes@hotmail.com
pedro.caetanonunes@fd.unl.pt
Apresentações de trabalhos de grupo:
Organização em grupos de dois ou três para apresentação do ponto 9 do programa para avaliação contínua. Apresentações de 45 minutos. Identificar acórdãos problemáticos para discutir. Enviar a apresentação e os acórdãos a apresentar com 3 a 5 dias de antecedência. 50% de avaliação contínua + 50% de exame final escrito 
Bibliografia 
Freitas, José Lebre de / Alexandre, Isabel – Código de Processo Civil anotado, II, 3.º ed., Coimbra, Almedina, 2017
Sousa, Miguel Teixeira de – Estudos sobre o novo processo civil, Lisboa, Lex, 1997
Ler os artigos de Lebre de Freitas (objeto do procedimento cautelar) e Teixeira de Sousa 
Introdução
Está na origem do instituto da tutela cautelar a demorada da tutela jurisdicional. Há situações em que a demora justifica uma tutela jurisdicional provisória. Está em causa a tutela jurisdicional de um direito ou interesse protegido. 
O que está em causa é o acesso à tutela jurisdicional efetiva. A tutela cautelar é uma faceta da tutela jurisdicional efetiva. Em determinadas situações não é possível existir tutela jurisdicional efetiva sem a tutela cautelar. 
A provisoriedade da tutela cautelar está associada à ideia de uma cognição sumária, que contrasta com a exigência de prova plena da ação principal. Em latim, summaria cognitio. 
Outra ideia é a de que existe a aparência de um direito - fumus boni júris - e o periculum in mora, correspondente à demora, que se manifesta em duas formas, sendo possível distinguir uma tutela cautelar conservatória de uma tutela cautelar antecipatória. O arresto e o arrolamento são exemplos de tutela conservatória. Os alimentos provisórios e o arbitramento de reparação provisória são exemplos de tutela antecipatória. Nesta pretende-se antecipar o acesso ao direito. 
A tutela conservatória tutela o risco de impossibilidade de tutela definitiva de um direito. Na tutela antecipatória existe a necessidade de tutela imediata de um direito. 
Existem querelas doutrinárias sobre a qualificação de providências cautelares por terem caraterísticas de ambas as classificações. O professor defende que estas devem ser classificadas como mistas. A este propósito, Teixeira de Sousa tem uma classificação tripartida: providências com finalidade de garantia de direito (conservatórias); finalidade de regulação provisória (correspondem àquelas em que se discute a sua classificação) e antecipação de tutela definitiva (antecipatórias). 
Uma outra caraterística é a atipicidade. Não existe um elenco fechado de providências cautelares, não são um numerus clausus. Qualquer providência cautelar é admissível. 
Há uma ideia muito próxima desta que é a de o conceito de providência cautelar ser aberto. Isto significa que os pressupostos elencados nas leis são pressupostos abertos, cinzentos, que permitem uma grande margem de interpretação e aplicação do direito pelo juiz. 
O artigo 362º/1 do CPC diz que sempre que alguém mostre fundado receio de que outrem cause lesão grave e dificilmente reparável ao seu direito, pode requerer a providência conservatória ou antecipatória concretamente adequada a assegurar a efetividade do direito ameaçado – conceito de providência cautelar. 
Finalidades das cláusulas gerais e conceitos indeterminados: permite que o juiz aplique a ética no direito; delegar no juiz o poder de conformação do direito; e possibilidade de evolução social mantendo-se a mesma letra da lei. 
Exemplos de providências que podem ser requeridas apesar de não estarem definidas na letra da lei: proibição de execução de um garantia bancária; acesso de informação clínica; venda antecipada de mercadorias deterioráveis; depósito de bens; continuação de execução do contrato na pendência do processo; realização de um depósito exgrow; prestação de uma garantia bancária; proibição de concorrência provisória; proibição de perturbação da posse; proibição de divulgação de segredos; permissão de passagem provisória por um prédio serviente; proibição de emissão de ruído noturno. 
O artigo 362º/3 diz que não são aplicáveis as providências referidas no n.º 1 quando se pretenda acautelar o risco de lesão especialmente prevenido por alguma das providências tipificadas no capítulo seguinte. O conceito é aberto apesar de existirem determinadas limitações legais. 
Há providências que ainda assim são admissíveis. Por exemplo, a restituição provisória da posse, artigos 377º, tem como requisito o esbulho violento. Não basta a mera perturbação da posse, tem de existir esbulho e esse esbulho tem de ser violento. Se não existir esbulho ou violência, pode haver uma tutela da posse se verificados os pressupostos gerais do artigo 362º, conforme o artigo 379º. 
Outro exemplo é a demolição de obra nova. Temos o embargo de obra, mas em determinadas situações podem ser alegados factos para pedir a demolição. 
Conceito de providência cautelar
O professor defende que as providências cautelares arbitrais não são iguais às providências cautelares estaduais, os conceitos são distintos. As providências estaduais são caraterizadas pela coercibilidade. Em contraponto, as providências cautelares arbitrais não são caraterizadas por essa coercibilidade. Violar uma providência cautelar estadual é praticar um crime de desobediência qualificada previsto pelo Código Penal português – garantia penal da providência cautelar. As providências cautelares estaduais podem ser decretadas sem contraditório prévio – decretamento ex parte. Nas providências cautelares há a suscetibilidade de afetar terceiros. Há efeitos processuais perante terceiros. Estas são as quatro caraterísticas das providências cautelares.
As medidas cautelares impostas pelos tribunais arbitrais devem ser respeitadas pelas partes, mas se as partes não cumprirem, não podem ser coercivamente obrigadas a cumprir. Ainda assim, as partes podem pedir aos tribunais estaduais que executem as providências, o que pode ser um processo demorado que não faça cumprir a providência quando ela é necessária. Por outro lado, não há garantia penal. Também é possível na tutela arbitral que haja providências cautelares sem contraditório, as medidas provisórias, mas têm um conteúdo muito reduzido. Para além disso, não podem ter efeitos sobre terceiros. A tutela cautelar arbitral tem caraterísticas muito distintas da tutela cautelar estadual. 
A tutela cautelar é frequentemente urgente, mas não deve ser confundida com a tutela definitiva urgente. Há processos definitivos que são urgentes e não são provisórios. Por exemplo, a tutela urgente da personalidade, artigo 879º. 
A tutela cautelar pode ser probatória? Ou seja, pode ser decretada uma medida cautelar para preservação de meios de prova? Na LAV, artigo 20º/2/b), a tutela cautelar pode ser probatória. Noutros quadrantes, a tutela cautelar é probatória. No CPC isto já não é assim. Por regra, as partes têm à sua disposição o incidente de produção antecipada de prova, artigo 419º e 420º. Se a antecipação de prova for documental, aí já é a providência de arrolamento. 
3 de outubro 
2. Tutela cautelar e Princípio de direito processual
O artigo 3º/1 e o artigo 609º estabelecem o princípio do pedido. Este enquadra-se no princípio do processo equitativo. O princípio do pedido tem valor infraconstitucional, pelo que está à disposição do legislador ordinário. O juiz não pode ter decisões surpresa, sob pena de violação do princípio do contraditório. Este princípio já tem valor constitucional. 
O nº5 do artigo 20º da CRP consagra o princípio da tutela jurisdicional efetiva, assim como o nº 1 e 4. O acesso a uma tutela cautelar efetiva é um corolário do direito à tutela jurisdicional efetiva. Ideia de ter em prazo razoável e tempo útil uma decisão jurisdicional contra ameaças ou violações de direitos. Está implícita a ideia de patrocínio judiciário e o direito de acesso aos tribunais em tempo útil. Por isso, o direito à tutela cautelar é umamanifestação do princípio da tutela jurisdicional efetiva. Assim, este princípio tem garantia constitucional. 
Ideia de constitucionalização das garantias processuais. O artigo 10º da DUDH temos a primeira consagração das garantias processuais. O artigo 6º e 14º da CEDH também fazem essa consagração. É neste contexto que temos este artigo 20º na CRP. 
Os princípios da equidade, contraditório, igualdade na instância (de armas), decisão em prazo razoável, publicidade da atividade jurisdicional, independência e imparcialidade do tribunal, legalidade, fundamentação, patrocínio forense e da licitude da prova têm consagração constitucional. 
Os princípios do dispositivo e, em contraposição, o do inquisitório (ou da oficiosidade), preclusão e autorresponsabilidade, cooperação, imediação, oralidade, concentração da produção dos meios de prova, imediação, livre apreciação de prova, economia processual e gestão processual têm consagração infraconstitucional. 
As medidas cautelares ex parte, sem contraditório prévio, é uma violação do princípio do contraditório. O decretamento destas medidas é também um corolário do direito a uma tutela jurisdicional efetiva, porque, em determinados casos, o conhecimento pelo réu da instauração do procedimento pode fazer perigar o direito à tutela jurisdicional, como nos casos do arrolamento e do arresto. 
A justiça não se baseia na ideia da verdade e justiça material feita pelo juiz, mas sim numa ideia da justiça procedimental – não se pode encontrar uma verdade processualmente adequada sem contraditório. O contraditório só deve ser restringido na medida do estritamente necessário para assegurar uma tutela jurisdicional efetiva, conforme o artigo 18º da CRP. Adequação, necessidade e proporcionalidade strictu sensu são os critérios para definir a medida do estritamente necessário. 
Na opinião do professor não é possível formar prova plena ou convicção plena do juiz sem contraditório. A convicção do juiz, antes do contraditório, deve ser sumária. 
Os procedimentos cautelares especificados em que há dispensa do contraditório prévio são o arresto, artigo 393º, a restituição provisória da posse, artigo 378º, e o arrolamento. 
No artigo 366º do CPC consagra-se a dispensa do contraditório por motivo de ser posto em causa o fim ou a eficácia da providência. 
Na LAV há dois tipos de medidas. As medidas cautelares strictu sensu e as ordens preliminares. As ordens preliminares são medias cautelares ex parte. É uma figura de eficácia reduzida e tem limites muitos estreitos. A ideia é que a admissibilidade de medidas cautelares é reduzida porque não funciona bem em tribunais arbitrais. 
Há situações em que a providência decretada funciona mal com o contraditório prévio, mas por vezes surgem em tribunal situações em que o argumento é não haver tempo para o contraditório. 
Caução
É frequentemente uma garantia bancária. Quando há dispensa de contraditório prévio, costuma exigir-se à parte que usufrui da mesma que preste uma caução. A ideia de prestação de caução pelo requerente é uma exigência que tem a ver com o confronto entre a tutela jurisdicional efetiva e o princípio do contraditório. Por vezes, esta decorrência dos princípios práticos é referida em normas jurídicas, como na LAV, no artigo 24º/2 e 3, onde se regulam as ordens preliminares – se a parte quer uma providência ex parte, tem, por regra, de prestar caução, e no CPC, no artigo 374º/2. 
Do ponto de vista sociológico, esta ideia é pouco adotada. 
Como funciona o contraditório posterior?
No artigo 372º está previsto como funciona o contraditório posterior ao decretamento de uma providência. 
O prazo geral para a prática de atos é 10 dias, conforme artigo 293º/2. 
O problema é que se perde muito tempo para citar depois de decretada a medida. 
A citação urgente está prevista no CC para ações em que está eminente a prescrição ou caducidade. A citação urgente interrompe os prazos.
A lei fala no artigo 
4 de outubro
Princípio da proporcionalidade 
Este princípio é um dos pressupostos de decretamento de uma providência. As referências à ideia de proporcionalidade conseguimos encontrar no CPC, artigo 368º/2 (“exceda consideravelmente o dano”), na LAV, artigo 21º/1/b), e nos textos referentes aos Principles of Transnational Civil Procedure. 
No direito civil, a ideia de proporcionalidade existe no princípio da boa-fé. 
Esta exigência de proporcionalidade não é, em rigor, uma norma jurídica, porque não tem previsão e estatuição. Há apenas um enunciado do princípio da proporcionalidade. O juiz tem que utilizar e pesar argumentos e valores em concreto, nunca em abstrato. Faz-se em função das circunstâncias do caso concreto. Pode existir algum pré-entendimento, mas, no caso concreto, pode não ser assim. Podem existir outros enquadramentos e vetores que façam a ponderação mais para outro lado. 
Por exemplo, entre os valores da saúde e a liberdade de realização económica, se estiver em causa uma discoteca, o costume é que esta seja obrigada a fechar. O mesmo não acontece se estivermos a falar de uma fábrica. 
Caraterísticas gerais da tutela cautelar
Ideia de provisoriedade
Há procedimentos provisórios e há processos definitivos. Nuns casos, a tutela cautelar é distinta da definitiva, noutros casos, menos frequentes, a tutela subcautelar é substituída pela tutela definitiva. 
Esta caraterística está relacionada com a caraterística da dependência. 
Instrumentalidade
A tutela cautelar é instrumental face à tutela definitiva porque se diz que tutela cautelar visa garantir a eficácia e utilidade da tutela definitiva. Está presente uma Instrumentalidade de segundo grau, já que não é a instrumentalidade do direito processual face ao substantivo, mas outra específica. 
O objeto de uma ação definitiva é o pedido e a causa de pedir. A causa de pedir são os factos com um determinado enquadramento jurídico. O objeto de uma providência cautelar tem, por sua vez, uma natureza meramente processual. Ou seja, não é uma relação de direito substantivo. O que se está a discutir é aparência de um direito e se há perigo na demora da tutela jurisdicional. 
A terceira caraterística da tutela cautelar é a sumario cognitio – cognição/prova sumária. Mera justificação é a terminologia usada por Teixeira de Sousa. Juízo de verossemelhança. Em contraponto temos a ideia de prova plena ou de prova strictu sensu. Há um juízo de mera probabilidade, não há um juízo de certeza. A dúvida começa quando se diz que os juízes nunca têm certezas. Há casos muito próximos da certeza, como a averiguação da parentalidade através dos marcadores de ADN. 
A quarta caraterística é a dependência, que está no CPC no artigo 364º. Falamos dependência em termos de uma ação declarativa ou até mesmo executiva. 
A providência pode ser preliminar ou incidental. Preliminar é quando é uma providência intentada antes da ação principal. Incidental é no decurso da ação principal. Quando é intentada antes, o juiz deve verificar quando existir uma ação principal, para que haja apensação. 
O objeto do procedimento é aferido por referência à ação definitiva. Há uma relação do objeto do procedimento com o objeto da ação definitiva. Há sempre uma coincidência parcial das causas de pedir do procedimento e da causa definitiva. 
O artigo 35º do Regulamento 1215/2012 diz que ação principal pode estar a decorrer noutro Estado-Membro. 
A caraterística seguinte é a eficácia relativa, artigo 364º/4. O processo sumário não cria repercussões no processo definitivo. Não se aplica o artigo 421º sobre o valor extra processual das provas. A admissão de factos nos articulados também é irrelevante, exceto a confissão, que valerá na ação definitiva e em qualquer outro contexto, artigo 355º/3 do CC. Uma simples admissão de factos já não tem valor. A questão da diferença entre as duas prende-se com o ónus de impugnação, conforme o artigo 574º/2 do CPC. Em função desse ónus de impugnação é que pode haver a admissão de factos. A parte tendo o poder de impugnar e não o fazendo dá-se aadmissão processual do facto. Na confissão há uma declaração de vontade do próprio no sentido de assumir a veracidade de determinado facto. 
O último corolário da eficácia relativa é que não há caso julgado. 
Proibição de repetição, artigo 362º/4. O objeto não é uma relação material controvertida e, consequentemente, não há caso julgado, porque o caso julgado obstaculizaria a uma repetição da providência. 
 
Na interpretação da lei atual, o que se discute é que se basta que haja uma repetição do pedido ou se tem de haver repetição do pedido cautelar e do objeto da causa de pedir cautelar. PCN segue a segunda opção, já Abrantes Geraldes defende a primeira. 
Os princípios e preocupações que estão na base do princípio do caso julgado são os mesmos da base do princípio da proibição de providências: direito à tutela jurisdicional efetiva e da segurança jurídica.
Isto não abarca providências dependentes de outras ações principais. 
10 de outubro
Condicionamento à prestação de caução
Ideia de que o juiz pode condicionar o decretamento de uma providência cautelar através da prestação de uma caução. A caução é obrigatória nas medidas ex parte na arbitragem voluntária portuguesa. Já no CPC não existe a obrigatoriedade de prestação de caução no caso de medidas ex parte. 
O juiz, de acordo com a sua discricionariedade, pode exigir ao requerente uma caução encontra-se consagrada no artigo 374º/2. 
O artigo 376º/2 trata da aplicação subsidiária aos procedimentos cautelares especificados das regras do procedimento cautelar comum. 
Modificabilidade ou não das medidas cautelares
De acordo com o consenso académico internacional, as providências cautelares podem, a todo o momento, ser alteradas. 
No CPC o artigo 368º consagra os pressupostos gerais das providências cautelares. No nº 3 diz-se que a providência decretada pode ser substituída por caução adequada, a pedido do requerido, sempre que a caução oferecida, ouvido o requerente, se mostre suficiente para prevenir a lesão ou repará‐la integralmente.
Não se deve confundir a caução pelo requerente como condição de uma providência de caução pelo requerido. 
A letra da lei dá suficiente cobertura a que mais tarde, com o decurso dos acontecimentos, o requerido venha dizer que a providência perdure, pedindo o levantamento da providência. 
A medida de arresto é decretada sobre determinados bens. É um direito real de garantia, que incide sobre coisas concretas. 
O artigo 376º/3 conjugado com o artigo 368º/2 é que demonstra a modificabilidade das providências cautelares. Com base nestes artigos, MTS diz que se o juiz não está vinculado à providência requerida, pode conhecer para lá do pedido, então, por maioria de razão, pode haver uma modificação do pedido pelo requerente. 
O professor acha correto que se entenda a possibilidade de modificação da providência, mesmo após o decretamento judicial, mas a letra da lei não favorece. 
O artigo 124º do CPTA permite esta modificação expressamente. 
Se não for possível modificar a providência, deve colocar-se uma nova providência. 
Pressupostos da tutela cautelar
Fumus boni iuris – aparência do direito. No artigo 362º/1, a referência a direito é o fumus boni iuris. O artigo 368º na expressão “probabilidade séria de existência do direito” refere-se a este requisito. Não é necessária a prova plena da existência do direito. Basta a prova sumária da existência do direito. A doutrina não tem dúvidas aqui quanto a este requisito não se existe prova plena. 
Periculum in mora – perigo na demora. No CPC, artigo 362º/1, esta corresponte ao “fundado recieot de que outrem cause lesão grave e dificilmente reparável. Já o artigo 368º estabelece este requisito na expressão “suficientemente fundado o receio da sua lesão”.
Estes dois pressupostos são os essenciais da tutela cautelar. Estes são os dois elementos da previsão normativa. 
Arresto – artigo 397º - “Direito de propriedade, singular ou comum, em qualquer outro direito real ou pessoa de gozo ou na sua posse” – fumus boni iuris. Obra (…) – periculum in mora. 
Arresto – artigo 391º - crédito – fumus; justificado … patrimonial - periculum
Restituição provisória da posse – artigo 377º - esbulho e violência é o periculum in mora
Suspensão de deliberações sociais – artigo 380º - “associação … ou ao contrato” – fumus boni iuris; “execução … apreciável” – periculum in mora. 
Arbitramento de reparação provisória – artigo 388º - “morte … Civil” – fumus; “situação … sofridos” – periculum 
Nestas é claro ver os dois requisitos. Na restituição provisória da posse e no embargo de obra nova não é tão claro o periculum in mora. Este está mitigado. Na restituição provisória da posse só tem que se provar a posse, o esbulho e a violência. Quanto está em causa a tutela de direitos absolutos, o legislador tende a ser menos exigente quanto ao requisito do periculum in mora para dar uma tutela cautelar dos direitos absolutos mais forte. 
Para Castro Mendes, o periculum in mora, é necessária prova plena. Para Teixeira de Sousa, basta a sumario cognitio. Hoje em dia predomina esta última ideia com o argumento literal do nº1 do artigo 368º, em que se diz “suficiente”. 
Coloca-se a questão de saber se quanto as lesões já consumadas se ainda é possível construir o periculum em mora. Se o que estiver me causa é uma providência que tutela direitos absolutos, é preciso saber se está consumado e já desapareceu ou ainda se verifica. 
Próxima desta ideia da consumação da lesão é a continuação do dano. Um ato lesivo, apesar de pontual, corresponde a uma continuação dos danos. 
Princípio da proporcionalidade
O artigo 368º tem a consagração deste princípio no CPC, mas não apenas. No artigo 381º/2 também está consagrado para efeitos da suspensão de deliberações sociais. O artigo 401º, referente ao embargo de obra nova, também trata da proporcionalidade. 
Segundo Lebre de Freitas, os argumentos de proporcionalidade constituem factos impeditivos. Quem pede uma providência cautelar não tem que alegar factos relativos à proporcionalidade. Isso tem que ser alegado pelo réu, que tem o ónus da prova. O professor discorda porque, quando estão em causa normas jurídicas com previsão normativa temos determinados factos que têm de ser provados. Os princípios jurídicos não têm previsão normativa, não há subsunção jurídica. Há argumentos para um lado e argumentos para outro. Em boa metodologia do direito, quando se trata de princípios não há distribuição do ónus da prova. É uma questão de peso da argumentação face aos princípios que tem de ser feita logo. Assim também entende Pedro Ferreira Múrias.
Discute-se na doutrina se em relação a esta matéria da proporcionalidade vale a sumario cognitio (Teixeira de Sousa) ou a prova plena (Lebre de Freitas). 
5. Classificação de medidas cautelares
A primeira classificação é entre medidas conservatórias, antecipatórias e mistas. 
Na tutela conservatória há um risco de impossibilidade de tutela definitiva de um direito. Há uma manutenção da estabilidade das situações jurídicas. Na tutela antecipatória há a necessidade de tutela imediata de um direito. E, por isso, o que aqui há é a atribuição antecipada e provisória dos efeitos da decisão definitiva. 
Há providências com caráter misto, como a restituição provisória da posse, suspensão de deliberações sociais, embargo de obra nova, apreensão de veículo, entre outras. 
Por vezes, é difícil fazer esta distinção. Ainda assim, a distinção é útil para distinguir as diferentes finalidades. A tutela antecipatória é que levanta mais problemas dogmáticos de aplicação prática. 
Também uma classificação de Teixeira de Sousa, que distingue a finalidade de garantia de um direito, a finalidade de regulação provisória e antecipação da tutela definitiva. Os casos de regulação provisória são os que estão entre a tutela conservatória e a antecipatória.
Esta classificação não serve para deixar alguma coisa de fora. Ambas as tutelas cautelares são admissíveis. Esta classificação é relevante para efeitos de inversãodo contencioso.
No ponto 5.2 do programa, esta classificação convoca a teoria geral do direito processual civil e a classificação de espécies de ações. Temos aqui uma classificação de efeitos jurisdicionais. Esta classificação de espécies de ações também é uma classificação de procedimentos cautelares. Um exemplo de medida com efeito declarativo meramente constitutivo é o arresto. Mas, para além disso, o arresto também tem efeito executivo, pelo que se considera misto. O embargo de obra nova tem efeitos declarativos condenatórios e efeitos executivos (prestação de facto negativo – parar a obra). 
As providências cautelares dão, frequentemente, uma tutela executiva – através dos órgãos de polícia e dos tribunais – execução com força. 
5.3
Distinção entre medidas cautelares estaduais e arbitrais. As estaduais são as decretadas pelos tribunais estaduais, as arbitrais são as decretadas pelos tribunais arbitrais. As medidas arbitrais não têm força executiva, eficácia perante terceiros, nem garantia penal. Os traços comuns são essencialmente todos os outros. É possível qualquer tipo de medidas, o elenco é aberto. No essencial há mais caraterísticas comuns do que caraterísticas diferenciadoras. 
Há quem defenda que o poder jurisdicional dos árbitros tem origem legal. O reconhecimento pelo Estado dos tribunais arbitrais é que representa o poder dos árbitros. Há quem defenda que a legitimidade dos árbitros vem do contrato, da vontade das partes. Na LAV a origem da competência dos árbitros está na convenção de arbitragem. Ambas as ideias têm suporte na letra da lei. O professor considera que tanto a lei como o contrato são o fundamento do poder jurisdicional dos árbitros.
17 de outubro 
O poder coativo é um exclusivo do poder jurisdicional estadual. Outra diferença 
(…)
O facto de o tribunal arbitral ter de ser constituído e isso dificultar a urgência tutela cautelar – demora e dificuldades de constituição. Por outro lado, a falta de força coativa mete em causa a defesa do direito. O outro problema é a falta de eficácia perante terceiros. Os tribunais arbitrais não podem decretar um arresto, medida que tem eficácia perante terceiros. Por esta razão a lei prevê um regime de competência concorrente entre os tribunais estaduais e os arbitrais. 
O artigo primeira da LAV é o regime da regra geral do efeito positivo
Artigo 5º com o artigo 96º do CPC. Este é o regime de enquadramento geral. O artigo 7º tem um regime especial de tutela cautelar arbitral. O artigo 21º permite que o tribunal arbitral decrete medidas cautelares, salvo estipulação em contrário. O que pode acontecer é que as partes em convenção de arbitragem excluam a competência cautelar do tribunal arbitral, sobrando só a competência do tribunal, de acordo com o artigo 7º. A competência do tribunal estadual é que não pode ser excluída, é injuntiva. 
Dentro das medidas cautelares de arbitragem, de acordo com os artigos 20 e seguintes da LAV, temos dois tipos de medidas cautelares arbitrais. Temos que distinguir as providências cautelares arbitrais e as ordens preliminares. As providências cautelares estão previstas nos artigos 20 e 21 e as ordens preliminares nos artigos 22 e 23. As ordens cautelares são medidas cautelares ex parte, sem audiência prévia. Já as providências cautelares têm audiência prévia. 
Tutela cautelar estadual de jurisdição contenciosa e de jurisdição voluntária 
Os alimentos provisórios não solicitados por um menor é uma
Princípio do inquisitório, artigo 987º 
Não há caso julgado. Subjacente a isto está a ideia de interesse. Há um interesse preponderante, não há uma contraposição de interesses. Há uma tutela de um interesse prevalecente. 
(...)
As medidas cautelares arbitrais, para além de acautelarem os direitos das partes, também acautelam as provas. A tutela cautelar visa apenas satisfazer o direito processual de prova, nos outros casos, a tutela cautelar garante o direito substantivo e à decisão definitiva. 
O paradigma internacional é de que as medidas cautelares também se destinam a acautelar o direito à prova. No CPC já não é assim. O artigo 419º e 420º temos um incidente processual de produção antecipada de prova. Este não é classificado como medida cautelar. Também ele pode ser intentado previamente à instauração da ação definitiva, ou no decurso da ação definitiva, mas não é classificado como procedimento cautelar pelo CPC. Releva para a prova testemunhal, depoimentos ou declarações de parte, perícias e inspeções. 
Em relação a documentos já se trata de tutela cautelar probatória. 
No ponto 7 temos várias regras específicas do procedimento cautelar estadual. Em primeiro lugar, fala-se do princípio do dispositivo e da gestão processual. 
Nos processos de jurisdição voluntário temos o princípio do dispositivo e do inquisitório mais enfraquecidos. 
A gestão processual vem consagrada no artigo 6º do CPC, a atuação formal no artigo 547º. Estes dois são versões modernas dos princípios do inquisitório e da economia processual. O princípio do inquisitivo diz que as partes dispõem da relação jurídica processual. 
Na tutela cautelar vale o princípio do dispositivo ou é possível a gestão processual. O artigo 6º é uma norma indeterminada que atribui grande discricionariedade ao juiz, alterando a tramitação dos procedimentos cautelares. 
O artigo 547º 
O artigo 630º/2 do CPC diz não é admissível recurso das decisões de simplificação ou de agilização processual, proferidas nos termos previstos no n.º 1 do artigo 6.º, das decisões proferidas sobre as nulidades previstas no n.º 1 do artigo 195.º e das decisões de adequação formal, proferidas nos termos previstos no artigo 547.º, salvo se contenderem com os princípios da igualdade ou do contraditório, com a aquisição processual de factos ou com a admissibilidade de meios probatórios. 
Cumulação de providências cautelares – artigo 376º/3
O tribunal não está adstrito à providência concretamente requerida, sendo aplicável à cumulação de providências cautelares a que caibam formas de procedimento diversas o preceituado nos n.os 2 e 3 do artigo 37.º.
As normas sobre os limites gerais de cumulação de pedidos são os artigos 555º/1 (Pode o autor deduzir cumulativamente contra o mesmo réu, num só processo, vários pedidos que sejam compatíveis, se não se verificarem as circunstâncias que impedem a coligação).
Limite da compatibilidade substantiva – não confundir a dedução de pedidos compatíveis com a petição subsidiária de pedidos. 
Se forem formulados pedidos substancialmente incompatíveis, a estatuição normativa é a inaptidão da petição inicial – artigo 186º/2.
O artigo 37º tem os obstáculos à coligação. O primeiro limite são as regras de competência internacional ou em razão da matéria ou da hierarquia. Isto é mais frequente em relação a competência em razão da matéria. 
O problema é que temos medidas que apontam para o contraditório prévio e outras que não. 
Contraditório – artigo 376º
O prazo de contestação é sempre 10 dias - artigo 372º. 
Quando não há contraditório prévio, há contraditório subsequente, que se encontra regulado no artigo 372º. Este pode ser através da dedução de oposição, mas também através de recurso nos termos gerais. Recurso é quando há uma divergência de direito e não de facto. Nos termos da letra da lei, quando se quer alegar novos factos ou produzir novos meios de prova temos oposição. 
Quando não se pode recorrer em função do valor, pode ter que se deduzir oposição, mesmo que seja só sobre questões de direito, fazendo uma interpretação extensiva da norma do artigo 372º/1/b). Reinquirir testemunhas é outra das exceções. 
Quando há invocação de exceções de direito, 
24 de outubro
Pressupostos da inversão do contencioso
O artigo 369º diz que, de acordo com o princípio do dispositivo, a inversão do contencioso deve ser requerida.
Os dois pressupostos do nº1 são a “convicção segura acerca da existência do direito acautelado” – prova plena; não basta a mera justificação (fumus bonis iuris); e a “naturezada providência decretada for adequada a realizar a composição definitiva do litígio” – providências antecipatórias; não aplicável às providências conservatórias (providências puramente conservatórias, como o arresto e o arrolamento, e não mistas). 
Se existe prova sumária e se não se consegue fazer prova plena, não vale a pena pedir a inversão do contencioso. 
O artigo 376º/4 é uma previsão expressa que confirma o critério do artigo 369º/1 – concretização do critério do artigo anterior; são as antecipatórias e as mistas. 
Conteúdo da decisão de inversão do contencioso
O artigo 369º/1 diz que “o juiz, na decisão que decrete a providência, pode dispensar o requerente do ónus de propositura de ação principal”.
No artigo 371º/1 diz que: “sob pena de a providência decretada se consolidar como composição definitiva do litígio”. 
O conteúdo decisório corresponde à expressão “o Tribunal dispensa o requerente do ónus da propositura da ação principal”. O requerente não formula um pedido formulado que incida sobre a relação material controvertida. A pretensão material deduzida pelo requerente é de dispensa do ónus de propositura da ação principal. 
O conteúdo da decisão jurisdicional não incide sobre um pedido principal tácito.
Por exemplo, não se decreta a anulação de deliberação social, apenas se decreta a suspensão da deliberação social e a dispensa do ónus de propositura da ação principal. Os vícios substantivos das deliberações sociais podem ser acautelados pela providência cautelar de suspensão de deliberações sociais. Com a inversão do contencioso não há um pedido tácito de anulabilidade, declaração de inexistência ou de ineficácia. Os pedidos são apenas dois, de suspensão das deliberações e de dispensa do ónus de propositura da ação principal. 
A causa de pedir da instância reconvencional não pode ser mais ampla que a causa de pedir cautelar (problema próximo do colocado no regime de antecipação do juízo sobre a causa principal).
Por exemplo, o renting (locação financeira – há uma instituição de crédito com funções específicas de locação financeira que compra o automóvel ao stand e depois fazem uma locação por determinado prazo e se no final do prazo o locatário pagar o valor residual, fica com a propriedade do automóvel), pedido cautelar de entrega provisória de veículo e pedido de inversão do contencioso relativo também a rendas vencidas e a indemnização clausulada. O lising é a locação com opção de compra. O renting não tem a opção de compra, é uma locação operacional. 
Nestas locações o problema coloca-se para as instituições de crédito quando não são pagas as rendas. Neste caso, o Banco quer receber de volta o automóvel e receber a indemnização pelos prejuízos de o contrato não se ter concretizado durante aquele período. Do ponto de vista processual, o Banco pode fazer, em primeiro lugar, a apreensão do veículo com uma providência cautelar. Depois, em ação definitiva ou execução, o Banco quer receber o pagamento das rendas vencidas e a indemnização. 
A apreensão do veículo tem que ser com uma providência cautelar e tem que haver o pedido definitivo de entrega definitiva do veículo – regra da dependência do procedimento cautelar em relação à ação definitiva. Tem que haver uma causa de pedir e pedido cautelar e depois um pedido e uma causa de pedir definitiva. 
Os Bancos querem ter uma livrança para pedir já as rendas vencidas para não estarem à espera de uma ação declarativa para restituição do veículo. Neste caso é que importa a inversão do contencioso, para que não seja necessária uma ação definitiva. 
Uma das coisas que alguns advogados que trabalham com estas instituições é que na inversão do contencioso pedir quanto ao tema da apreensão do veículo, mas também quanto às rendas vencidas e quanto à indemnização. Neste caso, não é possível a inversão do contencioso porque as rendas e a indemnização não fazem parte do pedido ou da causa de pedir da instância cautelar, mas sim da instância definitiva.
Para o renting aplica-se o regime do CPC; para a locação financeira há um regime especial. 
Tramitação da instância na inversão do contencioso
Está sujeito ao princípio do contraditório. 
O artigo 372º fala da inversão do contencioso, o que significa que a inversão do contencioso pode ser decretada ex parte sem audiência prévia. O professor considera que o nº2 é inconstitucional, pelo que deve ser interpretado restritivamente. 
Ação com contencioso invertido - estrutura
Instância definitiva com contencioso invertido – alterações à instância definitiva quando há uma decisão de inversão do contencioso. Parte da doutrina diz que a ação definitiva com contencioso invertida é uma ação de simples apreciação negativa – o ónus de propositura da ação principal passa para o requerido – este vai pedir ao tribunal que se pronuncie sobre a falta de razão do réu. O professor considera que a ação definitiva não tem que ter de todo a estrutura de uma ação de simples apreciação negativa, pode ser qualquer ação. 
Distribuição do ónus da prova
O artigo 371º/1 diz que “sem prejuízo das regras sobre o ónus da prova”, pelo que se aplica as regras do ónus da prova. Esta é posição defendida por Lebre de Freitas. O professor Teixeira de Sousa defende que não deve ser assim, defende que se a inversão do contencioso não implicar uma alteração da distribuição do ónus da prova a inversão não tem utilidade. O ideal é que houvesse uma modificação do ónus da prova, porque o requerente já fez prova plena. 
Não se deve modificar a distribuição do ónus de prova porque esta é formada em relação com a posição na relação material controvertida, não é em função da relação processual. Para saber como é a distribuição do ónus de prova olhamos o direito substantivo. A configuração da relação processual pode variar, para efeitos de distribuição do ónus de prova não interessa saber se é autor ou réu, o que interessa é saber se é devedor ou credor, ou seja, a posição na relação material controvertida. 
Caso julgado e litispendência?
O que se passa é que o juiz decreta a inversão do contencioso dispensando o requerente do ónus de prova e dá 30 dias para que o requerido na providência nada disser, há uma composição definitiva do litígio – isto é o mesmo que o caso julgado, mas assim não pode ser e por isso não é dito pelo legislador, já que não existe um pedido definitivo e porque o problema existe quanto ao efeito constitutivo, já que nalguns casos, como na suspensão de deliberações sociais, o juiz não diz expressamente que declara nulo ou inexistente o ato, apenas que o suspende. 
Exercícios
1. António e Berta, septuagenários e reformados, vivem há vários anos num bairro histórico de Lisboa. Há dois meses, Carlos abriu uma discoteca no prédio ao lado. Desde então, António não consegue dormir com o barulho dos clientes da discoteca, que frequentemente permanecem na rua, em grande algazarra, até às cinco da manhã. Recentemente, António dirigiu-se a Carlos, pedindo-lhe que fechasse a discoteca, mas Carlos recusou-se fazê-lo, argumentando que a discoteca dá trabalho a várias pessoas, que não tem culpa que os clientes façam barulho na rua e que a discoteca está em nome da sociedade unipessoal Carlos Dance Club, Lda.. António pretende recorrer a tribunal para fechar imediatamente a discoteca e, se possível, receber uma indemnização.
(Dentro dos direitos privados temos os direitos absolutos e os direitos relativos. Os direitos relativos podem ser descritos como o direito do A sobre o B. Os direitos absolutos podem ser descritos como o direito do A sobre toda a gente. Os direitos absolutos são os direitos de personalidade, que não têm conteúdo patrimonial, os direitos reais sobre coisas corpóreas e os direitos de propriedade intelectual sobre coisas incorpóreas. Neste caso estão em causa direitos de personalidade, o direito à saúde, repouso e bem-estar, que correspondem ao direito à integridade física)
1. Como advogado de António, que estratégia processual aconselharia?
O artigo 70º/2 do CC está na origem do artigo 878ºdo CPC. O direito substantivo do primeiro artigo implica que exista um meio processual de tutela, que corresponde o segundo artigo. Encerrar a discoteca é adequado a fazer cessar os efeitos da ofensa já cometida. Ao abrigo do artigo 878º e 879º o pedido a fazer é um pedido definitivo de encerramento da discoteca. Para além deste pedido urgente definitivo, não é possível fazer um procedimento cautelar? Este processo urgente é definitivo, mas, ao abrigo do nº5 é possível cumular um pedido cautelar com caráter urgentíssimo de encerramento provisório. Esta não será a melhor estratégia, já que os reformados pretendem uma indemnização. Para a indemnização não se pode usar o regime destes artigos, por isso teria de ser proposta uma ação declarativa de condenação. Por isso é que se pode equacionar se não será melhor recorrer ao procedimento cautelar comum. 
Na hipótese da alínea a) não é um ganho face ao procedimento cautelar comum. 
O juiz dispensava o contraditório prévio?
2. Como juiz de direito, determinaria o encerramento provisório da discoteca?
Discute-se a proporcionalidade, já que estão em causa dois direitos em colisão, o direito à integridade física e o direito à livre iniciativa económica e privada, artigo 61º da CRP e o direito ao livre exercício de profissão, o artigo 47º, e os direitos dos trabalhadores.
O artigo 18º/1 da CRP 
31 de outubro
Tutela da personalidade 
Pressupostos do artigo 878º:
Ato ou ameaça direta;
Voluntário;
Ilícito 
Que ameace diretamente a personalidade
Causa de Pedir: factos integrantes da ofensa ou ameaça à personalidade do lesado
Pedido: providência concreta e adequada a impedir ou a atenuar a ameaça
Valor da Causa: valor da alçada da relação mais 0,01€
Dizer as querelas de interpretação do artigo 629º/2/b)
7 de novembro
Processo cautelar de apreensão de veículos automóveis
Medidas cautelares no direito de propriedade industrial
Caso prático:
A não pode requerer uma medida cautelar porque não houve qualquer registo por parte do restaurante. O tribunal competente é o 
14 de novembro
Arresto
Artigo 391º do CPC
«1- O credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito pode requerer o arresto de bens do devedor.
2- O arresto consiste numa apreensão judicial de bens, à qual são aplicáveis as disposições relativas à penhora, em tudo o que não contrariar o preceituado nesta secção».
Remissão ao art.619º/1 CC
Arresto Apreensão judicial de bens
É necessário que se verifiquem, cumulativamente, as seguintes circunstâncias:
Probabilidade da existência de um crédito
Receio de perda de garantia patrimonial (e esse receio seja justificado)
Acórdão do TRE, DE 19/05/2016
“I- O procedimento Cautelar nominado de arresto depende, essencialmente, da verificação cumulativa de dois requisitos: a probabilidade da existência do crédito invocado e a existência de justo receio de perda de garantia patrimonial. 
II- Para ser decretado o arresto não é necessário que se prove que o crédito seja certo, líquido e exigível, bastando tão somente que se prove indiciariamente a probabilidade séria da sua existência. 
III- A determinação do justo receio de perda da garantia patrimonial, não podendo basear-se em conjeturas, suspeições, simples juízos de valor, ou temores de índole subjetiva do requerente do arresto, tem que ser feita com recurso ao critério do bom pai de família, do homem comum, que colocado nas circunstâncias daquele, e em face da conduta do requerido relativamente ao seu património, houvesse de temer por tal perda. IV- Não tendo os requerentes logrado provar ainda que sumariamente factos dos quais resultasse o preenchimento dos requisitos referidos em I. o presente procedimento cautelar de arresto não pode deixar de improceder.”
Requisitos
Fumus Boni Iuris:
 O arrestante deve deduzir os factos que tornem provável a existência do seu direito de crédito. Bastando uma summaria cognitio do juiz.
Periculum in mora:
 justo receio de perda da garantia patrimonial. 
Implica a alegação e prova mesmo que perfunctória de factos que façam antever o real perigo de no futuro se tornar difícil ou impossível a cobrança do crédito. 
Lebre de Freitas: “é justo receio a causa idónea a provocar num homem normal esse receio; factos que criem num credor “medianamente cauteloso e prudente”, o receio de não receber o crédito que detém sobre o requerido.”
Tribunal de Apelação de Génova, de 26 de fevereiro de 1875
“O arresto, enquanto acto que tem na sua natureza elementos ou caracteres executivos, não deve ser regularmente admitidos pelo juiz sem que o crédito pelo qual se procede seja justificado de forma genérica e sem a prova do justo motivo pelo qual o credor receia a fuga ou a subtração de bens pelo devedor, já que, na falta de tais exigências, a medida tornar-se-á vexatória e odiosa, paralisando os cuidadores na sua liberdade de disposição do seu património e no gozo dos próprios bens, direitos esses garantidos por lei.”
Legitimidade
Tem legitimidade ativa para requerer o arresto, o credor que nos termos do art. 391º/1 CPC, demonstre ser titular de um direito de crédito e um justo receio de perda da garantia patrimonial; 
Tem legitimidade passiva – o devedor ou então um terceiro adquirente dos bens do mesmo, de acordo com art. 392º/2 CPC. Pode haver a situação de decretamento do arresto contra um terceiro adquirente dos bens do devedor, devendo invocar-se o instituto da impugnação pauliana, conforme o artigo 610º do CC, a simulação, conforme o artigo 240º do CC, que determina a nulidade, conforme o artigo 289º do CC, a desconsideração da personalidade jurídica, quando a dissipação é feita através de sociedades comerciais, não existindo base legal, devendo aplicar-se o artigo 5º do CSC, sendo a posição minoritária, ou o artigo 21º do CC conjugado com o artigo 294º - fraude à lei. 
Artigo 392º CPC
Processamento 
1 - O requerente do arresto deduz os factos que tornam provável a existência do crédito e justificam o receio invocado, relacionando os bens que devem ser apreendidos, com todas as indicações necessárias à realização da diligência. 
 2 - Sendo o arresto requerido contra o adquirente de bens do devedor, o requerente, se não mostrar ter sido judicialmente impugnada a aquisição, deduz ainda os factos que tornem provável a procedência da impugnação. 
Tribunal competente
É frequente haver arresto ao abrigo do artigo 35º do Regulamento de Bruxelas a bens plurilocalizados pela UE. 
Correndo como incidente, deve ser instaurado no tribunal onde ocorre a ação principal e processado como apenso desta, art. 364º nº3.
No caso de ser requerido como preliminar, é competente:
Tanto o tribunal onde deverá ser proposta a ação principal 
Do lugar onde os bens se encontram e, no caso de estes se localizarem em várias comarcas, é competente qualquer delas artigo 78º/1, a) CPC.
Requerimento inicial
O arrestante deduz no requerimento inicial:
Os factos que tornam provável a existência do seu crédito;
Os factos que justificam o receio invocado;
Relaciona os bens que devem ser apreendidos com as indicações necessárias à sua diligência 
Modalidades do arresto
O arresto pode ser:
preventivo 
repressivo
Artigo 393º do CPC
Termos subsequentes 
1 - Examinadas as provas produzidas, o arresto é decretado, sem audiência da parte contrária, desde que se mostrem preenchidos os requisitos legais. 
 2 - Se o arresto houver sido requerido em mais bens que os suficientes para segurança normal do crédito, reduz-se a garantia aos justos limites. 
3 - O arrestado não pode ser privado dos rendimentos estritamente indispensáveis aos seus alimentos e da sua família, que lhe são fixados nos termos previstos para os alimentos provisórios. 
Proporcionalidade e seus limites
O arresto deve limitar-se aos bens cujo valor se revele suficiente para garantir a satisfação do crédito a acautelar;
O tribunal só deve reduzir o arresto aos seus limites.
393º/3º e 391º/2º CPC - Limites que obstam à penhora de bens.
Artigo 394ºdo CPC
Arresto de navios e sua carga: 
1- Tratando-se de arresto em navio ou na sua carga, incumbe ao requerente demonstrar, para além do preenchimento dos requisitos gerais, que a penhora é admissível, atenta a natureza do crédito. 
 2- No caso previsto no número anterior, a apreensão não se realiza se o devedor oferecer logo caução que o credor aceite ou que o juiz, dentro de dois dias, julgue idónea, ficando sustada a saída do navio até à prestação da caução. 
O arresto de navios é regulado não só pelo art. 394º CPC, mas também pelo DL número 201/98, de 10 de julho.
O requerente tem de provar:
Requisitos do art.391ºCPC, 
Que a penhora é admissível, face à natureza do crédito (artigo 742ºCPC)
O arresto de navio é tido como injustificado quando:
Não existe qualquer crédito suscetível de tutela por via de arresto de navio;
O crédito reclamado é superior ao crédito que acabou por ser reconhecido judicialmente e que o requerido se dispunha a pagar;
Os proprietários do navio não responsáveis pelos créditos marítimos invocados em sede de arresto;
A garantia exigida pelo requerente do arresto é injustificadamente elevada
Aplica-se o artigo 394º/1 – haverá responsabilidade do requerente.
Artigo 395º do CPC
Caso especial de caducidade 
“O arresto fica sem efeito não só nas situações previstas no artigo 373.º, mas também no caso de obtida na ação de cumprimento sentença com trânsito em julgado, o credor insatisfeito não promover execução dentro dos dois meses subsequentes, ou se, promovida a execução, o processo ficar sem andamento durante mais de 30 dias, por negligência do exequente.”
Este procedimento cautelar está excluído do âmbito da inversão do contencioso, visto que a sua natureza não é adequada à composição definitiva do litígio –cfr. Artigo 3691º/1 e a contrario sensu , art. 376º nº4.
O valor do procedimento cautelar é determinado pelo montante do crédito que se pretende garantir- artigo 304º nº3 e).
Artigo 396º do CPC
Arresto especial com dispensa do justo receio de perda da garantia patrimonial 
“1 - O Ministério Público pode requerer arresto contra tesoureiros ou quaisquer funcionários ou agentes do Estado ou de outras pessoas coletivas públicas quando forem encontrados em alcance, sem necessidade de provar o justo receio de perda da garantia patrimonial. 
 2 - Não é aplicável o previsto nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 373.º quando a liquidação da responsabilidade financeira do agente for da competência do Tribunal de Contas. 
 3 - O credor pode obter, sem necessidade de provar o justo receio de perda da garantia patrimonial, o arresto do bem que foi transmitido mediante negócio jurídico quando estiver em dívida, no todo ou em parte, o preço da respetiva aquisição.” 
Quando o arrestante é o Ministério Público e os arrestados tesoureiros, funcionários públicos ou agentes do Estado e outras pessoas coletivas públicas, que no exercício das suas funções se tenham apropriado de dinheiros públicos- art.396º/1
Dispensa prova de justo receio de garantia patrimonial- art. 396º/1 e 3 CPC
Não se aplica a caducidade em caso de negligência e da não propositura da ação no prazo de 30 dias, art. 396º/2 CPC
Arresto Europeu de contas bancárias
A 27 de Junho de 2014, foi publicado o Regulamento (UE) n.º 655/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho,
A Decisão Europeia do Arresto de Contas (DEAC) entrou em vigor a partir de 18 de janeiro de 2017.
Com exceção do Reino Unido e da Dinamarca
Aplicável aos processos plurilocalizados, ou seja, sempre que as contas bancárias visadas se situem num Estado-Membro diferente:
do lugar do domicílio do credor e/ou 
do tribunal competente para apreciar a decisão de arresto
O Regulamento abrange apenas a matéria resultante das relações civis e comerciais;
Excluem-se do âmbito do Regulamento:
Os direitos patrimoniais decorrentes de regimes matrimoniais, testamentos e sucessões;
As matérias fiscais, aduaneiras ou administrativas; 
A segurança social e arbitragem
Os créditos sobre devedores em processo de insolvência;
As contas bancárias impenhoráveis nos termos da lei do Estado-Membro em que a conta é mantida, bem como as contas bancárias detidas pelos bancos centrais. 
Como medida preventiva poderá ser requerida antes, no decurso ou após a conclusão do processo judicial de reconhecimento da existência do crédito.
A ação principal deve ser intentada nos 30 dias seguintes à apresentação do pedido ou nos 14 dias subsequentes ao seu deferimento, sob pena de revogação da decisão de arresto. 
O pedido da decisão de arresto é apresentado utilizando um formulário, de modo a facilitar e uniformizar a aplicação do Regulamento. 
Apresentado o pedido, a decisão de arresto será proferida em 5 ou 10 dias úteis, consoante já exista, ou não, decisão judicial sobre o mérito da causa.
Caberá ao credor produzir prova suficiente:
Da existência de um risco real;
Da probabilidade de obter ganho de causa no processo principal.
O credor poderá requerer que o tribunal solicite aos bancos centrais de cada país as informações necessárias para identificar as contas do devedor. 
A DEAC é uma medida ex parte, dispensa contraditório prévio;
O tribunal pode exigir ao credor a constituição de uma garantia, com vista a pagar uma indemnização ao devedor, caso se entenda que o recurso à medida foi abusivo. 
Decisão
A decisão é imediatamente notificada ao devedor;
O devedor, poderá:
 Impugnar a decisão poderá ainda 
Requerer a libertação dos fundos arrestados, mediante prestação de uma garantia adequada.
Caso prático à luz do acórdão do TRG, DE 28/09/2017
A requereu uma providência cautelar de arresto contra B e C. 
No requerimento inicial, A alegou que devido à prodigalidade e hábitos de vida dispendiosos dos requeridos, devido aos mesmos despenderem valores exorbitantes em almoços e em outras atividades, temia que o crédito que detinha sobre estes poderia não chegar a ser cumprido.
Estariam preenchidos os requisitos para que o arresto fosse decretado?
Existe risco de perda de garantia patrimonial quando o devedor doa os seus bens de modo a dissipar o património. Neste caso opera automaticamente a impugnação pauliana, já que não é necessária provar-se o requisito da má-fé, pelo que não é uma forma eficiente de dissipação do património. As transações intragrupo é uma maneira de desviar dinheiro nos grupos empresariais, aplicando-se o artigo 63º do CIRE para efeitos de procedimentos cautelares – violação de preços de transferência. Há também as transações com partes relacionadas. Tuneling, no ordenamento jurídico americano. No CSC, sobre os preços de transferência, os artigos relevantes
Há também as vendas encobertas, simuladas, o envio de dinheiro para o estrangeiro. 
Alimentos Provisórios
Composição provisória da situação controvertida
 Combater o risco da irrealização do direito
Providências nominadas: artigo 377º e seguintes
 Providências de antecipação / Providências de garantia/ Providências de regulação Alimentos Provisórios
Providência cautelar antecipatória
Antecipam os efeitos jurídicos próprios de decisão a ser proferida na ação principal
 Evitar o dano que poderia advir para o requerente em virtude da demora
Origem e âmbito da prestação de alimentos
Existência de laços familiares
 Código civil: artigos 2003º e seguintes 
“Alimentos”: sustento, habitação, vestuário, tratamentos médicos, medicamentos, instrução, educação
Alimentos definitivos
Tudo quanto seja “indispensável” à satisfação das necessidades. Artigos 2003º e seguintes
Alimentos provisórios
Tudo aquilo que se mostrar “estritamente necessário” à satisfação das necessidades, segundo o prudente arbítrio do legislador
“Primeiro socorro” Artigo 2007º CC
Requisitos
Três requisitos cumulativos:
Probabilidade de o requerente ser titular de um direito a alimentos (“fumus boni iuris”)
 Carecer o requerente da prestação, a título provisório, de alimentos, por não se encontrar em condições de aguardar por alimentos definitivos (“periculum in mora”)
 Existênciade interesse processual
Instrumentalidade e dependência
Dependência direta de uma ação em que se pretende o reconhecimento do direito a uma prestação alimentícia e a condenação do devedor no seu pagamento
					 Quando
Procedimento é instaurado como preliminar 
ou incidente de ação declarativa
 Juízo de probabilidade quanto à procedência da ação principal
Petição inicial
Requerente: alegar a matéria de facto; enunciar o pedido; indicar os meios de prova
Causa de pedir: relação jurídica que justifica o direito a alimentos; alegação dos factos integradores da situação de necessidade ou das possibilidades do requerido
Pedido: quantia certa de periodicidade mensal- artigo 384º CPC
 ≠ Alimentos definitivos: pode assumir forma diversa da prestação pecuniária- artigo 2005º do CC
Valor do procedimento: artigo 304º/3, alínea a) CPC
Pressupostos processuais
Competência em razão da nacionalidade: artigo 62º CPC; Convenções de Bruxelas e de Lugano; Regulamento (CE) nº44/2001
 Competência material: LOSJ; LOFTJ
 Competência territorial: artigo 78º/1/c) e artigo 71º CPC
 Legitimidade: artigo 39º CPC (cfr. artigo 2009º CC) – quando exista dúvida sobre a pessoa que vai responder sobre os alimentos deve propor-se a ação contra várias pessoas, no entanto, importa ter em conta que uma ação contra várias pessoas é uma ação complexa e, por isso, mais difícil de ser julgada procedente. 
Tramitação
Artigo 385º CPC: designação imediata da audiência de julgamento
↓
Especial aceleração do processo ⟷ urgência imposta pelas circunstâncias
 Convocação do requerido através de citação, salvo artigo 366º/2
 Resolução consensual do litígio
 Instrução limitada ao necessário
Decisão
Sentença oralmente proferida decompõe-se em duas partes: factos apurados e não apurados; integração jurídica
 Decisão sucintamente fundamentada – artigo 383º/3 do CPC
Decisão: medida da prestação de alimentos
Juízo de equidade e proporcionalidade (artigo 2007º CC)
Condição económica e financeira do requerente e do requerido (artigo 2004º CC)
“Prudente arbítrio” do julgador 
“Binómio possibilidade/necessidade”
Artigo 384º CPC: prestação deve abarcar tudo quanto se revelar imprescindível a uma vida condigna
 + despesas judiciais
Artigo 386º/1 CPC: alimentos são devidos desde o primeiro mês subsequente à dedução do pedido 
Requerido confrontado com uma sentença favorável ao requerente tem à sua disposição o recurso de apelação
Rejeição da possibilidade de a prestação ser substituída por caução
Prestação só cessa com a decisão definitiva que vier a ser proferida na ação principal 
Execução dos alimentos
Incumprimento das prestações fixadas comporta consequências de ordem penal: artigo 375º CPC
 Especial celeridade revela-se numa forma de processo especial para o cumprimento coercivo: artigo 933º ss CPC
 Instaurada por apenso ao procedimento
 Indicação dos bens a penhorar no requerimento inicial 
 Inaplicabilidade do artigo 704º/3 CPC cfr. artigo 2007º CC
 Cessação da execução: artigos 935º e 373º; artigo 384º/1 CPC
Instabilidade do caso julgado
Processos de jurisdição voluntária / Processos de natureza contenciosa: solução comum excecional (artigo 988º/1 e artigo 386º/2)
 Possibilidade de alteração: fundamento em circunstâncias supervenientes que justifiquem a alteração; alteração substancial da probabilidade de procedência da ação principal
 Privilégio dos valores da justiça e da equidade face aos objetivos de segurança e de certeza jurídica
 Artigo 2012º CC – modificação das “circunstâncias determinantes”
 Incidente de cessação ou de modificação da providência
 Tramitação no próprio procedimento cautelar ou por apenso ao processo executivo (artigo 936º CPC)
Responsabilidade do requerente
Artigo 2007º/2 CC: os alimentos recebidos não são restituídos
 Para responsabilização do requerente, não basta a falta de prudência normal, mas uma atuação maliciosa
 Obrigação indemnizatória: aplicação das regras da equidade
Inversão do contencioso
Artigo 369º e 376º/4 CPC
 Dispensa do ónus de propositura de ação principal pelo requerente da providência e consequente atribuição desse ónus ao requerido
 Aparente inadmissibilidade da inversão
 Admissibilidade da inversão
Caso prático
Caso baseado no Ac. do TRL, de 17/09/2013, proc. nº13588/13
Maria, mãe de Beatriz, Eduarda e João, divorciou-se recentemente do pai dos mesmos, o Dr. Abrantes, médico cirurgião e empresário. Maria, devido à insistência de Abrantes, desistiu há décadas da sua carreira profissional enquanto enfermeira, para se dedicar totalmente à criação dos filhos do casal. Por esse motivo, encontra-se atualmente desempregada.
Maria vive na casa da mãe do requerido, pelo que não paga renda e é a mãe do requerido que suporta as despesas de eletricidade e água. No entanto, a requerente não tem qualquer rendimento ou forma de prover ao seu sustento, alega que transporta os filhos para a escola de manhã, vai buscá-los ao almoço, volta a levá-los após o almoço e vai buscá-los ao final do dia escolar. É igualmente a requerente quem trata das refeições, da casa, do apoio escolar, da ida a médicos e demais necessidades dos menores. Para além disso, carece ainda de prover às despesas com roupa, higiene, gás, combustível e telefone. 
Peticiona, portanto, a fixação de alimentos provisórios no valor de €430,00 mensais.
Considera que estão reunidos os pressupostos necessários para que seja decretada a providência cautelar de alimentos provisórios? 
Sim
Imagine que, tendo em conta os factos alegados por Maria, o tribunal decide no sentido de ser decretada a providência cautelar requerida, e que Abrantes já realizou seis prestações no montante estabelecido, 300€. Abrantes vem a descobrir que a sua ex-mulher vem há vários anos a depositar quantias monetárias numa conta da qual é a única titular, nas Ilhas Caimão, pelo que pretende agora a devolução de tudo o que foi prestado. Quid iuris? 
Não há restituição integral, conforme o artigo 387º do CPC. 
Suponha que após ser decretada a decisão que concedeu alimentos provisórios, Maria finalmente conseguiu encontrar um emprego a auferir o SMN?
Pedido de alteração da prestação. Ver artigo 386º do CC e o . O tribunal pode diminuir a prestação
Tendo agora em conta que Abrantes não procedeu ao pagamento das prestações fixadas, sem motivo aparente, indique a consequência deste ato.
Crime de desobediência e execução das prestações. 
21 de novembro 
Arrolamento
28 de novembro
Restituição provisória da posse
Suspensão de deliberações sociais
Artigo 380.º
Se alguma associação ou sociedade, seja qual for a sua espécie, tomar deliberações contrárias à lei aos estatutos ou ao contrato, qualquer sócio pode requerer, no prazo de 10 dias, que a execução dessas deliberações seja suspensa, justificando a qualidade de sócio e mostrando que essa execução pode causar dano apreciável.
O sócio instrui o requerimento com cópia da ata em que as deliberações foram tomadas e que a direção deve fornecer ao requerente dentro de vinte e quatro horas; quando a lei dispense reunião de assembleia, a cópia da ata é substituída por documento comprovativo da deliberação. 
O prazo fixado para o requerimento da suspensão conta-se da data da assembleia em que as deliberações foram tomadas ou, se o requerente não tiver sido regularmente convocado para a assembleia, da data em que ele teve conhecimento das deliberações.
Âmbito subjetivo: A que entidades se pode aplicar a providência?
Se alguma associação ou sociedade, seja qual for a sua espécie
Abrantes Geraldes:
Deve ser feita uma interpretação ampla do preceito, aplicável a todas as entidades cujo processo de formação de vontade seja através de deliberações dos respetivos órgãos.
Âmbito objetivo: 1) Qualquer deliberação?
Rui Pinto Duarte:
A função da providência implica ter em consideração a pretensão a deduzir na ação principal: se quando precede ações de anulação pode ser vista como tendopor objeto apenas efeitos jurídicos, quando precede ações de declaração de nulidade ou de ineficácia não pode deixar de ser vista como tendo por objeto efeitos práticos. 
Alexandre Soveral Martins:
A suspensão traduzir-se-ia numa regulamentação provisória da situação, segundo a qual a deliberação deveria ser considerada como desprovida dos efeitos a que aparece endereçada (fosse ou não suscetível de os produzir) até à sentença a pronunciar no processo principal.
Pinto Furtado:
O objeto da providência tem de ser a própria execução, a produção concreta dos efeitos jurídicos.
Lobo Xavier:
O objeto da providência é a suspensão da eficácia jurídica, afeta todos os efeitos da deliberação e não só a sua execução.
2) Estado de execução das deliberações 
Tanto a conceção de Lobo Xavier como a de Pinto Furtado pretende fazer face à jurisprudência que entendia ser insuscetível de suspensão as deliberações de execução consumada, ou seja, a deliberação de designação de membros para a administração não poderia ser suspensa por a nomeação ser consumada com a deliberação em si.
Pinto Furtado Só é insuscetível de suspensão os atos consumados em que para além de atos materiais irreversíveis, como o registo, escritura publica, o ato não se prolongar por outros atos efetivamente paralisáveis, evitando por tal modo o dano apreciável que estará a ocorrer.
Lobo Xavier Conceito amplo de execução: seriam atos de execução todos os atos que encontrassem o seu fundamento na deliberação (abrange os efeitos diretos, laterais, atos a que a administração fica obrigada, e reflexos, atos dos administradores no cumprimento do dever de atuar em conformidade com a deliberação).
Abrantes Geraldes Categoria de deliberações de execução complexa, duradoura ou de efeitos prolongados predominam sobre as deliberações de execução instantânea, pelo que privilegiando a função instrumental do direito deve dar-se realce aos efeitos práticos para justificar a utilidade da medida ainda que restrita aos efeitos futuros.
3) Órgão que profere as deliberações
Conceção Atualista: 
Integra todas as deliberações sociais
( AG, Conselho de Administração, Conselho Fiscal)
Pinto Furtado
Conceção restrita
Alexandre Soveral Martins e Oliveira Ascensão
4) Qualidade de sócio
Apenas têm legitimidade os sócios
É unicamente preciso ser sócio*, seja qual fora a sua participação no capital social e tenha ou não direito de voto, seja sócio de capital ou de simples industria. 
*deve existir atualidade relativamente à qualidade de sócio
Tem legitimidade para o procedimento de suspensão quem a tem para a ação principal
Pressupostos específicos da ação de nulidade
Outros interessados
Conselho de fiscalização
Prazo
O prazo para a propositura da ação cautelar de suspensão da deliberações sociais é de 10 dias a contar da data da deliberação ou , se o requerente não tiver sido regularmente convocado, da data em que ele teve conhecimento da deliberação.
Se o requerente foi convocado e faltou à assembleia em que a deliberação foi tomada, o prazo de 10 dias a que se reporta o 380º do CPC , conta-se , ininterruptamente desde da data da deliberação. 
Os prazos fixados para requerer o procedimento cautelar são de caducidade, cujo decurso determina a extinção do direito de ação cautelar, sem prejuízo de manutenção do direito a fazer valer na ação principal. 
Antes da recente alteração do art.144ºCPC, atual, 138º CPC: 
Havia o entendimento de que sendo o prazo de natureza substantiva e não existindo, para a sua contagem, regra diversa da que constava do art.279º do CC, era esta a norma que se deveria aplicar. Deste entendimento advinha uma contagem seguida e ininterrupta mesmo em período de férias judiciais.
Atualmente :
Apesar de se manter a natureza substantiva do prazo e a sua sujeição ao regime da caducidade, a sua contagem está sujeita ao disposto no art.138º1 do CPC. 
Considerando-se que se trata de acto a praticar em processo qualificado como urgente nos termos do art.363º do CPC, sendo que o mencionado prazo não se suspenderá em período de ferias judiciais tal como disposto no art.138º do CPC. 
O prazo contar-se-á a partir da data da realização da assembleia, se o sócio tiver sido regularmente convocado. 
Ressalvando que o importante para o inicio da contagem do prazo é o conhecimento da deliberação (independentemente do processo formativo). 
Quanto ao ónus da prova do decurso do prazo : 
Aplica-se a regra geral do 343º2 do CC , que o faz recair sobre a requerida, tanto nos casos de convocação regular com na situação inversa.
O art. 138º do CPC determina expressamente que os prazos para a propositura de ações são continuos, suspendendo-se, no entanto durante as férias judiciais. 
Salvo, se a sua duração for igual ou superior a seis meses ou se tratar de atos a praticar em processo que a lei considere urgente. 
Caso o prazo para a prática do ato processual termina em dia em que os tribunais estiverem encerrados, tranfere-se o seu termo para o dia útil seguinte.
- Considerando-se encerrados os tribunais quando for concedida a tolerância de ponto. 
Há quem considere que o art.138ºdo CPC apenas abrange verdadeiras ações. Não considerando, como tal, as providencias cautelares e, assim sendo, este artigo não se aplica ao prazo do 380º do CPC .
Considerando os procedimentos cautelares, como verdadeiras ações: 
( O prazo para a propositura da ação de suspensão é de 10 dias úteis, sendo mais breve do que o da propositura da ação de anulação que é de 30 dias)
Surge uma questão: 
A ação principal , quando precedida de procedimento cautelar caduca decorrido o respetivo prazo, sem que a referida providência tenha chegado a ser decretada? 
OU
Se a ação ação principal pode ser proposta nos termos da al. a) do art.373º nº1 do CPC, nos 30 dias posteriores à notificação da concessão de providência cautelar.
Sendo diversos os fins e o objeto dos pedidos de suspensão e de anulação, e sendo a caducidade o prazo para a propositura da ação principal, este não é interrompido nem suspenso com a integração do processo cautelar de suspensão. 
Pinto Furtado, porém, sustenta que o prazo da propositura da ação de anulação, quando esta é precedida da ação cautelar de suspensão, pode-se suspender até ao 30º dia posterior à notificação da decisão que ordenou a suspensão ou a julgou improcedente. 
O prazo do 59º2 do CSC continua mesmo na pendência do procedimento cautelar.
O prazo de 30 dias para a proporitura da ação de anulação, apenas se interrompe pela instauração da ação.
Se o prazo decorreu e a ação não foi proposta, caduca o direito de impugnar a validade da deliberação.
Caducidade e levantamento da providência
Se a ação principal estiver parada por mais de 30 dias, por negligência do requerente a providencia cautelar fica sem efeito. (art.373ºb do CPC)
Sendo que é a providência que fica sem efeito, dá-nos a entender que parece ser necessário que a providência já tenha sido decretada. 
O art.389º do CPC nº1 , trata por um lado dos casos em que a providência caduca, e por outro, dos casos da extinção do procedimento, mesmo que não tenha sido decretada a providência. (373º3 do CPC)
Assim sendo, se a ação principal estiver parada durante mais de 30 dias, por negligência do requerente, o procedimento cautelar extingue-se e, quando decretada, a providência caduca.
Sem prejuízo do prazo da ação de anulação, a suspensão da deliberação, uma vez decretada, caduca como as demais providências cautelares, nos termos do art. 373º CPC .
Caducando a providencia de suspensão, o autor fica responsável pelos danos causados ao réu quando não tenha agido com a prudênciacia normal , não podendo requerer outra providência da mesma causa, conforme determina o art.374ºdo CPC. 
-Fica assim o réu com a possibilidade de ter o levantamento da suspensão, art.373º do CPC 
O despacho que ordene o levantamento de uma providência cautelar é de execução imediata, independentemente da notificação da decisão do requerente. 
Em sentidocontrário: 
Cabe ao tribunal de 1ª instância a quem compete conhecer de um requerimento, a pedir o levantamento da providência ,pelo facto da ação principal , por negligencia do requerente, se encontrar parada por mais de 30 dias, independentemente de já ter subido para a relação o recurso interposto da decisão que ordenou a Suspensão.
Dano
A lei exige que o sócio que requeira a suspensão das deliberações demonstre que a execução pode causar um dano apreciável. 
Não diz, contudo, se tem de ser um dano que possa ser causado à sociedade ou aos sócios. Devendo entender-se que o procedimento pode ser utilizado em ambos os casos quer porque é a forma de realizar a finalidade da providencia, quer porque a lei não distingue. 
Enquanto o procedimento cautelar comum só pode ser utilizado quando o requerente mostrar fundado receio de que outrem cause lesão grave e dificilmente reparável ao seu direito, se for o sócio, o requerente, só poderá invocar esse receio em relação ao seu direito e não em relação à sociedade. 
Sendo necessário que o requerente alegue e prove factos, de onde resulte, que a execução da deliberação pode causar danos apreciáveis.
A suspensão da deliberação social só pode ser decretada, se o requerente provar que a execução pode causar dano apreciável.
 O risco ou a existencia desse dano é requisito para para a declaração de nulidade e de ineficácia da deliberação, ou anulação. 
Uma vez decidido pelo tribunal (que aprecia a matéria de facto) que a execução pode causar dano apreciável ou não, colocar-se-à a duvida sobe a natureza do juízo formulado. 
Deve ainda referir-se que poderá não ser decidida a suspensão da deliberação se o prejuízo resultante da suspensão for superior ao prejuízo que pode resultar da execução (381º do CPC)
Até à ATA
5 de dezembro
Arbitramento de reparação provisória
Definição
“O arbitramento de reparação provisória constitui um procedimento cautelar (nominado) que tem como objetivo, reparar provisoriamente o dano decorrente de morte ou lesão corporal como também aqueles em que a pretensão indemnizatória se funde em dano suscetível de por em causa o sustento ou habitação do lesado, sendo que o seu regime jurídico se encontra previsto nos arts. 403º a 405º do (antigo) CPC” - Ac. TRL de 12/07/2007
Pressupostos de aplicação
Indícios suficientemente fortes quanto à obrigação de indemnizar – fumus boni iuris;
Verificação de uma situação de necessidade – periculum in mora.
Nexo de causalidade entre os danos sofridos e a situação de necessidade?
Indícios suficientemente fortes quanto à obrigação de indemnizar (Fumus Boni Iuris)
Morte (danos patrimoniais)
Lesão corporal
Eventos que ponham em causa o sustento ou a habitação 
Responsabilidade Extracontratual
Responsabilidade Contratual
Verificação de uma situação de necessidade (Periculum In Mora)
Redução dos ganhos que afete seriamente a satisfação de necessidades básicas.
Excluem-se: 
 Danos Morais; 
Danos Patrimoniais que não afetem a capacidade de subsistência.
Situação de pré-carência.
Pressupostos processuais
Competência dos tribunais:
Matéria
Território
Existem exceções do CPTA
Legitimidade:
Ativa
Passiva
Tramitação
Requerimento inicial – 364º, nº 1 e 388º, nº1 CPC
Valor – 304º, nº 3 a) CPC
Causa de pedir
Factos que integram o evento;
Subsunção dos factos em normas que conferem o direito à indemnização;
Subsunção dos factos em normas que atribuem a providência em análise.
Pedido: - quantitativo certo ✓
Despacho liminar:
Indeferimento 
Aperfeiçoamento 
Designação para audiência de julgamento (385º, nº1 ex vi 389º, nº1)
Audiência final
Decisão
Procedência:
Juízo de prognose sobre a responsabilização do requerido (ac. TRP de 19/10/00);
Indícios sobre a situação de necessidade;
Improcedência
Critério para a fixação da liquidação provisória
Equidade
Montante inferior ✓
Montante superior ✘ 
Proporcionalidade com base nos rendimentos auferidos/estilo de vida?
Outros critérios
Da Decisão
Pagamento em espécie
Pagamento de prestações futuras
Pagamento das prestações vencidas
Efeitos
Impossibilidade de caução
Recurso com efeito meramente devolutivo
Alteração ou cessação da prestação
Alteração do quantitativo por modificação:
Das necessidades do requerente;
Da convicção quanto ao reconhecimento do direito do requerente.
Cessação por:
Fim da situação de necessidade;
Indemnização global esgotada.
Execução
389º, nº2, CPC
933º e ss., CPC
Caducidade da providência
A obrigação de pagamento cessa apenas com o trânsito em julgado da sentença absolutória (373º, nº1, c) CPC). Artigo 386º/2 do CPC
Obrigação de restituição
Artigo 390º, nº1 – caducidade:
Imputável ao requerente (373º, als. a), b) e d) – regime geral da indemnização por caducidade (374º, CPC)
Não imputável ao requerente (373º, als. c) e e) – restituição através do instituto do enriquecimento sem causa (473º e ss., CC)
Artigo 390º, nº2 – improcedência ou condenação em montante inferior.
Direitos de Autor

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